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Aula 8 DIPu 2º2018 Convencao de Viena 1986

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Tratados Internacionais
A Convenção de Viena 1986
2º semestre de 2018
Direito Internacional Público
Graduação em 
Direito &
Relações Internacionais
Especificidades
Novidades
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INTERNACIONAIS
SOBRE TRATADOS
AS CONVENÇÕES
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados
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Há 114 Estados parte que ratificaram a convenção. 
Veja a lista em http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_parties_to_the_Vienna_Convention_on_the_Law_of_Treaties.
Os Estados signatários, que não concluíram o processo de ratificação são: Afeganistão, Bolívia, Cambdja, Costa do Marfim, El Salvador, Estados Unidos da América, Etiópia, Gana, Irã, Kênia, Madagascar, Nepal, Paquistão, Trinidad e Tobago, e Zâmbia.
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados
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Há 31 Estados parte que ratificaram a convenção: México, Colômbia, Argentina, Uruguai, Senegal, Libéria, Gabão, Austrália, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Estônia, Bielorrússia, Moldávia, Bulgária, Chipre, Grécia, Espanha, Alemanha , Holanda, Bélgica, Suíça, Liechtenstein, Itália, Áustria, Croácia, Hungria, República Checa, Eslováquia, Malta e Albânia. Além disso, existem 12 organizações internacionais que emitiram confirmações formais da convenção: AIEA, ICAO, Interpol, OIT, IMO, OPAQ, Comissão Preparatória da CTBTO, ONU, UNIDO, UPU, OMS, WIPO.
Os Estados signatários, que não concluíram o processo de ratificação são: Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Estados Unidos, Brasil, Bósnia e Herzegovina, Coréia do Sul, Japão, Sérvia, Montenegro, Marrocos, Egito, Sudão, Burkina Faso, Benin, Zâmbia, e Malawi. Além disso, existem organizações internacionais que assinaram, mas não concluíram os procedimentos de confirmação formal: CoE, FAO, ITU, UNESCO e WMO.
VII e VIII: As Convenções de Viena sobre Tratados
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INTERNACIONAIS
VIII. A CVDTOI
ORGANIZAÇÕES
AS REGRAS SOBRE AS
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A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais (conhecida por seu acrônimo em inglês VCLTIO, Vienna Convention on the Law of Treaties between States and International Organizations or Between International Organizations) foi um tratado assinado em 21 de Março de 1986, redigido para complementar a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, que lidava somente com o tratado entre os Estados.
A VCLTIO deixou claro que a faculdade de celebrar tratados internacionais não era mais exclusividade dos Estados.
VIII. A CVDTOI
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O artigo 85 da Convenção estabelece que ela entrará 
em vigor depois que seja ratificada por 35 Estados 
(organizações internacionais podem ratificá-la, mas tais ratificações não entram na totalização do número necessário para entrada em vigor). 
Em 08 de maio de 2014, o banco de dados da ONU listava a ratificação de apenas 31 Estados (última ratificação pela Albânia nesta data). 
Como consequência, a Convenção ainda não se encontra em vigor.
https://treaties.un.org/Pages/ViewDetails.aspx?src=TREATY&mtdsg_no=XXIII-3&chapter=23&lang=en
Brasil assinou a Convenção em 21 de março de 1986, 
mas ainda não foi aprovado no Congresso Nacional e, 
por isso, não apresentou o instrumento de ratificação. 
VIII. A CVDTOI

O Artigo 86 confirma autenticidade do texto original nas linguas árabe, chines, espanhol, francês, inglês e russo a serem depositados junto ao Secretário Geral da ONU.
(previsão semelhante no artigo 84 prevê sobre o depósito das adesões). 
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Os tratados nascem tipicamente a partir de negociações formais entre Estados. Os tratados multilaterais tem suas negociações realizadas por meio de comissões mistas que representam seus respectivos Estados através da atuação de diplomatas, técnicos, dentre outros. 
No caso de tratados provenientes de Organizações Internacionais, as negociações tem origem por meio de um colegiado que possui plenos poderes de decisão em nome de um ou mais Estados. Normalmente, as negociações ocorrem na própria sede da Organização.
VIII. A CVDTOI
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É importante destacar dois termos que se confundem com facilidade: treaty-making capacity e treaty-making power. 
Enquanto o primeiro se refere à capacidade dos Estados de celebrar tratados, o segundo diz respeito à competência dos poderes para celebrar tratados. 
A distinção entre as duas expressões foi bem colocada por Henry Wheaton. Para ele:
VIII. A CVDTOI
 A capacidade significa que o poder de negociar ou ajustar os tratados públicos de nação a nação vigora plenamente em todo Estado soberano que não cedeu essa porção de sua soberania por meio de convenções com outros Estados
 A competência teria com base a Constituição ou lei fundamental de todo Estado individual deve determinar em quem repousa o poder de negociar e de ajustar os tratados.
(WHEATON, Henry. Elements of International Law. Londres, S. Low, Son and Company, 1886. p. 148.)
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Conceitualmente, alguns estudos afirmam não existir uma noção unanimemente aceita sobre o que se deve entender por Organização Internacional.
As características comuns das Organizações Internacionais permitem chegar a uma definição de que elas são uma associação de sujeitos de Direito Internacional, constituída basicamente por Estados, nascidas por um ato de vontade coletivo com objetivo principal de atender algumas necessidades da Comunidade Internacional.
Mesmo antes de serem reconhecidas como importante elemento na ordem jurídica internacional, as Organizações Internacionais já eram tidas como um fenômeno econômico, político e social.
VIII. A CVDTOI
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Cachapuz de Medeiros faz uma importante consideração no que diz respeito à importância delas:
VIII. A CVDTOI
[…] parece óbvia a interferência das organizações na estrutura e na dinâmica da sociedade internacional contemporânea. Nascidas para atender a certas necessidades comunitárias, as organizações provocaram acentuada modificação no regime clássico das relações internacionais, dando origem à “diplomacia parlamentar” e ensejando a passagem de uma sociedade interestadual fechada para uma sociedade aberta. Isso não significa, porém, que o desenvolvimento das organizações internacionais deva ser interpretado como expressão de um processo acelerado rumo à integração terminantemente orgânica e unitária de gênero humano em um “Estado Mundial” mas apenas que, tanto em seus elementos componentes (estrutura) como em suas formas de relacionamento (dinâmica), a sociedade internacional, basicamente interestatal, precisou retificar seu perfil clássico e ajustar-se […] a uma nova realidade […] 
(CACHAPUZ DE MEDEIROS, Antônio Paulo. O Poder Legislativo e os Tratados Internacionais. 
São Paulo, 1983. p. 351)
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Em termos gerais os Estados criam organizações para desempenharem tarefas que não podem realizar sozinhos.
O Conjunto das organizações internacionais foram hoje uma 
forte instituição mundial que permite com que os Estados institucionalizem suas relações e alcancem objetivos 
que não podem ser atingidos de forma isolada.
A função de uma organização internacional é a de promover, 
de maneira institucionalizada e permanente, 
a cooperação internacional nos termos estabelecidos 
pelo seu tratado constitutivo.
VIII. A CVDTOI

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O Tratado constitutivo de uma organização confere a ela um caráter de norma constitucional tendo como finalidade primordial atender os objetivos comuns dos Estados-membros que, por sua vez, formam o pilar financeiro das organizações.
Do ponto de vista geográfico elas podem 
 ter caráter universal (significa que não há limitação geográfica para ser membro da organização) ou 
 ter caráter regional (quando o tratado limita o âmbito geográfico de sua atuação e participação).
Sob a perspectiva de seus fins elas podem 
(a) ter fins gerais ou 
(b) ter fins específicos. 
VIII. A CVDTOI
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As organizações internacionais gozam de privilégios e imunidades, bem como os seus funcionários, a serem definidos em suas respectivas cartas com disposiçõesque definem o alcance das imunidades que seus membros lhes atribuírem.
VIII. A CVDTOI
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Conforme argumenta Michael Akenhurst (1985) quando os Estados criam uma organização internacional estabelecem-na para fins específicos e dão-lhe poderes limitados. Por essa razão, a noção de personalidade jurídica internacional deve ser considerada como um conceito relativo e não absoluto nas mãos dos Estados da sociedade internacional.
A Carta das Nações Unidades estabelece em seu artigo 104 que os Estados-membros devem outorgar à Organização das Nações Unidas, dentro de sua área de atuação, a capacidade jurídica necessária para o exercício de suas funções. 
VIII. A CVDTOI
Identifique os três elementos 
da personalidade jurídica da ONU
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O fato de as OIs exercerem poderes próprios e possuírem personalidade jurídica própria faz com que elas disponham do direito de convenção, isto é, do direito de celebrar tratados internacionais e manter relações diplomáticas.
A capacidade das OIs de celebrar trados pode ser discutida a partir de duas doutrinas 
 dos “poderes inerentes”: seriam decorrentes e diretamente expressos em seu documento constitutivo que define e limita a sua atuação 
 dos “poderes implícitos”: por serem entidades distintas de seus constituidores ela precisa de alguma liberdade para exercer seus propósitos e, portanto, não pode estar atrelado exclusivamente ao que foi expresso no documento constitutivo
VIII. A CVDTOI
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Em 1986 com a assinatura da VCLTIO fez com que a celebração de tratados alcançace novos rumos. 
Esta convenção reconhece às organizações internacionais o direito de celebrar tratados, conforme recomendação da Assembléia Geral das Nações Unidas desde 1969.
A diferença básica existente entre a celebração de tratados pelos Estados e pelas organizações internacionais começam pelo simples fato de que um sujeito não pode ser comparado ao outro. Os Estados estão balizados de acordo com sua soberania, portanto, iguais em essência. Já as organizações são diversificadas, nenhuma é idêntica a outra em razão da diversidade de suas funções.
VIII. A CVDTOI
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Distintamente dos Estados, todos iguais ante o direito internacional, as organizações internacionais resultam de instrumentos constitutivos que a elas atribuem características jurídicas próprias: tem competência mais limitada que a dos Estados e, não raro, não claramente definida (particularmente no tocante às relações exteriores). 
Apresentam as organizações variações entre si, no que concerne a suas funções, poderes e estrutura, afetando, sobretudo, sua competência para concluir tratados.
 
Se as organizações não possuem a mesma capacidade foi preciso determinar ao menos uma capacidade mínima exigível a todas.
VIII. A CVDTOI
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VIII.1. Definições e Inovações
CVDTOI
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A primeira parte da Convenção, denominada de introdução, possui cinco artigos.
O Artigo 1 menciona que a Convenção aplica-se aos tratados celebrados entre uma Organização Internacional e um ou vários Estados, ou entre várias Organizações.
O Artigo 2 trata de algumas expressões utilizadas pela Convenção. 
Dentre essas expressões destacam-se aquelas que definem:
Estado ou Organização Negociador: aquele que participou da elaboração e na adoção
Estado ou Organização Contratante: aquele que consente, posteriormente a elaboração, em obrigar-se pelo tratado, independente de sua entrada em vigor
Regras da Organização: os instrumentos constitutivos, as suas decisões e resoluções que forem adotadas respeitando a Convenção ou com as práticas internacionais.
VIII.1. Definições e Inovações
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O Artigo 6 fixou que a competência de cada organização rege-se pelas regras da própria organização.
O Artigo 7, parágrafo 3 firma obrigação de qualquer representante da organização precisar apresentar plenos poderes adequados ou então possível deduzir essa representação legítima pelas circunstâncias das partes a aceitarem como representante sem a apresentação de plenos poderes.
Já no Artigo 11, parágrafo 2 estabeleceu-se que o consentimento de uma organização pode manifestar-se pela assinatura, pela troca de instrumentos constitutivos ou de um ato de confirmação formal (aceitação, aprovação ou adesão; ou até mesmo outro meio convencionado). 
VIII.1. Definições e Inovações
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Assim como a vincluação de um Estado a um tratado é processo complexo, o Artigo 14 estabelece tais etapas complexas também as organizações. Aos Estados exige-se a ratificação. Às organizações exige-se um ato de confirmação formal.
Muita atenção à previsão específica do Artigo 20, parágrafo 3. 
No que diz respeito às reservas, caso elas sejam possíveis em um tratado constitutivo de organização internacional, a oposição por parte de um Estado-membro só terá efeito se aceita posteriormente pelo órgão competente dessa organização.
 
VIII.1. Definições e Inovações
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O Artigo 26 reafirma a vinculação das partes ao texto de um tratado, devendo cumpri-lo de boa-fé.
O Artigo 27 ratifica o entendimento predominante da sociedade internacional a respeito da adesão ao Monismo uma vez que nem os Estados podem alegar regras de direito nacional para descumprir obrigação estipulada no tratados, nem tampouco as organizações podem invocar regras da própria organiazação para deixar de cumprir os termos de um tratado firmado. 
Abre-se exceção para as hipóteses de reconhecimento da nulidade do tratado nas circunstâncias previstas no Artigo 46.
 
VIII.1. Definições e Inovações
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Quanto as terceiras partes prevê a CVDTOI que o consentimento é elemento essencial tanto para o nascimento de obrigações ou direitos (Artigo 34), entretanto:
no caso das obrigações exige-se consentimento expresso e por escrito (Artigo 35)
 no caso dos direitos o consentimento dos Estados presume-se pela não oposição (Artigo 36,1) e das Organizações Internacionais nos termos de suas regras internas (Artigo 36, 2) 
Mesmo quando as negociações resultem em adoção de tratado que fixe depositário diferente do Secretário Geral da ONU, diversos artigos asseguram que o tratado ainda assim deverá ser registrado junto a ele: Artigo 78, g;Artigo 80, 5; Artigo 81, 1. 
VIII.1. Definições e Inovações
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O Artigo 64 reafirma que a convenção é hierarquicamente inferior ao jus cogens e pode, portanto, ser revogada por ele.
O Artigo 66 e o Anexo da Convenção estipulam que deve as Nações Unidas manter Tribunal Arbitral e Comissão de Conciliação para gerir eventuais conflitos a respeito da convenção.
O Artigo 82 estabeleceu prazo até 31 de dezembro de 1986 para aceitação de novas assinaturas e, o Artigo 84 assegura que futuras adesões podem acontecer a qualquer momento, sem prazo.
 
VIII.1. Definições e Inovações
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