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Escada Ponteana

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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO CONTRATO - “Escada Ponteana ou Pontiana”
Todo contrato é um negócio jurídico, tanto que os elementos estruturais do primeiro são os mesmos do segundo (na parte geral do CC).
Quanto ao negócio jurídico, Pontes de Miranda fez a sua divisão em três planos:
Plano da existência;
Plano da validade;
Plano da eficácia.
Essa divisão gera o esquema gráfico denominado Escada Ponteana, conforme desenho a seguir:Plano de Eficácia
- condição;
- termo;
- consequências do inadimplemento negocial (juros, multa, perdas e danos);
- outros elementos.
*Efeitos dos Negócios
Plano de Validade
- capacidade (do agente);
- liberdade (da vontade ou do consentimento);
- licitude, possibilidade, determinabilidade (do objeto);
- adequação (das formas).
*Pressupostos de Validade
Plano de Existência
- agente;
- vontade;
- objeto;
- forma.
*Pressupostos de Existência
Nas palavras de Pontes de Miranda, “o esquema é perfeitamente lógico, pois para que o contrato gere efeitos deve existir e ser válido; para que seja válido deve existir”.
Entretanto, é possível que o contrato exista, seja inválido e esteja gerando efeitos (como se não tivesse o segundo degrau), como no caso de um negócio jurídico anulável, que esteja gerando efeitos.
exemplos:
1. contrato anulável antes da propositura da ação anulatória e do reconhecimento da anulação por sentença, viciado pela lesão (artigo 157, CC) – o contrato será EXISTENTE, INVÁLIDO E EFICAZ.[1: Art. 157, CC. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.]
Aliás, se a ação anulatória não for proposta no prazo decadencial previsto em lei, o contrato será convalidado. Por meio da convalidação, o negócio inválido se transforma em válido.
2. casamento anulável celebrado de boa-fé, que gera efeitos como casamento putativo – artigo 1561 do CC - o casamento será EXISTENTE, INVÁLIDO e EFICAZ.[2: Art. 1.561, CC. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.]
3. contrato celebrado sob condição suspensiva, que ainda não esteja gerando efeitos jurídicos – o contrato será EXISTENTE, VÁLIDO e INEFICAZ.
A. Plano da existência
Nesse plano estão os elementos mínimos contratuais, os seus pressupostos de existência, que formam o seu suporte fático (base estrutural).
São substantivos sem adjetivos, sem qualificação: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma.
Se o contrato não apresentar tais pressupostos, será inexistente (“um nada para o Direito”).
O CC/02, a exemplo do anterior, não adotou de forma expressa e destacada o plano da existência, que está “embutido” no da validade (art. 104 do CC). [3: Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:I - agente capaz;II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;III - forma prescrita ou não defesa em lei.]
Por isso, dizia Silvio Rodrigues que a teoria da inexistência seria inútil, inconveniente e inexata, já que as questões são resolvidas no plano da validade. Porém, vários autores são adeptos da teoria da inexistência (Caio Mário da Silva Pereira, Antonio Junqueira de Azevedo, Villaça, Silvio de Salvo Venosa, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona , José Fernando Simão).
B. Plano da validade
Nesse plano os substantivos recebem adjetivos, surgindo os requisitos de validade, nos termos do art. 104 do CC: partes capazes, vontade livre, objeto lícito, possível, determinado ou determinável, forma prescrita ou não defesa em lei.
Se o contrato apresentar vício ou problema em relação a tais requisitos será inválido, ou seja, nulo – nulidade absoluta (artigo 166 e artigo 167, ambos do CC) ou anulável – nulidade relativa ou anulabilidade (artigo 171 do CC) – matéria da Parte Geral do CC/02.[4: Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;IV - não revestir a forma prescrita em lei;V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.][5: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.][6: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:I - por incapacidade relativa do agente;II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.]
NULIDADE ABSOLUTA
ou NULIDADE
(Negócio Jurídico Nulo)
INVALIDADE
NULIDADE RELATIVA
ou ANULABILIDADE
(Negócio Jurídico Anulável)
- partes capazes: pessoa física ou natural – artigos 3º e 4º, CC (representação/assistência), além da legitimação, que consiste na capacidade especial para a prática de determinados atos (outorga do outro cônjuge – artigos 1647 a 1649, CC);
- vontade livre: consentimento expresso ou tácito (artigo 111, CC), as regras de interpretação (artigos 112, 113 e 114, CC).
- objeto lícito, possível, determinado e determinável: o objeto deve observar os limites impostos pela lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé, à função social e à econômica de um instuto (artigo 106, CC).
- forma prescrita ou não defesa (não proibida) em lei: os negócios jurídicos em regra são informais, conforme artigo 107, CC, contudo, a lei pode estabelecer formalidades, relacionadas a manifestação de vontade, a fim de conferir maior segurança as relações jurídicas, como a forma escrita ou solenidades, como a exigência de escritura pública, como no artigo 109, CC.
C. Plano da eficácia
Nesse plano estão as consequências contratuais, ou seja, os seus efeitos práticos, seja com relação as partes, seja com relação a terceiros, caso dos seguintes elementos:
1. Condição: é o evento futuro e incerto (vem relacionada com a conjunção “se” ou “enquanto”);
2. Termo: é o evento futuro e certo (vem relacionado com a conjunção “quando”);
3. Encargo/Modo: é o evento com ônus e liberalidade (vem relacionado com a conjunção “para que” ou “com o fim de”).
4. Regras de inadimplemento (resolução) – caso dos seguintes elementos: juros, cláusula penal e das perdas e danos;
5. Resilição (direito de extinção do contrato pelo exercício de um direito potestativo);
6. Registro imobiliário: plano da eficácia;
7. Tradição: que é a entrega da coisa, em regra. Como exceção, nos contratos reais a entrega da coisa está no plano da validade. Os contratos reais são aqueles que têm aperfeiçoamento com a entrega da coisa. Ex.: comodato (empréstimo de bem infungível), mútuo (empréstimo de bem fungível) e depósito (cessão para guarda). Em regra, o contrato real é unilateral, pois após a entregada coisa somente haverá deveres para aquele que a recebeu (dever principal daquele que recebeu: devolver a coisa. O dever do outro já se aperfeiçoou ao entregar a coisa. Quem entrega não tem mais deveres, tem, sim, direitos). Há exceção. Ex.: depósito oneroso. Mas, em regra, o contrato real é unilateral.
8. Regime de Bens, no negócio jurídico casamento.
# Obs.: A escada ponteana e o direito intertemporal: art. 2.035, caput, do CC. Por esse dispositivo, quanto ao plano da validade deve ser aplicada a norma do momento da celebração, da constituição do ato (+ plano da existência, pois a existência está dentro da validade). Já quanto ao plano da eficácia, deve ser aplicada a norma do momento da produção dos efeitos, salvo se as partes preverem outra forma de execução.[7: Art. 2.035. A validade dos negócios e demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus efeitos, produzidos após a vigência deste Código, aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver sido prevista pelas partes determinada forma de execução.Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.]
Art. 2.035, caput, do CC:
norma do momento dos efeitos
norma do momento da celebração do negócio
Plano da
Eficácia
Plano da
Validade
Plano da
Existência
Ex.1: juros (eles estão no plano da eficácia do contrato). Tendo início, a mora do devedor, ainda na vigência do CC/16 (e se alargou até o CC/02), são devidos juros de mora de 6% ao ano até 10.01.03. A partir de 11.01.2003, passa a incidir a regra do art. 406 do CC/02 (taxa de 12% ao ano) - enunciado 164 do CJF/STJ, amplamente aplicado pela jurisprudência (ver AgRg no Ag 714.587/RS).[8: 164 – Arts. 406, 2.044 e 2.045: Tendo a mora do devedor início ainda na vigência do Código Civil de 1916, são devidos juros de mora de 6% ao ano até 10 de janeiro de 2003; a partir de 11 de janeiro de 2003 (data de entrada em vigor do novo Código Civil), passa a incidir o art. 406 do Código Civil de 2002.][9: EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INCLUSÃO INDEVIDA NA SERASA. JUROS DE MORA. Tratando-se de responsabilidade contratual, a mora constitui-se a partir da citação, e os juros respectivos devem ser regulados, até a entrada em vigor do novo Código, pelo artigo 1.062 do diploma de 1916, e, depois dessa data, pelo artigo 406 do atual Código Civil. Agravo improvido.]
Ex.2: multa, cláusula penal (está no plano da eficácia). O art. 413 do CC/02 prevê a redução equitativa da cláusula penal como um dever do magistrado, se a obrigação tiver sido cumprida em parte, ou se a multa for exagerada. Esse dispositivo pode ser aplicado a um contrato celebrado na vigência do CC/16, desde que o inadimplemento ocorra na vigência do CC/02 (plano da eficácia).[10: Art. 413. A penalidade deve ser reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.]
Ex.3: art. 977 do CC - este dispositivo proíbe que marido e mulher casados pelos regimes da comunhão universal e da separação obrigatória celebrem contrato de sociedade. PROIBIÇÃO É VALIDADE. Essa proibição não existia na lei anterior. Segundo entendimento majoritário, essa proibição só atinge as sociedades constituídas após a entrada em vigor do CC/02 (enunciado 204 do CJF/STJ e Parecer 125/2003 do DNRC, julgados de São Paulo do Desembargador Naline). As sociedades anteriores têm direito adquirido – art. 5º, XXXVI, CF.[11: Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.][12: 204 – Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002.][13: “Em razão da proibição do artigo 977 do Novo Código Civil, consulta-se este Departamento sobre qual o procedimento a ser adotado em relação àquelas sociedades entre cônjuges, casados sob os regimes da comunhão universal de bens e da separação obrigatória, constituídas anteriormente ao Código Civil de 2002, ou seja, “se haverá necessidade de alteração de sócio ou regime de casamento”. A norma do artigo 977 do CC proíbe a sociedade entre cônjuges tão somente quando o regime for o da comunhão universal de bens (artigo 1.667) ou da separação obrigatória de bens (artigo 1.641). Esta restrição abrange tanto a constituição de sociedade unicamente entre marido e mulher, como destes junto a terceiros, permanecendo os cônjuges como sócios entre si. De outro lado, em respeito ao ato jurídico perfeito, essa proibição não atinge as sociedades entre cônjuges já constituídas quando da entrada em vigor do Código, alcançando, tão somente, as que viessem a ser constituídas posteriormente. Desse modo, não há necessidade de se promover alteração do quadro societário ou mesmo da modificação do regime de casamento dos sócios-cônjuges, em tal hipótese. Brasília, 04 de agosto de 2003. Rejanne Darc B. de Moraes Castro Coordenadora Jurídica do CNRC][14: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; (...)]

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