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Saúde da Criança e do adolescente Elaborada por: Enf.ª Elaine Soares Revisada por: Marcelo Marôcco INTRODUÇÃO • O termo RN de risco se refere àquele exposto a situações em que há maior risco de evolução desfavorável, que devem ser prontamente reconhecidas pela equipe de saúde, pois demandam atenção especial e prioritária. • Essas situações podem estar presentes no nascimento – RN de risco ao nascer – ou acontecer ao longo da vida da criança. ATENÇÃO À SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO Guia para os Profissionais de Saúde, Vol. 1, 2012. CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DO RN DE RISCO • Baixo nível socioeconômico. • História de morte de criança menor de 5 anos na família. • Criança explicitamente indesejada. • Mãe adolescente (<20 anos) • RN pré-termo (<37 semanas) • RN com baixo peso ao nascer (<2500g) • Mãe com baixa instrução (<8anos de estudo) ATENÇÃO À SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO Guia para os Profissionais de Saúde, Vol. 1, 2012. CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAR O RN DE ALTO RISCO • RN com asfixia grave ao nascer (Apgar < 7 no 5ºmin) • RN pré-termo com peso ao nascer <2.000g. • RN < 35 semanas de idade gestacional. • RN com outras doenças graves. Obs.: O RN de alto risco deve ser acompanhado até pelo menos o segundo ano completo de vida (mínimo de duas avaliações por ano); o acompanhamento até o quinto ano é desejável, para melhor avaliação da função cognitiva e da linguagem. ATENÇÃO À SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO Guia para os Profissionais de Saúde, Vol. 1, 2012. CLASSIFICAÇÃO DE PESO AO NASCER BAIXO PESO: < 2500g MUITO BAIXO PESO: < 1500g EXTREMO BAIXO PESO: < 1000g http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/WebHelp/definicoes.htm Cuidados na Hora do Nascimento • No Brasil, nascem cerca de 3 milhões de crianças ao ano, das quais 98% em hospitais. • Sabe-se que a maioria delas nasce com boa vitalidade; entretanto, manobras de reanimação podem ser necessárias de maneira inesperada. • São essenciais o conhecimento e a habilidade em reanimação neonatal para todos os profissionais que atendem RN em sala de parto, mesmo quando se esperam crianças hígidas sem hipóxia ou asfixia ao nascer. • O risco de haver necessidade de procedimentos de reanimação é maior quanto menor a idade gestacional e/ou o peso ao nascer. ATENÇÃO À SAÚDE DO RECÉM-NASCIDO Guia para os Profissionais de Saúde, Vol. 1, 2012. Preparo para a assistência • O preparo para atender o RN na sala de parto inclui necessariamente: • Realização de anamnese materna. • Disponibilidade do material para atendimento. • Presença de equipe treinada em reanimação neonatal. Obs.: Quando se antecipa o nascimento de um concepto de alto risco, podem ser necessários dois a três profissionais treinados e capacitados para reanimar o RN de maneira rápida e efetiva. Avaliação da vitalidade ao nascer • Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas: • Gestação a termo? • Ausência de mecônio? • Respirando ou chorando? • Tônus muscular bom? Se a resposta é sim a todas as perguntas, considera-se que o RN está com boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação. • A determinação da necessidade de reanimação e a avaliação de sua eficácia dependem da avaliação simultânea de dois sinais: • Respiração. • Frequência cardíaca (FC). Obs. 1: A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular e suficiente para manter a FC acima de 100bpm. Obs. 2: O processo de transição para alcançar saturação de oxigênio acima de 90% requer cinco minutos ou mais em RNs saudáveis que respiram ar ambiente. Assistência ao RN a termo com boa vitalidade ao nascer • Se, ao nascimento, verifica-se que o RN é a termo, está respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, sem a presença de líquido amniótico meconial, a criança apresenta boa vitalidade e não necessita de qualquer manobra de reanimação. • O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe ou ao nível da placenta por, no mínimo, um minuto, até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento. • Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, garantindo-se que o posicionamento da criança permita movimentos respiratórios efetivos. • O contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em temperatura ambiente de 26°C, reduz o risco de hipotermia em RNs a termo que nascem com respiração espontânea e que não necessitam de ventilação, desde que cobertos com campos preaquecidos. • Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. • A Organização Mundial da Saúde recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, pois está associado à menor mortalidade neonatal, ao maior período de amamentação, à melhor interação mãe-bebê e ao menor risco de hemorragia materna. • Após a realização dos cuidados de rotina na sala de parto, o RN em boas condições clínicas deve ser encaminhado com a mãe ao alojamento conjunto. Assistência ao RN com líquido amniótico meconial • Na presença de líquido amniótico meconial, fluido ou espesso, o obstetra não deve realizar a aspiração das vias aéreas, pois esse procedimento não diminui a incidência de síndrome de aspiração de mecônio, a necessidade de ventilação mecânica nos RNs que desenvolvem pneumonia aspirativa, nem o tempo de oxigenoterapia ou de hospitalização. • Caso o neonato com líquido meconial fluido ou espesso apresente, logo após o nascimento, movimentos respiratórios rítmicos e regulares, tônus muscular adequado e FC maior que 100bpm, a conduta deverá ser, nesta ordem: • Levar o RN à mesa de reanimação. • Colocá-lo sob fonte de calor radiante. • Posicionar sua cabeça com uma leve extensão do pescoço. • Aspirar o excesso de secreções da boca e do nariz com sonda de aspiração traqueal nº 10. • Secar e desprezar os campos úmidos, verificando novamente a posição da cabeça. • Avaliar a FC e a respiração. • Quando o neonato com líquido amniótico meconial fluido ou espesso, logo após o nascimento, não apresentar ritmo respiratório regular e/ou o tônus muscular estiver flácido e/ou a FC for menor que 100bpm, o profissional deve: • Realizar a retirada do mecônio residual da hipofaringe e da traqueia sob visualização direta e fonte de calor radiante. • A aspiração traqueal propriamente dita deve ser feita com cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo, com pressão máxima de 100mmHg. • Recomenda-se aspirar o excesso de mecônio uma única vez; se o RN permanecer com FC < 100bpm, respiração irregular ou apneia , deve- se iniciar a ventilação com pressão positiva (VPP). Assistência ao RN com necessidade de reanimação • Se o RN é pré-termo ou se, logo após nascer, não estiver respirando e/ou apresenta-se hipotônico, indicam-se os passos iniciais, que consistem em: • Prover calor. • Posicionar a cabeça em leve extensão. • Aspirar vias aéreas, se houver excesso de secreções. • Secar e desprezar os campos úmidos(se RN >1500g). • Reposicionar a cabeça, se necessário. Obs.: Os passos iniciais devem ser executados em, no máximo, 30 segundos. Prover calor • O primeiro passo consiste em manter a temperatura corporal entre 36,5°C e 37° C. Relatos recentes consideramque a hipotermia na admissão à terapia intensiva neonatal, (temperatura corporal abaixo de 36,50 C) é um fator independente de risco para mortalidade e morbidade. • A hipotermia agrava ou favorece o desequilíbrio ácido-básico, o desconforto respiratório, a enterocolite necrosante e a hemorragia intraperiventricular em RN de muito baixo peso. Assim, para diminuir a perda de calor nesses RNs, é importante preaquecer a sala de parto e a sala onde serão realizados os procedimentos de reanimação, mantendo temperatura ambiente de, no mínimo, 26° C. • Após o clampeamento do cordão, o RN é recepcionado em campos aquecidos e colocado sob calor radiante. BERÇO AQUECIDO • Em RN com idade gestacional inferior a 29 semanas ou peso ao nascer inferior a 1.500g, recomenda-se o uso de saco plástico transparente de polietileno de 30x50cm. • Assim, logo depois de posicioná-lo sob fonte de calor radiante e antes de secá-lo, introduz-se o corpo do RN pré-termo, exceto a face, dentro do saco plástico e, a seguir, realizam-se as manobras necessárias. Todos os procedimentos da reanimação são executados com o RN dentro do saco plástico. • Tal prática pode ser suplementada pelo emprego de touca para reduzir a perda de calor na região da fontanela. Cuidado especial deve ser tomado no sentido de evitar a hipertermia, pois pode agravar a lesão cerebral em RNs asfixiados. Ventilação com pressão positiva • A ventilação com pressão positiva (VPP) é indicada quando, após execução dos passos iniciais em 30 segundos, o RN apresenta pelo menos uma das seguintes situações: • Apneia. • Respiração irregular. • FC menor que 100bpm. A VPP, quando indicada, deve ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (“minuto de ouro”). Massagem cardíaca • A asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. • A ventilação adequada reverte esse quadro na grande maioria dos casos. Deve-se lembrar que, como a massagem cardíaca diminui a eficácia da ventilação, ela só deve ser iniciada quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem bem estabelecidas. • A massagem cardíaca só deve ser iniciada se, após 30 segundos de ventilação com oxigênio suplementar, o RN apresentar ou persistir com FC inferior a 60bpm. • A compressão cardíaca é realizada no terço inferior do esterno preferencialmente por meio da técnica dos dois polegares posicionados logo abaixo da linha intermamilar, poupando-se o apêndice xifoide. • De modo eventual, pode-se aplicar a técnica dos dois dedos, posicionando-se os dedos indicador e médio no terço inferior do esterno, quando houver desproporção entre o tamanho das mãos do reanimador e do tórax do RN ou houver necessidade de cateterismo umbilical. • As complicações da massagem cardíaca incluem fratura de costelas, com pneumotórax e hemotórax, e laceração de fígado. Massagem cardíaca • A profundidade da compressão deve ser de cerca de 1/3 da dimensão ântero-posterior do tórax, de maneira a produzir um pulso palpável. Essa manobra deve ser suave, com o tempo de compressão discretamente inferior ao de relaxamento. A massagem cardíaca deve ser sempre acompanhada de ventilação com pressão positiva com oxigênio suplementar. • • No RN, a massagem cardíaca e ventilação são realizadas de forma sincrônica, mantendo-se uma relação de 3:1, ou seja, 3 movimentos de massagem cardíaca para 1 movimento de ventilação, com uma frequência de 120 eventos por minuto (90 movimentos de massagem e 30 ventilações). • A massagem deve continuar enquanto a FC estiver inferior a 60bpm. • Com a melhora do RN, isto é, quando, após ventilação acompanhada de massagem cardíaca, ele apresentar FC acima de 60bpm, interrompe-se apenas a massagem. • Caso existam respirações espontâneas regulares e a FC atingir níveis superiores a 100bpm, a ventilação também é suspensa, sendo então administrado oxigênio inalatório através de cateter, com retirada gradual de acordo com a saturação de O2 verificada na oximetria de pulso. • Em geral, quando o RN recebeu massagem cardíaca na sala de parto, é mais prudente transportá-lo intubado à UTI Neonatal em incubadora de transporte, sendo a decisão quanto à extubação realizada de acordo com a avaliação global do RN na unidade. Medicações • A bradicardia neonatal é, em geral, resultado de insuflação pulmonar insuficiente e/ou de hipoxemia profunda. Dessa maneira, a ventilação adequada é o passo mais importante para corrigir a bradicardia. • Quando a FC permanecer abaixo de 60bpm a despeito de ventilação efetiva e de massagem cardíaca adequada, o uso de adrenalina, expansor de volume ou ambos está indicado. Adrenalina endovenosa Adrenalina endotraqueal Expansores de volume Diluição 1mL adrenalina em 9mL de SF 0,9% 1mL adrenalina em 9mL de SF 0,9% SF 0,9% Ringer lactato Sangue Total Preparo 1mL 5mL 2 seringas de 20mL Dose 0,1 – 0,3mL/kg 0,5 – 1,0mL/kg 10mL/kg EV Velocidade e Precauções Infundir rápido na veia umbilical e, a seguir, infundir 0,5 – 1,0mL de SF 0,9% Infundir diretamente na cânula traqueal e ventilar a seguir. USO ÚNICO Infundir o expansor de volume na veia umbilical lentamente, em 5 a 10 minutos • A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endovenosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido apenas 1 – 2cm após o ânulo, mantendo-o periférico de modo a evitar a sua localização em nível hepático. • A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível. CATETER UMBILICAL • A adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não elevaram a FC acima de 60bpm. • A adrenalina deve ser sempre usada na diluição de 1:10.000. Quando não há reversão da bradicardia com o uso de adrenalina, pode-se repeti-la a cada 3 – 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar uso de expansores de volume caso o RN esteja pálido ou existam evidências. • Os expansores de volume podem ser necessários para reanimar o RN com hipovolemia. A suspeita é feita se houver perda de sangue ou se existirem sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis, e não houver resposta adequada da FC às outras medidas de reanimação. Com o uso do expansor, espera-se o aumento da pressão arterial e a melhora dos pulsos e da palidez. • Se não houver resposta, deve-se verificar a posição da cânula traqueal, o uso do oxigênio a 100%, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade da via de acesso vascular. • Deve ser enfatizado que a interrupção da reanimação só pode ser realizada após 10 minutos de assistolia na vigência de reanimação adequada. Conhecendo o RN • O exame físico geral é de suma importância na avaliação clínica do RN. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Pele A pele apresenta diversas características que devem ser atentamente observadas durante o exame físico do RN. Deve-se avaliar: • Textura. • Umidade. • Cor. • Presença de Milium. • Presença de Lanugo. • Presença de Vérnix. • Presença de Mancha mongólica. • Presença de Icterícia. • Presença de anomalias. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Pele A textura da pele depende muito da idade gestacional. • O RN pré-termo extremo possui pele muito fina e gelatinosa, • O atermo tem pele lisa, brilhante, úmida e fina, e • O RN pós-termo ou com insuficiência placentária, pele seca, enrugada, apergaminhada e com descamação acentuada. • Por esse motivo a textura da pele é um dos parâmetros utilizados na avaliação da idade gestacional. Nos casos de hipotireoidismo congênito pode-se observar pele seca e áspera. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Cor • A pele normal do RN apresenta cor rosada, mais evidente nas crianças de pele clara. Crianças filhas de pais negros podem apresentar pele clara no nascimento. No entanto, pode-se detectar nesses RNs maior quantidade de melanina nos mamilos, região periungueal, na pele da borda do umbigo e na genitália. • A palidez acentuada pode ser um dado importante para o diagnóstico de anemia (aguda ou crônica), vasoconstrição periférica ou choque; traduz situação grave e deve ter sempre investigada a causa de seu aparecimento. • A presença de uma linha delimitando um hemicorpo com eritema e outro com coloração normal é conhecida como fenômeno de Arlequim. É uma ocorrência em geral benigna, não muito rara, de causa desconhecida, sugerindo algum grau de instabilidade vasomotora. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Fenômeno de Arlequim • A cianose, coloração azulada, é intercorrência relativamente comum no RN, que frequentemente possui níveis de hemoglobina acima de 15g/dL. É comum a presença de cianose de extremidades, que se apresentam frias ao toque. Essa condição costuma regredir com o aquecimento. • A cianose central, no entanto, é preocupante e associa-se geralmente com doenças cardiorrespiratórias. • Na vigência de líquido amniótico meconiado, a pele e o coto umbilical podem estar impregnados, apresentando cor esverdeada característica. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Mecônio • Alguns achados comuns como presença de milium, lanugo, vérnix e mancha mongólica não têm repercussão clínica. Outros, também comuns, como eritema tóxico, hemangiomas e icterícia devem ser mais bem avaliados quanto ao diagnóstico diferencial e, eventualmente, à adoção de medidas. • Milium sebáceo está presente em 40% dos RNs. Manifesta-se por pequenos pontos brancos (menor que 1mm), localizados na base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução das glândulas sebáceas, decorrentes da ação do estrógeno materno; desaparecem em poucas semanas. • Lanugo é a denominação dada aos pelos finos que costumam recobrir a região do ombro e da escápula. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Aspecto do ombro de RN com grande quantidade de lanugo • Os RNs prematuros entre 34 e 36 semanas costumam estar recobertos por material gorduroso e esbranquiçado, o vérnix caseoso, cujas funções primordiais são a proteção da pele e o isolamento térmico. • Esse material pode ser retirado após o estabelecimento do controle térmico, geralmente após algumas horas do nascimento. • Nos RNs a termo, a quantidade costuma ser menor, podendo ser observado em locais protegidos como nas dobras dos membros e na genitália feminina, entre os pequenos e os grandes lábios. • Manchas mongólicas são manchas azul-acinzentadas localizadas preferencialmente no dorso e nas regiões glútea e lombossacra, podendo ser disseminadas; traduz imaturidade da pele na migração dos melanócitos, relacionada a fatores raciais. • São mais comuns nas raças negra e oriental e regridem nos primeiros 4 anos de idade. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. Manchas mongólicas • Eritema tóxico geralmente aparece nos primeiros dias de vida sob a forma de lesões eritematosas multiformes (pápulas, máculas e até algumas vesículas), esparsas ou confluentes. O exame microscópico da secreção contida nas lesões mostra migração eosinofílica. Possui causa desconhecida e pode ser desencadeado por estímulos mecânicos de atrito ou pressão na pele. Regride espontaneamente, muitas vezes em poucas horas. Tem aspecto facilmente confundível com impetigo. • Impetigo é a infecção piogênica, mais comumente causada por Staphylococcus aureus. Inicia-se com lesões eritematosas puntiformes que em um ou dois dias evoluem para vesículas, que a seguir se pustulizam ou tornam-se bolhas (impetigo bolhoso). As lesões se propagam por inoculação e, quando se rompem, formam crostas amarelo-acastanhadas. Deve-se tomar cuidado para não contaminar outras crianças próximas. O tratamento pode ser tópico com soluções antissépticas e cremes antibióticos, chegando, nos casos mais graves, a ser necessária antibioticoterapia sistêmica. • Máculas vasculares são manchas de cor salmão que desaparecem à pressão, e estão presentes principalmente na nuca, pálpebra superior e fronte. Não possuem importância clínica ou estética. As máculas de face desaparecem em alguns meses, e as da nuca podem persistir por mais tempo. Estão presentes em 25% dos adultos. • Hemangiomas são formas vasculares mais extensas e elevadas que podem ter significado patológico. Por exemplo, quando localizadas em segmento cefálico e face, com coloração vinhosa, podem estar associadas a angiomas das leptomeninges (síndrome de Sturge-Weber), estando relacionadas a convulsões e hemiplegias. Outra eventualidade é a presença de hemangioma cavernoso, composto de elementos vasculares maduros e grandes, que na maioria dos casos cresce durante o primeiro ano de vida, regredindo a seguir. Aproximadamente 50% dos hemangiomas desaparecem até os 5 anos de idade e 70% até os 7 anos. Hemangioma Impetigo Avaliação da IG pelo Método do Capurro ICTERÍCIA • Síndrome caracterizada pela cor amarelada da pele decorrente de sua impregnação por bilirrubina, é achado comum, especialmente nas crianças com idades entre 48 e 120 horas de vida. • Para melhor detecção o exame deve ser feito sob luz natural. Deve-se descrever a intensidade da coloração amarelada detectada e sua distribuição nos diferentes segmentos do corpo, haja vista a icterícia evoluir no sentido crânio-caudal. • A icterícia sempre deve ter sua causa investigada se detectada nas primeiras 24h de vida ou quando apresentar-se de forma intensa. Quando detectada mais tardiamente, após 24h de vida, pode ser fisiológica ou patológica. ICTERÍCIA NEONATAL ou HIPERBILIRRUBINEMIA HIPERBILIRRUBINEMIA • O termo Hiperbilirrubinemia refere-se a uma quantidade excessiva de bilirrubina acumulada no sangue. • Epidemiologia mostra que cerca de 60% dos RNT e 80% dos RNPT apresentam algum grau de icterícia nos primeiros dias de vida em um pico entre os 3º e 4º dias. ICTERÍCIA NEONATAL FISIOLÓGICA PATOLÓGICA APÓS 24H PRIMEIRAS 24H CAUSAS DA ICTERÍCIA FISIOLÓGICA • Imaturidade da função hepática associada à sobrecarga de bilirrubina secundária à hemólise dos glóbulos vermelho. Manifestações Clínicas e Complicações • Pigmentação amarelo alaranjado na pele, esclera e mucosa. • Complicação: Bilirrubina não conjugada é altamente toxica ao neurônio, levando encefalopatia bilirrubínica denominada KERNICTERUS. • A hiperbilirrubinemia significante, presente na primeira semana de vida, é um problema comum em RN a termo e pré-termo tardio. • Com frequência, está associada à oferta láctea inadequada, perda elevada de peso e desidratação. Classificação por Kramer Tratamento • Farmacológico: Fenobarbital • Fototerapia: Consiste na exposição da pele do RN a luz florescente. É a utilização de energia luminosa na transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveisassim facilitando sua excreção. FOTOTERAPIA FOTOTERAPIA INDICAÇÕES EFEITOS COLATERAIS • Hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) • Prematuros • Hemólise • Acidose metabólica • Insuficiência respiratória • Hipotermia • Hipoglicemia • Jejum prolongado • Aumento da perda hídrica • Erupção cutânea; • Aumento do número de evacuações (esverdeadas) • Urina mais escura • Hipertermia • Irritabilidade • Bronzeamento Assistência de enfermagem em fototerapia • Proteção ocular para evitar a lesão dos fotorreceptores da retina; • Retirar o protetor ocular durante amamentação e cada troca de plantão; • Manter RN sem roupa, protegendo apenas genitália com fralda; • Monitoramento da temperatura constante • Não colocar lubrificante ou loções óleo na pele para evitar o efeito de bronzeamento • Observar sinais de desidratação • Controlar eliminações vesico intestinal • Trocar com frequência a fralda • Incentivar o aleitamento materno Exsanguineotransfusão • Atualmente, a maioria dos casos de hiperbilirrubinemia indireta é controlada por meio de fototerapia, quando administrada de maneira adequada. A doença hemolítica grave por incompatibilidade Rh tem sido a principal indicação de exsanguineotransfusão. • A escolha do tipo de sangue para a exsanguineotransfusão depende da etiologia da icterícia. • Se a causa for doença hemolítica por incompatibilidade Rh, utiliza-se o tipo sanguíneo do RN, Rh negativo ou tipo O Rh negativo. No caso de hemólise por incompatibilidade ABO, as hemácias transfundidas podem ser as do tipo sanguíneo da mãe (O) e o plasma Rh compatível com o do RN ou hemácias tipo O com plasma AB Rh compatível. • Quando a etiologia não for a hemólise por anticorpos, pode ser utilizado o tipo sanguíneo do RN. • Qualquer que seja o tipo de sangue escolhido é obrigatória a realização da prova cruzada entre o sangue do doador e o soro da mãe, antes do início da exsanguineotransfusão. Exsanguineotransfusão • A exsanguineotransfusão deve ser realizada em ambiente asséptico, com o RN sob calor radiante, em monitorização contínua da temperatura e das frequências cardíaca e respiratória. • A duração preconizada é de 60–90 minutos. • A técnica mais utilizada é a do puxa-empurra, por meio da veia umbilical, sendo conveniente a localização radiográfica do cateter em veia cava inferior. Método Canguru(MC) • É uma política de saúde instituída pelo Ministério da Saúde no contexto da humanização da assistência neonatal. • É regulamentada por norma técnica lançada em dezembro de 1999, publicada em 5 de julho de 2000 pela Portaria Ministerial n° 693 e atualizada pela Portaria GM nº 1683 de 12 de julho de 2007. • O Método Canguru é uma tecnologia que vem mudando o paradigma da assistência neonatal no Brasil porque amplia os cuidados prestados ao bebê e agrega a necessidade de uma atenção voltada para os pais, irmãos, avós e redes de apoio familiar e social. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO Atenção à Saúde do Recém-Nascido, 2011. • Essa abrangência deriva da compreensão de que: O sucesso do tratamento de um RN internado em UTI neonatal não é determinado apenas pela sua sobrevivência e alta hospitalar, mas também pela construção de vínculos que irão garantir a continuidade do aleitamento materno (AM) e dos cuidados após a alta. Conceito MC • É um tipo de assistência neonatal que implica em contato pele a pele o mais cedo possível entre os pais e o RN, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente, promovendo autonomia e competência parental a partir do suporte da equipe, da interação familiar e de redes sociais. • o Método Canguru não pode ser confundido nem considerado como sinônimo de posição canguru. • A posição canguru, no Brasil, de acordo com a Norma do Ministério da Saúde, é utilizada como parte do Método. • Colocar o RN em posição canguru consiste em mantê-lo com o mínimo de roupa possível para favorecer o contato pele a pele com a mãe ou com o pai, que devem, portanto, estar com o tórax descoberto. Recomenda-se, para o bebê, apenas o uso de fraldas. Em regiões mais frias, podem também ser utilizados luvas, meias e gorro. O bebê é colocado contra o peito, em decúbito prono na posição vertical. • Como está claro no próprio conceito, não existe determinação quanto ao tempo que o bebê deve permanecer em posição canguru. Essa é uma decisão partilhada com os pais que, se desejarem, podem utilizá- la por tempo integral. Recomenda-se, no entanto, que após ser colocado na posição, o bebê não seja retirado em um tempo muito curto, devendo permanecer pelo menos durante uma hora, considerando que precisa de tempo para se organizar e depois entrar em sono profundo, o que é muito importante para o desenvolvimento cerebral e sua recuperação.6 Vantagens • Redução do tempo de separação pai-mãe-filho. • Aumento do vínculo pai-mãe-filho. • Estímulo ao AM, permitindo maior frequência, precocidade e duração. • Aumento da competência e confiança dos pais no cuidado do filho, inclusive após a alta hospitalar. • Adequado controle térmico. • Melhor relacionamento da família com a equipe de saúde. • Estímulo sensorial adequado. • Redução de infecção hospitalar. • Redução do estresse e da dor dos RN. • Melhor qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psicoafetivo dos RN de baixo peso. O método é desenvolvido em três etapas. • PRIMEIRA ETAPA • Pode começar no acompanhamento pré-natal de uma gestante de risco e segue todo o período da internação do RN na UTI neonatal. São passos fundamentais para a aplicação do método: • Acolher os pais e a família na unidade neonatal. • Não sobrecarregar os pais com muitas informações. • Esclarecer sobre as condições de saúde do RN, os cuidados a ele dispensados, a equipe, as rotinas e o funcionamento da unidade neonatal, de acordo com as demandas e necessidades. • Estimular o acesso livre e precoce dos pais à UTI, sem restrições de horário e tempo de permanência. • Garantir que a primeira visita seja acompanhada por alguém da equipe de saúde. • É importante destacar que é durante a internação do bebê, na primeira etapa do Método, que a mãe deve ser estimulada, progressivamente, a participar dos cuidados do seu filho, buscando conhecê-lo e desenvolver sentimento de pertencimento. • Com a estabilidade do bebê é iniciado o contato pele a pele, mesmo que ele ainda se encontre em ventilação mecânica e nutrição parenteral. Alguns estudos referem que RN estáveis, em ventilação mecânica, podem beneficiar-se do contato pele a pele. • Outras vantagens importantes, como melhora da imunidade e redução de infecção, também são citadas na literatura. • A primeira etapa termina quando o RN encontra-se estável e pode contar com o acompanhamento contínuo da mãe na segunda etapa, que acontece na unidade canguru. • Os critérios para ingresso nessa unidade devem ser relativos ao bebê e à mãe. • Critérios para ingresso na unidade canguru: Relativos ao bebê: • Estabilidade clínica. • Nutrição enteral plena – seio materno, sonda gástrica ou copo. • Peso mínimo de 1.250g. Relativos à mãe: • Desejo de participar, disponibilidade de tempo e de redes de apoio. • Capacidade de reconhecer sinais de estresse e situações de risco do RN. • Conhecimento e habilidade para manejar o bebê em posição canguru. Segunda etapa • Para essa etapa, na unidade canguru, algumas recomendações são muito importantes: • Não estipular tempo em posição canguru. • Oferecer ajuda para que a mãe sinta-se segura tanto no posicionamento do bebê quantona possível identificação de sinais de alerta. • Certificar-se que a posição canguru traz prazer e satisfação para a criança e para a mãe. • Disponibilizar berço, com possibilidade de elevação da cabeceira, para os momentos em que a mãe e a equipe de saúde entenderem necessário. • Estimular a participação do pai. • Não obrigar a permanência da mãe na unidade durante toda a internação do bebê, permitindo que ela saia do hospital, com direito a retornar quando possível. • Permitir acesso dos irmãos e avós. • Oferecer todo suporte necessário para o sucesso do AM. • Desenvolver ações educativas que preparem a mãe para os cuidados com o bebê no domicílio. • A alta da segunda etapa representa a alta hospitalar, mas não do Método Canguru, o qual deverá ter continuidade em casa, com acompanhamento ambulatorial. Segunda etapa • A decisão da alta deve ser sempre partilhada entre a equipe, a mãe, o pai e a rede familiar e/ou social, e atender aos seguintes critérios: • Mãe segura, psicologicamente motivada, bem orientada, e familiares conscientes quanto ao cuidado domiciliar do bebê. • Compromisso materno e familiar para a realização da posição canguru pelo maior tempo possível. • Peso mínimo de 1.600g. • Ganho de peso adequado nos três dias que antecederem a alta. • Sucção exclusiva ao peito ou, em situações especiais, mãe e família capacitadas para realizar a complementação. Terceira etapa • A terceira etapa do Método Canguru tem início com a alta hospitalar. Implica na utilização da posição canguru e no acompanhamento do bebê pela equipe que o assistiu durante a internação até que alcance o peso de 2.500g. • A terceira etapa não deve estar restrita à existência de um ambulatório de seguimento. Deve ser realizada em todas as unidades que utilizam o Método Canguru. • Após a alta da terceira etapa, o bebê deve ser encaminhado para o ambulatório de seguimento na própria unidade ou em outra que seja sua referência. Algumas recomendações importantes para a terceira etapa: • Ter acompanhamento ambulatorial assegurado até que a criança atinja o peso de 2.500g, na unidade na qual esteve internada. • Orientar o primeiro retorno até 72 horas após a alta e os demais no mínimo uma vez por semana. Essa frequência pode ser adaptada às condições clínicas do bebê e ao grau de integração e suporte oferecidos pelas equipes de Saúde da Família. • Garantir a reinternação na unidade hospitalar de origem a qualquer momento, se necessário, até a alta da terceira etapa. Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde, Vol. 4, 2011. Cuidados com o RN prematuro • Assistência humanizada • Trabalho em equipe • Cuidado individualizado • Cuidado com a pele • Dor • Inserção dos pais nos cuidados • Amamentação. Cuidados com RNTP Oxigenoterapia • A oxigenoterapia é a primeira forma terapêutica para abordar a hipoxemia, ou seja, a redução do conteúdo arterial de oxigênio , porém a toxicidade do oxigênio é uma grande limitação para seu uso. Técnicas e materiais utilizados: • AMBU(reanimador manual) • CPAP • VM • HOOD/HALO REANIMADOR MANUAL • CUIDADOS DE ENFERMAGEM: • Utilização da válvula de alívio, • Uso do reservatório de O2, • Uso de máscara adequada(face). • Cuidado com pneumotórax. CPAP • Indicação: Apnéia da prematuridade, Doença da Membrana Hialina e após extubação, na prevenção de Atelectasia Pulmonar. COMPLICAÇÕES CPAP • Lesão de mucosa nasal – destruição de septo; • Retinopatia da prematuridade • Escape de ar • Aerofagia – distensão abdominal VM (VENTILAÇÃO MECÂNICA) • Fixação adequada com troca diária; • Aspiração conforme a necessidade(técnica estéril); • Cabeceira elevada a 30 graus; • Umidificação dos gases; • Monitorização contínua HOOD/HALO COMPLICAÇÕES: • Estresse pelo barulho dos gases; • Resfriamento (ar); • Toxicidade por acúmulo de CO2; • Ressecamento ocular; • Hipoxemia • Manutenção da FiO2 para adequada saturação de O2 BANHO • Respeitar o estado comportamental; • Observar condição clínica do bebê; • RnPT não necessita de banho diário; • Utilizar água estéril morna nas primeiras duas semanas; • Rns abaixo de 1500g não devem tomar banho de aspersão; • Utilizar algodão para limpeza nos prematuros; • Temperatura da água; • Nas primeiras semanas deve-se evitar o uso de sabão; • Recomenda-se uso da técnica do bebê enrolado; PESO • Imprescindível diariamente; • Pesar o lençol previamente; • Enrolar o bebê despido no lençol; • Realizar a pesagem como rotina; • Quando disponível utilizar a pesagem na incubadora; • Obs: durante a troca de fraldas nunca deve-se elevar os membros de bebê. CUIDADOS ESPECÍFICOS COM A PELE • Racionar o uso de adesivos; • Utilizar adesivos menos agressivos; • Manter a temperatura corpórea; • Expor o RN o mínimo possível a procedimentos invasivos; • Recepcionar Rns prematuros extremos (menos de 30 semanas) em campo estéril; • Manter a umidificação da incubadora • Evitar uso de medicamentos tópicos; • Realizar mudanças de decúbitos com frequência; • Evitar a utilização de sabão durante o banho; • Cuidados de banho e higiene. DIETA ENTERAL - PREMATURO • Prematuro: uso de sonda orogástrica (número 6) OBJETIVOS: • Diminuir a perda de proteína endógena nos primeiros dias de vida; • Proporcionar ganho de peso de 14 a 16g/Kg/dia após a recuperação do peso ao nascer; • Manter o funcionamento gastrointestinal. DIETA ENTERAL - PREMATURO • Dose recomendada de leite: 10 a 20ml/Kg/dia em infusão contínua ou por gavagem; • Nutrição enteral mínima ou nutrição trófica: pequeno volume juntamente com NP; • Melhor dieta: leite materno(aumento da produção de lipase) OBSERVAÇÕES IMPORTANTES DIETA ENTERAL • Nutrição inadequada em períodos precoces de vida provoca forte impacto no desenvolvimento; • A alimentação do RNPT deve ser adequada a sua situação clínica e limitações relacionadas ao desenvolvimento em cada idade gestacional; • Dois fatores importantes no processo de adaptação à nutrição enteral: maturação do trato gastrointestinal e composição do leite oferecido; • Encorajar à mãe o aleitamento materno exclusivo durante o tratamento. Diarreia • Perda de água e eletrólitos nas fezes é maior do que o normal; • Aumento do volume e da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes; • Ocorrência de 3 ou mais defecações amolecidas ou líquidas em 24 horas; • O Número de evacuações por dia considerado normal varia com a dieta e a idade da criança. Manual AIDPI Neonatal, 2014. Quais são os tipos de diarreia em menores de 2 meses? • Na maioria dos casos, as diarreias que causam desidratação são de fezes amolecidas ou aquosas. • Em crianças mesmo menores de 2 meses, se um episódio de diarreia dura menos de 7 dias, considera-se diarreia aguda. • A diarreia aguda provoca desidratação e pode levar a criança à morte. • Caso a diarreia persista durante 7 dias ou mais, denomina-se diarreia prolongada. • Este tipo de diarreia pode ocasionar problemas nutricionais que contribuem para a mortalidade das crianças acometidas. • A diarreia com sangue nas fezes, com ou sem muco, é denominada diarreia com sangue. • A causa mais comum de diarreia com sangue é a doença hemorrágica do recém-nascido secundáriaà deficiência de vitamina K, à enterocolite necrosante ou outros problemas de coagulação, como a coagulação intravascular disseminada. • Nas crianças de mais de 15 dias, o sangue nas fezes pode ser secundário à fissuras anais ou à alimentação com leite de vaca. • A disenteria não é comum nesta idade, porém em casos suspeitos, deve-se pensar em Shiguella e dar tratamento adequado. • Os agentes infecciosos envolvidos nos episódios de diarreia em crianças menores de 2 meses são geralmente, E. coli, Salmonella, ECHO vírus e Rotavírus. • O começo da doença pode ser repentino, acompanhado de perda do apetite e/ou vômitos. • As fezes, inicialmente, podem ser amareladas e amolecidas e, posteriormente, de aspecto verde com abundante quantidade de líquido e aumento do número de evacuações. • O aspecto mais sério da doença deve-se à perda aguda de líquidos e aumento do número de evacuações, que levam à desidratação e a alterações eletrolíticas. • A higienização das mãos, o aleitamento materno exclusivo e o tratamento rápido e adequado da criança podem evitar a desidratação e, possivelmente, a morte. Em TODAS as crianças, PERGUNTAR: • A criança tem diarreia? • Quanto tempo faz? • Tem sangue nas fezes? • Obs.: Diarreia Persistente - Diarreia por 14 dias ou mais • Melena: Criança com sangue nas fezes. VERIFICAR se há sinais de desidratação. • Quando uma criança começa a ficar desidratada, inicialmente ela se mostra inquieta ou irritada. • Se a desidratação persiste, a criança se torna letárgica ou inconsciente. • À medida que o corpo perde líquidos, os olhos podem parecer fundos. • Ao pesquisar o sinal da prega, observa-se que a pele volta ao seu estado anterior lentamente ou muito lentamente. Sinal da Prega • Avaliar o sinal da prega do abdome • Solicite que a mãe coloque a criança deitada de barriga para cima com os braços estendidos ao lado do corpo (não sobre a cabeça) e as pernas estendidas. • Localize a região do abdome da criança entre o umbigo e a lateral do abdome. Para fazer a prega cutânea, utilize os dedos polegar e o indicador; não utilize a ponta dos dedos porque causará dor. Coloque a mão de modo que ao levantar a pele, se forme uma prega longitudinal em relação ao corpo da criança e não transversal. • Levante firmemente todas as camadas da pele e do tecido abaixo. Levante a pele durante um segundo e, então, solte-a. Verifique como a pele volta ao seu lugar: • < muito lentamente (> 2 segundos) • < lentamente (a pele permanece elevada ainda que brevemente) • < imediatamente Se a pele permanece elevada, ainda que brevemente, depois de solta, significa que a pele volta lentamente ao seu estado anterior. Como classificar a diarreia? • < Quanto ao estado de hidratação – Desidratação ou Sem Desidratação • < Se a diarreia se prolonga por sete dias ou mais, classifique-a como Diarreia Prolongada • < Se a criança tem sangue nas fezes, classifique-a como Diarreia com Sangue Classificar o estado de hidratação • O estado de hidratação em uma criança menor de 2 meses com diarreia pode classificar-se de duas maneiras: • Desidratação • Sem desidratação DESIDRATAÇÃO (cor vermelha) • Classifique a criança menor de 2 meses com DESIDRATAÇÃO se apresenta dois dos seguintes sinais: estado letárgico ou inconsciente, inquieto ou irritado, olhos fundos, com sinal de prega cutânea, sucção débil ou não consegue mamar. • Toda criança com desidratação necessita de líquidos adicionais administrados rapidamente; portanto, administre tratamento com líquidos por via intravenosa. • O quadro plano C: “Tratar rapidamente a desidratação” , descreve como administrar líquidos às crianças gravemente desidratadas. SEM DESIDRATAÇÃO(cor verde) • Esta criança necessita de líquidos adicionais a fim de prevenir a desidratação. • As três regras de tratamento domiciliar incluem: • 1) Administrar soro oral • 2) Continuar a alimentação • 3) Retornar imediatamente se a criança apresentar sinais de perigo • O quadro de tratamento denominado “Plano A: Tratar a diarreia em casa“, descreve quais os líquidos se ensinará à mãe ofertar e em que quantidade. • Uma criança SEM DESIDRATAÇÃO também necessita de alimentos. Tratamento de uma criança menor de 2 meses com diarreia • Já foi aprendido o plano A para tratar a diarreia em casa e o plano C para reidratar uma criança pequena com diarreia. • Sem dúvida, deve-se ter em conta alguns pontos importantes sobre a administração destes tratamentos a um lactente menor que dois meses de idade. PLANO A: tratar a diarreia em casa • Todas as crianças menores de 2 meses que têm diarreia precisam de mais líquidos e continuar a receber alimentação para prevenir a desidratação e nutrir- se. • A melhor maneira de dar à criança menor de 2 meses mais líquidos é, a princípio, amamentar mais frequente e prolongadamente a cada amamentação. A solução SRO e água potável pura podem ser dadas, todavia, caso a criança se alimente exclusivamente de leite materno, é importante não introduzir outro líquido, além da solução SRO. • Se para uma criança menor de dois meses for administrado uma solução de SRO em casa, mostre à mãe a quantidade de SRO que deve administrar após cada evacuação diarreica. • Primeiro a mãe deve oferecer o peito, em seguida administrar a solução de SRO. Lembre à mãe que deve interromper a administração de SRO quando houver acabado a diarreia. PLANO C: tratar a desidratação rapidamente. • As crianças gravemente desidratadas necessitam recuperar rapidamente a água e os sais. Geralmente administra-se líquidos por via intravenosa (IV) com este fim. O tratamento de reidratação mediante líquidos por via intravenosa ou por meio de um sonda orogástrica (SOG) é recomendado somente para crianças com DESIDRATAÇÃO. O tratamento das crianças com desidratação depende: • – De que tipo de equipamento está disponível em seu serviço de saúde ou em um hospital próximo; • – Da capacitação que você tiver recebido; • – Da capacidade da criança de ingerir líquidos. LEI N°8069, DE 13 DE JULHO DE 1990. • Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. • Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. • Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. • Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. LEI N°8069, DE 13 DE JULHO DE 1990. • Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. • Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. RESOLUÇÃO 41, DE 13 DE OUTUBRO DE 1995 • O CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CONANDA), resolve: • I. Aprovar em sua íntegra o texto oriundo da Sociedade Brasileira de Pediatria, relativo aos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. • 1. Direito à proteção à vida e à saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma de discriminação. • 4. Direito a ser acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período de sua hospitalização, bem como receber visitas. • 5. Direito a não serseparado de sua mãe ao nascer. • 6. Direito a receber aleitamento materno sem restrições. • 7. Direito a não sentir dor, quando existam meios para evitá-la. • 8. Direito a ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados terapêuticos e diagnósticos a serem utilizados, do prognóstico, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico, quando se fizer necessário. Atendimento ao adolescente • Independentemente da razão que faz com que o adolescente/jovem procure o serviço de saúde, cada visita oferece ao profissional a oportunidade de detectar, refletir e auxiliar na resolução de outras questões distintas do motivo principal da consulta. • A entrevista é um exercício de comunicação interpessoal, que engloba a comunicação verbal e a não verbal. Para muito além das palavras, deve-se estar atento às emoções, gestos, tom de voz e expressão facial do cliente. Saúde do Adolescente: competências e habilidades, 2008. • As ações preventivas como componentes da consulta As visitas de rotina de adolescentes e jovens e suas famílias aos serviços de saúde configuram-se como oportunidades para: • 1. reforçar mensagens de promoção de saúde; • 2. identificar adolescentes e jovens que estejam sujeitos a comportamentos de risco ou que se encontrem em estágios iniciais de distúrbios físicos e/ou emocionais; • 3. promover imunização adequada; • 4. desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões de saúde. • Os adolescentes deverão receber esclarecimentos sobre cuidados com a saúde oral, hábitos nutricionais adequados, incluindo os benefícios de uma alimentação saudável e da manutenção do peso ideal. • As consultas são momentos privilegiados para o aconselhamento de práticas sexuais responsáveis e seguras. • De acordo com os protocolos de controle de pressão arterial, todos os adolescentes e jovens deverão ter sua pressão arterial aferida anualmente. • O consumo de cigarros, álcool/drogas e anabolizantes deve ser investigado nas consultas para a adoção de medidas preventivas e, se necessário, encaminhamento. • O exame físico é o procedimento que apresenta o mais elevado grau de dificuldade para o profissional de saúde pouco habilitado. Isso decorre do fato de que, na formação do médico ou enfermeiro, não existem disciplinas que desenvolvem esta habilidade levando em consideração o desconforto causado ao profissional, pela necessidade de manipulação do corpo de um indivíduo em pleno desenvolvimento físico e sexual de vida. • Uma alternativa para o profissional em formação, ou para aqueles que não se sentem à vontade para proceder ao exame físico, é a participação de outro profissional da equipe como observador durante este momento da consulta. • No caso de o adolescente mostrar-se constrangido com a realização do exame físico, ou se houver algum indício de situações de sedução de ambas as partes, recomenda-se também a presença de um componente da equipe durante o procedimento. • A explicação prévia do que e como será realizado o exame físico é importante para tranqüilizar o adolescente e diminuir seus temores. Referências • Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO. Volume 4. Brasília – DF:2011. • Atenção à Saúde do Recém-Nascido Guia para os Profissionais de Saúde. CUIDADOS GERAIS. Volume 1. Brasília – DF:2012. • Saúde do Adolescente: competências e habilidades. Brasília – DF:2008. • Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso: MÉTODO CANGURU. Brasília – DF:2014. • Manual AIDPI Neonatal Série A. Normas e Manuais Técnicos. 5ª edição. Brasília – DF:2014. Armazenamento de leite em domicílio. • O leite ordenhado cru (não pasteurizado) pode ser conservado em geladeira por 12 horas e no freezer ou no congelador por 15 dias. • Para alimentar o bebê com leite ordenhado congelado, este deve ser descongelado, de preferência dentro da geladeira. Uma vez descongelado, o leite deve ser aquecido em banho-maria fora do fogo. Antes de oferecer o leite à criança, este deve ser agitado suavemente para homogeneizar a gordura. Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Guia para os Profissionais de Saúde. Vol.1, 2012.
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