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Universidade do Sul de Santa Catarina Data: 13/11/2018 Volumetria de Complexação Alexandra Petry (IC)1, Daniela Borges Gonçalves (IC)2, Kelly Cristina Caetano (IC)3, Tatiane Silva de Oliveira (IC)4, Vinícios Pinheiro Fernandes (IC)5, Daiana Cardoso de Oliveira (PS)6 Palavras-chave: Agente quelante, cálcio, EDTA, indicador metalcrômico, leite em pó, medicamento. Introdução Segundo Ohlweiler (1981), a titulometria com formação de complexos ou complexometria baseia-se em reações que envolvem um íon metálico M e um agente ligante L com formação de um complexo suficientemente estável. O caso mais simples é o de uma reação que original um complexo do tipo 1:1. 𝑀 + 𝐿 ⇋ 𝑀𝐿 Além da formação do complexo com base em um ligante mono dentado, também é possível fazer o mesmo a partir de um ligante que tenha mais de um sítio de ligação para um íon metálico. Esse segundo tipo de ligante é conhecido como agente quelante. Essa ligação exige que o ligante contenha dois ou mais átomos que tenham um par de elétrons não compartilhados (por exemplo, dois átomos de nitrogênio ou oxigênio), sendo esses dois átomos separados por, pelo menos, dois ou três grupos -𝐶𝐻 2-. Esses grupos permitem que ambos os átomos com elétrons não compartilhados atinjam o íon metálico e se liguem a ele ao mesmo tempo, produzindo uma estrutura estável no formato de um anel, normalmente com cinco ou seis átomos em seu interior (HAGE, CARR, 2011). Um ligante que possui um único grupo doador de elétrons, como a amônia, é chamado de unidentado (dente único), enquanto aquele, como a glicina, que possui dois grupos disponíveis para ligações covalentes, é dito bidentado. Agentes quelantes tridentados, tetradentados, pentadentados e hexadentados são também conhecidos (SKOOG et al., 2006). O ligante EDTA é sem dúvida o mais importante para as titulações complexométricas. Ele pode ser considerado um ligante hexadentado, ligando-se através de seus quatro grupos carboxílicos e dos dois átomos de nitrogênio. O mais importante, entretanto, é que o EDTA sempre reage com íons metálicos na razão molar 1:1, provavelmente devido ao grande volume do ligante que gera impedimento espacial. Todos os complexos formados são solúveis em água e a maioria deles são incolores ou levemente coloridos (BACCAN et. al, 2001). Para Vogel (2002), o sucesso de uma titulação com EDTA depende da determinação exata do ponto final. O procedimento mais comum empregados indicadores de íons de metais. Para poder ser utilizado na detecção visual dos pontos finais, um indicador de íons metais deve satisfazer os seguintes critérios: I. a reação que provoca a mudança de cor deve fazer com que a solução esteja fortemente colorida antes do ponto final, quando quase todo íon metálico está complexado com EDTA; II. a reação de cor deve ser específica ou, pelo menos, seletiva; III. o complexo do metal com o indicador deve ser razoavelmente estável porque, do contrário, a dissociação impede a observação de uma mudança de cor nítida. O complexo do metal com o indicador deve ser, entretanto, menos estável do que o complexo do metal-EDTA para assegurar que no ponto final os íons metálicos do complexo metal-indicador para o complexo metal-EDTA deve ser nítido e rápido; IV. o contraste de cor entre o indicador livre e o complexo metal-indicador deve poder ser observado facilmente; V. o indicador deve ser muito sensível aos íons metálicos (isto é, ao pM) de modo que a mudança de cor ocorra o mais perto possível do ponto de equivalência; VI. os requisitos anteriormente mencionados devem ser obedecidos no intervalo de pH no qual a titulação é conduzida. O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano sendo que a maior quantidade, cerca de 99% encontra-se nos ossos. Adultos sadios possuem cerca de 1.000 g a 1.300g deste mineral, podendo ainda ser encontrado no sangue, no fluido extracelular, no músculo e em tecidos (JUNIOR, 2013). Segundo Leonardi et al. (2011), conforme citado por Presotto (2014), o leite é um dos mais importantes alimentos, assim como também seus derivados, pois é a principal fonte de cálcio para o organismo, o qual consiste em um dos maiores aliados para prevenir e combater diversas doenças, como a osteoporose, por exemplo, doença que eleva a fragilidade e a porosidade, afetando principalmente idosos. O cálcio tem expressiva participação na formação e manutenção dos ossos e dos dentes, sendo imprescindível para o crescimento, atuando na coagulação sanguínea, na contração e relaxamento muscular, na transmissão de impulsos nervosos e atuando no ritmo cardíaco. Essas propriedades tornam esse mineral fundamental na alimentação diária, desde a infância até a terceira idade. Universidade do Sul de Santa Catarina Data: 13/11/2018 Por consequinte, o experimento tem por objetivo determinar a quantidade de cálcio presente em uma amostra de comprimido e determinar o teor de cálcio uma amostra de 2,0 g de leite em pó através de titulações de complexação; e comparar os valores obtidos com os valores esperados para cada amostra. Materiais e Métodos Foram utilizados todos os materiais contidos na tabela 1 junto com os reagentes da tabela 2. Tabela 1. Materiais utilizados. Materiais Capacidade Quantidade Balança analítica --- 1 Balão Volumétrico 100 mL 1 Balão Volumétrico 1000 mL 1 Béquer 100 mL 1 Béquer 50 mL 2 Bureta 50 mL 1 Erlenmeyer 250 mL 9 Espátula --- 1 Pêra de sucção --- 1 Pipeta volumétrica 1 mL 1 Pipeta volumétrica 10 mL 1 Pipeta volumétrica 25 mL 1 Proveta 50 mL 1 Tabela 2. Reagentes utilizados. Reagentes Quantidade Ácido clorídrico (HCl) Incerta Água deionizada ~1650 mL Água destilada Incerta Carbonato de cálcio (CaCO3) 180 mg Cianeto de potássio (KCN) Incerta Cloreto de amônio (NH4Cl) 64 g EDTA ~3,72 g Hidróxido de amônio (NH4OH) 570 mL Leite em pó 6,0 g Mg- EDTA ~180 gotas Negro de Eriocromo T ~27 gotas Sal de Epsom (MgSO4.7H2O) ~2,465 g Tampão amônio 120 mL Padronização do EDTA ±0,02M Pesou-se 180 mg de CaCO3 p.a previamente dessecado e dissolvido num Becker utilizando a mínima quantidade de solução de HCl 1:1. Evaporou-se até quase a secura redissolveu- se em água destilada e foi transferido para um balão volumétrico de 100mL. Em seguida foi pipetado uma alíquota de 10mL desta solução. Acrescentou-se 15 mL de tampão amônio, 20 gotas de solução Mg- EDTA, 3 - 4 gotas de Negro de Eriocromo T e titulou-se com a solução de EDTA. Adicionou-se na bureta a solução de EDTA ±0,02M (contendo 7,44g/L). Procedeu-se a titulação até a coloração mudar para levemente Azul. Foi repetido o procedimento mais duas vezes. Análise do Cálcio em Medicamento Dissolveu-se um comprimido e foi diluído em balão volumétrico 1000 mL com água deionizada. Pipetou-se alíquotas de 25 mL da amostra em três elernmeyers de 250 mL. Adicionou-se a cada alíquota 10 mL de tampão de amônio (pH=10), 20 gotas de Mg-EDTA e 5 gotas do indicador negro de eriocromo-T. Titulou-se com a solução padrão de EDTA até a mudança de cor vermelho-vinho para azul. Foi repetido o procedimento mais duas vezes. Análise de Cálcio no Leite em Pó Pesou-se três amostras de 2,0g de leite em pó e transferiu-se quantitativamente cada porção para um erlenmeyer de 250mL. Foi dissolvido cada uma das amostras em aproximadamente 50mL de água deionizada. Adicionou-se 15mL do tampão de pH10 (NH4OH/NH4Cl). Introduziu-se a seguir 20 gotas de uma solução de Mg-EDTA e titulou-se com o EDTA 0,02M usando Negro de Eriocromo como indicador, até o aparecimento da cor azul. Resultados e Discussões A padronização do EDTA, realizada para determinar a concentração do seu soluto para então ser utilizada como solução-padrão, foi dissolvido o carbonato de cálcio com ácido clorídrico, pois o CaCO3 em meio ácido é marcada pela formação de um gás, o dióxido de carbono(CO2). CaCO3 + 2HCl <> CaCl2 + H2O + CO2 O indicador Negro de Eriocromo T é usado exclusivamente na faixa de pH entre 7 e 11. Assim, para se observar a mudança de cor com esse indicador o pH da solução deve estar entre 7 e 11, de modo que a cor azul do indicador domine quando o titulante “quebrar” o complexo vermelho Universidade do Sul de Santa Catarina Data: 13/11/2018 metal-Eriocromo T no ponto final. Por isso, a solução a ser titulada com EDTA foi tamponada com tampão amônio de pH 10, fazendo com que o pH permanecesse constante mesmo com a liberação de íons hidrogênio à medida que o complexo foi sendo formado. Para visualização do ponto final da titulação, que segundo LENZI et.al. (2004) corresponde ao momento físico e químico em que o ponto de equivalência foi alcançado, foi utilizado o indicador Negro de Eriocromo T, que apresentava cor vermelha, e quando atingiu o ponto final apresentou cor azul. A mudança da coloração de vermelha para azul significou que os cátions metálicos que estavam na solução ligados ao indicador se separaram e formaram ligações mais estáveis com o EDTA. Isso significa que a quantidade de EDTA é proporcional à quantidade de cálcio e magnésio na solução. A ligação do titulante com os cátions são de proporção 1 para 1. A padronização da solução de EDTA foi realizada em triplicata. Os volumes gastos da bureta foram de 8,8 mL, 8,7 mL e 8,6 mL. Calculou-se então a concentração do EDTA: 𝑀 = 𝑚 𝑚𝑜𝑙×𝑉 𝑀 = 0,018 100×0,1 𝑀 = 0,018 𝑚𝑜𝑙 𝐿 𝑀1𝑉1 = 𝑀2𝑉2 𝑀1 × 8,8 = 0,018 × 10 𝑀1 = 0,020 𝑚𝑜𝑙 𝐿 𝑀1𝑉1 = 𝑀2𝑉2 𝑀1 × 8,7 = 0,018 × 10 𝑀1 = 0,021 𝑚𝑜𝑙 𝐿 𝑀1𝑉1 = 𝑀2𝑉2 𝑀1 × 8,6 = 0,018 × 10 𝑀1 = 0,021 𝑚𝑜𝑙 𝐿 𝑀é𝑑𝑖𝑎: 0,021 𝑚𝑜𝑙 𝐿 ± 5,77 × 10-4 Na análise de cálcio no comprimido, os volumes gastos da bureta foram 2,5 mL, 2,3 mL e novamente 2,3 mL. Calculou-se então a massa de cálcio presente na amostra: 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0.0023 𝑛 = 4,83 × 10-5 mol 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0.0023 𝑛 = 4,83 × 10-5 mol 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0.0025 𝑛 = 5,25 × 10-5 mol 𝑛 = 𝑚 𝑚𝑜𝑙 4,83 × 10-5 = 𝑚 40 𝑚 = 1,932 × 10-3 g = 1,932 𝑚𝑔 4,83 × 10-5 = 𝑚 40 𝑚 = 1,932 × 10-3 g = 1,932 𝑚𝑔 5,25 × 10-5 = 𝑚 40 𝑚 = 2,1 × 10-3 g = 2,1 𝑚𝑔 Como a amostra possuía 25 mL, calculou- se por regra de três a quantidade em 1 L: 1,932 mg ------- 25 mL x---------------- 1000 mL x= 77,28 mg de Ca+2 1,932 mg ------- 25 mL x---------------- 1000 mL x= 77,28 mg de Ca+2 2,1----------- ------- 25 mL x---------------- 1000 mL x= 84 mg de Ca+2 𝑀é𝑑𝑖𝑎: 79,52 𝑚𝑔 ± 3,880 Segundo rótulo do medicamento, cada comprimido contém 500 mg de cálcio. A média dos resultados encontrados pela equipe foi de 79,52 mg o que está bem abaixo do indicado. Acredita- se que isso se deve ao fato do comprimido não ter sido completamente dissolvido, prejudicando assim o resultado. Para a análise de cálcio no leite em pó, os volumes gastos da bureta foram 26,2 mL, 25,8 mL e 25 mL. Calculou-se então a massa de cálcio presente na amostra: 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0,0262 𝑛 = 5,502 × 10-4 mol 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0,0258 𝑛 = 5,418 × 10-4 mol 𝑛 = 𝑀 × 𝑉(𝐿) 𝑛 = 0,021 × 0,025 𝑛 = 5,25 × 10-4 mol 𝑛 = 𝑚 𝑚𝑜𝑙 5,502 × 10-4 = 𝑚 40 𝑚 = 0,0220 g 5,418 × 10-4 = 𝑚 40 𝑚 = 0,0217 g Universidade do Sul de Santa Catarina Data: 13/11/2018 5,250 × 10-4 = 𝑚 40 𝑚 = 0,0210 g Fez-se por regra de três o cálculo da porcentagem de cálcio no leite em pó: 2 g ----------- 100% 0,0220------------x X= 1,1% 2 g ----------- 100% 0,0217------------x X= 1,09% 2 g ----------- 100% 0,0210------------x X= 1,05% 𝑀é𝑑𝑖𝑎: 1,08% ± 0,0265 Segundo rótulo do leite em pó, 26 g de leite contém 0,246 g de Ca+2 com uma porcentagem de 0,0946%. A média dos resultados obtidos pela equipe foi de 1,08%, a qual é próxima da porcentagem esperada. Conclusões Por meio de uma análise complexométrica foi determinada a concentração de Ca2+ em uma amostra de leite em pó e em um comprimido utilizando a solução de EDTA preparada. O EDTA é usualmente padronizado contra uma solução de íons cálcio preparada pela dissolução de carbonato de cálcio puro e seco em ácido clorídrico e aquecimento até a ebulição para eliminar o dióxido de carbono resultante da reação. A concentração de cálcio no medicamento se mostrou inferior à contida no rótulo. No entanto, na análise do leite em pó a porcentagem é muito próxima do fornecido no rótulo. A escolha correta do indicador é de suma importância porque é ele que complexa uma fração equivalente de íons metálicos presentes na amostra. Desta forma pode-se concluir que a adição do tampão é essencial, pois não serve apenas para manter o pH ideal, e sim também como agente de complexação auxiliar, impedindo que o Mg2+ precipitasse. Referências BACCAN, N.; ANDRADE, J. C. de; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química analítica quantitativa elementar. 3 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 2001 HAGE, D. S.; CARR, J. D. Química analítica e análise quantitativa. 1 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. JUNIOR, A. N. Mineral cálcio- o que devemos saber?, 2013. Disponível em: < http: //www.anfarmag.com.br/files/artigo- tecnico/20130725 _102439_ 32380.pdf > Acesso em: 10 de novembro de 2018. LENZI, E.; FAVERO, L. O. B.; TANAKA, A. S.; FILHO, E. A. V.; SILVA, M. B. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004. MENDHAM, J. ; DENNEY, R. C. ; BARNES, J. D.; THOMAS, M. J. K. VOGEL. Análise Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. OHLWEILER, O. A. Química analítica quantitativa. 3 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. PRESOTTO, G. G. Análise de cálcio em leite e derivados, 2014. Disponível em: < http: // conic- semesp.org.br/anais/files/2014/trabalho- 100001812 >. Acesso em: 10 de novembro de 2018. SKOOG, D. A.; WEST, D. M.; HOLLER, F. J.; CROUCH, S. R. Fundamentos de química analítica. 8 ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 200 Universidade do Sul de Santa Catarina Data: 13/11/2018
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