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AULA 8 ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO

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ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO
AULA 8
DOENÇAS REUMATOLÓGICAS
Doenças cardiovasculares
A organização mundial de saúde inclui a hipertensão arterial sistêmica (HAS) como um tipo de doença cardiovascular (WHO, 2012).
As doenças cardiovasculares englobam um conjunto de doenças do aparelho circulatório que afetam o coração (doenças centrais) e os vasos sanguíneos (doenças periféricas). Elas podem ser divididas em (PHAC, 2012):
Doença isquêmica do coração
Acidente vascular encefálico
Doença vascular periférica
Insuficiência cardíaca
Doença cardíaca reumática
Doença cardíaca congênita
Mortes por doenças cardiovasculares
Clique na figura (WHO (2012)) e observe o número total de mortes no mundo por tipo de doença cardiovascular.
Perceba que há um aumento do número de mortes com o envelhecimento, principalmente por doença arterial coronariana (linha roxa) e acidente vascular encefálico (linha vinho).
Doenças cardiovasculares mais comuns – DAC
A partir de agora, vamos aprofundar nossos estudos nas doenças cardiovasculares mais prevalentes, começando pela doença arterial coronariana (DAC).
Essa doença é causada pela aterosclerose(Processo de deposição de placas gordurosas nas paredes das artérias coronarianas.), que causa um estreitamento da luz arterial, conforme ilustra a figura ao lado, onde uma placa de ateroma formada no interior de uma artéria coronariana.
A redução no fluxo sanguíneo para o miocárdio, causada pela placa de ateroma, resultará em uma condição de isquemia miocárdica(Desproporção entre o suprimento vascular coronariano e a demanda miocárdica de oxigênio.), que poderá ocasionar a angina (Síndrome de desconforto no peito ou áreas relacionadas, sem necrose do miocárdio.) .
A angina se manifesta de forma mais frequente como uma dor no peito (angina pectoris), porém esta síndrome pode se manifestar de diferentes formas, como mostra a figura a seguir:
Abaixo do esterno ou de todo o tórax
Combinação de dor abaixo do esterno com dormência na mandíbula
Abaixo do esterno no ombro e na região medial do braço. Mais frequente no braço esquerdo
Dor abdominal, confundida com má digestão
Abaixo do esterno, pescoço e região medial dos braços
Pescoço e mandíbula
Parte medial do braço direito da axila para o cotovelo; parte medial do braço esquerdo para a cintura
Entre as escápulas
A isquemia do miocárdio pode progredir para o infarto agudo do miocárdio. Este, por sua vez, pode ser definido como o desenvolvimento súbito ou agudo de uma necrose em uma região do miocárdio, devido a uma isquemia resultante de inadequado fluxo sanguíneo e/ou oxigenação.
A figura ao lado ilustra a obstrução de uma artéria coronariana e consequente necrose da área do miocárdio por ela irrigada (área mais clara).
Fatores de risco para o desenvolvimento da DAC
Conheça, a seguir, os fatores de risco para o desenvolvimento da doença arterial coronariana e os critérios para definição (ACSM (2009)):
1 Idade: Homens ≥ 45 anos e mulheres ≥ 55 anos
2 Histórico familiar: Sexo masculino: Infarto do miocárdio, revascularização do miocárdio ou morte súbita antes do 55 anos no pai ou outro parente de 1º grau. 
Sexo feminino: antes dos 65 anos na mãe ou outro parente de 1º grau.
3 Tabagismo: Indivíduos fumantes ou que pararam de fumar há menos de seis meses e fumantes passivos.
4 Estilo de vida sedentário: Não realização de atividade física moderada por pelo menos 30 minutos, três vezes por semana, nos últimos três meses.
5 Obesidade: Índice de massa corporal > 30kg/m² ou circunferência da cintura > 102cm para homens e >88 cm para mulheres.
6 Hipertensão arterial: Pressão arterial sistólica >140mmHg e/ou diastólica >90mmHg, medidas em duas ocasiões, ou uso de medicamento anti-hipertensivo.
7 Dispilidemias: Lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) ≥130mg/dL ou lipoproteína de alta densidade (HDL-C) <40mg/dL ou uso de medicamento para redução de lipídios. Se apenas o colesterol total estiver disponível, considerar ≥200mg/dL.
8 Pré-diabetes: Glicemia em jejum ≥ 100mg/dL, porém <126mg/dL ou intolerância à glicose.
Exercícios x fatores de risco
Se lembrarmos dos benefícios da atividade física na aula 2, poderemos associar a prática de exercícios físicos a efeitos positivos sobre os fatores de risco, como (ACSM (2009)):
Redução da pressão arterial sistólica e diastólica em repouso.
Aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL-c).
Diminuição da trigliceridemia.
Redução do percentual de gordura corporal e da gordura intra-abdominal.
Aumento da tolerância à glicose e redução das necessidades de insulina.
Redução da aderência e da agregação plaquetária.
Efeitos do exercício no paciente com DAC
Os principais efeitos fisiológicos do exercício no paciente com DAC são (AACVPR, 2004):
Aumento da capacidade funcional: O consumo máximo de oxigênio pode aumentar em média 20% em pacientes com DAC após três meses de treinamento, devido principalmente ao aumento da capacidade de extração de oxigênio pelos músculos (aumento de diferença arteriovenosa de oxigênio) e, em menor grau, do volume de ejeção cardíaco.
Diminuição dos sintomas de isquemia do miocárdio: O exercício físico provoca redução da frequência cardíaca submáxima para determinada carga de trabalho. Com isso, retarda o limiar para o aparecimento de sintomas da doença, como a angina.
ATENÇÃO
Antes de iniciarmos um programa de exercícios para indivíduos com DAC, é imprescindível a autorização do médico acompanhante. 
Os testes ergométricos realizados pelo paciente são de grande utilidade para o conhecimento de seu estado físico inicial, bem como as respostas cronotrópicas (frequência cardíaca) e inotrópicas (pressão arterial)  ao esforço, além do limiar de aparecimento de angina ou sinais de limitações impostos pela doença.
Hipertensão arterial sistêmica – HAS
Trata-se de  uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA).
Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos alvo (Coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos.) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (SBC/SBH/SBN, 2010).
Nos últimos 20 anos, estudos apontaram uma prevalência de HAS acima de 30%, alcançando mais de 50% entre 60 e 69 anos, e 75% acima de 70 anos.
Por isso as modificações no estilo de vida são fundamentais no tratamento do paciente com pressão arterial limítrofe ou normal-alta (PAS 130-139mmHg e PAD 85-89mmHg) e com hipertensão arterial leve (PAS 140-149mmHg e PAD 90-99mmHg), como mostra o quadro a seguir (SBC/SBH/SBN (2010)):
Mecanismos hipotensores pós-exercício
O exercício físico potencializa mecanismos hipotensores pós-exercício, como:
Redução da atividade nervosa simpática.
Aumento da excreção urinária de sódio.
Diminuição da atividade da renina plasmática.
Aumento da secreção de prostaglandina E.
Diminuição da insulina plasmática.
DICA
Numa comparação entre as magnitudes do efeito hipotensor pós-exercício aeróbio e pós-exercício com pesos, não foram verificadas diferenças entre os exercícios. Além disso, a resposta hipotensora independe da intensidade, sendo dependente da duração. Quanto maior a duração, maior a redução. 
Em exercícios aeróbios, a resposta hipotensora pós-exercício foi encontrada em durações entre 20 e 60 minutos. Já nos exercícios com pesos, as respostas foram encontradas em durações entre 15 e 60 minutos (MacDonald, 2002).
Precauções nos exercícios para idosos hipertensos
A prescrição de exercícios para idosos hipertensos segue as recomendações gerais de exercícios cardiovasculares e com pesos, discutidas nas aulas 3 e 4. 
Porém, algumas precauções devem ser tomadas:
1 Somente iniciar um programa de exercícios após autorização por escrito do médico acompanhante.
2 Não iniciar a sessão de treino se a pressão arterial estiver maior que 160x105mmHg (SBC/SBH/SBN, 2009). Já o ACSM (2009) preconiza os valores de 200 x 110mmHg.
3 O uso de betabloqueadores mascara a resposta dafrequência cardíaca ao esforço, devendo-se utilizar as escalas de esforço percebido para monitorar a intensidade.
4 Medicamentos anti-hipertensivos, como vasodilatadores, betabloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio, podem potencializar a hipotensão pós-exercício. Nestes indivíduos, deve-se prolongar e monitorar a fase de resfriamento ou volta-à-calma.
5 Evitar a manobra de Valsalva (exalação com força do ar contra os lábios fechados e nariz tapado).
Fases do programa de reabilitação cardíaca
Conheça agora um programa de reabilitação cardíaca, que compreende, comumente, três fases (AACVPR, 2004):
Fase I - Período de internação 
Tem como objetivos principais evitar ou reduzir os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito e reduzir o tempo de permanência no hospital. 
Os exercícios são feitos inicialmente no próprio leito, através de exercícios respiratórios e mobilização passiva das extremidades, progredindo para exercícios ativos de membros superiores e inferiores, e deambulações inicialmente no próprio quarto e, posteriormente, nos corredores da unidade hospitalar. 
A caminhada pode ser intensificada com a utilização de rampas e pequenos lances de escada. Esta fase dura em média de 7 a 10 dias.
Fase II - Primeiros três meses após a alta hospitalar 
Inicia-se aproximadamente na 3ª semana pós-evento de infarto agudo do miocárdio ou cirurgia de revascularização, e dura de 10 a 12 semanas. 
Indivíduos com angina pectoris estável, cardiomiopatia hipertrófica, prolapso de válvula mitral e DAC latente podem ser incluídos nessa fase. Ela deve ser realizada ainda sob supervisão médica, em ambientes seguros como hospitais e/ou clínicas médicas.
Fase III - Após três meses de alta 
A fase de manutenção é realizada em clubes, academias e outros locais adequados à prática de exercícios. Nesta fase, a prescrição de exercícios já é similar à de adultos saudáveis não condicionados fisicamente. 
Normalmente, o profissional de Educação Física atua de forma mais efetiva nas fases II e III.
Prescrição de exercícios - comparação
O quadro a seguir (adaptado de Pollock e Wilmore (1993)) apresenta uma comparação da prescrição de exercícios para pacientes cardíacos e adultos saudáveis.
Treinamento com pesos para cardiopatas
Os exercícios com pesos são essenciais na reabilitação de cardiopatas, já que o aumento da força permite um melhor desempenho nas atividades diárias. 
Além disso, exercícios com pesos em circuito promovem redução da FC submáxima, aumento do volume de ejeção e aumento do débito cardíaco (FARDY, et al, 2001).
A recomendação de treinamento com pesos para pacientes cardiopatas é (ACSM, 2009):
Equipamento
Elásticos, halteres, dumbells e máquinas.
Intensidade
12 a 15 repetições, realizadas de maneira confortável; aumentar a carga em 5% após o paciente conseguir realizar as repetições com facilidade; indivíduos de baixo risco podem realizar de 8 a 12 repetições, com carga entre 60 e 80% de 1RM; escala de esforço entre 11 e 13; realizar de 8 a 12 exercícios para os maiores grupos musculares, preferindo exercícios multiarticulares.
Frequência
De 2 a 3 vezes por semana, com intervalo de 48h.
Progressão
Aumentar lentamente a carga, com a adaptação ao programa. Recomenda-se um aumento na carga de 1 a 2 Kg por semana para membros superiores, e de 2 a 5 Kg para membros inferiores.
DICA
Devem ser iniciados após cinco semanas da data do IAM ou da cirurgia cardíaca, e apenas depois de ter realizado quatro semanas de um programa de exercícios aeróbios. Recomenda-se iniciar com exercícios de amplitude de movimento e baixa carga – de 0,5 a 1,5 Kg (ACSM, 2009).

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