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RECURSO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA DA COMARCA DA COMARCA DE SÃO PAULO -SP
PATRÍCIA GOULART DE BRAGANÇA E JUNQUEIRA, já qualificada nos autos da ação penal no xxxx, por seu advogado que esta subscreve, não se conformando com a respeitável decisão que a pronunciou, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, interpor
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
com fulcro no art. 581, II, do Código de Processo Penal. 
Requer seja recebido e processado o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda que deva ser mantida a respeitável decisão, que seja encaminhado, com as inclusas razões, ao Egrégio Tribunal de Justiça (4).
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo – SP, 22 de junho de 2.017.
Advogado/OAB
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
RECORRENTE: PATRÍCIA GOULART DE BRAGANÇA E JUNQUEIRA
RECORRIDA: Justiça Pública
PROC. No XXXX
Egrégio Tribunal de Justiça, (5)
Colenda Câmara,
Douto Procurador de Justiça,
Em que pese o indiscutível saber jurídico do Meritíssimo Juiz “a quo”, impõe-se a reforma de respeitável sentença que pronunciou a Recorrente, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DOS FATOS
Foi elaborada a queixa-crime, em face de KAMYLLA PROENÇA DE ALBUQUERQUE, onde foi distribuída à 8ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo/SP. 
No entanto, antes mesmo de dar qualquer prosseguimento ao processo, o MM. Juiz Titular, sob o fundamento de que a existência de causa de aumento de pena (art. 141, III do CP) não interfere na verificação da maior gravidade do crime, entendeu que a conduta narrada na inicial (art. 138 do CP), constitui infração de menor potencial ofensivo (por possuir pena máxima cominada de dois anos), nos termos do art. 61 da Lei nº 9.099/95.
 Por este motivo, se declarou incompetente para o julgamento da queixa-crime, determinando a imediata remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal da Comarca de São Paulo.
II – DO DIREITO
Importante ressaltar a queixa crime deve tramitar pela justiça comum vez que o crime possui causa especial de aumento de pena, prevista no artigo 141 inciso III do CP a saber:
        Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:
        III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
        IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.       (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
        Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
 
Em regra, a definição do procedimento cabível se dá, nos termos do artigo 394 do CPP, de acordo com a pena máxima cominada a cada um deles: 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial.
§ 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo (...).
§ 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial.
§ 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.
§ 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Com efeito, com relação ao procedimento sumaríssimo, a Lei n.º 9.099/95, ao tratar dos Juizados Especiais Criminais (art. 60 a 92), regulou as chamadas infrações penais de menor potencial ofensivo (art. 60 e 61):
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis.
 Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Inquestionável que o meio no qual se veiculou a ofensa é de grande expressão, assim a pena será aumentada de 1/3 (um terço). Entretanto, é importante ressaltar que: como o critério utilizado para definição da competência dos Juizados Especiais Criminais é a quantidade de pena máxima cominada, a existência de causas de aumento ou de diminuição, além da presença de concurso de crimes (formal, material ou continuado), não podem ser desconsideradas, uma vez que interferem diretamente na definição de maior ou menor gravidade da conduta. 
É esse, inclusive, o entendimento majoritário na jurisprudência pátria: 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CALÚNIA PRATICADA CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO EM RAZÃO DAS FUNÇÕES. SÚMULA 714 DO STF. ADITAMENTO À DENÚNCIA PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. INCLUSÃO DE CORRÉU. POSSIBILIDADE. EFICÁCIA OBJETIVA DA REPRESENTAÇÃO. COMPETÊNCIA. JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. CAUSA DE AUMENTO. INCIDÊNCIA. PENA MÁXIMA ABSTRATA SUPERIOR A 2 (DOIS) ANOS. RECURSO NÃO PROVIDO. (...) 3 - Para fins de fixação de competência do Juizado Especial, será considerada a soma das penas máximas cominadas ao delito com a causa de aumento que lhe seja imputada igualmente em patamar máximo, resultado que, ultrapassado o patamar de 2 (dois) anos, afasta a competência do Juizado Especial Criminal. 4 - In casu, o recorrente foi denunciado pela suposta prática da infração tipificada no artigo 138 c/c o artigo 141, II e III, do Código Penal, restando a pena máxima in abstrato firmada em 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de detenção, o que afasta a competência do Juizado Especial Criminal e a incidência dos termos da Lei n. 9.099/95, conforme disposição do artigo 61 do respectivo Diploma Normativo. 5. Recurso Ordinário em habeas corpus improvido. (STJ – RHC 46.646/SP – Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca – Quinta Turma – Dj. 07/04/2016). 1 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal, 14 ed. São Paulo: Saraiva. 2014, p. 1009. 2 Idem. 11 NPJ Direito Penal - Sua petição - Seção 2 RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE. PENA MÁXIMA EM ABSTRATO, MAJORADA PELA CONTINUIDADE DELITIVA, ACIMA DE DOIS ANOS. COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM. 1. A Lei nº 10.259/2001, que instituiu os Juizados Especiais Criminais na Justiça Federal, traz em seu art. 2º, parágrafo único, que devem ser considerados delitos de menor potencial ofensivo, para efeito do art. 61 da Lei nº 9.099/95, aqueles a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa, sem exceção. Entretanto, na hipótese de concurso formal ou crime continuado, se em virtude da exasperação a pena máxima for superior a 2 (dois) anos, fica afastada a competência do Juizado Especial Criminal. 2. No caso, o delito previsto no art. 2º, II, da Lei nº 8.137/90, tem como pena máxima dois anos de detenção, devendo ser considerada, ainda, a majoração pela continuidade delitiva, conforme o art. 71 do CP. Assim, de acordo com o entendimento desta Corte Superior, compete ao Juízo Comum processar e julgar os crimes apurados nestes autos, pois somadas as penas, estas ultrapassam o limite estabelecido como parâmetro para fins de fixação da competência para o julgamento das infrações de menor potencial ofensivo cometidas em concurso de crimes. 3. Recurso a que se nega provimento. (STJ – RHC 27.086/SP – Rel. Min. Og Fernandes – Sexta Turma – Dj. 31/08/2010). 
Importante ressaltar que, para definição da competência dos Juizados Especiais Criminais é a quantidade de pena cominada.
III – DO PEDIDODiante do acima exposto, permite-se o recorrente, na exata forma dimensionada pelo Direito, requerer seja devidamente recebido e processado o presente recurso ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, declarando-se, inicialmente, que a ação nº xxx, deve tramitar pela justiça comum vez que o crime possui causa especial de aumento de pena,.
São Paulo – SP, 22 de junho de 2.017.
advogado 
OAB nº xxx
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