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TD direito aplicadoa gestão

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Universidade Veiga de Almeida Aluno: Bruno Leonardo da Rocha Silva
DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA
A demissão por justa causa deve ser aplicada pelo empregador imediatamente após o conhecimento e a apuração da falta grave cometida pelo empregado, sempre que esta puder ser capitulada em uma das modalidades previstas no artigo 482 da CLT. Consolidação das Leis do Trabalho.
Porém, o poder do empregador tem limitações, pois a CLT protege o empregado das arbitrariedades que possam vir a acontecer por parte do empregador, que deverá estar atento à legislação, aplicando sanções justas, razoáveis e proporcionais à falta cometida pelo empregado, como, por exemplo, advertência; suspensão disciplinar; e por fim a demissão por justa causa.
Renato Saraiva aduz que “na justa causa há a quebra da boa-fé, confiança, poder de obediência e diligência, o que torna incompatível a continuidade da relação de emprego”.
É importante ressaltar a diferença entre justa causa e falta grave. Justa causa é a forma de dispensa e falta grave é a conduta irregular do empregado.
Com base no artigo 482 da CLT, são os seguintes atos que constituem justa causa para a resolução do contrato de trabalho pelo empregador:
1. Ato de Improbidade
Improbidade é toda ação ou omissão desonesta do empregado, que revelam desonestidade, abuso de confiança, fraude ou má-fé, visando a uma vantagem para si ou para outros.
2. Incontinência de Conduta ou Mau Procedimento
 A incontinência de conduta diz respeito a atos de natureza sexual, tais como exibir fotos de pessoas nuas aos colegas, assediar sexualmente colegas de trabalho etc. O mau procedimento inclui tudo o que seja incompatível com as regras sociais e internas, como usar veículo da empresa sem autorização ou deixar a empresa durante o horário de trabalho sem autorização.
3. Negociação Habitual 
A lei veda a atividade produtiva paralela, sem autorização do empregador, que resulte em concorrência ao empregador ou que seja prejudicial à execução do contrato de trabalho, haja vista que entendimento diverso implicaria em intolerável interferência na autonomia pessoal do empregado.É importante ressaltar que a lei não impede que o trabalhador exerça mais de uma atividade, já que não é requisito do vínculo de emprego a exclusividade do empregado.
4. Condenação Criminal 
A condenação criminal privativa de liberdade sem suspensão da execução da pena ou benefício concedido pela Justiça Criminal é fato objetivo que impede a execução do contrato de trabalho.
Diferentemente das demais justas causas decorrentes de ato, omissão ou conduta social inadequada do empregado a resolução contratual justificada, somente será legal se constatados dois requisitos cumulativos: o trânsito em julgado da decisão penal e a reclusão do empregado, impedindo-o de exercer suas atividades laborais. 
5. Desídia 
A desídia é o tipo de falta grave que, na maioria das vezes, consiste na repetição de pequenas faltas leves, que se vão acumulando até culminar na dispensa do empregado. Isto não quer dizer que uma só falta não possa configurar desídia. O que pode caracterizar desídia é o descumprimento pelo empregado da obrigação de maneira diligente e sob horário o serviço que lhe está afeito. Ex: a pouca produção, os atrasos frequentes, as faltas injustificaveis  ao serviço, a produção imperfeita e outros fatos que prejudicam a empresa e demonstram o desinteresse do empregado pelas suas funções. 
6. Embriaguez Habitual ou em Serviço 
A embriaguez deve ser habitual. Só haverá embriaguez habitual quando o trabalhador substituir a normalidade pela anormalidade, tornando-se um alcoólatra, patológico ou não. É irrelevante o grau de embriaguez e tampouco a sua causa, porem a embriaguez deve ser comprovada através de exame médico pericial. 
Entretanto, a jurisprudência trabalhista vem considerando a embriaguez contínua como uma doença, e não como um fato para a justa causa. É preferível que o empregador enseje esforços no sentido de encaminhar o empregado nesta situação a acompanhamento clínico e psicológico.
7. Violação de Segredo da Empresa 
A revelação só caracterizará violação se for feita a terceiro interessado, capaz de causar prejuízo à empresa, ou a possibilidade de causá-lo de maneira apreciável. 
8. Ato de Indisciplina ou de Insubordinação 
Tanto na indisciplina como na insubordinação existe atentado a deveres jurídicos assumidos pelo empregado pelo simples fato de sua condição de empregado subordinado. A desobediência a uma ordem específica, verbal ou escrita, constitui ato típico de insubordinação; a desobediência a uma norma genérica constitui ato típico de indisciplina. 
9. Abandono de Emprego 
A falta injustificada ao serviço por mais de trinta dias faz presumir o abandono de emprego, conforme entendimento jurisprudencial. Existem, no entanto, circunstâncias que fazem caracterizar o abandono antes dos trinta dias. É o caso do empregado que demonstra intenção de não mais voltar ao serviço. Por exemplo, o empregado é surpreendido trabalhando em outra empresa durante o período em que deveria estar prestando serviços na primeira empresa. 
10. Ofensas Físicas 
As ofensas físicas constituem falta grave quando têm relação com o vínculo empregatício, praticadas em serviço ou contra superiores hierárquicos, mesmo fora da empresa. 
As agressões contra terceiros, estranhos à relação empregatícia, por razões alheias à vida empresarial, constituirá justa causa quando se relacionarem ao fato de ocorrerem em serviço. 
A legítima defesa exclui a justa causa. Considera-se legítima defesa, quem, usando moderadamente os meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
11. Lesões à Honra e à Boa Fama 
São considerados lesivos à honra e à boa fama gestos ou palavras que importem em expor outrem ao desprezo de terceiros ou por qualquer meio magoá-lo em sua dignidade pessoal. Na aplicação da justa causa devem ser observados os hábitos de linguagem no local de trabalho, origem territorial do empregado, ambiente onde a expressão é usada, a forma e o modo em que as palavras foram pronunciadas, grau de educação do empregado e outros elementos que se fizerem necessários. 
12. Jogos de Azar
Jogo de azar é aquele em que o ganho e a perda dependem exclusiva ou principalmente de sorte. 
Para que o jogo de azar constitua justa causa, é imprescindível que o jogador tenha intuito de lucro, de ganhar um bem economicamente apreciável. 
13. Atos Atentatórios à Segurança Nacional 
A prática de atos atentatórios contra a segurança nacional, desde que apurados pelas autoridades administrativas, é motivo justificado para a rescisão contratual. 
Existem ainda Motivos específicos estabelecidos por sindicatos.
É importante o profissional representante da empresa responsável pelas questões que envolvem a rescisão contratual estar atento e certo de que as faltas cometidas caracterizam a demissão por justa causa já que se o empregado provar má fé do empregador pode isso pode acarretar pagamento de indenização por danos morais. O profissional da área tem que estar atento a agir sempre com imparcialidade e orientar o empregador.
Referencias: 
SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho para Concursos Públicos. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2010. p.251.
CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 27. ed. atual. e ampl. por Eduardo Carrion.  São Paulo: Saraiva, 2002. p. 358.
http://www.administradores.com.br/mobile/noticias/negocios/conheca-faltas-que-levam-a-demissao-por-justa-causa/13426/
https://emporiododireito.com.br/leitura/dispensa-por-justa-causa

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