Buscar

Alienação parental aspectos jurídicos e psicológicos (Família) Artigo jurídico DireitoNet

Prévia do material em texto

04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 1/12
ARTIGOS
Alienação parental: aspectos
jurídicos e psicológicos
Aborda assuntos pertinentes a alienação parental com ênfase
nos aspectos jurídicos e psicológicos que envolvem a vítima
alienada e seus alienadores.
 Por Alessandra Cavalcante Canazzo
 Salvar como favorito
INTRODUÇÃO
 Existem inúmeras crianças e adolescentes que passam diariamente pela
angústia de sofrerem com situações de alienação parental que as colocam em
constante dúvida quanto aos seus sentimentos referentes a um de seus
genitores e por vezes, pela di�culdade de lidar com o sentimento de culpa
quando não conseguem agir da maneira como um dos seus genitores
gostaria. 
Diante de tal situação, impossível não indagarmos “É justo que um dos
genitores da criança ou adolescente inter�ra nos seus sentimentos a �m de
se vingar do outro genitor utilizando os �lhos em comum? ou ainda, “Pode
um genitor sofrer alienação parental em razão do não pagamento de pensão
alimentícia?”.
Os questionamentos acima serão esclarecidos no desenvolver deste trabalho,
bem como abordaremos a Lei nº. 12.318/2010 que regula a respeito da
Alienação Parental e pune o alienante, em prol da preservação do melhor
interesse da criança e do adolescente. 
 
DIREITO DE FAMÍLIA | 08/JAN/2019

04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 2/12
CONCEITO DE FAMÍLIA
Desde os primórdios se ouve falar na existência da base familiar. A origem
etimológica da palavra quer dizer “famulus”, que signi�ca conjunto de
pessoas que viviam em uma casa composta pelas �guras do pai, mãe e �lhos.
Com o passar do tempo o conceito de família passou a ser modi�cado, se
tornando cada vem mais moderno os “modelos” de famílias existentes. 
No entanto, isto não modi�cou a sua essência, haja vista que a família
continua sendo o maior patrimônio que uma pessoa pode adquirir em sua
vida. Prova disto, e diante de tal importância é que contam com a proteção do
Estado.  A Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu art. 163 dispõe
que: “a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem o direito
à proteção da sociedade e do Estado”. Segundo Carvalho², a afetividade é
atualmente o elemento agregador da entidade familiar, na busca sempre de
uma família eudemonista que se realiza na felicidade e na proteção de cada
um dos membros que a integra. 
Nesta esteira, podemos dizer que o instituto família é formado através de um
vínculo, além do consanguíneo conhecido por afeto, sendo este o alimento
principal para se manter uma boa estrutura e a base forti�cada da sagrada
instituição familiar. Ademais, a própria Constituição Federal de 1988 deixa
explícito a proteção a entidade familiar no seguinte dispositivo:
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...]
Contudo, sabemos que infelizmente, nem sempre é possível manter a união
de um casal através do sagrado matrimônio, advindo com isso, a separação
conjugal na qual, na maioria das vezes traz consigo o sofrimento, mágoa,
rancor, dentre outros sentimentos difíceis de serem controlados por quem
passa por isso. No entanto, os �lhos ao terem ciência de que seus pais não
possuem o mesmo afeto um pelo outro e estão diante de uma separação,
também sofrem com o fato, não sendo raras às vezes necessitarem de ajuda
para conseguir lidar com tal situação.                                                                                
A bem da verdade, muitos pais ao se separarem da ex-companheira ou vice-
versa, acabam se separando também de seus �lhos, tendo vista não
conseguirem manter um nível básico de respeito entre si, sendo mais fácil
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 3/12
deixarem de conviver com os �lhos em comum ao invés de travarem uma
verdadeira batalha com o outro genitor. 
Porém, é certo também ressaltarmos que nem sempre a alienação ocorre
através de pais que se separaram, sendo muito comum nos depararmos com
situações em que são apenas genitores de um ser frágil e inocente, fruto de
um algum relacionamento momentâneo que sem ter obtido o direito de
escolha foi inserido no meio de con�itos e constantes dúvidas embutidas em
sua mente que certamente lhe acarreta um forte abalo emocional e
sofrimentos que sequer são respeitados por aqueles que possuem o dever de
melhor protegê-los. 
Ocorre que normalmente, o genitor detentor da guarda do menor os utilizam
como uma espécie de arma de ataque, a �m de ferir a outra parte, além do
que, alimentam naquele ser que já se encontra fragilizado em decorrência da
separação ou por não tê-los presente diariamente no âmbito familiar,
sentimentos negativos e desmoralizantes em relação ao outro genitor,
fantasiando por vezes histórias que jamais existiram até que seja plantado
no �lho o sentimento de desprezo em relação ao genitor que com ele não
convive com tanta frequência, numa articulosa campanha negativa contra
um dos pais, di�cultando ao máximo a participação e a existência de vínculo
afetivo na  vida dos �lhos em comum, sendo tais situações conhecidas como
alienação parental caracterizada de forma injusta por um ato de crueldade e
desrespeito ao sentimento do menor que é utilizado como meio de vingança
contra seu próprio genitor.
DOS DIREITOS E DAS OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS DOS GENITORES
É importante frisar que o art. 1634 do Código Civil, antevendo a existência da
problemática referente aos direitos e obrigações solidárias dos genitores,
estabelece que compete a ambos os pais, independentemente da situação
conjugal desses, o pleno exercício do poder familiar quanto aos �lhos.
Ademais a própria Carta Magna, aborda a respeito do dever dos pais quanto
aos �lhos menores e maiores, conforme se vê:
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os �lhos menores, e os
�lhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 4/12
ou enfermidade.
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
No que tange os direitos fundamentais da criança e do adolescente não
podemos deixar de mencionar que o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) é o grande responsável por resguardá-los, e estabelece em seu bojo os
deveres quanto aos �lhos menores. É claro e evidente que ambos os pais
possuem obrigações e direitos perante seus �lhos, devendo cada qual
cumprir com seus deveres e fazer valer seus direitos, inclusive, o direito do
�lho poder conviver com ambos genitores de forma harmoniosa sem que lhe
cause qualquer tipo de prejuízo. Trata-se de direitos inerentes a dignidade da
pessoa humana em poder conviver no seio da sua base familiar e garantir seu
pleno desenvolvimento de forma sadia, além de lhe assegurar o direito a
inviolabilidade de cunho psíquico e moral, conforme determina o art. 17 do
ECA, vejamos:
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.
Evidente se faz a proteção ao direito fundamental da criança e do
adolescente à convivência familiar, de forma a lhe garantir referências,
amparoe afeto, a �m de se inserir na sociedade um cidadão que recebeu a
base necessária para se formar um ser consciente e responsável do seu papel
com os demais membros da sociedade.
BREVE HISTÓRICO SOBRE A ALIENAÇÃO PARENTAL
O fenômeno conhecido como alienação parental na verdade sempre existiu,
pois não é nenhuma novidade dizer que por motivo vingança um dos
genitores di�culta o convívio do outro com os �lhos em comum ou ainda,
que mentem ou maculam a imagem do outro com o �to único e exclusivo de
se vingar de algo que não lhe agradou ou até mesmo por não estarem
convivendo como um casal. Contudo, não existia uma lei especí�ca que
abordasse tal situação, sendo corriqueiro as pessoas conviverem com
tamanha crueldade pensando ser algo comum.  
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 5/12
Diante dos inúmeros casos que ao longo do tempo foram surgindo no Poder
Judiciário, se fez necessário a elaboração de uma lei especí�ca que abordasse
a matéria, dando surgimento a “Lei nº. 12.318/2010 conhecida como Lei de
Alienação Parental” que foi publicada em 27/08/2010, no Diário O�cial, e
sancionada no dia anterior, na qual adveio com o propósito de auxiliar na
diminuição dos frequentes casos de interferência na formação psicológica da
criança e do adolescente.
CONCEITO DE ALIENAÇÃO PARENTAL
O termo “Alienação Parental” surgiu na década de 80 pelo Dr. Richard Alan
Gardner, um psiquiatra americano que a de�niu como uma síndrome de
desordem psiquiátrica, um transtorno no comportamento infantil, fruto da
ação abusiva de um de seus genitores. A criança vítima dessa forma de abuso
tem sua ligação psicológica com um dos genitores enfraquecida, e em alguns
casos destruída e quando atinge níveis severos, a criança tende a recusar
qualquer tipo de contato com esse genitor, apresentando reações extremas
de hostilidade a ele e às pessoas que com ele mantém relação.  Maria
Berenice Dias, bem de�ne a questão quando diz que um dos genitores leva a
efeito verdadeira “lavagem cerebral”, de modo a comprometer a imagem
que o �lho tem do outro, narrando maliciosamente fatos que não ocorreram
ou não aconteceram conforme descrito pelo alienador.
Atualmente, o conceito de alienação parental está previsto no art. 2º da Lei
nº. 12.318/2010, no qual a de�ne da seguinte forma:
“Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. 
 Após analisar o conceito existente no texto de lei, concluímos que se trata de
condutas praticadas por um dos genitores ou qualquer outra pessoa que
detenha responsabilidade e contato com a criança ou adolescente de forma
intencional ou não que a in�uencia a desprezar um dos seus genitores,
inventando fatos inexistentes ou alterando situações ocorridas com a
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 6/12
�nalidade de afastar ou di�cultar o convívio familiar, causando-lhe
transtornos psicológicos por vezes irreversíveis.
COMO SE EXPRESSAM AS CRIANÇAS OU ADOLESCENTES QUE SOFREM
ALIENAÇÃO PARENTAL?
As vítimas de alienação parental costumam ser pessoas tristes, preocupadas
demasiadamente com aquele genitor alienador que através de atos de
torpeza, se utiliza de fortes argumentos que as convençam a praticar
determinados atos, sendo corriqueiro os casos em que se ouve dizer a criança
ou ao adolescente: “Você não quer a mamãe triste, não é? ” ou “Você se
lembra de quando o papai ou a mamãe me maltratou e me fez chorar?”
quando por vezes, tal situação sequer existiu. Além do que, o rendimento
escolar tende a diminuir e a se isolarem em seu mundo como forma de
amenizar seus confusos e embaralhados sentimentos, tendem possuir baixa
autoestima e insegurança.
OS DANOS PSICOLÓGICOS SOFRIDOS PELAS CRIANÇAS OU ADOLESCENTES
QUE PASSAM POR SITUAÇÕES DE ALIENAÇÃO PARENTAL
Crianças e adolescentes que sofrem com alienação parental apresentam na
maioria das vezes quadros depressivos, sentimento de insegurança, angustia
e sofrimento constante, atitudes antissociais, tais como di�culdade de
relacionamento com outras pessoas e agressividade, sendo comum
encontrá-las com desejo suicida, a �m de cessar a dor e o sentimento de
culpa quando descobrem terem cometido injustiças com a pessoa que tanto a
ama em virtude dos atos insensatos de um dos seus pais, pois se sentem
usadas e carregam consigo o remorso que as consomem e acarretam
moléstias mentais em casos mais extremos.
PERÍCIA E LAUDO PSICOLÓGICO
A perícia multidisciplinar como é denominada pela Lei de Alienação
Parental, consiste na designação genérica das perícias que poderão ser
realizadas em conjunto ou separadamente na ação judicial. 
É composta por perícias sociais, psicológicas, médicas, entre outras que se
�zerem necessárias para o subsídio e certeza da decisão judicial. 
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 7/12
Os peritos designados para atuarem no caso servirão como auxiliares do
juízo, pessoas as quais possuem habilidades técnicas para legitimar as
alegações levantadas ou a descon�ança do juízo, devendo se manter de
forma imparcial e apresentar o laudo pericial no prazo de 90 (noventa) dias,
podendo somente ser prorrogado através de autorização judicial após
justi�cativa prévia.  Os magistrados muitas vezes se utilizam dos laudos
emitidos pelos peritos para fundamentarem suas decisões, possuindo tais
documentos um cunho probatório muito forte. Contudo, vale frisar que o juiz
poderá formar sua opinião com base em outros elementos probatórios que
constarem nos autos.
PODE O GENITOR QUE NÃO PAGA PENSÃO ALIMENTÍCIA SOFRER
ALIENAÇÃO PARENTAL EM RAZÃO DISSO?
Em que pese sabermos da necessidade do cumprimento da obrigação
alimentar, esta nada tem a ver com o direito de visitas e convívio familiar
entre pais e �lhos não podendo o genitor, bem como a criança sofrer com
atos de alienação parental em razão da falta do pagamento de alimentos,
devendo neste caso, a mãe executar os valores devidos sem criar qualquer
óbice na relação afetiva entre o genitor e sua prole.
COMENTÁRIOS SOBRE A LEI Nº. 12.318/2010
Diante da lacuna até então existente e dos inúmeros casos de alienação
parental surgiu a Lei nº. 12.318/2010 que trata a respeito do tema, sendo
composta por 11 artigos que trazem maior segurança jurídica, uma vez que
os julgadores passaram a ter respaldo para aplicar a solução mais adequada
de acordo com o caso concreto apresentado. Cada um dos artigos constantes
na lei trata de um ponto especí�co, conforme de forma sucinta veremos.
O art. 1º dispõe sobre alienação parental. Já o art. 2º conceitua o que vem a
ser a prática de alienação parental. No art. 3º é ressaltada a importância da
proteção do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana no que
tange garantir o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente. 
Enquanto que o art. 4º trata a respeito da tutela em razão de ser matéria de
ordem púbica relativa à proteção do menor, pois havendo indícios da prática
de alienação parental em qualquer fase processual o juiz determinará com
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos8/12
urgência, após ouvir o representante do Ministério Público, as medidas
provisórias que entender ser pertinentes, a �m de preservar o
desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente e garantir o
convívio familiar. Já o art. 5º da referida lei aborda a questão das provas da
prática da alienação parental e diz que havendo indícios da prática de
alienação parental o juiz se entender ser necessário, determinará a
designação de perícia psicológica ou biopsicossocial.
Podemos encontrar no art. 6º algumas soluções indicadas aos casos de
alienação parental, uma vez que caso seja caracterizado atos típicos de
alienação parental o juiz poderá adotar medidas no sentido de anular os
efeitos já produzidos e preservar o vínculo existente entre o menor e o
genitor vitimado. 
No que tange a aplicação da medida drástica de alteração da guarda da
criança ou adolescente é que vem de encontro o art. 7º que destaca que a
de�nição da guarda da criança ou adolescente deverá atender ao princípio do
melhor interesse do menor, podendo a qualquer momento ser revista. Desta
forma, caso o alienante seja o detentor da guarda do menor poderá ser
destituído por não demonstrar melhor aptidão para o exercício da guarda. 
Algumas dúvidas surgiram quanto a competência para distribuição da ação e
para sanar esta questão o art. 8º deixa claro que a mudança do domicílio do
menor é irrelevante para a determinação da competência territorial, haja
vista que este pode ser, inclusive, um dos fatos que enseja a alienação.
Assim, podemos dizer que o último domicílio do menor será o competente
para o ajuizamento da ação. Os artigos 9º e 10 foram vetados, mas apenas
para que saibamos sobre o que dispunha podemos dizer que o teor do art. 9º
estabelecia que as partes, por iniciativa própria ou através da sugestão do
juiz, do Ministério Público ou do Conselho Tutelar, poderiam utilizar-se do
procedimento de mediação para resolver o litígio, enquanto o art. 10 previa a
inclusão de sanção de natureza penal a quem praticasse alienação parental.
No entanto, entendeu-se que os efeitos poderiam ser prejudiciais ao menor
que devem ser os maiores protegidos e que as sanções já previstas nesta lei,
tais como inversão da guarda, estipulação de multa, etc., são su�cientes para
inibir a prática de tal conduta.
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 9/12
Por �m, o art. 11 trata a respeito da norma, tendo em vista que dada a
urgência da efetivação desta lei não houve a �xação do período de “vacatio
legis”, por entender o legislador não ser necessário nenhum período de
adaptação.
Importante destacar que tramita perante a Câmara dos Deputados o projeto
de Lei nº. 4488/16 apresentado pelo Deputado Arnaldo Faria de Sá  (PTB-SP)
que visa alterar o art. 3º da Lei de Alienação Parental e criminalizar tal
conduta com previsão de detenção de 3 meses a 3 anos ao alienador.
O POSICIONAMENTO DO PODER JUDICIÁRIO QUANTO A PRÁTICA DE
ALIENAÇÃO PARENTAL
O poder judiciário ao receber denúncia de casos de alienação parental deverá
decretar tramitação prioritária do processo e estará diante de uma situação
delicada, pois caberá ao magistrado a tomada de atitude. Em contrapartida,
existirá num primeiro momento a incerteza da existência de tal fato que
poderá acarretar sérios prejuízos na convivência familiar. Quando
constatada a prática ilícita o juiz que detém o dever de assegurar proteção ao
menor, pois representa a �gura do Estado, dependendo do grau de alienação
poderá advertir o alienador, ampliar ou reduzir o regime de convivência
familiar, estipular multa, determinar a alteração da guarda para
compartilhada ou sua inversão ou até mesmo suspender a autoridade
parental com a perda da guarda. No entanto, até que os resultados dos
estudos não �quem prontos a convivência familiar �cará prejudicada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A afetividade existente no vínculo familiar deve ser preservada, o amor,
carinho e respeito que regem os sentimentos entre pais e �lhos devem
prevalecer sobre qualquer interesse de seus genitores. Através do afeto o ser
humano encontra a felicidade, pois alimenta sua alma e o conduz para uma
vida de retidão. 
Tão importante se faz o afeto na vida das pessoas, em especial das crianças e
adolescentes que estão em processo de amadurecimento e formação de seu
caráter que cabe ao Estado intervir sempre que necessário, a �m de protegê-
las. 
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 10/12
A alienação parental ou a implantação de falsas memórias na vida desses
seres, trata-se de uma interferência na formação psicológica da criança ou
do adolescente praticada por um dos seus genitores, familiares ou por quem
a detenha sob a sua guarda ou vigilância com o objetivo de que este menor
não estabeleça vínculos com um dos seus genitores, sendo que tais ações
podem acarretar prejuízos imensuráveis que por vezes, levarão cicatrizes
para a vida toda.  
Vale dizer que através de uma campanha que visa desquali�car um dos
genitores de forma desmedida e di�cultar o contato entre este e sua prole
ainda criança ou adolescente ocorre o afastamento do exercício da
autoridade parental e por vezes, a perda do afeto entre pessoas que se amam
em total afrontamento aos direitos fundamentais da criança e do
adolescente. Assim, ressalta-se que ambos os pais são �guras importantes
no desenvolvimento psíquico da criança e do adolescente, devendo esta
relação ser protegida, a �m de preservar os princípios da dignidade da
pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente.
Por todo exposto, concluo este artigo me reportando a um trecho da letra da
música do Cazuza que se adapta perfeitamente ao sentimento de uma
criança ou adolescente que clamam por socorro muitas vezes em silêncio
diante do sofrimento causado em razão da prática de alienação parental por
aqueles que detém o dever legal de protegê-las: “... Eu tô perdido. Sem pai
nem mãe. Bem na porta da tua casa. Eu tô pedindo. A tua mão. E um
pouquinho do braço... Me leve para qualquer lado. Só um pouquinho. De
proteção...”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROSA, Conrado Paulino da. iFamily: um novo conceito de família? 2ª Edição,
São Paulo: Saraiva, 2013.
CARVALHO, Dimas Messias de. Direito das famílias. 5ª Edição, São Paulo:
Saraiva, 2017.
FREITAS, Douglas Phillips. Alienação Parental. 4ª Edição, Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2015.
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 11/12
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 11ª Edição, São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2016.
BHONA, Fernanda Monteiro de Castro. LOURENÇO, Lélio Moura. Síndrome
de Alienação Parental (SAP): uma discussão crítica do ponto de vista da
psicologia. Disponível em
http://www.ufjf.br/virtu/�les/2011/09/S%C3%8DNDROME-DE-
ALIENA%C3%87%C3%83O-PARENTAL-SAP-UMA-BREVE-
REVIS%C3%83O.pdf. Pag. 2, Acesso em 27.05.2017.
Lei nº. 8.069/1990. Estatuto da criança e do adolescente (ECA)
Lei nº. 10.406/2002. Código Civil Brasileiro
Lei nº. 12.318/2010. Alienação Parental
Explore esta seção
Artigos
Lista completa (4.100)
Publique seu artigo
Buscar Artigos... 
Leia também
GUIAS DE ESTUDO
Alienação parental 
RESUMOS
A proteção dos �lhos de pais separados 
Síndrome da Alienação Parental I 
 
 
 
Fique por dentro
Novas regras para desfazimento de contratos de aquisição imobiliária
Alterações da Lei 13 718/18 - Crimesde importunação sexual e de divulgação de cena de
04/02/2019 Alienação parental: aspectos jurídicos e psicológicos (Família) - Artigo jurídico - DireitoNet
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/11007/Alienacao-parental-aspectos-juridicos-e-psicologicos 12/12
Alterações da Lei 13.718/18 Crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de
estupro
Atualizações da Lei 13.715/18 - Perda do poder familiar
STF nega recurso que pedia reconhecimento de direito a ensino domiciliar
Atualizações da Lei 13.709/18 - Proteção de dados pessoais
Receba novidades por e-mail
Crie sua conta no DireitoNet para receber gratuitamente o boletim com as principais
novidades do mundo jurídico.
Criar minha conta gratuita

Continue navegando