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Duplicata Virtual e sua Aplicaçao no Comercio Eletronico

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO FINANCEIRA
DUPLICATA VIRTUAL E SUA APLICAÇÃO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO
ARTIGO CIENTÍFICO
Danilo Orsida Pereira de Sousa
Dionísio Orsida Pereira de Sousa
GOIÂNIA, GO
2009
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO E M GESTÃO FINANCEIRA
Danilo Orsida Pereira de Sousa
Dionísio Orsida Pereira de Sousa
DUPLICATA VIRTUAL E SUA APLICAÇÃO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO
 
Artigo científico apresentado como 
requisito parcial para a conclusão do 
curso de Especialização em Gestão 
Financeira.
GOIÂNIA, GO
2009
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mercado Brasileiro de Comercio Eletrônico ---------------------------------------------- 15
Figura 2: Evolução do Varejo On line -----------------------------------------------------16
RESUMO
O presente artigo estrutura-se em 3 tópicos centrais, o primeiro traça a 
contextualização acerca da definição de Títulos de Crédito, destacando suas 
características e princípios gerais norteadores do Direito Empresarial.No 
segundo capítulo, serão observados aspectos sobre e-Commerce, ou como 
preferem alguns teóricos, comércio eletrônico, momento em que se analisará 
os pontos importantes acerca das novas configuração do mercado virtual. Em 
arremate, no terceiro capítulo será traçado um comparativo entre a Duplicata 
Cartular e a Duplicata Virtual, onde a finalidade maior é refletir e compreender 
a intenção do legislador na flexibilização de alguns preceitos doutrinários em 
prol de uma agilização no comércio de títulos de créditos na era da 
informática.Por fim, em conclusão do presente estudo, algumas considerações 
são traçadas sobre as Duplicatas Virtuais e a sua importância no cenário 
contemporâneo e as necessidades de adequação do meio jurídico a esses 
novos mecanismos de crédito.
Palavras-chave: Duplicata virtual, E-commerce, títulos de crédito.
 
4
INTRODUÇÃO
Atualmente, a utilização da Internet e do mercado eletrônico, são 
realidades tanto no mundo científico quanto no mundo de negócios. A todo o 
momento vê-se reportagens em jornais, revistas e televisão confirmando a 
importância que a rede mundial de computadores vem adquirindo neste 
mundo. Segundo SILVA (1998), o modelo tradicional de realização de negócios 
está se tornando obsoleto, e o que era uma receita de sucesso no passado, 
pode levar a um fracasso futuro. 
Ora, a Internet e a construção de ambientes virtuais 
hodiernamente apresentam-se como ferramentas fundamentais para 
negociação entre as empresas que atuam em diversos seguimentos da 
economia. Estima-se que existam atualmente, no Brasil, cerca de trinta milhões 
de pessoas com acesso à Internet, das quais, cerca de quatro milhões já 
realizam compras on-line regularmente. 
Entretanto, as transações através de títulos de crédito, esbarram 
nas novas configurações que o mercado começa a exigir, fomentando novas 
reflexões acerca da finalidade de tais documentos, e até mesmo a revisão 
alguns conceitos, sejam eles legais ou até mesmo doutrinários, afim de que se 
possa criar um ambiente de confiabilidade nas operações financeiras que se 
apresentam cada vez mais informatizadas e menos cartularizadas. 
Como disserta Bulgarelli1 (2001, p.17), os títulos de crédito 
representam o principal instrumento de circulação da riqueza. Contudo as 
novas formas de relações comerciais, hoje eminentemente virtuais, e 
independentemente dos riscos de segurança no mundo cibernético, nos fazem 
crer que o direito e a informática tem que estar necessariamente caminhando 
na mesma direção.
1 BULGARELLI, Waldirio. Títulos de Crédito, São Paulo: Atlas, 18ª edição, 2001, p. 17
MÉTODO
O presente trabalho objetiva esclarecer a questão da desmaterialização dos 
títulos de crédito frente à evolução do mercado eletrônico. Desta maneira, o 
enfoque maior será dado a figura da duplicata virtual. Com efeito, o método de 
abordagem utilizado é o dedutivo, uma vez que o presente trabalho tem como 
objeto de estudo normas que, apreciadas em sua estrutura, constituem objetos 
ideais. Entretanto, o método indutivo também será essencial ao estudo, visto 
tratar-se de uma pesquisa bibliográfica documental que permitirá conceber 
certos esquemas genéricos de comportamentos possíveis, com auxílio dos 
quais a estimativa do fato humano pode expressar-se em normas jurídicas, 
incluindo, ainda, como ferramenta, a pesquisa bibliográfica e referencial teórico, 
obras científicas de doutrinadores renomados e estudiosos da ciência jurídica, 
econômica e áreas afins. Assim, os resultados serão analisados por meio de 
uma abordagem qualitativa, registrando-os de forma sistemática, de tal forma a 
tornar possível a obtenção dos objetivos aqui propostos. 
5
6
1- TITULOS DE CRÉDITO
1.1 – Conceito
O crédito tem seu fundamento na fidúcia, na ideia da confiança 
aplicada aos negócios; nasce da qualidade da pessoa que promete e a ele se 
obriga. A própria palavra crédito, do latim creditum, que decorre da expressão 
credere, significa "confiar", "ter fé".
Numa concepção economicista, o crédito pode ser entendido 
como a troca de um bem presente por outro futuro, possibilitando àqueles que 
não dispõem de dinheiro transacionar no mercado.
Bertoldi e Ribeiro2 (2006,p. 351), abordando a matéria, dissertam 
com propriedade sobra a importância do crédito, a saber:
“O crédito é de fundamental importância para a implementação das 
mais variadas atividades econômicas. Para o comerciante, a 
possibilidade de oferecer sues produtos mediante pagamento a prazo 
significa facilitar, em muito, o poder de compra de seus clientes, 
fazendo com que suas vendas aumentem. Para o industrial, obter 
crédito perante uma instituição financeira ou do fomento significa a 
viabilização de um empreendimento que, com recursos próprios, não 
teria condições de desenvolver.”
 Sendo assim, a utilização do crédito evidenciou o problema da 
circulação dos direitos creditórios. A união patrimônio e pessoa, sendo o 
patrimônio um acessório da pessoa, caso esta contraísse dívidas, a obrigação 
pecuniária assumida em tempos passados ficava sem solução, uma vez que a 
própria pessoa deveria cumpri-la. Aparece o crédito como elemento novo a 
facilitar a vida dos indivíduos e, conseqüentemente, o progresso dos povos. 
Difícil era a circulação dos capitais através do crédito; criaram-se, 
então, os títulos de crédito, em que os capitais, pela rápida circulação, tornam-
se mais úteis e, portanto, mais produtivos, permitindo que deles melhor se 
disponha a serviço da produção de riquezas.
Os títulos de crédito surgiram na Idade Média, com algumas das 
características que possuem hoje. O seu nascimento foi mais um fruto de 
2 BERTOLDI, Marcelo M., RIBEIRO, Márcia Carla Pereira. Curso Avançado de Direito 
Comercial. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 351
necessidades momentâneas de caráter mercantil, do que um procedimento 
visando especialmente à evolução de um problema jurídico.
Nesta esteira de pensamento, Waldirio Bulgarelli3 (2001, p.17) 
sustenta que:
“(...) A importância do crédito para o desenvolvimento da economia 
tem sido destacada unicamente, tanto por economistas como pelos 
juristas, que vêem nele o responsável pelo crescimento da economia 
das nações, em geral, e das empresas e suas operações, em 
particular (...)”.
Esse entendimento reforça a tese de que a empresaé hoje a 
principal fonte de desenvolvimento econômico de uma nação.
Fran Martins4 (1998, p. ), do mesmo modo, sustenta que:
“(...) para ser título de crédito é necessário que a declaração 
obrigacional esteja exteriorizada em um documento escrito, corpóreo, 
em geral uma coisa móvel (cartularidade). Tal documento é 
necessário ao exercício dos direitos nele mencionados. E continua a 
expôr que a literalidade, por sua vez, reside no fato de que só vale o 
que se encontra escrito no título. Por último, relata que a autonomia 
do título de crédito determina que cada pessoa que a ele se vincula 
assume obrigação autônoma relativa ao título. É em razão da 
autonomia do título de crédito que o possuidor de boa-fé não tem o 
seu direito restringido em decorrência de negócio subjacente entre os 
primitivos possuidores e o devedor(...).”
Tal entendimento é reforçado pelo pensamento de Olney Queiroz 
Assis5:
“A Constituição Federal, ao proclamar o princípio da livre iniciativa 
como fundamento da ordem econômica, atribui à iniciativa privada o 
papel primordial na produção ou circulação de bens ou serviços. A 
livre iniciativa, dessa forma, constitui a base sobre a qual se constrói 
uma ordem econômica, cabendo ao Estado apenas uma função 
supletiva(...)”
Em sua acepção econômica o crédito significa a confiança que 
uma pessoa deposita em outra, a quem entrega coisa sua para que, em futuro, 
receba coisa equivalente. O dinheiro é um instrumento de troca por excelência, 
3 BULGARELLI, Waldirio. Títulos de Crédito, São Paulo: Atlas, 18ª edição, 2001, p. 17
4 MARTINS, Fran. Títulos de Crédito. v 1: Letra de Câmbio e Nota Promissória Segundo a Lei 
Uniforme. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998
5 ASSIS, Olney Queiroz. Código Civil de 2002: a iniciativa privada e a atividade de produção 
ou circulação de bens ou serviços, Jus Navigandi, Teresina, a. 8, n. 231
7
e o que caracteriza a operação creditória é a troca de um valor presente por um 
valor futuro.
Segundo Coelho6 (apud Vivante, 2007, p.233) título de crédito é o 
documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele 
mencionado. 
O traço característico do crédito está na espera da coisa nova, 
que irá substituir a coisa vendida ou emprestada. Temos, então, dois 
elementos fundamentais que decorrem da troca de um valor presente e atual 
por um valor futuro: confiança e tempo.
Waldo Fazzio Júnior7(2005, p.369), por sua vez, com claridade 
solar define:
“Não são necessárias muitas palavras para a compreensão do 
significado do crédito. Juridicamente, é o direito a uma prestação 
futura, fundado, essencialmente, na confiança e no prazo. Dilação 
temporal e boa-fé são seus elementos nucleares.
O título de crédito é um documento que, observadas determinadas 
características legais, representa e mobiliza esse direito, conferindo-
lhe concreção, densificando-o”
Posto isso, vale acrescer que para o referido autor, as modernas 
organizações comerciais jamais poderiam desenvolver com suficiente 
amplitude seus negócios e atuar eficazmente no mercado, sem a utilização do 
crédito, instrumento por excelência da mobilização de capitais, o que por sua 
vez, no seu sentir, tais títulos tem o condão de dar circularidade ao capital 
inerte, ensejando-lhe maior utilidade. 
 Logo, verifica-se que a confiança fundamenta o próprio conceito 
de crédito, em seu aspecto econômico, ao passo que para que haja um desate 
numa determinada atividade comercial envolvendo a circulação de títulos de 
crédito, a confiança que uma pessoa inspira a outra de cumprir, no futuro, 
obrigação assumida, marca um passo avantajado para o desenvolvimento das 
relações comerciais.
1.2- Características
6 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Títulos de Crédito. 17ª ed.Ed. Saraiva. 2006, p. 233
7 JÚNIOR, Waldo Fazzio. Manual de Direito Comercial. 4ª edição. Ed. Atlas, 2005, p. 369.
8
A larga utilização dos títulos no mercado, ensejou a necessidade 
de padronização dos títulos, afim de proporcionar até mesmo maior 
negociabilidade nas transações. 
Dentre as principais características atribuídas aos títulos de 
crédito, que lhes dão agilidade e garantia, são: a) negociabilidade representada 
pela facilidade de circulação do crédito que o título representa;b) executividade 
isto é, a representativa garantia de cobrança mais ágil quando o credor resolve 
recorrer ao judiciário visando à satisfação do crédito.
O Código Civil contemporâneo (lei 10.406 de 10 de Janeiro de 
2002) em seu artigo 887, define título de crédito como "documento necessário 
ao exercício do direito literal e autônomo nele contido". 
Deste conceito, extrai-se justamente os três princípios 
fundamentais dos títulos de crédito, ou seja, do direito cambiário, a saber: a 
literalidade (direito literal - valor expresso), a autonomia (direito autônomo – 
independência) e a cartularidade (documento necessário – original).
1.2.1 Literalidade
A literalidade é o atributo do título de crédito pelo qual somente é 
considerado aquilo que no título está expresso, ou seja, só vale o que nele esté 
contido. Essa literalidade funciona de modo que somente do conteúdo ou teor 
do título é que resulta individuação e a delimitação do direito cartular. 
Bertoldi e Ribeiro (2006,p. 351)8, sobre o assunto em pauta 
ensinam:
“O princípio da literalidade tem razão de ser na medida em que 
propicia segurança jurídica para o adquirente do título. Esclarecendo: 
o título está destinado a circular tal como se encontra redigido, sendo 
a aquisição do direito nele estampado fundamentada tão-somente 
nos termos do que nele vem redigido, de forma que seu adquirente, 
de posse do título, tem plenas condições de identificar seu conteúdo, 
extensão e modalidade dos direitos que representa.” 
Na realidade, a declaração cartular tem uma natureza constitutiva 
de um direito autônomo e independente da relação fundamental e, não se 
confundindo com formalismo, aliás, registre-se que ambos têm estrutura e 
8 BERTOLDI, Marcelo M., RIBEIRO, Márcia Carla Pereira. Curso Avançado de Direito 
Comercial. 3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 356/357.
9
funções diversas.
O formalismo é estabelecido pela Lei e define o teor específico do 
documento sem o qual estará comprometida a sua existência, enquanto a 
literalidade visa à subordinação dos direitos cartulares unicamente ao teor do 
que está escrito, atribuindo relevância jurídica aos elementos contidos na 
cartular.
Deste princípio, em suma, resulta que o adquirente de um título, 
adquire o direito tal qual nele está inserto literalmente, na medida em que
1.2.2 Autonomia
O título de crédito é documento autônomo, pois, quando este é 
transferido, o que é objeto de transferência é o título e não o direito que nele se 
contém.
Segundo o artigo 887, o título de crédito contém um direito 
autônomo, o que por sua vez, consiste em considerar cada obrigação derivada 
do título de crédito como independente e autônoma em relação às demais 
obrigações constantes do título e em relação aos vínculos existentes entre os 
possuidores anteriores e o devedor, sendo esta, um requisito fundamental para 
a circulação dos títulos de crédito. Pela autonomia, seu adquirente passa a ser 
o titular do direito autônomo, independente da relação anterior entre os 
possuidores.
Deste princípio resulta que a obrigação referente a cada 
participante no título é autônoma, e o obrigado tem que cumpri-la, em favor do 
portador, nascendo daí o princípio, da inoponibilidade das exceções, segundo o 
qualnão pode uma pessoa deixar de cumprir sua obrigação alegando (opondo 
exceções) suas relações com qualquer obrigado anterior.
Em linhas gerais, a obrigação, em princípio, tem a sua origem, 
nos verdadeiros títulos de crédito, em um ato unilateral de vontade de quem se 
obriga: aquele que assim o faz não subordina sua obrigação a qualquer outra 
por acaso já existente no título. Daí poder o portador, no momento oportuno, 
exigir de qualquer obrigado à realização da obrigação por ele assumida, desde 
que tenha praticado os atos determinados por lei. 
1.2.3 Cartularidade
10
O título de crédito é sempre um documento representado por um 
pedaço de papel, isto é uma cártula. Portanto cártula significa o direito (abstrato 
que se incorpora), que se apresenta sob a forma de título. É a exteriorização do 
título por meio de um documento. 
O Princípio da Cartularidade, que nos dizeres de Fábio Ulhoa9 
(2007, p.233 )
“para que o credor de um título de crédito exerça os direitos por ele 
representados é indispensável que se encontre na posse do documento 
(também conhecido como cártula). Sem o preenchimento dessa condição, 
mesmo que a pessoa seja efetivamente a credora, não poderá exercer o seu 
direito de crédito valendo-se dos benefícios do regime jurídico-cambial ”
Entretanto, vale dizer que hodiernamente tem-se relativizado este 
princípio, isso em razão até mesmo do advento da informática no campo da 
documentação de obrigações comerciais, com a criação de títulos de crédito 
não cartularizados, dentre estes enquadra-se a figura da duplicata virtual, 
matéria em análise.
Nas palavras de Fazzio Júnior10 (2005, p.371), cartularidade 
significa a densificação do direito de crédito no documento. O direito pode 
exercitar-se em virtude do documento, ou seja, o documento torna-se 
imprescindível à existência do direito nele apontado e necessário para sua 
exigibilidade.
Como se vê, a cartularidade é, pois, a imperiosa necessidade da 
apresentação do título para o exercício do direito nele mencionado, ou seja, o 
credor deve possuí-lo, deve apresentá-lo ao devedor e deve restituí-lo a este 
quando receber o respectivo valor.
Na ausência do título de crédito, não está o devedor obrigado a 
cumprir a prestação respectiva. Indispensável, pois, para a exigibilidade do 
crédito é a exibição do documento original. 
Feitas estas observações, nota-se que a finalidade maior das 
características aqui elencadas é proporcionar aceitação pacífica aos títulos, 
possibilitando a sua circulação sem demais embaraços. 
9 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2007. p.233
10 JÚNIOR, Waldo Fazzio. Manual de Direito Comercial. 4ª edição. Ed. Atlas, 2005, p. 371.
11
Entretanto, imperioso destacar que diante das novas 
possibilidades criadas pelo advento das relações comerciais eletrônicas e até 
mesmo em razão da informatização, estes conceitos cada vez mais perdem o 
caráter absoluto. 
12
2. E-COMERCE
2.1. Noções Conceituais
Desde os anos 50, os computadores são usados para executar 
aplicações empresariais comuns. Muitos dos sistemas pioneiros objetivam 
apenas reduzir custos, mediante a automatização de muitas rotinas e sistemas 
empresariais de mão de obra intensiva. Uma transação equivale a qualquer 
troca relacionada ao negócio como pagamento de empregados, vendas para 
clientes ou pagamentos de fornecedores.
Posto isso, a fim de explicitar a matéria, cumpre trazer a baila o 
escólio de Albertini11 (2004, p.74),ao qual define e-commerce nos seguintes 
termos, in verbis:
“a realização de toda cadeia de valor dos processos de negócio num 
ambiente eletrônico, por meio de aplicação intensa de tecnologias de 
comunicação e de informação, atendendo aos objetivos do negócio.”
O Comércio eletrônico em termos gerais é a capacidade de 
realizar transações envolvendo a troca de bens ou serviços entre duas ou mais 
partes utilizando ferramentas eletrônicas e tecnologias emergentes
 Através da Internet, por exemplo, um comprador tem acesso a 
novos mercados, efetuará suas compras com maior agilidade e ainda pode 
testar produtos e serviços personalizados antes de comprar. 
Pelo que se observa, a consolidação das transações comerciais 
eletrônicas, está reconstruindo uma natureza dos contratos. Entretanto, vale 
destacar que embora seja uma figura nova, que ainda amadurece nas relações 
jurídicas, há de se respeitar alguns requisitos para a tessitura dessas relações.
Erica Brandini Barbagalo12 (2001, p. 12), por sua vez sustenta: 
“para que tenham validade jurídica e surtam os feitos pretendidos 
pelas partes, os contratos eletrônicos, assim como quaisquer 
contratos, precisam ter presentes os requisitos que lhe asseguram a 
validade, como capacidade e legitimação das partes, objeto idôneo e 
licitude do objeto, forma prescrita ou não defesa em lei e 
consentimento”
11 ALBERTIN apud BARBOSA, Lucio de Oliveira. Duplicata Virtual . São Paulo : Memoria 
Juridica, 2004. p. 74
12 BARBAGALO, Erica Brandini. Contratos Eletrônicos. São Paulo. Saraiva, 2001. p. 12
13
Na realidade, o comércio eletrônico não demanda nenhum outro 
tipo de operação diferente do comércio tradicional. No final, tudo se resume em 
comprar e vender. São os hábitos globais dos consumidores que pressionam 
as empresas a inovarem continuamente em termos de contato com os clientes, 
agilizando vendas, realizando uma distribuição mais eficiente e promovendo 
marketing econômico e interativo (SILVA,1998) 13. 
2.2. Tipos de comércio eletrônico
O comércio eletrônico é dividido em dois tipos distintos de 
comércio, quanto aos agentes que participam do mesmo, sendo eles; o B2C 
(Business to Costumer) e o B2B (Business to Business).
Referente ao B2C, entende-se como sendo vendas diretamente 
ao consumidor final, ou seja, diretamente do fornecedor ao consumidor. As 
empresas vendem seus produtos e prestam seus serviços por meio de um web 
site a clientes que os utilizarão para uso particular.
Em relação ao B2B, entende-se como sendo comercialização não 
para usuário final, ou seja negócios entre empresas. As empresas podem 
intervir como usuárias – compradoras ou vendedoras – ou como provedoras de 
ferramentas ou serviços de suporte para o comércio eletrônico (por exemplo, 
instituições financeiras, provedores de serviços de internet, etc).
Como se observa facilmente, a grande distinção que se tem entre 
esses dois tipos de comércio é o fato de o B2C ser realizado entre pessoa 
jurídica, ou seja, o fornecedor e uma pessoa física, o consumidor. No caso do 
B2B, o comércio se realiza entre duas pessoas jurídicas diferentes.
2.3. Evolução do comércio eletrônico no Brasil
No Brasil, a Internet surgiu em 1988, mas apenas no ano de1995, 
com a publicação da Portaria nº. 295, de 20/07/1995, pelo Ministério das 
Comunicações, é que a Internet efetivamente passou ater uso comercial em 
nosso país. 
13 SILVA, A.L.A Emergência da Empresa Virtual e os requisitos para os Sistemas de 
Informação . Revista Gestão & Produção, dez 1998.
14
 Somente três anos após a publicação da referida portaria,é que 
foi possibilitada a comercialização do acesso à rede, por empresas conhecidas 
como"provedoras de acesso". Surgiram assim, os chamados “WEBSITES” de 
comércio eletrônico, que primeiramente eram utilizados como mecanismos de 
veiculação de propaganda ou mídia sobre os produtos. A partir de então, se 
pode verificar que o mundo eletrônico foi evoluindo cada vez mais, com 
criações tecnológicas surpreendentes. Teve início àcomercialização de bens 
pela Internet, principalmente bens destinados ao consumo. 
Para comercialização desses bens e regulamentação dos acordos 
firmados entre as partes contratantes, surgiu a celebração do contrato pela 
Internet. O aumento no consumo via internet foi notório pelo rápido acesso a 
compra e, consequentemente, aos contratos de compra e venda, induzindo a 
forma de contratação a mesma velocidade. O comércio eletrônico no mercado 
brasileiro está consolidado e apresenta claros sinais de evolução, mesmo que 
ainda possa ser considerado em um estágio intermediário de expansão 
(AlLBERTIN, 2001). 
No Brasil, a internet ainda não é um veículo de vendas em massa, 
o que pode ser explicado perfil ainda restrito dos usuários brasileiros, elitizado 
pela escassez e pelo preço dos computadores em geral (ALVES et al , 2000). 
A figura 1 mostra dados projetados da evolução do número de 
usuários e compradores no mercado nacional, a saber:
Fonte:IDC –Instituto de Desenvolvimento Cultural
Figura 1: Mercado Brasileiro de Comercio Eletrônico
15
Figura 2: Evolução do Varejo On-line
 
 Fonte eBit - Compilação www.e-commerce.org.br
 
16
3- DUPLICATA
3.1 – Conceito
Como é cediço, a duplicata é uma espécie de título de crédito 
criada pelo direito brasileiro, tendo como marco inicial, o art. 219 do Código 
Comercial, isto é, da Lei nº 556/1850, ao qual já previa:
“ Art. 219 - Nas vendas em grosso ou por atacado entre 
comerciantes, o vendedor é obrigado a apresentar ao comprador por 
duplicado, no ato da entrega das mercadorias, a fatura ou conta dos 
gêneros vendidos, as quais serão por ambos assinadas, uma para 
ficar na mão do vendedor e outra na do comprador. Não se 
declarando na fatura o prazo do pagamento, presume-se que a 
compra foi à vista (artigo nº. 137). As faturas sobreditas, não sendo 
reclamadas pelo vendedor ou comprador, dentro de 10 (dez) dias 
subsequentes à entrega e recebimento (artigo nº. 135), presumem-se 
contas líquidas.”
Conforme se vê, já existia por parte do legislador a preocupação 
com a representação documental na relação comercial, criando-se assim, uma 
forma de registrar documentalmente a relação estabelecida nos atos de 
compra e venda mercantil.
Embora bem diferente da que circula nos dias atuais, pode-se 
dizer que a duplicata já existia desde o Código Comercial de 1850, isso porque 
ao comerciantes já era imposto aos comerciantes a emissão de fatura 
-duplicata, registrando-se por escrito a relação das mercadorias negociadas.
Neste passo, vários foram os diplomas legais que registraram a 
preocupação com às duplicatas, sendo a mais relevante, a Lei nº 5.474/68, a 
chamada Lei das Duplicatas, diploma legal vigente, que regulamenta as 
duplicatas.
Rubens Requião14 (1998, p. 435) resgatando o desenvolvimento 
histórico da duplicata, aponta que o seu nascedouro encontra respaldo na Lei 
nº 5.474, de 1968, ao qual com didática professoral, aduz o autor:
14 REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 17 ed. 2º Vol. Saraiva,1988, p. 435.
17
“Com a extração da fatura de venda o vendedor poderá sacar uma 
duplicata correspondente, para circular como título de crédito. Esse 
título é a duplicata comercial, ou duplicata de fatura, por alguns 
também denominada conta assinada. São três expressões sinônimas. 
A Lei nº 5.474, de 1968, não exige a emissão da duplicata, 
constituindo, portanto, uma faculdade do credor. Se pretender ele 
operar bancariamente com o crédito resultante da venda, emitirá a 
duplicata; não o desejando, porém, poderá cobrar simplesmente a 
fatura do comprador, sem que tenha a necessidade de emitir o título. 
Pode até figurar como condição do contrato de compra e venda e não 
extração de duplicata, comprometendo-se o comprador, findo o prazo 
concedido, a efetuar o pagamento, mediante recibo na fatura ou por 
outro documento que identifique a causa da quitação”
 Na mesma esteira de pensamento é o escólio de Waldo Fazzio 
Júnior (2005, p. 465), que com clareza solar verbera:
“ A duplicata regulamentada pela Lei nº 5.474/68, é um título de 
crédito causal, facultativamente emitido pelo empresário com base 
em fatura representativa de compra e venda. Por outros termos, é um 
saque representativo de um negócio preexistente. Não é possível, 
pois, emissão de duplicata cm base em contrato de compra e venda 
para entrega futura.”
 A duplicata, como se vê, cuida-se de título de crédito emitido pelo 
fornecedor de mercadoria ou serviço, correspondente a uma fatura de venda 
mercantil a prazo (da qual é cópia), e que, aceito pelo comprador, é em geral 
descontado num banco, que efetua sua cobrança. 
Vale trazer, a título de conhecimento, o sentido dicionarizado de 
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, ao qual define duplicata nos seguintes 
termos:
“sf. 1. Cópia. 2. Título de crédito formal, nominativo, que representa e 
comprova crédito preexistente, e destinado a aceite e pagamento pelo 
comprador”
Não é uma pura e simples reprodução, já que serve para munir o 
comerciante de um título líquido e certo, facilmente negociável. Trata-se de um 
título eminentemente causal, que se manifesta de uma compra e venda 
mercantil ou da prestação de serviços. Causal em seu nascimento, já que se 
torna abstrato após o aceite, desatando-se do negócio de origem.
18
É importante sublinhar que quando a duplicata nasce não é um 
título de crédito. Ao receber o aceite é que ela passa a ser um título de crédito, 
portador dos princípios da literalidade e da autonomia. Recorda-se que a 
literalidade é o princípio que não admite discutir o que se encontra expresso no 
título, pois vale o que está nele inserido; autonomia é o princípio que determina 
o desligamento do título da relação que lhe deu origem. Graças a esses 
princípios, a duplicata torna-se abstrata, valendo apenas pelo que expresse o 
seu conteúdo, circulando, então, livremente.
3.2. Duplicata Virtual ou Duplicata em Meio Magnetico.
O hodierno Código Civil de 2002, na parte que trata das normas 
gerais sobre os títulos de crédito, reconhece, ainda que de forma superficial, a 
existência de títulos virtuais em seu art. 889, § 3º, conforme se pode ver a 
seguir:
"Art. 889: Deve o título de crédito conter a data de emissão, a 
indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do 
emitente. 
§1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de 
vencimento.
§2º Considera-se lugar de emissão e pagamento, quando não 
indicado no título, o domicílio do emitente.
§3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em 
computador ou meio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos 
neste artigo”
 Quanto às novas disposições trazidas pelo Código Civil § 3º do 
art. 889, em relação à possibilidade da emissão de títulos de crédito a partir de 
caracteres criados em computador ou em meio técnico equivalente, são 
esclarecedoras as ponderações do Professor Wille Duarte Costa15 :
15 COSTA, Wille Duarte. Títulos de crédito: de acordo com o novo Código Civil, p. 43.
19
“ (...) o § 3º introduz uma grande bobagem pois, mandando observar 
os requisitos mínimos previstos no artigo, admite que possa ser o 
título emitido a partir de caracteres criados por computador. Ora, entre 
os requisitos mínimos estabelecidos neste artigo está a assinatura do 
emitente. O que se entende então, é que o teor do título pode ser 
digitado em um computador ou meio técnico equivalente. Neste caso, 
pode sercriado em máquina de escrever, em impressora gráfica, 
computador e até de forma manuscrita.
A emissão é ato de criar o título e entregá-lo a terceiros, já com a 
assinatura. Então, não podemos admitir que o título de crédito possa 
ser criado e enviado a terceiro pelo computador. Para tanto, precisaria 
estar regulamentada a assinatura criptografada, o que não está. Seria 
preciso também regular a chave privada e a chave pública, coisa que, 
certamente, quem redigiu o artigo desconhece completamente.(...)”
Entretanto não é este um posicionamento dominante, ao qual 
podemos citar o pensamento externado Bertoldi e Ribeiro16 (2006, p. 447), que 
adotando uma linha de posicionamento mais flexível, corroboram a existência 
das duplicatas virtuais, externando o seguinte posicionamento:
“Colocando fim a qualquer dúvida a respeito da possibilidade de 
existência da duplicata virtual, dispõe o Código Civil, no § 3º. do art. 
889, que “ o título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados 
em computador ou meio técnico equivalente e que constem da 
escrituração do emitente”
Luiz Emygdio F. Da Rosa Jr17. (2000, p. 698), sobre o que chama 
de duplicata virtual, ensina: 
“ O parágrafo único do art. 8º da Lei 9.492, de 10.09.1997, em 
notável inovação, veio a permitir que as indicações a protesto de 
duplicatas mercantis e de prestação de serviços possam ser feitas 
por meio magnético ou de gravação eletrônica de dados, 
respondendo o apresentante pelos dados apresentados. Trata-se de 
reconhecimento pela lei da duplicata virtual, ou seja, não 
materializada em papel mas registrada em meios magnéticos, 
inclusive para envio aos bancos para que procedam à cobrança, 
desconto ou caução. Não havendo pagamento e não tendo o sacado 
recusado expressamente o aceite no prazo do art. 7º e por qualquer 
das razões do art. 8º, o portador poderá promover a execução com 
base no instrumento de protesto por indicações e no documento 
probatório da entrega e recebimento das mercadorias, não podendo 
falar em execução de duplicata porque esta não será apresentada”
16 BERTODI, Marcelo M e RIBEIRO, Márcia Carla Pereira Ribeiro. Curso Avançado de Direito 
Comercial. 3ª edição. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2006, p. 447.
17 Luiz Emygdio F. Da Rosa Jr. Títulos de Crédito. Rio de Janeiro. Ed. Renovar, 2000, p. 689
20
Mamede18 (2008, p. 63) no mesmo liame de pensamento, defende 
a tese da desmaterialização dos títulos de crédito, apontando ainda que este 
movimento é decorrente dos avanços da tecnologia eletrônica, que cada vez 
mais nos conduz a rotinas mais ousadas. Assim sendo, cumpre trazer a baila o 
pensamento externado pelo autor em sua obra títulos de crédito, a saber:
“ O amplo movimento transacional dos créditos iniciou-se há séculos 
e prossegue em sua evolução, deixando-nos cada vez mais distantes 
da troca de bens e serviços (o escambo), que outrora subsistiu. Ao 
longo do século XX, os avanços na tecnologia eletrônica nos 
conduziram a contextos em que se tornaram possíveis rotinas ainda 
mais ousadas, nomeadamente um amplo movimento de créditos sem 
representação material, mas com mera representação virtual, 
confinado às combinações eletromagnéticas dos arquivos eletrônicos. 
(...)
Nesse contexto, não se poderia deixar de destacar o artigo 889, §3º, 
do Código Civil, ao permitir que o título seja emitido a partir dos 
caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que 
constem da escrituração do emitente, o que já representa um 
reconhecimento da nova tecnologia no plano da teoria geral do Direito 
Cambiário.
Outra questão se mostra quando se fala em duplicata virtual, isto 
é, o seu caráter executivo.
No direito contemporâneo já se dá sustentação, contudo, à 
execução da duplicata virtual, porque não exige especificamente a sua exibição 
em papel, como requisito para liberar a prestação jurisdicional satisfativa. 
Institutos ausentes no direito cambiário nacional, como são o aceite por 
presunção, o protesto por indicações e a execução da duplicata não assinada 
permitem que o empresário, no Brasil, possa informatizar por completo a 
administração do crédito concedido.
 Ao admitir o pagamento a prazo de uma venda, o empresário não 
precisa registrar em papel o crédito concedido; pode fazê-lo exclusivamente na 
fita magnética de seu microcomputador. A constituição do crédito cambiário, 
através do saque da duplicata virtual, se reveste, assim, de plena juridicidade.
O crédito registrado em meio magnético, por sua vez, será 
descontado junto ao banco, muitas vezes em tempo real, também sem a 
necessidade de papelização. Por via telefônica, os dados são remetidos aos 
computadores da instituição financeira, que credita – abatidos os juros 
18 MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: títulos de crédito, Vol.3. 4ª ed. São 
Paulo. Atlas, 2008, p.63.
21
contratados – o seu valor na conta depósito do empresário. Nesse momento, 
expede-se a guia de compensação bancária que, por correio, é remetida ao 
devedor da duplicata virtual. 
De posse desse boleto, o sacado procede ao pagamento da 
dívida, em qualquer agência de qualquer banco do país. Em alguns casos, 
quando o devedor tem o seu microcomputador interligado ao sistema da 
instituição descontadora, já se dispensa a papelização da guia, realizando-se o 
pagamento por transferência bancária eletrônica, caso a obrigação não seja 
cumprida no vencimento, os dados pertinentes à duplicata virtual seguem, em 
meio magnético, ao cartório de protesto. 
Assim é, na maioria das grandes comarcas. Trata-se do protesto 
por indicações, instituto típico do direito cambiário brasileiro, criado inicialmente 
para tutelar os interesses do sacador, na hipótese de retenção indevida da 
duplicata pelo sacado
Voltando ao pensamento de Bertoldi e Ribeiro19 (2006, p. 447), 
mostra-se necessário destacar
“ Nos termos do que menciona o parágrafo único do art. 8º da Lei nº 
9.492/97, que regula o regime relativo ao protesto de títulos e 
documentos, poderão ser recepcionadas as indicações a protesto das 
duplicatas mercantis e de prestação de serviços, por meio magnético 
ou de gravação eletrônica de dados, sendo de inteira 
responsabilidade do apresentante os dados fornecidos, ficando a 
cargo dos tabelionatos a sua mera instrumentalização. Em virtude 
desse dispositivo legal verificamos nesses últimos anos a utilização 
em larga escala das chamadas “duplicatas virtuais”, 
consubstanciadas na operação por meio da qual o vendedor transmite 
por meio magnético ordem de pagamento para a cobrança do sacado. 
De posse das informações enviadas, o banco gera um documento 
chamado “boleto bancário”, onde constam todas as informações 
necessárias a respeito do título. Esse boleto bancário é enviado ao 
devedor, geralmente pelo correio. De posse desse documento, o 
devedor dirige-se a uma agência bancária e efetua o pagamento na 
data de seu vencimento. Veja-se em nenhum momento chegou a se 
materializar a duplicata.
Caso o sacado não venha a efetuar o pagamento em seu 
vencimento, mediante a utilização do referido boleto bancário, caberá 
ao banco, também por meio magnético, encaminhar a ordem de 
protesto ao respectivo cartório, que realizará o protesto por 
indicações, modalidade de protesto, lembre-se, que dispensa a 
apresentação física da duplicata. Fábio Ulhoa Coelho, ao defender a 
possibilidade jurídica da duplicata virtual, esclarece que “o 
instrumento de protesto da duplicata, realizado porindicações, 
quando acompanhado de comprovante dispensável a exibição da 
19 BERTODI, Marcelo M e RIBEIRO, Márcia Carla Pereira Ribeiro. Curso Avançado de Direito 
Comercial. 3ª edição. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais. 2006, p. 447.
22
duplicata, para aparelhar a execução, quando o protesto é feito por 
indicações do credor (Lei da Duplicata, art. 15, §2º). O registro 
magnético do título, portanto, é amparado no direito em vigor, posto 
que o empresário tem plenas condições para protestar e executar. Em 
juízo, basta a apresentação de dois papéis: o instrumento de protesto 
por indicações e o comprovante de entrega das mercadorias”
Eis a propósito, o escólio de Fábio Ulhoa Coelho(1998, p. 
458)20 in Curso de Direito Comercial:
“ Não há, na lei, nenhuma obrigatoriedade do papel como veículo de 
transmissão das indicações para protesto, de modo que também é 
plenamente jurídica a utilização dos meios informáticos para a 
realizar.”
Portanto, pelo que se vê, embora não seja matéria consensual na 
literatura sobre a matéria, contemporaneamente não se pode mais negar a 
existência dos títulos de crédito eletrônicos.
Embora já seja uma realidade, há de se reconhecer que o 
processo de mudança gera discussões. Ainda vivemos numa sociedade do 
papel, onde a cartularidade dos títulos de crédito é marcante.
Todavia, vale acrescer que os Tribunais brasileiros, 
acompanhando a inovação trazida pela Lei substantiva supra citada, tem 
reconhecido a figura dos títulos de créditos eletrônicos no ordenamento jurídico 
nacional, razão pela qual, cada vez mais se consolida na jurisprudência 
brasileira a existência das duplicatas virtuais.
A este respeito, convêm destacar o posicionamento já externado 
pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, acerca da matéria em testilha, in 
verbis:
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CAUTELAR E DECLARATÓRIA 
JULGADAS EM ÚNICA SENTENÇA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
NULIDADE DE TÍTULO ENVIADO PARA PROTESTO C/C 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. DUPLICATA POR 
INDICAÇÃO ENCAMINHADA A APONTE POR MEIO DE BOLETO 
BANCÁRIO. CONFIRMAÇÃO DO DECISUM. I – Não negando o 
autor a existência da relação comercial com a empresa sacadora, 
bem como sua inadimplência, advém a possibilidade de emissão de 
duplicata. Título que surge de lançamento contábil, sendo 
desnecessária, portanto, a Indicações presentes no boleto bancário 
confirmadas pelo sacado, autorizando, como decorrência o seu 
20 COELHO, Fábio Ulhoa . Curso de Direito Comercial, volume 1, Editora Saraiva, 1998, p. 
458
23
aporte. Existência da chamada duplicata virtual. Protesto por 
indicação válido. II - Demais disso, não havendo nulidade nos 
protestos efetuados, não haveria que se falar em supostos danos 
morais. Recurso conhecido e improvido.”21 grifo nosso
“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NEGATIVA DE 
DÉBITO C/C SUSTENÇÃO DE PROTESTO. PROTESTO DE 
DUPLICATA POR INDICAÇÃO TIRADA POR MEIO DE BOLETO 
BANCÁRIO. VALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. I - A duplicata é 
um título causal, condicionada a efetiva entrega das mercadorias, 
bem como sua inadimplência, legitima e a emissão da duplicata. II - 
Não procede o pedido de anulação dos protestos por indicação 
tirados de boletos bancários representativos da cártula, frente a 
desmaterialização dos títulos de crédito. Existência da chamada 
duplicata virtual. III - Apelo conhecido e improvido22 grifo nosso
Neste diapasão, na mesma esteira de pensamento são os 
julgados de outros Tribunais de Justiça, a saber:
“APELAÇÃO CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. FORNECIMENTO DE 
LEITE. RECEBIMENTO DO PRODUTO. DÍVIDA EXISTENTE. 
PROTESTO. 1. Nos termos do art. 333, I, CPC, cabe ao autor 
comprovar fato constitutivo do seu direito. APELAÇÃO CÍVEL Nº 
126702-3/188 (200802274646) Demandante que não demonstra a 
sua versão no tocante as condições de pagamento dos produtos 
(32.024 litros de leite) recebidos. 2. Comprovado o negócio jurídico 
subjacente, admitido pelo próprio autor, bem como a existência da 
dívida, cabível a emissão de boletos bancários, que substituem as 
duplicatas e podem ser levados a protesto ante a inadimplência do 
devedor. 3. Inexistência de responsabilidade civil a ser imputada à ré 
em virtude do procedimento adotado. Negaram provimento. 
Unânime.”23 grifo nosso
“AÇÃO DECLARATÓRIA. PEDIDO LIMINAR DE SUSTAÇÃO DE 
PROTESTO. DUPLICATA POR INDICAÇÃO ENCAMINHADA A 
APONTE POR MEIO DE BOLETO BANCÁRIO. AÇÃO 
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE TÍTULO PASSÍVEL DE 
PROTESTO. AUTOR QUE, NO ENTANTO, NÃO NEGA A COMPRA 
E VENDA MERCANTIL, TAMPOUCO O RECEBIMENTO DA 
MERCADORIA OU ALEGA PAGAMENTO. INDEFERIMENTO DA 
INICIAL QUE SE CONFIRMA. Não negada a compra e venda 
mercantil, tampouco sua perfectibilização mediante a entrega da 
mercadoria, bem como admitido o inadimplemento, autorizada a 
emissão de duplicata e seu aponte para protesto por falta de 
pagamento. Inócuo argumento de que o autor pretendia provar a 
inexistência da duplicata, pois que a possibilidade de sua existência 
surge quando do lançamento contábil, não sendo a impressão do 
título em papel pressuposto de sua existência. Pretensão que conflita 
21 TJGOAPC. n° 126719-7/188, Rel. Des.Felipe Batista Cordeiro. 3ª Câmara Cível. DJ 207 de 
03/11/2008.
22 TJGOAPC nº 126702-3/188 . Rel. Dr. Jair Xavier Ferro. 3ª Câmara Cível. DJ 294 de 
13/03/2009 
23 TJRS, APC nº 70011865292, Relator: Odone Sanguiné. 9ª Câmara Cível. Julgado em 
24/08/2005
24
com os fatos, porquanto já demonstrada a existência do título, ainda 
que virtual, pelas indicações constantes do boleto bancário, as quais, 
ademais, vieram corroboradas pelo próprio sacado. Fatos que não 
amparam juridicamente a pretensão ensejam o indeferimento da 
inicial por inepta. Apelação improvida por maioria.” 24 grifo nosso
Pelo arrazoado, fica fácil reconhecer que os títulos virtuais cada 
vez mais se tornam realidade frente as evolução nas relações comerciais, aliás, 
o que se extrai dos posicionamentos dos tribunais de justiça brasileiros, é que a 
duplicata virtual já é uma realidade que se consolida.
Com efeito, pode-se destacar ainda que as empresas e o 
mercado financeiro é que se beneficiam com toda esta situação, já que com a 
consolidação das duplicatas virtuais, a necessidade imediata de disponibilidade 
financeira e até mesmo as barreiras impostas pela distância serão superadas 
nas operações mercantis, ou seja, ao invés de utilizarmos a moeda para 
circular a economia, ao passo que os títulos virtuais já se apresentam como 
grandes instrumentos na política de creditícia das empresas.
Por fim, vale sublinhar a importância da matéria para os 
profissionais ligados à Gestão Financeira das empresas, porquanto o mercado 
globalizado já desponta para o e-commerce, isto é, comércio eletrônico, razão 
pela qual, imperioso se faz conhecer as novas configurações que os títulos 
creditícios tem assumido nos últimos anos.
24TJRS. APC nº 70011428125, Relator: Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes. 18ª Câmara 
Cível. Julgado em 19/05/2005.
25
CONCLUSÃO
A temática do títulos de crédito envolve questões amplas que vão 
desde a da criação do crédito, recebimento ou o protesto, sem contarmos com 
o avanço da tecnologia, que a cada dia nos apresenta novas soluções, 
eminentemente simples, práticas e eficientes. 
Diante do arrazoado, no presente trabalho, conclui-se que a 
circulação do crédito através do meio magnético, já se configura como uma 
realidade, fomentandoa necessidade de relativização de alguns preceitos do 
direito cambiário intrinsecamente ligados à condição de documento dos títulos 
de crédito, isto é, cartularidade, literalidade. 
Ademais, da mesma maneira, percebe-se que crédito é elemento 
fulcral no mercado, ao passo que afasta a necessidade imediata de 
disponibilidade de moeda para as operações mercantis, ambiente 
informatizado.
Em suma, extrai-se da matéria pesquisada que a legislação e o 
posicionamento jurisprudencial nos Tribunais brasileiros, em específico, no 
Estado de Goiás, já sinalizou no sentido de reconhecer a figura das duplicatas 
virtuais, isto é, não ficando a parte dos novos desafios impostos pela 
modernização das relações comerciais.
De resto, convêm trazer a lume que os operadores na área da 
Gestão Financeira, deve enxergar essa nova realidade como um desafio a ser 
enfrentado, porquanto cada vez mais será exigida desta classe de 
profissionais, estratégias para uma atuação eficiente no mercado.
26
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TJGOAPC. n° 126719-7/188, Relator. Desembargador.Felipe Batista Cordeiro. 
3ª Câmara Cível. DJ 207 de 03/11/2008.
TJGOAPC nº 126702-3/188 . Relator. Dr. Jair Xavier Ferro. 3ª Câmara Cível. 
DJ 294 de 13/03/2009 
TJRS, APC nº 70011865292, Relator: Odone Sanguiné. 9ª Câmara Cível. 
Julgado em 24/08/2005
TJRS. APC nº 70011428125, Relator: Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes. 18ª 
Câmara Cível. Julgado em 19/05/2005.
28

Outros materiais