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CONTAGEM PADRÃO EM PLACAS OU CONTAGEM TOTAL DE AERÓBIOS MESÓFILOS OU FACULTATIVOS VIÁVEIS EM AMOSTRA DE LEITE IN NATURA Ana Carolina de Jesus Oliveira¹, Camila Souza Assunção¹, Lorrane Sousa Melo¹, Roberta Magalhães Dias Cardozo² ¹Acadêmica do curso de Engenharia de Alimentos, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus – Salinas ² Professora de Microbiologia de Alimentos do curso de Engenharia de Alimentos, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais, Campus – Salinas 1- RESUMO O leite é um alimento com excepcional valor nutritivo, amplamente consumido pela população mundial, entretanto, é também um excelente meio de cultura para muitos micro-organismos. Para comprovar a qualidade higiênico-sanitária do leite utilizou-se o método de contagem padrão em placas ou contagem total de aeróbios mesófilos ou facultativos viáveis que é considerado o principal indicar de qualidade de alimentos. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica do leite in natura próprio do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, Campus- Salinas. Os resultados obtidos para aeróbios mesófilos foram de 2,41 x 10 5 UFC/g. Portanto, pode- se afirmar que resultados fora dos padrões estabelecidos podem ser atribuídos a possíveis falhas nos cuidados de higiene, obtenção, transporte e armazenamento do leite. É importante que seja realizado um monitoramento prologando bem como um trabalho de conscientização quanto às boas práticas de fabricação, aos que vierem a produzir e distribuir esse leite. PALAVRAS-CHAVE: Contagem Padrão em Placa; leite In natura; aeróbios mesófilos. 2- INTRODUÇÃO O leite é considerado o mais completo alimento possuindo elevado valor biológico na alimentação humana, particularmente nos primeiros estágios de vida, quando se constitui em alimento exclusivo. Os elementos nutricionais, sobretudo proteínas, carboidratos, vitaminas e minerais contidos no leite, transformam-se em um substrato para o crescimento de micro-organismos. Entretanto, é essas mesmas características que o tornam um meio de cultura, possibilitando a multiplicação de microrganismos patogênicos e/ou deteriorantes, cujos resíduos metabólicos produzem alterações físico-químicas no leite, o que limita sua durabilidade. Isto resulta em problemas sanitários e econômicos. (OLIVEIRA, 2009). Por esse motivo, o leite deve ser obtido com a máxima higiene e mantido em baixa temperatura, desde a ordenha até seu beneficiamento, visando garantir as características físicas, químicas e nutricionais do produto final. Segundo Oliveira (2009 apud GERMANO & GERMANO, 1995, p.12-16), na fazenda, a fase de ordenha constitui um dos pontos críticos de maior relevância para os animais e uma séria ameaça para a qualidade do leite. A higiene, a adequação dos equipamentos e os próprios funcionários podem levar a lesões internas da glândula mamária e propiciar sua invasão por microrganismos patogênicos. A concentração de micro-organismos mesofilos no leite indica a qualidade em que o alimento foi obtido ou processado, e sua presença em altas contagens é indicativa de procedimento higiênico inadequado. (TAMANINI et al., 2007). As análises microbiológicas, para se verificar quais e quantos microrganismos estão presentes, são fundamentais para se conhecer as condições de higiene em que o alimento foi preparado, os riscos que o alimento pode oferecer à saúde do consumidor e se o alimento terá ou não a vida útil pretendida. Sendo assim, a contagem Padrão em Placa ou contagem de aeróbios mesófilos em um produto alimentício mostra a qualidade da matéria-prima, bem como as condições de processamento, manuseio e estocagem, permitindo prever o tempo de prateleira do alimento em questão. Em termos laboratoriais, a realização desta técnica é bem simples, baseando no plaqueamento de alíquotas da amostra, homogeneizada e diluída, em meio de cultura padrão como “Pour Plate” Agar (PCA). 3- OBJETIVO O presente trabalho objetivou verificar a qualidade microbiológica do leite in natura e se esse encontra dentro dos padrões estabelecidos. 4- MATERIAIS E MÉTODOS Erlenmeyer Meio de cultura- Ágar PCA Placas de petri esterilizadas Tripé Tela de amianto Bico de Bunsen Pipeta graduada Pipetador Homogeneizador de amostras líquidas Tubo de ensaio Suporte para tubo de ensaio Solução salina peptonada 0,1% Tubo de falcon Agitador de tubos Alça de Drigalsky Contador de colônias Estufa. Leite in natura (Amostra) Inicialmente todos os materiais previamente preparados foram levados para a zona asséptica do bico de Bunsen para serem desembrulhados do papel kraft evitando assim uma possível recontaminação do material esterilizado. Em seguida o Erlenmeyer contendo 200 mL de ágar nutriente PCA, com o auxilio de um tripé e uma tela de amianto foi aquecido na chama do bico de Bunsen, ate todo o ágar nutriente se liquefazer. Posteriormente deve-se identificar 5 placas em duplicata com o valor das diluições: 10 0 , 10 -1 ,10 -2 , 10 -3 ,10 -4 . Em seguida identificou-se 4 tubos de ensaios contendo água peptonada (0,1%) com o valor das respectivas diluições a serem realizadas: 10 -1 ,10 -2 , 10 -3 ,10 -4 . Com o auxílio de uma pipeta estéril, adicionou-se 1mL da amostra 10 0 (Leite in natura) as placas 10 0 ,e verteu-se cautelosamente 20 mL do ágar nutriente PCA a placa de petri, e espalhou-se o inóculo por toda a placa homogeneizando-a através de movimento de 8. Adicionou-se também1mL da amostra ao primeiro tubo 10 -1 e homogeneizou-se no agitador de tubos. Procedeu-se as diluições sucessivas até o quarto tubo e adicionou o inóculo nas placas vertendo 20 mL do ágar PCA as placas. Este procedimento foi realizado em duplicata. Por conseguinte as placas foram incubadas em posição invertida a uma temperatura de 37 °C (que favorece o crescimento dos microrganismos) por um período de 24 a 48 hrs. Por fim, após o período de incubação fez-se a contagem de UFC (Unidade Formadoras de Colônias) utilizando o contador de colônias. 5- RESULTADOS E DISCUSSÕES 6- Tabela 1: Contagem do número de colônias após 48 horas de incubação Amostra X Fator de Diluição/UFC .mL -1 10 0 10 -1 10 -2 10 -3 10 -4 Grupo 3 Incontável Incontável Incontável 298/184 79/37 Os cálculos para verificar o resultado final das contagens, considerando as diluições, foram realizados através da equação 1. As placas 10 -3 e 10 -4 foram as únicas que apresentaram valores entre 30-300 dentro das normas estabelecidas. Os cálculos foram: 10 -3 10 -4 241x1000 = 241000 58x10000 = 580000 (Fez-se a média e as devidas correções para menor diluição) = 241000 UFC/mL ou g Tabela 2: Resultado das contagens por grupo (R/ UFC.mL -1 ) Leite In natura Grupo 1 Leite In natura Grupo 3 Leite UHT Grupo 2 Leite UHTGrupo 4 Leite Pasteurizado Grupo 5 Leite Pasteurizado Grupo 6 R= 5,2 x10 5 R= 2,41 x 10 5 R= R= < 3 R= 1,5 x 10 -3 R= Foi observada elevada contagem microbiana em amostra de leite in natura. As contagens apresentaram resultado de 2,41 x 10 5 UFC/mL ou g. No leite in natura houve um grande crescimento microbiano, o que já é esperado, pois o leite in natura tende a apresentar a mesma carga microbiana presente no úbere da vaca (Jay, 2005). Embora a comercialização do leite in natura seja legalmente proibida no país, à falta de fiscalização pelos órgãos competentes não tem impedido o mercado informal do alimento. O que se observa é a comercialização de um produto de má qualidade, que não oferece segurança aos consumidores. Sabe-se que os micro-organismos envolvidos nesse estudo são mesófilos e tal contaminação pode ser minimizada se o leite for submetido à fervura, por exemplo. Porém, parte da população consome o leite in natura, sem submetê-lo a qualquer tratamento térmico. Miller (2008) realizou uma pesquisa em Vitória/ES, onde 31,6% dos entrevistados (121/382) responderam que consomem o leite in natura sem ferver ou que eventualmente o fervem. Além disso, a fervura desse leite somente minimiza o risco de transmissão de patógenos, não o excluindo totalmente. O processo de fervura elimina a microbiota vegetativa patogênica e, a distribuição de calor pode não atingir a relação tempo/temperatura desejada de maneira uniforme, comprometendo a eficácia do processo (MILLER, 2008). Várias outras medidas podem ser tomadas a fim de diminuir os níveis de contaminação do leite in natura, começando pela avaliação do estado de saúde e higienização da vaca (principalmente do úbere), o ambiente onde ficam as vacas e da sala de ordenha, os procedimentos usados para limpeza e desinfecção dos equipamentos de ordenha, bem como os vasilhames onde o leite é acondicionado e utensílios que entram em contato com esse leite, a própria água utilizada na limpeza e as mãos do ordenhador. Esse, por sua vez, deve ser uma pessoa de hábitos higiênicos satisfatórios, vestir-se com roupas limpas, possuir boa saúde e não ter ferimentos nas mãos que possam aportar agentes patogênicos (TRONCO 2003) É de todos o conhecimento de que a sociedade atual demanda cada vez mais por alimentos seguros, saudáveis e nutritivos. Não basta apenas dispor de alimentos em grande quantidade para abastecer a população, faz-se necessário também que produtos, como o leite, tenham qualidade em todos os seus aspectos, sejam biológicos, sensoriais e físico-químicos. (MAFUD, et al.,2007). 7- CONCLUSÃO O consumo do leite cru está fortemente relacionado com a crença de que o produto é mais forte, puro e nutritivo. Além disso, apresenta um menor custo e muitas vezes a facilidade de poder ser entregue em casa. A maioria dos consumidores não considera sua ingestão um risco à saúde. Considerando-se a dificuldade acerca da fiscalização e/ou controle higiênico- sanitário dos animais que estão envolvidos com a produção desse tipo de alimento, bem como do processo de obtenção, manipulação, conservação e comercialização desse produto, tais achados constituem-se um motivo de preocupação para saúde pública em virtude do risco representado pelo consumo desse leite sem tratamento térmico apropriado. Sendo assim, os resultados obtidos permitem concluir que a região de Salinas enfrenta dificuldades de adequação às normas estabelecidas, pois os resultados mostraram uma frequência elevada em amostra de leite in natura com altos níveis de contaminação por aeróbios mesófilos. A maioria dos produtores necessita, portanto, canalizar esforços na melhoria das condições higiênicas durante a ordenha e o armazenamento do leite, e na sua refrigeração rápida após ordenha. 8- REFERÊNCIAS MAFUD, M. D. et al. Não-conformidades na cadeia produtiva do leite: problemas institucionais. In: Congresso da sociedade brasileira de economia, administração e sociologia rural, 45, 2007, Londrina. Anais, Londrina, UEL, jun.2007 MILLER, N.B. Perfil do consumo de leite e derivados lácteos no município de Colatina – ES. 2008.2 83p. Monografia (Especialização em Defesa e Vigilância Sanitária Animal) –Universidade Castelo Branco, São Paulo, 2008. OLIVEIRA, Camilo Ferreira. Avaliação da eficácia do “tetra-test” como fermenta de gestão da qualidade do leite cru refrigerado. São Paulo, 2009. Diponível em:< http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/mvp/m/3405.pdf> Acesso em: 08 de Agosto de 2014. SALVADOR, F. C.; BURIN, A. S.; FRIAS, A. A. T.; OLIVEIRA, F. S.;FAILA, N.; Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado comercializado em Apucarana-PR e região. F@pciência, Apucarana-PR, v.9, n. 5, p. 30 – 41, 2012. Disponível em: <http://www.fap.com.br/fapciencia/009/edicao_2012/005.pdf > Acesso em: 08 de Agosto de 2014. TAMANINI, R. et al. Avaliação da qualidade microbiológica e dosparâmetros enzimáticos da pasteurização do leite tipo “C”produzido na região do Norte do Paraná. Semina: Ciênc. Agrár.,Londrina, v. 28, n. 3, p. 449-454, 2007. TRONCO, V. M. Manual para inspeção da qualidade do leite. 2ª Ed.Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2003.
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