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Material Didático Ciências Neurológicas

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AT 1
2 3
S
U
M
Á
R
IO
2
3 INTRODUÇÃO
7 UNIDADE 2 - Filogênese do sistema nervoso
12 UNIDADE 3 - Bases estruturais do sistema nervoso
14 3.1 Meninges
14 3.2 Medula espinhal
15 3.3 Tecido Nervoso
15 3.4 Os hemisférios cerebrais
16 3.5 O tronco encefálico 
17 3.6 O cerebelo
19 UNIDADE 4 - Os neurônios
20 4.1 Estrutura do neurônio
21	 4.2	Classificação	dos	neurônios
22	 4.3	As	sinapses	-	transmissão	do	impulso	nervoso	entre	células
24 UNIDADE 5 - Especialização e função dos hemisférios
28 UNIDADE 6 - A plasticidade cerebral/neural e a memória
28 6.1 Plasticidade neural
28 6.1.1 Desenvolvimento
28 6.1.2 Aprendizagem
29	 					6.1.3	Após	lesão	neural
30 6.2 Memória
32	 					6.2.1	Memória	de	Longo	Prazo	ou	de	Longa	Duração
32	 					6.2.2	Memória	de	Curto	Prazo	ou	de	Curta	Duração
32 6.2.3 Perda de Memória
33	 					6.2.4	Déficit	de	memória
42 REFERÊNCIAS
2 33
INTRODUÇÃO
Ao longo das últimas décadas, os cien-
tistas, mais especificamente aqueles que 
lidam com as neurociências, têm se debru-
çados sobre estudos que levem a compre-
ender o cérebro e sua impressionante ca-
pacidade de receber e filtrar informações.
Neurologia é a especialidade da Medici-
na que estuda as doenças estruturais do 
Sistema Nervoso Central (composto pelo 
encéfalo e pela medula espinhal) e do Sis-
tema Nervoso Periférico (composto pelos 
nervos e músculos), bem como de seus 
envoltórios (que são as meninges).
Doença estrutural significa que há 
uma lesão identificável em três níveis:
1. Genético-molecular (mutação do 
material genético DNA);
2. Bioquímico (alteração de uma pro-
teína ou enzima responsável pelas rea-
ções químicas que mantêm as funções 
dos tecidos, órgãos ou sistemas); ou,
3. Tecidual (alteração da natureza his-
tológica ou morfológica própria de cada 
tecido, órgão ou sistema).
Em outras palavras, existe uma alte-
ração neuroanatômica ou neurofisiológi-
ca que produz manifestações clínicas, as 
quais devem ser interpretadas, portanto, 
a base do raciocínio da Neurologia Clínica 
é exatamente o exercício de associação 
dos sintomas e sinais neurológicos apre-
sentados pelo paciente (diagnóstico sin-
drômico) com o tipo de função alterada e 
com a estrutura anatômica a ela associa-
da (diagnóstico anatômico ou topográfi-
co) (REED, 2004).
Dentre as doenças tratadas pela Neu-
rologia temos:
 Dores de cabeça (cefaleia);
 Epilepsia;
 Distúrbio do sono; 
 Mielopatias; 
 Neuropatias; 
 Doenças vasculares encefálicas; 
 Doenças neuro-degenerativas; 
 Neuro-infecções (meningite, por 
exemplo). 
A Neurologia de maneira geral e as 
neurociências novas em muito podem 
contribuir para o avanço da inclusão 
social. Abaixo temos algumas defini-
ções importantes para compreender-
mos, ao longo do curso, o desenvolvi-
mento cognitivo do ser humano: 
a)Neurociência trata do desenvolvi-
mento químico, estrutural e funcional, pa-
tológico do sistema nervoso. As pesquisas 
científicas começaram no início do século 
XIX. Nessa ocasião, os fisiologistas Frists-
ch e Hitzig relataram que a estimulação 
elétrica de áreas específicas do córtex ce-
rebral de um animal evocava movimentos, 
e os médicos Broca e Wernicke confirma-
ram, separadamente, por necropsia, da-
nos cerebrais localizados em pessoas que 
tiveram déficits de linguagem após algum 
acidente.
4 5
Em 1890, Cajal, neuroanatomista , es-
tabeleceu que cada célula nervosa é úni-
ca, distinta e individual. O cientista Sher-
rington, estudando reações, relatou que 
as células nervosas (neurônios) respon-
dem a estímulos e são conectadas por si-
napses.
Em 1970, desenvolveram-se novas téc-
nicas e produção de imagens, produzindo 
com clareza o encéfalo e a medula espi-
nhal em vida, fornecendo informações 
fisiológicas e patológicas nunca antes 
disponíveis. Dentre as técnicas, existem a 
tomografia computadorizada axial (TCA), 
a tomografia por emissão de pósitrons 
(PCT) e a ressonância magnética (RM).
b)Neurociência molecular investiga 
a química e a física envolvida na função 
neural. Estuda os íons e suas trocas ne-
cessárias para que uma célula nervosa 
conduza informações de uma parte do 
sistema nervoso para a outra. Reduzindo 
ao nível mais fundamental, a sensação, 
o movimento, a compreensão, o planeja-
mento, o relacionamento, a fala e muitas 
outras funções humanas que dependem 
de alterações químicas e físicas.
c)Neurociência celular considera as 
distinções entre os tipos de células no 
sistema nervoso e como funciona cada 
tipo respectivamente. As investigações 
com os neurônios recebem e transmitem 
informações, e os papéis das células não 
neurais do sistema nervoso são questões 
ao nível celular.
d)Neurociência de sistemas tem a fi-
nalidade de investigar grupos de neurô-
nios que executam uma função comum, 
por meio de circuitos e conexões. Como 
exemplo, têm-se posição e movimento do 
sistema musculoesquelético para o SNC, 
e o sistema motor, que controla os movi-
mentos.
e)Neurociência comportamental estu-
da a interação entre os sistemas que in-
fluenciam o comportamento, o controle 
postural, a influência relativa de sensa-
ções visuais, vestibulares e propriocepti-
vas no equilíbrio em diferentes condições.
f)Neurociência cognitiva atua nos es-
tudos do pensamento, da aprendizagem, 
da memória, do planejamento, do uso da 
linguagem e das diferenças entre memó-
ria para eventos específicos e para a exe-
cução de habilidades motoras.
g)A neurofisiologia estuda as funções 
do sistema nervoso, utilizando eletro-
dos para estimular e gravar a reação das 
células nervosas ou de áreas maiores do 
cérebro. Muitas vezes o neurofisiologista 
separa as conexões nervosas para avaliar 
seus resultados.
h)A neuropsicologia estuda as relações 
entre as funções neurais e psicológicas. 
Para estes especialistas a pergunta cha-
ve é: qual área específica do cérebro con-
trola ou media as funções psicológicas? 
Utilizam como método o estudo do com-
portamento ou mudanças cognitivas que 
acompanham lesões em partes específi-
cas do cérebro.
De acordo com os estudos das neuro-
ciências, os processos de aprendizagem 
modelam o cérebro através das sinapses 
produzidas nos/pelos neurônios como 
será visto adiante.
 1- Os neuroanatomistas estudam a estrutura do sistema nervoso, 
em nível microscópico e macroscópico, dissecando o cérebro, a 
coluna vertebral e os nervos periféricos fora dessa estrutura.
1
4 5
Eles dissolvem conexões pouco utili-
zadas ou fortalecem as ativas de uso fre-
quente. [...] Até idade avançada, sinap-
ses serão fortalecidas ou enfraquecidas 
por novos estímulos, experiências, pen-
samentos e ações, o que [...] possibilita 
aprender durante toda a vida (FRIEDRI-
CH; PREISS, 2006, p. 52-53). Sendo assim, 
ensinar é estimular a produção de sinap-
ses, tornar possíveis estímulos intelectu-
ais que acionem o cérebro e favoreçam a 
aprendizagem.
O caminho que faremos nesta apostila 
tem como objetivo fornecer as bases do 
conhecimento científico para compreen-
dermos o mecanismo de aprender, uma 
vez que o cérebro e o sistema nervoso 
central são os organizadores dos nossos 
comportamentos.
Ao prefaciar o livro de Marta Relvas 
(2010) intitulado “Neurociência e Edu-
cação”, Luiza Elena L. Ribeiro do Valle foi 
muito feliz ao dizer que o conhecimento é 
o caminho que pode conduzir cada um ao 
despertar para o mundo exterior a partir 
da compreensão das próprias caracterís-
ticas e é assim que podemos realizar ide-
ais e projetos. A realização pessoal que 
se atinge na profissão depende de uma 
busca continuada dos conhecimentos 
que aperfeiçoam o “fazer” e engrande-
cem o “ser”. Quando as soluções e dúvi-
das se tornam acessíveis por meio de uma 
linguagem compreensível que traduz o 
conhecimentoe a aplicação dele, desfaz-
-se o abismo entre o professor e o aluno, 
pontuando com a aceitação, em lugar das 
críticas, dando espaço para um relaciona-
mento mais verdadeiro e para o desenvol-
vimento de potencialidades.
Existem princípios da neurociência 
que estabelecem as relações entre 
como o cérebro aprende e as estra-
tégias que podem ser criadas em sala 
de aula, a saber:
 Aprendizagem, memória e emo-
ções ficam interligadas quando ativadas 
pelo processo de aprendizagem. A apren-
dizagem sendo atividade social, os alunos 
precisam de oportunidades para discutir 
tópicos. Ambiente tranquilo encoraja o 
estudante a expor seus sentimentos e 
ideias;
 O cérebro se modifica aos poucos 
fisiológica e estruturalmente como resul-
tado da experiência. Aulas práticas/exer-
cícios físicos com envolvimento ativo dos 
participantes fazem associações entre 
experiências prévias com o entendimento 
atual;
 O cérebro mostra períodos ótimos 
(períodos sensíveis) para certos tipos 
de aprendizagem, que não se esgotam 
mesmo na idade adulta. Assim fazem-se 
ajuste de expectativas e padrões de de-
sempenho às características etárias es-
pecíficas dos alunos, usando de unidades 
temáticas integradoras; 
 O cérebro mostra plasticidade neu-
ronal (sinaptogênese), mas maior densida-
de sináptica não prevê maior capacidade 
generalizada de aprender. Os estudantes 
precisam sentir-se “detentores” das ati-
vidades e temas que são relevantes para 
suas vidas. Atividades pré-selecionadas 
com possibilidade de escolha das tarefas 
aumentam a responsabilidade do aluno 
no seu aprendizado;
 Inúmeras áreas do córtex cerebral 
são simultaneamente ativadas no trans-
6 76
curso de nova experiência de aprendiza-
gem. Valem as situações que reflitam o 
contexto da vida real, de forma que a in-
formação nova se “ancore” na compreen-
são anterior;
 O cérebro foi evolutivamente con-
cebido para perceber e gerar padrões 
quando testa hipóteses. Deve-se promo-
ver situações em que se aceite tentati-
vas e aproximações ao gerar hipóteses e 
apresentação de evidências. Pode-se fa-
zer uso de resolução de “casos” e simula-
ções;
 O cérebro responde, devido a he-
rança primitiva, às gravuras, imagens e 
símbolos. Vale propiciar ocasiões para alu-
nos expressarem conhecimento através 
das artes visuais, música e dramatizações 
(BARTOSZECK; BARTOSZECK, 2009).
Os pesquisadores acima acreditam que 
mesmo usando rotineiramente tais es-
tratégias, as quais atuam nas transfor-
mações neurobiológicas que produzem a 
aprendizagem e fixação do conhecimento 
na estrutura cognitiva da mente, os pro-
fessores em geral desconhecem como o 
cérebro e o sistema nervoso funcionam 
como um todo na esfera educacional, daí 
a importância em conhecer mais profun-
damente o seu funcionamento.
Guerra, Pereira e Lopes (2004, p. 1) já 
haviam identificado tal desconhecimento 
e necessidade ao inferirem que 
educar é promover a aquisição de 
novos comportamentos. As estra-
tégias pedagógicas utilizadas pelo 
educador no processo ensino-apren-
dizagem são estímulos que levam à 
reorganização do sistema nervoso 
em desenvolvimento, o que produz 
as mudanças comportamentais. O 
educador está cotidianamente atu-
ando nas transformações neurobio-
lógicas cerebrais que levam à apren-
dizagem. No entanto, desconhece 
como o cérebro funciona.
Aos que buscam especializar-se em 
Neuropsicopedagogia, desejamos conco-
mitantemente muito estudo, aprofunda-
mento nos conteúdos que se seguem e a 
crença de que cada ser é único, especial e 
merecedor de nossa atenção. 
Ressaltamos também que embora a es-
crita acadêmica tenha como premissa ser 
científica, baseada em normas e padrões 
da academia, fugiremos um pouco às re-
gras para nos aproximarmos de vocês e 
para que os temas abordados cheguem de 
maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. Em segundo lugar, deixamos 
claro que este módulo é uma compilação 
das ideias de vários autores, incluindo 
aqueles que consideramos clássicos, não 
se tratando, portanto, de uma redação 
original.
Ao final do módulo, além da lista de re-
ferências básicas, encontram-se muitas 
outras que foram ora utilizadas, ora so-
mente consultadas e que podem servir 
para sanar lacunas que por ventura surgi-
rem ao longo dos estudos.
 
6 7
UNIDADE 2 - Filogênese do sistema nervoso
7
O estudo da evolução humana que tam-
bém podemos chamar de filogênese nos 
leva a compreender melhor a adaptação 
sensório-motora dos seres vivos e, por 
consequência, dos sujeitos aprendentes, 
pois mesmo os mais primitivos dos huma-
nos tiveram de se ajustar continuamente 
ao meio ambiente, que também é mutá-
vel, para sobreviverem enquanto indiví-
duo e ainda como espécie (RELVAS, 2009).
Para Sarnat (1981 apud RIBAS, 2006), 
do ponto de vista anatômico, há três ma-
neiras básicas de se estudar o sistema 
nervoso central (SNC). A primeira consis-
te em estudar a simples disposição espa-
cial das suas estruturas já desenvolvidas, 
campo de estudo denominado neuroana-
tomia; a segunda, em estudar o seu de-
senvolvimento ontogenético; e a terceira, 
em estudar o seu desenvolvimento filo-
genético – ocorrido ao longo da chamada 
evolução das espécies, o que é feito prin-
cipalmente através da paleontologia e da 
anatomia comparada.
Ribas (2006) analisa que para a dis-
cussão de considerações de ordem ana-
tômica pertinentes a questões compor-
tamentais, paralelamente às relevantes 
contribuições experimentais em animais 
e às observações clínicas em seres huma-
nos, a análise dos conhecimentos exis-
tentes sobre a evolução filogenética das 
estruturas nervosas é particularmente 
útil, uma vez que ela nos possibilita fazer 
especulações sobre o aparecimento, o de-
senvolvimento e o embricamento dessas 
estruturas e as possíveis características 
e comportamentos dos seus respectivos 
elementos evolutivos.
Ao propiciar uma visão progressiva das 
complexidades nervosa e comportamen-
tal ao longo da evolução, a análise filo-
genética também acarreta, a cada passo, 
questionamentos sobre a própria concei-
tuação de termos como consciência e psi-
quismo, entre outros, principalmente por 
propiciar especulações sobre os possíveis 
paralelos comportamentais existentes 
entre as diferentes espécies e o próprio 
ser humano (RIBAS, 2006).
Em relação ao processo evolutivo, é 
importante lembrar que este diz respeito 
a mudanças que ocorreram por força de 
fatores, principalmente ambientais, que 
influenciaram todos os seres vivos, e não 
através de simples adições terminais de 
novas estruturas. Os processos evoluti-
vos têm como principais denominadores 
comuns a adaptação, a expansão da di-
versidade e o aumento da complexidade.
Ao longo de milhões de anos, o SNC dos 
vertebrados se desenvolveu até atingir 
a complexidade do SNC humano, e é par-
ticularmente interessante e intrigante 
como o desenvolvimento embrionário e 
fetal do SNC humano refaz grosseiramen-
te este mesmo curso (HAECKE; GOULD, 
1977 apud RIBAS, 2006).
As maiores dificuldades dos estudos 
filogenéticos evidentemente se devem 
à escassez de informações sobre os ele-
mentos já extintos, ao longo tempo ne-
cessário para observação de quaisquer 
mudanças evolutivas naturais ou expe-
rimentais e à veracidade das inferências 
8 9
 
 
sugeridas pelos estudos de anatomia 
comparada. O desenvolvimento de técni-
cas de sequenciamento do DNA segura-
mente propiciará avanços neste campo, 
dadas as suas possibilidades de comparar 
genomas de diferentes espécies e mesmo 
de espécies extintas (RIBAS, 2006).
As figuras abaixo nos mostram: A) a 
evolução filogenética no homem em com-
paração a outros animais; B) a evolução 
embriológica e fetal do SNC no ser huma-
no
Fonte: Ribas (2006, p. 334)
8 9
São condições fundamentaispara que 
o indivíduo se adapte ao meio ambiente: 
a irritabilidade, a condutibilidade e a 
contratilidade.
Por meio da irritabilidade ou sensibili-
dade, a célula detecta as modificações do 
meio ambiente. Essa sensibilidade celular 
causada por um estímulo é conduzida à 
outra parte da célula pela condutibilidade, 
possibilitando uma resposta a esse estí-
mulo. Essa resposta pode ser o encurta-
mento da célula pela propriedade chama-
da contratilidade que é uma reação que 
normalmente acontece no sentido de fu-
gir a um estímulo nocivo ou para se apro-
ximar de um estímulo agradável (mecanis-
mo de defesa, por meio da motricidade).
Em seres ainda mais complexos (por 
exemplo, metazoários), as células mus-
culares responsáveis pela contratilidade 
foram ficando na parte mais interior do 
animal. Na superfície, ficaram as células 
sensórias responsáveis pela identifica-
ção do estímulo. Essa distância entre as 
células sensórias e as musculares foi com-
pensada pela especialização de células 
exclusivas para permitir a condutibilida-
de da informação colhida na superfície, 
levando-as até o interior do ser, para que 
houvesse uma resposta, que pode ser de 
repulsão ou de aproximação, dependendo 
do teor do estímulo. Esses neurônios são 
células nervosas responsáveis por motri-
cidade e sensibilidade do corpo.
A evolução filogenética providenciou 
para que essas células especializadas em 
conduzir sinais se agrupassem e formas-
sem um sistema nervoso central. Esse 
sistema de comando conta com neurô-
nios sensitivos ou aferentes, que são 
responsáveis pela coleta de informações 
oriundas do meio ambiente. Essas infor-
mações ou sinais são enviados ao centro 
de comando formado pelo sistema nervo-
so central para que este elabore e retor-
ne uma determinada reação ou respos-
ta. Essa resposta é possível graças aos 
neurônios eferentes ou motores, poden-
do denominar-se motricidade voluntária.
As respostas podem ser elaboradas e 
retomadas a partir de qualquer ponto do 
sistema nervoso central, como encéfalo, 
medula oblonga, tronco encefálico, etc. 
Os reflexos patelares, observados no jo-
elho do homem quando se bate com um 
martelete nessa região, o que provoca o 
estiramento involuntário da perna para 
frente, é um exemplo de reação a partir 
da medula oblonga, denominando-se de 
motricidade involuntária.
Um terceiro tipo de neurônio trouxe 
um considerável aumento do número de 
sinapses, o que aumentou consideravel-
mente a complexidade do sistema ner-
voso. Esse neurônio foi denominado de 
neurônio de associação. Ele associa os 
diversos tipos de informações e elabora 
as respostas a serem dadas ao estímulo. 
Seria o rudimento da inteligência, capaz 
de elaborar a compreensão, o raciocínio, a 
linguagem, ainda que primitiva, porém di-
ferenciada dos outros seres vivos.
O crescimento do número de neurô-
nios de associação aconteceu de forma 
agrupada e em uma das extremidades dos 
seres vivos, o que seria mais tarde a sua 
cabeça. Durante os deslocamentos, os 
animais percebiam mais rapidamente as 
mudanças do meio por intermédio desses 
neurônios agrupados nessa extremidade 
e podiam elaborar respostas mais rápidas, 
livrando-se de perigos, para encontrar ali-
10 11
mento, para perpetuar a espécie ou para 
se manter nos territórios e sobreviver.
Essa extremidade especializou-se em 
explorar ambientes e, por isso, foi apa-
relhada com boca, olhos, ouvidos, pele e 
nariz, enfim, todos os órgãos dos senti-
dos. Em virtude da sua importância, esse 
agrupamento de neurônios foi protegido 
por um crânio e deu ao homem a capaci-
dade de elaborar tarefas mais finas, como 
um simples movimento de pegar o garfo e 
levá-lo à boca ou segurar um lápis e reali-
zar um registro no papel.
O crescimento gradual do encéfalo ob-
servado na escala filogenética atinge seu 
maior grau de complexidade no ser huma-
no.
Os neurônios de associação situados 
no encéfalo foram os responsáveis pelo 
surgimento das funções psíquicas supe-
riores. Chegava, assim, ao ápice da evo-
lução do sistema nervoso. Daí em dian-
te, o homem foi capaz de sentir, pensar, 
relacionar-se afetiva e emocionalmente, 
utilizando a motricidade corporal (os mús-
culos voluntários e involuntários e as vís-
ceras) como canal de expressão dos senti-
dos (RELVAS, 2009).
Observando a estrutura do sistema 
nervoso, percebemos que ela tem par-
tes situadas dentro do cérebro, da coluna 
vertebral e outras distribuídas por todo 
corpo. As primeiras recebem o nome co-
letivo de sistema nervoso central (SNC), e 
as últimas, de sistema nervoso periférico 
(SNP).
É no sistema nervoso central que está 
a grande maioria das células, seus prolon-
gamentos e os contatos que fazem entre 
si. No sistema nervoso periférico, estão 
relativamente poucas células, mas há um 
grande número de prolongamentos cha-
mados fibras nervosas, agrupadas em fi-
letes alongados chamados nervos.
É possível dizer que a evolução do sis-
tema nervoso central (SNC) dos animais 
vertebrados se deu na direção do aumen-
to de complexidade, com um gradativo e 
marcante aumento do tamanho cerebral, 
resultado de um crescente número de 
neurônios e do surgimento progressivo 
de novas estruturas cerebrais (particular-
mente o córtex cerebral) e de sua expan-
são.
O caminho de evolução do SNC percor-
rido pelo seres humanos se deu em dire-
ção à crescente intercomunicação entre 
neurônios, levando ao desenvolvimento 
de novas estruturas neuronais, que nos 
possibilitam uma mais rica percepção 
consciente do mundo em que vivemos e 
uma mais efetiva adaptação a diferentes 
ambientes. O processo evolutivo levou 
(até pela complexidade de suas dimen-
sões e potencialidades) à separação de 
funções entre os nossos hemisférios cor-
ticais, criando-nos, de um lado, um “cére-
bro” cognitivo, racional e analítico e, de 
outro, um “cérebro” intuitivo, afetivo e 
emocional.
Da existência destes dois modos opera-
cionais surge-nos, se soubermos integrá-
-los harmoniosamente, a potencialidade 
de um processo de consciência bastante 
ampliado e de uma vida mais plena, criati-
va e amorosa.
É preciso também notar que o proces-
so de interação entre os neurônios não 
é fixo, mesmo após o nosso desenvolvi-
mento e maturação iniciais. Ao contrário, 
10 11
dada a plasticidade entre as conexões si-
nápticas e à ação variável de substâncias 
transmissoras e moduladoras, o cérebro 
deve ser entendido como um conjunto de 
sistemas funcionais altamente dinâmicos 
com amplas potencialidades de reajuste e 
até de recuperação.
Finalmente é preciso considerar que o 
homem não é um organismo acabado. Seu 
cérebro continua em constante evolução 
biológica adequando-se sempre a novas 
circunstâncias, e em busca do equilíbrio 
(SCHMIDEK; CANTOS, 2008).
12 13
UNIDADE 3 - Bases estruturais do sistema 
nervoso
12
Dentre os sistemas que compõem o or-
ganismo humano, neste estudo, o nosso 
maior interesse está no sistema nervoso, 
composto pelo sistema nervoso central - 
SNC (encéfalo e medula) e sistema nervo-
so periférico - SNP.
São funções essenciais do sistema 
nervoso:
 Ajustar o organismo ao ambiente;
 Perceber e identificar as condições 
ambientais externas, bem como as condi-
ções reinantes dentro do próprio corpo;
 Elaborar respostas que adaptem a 
essas condições;
 Função sensorial, integrativa e mo-
tora.
O sistema nervoso é um tecido originá-
rio de um folheto embrionário denomina-
do como ectoderme, mais precisamente 
de uma área diferenciada deste folheto 
embrionário, a placa neural. Inicialmente, 
a placa neural contém cerca de 125 mil 
células, que vão dar origem a um sistema 
que é composto por aproximadamente 
100 bilhões de neurônios no futuro.
A placa neural, aproximadamente na 3ª 
semana de gestação, se fecha, formando 
umtubo longitudinal (tubo neural) que na 
sua região rostral ou anterior, sofre uma 
dilatação que dará origem a uma parte 
fundamental do Sistema Nervoso Cen-
tral, o Encéfalo. Nos pontos de encontro 
ou fechamento das extremidades da pla-
ca neural, no recém formado tubo neural, 
forma-se a crista neural que dá origem a 
componentes que a neuro-anatomia no-
mina como elementos periféricos e com-
ponentes celulares gliais.
O Sistema Nervoso pode ser classi-
ficado de várias formas, sendo a clas-
sificação mais comum aquela que o 
divide em:
a) sistema nervoso central (SNC), aque-
le que está contido no interior do chama-
do “estojo axial” (canal vertebral e crânio), 
ou seja, o encéfalo e a medula espinhal;
b) sistema nervoso periférico (SNP), 
aquele que é encontrado fora deste esto-
jo ósseo, que se relaciona com o esquele-
to apendicular, sendo os nervos (axônios) 
e gânglios (formações de corpos neuro-
nais ganglionares dispersas em regiões 
do corpo ou mesmo dispostas ao longo da 
coluna vertebral, como os gânglios sensi-
tivos).
No entanto, também podemos dividir o 
sistema nervoso funcionalmente em so-
mático ou de vida de relação, que lembra 
o sistema nervoso que atua em todas as 
relações que são percebidas por nossa 
consciência; e, em visceral ou vegetativo, 
aquele interage de forma inconsciente, 
no controle e na percepção do meio inter-
no e vísceras. Tanto o somático quanto o 
vegetativo, possuem componentes afe-
rentes (sensitivos) e eferentes (motores) 
(DIAS; SCHNEIDER, 2006).
12 1313
“Organograma do Sistema Nervoso”
O SNC (sistema nervoso central) rece-
be, analisa e integra informações. É o local 
onde ocorre a tomada de decisões e o en-
vio de ordens. O SNP (sistema nervoso pe-
riférico) carrega informações dos órgãos 
sensoriais para o sistema nervoso central 
e do sistema nervoso central para os ór-
gãos efetores (músculos e glândulas). O 
SNC divide-se em encéfalo e medula. O 
encéfalo corresponde ao telencéfalo (he-
misférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e 
hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico 
(que se divide em: bulbo, situado caudal-
mente; mesencéfalo, situado cranialmen-
te; e, ponte, situada entre ambos).
Os órgãos do SNC são protegidos por 
estruturas esqueléticas (caixa crania-
na, protegendo o encéfalo; e coluna ver-
tebral, protegendo a medula - também 
denominada raque) e por membranas 
denominadas meninges, situadas sob a 
proteção esquelética: dura-máter (a ex-
terna), aracnóide (a do meio) e pia-máter 
(a interna). Entre as meninges aracnóide 
e pia-máter há um espaço preenchido por 
um líquido denominado líquido cefalorra-
quidiano ou líquor.
O Sistema Nervoso Central (encéfalo e 
medula espinhal) está contido em um es-
tojo ósseo denominado estojo axial. Este 
estojo é constituído pelo crânio, que abri-
ga o encéfalo e a coluna vertebral, forma-
da por vértebras nos segmentos cervical, 
torácica (ou dorsal) e lombar que contém 
em sua luz (no canal vertebral ou forame 
vertebral) a medula espinhal, que se en-
tende somente até a primeira vértebra 
lombar. Já na região lombo-sacral o canal 
vertebral abriga a cauda equina e o filum 
terminale. I
lustração do SNC
A palavra córtex vem do latim para 
“casca”. Isto porque o córtex é a camada 
mais externa do cérebro. A espessura do 
córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado 
esquerdo e direito do córtex cerebral são 
ligados por um feixe grosso de fibras ner-
vosas chamado de corpo caloso. Os lobos 
14 15
são as principais divisões físicas do córtex 
cerebral. O lobo frontal é responsável pelo 
planejamento consciente e pelo controle 
motor. O lobo temporal tem centros im-
portantes de memória e audição. O lobo 
parietal lida com os sentidos corporal e 
espacial. o lobo occipital direciona a visão.
3.1 Meninges
O sistema nervoso central é pro-
tegido por três envoltórios formados 
por tecido conjuntivo, denominados, 
como meninges, sendo estas, na or-
dem do interior para o exterior:
1. Piamáter (Acolada mais intimamen-
te ao sistema nervoso, é impossível de ser 
totalmente removida sem remover consi-
go o próprio tecido nervoso);
2. Aracnóide (Situada entre a Pia e 
Duramáter, é provida de trabéculas que 
permite a circulação do líquor);
3. Duramáter (Trata-se do envoltório 
mais externo e mais forte, que em conjun-
to com a Aracnóide é denominada como 
paquimeninge);
=>O conjunto, piamáter e aracnóide é 
denominado leptomeninge.
3.2 Medula espinhal
Etimologicamente, medula significa 
miolo e indica tudo o que está dentro. A 
medula espinhal é assim denominada por 
estar dentro do canal espinhal ou ver-
tebral. A medula é uma massa de tecido 
nervoso alongada e cilindróide, situada 
dentro do canal vertebral, sem ocupá-lo 
completamente e ligeiramente achatada 
ântero-posteriormente. Tem calibre não 
uniforme por possuir duas dilatações, as 
intumescências cervical e lombar, de onde 
partem maior número de nervos através 
dos plexos braquial e lombossacral, para 
inervar os membros superiores e inferio-
res, respectivamente.
Seu comprimento médio é de 42 cm 
na mulher adulta e de 45 cm no homem 
adulto. Sua massa total corresponde a 
apenas 2% do Sistema Nervoso Central 
humano, contudo inerva áreas motoras e 
sensoriais de todo o corpo, exceto as áre-
as inervadas pelos nervos cranianos. Na 
sua extremidade rostral, é contínua com o 
tronco cerebral (bulbo) aproximadamente 
ao nível do forame magno do osso occipi-
tal. Termina ao nível do disco interverte-
bral entre a primeira e a segunda vértebra 
lombares. A medula termina afilando-se e 
forma o cone medular que continua com 
o filamento terminal-delgado, filamento 
meníngeo composto da pia-máter e fibras 
gliais. Algumas estruturas são de extrema 
importância na fixação da medula, como o 
ligamento coccígeo que se fixa no cóccix, a 
própria ligação com o bulbo, os ligamentos 
denticulados, a emergência dos nervos 
espinhais e a continuidade da dura-máter 
com o epineuro que envolve os nervos.
A medula espinhal recebe impulsos 
sensoriais de receptores e envia impulsos 
motores a efetuadores tanto somáticos 
quanto viscerais. Ela pode atuar em refle-
xos dependente ou independentemen-
te do encéfalo. Este órgão é a parte mais 
simples do Sistema Nervoso Central, tan-
to ontogenético (embriológico) quanto fi-
logeneticamente (evolutivamente).
Daí o fato de a maioria das conexões 
encefálicas com o Sistema Nervoso Peri-
férico ocorrer via medula.
14 15
3.3 Tecido Nervoso
No SNC, existem as chamadas substân-
cias cinzenta e branca. A substância cin-
zenta é formada pelos corpos dos neurô-
nios e a branca por seus prolongamentos. 
Com exceção do bulbo e da medula, a 
substância cinzenta ocorre mais externa-
mente e a substância branca mais inter-
namente.
A unidade funcional e estrutural do 
sistema nervoso é o neurônio ou célu-
la nervosa. São os neurônios que fazem 
a ligação entre as células receptoras dos 
diversos órgãos sensoriais e as células 
efetoras, nomeadamente músculos e 
glândulas. Os neurônios são células mui-
to especializadas que apresentam um ou 
mais prolongamentos, ao longo dos quais 
se desloca um sinal elétrico.
Podem ser classificados, com base no 
sentido em que conduzem impulsos re-
lativamente ao sistema nervoso central, 
em: neurônios sensoriais ou aferentes – 
os que transmitem impulsos do exterior 
para o sistema nervoso central; neurônios 
motores ou eferentes – os que transmi-
tem impulsos do sistema nervoso central 
para o exterior; neurônios de conexão – os 
que conduzem impulsos entre os outros 
dois tipos de neurônios.
O Tecido Nervoso é composto basica-
mente por dois tipos celulares: 
a) os neurônios, que são a unidade fun-
damental do tecido nervoso, cuja função é 
receber, processar e enviar informações; 
estes, após o nascimento geralmentenão 
se dividem, os que morrem, seja natural-
mente ou por efeitos de toxinas ou trau-
matismos, jamais serão substituídos;
b) células gliais (neuróglia) que são as 
células que ocupam os espaços entre os 
neurônios, com função de sustentação, 
revestimento, modulação da atividade 
neuronal e defesa; diferente dos neurô-
nios, essas células mantém a capacidade 
de mitose. Os neurônios são compostos 
basicamente por três estruturas: corpo 
celular, dendritos e axônio.
3.4 Os hemisférios cerebrais
O telencéfalo compreende os dois he-
misférios cerebrais, direito e esquerdo, 
e uma pequena linha mediana situada na 
porção anterior do III ventrículo. 
Os dois hemisférios cerebrais são in-
completamente separados pela fissura 
longitudinal do cérebro, cujo o assoalho é 
formado por uma larga faixa de fibras co-
missurais, denominada corpo caloso, prin-
cipal meio de união entre os dois hemisfé-
rios. Os hemisférios possuem cavidades, 
os ventrículos laterais direito e esquerdo, 
que se comunicam com o III ventrículo pe-
los forames interventriculares.
Cada hemisfério possui três polos: 
frontal, occipital e temporal; e três faces: 
súpero-lateral (convexa); medial (plana); 
e inferior ou base do cérebro (irregular), 
repousando anteriormente nos andares 
anterior e médio da base do crânio e pos-
teriormente na tenda do cerebelo.
16 17
 Telencéfalo Diencéfalo Mesencéfalo Metencéfalo Mieloencéfalo
O Diencéfalo (tálamo e hipotálamo):
Todas as mensagens sensoriais, com 
exceção das provenientes dos recepto-
res do olfato, passam pelo tálamo antes 
de atingir o córtex cerebral. Esta é uma 
região de substância cinzenta localizada 
entre o tronco encefálico e o cérebro. O 
tálamo atua como estação retransmissora 
de impulsos nervosos para o córtex cere-
bral. Ele é responsável pela condução dos 
impulsos às regiões apropriadas do cére-
bro onde eles devem ser processados. O 
tálamo também está relacionado com al-
terações no comportamento emocional; 
que decorre, não só da própria atividade, 
mas também de conexões com outras es-
truturas do sistema límbico (que regula as 
emoções).
O hipotálamo, também constituído por 
substância cinzenta, é o principal centro 
integrador das atividades dos órgãos vis-
cerais, sendo um dos principais respon-
sáveis pela homeostase corporal. Ele faz 
ligação entre o sistema nervoso e o siste-
ma endócrino, atuando na ativação de di-
versas glândulas endócrinas. É o hipotála-
mo que controla a temperatura corporal, 
regula o apetite e o balanço de água no 
corpo, o sono e está envolvido na emoção 
e no comportamento sexual. Tem amplas 
conexões com as demais áreas do prosen-
céfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se 
que o hipotálamo desempenha, ainda, um 
papel nas emoções. Especificamente, as 
partes laterais parecem envolvidas com 
o prazer e a raiva, enquanto que a porção 
mediana parece mais ligada à aversão, ao 
desprazer e à tendência ao riso (garga-
lhada) incontrolável. De um modo geral, 
contudo, a participação do hipotálamo 
é menor na gênese (“criação”) do que na 
expressão (manifestações sintomáticas) 
dos estados emocionais.
3.5 O tronco encefálico 
O tronco encefálico interpõe-se en-
tre a medula e o diencéfalo, situando-
-se ventralmente ao cerebelo. Possui 
três funções gerais:
(1) recebe informações sensitivas de 
estruturas cranianas e controla os múscu-
los da cabeça;
(2) contém circuitos nervosos que 
transmitem informações da medula espi-
nhal até outras regiões encefálicas e, em 
direção contrária, do encéfalo para a me-
dula espinhal (lado esquerdo do cérebro 
controla os movimentos do lado direito do 
corpo; lado direito de cérebro controla os 
movimentos do lado esquerdo do corpo);
(3) regula a atenção, função esta que é 
mediada pela formação reticular (agrega-
ção mais ou menos difusa de neurônios de 
16 17
tamanhos e tipos diferentes, separados 
por uma rede de fibras nervosas que ocu-
pa a parte central do tronco encefálico). 
Além destas 3 funções gerais, as várias 
divisões do tronco encefálico desempe-
nham funções motoras e sensitivas espe-
cíficas.
Na constituição do tronco encefálico 
entram corpos de neurônios que se agru-
pam em núcleos e fibras nervosas, que, 
por sua vez, se agrupam em feixes deno-
minados tractos, fascículos ou lemniscos. 
Estes elementos da estrutura interna do 
tronco encefálico podem estar relacio-
nados com relevos ou depressões de sua 
superfície. Muitos dos núcleos do tron-
co encefálico recebem ou emitem fibras 
nervosas que entram na constituição dos 
nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos 
cranianos, 10 fazem conexão no tronco 
encefálico.
3.6 O cerebelo
Situado atrás do cérebro está o cere-
belo, que é primariamente um centro para 
o controle dos movimentos iniciados pelo 
córtex motor (possui extensivas cone-
xões com o cérebro e a medula espinhal). 
Como o cérebro, também está dividido em 
dois hemisférios. Porém, ao contrário dos 
hemisférios cerebrais, o lado esquerdo 
do cerebelo está relacionado com os mo-
vimentos do lado esquerdo do corpo, en-
quanto o lado direito, com os movimentos 
do lado direito do corpo.
O cerebelo recebe informações do cór-
tex motor e dos gânglios basais de todos os 
estímulos enviados aos músculos. A partir 
das informações do córtex motor sobre 
os movimentos musculares que pretende 
executar e de informações propriocepti-
vas que recebe diretamente do corpo (ar-
ticulações, músculos, áreas de pressão do 
corpo, aparelho vestibular e olhos), avalia 
o movimento realmente executado. Após 
a comparação entre desempenho e aqui-
lo que se teve em vista realizar, estímulos 
corretivos são enviados de volta ao córtex 
para que o desempenho real seja igual ao 
pretendido. Dessa forma, o cerebelo rela-
ciona-se com os ajustes dos movimentos, 
equilíbrio, postura e tônus muscular.
Quadro resumo das funções dos com-
ponentes do sistema nervoso.
18 1918
Quadro resumo das funções dos componentes do sistema nervoso
 Pensamento 
 Movimento voluntário 
 Linguagem 
 Julgamento 
 Percepção 
 Movimento 
 Equilíbrio 
 Postura 
 Tônus muscular 
 Respiração 
 Ritmo dos batimentos cardíacos 
 Pressão Arterial 
 Visão 
 Audição 
 Movimento dos Olhos 
 Movimento do corpo 
 Integração Sensorial 
 Integração Motora 
 Comportamento Emocional 
 Memória 
 Aprendizado 
 Emoções 
 Vida vegetativa (digestão, circulação, 
excreção etc.).
Córtex Cerebral
Cerebelo
Tronco encefálico
Mesencéfalo
Tálamo
Sistema límbico
18 19
UNIDADE 4 - Os neurônios
19
Segundo Pimentel e Santos (2008), a 
vida humana depende de informações e 
os neurônios têm uma função primordial 
no processo de recebimento de todas as 
informações que vão ao cérebro. É atra-
vés da rede neural que toda a consciência 
de informações e níveis de conhecimen-
tos são formados. Esta célula nervosa, o 
neurônio, tem a capacidade tanto de re-
ceber quanto de responder a mensagens 
que chegam ao cérebro.
Os neurônios são portadores de sinais 
carregados de informações e significa-
dos, estes sinais trafegam a mensagem 
por todo o sistema neuronal do corpo 
humano. Isto é realizado graças aos ner-
vos motores que conduzem seus sinais a 
centenas de quilômetros por hora. Estas 
mensagens são codificadas em padrões 
flexíveis que são transmitidos por sinais, 
visões, sons, movimentos, etc. (McCRO-
NE, 2002).
A capacidade dos neurônios de trans-
mitir informações é conferida pelos seus 
prolongamentos: o axônio e os dendritos. 
Estes últimos recebem as informações 
provenientes de células nervosas e os 
axônios se encarregam de conduzir tais in-
formações através de impulsos nervosos 
e repassá-los a outras células. Nos verte-
brados, a maioria dos axônios é revestida 
por uma substânciaesbranquiçada cha-
mada bainha de mielina. É esta substância 
a responsável pela velocidade com que os 
impulsos nervosos (informações) serão 
conduzidos. (COSENZA, 2004).
Este processo de mielinização ocorre 
nos primeiros meses e anos de vida do 
indivíduo e, portanto, quanto mais mie-
linizados forem os axônios, mais rapida-
mente acontecem a recepção e a respos-
ta das mensagens percebidas no entorno, 
sendo assim, mais rapidamente aconte-
ce a aprendizagem (PIMENTEL; SANTOS, 
2008).
No cérebro, cada neurônio está conec-
tado a vários milhares de vizinhos, esta 
conexão é chamada de sinapse e podem 
ser elétricas e químicas. O formato do 
neurônio e o padrão das conexões é o que 
vai determinar o nível da informação. Es-
tas informações, mesmo que superficiais, 
dão uma ideia da importância dos bilhões 
de neurônios e de trilhões de conexões si-
nápticas no processo de aprendizagem.
Segundo Schmidek (2005), do ponto de 
vista evolutivo nós, seres humanos, her-
damos dos nossos ancestrais os neurô-
nios, que praticamente não mudaram ao 
longo de toda a evolução. Há bilhões de 
anos eles permanecem com o mesmo as-
pecto geral e têm o mesmo mecanismo 
básico de funcionamento, sendo em es-
sência os mesmos neurônios em um rato, 
em um jacaré ou em um peixe e até mes-
mo em um invertebrado.
Aliás, foi a partir de um certo tipo de 
neurônio que ocorrem em moluscos (os 
chamados “neurônios de axônio gigan-
tes”, encontrados em lulas e polvos) que 
se descobriram muitas das propriedades 
funcionais das nossas células nervosas 
(SCHMIDEK, 2005).
O grande segredo que faz nosso siste-
ma nervoso tão diferente de outro orga-
20 21
nismo vivo é basicamente o enorme nú-
mero de neurônios que compõem o nosso 
cérebro e o incrível número de interliga-
ções que essas células fazem (SCHMIDEK; 
CANTOS, 2008).
O cérebro humano é proporcionalmen-
te o maior e o mais pesado entre todos os 
animais e a formação completa do mes-
mo, dentro dos limites de normalidade, 
vai desde meados da terceira semana de 
gestação quando se inicia a formação da 
placa neural embrionária, para só se com-
pletar por volta do quinto ano de vida, com 
a plena mielinização dos neurônios corti-
cais. Para que os axônios de muitos tipos 
de neurônios consigam transmitir men-
sagens com rapidez e precisão, eles pre-
cisam estar maduro. Isto acontece quan-
do o mesmo é envolvido por uma camada 
especial de gordura e proteína (a mielina), 
que atua como isolante elétrico e facilita a 
transmissão do impulso nervoso. Assim, a 
maturação das células cerebrais, faz com 
movimentos complexos, os níveis de co-
ordenação e controle motor fino só sejam 
alcançados após o término da formação 
da mielina (KOLB; WHISHAW, 2002).
Mas o que são neurônios?
São básica e essencialmente as célu-
las nervosas que estabelecem conexões 
entre si de tal maneira que apenas um 
neurônio pode transmitir a outros os es-
tímulos recebidos do ambiente, gerando 
uma reação em cadeia.
4.1 Estrutura do neurônio
Sua estrutura é e composta por três 
partes distintas: corpo celular, dentritos e 
axônios.
Estrutura básica de um neurônio
Fonte: Ferneda (2006, p. 25)
Os corpos celulares dos neurônios estão 
concentrados no sistema nervoso central 
e também em pequenas estruturas glo-
bosas espalhadas pelo corpo, os gânglios 
nervosos. Os dentritos e o axônio, gene-
ricamente chamados fibras nervosas, es-
tendem-se por todo o corpo, conectando 
os corpos celulares dos neurônios entre si 
e às células sensoriais, musculares e glan-
dulares.
O Corpo Celular ou Pericário contém 
núcleo e citoplasma, onde estão conti-
dos ribossomas, retículo endoplasmático 
granular e agranular e aparelho de Golgi. 
Centro metabólico do neurônio, este tem 
como função sintetizar todas as proteínas 
neuronais e realizar a maioria dos proces-
sos de degradação e renovação de consti-
tuintes celulares. Do corpo celular partem 
prolongamentos: dendritos (que assim 
como o pericário, recebem estímulos) e 
axônios.
Os Dendritos geralmente são curtos, 
possuem os mesmos constituintes cito-
plasmáticos do pericário. Traduzem os 
estímulos recebidos em alterações do po-
tencial de repouso da membrana, que en-
volvem entrada e saída de determinados 
íons, causando pequenas despolarizações 
20 21
(excitatória) ou hiperpolarizações (inibi-
tória). Os potenciais gerados nos dendri-
tos se propagam em direção ao corpo e, 
neste, em direção ao cone de implantação 
do axônio.
O Axônio é um prolongamento longo e 
fino, que pode medir de milímetros a mais 
de um metro, originado do corpo ou de um 
dendrito principal, a partir de uma região 
denominada cone de implantação. Possui 
membrana plasmática (axolema) e cito-
plasma (axoplasma). O axônio é capaz de 
gerar alteração de potencial de membra-
na (despolarização de grande amplitude) 
denominada potencial de ação ou impulso 
nervoso, e conduzi-lo até a terminação 
axônica, local onde ocorre a comunicação 
com outros axônios ou células efetua-
doras. O local onde é gerado o impulso é 
chamado zona de gatilho. Esta especiali-
zação de membrana é devido à presença 
de canais de sódio e potássio, que ficam 
fechados no potencial de repouso, mas 
que se abrem quando despolarizações os 
atingem.
4.2 Classificação dos neurô-
nios
Os neurônios são classificados em:
 Multipolares – possuem vários 
dendritos e um axônio; conduzem poten-
ciais graduáveis ao pericário, e este em 
direção à zona de gatilho, onde é gerado o 
potencial de ação;
 Bipolares – possuem um dendrito 
e um axônio;
 Pseudo-unipolares – corpos celu-
lares localizados em gânglios sensitivos, 
de onde parte apenas um prolongamento 
que logo se divide em dois ramos, o peri-
férico (que se dirige à periferia, formando 
terminações nervosas sensitivas) e o cen-
tral (que se dirige ao sistema nervoso cen-
tral, estabelecendo contato com outros 
neurônios).
Como os axônios não possuem ribosso-
mas, toda a proteína necessária à manu-
tenção destes deriva do pericário (fluxo 
anterógrado), e para que haja a renova-
ção dos componentes das terminações é 
necessário um fluxo oposto, em direção 
ao corpo (fluxo retrógrado). Esse fluxo de 
substâncias e organelas através do axo-
plasma é denominado fluxo axoplasmáti-
co.
Os neurônios muitas vezes funcionam 
como células excitáveis, ou seja, comuni-
cam entre si ou com células efetuadoras 
(células musculares e secretoras) usan-
do basicamente uma linguagem elétrica, 
as alterações do potencial de membra-
na. A membrana celular separa o meio 
intracelular, onde predominam íons com 
cargas negativas e certa quantidade do 
íon potássio (K+), do meio extracelular, 
onde predominam cargas positivas, Sódio 
(Na+), Cálcio (Ca+) e certa quantidade do 
íon Cloro (Cl-).
22 23
Essa diferença de cargas entre o meio 
interno e o meio externo estabelecem um 
potencial elétrico de membrana, que em 
geral nos neurônios, quando em repouso, 
é de aproximadamente -70mv. Na mem-
brana, estão presentes canais iônicos se-
letivos, que se abrem ou fecham, permi-
tindo a passagem de íons de acordo com o 
gradiente de concentração.
A despolarização e a repolarização de 
um neurônio ocorrem devido as modifi-
cações na permeabilidade da membra-
na plasmática. Em um primeiro instante, 
abrem-se “portas de passagem” de Na+, 
permitindo a entrada de grande quan-
tidade desses íons na célula. Com isso, 
aumenta a quantidade relativa de carga 
positiva na região interna na membrana, 
provocando sua despolarização. Em se-
guida abrem-se as “portas de passagem” 
de K+, permitindo a saída de grande quan-
tidade desses íons. Com isso, o interior da 
membrana volta a ficar com excesso de 
cargas negativas (repolarização). A des-
polarização em uma região da membrana 
dura apenas cerca de 1,5 milésimo de se-
gundo (ms).O estímulo provoca, assim, uma onda 
de despolarizações e repolarizações que 
se propaga ao longo da membrana plas-
mática do neurônio. Essa onda de propa-
gação é o impulso nervoso, que se propa-
ga em um único sentido na fibra nervosa. 
Dentritos sempre conduzem o impulso em 
direção ao corpo celular, por isso diz que o 
impulso nervoso no dentrito é celulípeto. 
O axônio por sua vez, conduz o impulso em 
direção às suas extremidades, isto é, para 
longe do corpo celular; por isso diz-se que 
o impulso nervoso no axônio é celulífugo.
A velocidade de propagação do impul-
so nervoso na membrana de um neurônio 
varia entre 10cm/s e 1m/s. A propagação 
rápida dos impulsos nervosos é garantida 
pela presença da bainha de mielina que 
recobre as fibras nervosas. A bainha de 
mielina é constituída por camadas con-
cêntricas de membranas plasmáticas de 
células da glia, principalmente células de 
Schwann. Entre as células gliais que en-
volvem o axônio existem pequenos espa-
ços, os nódulos de Ranvier, onde a mem-
brana do neurônio fica exposta.
Nas fibras nervosas mielinizadas, o 
impulso nervoso, em vez de se propagar 
continuamente pela membrana do neurô-
nio, pula diretamente de um nódulo de 
Ranvier para o outro. Nesses neurônios 
mielinizados, a velocidade de propagação 
do impulso pode atingir velocidades da or-
dem de 200m/s (ou 720km/h ).
4.3 As sinapses - transmis-
são do impulso nervoso en-
tre células
Um impulso é transmitido de uma célu-
la a outra através das sinapses (do grego 
synapsis, ação de juntar). A sinapse é uma 
região de contato muito próximo entre a 
extremidade do axônio de um neurônio e 
a superfície de outras células. Estas cé-
lulas podem ser tanto outros neurônios 
como células sensoriais, musculares ou 
glandulares. As terminações de um axô-
nio podem estabelecer muitas sinapses 
simultâneas.
Na maioria das sinapses nervosas, as 
membranas das células que fazem sinap-
ses estão muito próximas, mas não se 
tocam. Há um pequeno espaço entre as 
membranas celulares (o espaço sináptico 
22 23
ou fenda sináptica).
Quando os impulsos nervosos atingem 
as extremidades do axônio da célula pré-
-sináptica, ocorre liberação, nos espaços 
sinápticos, de substâncias químicas de-
nominadas neurotransmissores ou me-
diadores químicos, que tem a capacidade 
de se combinar com receptores presentes 
na membrana das célula pós-sináptica, 
desencadeando o impulso nervoso. Esse 
tipo de sinapse, por envolver a participa-
ção de mediadores químicos, é chamado 
sinapse química.
Os cientistas já identificaram mais de 
dez substâncias que atuam como neu-
rotransmissores, como a acetilcolina, a 
adrenalina (ou epinefrina), a noradrenali-
na (ou norepinefrina), a dopamina e a se-
rotonina.
Sinapses Neuromusculares – a ligação 
entre as terminações axônicas e as célu-
las musculares é chamada sinapse neuro-
muscular e nela ocorre liberação da subs-
tância neurotransmissora acetilcolina que 
estimula a contração muscular.
Sinapses Elétricas – em alguns tipos de 
neurônios, o potencial de ação se propa-
ga diretamente do neurônio pré-sináptico 
para o pós-sináptico, sem intermediação 
de neurotransmissores. As sinapses elé-
tricas ocorrem no sistema nervoso cen-
tral, atuando na sincronização de certos 
movimentos rápidos.
24 25
UNIDADE 5 - Especialização e função dos 
hemisférios
24
Apesar do nosso cérebro ser divido 
em dois hemisférios, não existe relação 
de dominância entre eles, pelo contrário, 
eles trabalham em conjunto, utilizando-
-se dos milhões de fibras nervosas que 
constituem as comissuras cerebrais e se 
encarregam de pô-los em constante in-
teração. O conceito de especialização 
hemisférica se confunde com o de late-
ralidade (algumas funções são represen-
tadas em apenas um dos lados, outras no 
dois) e de assimetria (um hemisfério não é 
igual ao outro).
Segundo Lent (2002), o hemisfério es-
querdo controla a fala em mais de 95% 
dos seres humanos, mais isso não quer di-
zer que o direito não trabalhe, ao contrá-
rio, é a prosódia do hemisfério direito que 
confere à fala nuances afetivas essenciais 
para a comunicação interpessoal. O he-
misfério esquerdo é também responsável 
pela realização mental de cálculos mate-
máticos, pelo comando da escrita e pela 
compreensão dela através da leitura. Já o 
hemisfério direito é melhor na percepção 
de sons musicais e no reconhecimento de 
faces, especialmente quando se trata de 
aspectos gerais. O hemisfério esquerdo 
participa também do reconhecimento de 
faces, mas sua especialidade é descobrir 
precisamente quem é o dono de cada face.
Da mesma forma, o hemisfério direito é 
especialmente capaz de identificar cate-
gorias gerais de objetos e seres vivos, mas 
é o esquerdo que detecta as categorias 
específicas. O hemisfério direito é melhor 
na detecção de relações espaciais, parti-
cularmente as relações métricas, quanti-
ficáveis, aquelas que são úteis para o nos-
so deslocamento no mundo. O hemisfério 
esquerdo não deixa de participar dessa 
função, mas é melhor no reconhecimento 
de relações espaciais categoriais qualita-
tivas. Finalmente, o hemisfério esquerdo 
produz movimentos mais precisos da mão 
e da perna direitas do que o hemisfério di-
reito é capaz de fazer com a mão e a perna 
esquerda (na maioria das pessoas).
O conceito de dominância hemisférica 
surgiu para explicar a relação entre a ati-
vidade dos dois hemisférios, no sentido 
de que determinadas funções linguísticas 
exercidas predominantemente pelo he-
misfério esquerdo exerceriam uma domi-
nância sobre as funções do hemisfério di-
reito. Entretanto, estudos mais recentes 
mostraram que os dois hemisférios não 
interagem através do domínio de um so-
bre o outro, mas sim através da especiali-
zação de certas funções, ou seja, um dos 
hemisférios é encarregado por um grupo 
de funções, enquanto o segundo encar-
rega-se de outras. O que é importante 
ressaltar é que ambos trabalham em con-
junto. Esse novo conceito é chamado de 
especialização hemisférica. 
Pesquisas têm mostrado que o concei-
to de especialização hemisférica é fun-
damental no entendimento do processa-
mento de informações. Essas evidências 
indicam que raramente a especialização 
hemisférica significa exclusividade fun-
cional. Por exemplo: o hemisfério esquer-
do controla a fala em mais de 95% dos 
seres humanos, mais isso não quer dizer 
que o direito não participe também dessa 
função.
24 2525
Resumindo, estudos revelaram que o 
hemisfério direito percebe e comanda 
funções globais, categoriais, enquanto o 
esquerdo se encarrega das funções mais 
específicas relacionadas com a linguagem.
Fonte: Lent (2004, p. 645)
Sendo mais específico em termo da 
localização dos hemisférios no cérebro, 
evidências têm indicado que o aspec-
to ventral do córtex posterior parietal 
(VCPP) está associado ao processamento 
de informações auditórias, especialmen-
te no que se refere ao processamento da 
linguagem. Entretanto, o processamento 
de informações visuo-espaciais parece 
ser mais limitado à porção dorsal do cór-
tex posterior parietal (DCPP). Em suma, 
o direito do DCPP é mais ativado durante 
atividades não verbais e espaciais e o es-
querdo do VCPP é mais ativado durante 
atividades verbais, ou seja, a alça fonoló-
gica é associada ao funcionamento do he-
misfério esquerdo e o esboço visuo-espa-
cial do hemisfério direito.
CARACTERÍSTICAS DE CADA HEMISFÉRIO
 HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Verbal: usa palavras para nomear, des-
crever e definir;
Analítico: decifra as coisas de maneira 
sequencial e por partes;
Utiliza um símbolo que está no lugar de 
outra coisa. Por exemplo o sinal + repre-
senta a soma;
Abstrato: extrai uma porção pequena de 
informação e a utiliza para representara 
totalidade do assunto;
Temporal: se mantém uma noção de tem-
po, uma sequência dos fatos. Fazer uma 
coisa e logo outra, etc.;
Não verbal: percepção das coisas com uma 
relação mínima com palavras;
Sintético: unir coisas para formar totalida-
des;
Relaciona as coisas tais como estão nesse 
momento;
Analógico: encontra um símil entre dife-
rentes ordens; compreensão das relações 
metefóficas;
Atemporal: sem sentido de tempo;
26 27
Racional: extrai conclusões baseadas na 
razão e nos dados;
Digital: utiliza números;
Lógico: extrai conclusões baseadas na or-
dem lógica. Por exemplo: um teorema ma-
temático ou uma argumentação;
Linear: pensar em termos vinculados a 
ideias, um pensamento que segue o outro 
e que em geral convergem em uma conclu-
são.
Não racional: não requer uma base de in-
formações e fatos reais; aceita a suspen-
são do juízo;
Espacial: ver as coisas relacionadas a ou-
tras e como as partes se unem para formar 
um todo;
Intuitivo: realiza saltos de reconhecimen-
to, em geral sob padrões incompletos, in-
tuições, sentimentos e imagens visuais;
Holístico: perceber ao mesmo tempo, con-
cebendo padrões gerais e as estruturas 
que muitas vezes levam a conclusões di-
vergentes.
HABILIDADES ASSOCIADAS À ESPECIALIZAÇÃO DE CADA HEMISFÉRIO
 HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Escrita à mão
Símbolos
Linguagem
Leitura
Fonética
Localização de fatos e detalhes
Conversação e recitação
Seguimento de instruções
Escuta
--
Relações espaciais
Figuras e padrões
Computação matemática
Sensibilidade a cores
Canto e música
Expressão artística
Criatividade
Visualização
26 27
Associação auditiva Sentimentos e emoções
MANEIRAS DE CONSCIÊNCIA DE CADA HEMISFÉRIO
 HEMISFÉRIO ESQUERDO HEMISFÉRIO DIREITO
Lógico
Sequencial
Linear
Simbólico
Baseado na realidade
Verbal
Temporal
Abstrato
Intuitivo
Azaroso
WHolístico
Concreto
Orientado à fantasia
Não verbal
Atemporal
Analógico
Uma vez que as últimas pesquisas têm 
demonstrado que a aprendizagem é me-
lhor, mais agradável e duradoura quan-
do estão envolvidos os dois hemisférios, 
para o professor e/ou especialista que irá 
trabalhar com a Neuropsicopedagogia fi-
cam algumas sugestões.
Ao pensar em Artes não pense e plane-
je somente uma aula de Artes, pense nas 
invasões inglesas, na geografia do Uru-
guai, em tabelas de multiplicar, no corpo 
humano, nos tempos verbais, enfim, utili-
ze da interdisciplinaridade e enriqueça as 
aulas.
É preciso levar os alunos a desenvol-
verem todo seu potencial e isto passa 
necessariamente por trabalhar intuição, 
razão, emoção, imaginação, percepção, 
enfim, desenvolver as capacidades analí-
ticas e verbais.
28 29
UNIDADE 6 - A plasticidade cerebral/
neural e a memória
28
6.1 Plasticidade neural
A plasticidade neural refere-se à ca-
pacidade que o SNC possui em modificar 
algumas das suas propriedades morfoló-
gicas e funcionais em resposta às altera-
ções do ambiente. Na presença de lesões, 
o SNC utiliza-se desta capacidade na ten-
tativa de recuperar funções perdidas e/
ou, principalmente, fortalecer funções si-
milares relacionadas às originais (OLIVEI-
RA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000).
A plasticidade do SNC ocorre, classica-
mente, em três estágios: desenvolvimen-
to, aprendizagem e após processos lesio-
nais.
6.1.1 Desenvolvimento
Na embriogênese, tem-se a diferencia-
ção celular, em que células indiferencia-
das, por expressão genética, passam a ser 
neurônios. Após a proliferação, migram 
para os locais adequados e fazem cone-
xões entre si (ANNUNCIATO; SILVA, 1995).
Os neurônios dispõem de uma capa-
cidade intrínseca sobre sua posição em 
relação a outros neurônios, e seus axô-
nios alcançam seus destinos graças aos 
marcadores de natureza molecular e à 
quimiotaxia. A secreção de substâncias 
neurotróficas, neste caso, os fatores de 
crescimento ajudam o axônio na busca de 
seu alvo (LINDEN, 1993). A maturação do 
SNC inicia-se no período embrionário e só 
termina na vida extra-uterina.
Portanto, sofre influências dos fatores 
genéticos, do microambiente fetal e, tam-
bém, do ambiente externo, sendo este 
último de grande relevância para seu ade-
quado desenvolvimento.
6.1.2 Aprendizagem
Este processo pode ocorrer a qualquer 
momento da vida de um indivíduo, seja 
criança, adulto ou idoso, propiciando o 
aprendizado de algo novo e modificando o 
comportamento de acordo com o que foi 
aprendido. A aprendizagem requer a aqui-
sição de conhecimentos, a capacidade de 
guardar e integrar esta aquisição (MAN-
SUR; RADONOVIC, 1998) para posterior-
mente ser recrutada quando necessário.
A reabilitação física, entre outros fato-
res, tem por objetivo favorecer o apren-
dizado ou reaprendizado motor, que é 
um processo neurobiológico pelo qual os 
organismos modificam temporária ou de-
finitivamente suas respostas motoras, 
melhorando seu desempenho, como re-
sultado da prática (PIEMONTE; SÁ, 1998).
Durante o processo de aprendizagem, 
há modificações nas estruturas e funcio-
namento das células neurais e de suas co-
nexões, ou seja, o aprendizado promove 
modificações plásticas, como crescimen-
to de novas terminações e botões sinápti-
cos, crescimento de espículas dendríticas, 
aumento das áreas sinápticas funcionais 
(KLEIM; BALLARD; GRRENOUGH; 1997 
apud OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 
2000), estreitamento da fenda sináptica, 
mudanças de conformação de proteínas 
receptoras, incremento de neurotrans-
missores.
A prática ou a experiência promovem, 
também, modificações na representação 
28 2929
do mapa cortical (ARNSTEIN, 1997 apud 
OLIVEIRA, SALINA; ANNUNCIATO, 2000).
Pascual-Leone et al. (1995 apud OLI-
VEIRA; SALINA; ANNUNCIATO, 2000) de-
monstraram que a aquisição de uma nova 
habilidade motora, neste caso, tocar pia-
no, reorganizava o mapa cortical, aumen-
tando a área relacionada aos músculos 
flexores e extensores dos dedos. Em um 
estudo com leitores de Braille, verifica-
ram que o dedo indicador utilizado para a 
leitura tem maior representação cortical 
que o dedo contralateral.
Jueptner et al (1997) e Grafton et al 
(1998 apud OLIVEIRA; SALINA; ANNUN-
CIATO, 2000), por sua vez, encarregaram-
-se de mapear as áreas do SNC que são 
ativadas durante o processo de aprendi-
zagem motora, em que eram realizados 
movimentos com as mãos, e verificaram 
que várias regiões agem em conjunto, 
como o córtex motor primário, o córtex 
pré-motor, a área motora suplementar, 
a área somatossensorial, os núcleos da 
base, entre outras.
6.1.3 Após lesão neural
A lesão promove no SNC vários eventos 
que ocorrem, simultaneamente, no local 
da lesão e distante dele. Em um primeiro 
momento, as células traumatizadas libe-
ram seus aminoácidos e seus neurotrans-
missores, os quais, em alta concentração, 
tornam os neurônios mais excitados e 
mais vulneráveis à lesão. Neurônios muito 
excitados podem liberar o neurotransmis-
sor glutamato, o qual alterará o equilíbrio 
do íon cálcio e induzirá seu influxo para 
o interior das células nervosas, ativando 
várias enzimas que são tóxicas e levam os 
neurônios à morte. Esse processo é cha-
mado de excitotoxicidade (SILVA, 1995). 
Ocorre, também, a ruptura de vasos san-
guíneos e/ou isquemia cerebral, diminuin-
do os níveis de oxigênio e glicose, que são 
essenciais para a sobrevivência de todas 
as células (OLIVEIRA; SALINA; ANNUNCIA-
TO, 2000)
A falta de glicose gera insuficiência da 
célula nervosa em manter seu gradiente 
transmembrânico, permitindo a entrada 
de mais cálcio para dentro da célula, ocor-
rendo um efeito cascata (RAFFINI, 1999).
De acordo com o grau do dano cerebral, 
o estímulo nocivo podelevar as células 
nervosas à necrose, havendo ruptura da 
membrana celular, fazendo com que as 
células liberem seu material intracitoplas-
mático e, então, lesem o tecido vizinho; 
ou pode ativar um processo genético de-
nominado apoptose, em que a célula ner-
vosa mantém sua membrana plasmática, 
portanto, não liberando seu material in-
tracelular, não havendo liberação de subs-
tâncias com atividade próinflamatória e, 
assim, não agredindo outras células (LIN-
DEN, 1996; VEGA; ROMANO SILVA, 1999).
A apoptose é desencadeada na presen-
ça de certos estímulos nocivos, principal-
mente pela toxicidade do glutamato, por 
estresse oxidativo e alteração na home-
ostase do cálcio.
A lesão promove, então, três situações 
distintas: (a) uma em que o corpo celular 
do neurônio foi atingido e ocorre a mor-
te do neurônio, sendo, neste caso, o pro-
cesso irreversível; (b) o corpo celular está 
íntegro e seu axônio está lesado; ou, (c) o 
neurônio se encontra em um estágio de 
excitação diminuído (SILVA, 1995).
Os mecanismos de reparação e reorga-
30 31
nização do SNC começam a surgir imedia-
tamente após a lesão e podem perdurar 
por meses e até anos (SILVA, 2000). São 
eles:
a) Recuperação da eficácia sinápti-
ca – Este processo consiste em fornecer 
ao tecido nervoso um ambiente mais fa-
vorável à recuperação. Assim, nesta fase, 
a recuperação é feita por drogas neuro-
protetoras (RAFFINI, 1999), que visam a 
uma melhor oferta do nível de oxigenação 
e glicose, à redução sanguínea local e do 
edema (VILLAR, 1997);
b) Potencialização sináptica – Este 
processo consiste em manter as sinap-
ses mais efetivas, por meio do desvio dos 
neurotransmissores para outros pontos 
de contatos que não foram lesados;
c) Supersensibilidade de denervação 
– Em caso de denervação, a célula pós-si-
náptica deixa de receber o controle quími-
co da célula présináptica (RIBEIRO-SOBRI-
NHO, 1995); para manter seu adequado 
funcionamento, então, a célula promove o 
surgimento de novos receptores de mem-
brana pós-sináptica;
d) Recrutamento de sinapses silen-
tes – No nosso organismo, em situações 
fisiológicas, existem algumas sinapses 
que, morfologicamente, estão presentes, 
mas que, funcionalmente, estão inativas. 
Essas sinapses são ativadas ou recruta-
das quando um estímulo importante às 
células nervosas é prejudicado. No caso 
de lesão das fibras principais de uma de-
terminada função, outras fibras que esta-
vam dormentes poderão ser ativadas;
e) Brotamentos – Este fenômeno 
consiste na formação de novos brotos de 
axônio, oriundos de neurônios lesados 
ou não-lesados. O brotamento pode ser 
regenerativo: ocorre em axônios lesados 
e constitui a formação de novos brotos 
provenientes do segmento proximal, pois 
o coto distal, geralmente, é rapidamente 
degenerado. O crescimento desses bro-
tos e a formação de uma nova sinapse 
constituem sinaptogênese regenerativa. 
O brotamento pode ser colateral: ocorre 
em axônios não lesionados, em resposta 
a um estímulo que não faz parte do pro-
cesso normal de desenvolvimento. Este 
brotamento promove uma sinaptogênese 
reativa (ANNUNCIATO, 1994; OLIVEIRA, 
SALINA; ANNUNCIATO, 2000).
6.2 Memória
A capacidade do ser humano de lembrar 
ou não de situações, fatos, acontecimen-
tos é mais um dos campos de estudo das 
neurociências. O termo memória tem sua 
origem etimológica no latim e significa a 
faculdade de reter e/ou readquirir ideias, 
imagens, expressões e conhecimento.
É o registro de experiências e fatos vi-
vidos e observados, podendo ser resga-
tados quando preciso. Isso faz com que a 
memória seja a base para aprendizagem, 
pois, com as experiências que possuímos 
armazenadas na memória, temos a opor-
tunidade e a habilidade de mudar o nosso 
comportamento, ou seja, a aprendizagem 
é a aquisição de novos conhecimentos, e a 
memória é a fixação ou a retenção desses 
conhecimentos adquiridos.
Para se construir a memória, passa-
mos por um processo de assimilação. E é 
por meio desse processo que enviamos as 
informações para a memória de curta ou 
de longa duração. Neste momento, o hi-
pocampo é ativado. O hipocampo ajuda a 
30 31
selecionar onde os aspectos importantes 
para fatos, eventos serão armazenados e 
está envolvido também com o reconhe-
cimento de novidades e com as relações 
espaciais, tais como: o reconhecimento 
de uma rota rodoviária. É ele que filtra os 
dados, usa e joga fora informações de cur-
to prazo e se encarrega de enviar outras 
para diferentes partes do córtex cere-
bral. Essas informações se envolvem em 
uma verdadeira “sopa química” que passa 
a provocar “intercâmbio” entre os neurô-
nios. Nesta fase, o hipocampo, descansa 
e quem passa a trabalhar é o lobo frontal.
O lobo frontal funciona como um “coor-
denador geral” de todas as memórias e é 
responsável pela guarda das informações, 
bem como de classificá-las de acordo com 
seus diferentes tipos. Nessa área cere-
bral, as diferentes memórias se comple-
tam dando origem ao raciocínio.
É o lobo frontal que acessamos quando 
“vasculhamos” nossa memória à procu-
ra de informações guardadas no córtex. 
Essa parte do cérebro é extremamente 
complexa e, por isso, bastante sensível. A 
idade, a depressão, o estresse e, também, 
a sobrecarga de informações afetam a 
nossa memória. O volume de informações 
sobrecarrega o lobo frontal, que, em mui-
tos momentos, nos “desligam” ou geram 
aqueles “brancos” que tantas vezes nos 
desesperam.
A memória não está localizada em uma 
estrutura isolada no cérebro: ela é um 
fenômeno biológico e psicológico, envol-
vendo uma aliança de sistemas cerebrais 
que funcionam juntos.
O processo de memorização é comple-
xo, envolvendo sofisticadas reações quí-
micas e circuitos interligados de neurô-
nios. As células nervosas ou os neurônios, 
quando são ativadas, liberam hormônios 
ou neurotransmissores que atingem ou-
tras células nervosas por meio de ligações 
denominadas sinapses.
Podemos entender perfeitamente que 
quanto mais conexões, mais memória!
Os fatos antigos naturalmente têm 
mais tempo de se fixar em nosso banco 
de dados e é daí sua melhor fixação, o que 
não ocorre com fatos recentes, que têm 
pouco tempo para se fixarem e ainda po-
dem ter sua capacidade de fixação alte-
rada por razões relacionadas a variações 
de estado emocional ou a problemas de 
ordem física.
Cada célula cerebral (ou neurônio) con-
tribui para o comportamento e para a ati-
vidade mental, conduzindo ou deixando 
de conduzir impulsos. Todos os processos 
da memória são explicados em termos 
destas descargas.
As alterações decorrentes da aprendi-
zagem e da memória são chamadas plas-
ticidade, como vimos no início desta uni-
dade.
Quando a célula é ativada, desenca-
deia-se a liberação de substâncias quími-
cas nas sinapses, chamadas neurotrans-
missores, tornando-as mais efetivas, com 
melhor capacidade de armazenagem da 
informação no interior da célula. Assim, 
neurônios “exercitados” possuem um nú-
mero maior de ramificações (dendritos) 
se comunicando com dendritos de outros 
neurônios, quando estimulados.
Para que as memórias sejam criadas, é 
preciso que as células nervosas formem 
32 33
novas interconexões e novas moléculas 
de proteínas, carregando as informações 
“impressas” no interior da célula.
6.2.1 Memória de Longo Prazo ou de 
Longa Duração
A memória de longo prazo armazena as 
informações por um longo período, mas a 
capacidade de armazenamento é limita-
da. Pode ser dividida em Declarativa e Não 
declarativa. A primeira é a memória para 
fatos e eventos, reúne tudo que podemos 
evocar por meio de palavras. A segunda é 
aquela para procedimentos e habilidades.
 Pode ser de Procedimentos quan-
do se referir às habilidades e aos hábitos, 
como, por exemplo, dirigir e nadar.
 Pode ser de Dicasquando for evo-
cada, resgatada por meio de dicas, como 
acontece quando ouvimos sons ou senti-
mos algum odor que nos lembram de uma 
situação há tempos vivida.
 Será Associativa quando nos fizer 
associar um determinado comportamen-
to a um fato. Um bom exemplo é quando 
salivamos ao ver um prato apetitoso e 
lembrarmos o quanto é saborosa aquela 
comida e, naturalmente, nosso organismo 
responde a essa lembrança.
E, finalmente, a memória poderá ser 
Não Associativa quando for resgatada por 
meio de estímulos repetitivos. Ocorre, por 
exemplo, quando ouvimos o latido de um 
cão pequeno. Esse tipo de latido não nos 
causará medo porque saberemos relacio-
ná-lo com o de um animal que não ofereça 
perigo.
6.2.2 Memória de Curto Prazo ou de 
Curta Duração
A memória de curto prazo não forma 
“arquivos”. Nela, guardamos informações 
que serão utilizadas dentro de pouco tem-
po. Logo após sua utilização, esquecemos 
os dados nela armazenados.
Exemplo: Local onde estacionou o car-
ro; o conteúdo decorado para uma prova. 
envolver eventos datados, isto é, relacio-
nados ao tempo. E, será, Semântica quan-
do envolver o significado das palavras ou 
quando envolver conceitos atemporais 
(NETTO, 2006).
6.2.3 Perda de Memória
A perda de memória pode estar asso-
ciada a determinadas doenças neurológi-
cas, a distúrbios psicológicos, a problemas 
metabólicos e, também, a certas intoxica-
ções. A forma mais frequente de perda de 
memória é conhecida popularmente como 
“esclerose” ou demência.
A demência mais comum é a doença de 
Alzheimer que se caracteriza por perda 
acentuada de memória acompanhada de 
graves manifestações psicológicas, como, 
por exemplo, a alienação.
Estados psicológicos alterados como o 
estresse, a ansiedade e a depressão po-
dem também alterar a memória.
A falta de vitamina B1 (tiamina) e o al-
coolismo levam à perda de memória para 
fatos recentes e, com frequência, estão 
associados a problemas de marcha e con-
fusão mental.
Doenças da tireoide, geralmente, 
acompanham-se de comprometimento de 
memória.
32 33
O uso de medicação tranquilizante 
(“calmantes”) por tempo prolongado pro-
voca a diminuição da memória e favorece 
também a depressão, o que leva a uma 
situação que pode se confundir com a de-
mência.
A vida sedentária, com excesso de pre-
ocupações e insatisfações, bem como a 
dieta deficiente, favorecem a perda de 
memória.
Contrariamente ao esquecimento co-
mum ocorrido normalmente no dia-a-dia 
de nossas vidas, existem algumas doen-
ças e injúrias no cérebro que causam sé-
ria perda de memória e, também, interfe-
rem com a capacidade de aprender. A esta 
instabilidade, dá-se o nome de Amnésia 
(NETTO, 2006).
Fatores que podem causar perda 
total ou parcial da memória:
 Concussão;
 Alcoolismo crônico;
 Drogas e medicamentos;
 Tumor cerebral;
 Encefalite.
Entretanto, a contínua atividade inte-
lectual, como leitura, exercícios de me-
mória, palavras cruzadas e jogo de xadrez, 
auxilia a manutenção da memória.
O estilo de vida ativa com atividade fí-
sica realizada regularmente e uma dieta 
saudável são pontos importantes para a 
manutenção da memória.
A diminuição da memória que ocorre 
na terceira idade, na maioria das vezes, 
é absolutamente benigna, mas, frequen-
temente, por falta de melhor informação, 
angustia o idoso que tem dificuldade de 
aceitá-la como um fato normal.
Semelhante ao que ocorre com exercí-
cios musculares realizados para se man-
ter a boa forma física, a atividade cerebral 
também deve ser realizada com frequên-
cia, sempre procurando estimular nossos 
principais sentidos: olfato, paladar, tato, 
visão e audição, bem como nossa memó-
ria e inteligência(NETTO, 2006).
O declínio de nossas funções mentais 
que ocorre com a idade se deve, em gran-
de parte, à falta de atividade mental que, 
com frequência, segue paralelamente ao 
envelhecimento. É sabido claramente que 
o declínio mental que ocorre com a idade 
pode ser evitado.
Estimular as nossas percepções, nossa 
memória (recente e antiga), noções es-
paciais, habilidades lógicas e verbais, etc. 
por meio de exercícios cerebrais auxiliam 
a manter a memória ativa que pode e deve 
ser feita diariamente, durante as ativida-
des normais, como o caminhar, durante as 
refeições ou mesmo durante os fazeres 
do cotidiano (NETTO, 2006).
6.2.4 Déficit de memória
A memória de trabalho (MT) refere-se à 
habilidade temporária de manter e mani-
pular informações que o indivíduo precisa 
para mantê-la gravada. A MT é um sistema 
da memória explícita e declarativa, pelo 
fato da mesma requerer participação ati-
va e consciente. 
A MT possui três componentes bási-
cos que processa informações:
1) fonológicas (alça fonológica);
2) visuo-espaciais (esboço visuo-espa-
34 35
cial); e,
3) um sistema que controla a atenção 
e é responsável pela coordenação de di-
ferentes funções cognitivas (executivo 
central).
A alça fonológica é responsável pelo 
processamento do material linguístico e, 
portanto, concorre para o aprendizado de 
novas palavras. Consiste de dois subcom-
ponentes: o armazenador fonológico, que 
retém a informação linguística, e a alça ar-
ticulatória, que é responsável pela rever-
beração subvocal – renovação da repre-
sentação fonológica que vai se perdendo 
no armazenador fonológico (LOBO; ACRA-
NI; ÁVILA, 2008).
O componente de estocagem está pre-
sente mesmo em crianças muito jovens, 
ao passo que o outro processo emerge a 
partir dos sete anos. Na alça fonológica, 
a informação auditiva (input auditivo) é 
armazenada no sistema de estocagem 
fonológica de curto prazo seguindo duas 
prováveis rotas: ao buffer de output fo-
nológico (programação da fala) ou ao pro-
cesso de reverberação (a partir do qual a 
informação retorna ao sistema de arma-
zenamento).
A memória de trabalho fonológica pode 
ser avaliada por meio da repetição de 
pseudopalavras, mais ou menos exten-
sas, e com maior ou menor similaridade 
com palavras do idioma em questão (SAN-
TOS; BUENO, 2003). A memória de traba-
lho, por meio da alça fonológica, interage 
com o conhecimento de longo prazo. Des-
ta forma, acredita-se que características 
individuais possam influenciar o processo 
de aprendizado de novas informações e 
novas palavras. Outras variáveis como o 
tipo do estímulo linguístico, sua extensão 
ou proximidade com palavras reais, co-
nhecimento prévio dessas palavras mais 
ou menos próximas, bem como a forma de 
apresentação do estímulo, também po-
dem influenciar esse desempenho (PUR-
VES et al, 2005; KESSLER, 1997).
Enfim, habilidades de memória de tra-
balho assumem papel importante no de-
senvolvimento da fala e linguagem, fato 
comprovado em diversos estudos envol-
vendo tarefas de memória fonológica de 
trabalho.
O déficit na MT pode ser associado a 
um dos componentes acima citados. Pro-
blemas na alça fonológica ou no esboço 
visuo-espacial pode gerar problemas de 
aprendizados geralmente observados 
durante o desenvolvimento da criança. 
Esses déficits de aprendizado, sem a pre-
sença de retardo mental, podem variar 
entre: déficits na leitura, na escrita e na 
área de cálculos.
Quando o componente executivo cen-
tral é afetado, desorganizações cogniti-
vas mais sérias ocorrem. Geralmente, são 
observadas em casos de retardo mental 
e esquizofrenia, problemas de déficit de 
atenção, habilidade de raciocinar e capaci-
dade de manter e manipular informações 
de atividades abstratas (NETTO, 2006).
Um déficit da memória de trabalho (MT) 
pode ser apresentado de várias maneiras, 
entre elas as mais comuns são: a inabili-
dade de concentrar-se e prestar atenção. 
O déficit também pode ser apresentado 
através da dificuldade de realizar uma 
nova atividade que tenha per si vários 
passos de instruções para que seja

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