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Prof. Me. Oswaldo Sansone Rodrigues Filho Ferrovias Módulo 1 - Introdução 1. INTRODUÇÃO 2 • O objetivo do nosso estudo é familiarizar o aluno com as características do sistema ferroviário, destacando a atuação do engenheiro civil na atividade. • A Disciplina abrange os elementos da via permanente, os mecanismos de operação do sistema e as características dos veículos. Objetivo do Curso 3 • Os meios de transporte mais utilizados pelo homem são: - rodoviário, ferroviário, aéreo, fluvial e marítimo. • A utilização de cada uma dessas modalidades depende das características do material a ser transportado, distância de transportes e outros fatores. Considerações 4 5 • Produtos Siderúrgicos; • Grãos; • Minério de Ferro; • Cimento e Cal; • Adubos e Fertilizantes; • Derivados de Petróleo; • Calcário; • Carvão Mineral e Clinquer; • Contêineres. • O modal ferroviário caracteriza-se, especialmente, por sua capacidade de transportar grandes volumes, com elevada eficiência energética, principalmente em casos de deslocamentos a médias e grandes distâncias. Apresenta, ainda, maior segurança, em relação ao modal rodoviário, com menor índice de acidentes e menor incidência de furtos e roubos. São cargas típicas do modal ferroviário: 2. HISTÓRICO 6 2. HISTÓRICO O engenheiro inglês Richard Trevithick construiu em 1803 um veículo a vapor similar a uma locomotiva, que pesava 5 toneladas e atingia 5 km/h. 7 Porto, T. G 2. HISTÓRICO George Stephenson também engenheiro inglês, foi o verdadeiro criador da tração a vapor em estrada de ferro. Primeiro a compreender o princípio de aderência de rodas lisas sobre uma superfície também lisa, construiu em 1813 a locomotiva “Blucher”, testada em 25 de julho de 1814, puxando 8 vagões, a 6km/h, com 30 toneladas, entre Lilligwort e Hetton. 8 Porto, T. G 2. HISTÓRICO A partir de 1840, houve uma expansão explosiva da construção ferroviária na Inglaterra, fundamental para o crescimento tecnológico, que consolidou aquele pais como potência econômica mundial a partir da Revolução Industrial. A distribuição das mercadorias foi facilitada, pois os trens transportavam rapidamente cargas pesadas, a longas distâncias e por fretes reduzidos. Desde o advento da ferrovia, as estradas de ferro justificavam tal nome, pois, ao utilizarem trilhos de ferro, eram mesmo ferrovias ou vias férreas. 9 Porto, T. G 2. HISTÓRICO Os trilhos apresentavam o inconveniente do desgaste, encarecendo a conservação das vias permanentes. A contribuição de Hervy Bessemer em 1856 consistiu-se na fabricação de trilhos de aço que, praticamente, não se desgastavam. A partir de então, as composições passaram a trafegar sobre trilhos de aço com maior segurança e durabilidade. O sucesso inglês despertou o interesse do governo lmperial brasileiro, que elaborou uma lei em outubro de 1835 incentivando a construção de estradas de ferro. 10 Porto, T. G 2. HISTÓRICO Evolução Tecnológica em Meados do século XIX: – rodas motrizes passaram a ficar atrás da caldeira; – uso de rodas de grande diâmetro; – sensível aumento da velocidade; – locomotiva a vapor se tornou o meio dominante de tração por mais de um século. 11 2. HISTÓRICO Expansão das ferrovias: Reino Unido (1840): 2000 Km; França (1840): 550 Km; Entre 1835 e 1839: ferrovia chegou à Alemanha, à Bélgica e à Itália; Estados Unidos: expansão atingiu níveis espetaculares – 1840: 4.500 Km de trilhos – 1850: 30.000 Km de trilhos – 1914: mais de 415.000 Km de trilhos 12 Greco, J A S 2. HISTÓRICO No final do século XIX ocorreram muitas tentativas para a aplicação da energia elétrica na tração dos trens. Dentre as bem-sucedidas, temos a de Von Siemens, na Alemanha. Nos EUA, a primeira eletrificação aconteceu em 1895, na Baltimore e Ohio Railroad: autoridades municipais eram pressionadas pela população para que o incômodo da fumaça fosse eliminado das linhas que atravessavam as cidades. Com isso, o serviço de passageiros suburbanos ganhou qualidade, pois freqüentes paradas exigiam maior poder de aceleração. 13 2. HISTÓRICO Os empresários concluíram que a tração elétrica diminuía os custos operacionais tornando os serviços mais atraentes. Em 1945, vários países apresentavam redes eletrificadas: Itália, Suécia, EUA, Suíça, França, Alemanha, Rússia e Grã-Bretanha. A maioria das eletrificações ocorria em vias de intenso tráfego em linhas que apresentavam restrições à tração a vapor. As locomotivas elétricas exerciam grande força de tração por longos períodos sobre trechos muito íngremes. No Brasil, a pioneira na eletrificação foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, no trecho Jundiaí - Campinas, em 1927. 14 2. HISTÓRICO Entre as duas grandes guerras mundiais ocorre o desenvolvimento da tração a diesel, prenunciando-se a substituição da locomotiva a vapor. A expansão do capitalismo exigia a necessidade de maior velocidade no transporte de cargas e passageiros. A combinação dessa nova fonte de energia com a aerodinâmica atendeu a essa exigência. 15 Greco, J A S 2. HISTÓRICO As primeiras experiências ocorreram na Alemanha, em 1933, na linha Berlim-Hamburgo, com o trem de passageiros aerodinâmico, a uma velocidade de 160 km/h. Em 1934, as companhias americanas Union Pacific e Burlington Railroad, com o trem “Zephyr” de três carros de aço inoxidável, movido por um motor diesel de 600 HP e acionado por um gerador, percorreram a linha entre Denver e Chicago (164 km) a uma velocidade de 120 km/h. 16 2. MALHA FERROVIÁRIA BRASILEIRA 17 2009 Histórico no Brasil Em 1852, a figura intrépida do Barão de Mauá construiu a ligação entre o Porto de Mauá (no interior da Bahia de Guanabara) e a Raiz da Serra (Petrópolis). Somente em 30 de abril de 1854 foi inaugurada a Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, com 14,5 Km de extensão percorridos com velocidade média de 38 Km/h, puxado pela locomotiva “Baronesa”, o primeiro trem a circular no Brasil (BRINA, 1979). Em 15 de novembro de 1889 é proclamada a República e por aviso do Governo Provisório, a partir de 22 de novembro a Estrada de Ferro D. Pedro II passa a denominar-se Estrada de Ferro Central do Brasil. 18 Companhia Estrada de Ferro D. Pedro II, 1852 19 Ferrovia D. Pedro II Locomotiva Baroneza e Barão de Mauá 20 Histórico no Brasil 0 Museu do Trem, administrado pela REDE FERROVIÁRIA FEDERAL, foi inaugurado em fevereiro de 1984. Instalado no antigo galpão de pinturas de carros da Estrada de Ferro Pedro II que após a proclamação da República passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil, localiza - se nas oficinas do Engenho de Dentro, bairro que se desenvolveu a partir da ferrovia. Reformado e adaptado, o galpão abriga um valioso acervo, que vai de mobiliário até locomotivas. 21 Histórico no Brasil São destaques: A BARONEZA, construída na Inglaterra, foi a primeira locomotiva a trafegar no Brasil, quando inaugurou a Estrada de Ferro Mauá em 1854; O CARRO IMPERIAL que foi fabricado em 1886, na Bélgica, para servir ao imperador D. Pedro II; O CARRO DO REI ALBERTO, que fazia parte da composição adaptada exclusivamente para servir ao Rei da Bélgica, em 1921, por ocasião da sua visita ao Brasil e O CARRO PRESIDENCIAL que serviu a Getúlio Vargas na década de 30. 22 Locomotiva “A Baroneza” – Museu do Trem (RFF) 23 “Carro Imperial” – Museu do Trem (RFF) 24 Carro Presidencial – Museu do Trem (RFF) 25Carro do Rei Alberto – Museu do Trem (RFF) 26 Histórico no Brasil Incentivado pela Inglaterra que fornecia equipamentos, técnicos e empréstimos, o Brasil construiu diversas linhas que atendiam principalmente a exportação de matérias primas e produtos agrícolas, como o café. Em 1930 já existiam 30.000 Km de linhas. Apesar da adesão imediata às ferrovias, o Brasil deu preferência mais tarde ao transporte rodoviário. Na década de 1950 foi implantada a indústria automobilística e multiplicaram-se as estradas de rodagem pelo país. 27 Greco, J A S Histórico no Brasil Várias tentativas foram feitas para reanimar o trem, terminando com a privatização das estradas de ferro, na década de 1990. O máximo que se conseguiu foi manter em funcionamento as redes de carga. Restaram apenas duas linhas regulares de passageiro, mantidas pela Vale do Rio Doce: a Estrada de Ferro Vitória-Minas (ligando Vitória e Belo Horizonte ) e a estrada de Ferro Carajás (ligando o sul do Pará ao Porto de São Luís) e umas dez linhas turísticas. 28 Greco, J A S Malhas Ferroviárias no Mundo M a lh a F e r r o v iá r ia n o B r a s il Malha Ferroviária na Alemanha 31 Malha Ferroviária Nacional 29.798 km 11 concessões e 1 estatal (Valec) VALEC, empresa pública do Ministério dos Transportes, foi criada para construir a Ferrovia Norte-Sul. O primeiro trecho da Ferrovia Norte-Sul, concluído e em operação, é o que liga as cidades de Estreito e Açailândia, no Estado do Maranhão, com extensão de 226 km de linha ferroviária. O Traçado, com extensão de 3.100 km, é iniciado em Belém, no Pará, e segue até o município de Panorama, em São Paulo. Características da Malha Brasileira 3. CARACTERÍSTICAS DA FERROVIA 34 Características da Ferrovia Contato direto das rodas com os trilhos. Desgaste considerável devido à grande magnitude das carga. 35 Macêdo F B Contato Metal-Metal Características da Ferrovia O sistema ferroviário não possui mobilidade quanto à direção do veículo. O trajeto é guiado pelos trilhos. 36 Eixos Guiados Características da Ferrovia A distância entre trilhos é uma característica denominada BITOLA. No mundo há 3 padrões: 1,0 m; 1,435 m e 1,6 m 37 Bitola no Brasil 4. CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL RODANTE 38 Características do Material Rodante Devido à robustez do trem as rodas são solidárias aos eixos. 39 Roda Solidária ao Eixo Características do Material Rodante Os eixos são montados paralelamente no TRUQUE isso limita os raios mínimos de curva em valores bem superiores às rodovias. 40 Os frisos mantém o trem nos trilhos evitando um deslocamento lateral que provoque um descarrilamento 41 Frisos nas Rodas Características do Material Rodante Centraliza o veículo nos trilhos. Diminui um pouco o escorregamento nas curvas 42 Conicidade das Rodas Características do Material Rodante As cargas são dispostas nas extremidades dos eixos, diferentemente dos caminhões. nunca estão fora do gabarito da caixa. 43 Carga nos Eixos Características do Material Rodante 44 Eixos Características do Material Rodante http://www.sctco.com/pdf/Section1.pdf 5. PLATAFORMA FERROVIÁRIA 45 • a superfície final da infraestrutura constitui a chamada plataforma, a qual é formada por solos naturais ou tratados, no caso dos cortes e aterros, ou então por estruturas quaisquer no caso de obras de arte especiais; • na ferrovia a plataforma é o suporte da estrutura da via e que “recebe” através do Lastro e Sublastro as pressões devidas á circulação dos trens; • a plataforma fornece também espaço para as demais instalações necessárias a operação ferroviária como postes de rede aérea de comunicação, alimentação ou ainda para instalação superficial ou subterrânea de cabos condutores ou fibra-ótica. Plataforma Ferroviária 46 Seção Transversal de uma Linha Dupla Eletrificada – Componentes Principais 47 Cerca Drenagem Proteção do Talude Poste da Catenária Dormentes Lastr o Dreno Subsuperficial Banco de Dutos Camada Drenante Aterro Banco de Dutos Proteção do Talude Cerca Drenage mCamada Final Terraplenage m Eixo Dreno Subsuperficial Passeio Passeio Plataforma em Corte 48 Plataforma em Corte 49 • Em solo natural: pode ser usada quando o valor de resistência é atendido; os serviços preliminares consistem na roçada, remoção da camada de solo orgânico, regularização; se necessário substituição dos materiais das camadas inferiores. • Em cortes: se após a escavação as características geomecânicas atenderem às exigências de resistência e capacidade de deformação, esta será incorporada à plataforma; se necessário realiza-se a substituição dos materiais; rocha não é considerada bom material para camadas de lastro inferiores a 30cm; plataformas muito rígidas podem conduzir a destruição do lastro, especialmente se o tráfego for predominantemente de vagões pesados. Materiais da Plataforma 50 • Em aterro: em certos casos o projeto geométrico impõe a construção de aterros; de forma similar às rodovias os aterros para composição das plataformas ferroviárias devem ser construídos com materiais adequados de modo a atender às exigências de resistência e capacidade de deformação; a camada final de terraplenagem (que constitui-se no Subleito da Viapermanente ou Superestrutura) deverá ser de material de melhor qualidade de modo a atender as características de suporte estabelecidas em projeto. Materiais da Plataforma 51 Plataforma em Aterro 52 Corpo de Aterro Camada Final de Terraplenagem Plataforma de Terraplenagem ̴1m Plataforma em Aterro 54 Corte 55 Elementos da Via Permanente 56 5. NORMAS 58 • Como nas rodovias, o projeto e construção das ferrovias devem observar as determinações publicadas em normas técnicas; Essas normas tem sido estabelecidas pela ABNT, DNIT mas também podem incorporar procedimentos adotados em outros países, especialmente aqueles de grande progresso ferroviário como EUA, França, Alemanha e Japão; • Nas ferrovias os parâmetros dimensionais adotados para a superestrutura afetam diretamente a infraestrutura. Normas Técnicas 59 • BRINA, H. L. “Estradas de Ferro” – Vol. 1 e 2 – Livros Técnicos e Científicos Editora S/A – Rio de Janeiro/RJ • Porto, T. G.; Apostila do Curso PTR 2501, EPUSP; disponível em http://www.poli.usp.br/d/ptr0540/download/ApostilaNova.pdf • Borges Neto, C; Manual Didático de Ferrovias; UFPR • Greco, J A S; Notas de aula de ETG033 - Construção de Estradas e Vias Urbanas; UFRGS • Dexheimer, L e Bragança F; Notas de Aula; UFRGS • http://www.amantesdaferrovia.com.br/profiles/blogs/os-dez-trens- mais-legais-e-insanos-ja-construidos Bibliografia 60