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LÓGICA JURÍDICA – REVISÃO CONCEITOS BÁSICOS Lógica: vem do grego, LOGOS, que significa “razão”, “palavra”, “argumento”. É a ciência do argumento, da palavra, da razão. Filosofia: vem do grego, PHILOS, que significa “amigo”, “amante”, e SOPHOS, que significa saber, “sabedoria”. A Lógica melhora o nível de raciocínio, contribuindo para sua clareza, organização e correção, além de auxiliar no ordenamento do pensamento. Surgiu com Aristóteles (384 a.C. a 322 a.C.) e foi complementada por Galeno (130 d.C. a 200 d.C.) e Leibniz ((1646 a 1716). PRINCÍPIOS BÁSICOS DA LÓGICA Tratam das características de uma proposição, que nada mais é do que uma afirmação que se faz (frase) a respeito de algo. Proposição: obrigatoriamente deve ter um SUJEITO (quem), um VERBO (ação) e um PREDICADO (o que). É um discurso que declara ALGO a ALGUÉM. Os 3 princípios básicos da Lógica são: 1. Princípio da Identidade: tudo é idêntico a si mesmo, tem as mesmas propriedades, ou seja, deve se ter o mesmo conceito (ex: um gato é um gato) 2. Princípio da Não Contradição: uma proposição pode ser verdadeira (V) ou falsa (F), mas não ambas as coisas ao mesmo tempo (ex. Pedro é músico – ou é V ou é F, mas nunca simultaneamente)) 3. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição ou é verdadeira (V) ou é falsa (F), mas não há um outro caso (ex. O carro é preto – ou é V ou é F, mas não pode ser outra coisa diferente de V ou F) LÓGICAS NÃO CLÁSSICAS Colocam em xeque os princípios formais da lógica clássica, trabalhando com os sentidos sintáticos e semânticos das proposições. As principais são: Modal, Deôntica, Temporal, Epistêmica, Preferencial, Polivalente, Quântica, Relevante e Paraconsistente. ESTRUTURAS BÁSICAS Proposição: a base da lógica é a proposição, estrutura que obrigatoriamente deve ter um SUJEITO, um VERBO e um PREDICADO. É sempre um discurso declarativo e que deve poder ser considerado verdadeiro ou falso. Se uma declaração não permitir que seja feita essa associação, então não se tem uma proposição! Não são proposições (e já podem ser desconsideradas de imediato): - frases em que não haja o verbo - frases interrogativas (que possuem o sinal de interrogação) - frases exclamativas (que possuem o sinal de exclamação) - frases imperativas (que passam uma ordem ou comando) - frases indeterminadas, onde não haja clareza ou, no caso de sentenças matemáticas, que possua uma incógnita Inferência: é a conclusão de algo a partir de qualquer coisa, ou seja, expressa uma crença, uma opinião, uma hipótese ou uma possibilidade. É se concluir algo a partir de uma determinada situação. Argumento: é uma sequência de proposições que levam a uma conclusão baseada nas proposições anteriores. Neste caso, as proposições que sustentam/embasam a conclusão são chamadas de premissas. Ou seja, para ser um argumento, obrigatoriamente o discurso (neste caso entendido como um conjunto de afirmações) deve ter uma série de premissas e uma conclusão. Diferença entre Inferência e Argumento: o que as diferencia é a conclusão; na inferência, a conclusão é uma opinião, uma crença, uma hipótese. No argumento, a conclusão é uma sentença declaratória, que tomou por base as premissas do discurso (conjunto de afirmações). Indicadores de Premissas e de Conclusão: são conectores que ajudam a indicar se se está em frente a uma premissa ou a uma conclusão. Notar que nem sempre a premissa vem em primeiro lugar num discurso e a conclusão vem depois. Caso não existam esses conectivos/indicadores no discurso, resta experimentar cada proposição utilizando indicadores de cada tipo. Indicadores de premissas: porque, pois, ora, uma vez que, posto que, visto que, tendo em conta que, em virtude de, devido a, considerando que, dado que, por causa de, como mostra, a razão é que, pode inferir-se de, que resulta de, já que, assumindo que, admitindo que.. Indicadores de conclusão: logo, então, daí que, assim, portanto, por isso, segue-se que, por consequência, e por essa razão, concluo, podemos inferir que, o que mostra que, o que aponta para... ARGUMENTOS Tipos de Argumentos: existem 4 tipos de argumentos, que são: - Argumento Dedutivo: parte de declarações gerais e as aplica a um caso em particular; o que está contido na conclusão necessariamente deve aparecer também nas premissas. Ex: Todos os homens são mortais. João é homem. Logo, João é mortal. - Argumento Indutivo: ao contrário do dedutivo, neste caso se parte de declarações particulares para se aplicá-las a um caso geral; as premissas não necessariamente apresentam provas do que se irá concluir (a conclusão é possível, uma hipótese). Ex: Os juristas do Hemisfério Norte são homens. Os juristas do Hemisfério Sul são homens. Logo, todos os juristas são homens. - Argumento Analógico: neste tipo de argumento, a conclusão é tirada por semelhança, comparação entre as premissas do conjunto de afirmações (discurso). Pode ou não aparecer o indicador de comparação (como). Ex: Os homens têm direito ao voto. As mulheres são como os homens. Logo, as mulheres também têm o direito de votar. - Argumento Falacioso: neste tipo de argumento, as premissas parecem ser verdadeiras, mas na realidade são falsas. As razões utilizadas parecem sustentar a conclusão, mas de fato não a sustentam ou a conclusão ignora completamente a(s) premissa(s). Ex: O estudo é fundamental para o saber. Logo, quem sabe é porque não estuda. VERDADE E VALIDADE Dentro de um discurso (conjunto de afirmações), tem-se como estrutura básica um conjunto de premissas e uma conclusão. Na Lógica, as premissas são afirmações que recebem um valor de verdade (V) ou falsidade (F), as quais levam à conclusão ser também uma verdade (V) ou uma falsidade). Ao conjunto de premissas e conclusão (“argumento”) atribui-se o valor válido ou inválido. Para melhor entender essas valorações, há que se considerar a tabela de valores lógicos: Aplicando-se essa “tabela da verdade”, não há como errar na qualificação do tipo de argumento. Lembrar que quando se qualifica um argumento como “inválido”, se está na presença de uma falácia. FALÁCIAS O estudo das falácias está voltado para a identificação de erros no raciocínio ou na argumentação. Mais especificamente naqueles raciocínios ou argumentos que, embora incorretos, podem ser psicologicamente persuasivos. Falácias não-formais são aquelas que não são identificadas com a utilização de padrões para validação de inferências. As falácias não-formais podem ser divididas em falácias de relevância e falácias de ambiguidade. FALÁCIAS DE RELEVÂNCIA Raciocínios cujas premissas são logicamente irrelevantes para as suas conclusões. Portanto são incapazes de estabelecer a verdade dessas conclusões. Existe um descomprometimento entre a(s) conclusão(ões) e a(s) premissa(s). 1. RECURSO À FORÇA (Argumentum ad Baculum). Usar a força ou ameaça de força para provocar a aceitação de uma conclusão. É usada quanto as provas ou os argumentos racionais fracassaram. Exemplo: Todos os deputados governistas devem ser a favor da aprovação das reformas, pois, caso contrário, serão expulsos do partido. 2. RECURSO À OFENSA (Argumentum ad Hominem). Derrubar ou refutar a verdade de uma afirmação através da colocação de que quem afirma não é uma pessoa honrada ou de bom caráter. Em vez de se refutar a verdade do que se afirma, se ataca a pessoa que fez a afirmação. Exemplo: O que o ACM diz é mentira, pois ele fraudou diversas vezes as votações no Congresso Nacional. 3. RECURSO À CIRCUNSTÂNCIA (Argumentum ad Hominem). Impor uma verdade em função da posição política, religiosa, sexual, profissional, etc., de quem está sendocontestado. Se utiliza ou para fazer com que o adversário aceite a nossa conclusão ou para rejeitar a conclusão defendida pelo adversário, Exemplo 1: O que o ACM diz é mentira, pois ele fraudou diversas votações no Congresso Nacional. Exemplo 2: Você tem que ser contra a pena de morte, porque você é cristão. 4. RECURSO À IGNORÂNCIA (Argumentum ad Ignorantiam). Fazer com que uma proposição seja tomada como verdadeira simplesmente porque ainda não se provou sua falsidade. Exemplo 1: Existem fantasmas porque ainda não se provou a existência deles. Exemplo 2: Todo homem é inocente até que se prove o contrário. (válido nos tribunais) 5. APELO À PIEDADE (Argumentum ad Misericordiam). Apelar à piedade e compaixão para que um argumento seja aceito como válido. É um tipo de chantagem emocional. Exemplo 1: Ele pode estacionar sobre a calçada porque é paraplégico. Exemplo 2: Ele pode ingressar numa faculdade com notas inferiores às dos outros porque é negro. 6. APELO AO POVO (Argumentum ad Populum). Tentativa de ganhar a concordância popular despertando paixões e entusiasmos da multidão com o uso de elementos que atraem o interesse da maioria. Exemplo 1: Contratar um cantor famoso, e sabidamente consumidor contumaz de cerveja, para protagonizar anúncios de lançamento de uma nova marca da bebida. Exemplo 2: O uso, por um político, do argumento de que vai ser um bom governante porque aumentará o salário mínimo. 7. APELO À AUTORIDADE (Argumentum ad Verecundiam). Aceitar uma proposição porque foi dita por uma pessoa considerada autoridade no assunto. Exemplo: Depoimento de um perito em um julgamento. Utilizar Einstein como a pessoa que disse alguma coisa que se quer seja feita. 8. ACIDENTE Aplicar uma regra geral a um caso particular, cujas circunstâncias acidentais a tornam inaplicável. Exemplo 1: Os apontadores do jogo do bicho se encontram sempre nas vias públicas de grande movimento, sentados, e de bloco de anotações em punho. Aquele homem sentado em frente ao bar está escrevendo em um bloco e, portanto, deve ser detido por contravenção. Exemplo 2: Aquele deputado estava presente à convenção daquele partido que apoia as reformas do governo, logo ele não pode ser digno de confiança por parte dos que são contra essas novas medidas. 9. ACIDENTE CONVERTIDO (Generalização Apressada) Com base na observância de um caso excepcional, isolado ou particular, querer que todos os casos de mesmo tipo sejam tratados de mesmo modo. Exemplo 1: Algumas casas que promovem jogos de bingo não estão cumprindo com a legislação em vigor. Torna-se então insustentável a continuação da permissividade da exploração dos jogos de bingo em todo território nacional. Exemplo 2: Na esquina da rua onde moro pode-se jogar, a qualquer tempo, no bicho sem qualquer risco de constrangimento legal. Obviamente que isso é uma prova cabal da total inobservância, que tal modalidade de jogo possui, em relação às leis vigentes no Brasil. 10. FALSA CAUSA Tomar como causa de um efeito algo que não seja sua causa real. Concluir que um acontecimento é causa de outro pelo simples fato de ter ocorrido anteriormente. Exemplo 1: Os estudantes que se formam com menos de 22 anos de idade são mais inteligentes que os outros. Exemplo 2: A Ford é a melhor fabricante de automóveis porque foi a pioneira na fabricação em série. 11. PETIÇÃO DE PRINCÍPIO Tentar estabelecer a verdade de uma proposição apresentando como prova a mesma proposição, sob forma e aspecto igual ou diferente, sobre a qual se está querendo demonstrar a verdade. Exemplo 1: Um banco de automóvel deve ser confortável, pois não pode admitir desconforto a um passageiro ou motorista de um carro. Exemplo 2: Todo jornalista deve possuir curso superior, pois não se pode admitir que um profissional da área de comunicação jamais tenha cursado uma faculdade. 12. PERGUNTA COMPLEXA Fazer uma pergunta e nela embutir uma suposta resposta já dada anteriormente à outra pergunta. A pergunta pressupõe uma verdade ainda não estabelecida. Exemplo 1: Você acha que esse governo de política recessiva vai conseguir se reeleger? Exemplo 2: A falta de transparência do atual governo é fruto da incompetência administrativa do partido governista? 13. CONCLUSÃO IRRELEVANTE (Ignoratio Elenchi). Apresentar uma premissa irrelevante como prova de uma conclusão. Um argumento utilizado para comprovar uma conclusão diferente. Exemplo: A reforma da previdência deve ser aprovada porque o povo precisa ter um sistema previdenciário que o atenda de forma satisfatória. FALÁCIAS DE AMBIGÜIDADE São aquelas que envolvem o uso impreciso da linguagem, em que se trabalha com dois ou mais sentidos ou significados. Aproveitam os erros ou duplos sentidos da língua para confundir. 1. EQUÍVOCO. Interpretar de forma diferente palavras com mais de um significado literal. Exemplo: O fim de um projeto é a sua perfeição. A morte é o fim da vida. Logo, a morte é a perfeição da vida. 2. ANFIBOLOGIA. Argumentar com premissas cujas construções gramaticais são ambíguas. Exemplo 1: Aquele casal está brigando por causa do filho. Exemplo 2: Sou brasileiro, mas só bebo vinho nacional quando estou em Paris. 3. ÊNFASE. Alterar o significado de um argumento através da mudança na ênfase de algumas palavras que o compõem. Exemplo: Ênfase1: Os deputados devem parar de roubar o povo. Ênfase 2: Os deputados devem parar de roubar o povo. Na ênfase 1 é insinuado que os deputados não devem parar todas as suas atividades, mas apenas a atividade de roubar o povo. Na ênfase 2 é insinuado que os deputados podem continuar roubando, mas não mais o povo. 4. COMPOSIÇÂO. Utilizar propriedades ou definições de parte de um todo para definir ou identificar o próprio todo. Exemplo 1: Um partido sem um político famoso também não é famoso. Exemplo 2: Uma criança pobre precisa de mais atenção do governo. Então o governo deve gastar com todas as crianças pobres mais do que gasta com as outras. 5. DIVISÃO. Inverso da falácia de composição: utilizar propriedades ou definições de um todo para definir ou identificar parte daquele todo. Exemplo 1: É fácil se encontrar cães nas ruas Os dobermanns são cães Logo, é fácil se encontrar dobermanns nas ruas. Exemplo 2: O governo não tem recursos para reajustar os salários daqueles que recebem dos cofres públicos. Os políticos recebem dos cofres públicos. Logo, o governo não tem dinheiro para reajustar os salários dos políticos. DEFINIÇÕES SILOGISMO: raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas proposições (premissas), das quais se obtém por inferência uma terceira (conclusão). Ex: Todos os homens são mortais. Os Romanos são homens; logo, os romanos são mortais. SENTIDO SINTÁTICO: quando há semelhança entre frases ou orações SENTIDO SEMÂNTICO: quando há correspondência de sentido entre os termos.
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