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AULA DE INQUÉRITO JUDICIAL DE APURAÇÃO DE FALTA GRAVE Monitor: Rafael Mota Prof: Ana Marques Disciplina: Prática Simulada II COMO IDENTIFICAR, SE O CASO CONCRETO CABE O INQUÉRITO? 1 . O seu cliente tem que ser o empregador; 2. O funcionário deve possuir uma estabilidade provisória no emprego; 3. O funcionário deve cometer uma falta grave; 4. A lei tem que exigir expressamente que a demissão por justa causa, seja homologado em juízo, isto é, a instauração do inquérito de apuração de falta grave. ESTABILIDADE DO OBREIRO 1. CONCEITO - Garantia no emprego inclui todos os atos e normas criados pelos instrumentos jurídicos vigentes que impeçam ou dificultem a dispensa imotivada ou arbitrária do obreiro. A estabilidade é espécie do gênero garantia de emprego, que se materializa quando o empregador está impedido, temporária ou definitivamente, de dispensar sem justo motivo o empregado. 2. SISTEMAS DE ESTABILIDADE - A CF/88 prevê a indenização compensatória para os casos de dispensa arbitrária ou sem justa causa (art. 7º, i) e no art. 10, i do ADCT, institui a indenização compensatória em caso de dispensa imotivada do empregado, no percentual de 40% dos depósitos fundiários. O seguro desemprego e os recolhimentos mensais do FGTS (Art. 6, § 1 da Lei do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço de 1966 - Lei 5107/66). A CF também inseriu dispositivos que estabelecem a estabilidade provisória de alguns empregado (dirigente sindical, empregado eleito membro de CIPA e a empregada gestante). 3. HIPÓTESES DE CABIMENTO O inquérito judicial é uma ação cujo fim é rescindir um contrato de trabalho, por isso, alguns doutrinadores a denominam de “ação constitutiva (negativa) necessária para apuração de falta grave que autoriza a resolução do contrato de trabalho do empregado estável por iniciativa do empregador”. Não são todas as hipóteses de estabilidade provisória do empregado no emprego que exigem do empregador a propositura do inquérito judicial para apuração de falta grave a fim de rescindir um contrato de trabalho por justa causa. Há grande divergência quanto a tais hipóteses, entretanto, a maioria entende cabível as seguintes: 2.1. DIRIGENTE SINDICAL. O trabalhador dirigente sindical, possuidor de garantia de emprego, somente pode ser dispensado se cometer falta grave devidamente apurada (art. 8º, VIII da CR/88 c/c art. 543, §3º da CLT). Para a apuração da falta grave, portanto, o empregador deverá instaurar uma ação judicial denominada “inquérito para apuração de falta grave” (arts. 494, 495, 496, 853, 854 e 855 da CLT). art. 8º - VIII, CF - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Art. 543, § 3º CLT - fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta consolidação. SÚMULA Nº 369 DO TST I - é indispensável a comunicação, pela entidade sindical, ao empregador, na forma do § 5º do art. 543 da CLT. II - o art. 522 da CLT foi recepcionado pela constituição federal de 1988. fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - o empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - o registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da consolidação das leis do trabalho. SÚMULA Nº 379 DO TST -O dirigente sindical somente poderá ser dispensado por falta grave mediante a apuração em inquérito judicial, inteligência dos Arts. 494 e 543, §3º, da CLT. Art. 853, CLT - Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Junta ou Juízo de Direito, dentro de 30 (trinta) dias, contados da data da suspensão do empregado. Art. 494, CLT - O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se verifique a procedência da acusação. Parágrafo único - A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final do processo. OUTRAS PECULIALIDADES SOBRE OS MEMBROS SINDICAIS OJ 365, SDI-I,TST. membro de conselho fiscal de sindicato não tem direito à estabilidade prevista nos Arts. 543, § 3º, da CLT e 8º, VIII, da CF/1988, porquanto não representa ou atua na defesa de direitos da categoria respectiva, tendo sua competência limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2º, da CLT). OUTRAS PECULIALIDADES SOBRE OS MEMBROS SINDICAIS OJ 369, SDI-I,TST - O delegado sindical não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 8º, VIII, da CF/1988, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção nos sindicatos, submetidos a processo eletivo. Obs: Art. 543, CLT - o empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional, inclusive junto a órgão de deliberação coletiva, não poderá ser impedido do exercício de suas funções, nem transferido para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho das suas atribuições sindicais. 4. OUTROS TIPOS DE ESBILIDADES QUE NECESSITAM DE INQUÉRITO 4.1. Eleitos Membros Do Conselho Nacional Da Previdência Social - CNPS Art. 3º § 7º da lei 8.213/91 – Fica instituído o Conselho Nacional da Previdência Social – CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá como membros: (...) § 7º - Aos membros do CNPS, enquanto representantes dos trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo judicial. Portanto, representantes dos empregados (titulares e suplentes), terão direito à estabilidade, desde a nomeação até 01 ano após o mandato, salvo motivo de falta grave, comprovada por inquérito judicial de falta grave. 4.2. ESTABILIDADE DECENAL Art. 492, CLT. o empregado que contar mais de dez anos de serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas. Vale ressaltar, que além de ter uma estabilidade definitiva, o decenal só poderia ser dispensado por motivo de falta grave, devidamente apurado por inquérito judicial, conforme o art. 494. “Art. 494 - o empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva apóso inquérito em que se verifique a procedência da acusação. parágrafo único. a suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final do processo.” Obs: Quanto aos estáveis decenais, cumpre destacar que a CF/88 pôs fim à sua estabilidade. Entretanto, os empregados que já à época da Constituição tinham completado 10 anos de trabalho na empresa, e não haviam optado pelo FGTS, só podem ser dispensados através da instauração de inquérito. 4.3 - Eleitos diretores de sociedade cooperativas Aplica-se a mesma regra do dirigente sindical, menos no que se trata ao suplemente que não tem direito a estabilidade provisória. Art. 55 – Lei 5764/71. OJ 253 SDI1 TST – ESTABILIDADE PROVISÓRIA. COOPERATIVA. LEI Nª 5764/71. CONSELHO FISCAL. NÃO ASSEGURADA. O art. 55 da Lei 5764/71 assegura a garantia de emprego apenas aos empregados eleitos diretores de cooperativas, não abrangendo os membros suplementes. Portanto a estabilidade assegurada somente para os titulares, suplentes não terão as mesmas garantias. Os casos que necessitam de inquérito de apuração de falta grave são: 1. Dirigente sindical; 2. Empregados eleitos membros do CNPS; 3. Empregados eleitos diretores de cooperativas; 4. Empregados estável decenal. 4. OUTRAS PECULIARIDADES SOBRE O INQUÉRITO DE APURAÇÃO DE FALTA GRAVE. O empregador tem a faculdade de suspender o empregado estável que cometer falta grave (art. 494 da CLT), devendo ajuizar o inquérito no prazo decadencial de 30 dias (art. 853 da CLT). A propositura do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade deve ser apresentada por escrito à vara do trabalho (art. 853 da CLT). Caso fique comprovada a falta grave do empregado, a sentença autorizará a rescisão do contrato de trabalho. Caso o trabalhador tenha sido suspenso, o contrato de trabalho será considerado rescindido desde a data da suspensão do empregado. Nos termos do artigo 821 da CLT, no inquérito admite-se até 6 testemunhas para cada uma das partes. OUTRAS PECULIARIDADES SOBRE O INQUÉRITO DE APURAÇÃO DE FALTA GRAVE (Cont). Art. 821 da CLT. Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis). O inquérito é uma ação de caráter dúplice, de modo que uma vez reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a reintegrá-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da suspensão. Art. 495 da CLT. Reconhecida a inexistência de falta grave praticada pelo empregado, fica o empregador obrigado a readmiti-lo no serviço e a pagar-lhe os salários a que teria direito no período da suspensão. OBRIGADO! Rafael Mota hallyson1993@hotmail.com Tel: 98638-5681
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