Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Curso de Bacharel em Direito. 
Niterói, 23 de Março de 2016. 
Disciplina: Direito Internacional Privado 
Professor: Sérgio Pauseiro. 
Alunos: Adjobignon Leonid Donald Ahouandjinou. Turma: P1 
 Aline Cavalcanti Coutinho Bragança. 
 Cassiano Francisco Dias Neto. 
 Felippo da Cunha Accetta. 
 Gabriela Alves Ferreira Goulart. 
 Gabriel de Melo Flach. 
Lucas Dalle Crode Pralon. 
 Matheus Barra Reis De Sequeira. 
 Pedro Paulo Lehmkuhl Weber Filho. 
Priscila Oliveira de Paiva. 
Rennan Silva. 
 
 
CASO PEDRO MIGUEL DA SILVA CARDOSO 
Descrição do Fato: 
 
O presente caso versa sobre um pedido de extradição formulado pelo governo de 
Portugal, contra o português, naturalizado brasileiro, Pedro Miguel da Silva Cardoso. O 
governo português acusa Pedro Miguel de ter praticado crimes de falsificação, burla qualificada 
e branqueamento de capitais, sendo esse o fundamento do pedido de Extradição. Os crimes de 
que Pedro Miguel é acusado teriam sido praticados no período entre 2002 e 2006. Consta no 
processo que, valendo-se da condição de funcionário de uma empresa seguradora, ele teria 
forjado sinistros de automóveis, sendo o dinheiro das indenizações pelos supostos sinistros 
divididos entre ele e corréus. Do produto do crime teriam sido transferidos para a conta dele 
pelo menos 17.500 euros. Após o cometimento dos crimes, Pedro Miguel mudou-se para o 
Brasil, onde se casou com uma brasileira, obtendo naturalização como brasileiro. 
Alega a defesa, no entanto, que tanto a naturalização, quanto o fato de residir no Brasil 
desde 2003, ser casado com uma brasileira, que estaria esperando um filho dele, além de ter 
ocupação lícita e residência fixa no Brasil, impediria sua extradição. O ministro Teori Zavascki, 
entretanto, refutou tais alegações. 
Por votação unânime, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deferiu 
parcialmente, o pedido de extradição (EXT 1272) do cidadão português Pedro Miguel da Silva 
Cardoso, formulado pelo governo de Portugal. O mandado de prisão contra ele foi expedido 
pelo Ministério Público de Almada (Portugal) para que responda pela suposta prática dos 
crimes. Mas a extradição foi deferida parcialmente, somente quanto ao crime de burla 
qualificada, que no Brasil equivale ao estelionato. 
 
Posicionamento: 
 
É preciso atentar nesse caso para algumas atitudes tomadas pelo Supremo, consideradas de 
acordo com a legislação vigente no Brasil. 
 
É preciso ressaltar que para que uma extradição seja concedida, é preciso que haja a 
ocorrência do requisito da dupla tipicidade, isto é, o crime pelo qual o extraditando é acusado 
deve estar previsto na legislação penal do país requerente e, também, na legislação brasileira. 
Quanto ao delito de branqueamento de capitais, o relator do processo, ministro Teori Zavascki, 
afirmou que o requisito da dupla tipicidade não foi plenamente atendido. O relator explicou 
que, embora o branqueamento de capitais encontre correlação com o nosso crime de lavagem 
de dinheiro, a lei brasileira pressupõe a existência de uma conduta delitiva antecedente. No 
caso, entretanto, o delito precedente imputado ao extraditando burla qualificado (estelionato) 
não estava arrolado nos incisos I ao VIII do artigo 1º da Lei brasileira 9.613/98, na redação 
adotada ao tempo dos fatos imputados, afirmou. Quanto ao crime de falsificação de documento, 
o ministro salientou que o STF tem o entendimento de que este crime corresponde a fato anterior 
que não pode ser punido quando o falso se exaure na fraude. Nesses casos, o entendimento do 
STF é o de que a falsificação constituiu circunstância elementar do crime mais grave, sendo por 
este absorvida. Em relação ao argumento da defesa quanto a naturalização (ocorrida após o 
cometimento dos crimes), o ministro apoiou-se no artigo 5º, inciso LI, da Constituição Federal, 
que admite a extradição de naturalizado, entre outros, quando crime comum tiver sido por ele 
praticado antes da naturalização. Quanto ao casamento com brasileira e filho brasileiro, 
reportou-se à Súmula 421 do STF, segundo a qual “não impede a extradição a circunstância 
de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro”.1 
 
Justificativa: 
 
De acordo com os dispositivos usados em sala, torna-se necessário saber responder a 
algumas perguntas. Primeiro, um cidadão que goze da nacionalidade brasileira e de outra 
cidadania poderia ser extraditado do Brasil para esse país, ou vice-versa? A princípio, sim, uma 
pessoa com cidadania de duas democracias poderia ser extraditada de uma jurisdição para a 
outra, com base em tratado ou em promessa de reciprocidade, pois em ambas tal indivíduo teria 
seus direitos fundamentais respeitados como cidadão local, sem qualquer distinção em relação 
a qualquer outro compatriota. Ou seja, essa pessoa não seria “estrangeira” no Estado de destino 
(requerente), nem no Estado de origem (requerido). Estaria acolhido pela Constituição e pelos 
tratados de direitos humanos de que os países em questão fossem signatários. 
A respeito de tal premissa, assegura o art. 5° caput da CRFB, que não haverá qualquer distinção 
de tratamento entre brasileiros e estrangeiros, no que tange às garantias judiciais no processo 
penal. 
 Cabe ressaltar ainda que os portugueses residentes no País podem ter estatuto especial 
no Brasil, em função do artigo 12 da Constituição, que lhes assegura, se houver reciprocidade 
em favor de brasileiros, todos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos na 
Constituição de 1988. Esse artigo fundamenta o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta 
entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, celebrado em Porto Seguro, 
em 22 de abril de 2000 (Decreto 3.927/2001), cujo artigo 18 assim dispõe: 
 
Os brasileiros e portugueses beneficiários do estatuto da igualdade 
ficam submetidos à lei penal do Estado de residência nas mesmas 
condições em que os respectivos nacionais e não estão sujeitos à 
extradição, salvo se requerida pelo Governo do Estado da 
nacionalidade.2 
 
 
 
1 Súmula 421 STF. Acesso em: 
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.asp?servico=jurisprudenciaSumula&pagina=sumula_401_500 
 
2 Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, 
celebrado em Porto Seguro em 22 de abril de 2000. DECRETO Nº 3.927, DE 19 DE SETEMBRO DE 2001. 
Acesso em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3927.htm 
Assim é possível verificar a regularidade da decisão, tendo em vista que portugueses 
residentes no Brasil e que gozem do estatuto da igualdade, tal como os brasileiros, somente 
poderão ser extraditados para o próprio país de origem, isto é, Portugal, tendo por base a 
Convenção de Extradição entre os Estados Membros da CPLP (Decreto 7.935/2013) e o 
Tratado de Porto Seguro, de 2000. 
 Como ainda, os crimes praticados por PEDRO MIGUEL DA SILVA CARDOSO não 
são totalmente previstos no Código Penal Brasileiro, a extradição parcial deferida pelo STF, 
foi a solução para tal caso. 
 
 
CASO CESARE BATTISTI 
 
Descrição do Fato: 
 
O caso que daremos enfoque neste ensaio é a respeito de Cesare Battisti, condenado na 
Itália a pena de prisão perpétua por ser autor do assassinato de quatro pessoas. Cesare fugiu 
para o Brasil após um tempo escondido na França, por medo de uma suposta extradição. Cesare 
pediu ao CONARE a declaração de sua condição como refugiado, pedido este que foi 
eventualmente concedido pelo Ministro de Estado de Justiça, com base nos artigos da Lei 
9474/97. 
O governo italiano pediu a extradiçãode Cesare Battisti, fato que gerou as grandes 
controvérsias e polêmicas que cercaram o caso. O Supremo Tribunal Federal entendeu que 
Cesare não se subsumia nos parâmetros para ser considerado refugiado, considerando ilegal a 
concessão da condição ao italiano. Destarte, decidiu pela extradição, condicionando-a, 
entretanto, à homologação pelo Presidente da República, à época, Luis Inacio Lula da Silva. 
O então presidente se manifestou opostamente à decisão da suprema corte, negando a 
extradição de Cesare Battisti. 
 
Posicionamento: 
 
Apesar das inúmeras controvérsias que rondam o caso e as diversas opiniões contrárias 
à decisão do então presidente Luís Inácio Lula da Silva, consideramos que a decisão do ex-
presidente pode ser entendida como correta, em face dos fortes e certeiros argumentos utilizados 
por ele para corroborar sua decisão. 
Justificativa: 
 
O fato de considerar-se que a decisão se encontra corretamente fundamentada se deve à 
interpretação de que a atitude do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva não infringiu ou foi 
conflitante com nenhuma cláusula do tratado de extradição firmado entre o Estado brasileiro e 
a República italiana. 
A decisão tomada pelo então Presidente da República, oposta ao Supremo Tribunal 
Federal no sentido de recusar a extradição tem fulcro no fato de que uma possível extradição 
de Cesare Battisti à República italiana causaria evidentes perseguições pela Itália. O tratado de 
extradição em questão possui dispositivo jurídico que repudia tal conseqüência quando da 
concessão de extradição. Este motivo é claro o suficiente para ensejar a negativa da concessão 
de extradição do condenado Cesare Battisti. 
Há argumentos opostos a essa decisão, que andam na linha do entendimento do Supremo 
Tribunal Federal, na esteira de considerar ilegal o ato que inicialmente concedeu a condição de 
refugiado a Cesare Battisti, e, por conseguinte, correta a concessão de extradição do referido 
condenado. Apesar de o entendimento do ex-presidente Lula da Silva não se encontrar em 
dissonância com o Tratado, o pensamento do Supremo Tribunal Federal também não destoa do 
pacto firmado entre os países, gerando dessa forma, a complicada controvérsia que gira em 
torno do caso. 
Para a resolução de tal incomodo jurídico, acreditamos que cabe à luz da Constituição 
Federal, que traz certa vinculação de competência que se relaciona com o caso e clareia a visão 
a respeito da situação. 
A Constituição Federal de 1988 delega efetivamente ao Presidente da República a 
competência privativa para pactuar tratados internacionais por tal tema envolver a soberania 
nacional, haja vista: Art. 84, VIII: “Compete privativamente ao Presidente da República: - 
celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso 
Nacional;”3 
 
3 BRASIL. Constituição, 1988. Acesso em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 
Como o caso e a concessão de extradição de Cesare Battisti envolvem a questão da 
soberania nacional, tal decisão descamba para o Presidente da República. 
Destarte, apesar de as duas decisões, a do ex-presidente e a do Supremo Tribunal Federal 
se enquadrarem como corretas, possuírem seus diferentes fundamentos e não infringirem o 
Tratado de Extradição, a do ex-presidente, a nosso ver, possui um maior grau de exatidão devido 
à sua competência em tão delicado tema para a soberania nacional. 
 
 
CASO MEHRAN KARIMI NASSERI 
 
 
Descrição do Fato: 
 
O caso analisado a seguir é do iraniano Mehran Karimi Nasseri, um homem que passou 
dezoito anos vivendo em um aeroporto e possível inspiração para o filme “O Terminal” de 
Steven Spielberg. 
Nasseri nasceu no Irã em 1942 e viajou a estudos para o Reino Unido, onde, durante sua 
permanência, participou de várias manifestações contra o Shah do Irã na época, de modo que 
foi preso quando voltou ao seu país em 1975, onde ficou encarcerado por quatro meses sofrendo 
castigos e tortura. 
Depois disso, foi expulso e peregrinou por diversos países europeus, até finalmente se 
estabelecer na Bélgica, onde conseguiu o status de refugiado pela Comissão de Refugiados da 
ONU. Permaneceu desde 1980 a 1986, quando tentou novamente retornar à Inglaterra, uma vez 
impedido durante sua peregrinação de aproximadamente três anos. 
Ele chegou no aeroporto Charles de Gaulle, na França, em 1988, onde planejava embarcar 
em um voo com Londres como destino. No entanto, de acordo como conta, parece que sua 
maleta foi roubada durante o percurso até o aeroporto, onde estavam todos os seus documentos. 
Apesar disso, conseguiu entrar no avião rumo à Inglaterra. 
Entretanto, quando chegou no aeroporto inglês de Heathrow, Nasseri não conseguiu 
passar pela aduana e, desse modo, teve que voltar para a França, de onde havia partido. 
No entanto, quando voltou ao aeroporto Charles de Gaulle, por não estar em posse de 
seus documentos, não pode se identificar e mostrar sua condição de refugiado aos guardas 
franceses que, por esse motivo, o prenderam, mas logo o soltaram por averiguarem que, no 
mínimo, sua entrada no aeroporto foi legal e ele não tinha país para voltar, sendo conduzido 
para uma zona de espera destinado aos passageiros sem papeis. 
Posteriormente, seu caso foi pego pelo advogado francês Christian Bourget, especializado 
em direitos humanos. Além disso, em 1992, a corte francesa afirmou que, tendo entrado 
legalmente no país, ele não poderia ser expulso do aeroporto, mas ele também não poderia 
entrar na França por não poder comprovar sua condição como refugiado. 
O advogado do caso tentou negociar com a polícia belga que lhe enviasse de novo os 
papeis que atestavam que ele era um refugiado na Bélgica, mas estes nunca foram enviados, já 
que requeriam que Mehran se apresentasse em pessoa para que pudessem comprovar sua 
identidade e se estavam entregando os documentos para a pessoa correta, mas, de acordo com 
a própria lei belga, um refugiado que deixa o país voluntariamente não poderia voltar, entrando 
em uma contradição. 
No entanto, em 1995, o governo belga aceitou restituir a Nasseri sua condição de 
refugiado, desde que voltasse a morar na Bélgica sob a tutela de um assistente social. Apesar 
disso, Nasseri recusou, já que alegava não querer residir na Bélgica, mas querer continuar seu 
plano de entrar na Inglaterra. 
Ainda nesse contexto, em 1999, o governo francês lhe deu uma permissão de residência 
temporária e um passaporte de apátrida, permitindo a oportunidade de viver na França e sair do 
aeroporto. No entanto, novamente negou a assinar os papeis, já que alegava que eles não o 
identificava de maneira correta. 
Sua “estadia” no aeroporto Charles de Gaulle somente terminou em agosto de 2006, 
quando ficou doente e precisou ser levado ao hospital, onde permaneceu até janeiro de 2007. 
 
Posicionamento: 
 
Analisando o caso, podemos ver diversos problemas no que diz respeito do direito 
internacional. Muitos deles têm relação sobre a condição de refugiado do indivíduo em questão, 
onde ficava bastante difícil determinar. 
Observando toda essa história de um ponto de vista cronológico, o primeiro problema 
está na viagem de Nasseri para Londres. Como dito, ele conseguiu embarcar no avião mesmo 
sem os documentos que lhe permitiam tal ato. Caso tivesse sido feita uma análise do caso a 
partir desse momento, buscando esclarecimento sobre os documentos supostamente perdidos, 
isso poderia ter feito com que o caso tivesse um desfecho muito mais cedo. 
Outro problema, este presente durante toda a história, é o tempo. Conforme se percebe, 
existe um lapso enorme entre os períodosem que ações realmente foram tomadas. Não dá para 
dizer se o problema tem relação com somente burocracia ou se existiu uma falta de interesse no 
caso por se tratar de um refugiado, mas fica claro que as ações poderiam ter sido feitas em um 
período de tempo muito menor. 
No entanto, o maior problema que se pode perceber nesse caso é o próprio Nasseri. 
Primeiramente, nunca pôde ser confirmado o que aconteceu com seus documentos, se ele 
realmente os teve roubados ou se simplesmente os perdeu em algum lugar. 
Em segundo lugar, sua falta de interesse em querer estabilizar sua situação política no 
território europeu. Conforme foi dito, ele morou por seis anos na Bélgica após adquirir seus 
status de refugiado. Durante esse tempo, ele poderia ter iniciado um processo de naturalização, 
o que teria evitado diversos problemas futuros, como a contradição da lei belga sobre o seu 
retorno ao país para readquirir os documentos e sua saída voluntária. 
Por último, vale destacar também a falta de interesse dele (Nasseri) em querer resolver a 
confusão em que esteve envolvido durante esses dezoito anos que esteve morando no aeroporto 
Charles de Gaulle. Em dois momentos – 1995 e 1999 – ele teve a oportunidade de deixar o 
terminal para poder retornar à Bélgica ou poder residir na França, mas negou ambas por 
motivos, a princípio, fúteis. Caso tivesse aceito uma dessas condições, sua estadia no aeroporto 
poderia ter sido reduzida de sete a onze anos. 
 
Justificativa: 
 
Conforme pôde ser analisado, o caso do iraniano Mehran Karimi Nasseri é um centro de 
bastante debate do ponto de vista do direito internacional. Por ter sido uma análise mais ampla 
do caso, não foi possível discutir realmente o que aconteceu nos “bastidores” desse caso e que 
permitiram que ele se prolongasse por todos esses dezoito anos. 
No entanto, é fácil perceber que todos os agentes desse caso, o que inclui o governo 
francês, o governo belga e até o próprio Nasseri, são culpados pela demora em sua resolução, 
seja pela burocracia internacional ou por uma simples falta de interesse. 
 
 
 
 
CASO GERD WENZINGER 
Descrição do fato: 
O referido caso se refere ao pedido de extradição do médico alemão Gerd Wenzinger, 
que na noite do dia 23 de junho de 1994, na Kurfürstenstraße de Berlim-Tiergarten, encontrou 
a prostituta Dana Franzke, de 23 anos, e a convidou para ir à sua casa, em Berlim-Karow, onde 
lhe administrou uma dose de estupefaciante, que levou a mesma a óbito. Ato contínuo, 
Wenzinger se aproveitou do cadáver da mesma para prática sexual, e em seguida esquartejou 
seu corpo e o lançou nos canais dos rios Oder e Havel. O crime praticado é punível, segundo o 
Código Penal Alemão, § 211, com a prisão perpétua, de cujas suspeitas houve confirmação, 
graças a gravações em vídeo feitas pelo próprio Wenzinger. As autoridades alemães fizeram o 
pedido de extradição, em 17 de junho de 1996, baseado no risco de fuga do acusado, baseado 
no § 112, inciso 2, cifra 1, do Código de Processo Penal Alemão, sob a alegação de o acusado 
ter se afastado do local do crime. Ademais, esse não era o único motivo para a extradição de 
Wenzinger, pois após o pedido ser feito pelo Governo Alemão, foram enviados ao Brasil novas 
ordens de prisão preventiva do apenado, recebidas em 30 de outubro de 1996, por ter, entre 
abril e maio de 1994, coagido uma mulher à prática de atos sexuais e extraconjugais com ele e 
por, em 23 ou 24 de junho de 1994, obrigar, com emprego de violência, outra pessoa a sofrer 
atos sexuais e extraconjugais por sua autoria, crimes previstos no Código Penal Alemão no seus 
§§ 177, 178 e 52 (unidade de delitos, estupro e coação sexual, respectivamente). 
Wenzinger alegou que sua extradição para a Alemanha seria prejudicial para ele, pois 
não teria como produzir provas para si, principalmente devido à pressão midiática alemão sobre 
o caso. Alegou também que não havia fundamento para a sua prisão preventiva e que, caso o 
STF entendesse diferente, pretendia que houvesse comutação de pena, visto que não Brasil não 
existem penas de caráter perpétuo. O STF não deu provimento ao pedido, com base em 
jurisprudência precedente na Corte (Extradições nºs 426, 429, 472, 486, 507 e 559). 
O acusado foi preso em Salvador, Bahia, onde ficou detido a Superintendência Regional 
do Departamento de Polícia Federal. Apesar de Wenzinger ter dito em depoimento após sua 
detenção que estava respondendo por processo no Brasil, tal informação foi apurada e restou 
infundada. Desse modo, o relator, Ministro Maurício Corrêa, entendeu como fundamentada a 
extradição e votou por ela, ao que os demais ministros concordaram, aprovando por 
unanimidade. 
Gerd Wenzinger, conhecido como “Estripador de Havel”, contudo, não foi extraditado 
para a Alemanha, uma vez que se enforcou quatro dias após a sentença, deixando uma carta em 
que alega inocência. 
 
Posicionamento: 
 O Supremo Tribunal Federal seguiu os devidos procedimentos previstos para a 
extradição, e de maneira satisfatória deferiu a extradição de Gert Wenzinger à Alemanha pelos 
crimes lá cometidos. 
Justificativa: 
A extradição trata-se de quando um Estado pede a outro que lhe remeta pessoa 
processada em seu território pela prática de conduta ilícita segundo a legislação de ambos os 
países, havendo tratado de reciprocidade entre ambos. Além disso, é necessário que a 
nacionalidade do extraditando seja a do país que pede a extradição, pois este pode pedir a 
extradição de alguém. 
Assim, segundo o dispõem os Arts. 76 e 82, da Lei nº 6.815/80: 
A extradição poderá ser concedida quando o governo requerente se 
fundamentar em tratado, ou quando prometer ao Brasil a 
reciprocidade.” “O Estado interessado na extradição poderá, em caso 
de urgência e antes da formalização do pedido de extradição, ou 
conjuntamente com este, requerer a prisão cautelar do extraditando por 
via diplomática ou, quando previsto em tratado, ao Ministério da 
Justiça, que, após exame da presença dos pressupostos formais de 
admissibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará ao 
Supremo Tribunal Federal.4 
A promessa de reciprocidade cria a possibilidade de extradição entre dois países. Tal 
promessa existe entre os governos brasileiro e alemão, sendo, assim, legalmente possível a 
extradição de Gerd Wenzinger. Também o pedido de prisão preventiva foi feito pelo Governo 
Alemão, o que o STF acolheu. 
 
4 Situação jurídica do estrangeiro no Brasil, criação do Conselho Nacional de Imigração. LEI Nº 6.815, DE 19 
DE AGOSTO DE 1980. Acesso em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6815.htm 
Também o delito de homicídio é comum nas legislações de ambos os países (Art. 121, 
do Código Penal Brasileiro e Art. 211, do Código Penal Alemão), que, segundo a legislação 
alemã, é crime imprescritível (Art. 78, item 2, do Código Penal Alemão). O mesmo vale para 
os crimes de estupro e coação sexual, com unidade de delito (Arts. 177, 178 e 52, do Código 
Penal Alemão, respectivamente), que têm semelhante no ordenamento brasileiro pelo crime de 
estupro, que engloba os outros dois da legislação alemã, bem como o concurso formal próprio, 
que se relaciona à unidade de delito alemã (Arts. 213 e 70, caput, do Código Penal Brasileiro, 
respectivamente). 
Apreende-se, desse modo, que a os pedidos feitos pela República Federal da Alemanha 
através das Notas Verbais nº 540, de 17 de julho de 1996, nº 635, de 26 de agosto de 1996, e nº 
898, de 10 de dezembro de 1996, segundo pedido pelo Tribunal de Primeira Instância de Berlim, 
Comarca de Tiergarten, não continham qualquer óbice para serem providos. 
Também a alegação feita por Wenzinger de quea incompatibilidade das penas para o 
homicídio no Brasil e na Alemanha (prisão perpétua) obstava a extradição não se fundamenta, 
pois a quantidade de pena ou sua gravidade não é requisito favorável ou desfavorável à 
extradição, bastando a compatibilidade de tipos penais.