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Nutrição de Gado de Leite e Forrageiras

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CURITIBA 
2019 
 
 
 
 
 
ALANA YAMANE 
CAROLINA OLIVEIRA 
FLAVIA ROBERTA 
GABRIELLE LUIZE BEAL 
LARESSA LIMA 
LETICIA FRAGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE POSITIVO 
 
GADO DE LEITE, AMENDOIM FORRAGEIRO E 
 BRACHIARIA BRIZANTA 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 CARACTERISTICAS DO TRATO GASTROINTESTINAL DE GADO DE LEITE . 6 
1.1 Compartimentos digestivos dos bovinos ....................................................... 7 
1.1.1 Retículo .................................................................................................. 7 
1.1.2 Omasso ................................................................................................. 8 
1.1.3 Abomaso ................................................................................................ 8 
1.1.4 Rúmen ................................................................................................... 9 
1.1.5 Intestinos ............................................................................................. 10 
2 PRINCIPAL FINALIDADE .................................................................................. 12 
3 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE VACAS LEITEIRAS ................................ 13 
3.1 MATÉRIA SECA ......................................................................................... 13 
3.2 DIETA OU RAÇÃO TOTAL (TMR) .............................................................. 14 
3.3 ÁGUA .......................................................................................................... 15 
3.4 CARBOIDRATOS ....................................................................................... 15 
3.5 LIPÍDEOS OU GORDURAS ....................................................................... 16 
3.6 PROTEÍNAS ............................................................................................... 16 
3.7 MINERAIS ................................................................................................... 17 
3.7.1 Fósforo ................................................................................................. 18 
3.7.2 Cobre ................................................................................................... 18 
3.7.3 Zinco .................................................................................................... 19 
3.7.4 Selenio ................................................................................................. 19 
3.7.5 Cobalto ................................................................................................ 20 
3.8 VITAMINAS ................................................................................................. 20 
3.8.1 Vitamina A (Retinol) ............................................................................. 20 
3.8.2 Vitamina D (colecalciferol) ................................................................... 21 
3.8.3 Vitamina E (tocoferol) .......................................................................... 21 
3.8.4 Vitamina K (filoquinona) ....................................................................... 22 
4 ESPÉCIE FORRAGEIRA ................................................................................... 23 
4.1 PRODUÇÃO EM MASSA POR HECTARE E QUANTIDADE DE ANIMAIS23 
4.2 Descrição Morfológica DO AMENDOIM FORRAGEIRO ............................. 24 
4.3 Adaptabilidade edafoclimática .................................................................... 24 
4.4 Estabelecimento e Capacidade de Consorciação ....................................... 25 
4.5 Valor Nutritivo e Produção Animal .............................................................. 25 
 
 
4.6 Plantio .................................................................................................... 26 
5 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 27 
 
 
 
 
1 CARACTERISTICAS DO TRATO GASTROINTESTINAL DE GADO DE LEITE 
Bovinos são classificados como herbívoros por ter uma dieta composta 
principalmente de matéria vegetal, esses animais são conhecidos pela frequente 
mastigação mesmo quando não estão comendo, essa atividade é chamada de 
ruminação. Esse processo digestório faz com que o animal consiga obter energia 
contida nas paredes celulares das plantas na forma de fibras. A fibra é uma estrutura 
que dá resistência e rigidez a planta, e essa fibra é digerida pela população de 
micróbios que vivem no retículo e no rúmen, permitindo que os ruminantes possam 
utilizá-la como energia. 
A ruminação (quebra de partículas) e a produção de saliva (regulação do pH) 
é composta de; redução do tamanho das fibras e expõe seus açúcares á fermentação 
microbiana; quando o animal rumina de 6 a 8 horas por dia ele produz cerca de 170 
litros de saliva, contudo se a ruminação não for estimulada ela produz somente cerca 
de 40 litros; os tampões da saliva (BCO3 e PCO3) neutralizam os ácidos produzidos 
pela fermentação microbiana e mantém o pH ruminal levemente ácido o que favorece 
a digestão das fibras e o crescimento microbiano. 
As funções primárias do trato gastrintestinal são a digestão e a absorção de 
nutrientes essenciais para os processos metabólicos conversão alimentos em 
componentes químicos capazes de serem absorvidos para a corrente sanguínea, para 
o uso como nutrientes para uma variedade de necessidades como mantença corporal, 
crescimento, engorda, produção de leite e reprodução. O estômago de ruminantes 
tem quatro compartimentos: o rúmen, retículo, omaso e abomaso. Coletivamente, 
estes órgãos ocupam quase 3/4 da cavidade abdominal, enchendo virtualmente todo 
o lado esquerdo e estendendo significativamente ao lado direito. 
 
 
 
 
 
 
1.1 COMPARTIMENTOS DIGESTIVOS DOS BOVINOS 
1.1.1 Retículo 
O retículo relaciona-se com o diafragma e é unido ao rúmen por uma dobra 
de tecido, são os dois principais estômagos dos ruminantes. O retículo ocupa uma 
posição cranial e não completamente separado do rúmen. Logo, suas funções e 
motilidades estão muito ligadas às do rúmen. A abertura do esôfago no cárdia é 
comum ao retículo e ao rúmen. As paredes internas do retículo estão revestidas por 
uma membrana mucosa, disposta em inúmeras pregas (em forma de favos de mel). 
Os corpos estranhos ingeridos pelo bovino (arames, pregos e outros) ficam retidos 
nestas pregas e impedidos de passar para os demais compartimentos do trato 
digestivo posterior, com consequentes reticulites e pericardites, altamente indesejável 
para estes animais, que, não raramente, levam o animal à morte. Semelhante ao 
rúmen, o órgão não secreta nenhuma enzima. Apresenta um movimento constante, 
em sintonia com do rúmen. Do retículo, o alimento passa para o rúmen (alimento ainda 
não totalmente degradado/fermentado) ou para o omaso (alimento fermentado) e 
deste, para o trato digestivo posterior (abomaso e intestinos). O retículo é o principal 
órgão que participa do processo de ruminação, já que é o responsável pela contração 
que leva a regurgitação. O conteúdo alimentar no retículo se mistura com o do rúmem 
quase que continuamente, uma vez por minutos. Em muitos aspectos, o retículo pode 
ser considerado uma bolsa cranioventral do rúmen; a ingesta flui livremente entre 
estes dois órgãos. Epitélio estratificado, escamoso como achado no rúmen não é 
normalmente considerado um tipo de epitélio absortivo. Ambos os estômagos são 
chamados de retículo-rúmem, contém uma densa população de microorganismos. As 
partículas fibrosas permanecem no rúmen de 20 a 48 horas pois a fermentaçãodas 
fibras pelos microorganismos é um processo demorado. O retículo é uma “entrada de 
passagem” onde as partículas que entram e saem do rúmem são selecionadas. O 
interior do rúmen, retículo e omaso é exclusivamente coberto com epitélio estratificado 
escamoso, semelhante ao que é observado no esôfago. Cada um destes órgãos tem 
estrutura mucosa muito distinta, embora dentro de cada órgão, alguma variação 
regional em morfologia possa ser observada. A superfície interior do rúmen forma 
numerosas papilas que variam em forma e tamanho, desde pequenas e pontiagudas 
a longas e folhadas. O epitélio reticular é lançado em dobras que formam camadas 
 
 
poligonais que dão ao retículo, uma aparência de colmeia. A retenção de pertículas 
longas na forragem estimula a ruminação, a fermentação microbiana produz ácidos 
graxos voláteis como produtos finais da fermentação da celulose e outros açúcares e 
uma massa microbiana rica em proteína de alta qualidade. A absorção dos AGV 
ocorre através da parede ruminal. Os ácidos graxos voláteis são utilizados como fonte 
de energia para a vaca e também para a síntese da gordura do leite e do açucar. 
Produção e expulsão de aproximadamente 1000 litros de gases por dia. 
1.1.2 Omasso 
O retículo é conectado ao esférico omaso por um túnel pequeno, o orifício 
retículo-omasal.O terceiro estômago ou omaso tem cerca de 10 litros de volume. É 
um órgão relativamente pequeno e com alta capacidade de absorção, ele também 
permite reciclagem da água e minerais como o sódio e o fósforo que retornam ao 
rúmen pela saliva. O processo digestivo do omaso funciona como um processo de 
transição entre estes dois órgãos, rúmem e omaso, contudo ele não é um órgão 
essencial. Dentro do omaso ocorrem dobras longitudinais largas que lembram as 
páginas de um livro (um termo comumente utilizado para o omaso é livro). As pregas 
omasais são acumuladas com ingesta finamente moída e representam 
aproximadamente um terço da área de superfície total dos pré-estômagos. A absorção 
de água, sódio, fósforo e ácidos graxos voláteis residuais são reciclados. 
1.1.3 Abomaso 
O abomaso é o quarto estômago, glandular ou verdadeiro do ruminante. É 
parecido com o estômago de não ruminantes, o abomaso secreta um ácido forte (HCL) 
e também outras enzimas digestivas. Em não ruminantes, os alimentos ingeridos são 
digeridos inicialmente no abomaso. Porém o material que entra no estômago de um 
ruminante é feito principalmente de partículas alimentares não fermentadas, 
subprodutos da fermentação microbiana e micróbios que crescem no rúmen. Secreta 
enzimas digestivas, ácidos fortes e a digestão de alimentos não fermentados no rúmen 
e proteínas bacterianas produzidas no rúmen são digeridas acidamente 
 
 
1.1.4 Rúmen 
É o maior dos quatro pré-estômagos. Localiza e preenche quase todo o lado 
esquerdo da cavidade abdominal. Ele é dividido em quatro áreas ou sacos por 
estruturas musculares chamadas de pilares ruminais. Há um saco dorsal, um ventral 
e dois sacos posteriores. Os pilares movem o alimento pelo rúmen em sentido 
rotatório, misturando o conteúdo sólido com o conteúdo líquido. O rúmen, o maior dos 
pré-estômagos, é propriamente saculado por colunas musculares que são chamadas 
saco dorsal, ventral, caudodorsal e caudoventral, e contém cerca de 100 a 120kg de 
material vegetal sob processo digestivo.Papilas ruminais são muito ricamente 
vascularizadas e os ácidos graxos voláteis abundantes produzidos por fermentação 
são prontamente absorvidos através do epitélio. Sangue venoso dos pré-estômagos, 
como também do abomaso, leva estes nutrientes absorvidos até a veia porta. 
Ultrapassando estes compartimentos, a digesta chega ao intestino delgado e ao 
intestino grosso. O rúmen fornece o ambiente propício e fonte alimentar para o 
crescimento e reprodução dos micróbios. A ausência de ar oxigênio no rúmen 
favorece o crescimento de algumas bactérias em partículas e algumas delas 
conseguem degradar a parede celular das plantas em simples açúcares. Os micróbios 
fermentam a glucose para obter energia para crescer e durante o processo de 
fermentação eles produzem ácidos graxos voláteis. Esses ácidos atravessam a 
parede ruminal os quais são as principais fontes de energia. O órgão movimenta-se 
continuamente, a um ritmo de um a três movimentos por minuto, proporcionando uma 
divisão física (conhecida pelo nome de estratificação da digesta) e mistura das 
forragens e outras partículas ingeridas aos líquidos. Os alimentos que chegam ao 
rúmen pela deglutição são digeridos ou degradados por processos fermentativos 
realizados pelos microrganismos que vivem dentro do órgão: bactérias, protozoários 
e fungos. A digestão ou fermentação é garantida por enzimas produzidas por estes 
microrganismos, enzimas estas que não são secretadas, mas ficam aderidas a parede 
celular. Tanto o rúmen quanto o retículo (e também o omaso), fornecem condições 
ideais para a colonização e crescimento destes microrganismos, que são os maiores 
responsáveis pelos processos digestivos dos ruminantes. 
 
 
1.1.5 Intestinos 
Os intestinos são divididos em duas porções, as quais sofrem, ainda, subdivisões: 
● Intestino Delgado: duodeno (porção ativa de digestão e absorção), jejuno 
(porção para absorção) e íleo (porção para absorção e reabsorção); 
● Intestino Grosso: ceco (saco cego), colo (parte mais volumosa do intestino 
grosso) e reto (termina no ânus). 
As alças intestinais ocupam os dois terços posteriores do lado direito do 
abdômen. O rúmen cheio desloca as alças intestinais para a direita da linha média. A 
digestão enzimática, que se iniciou no abomaso com a quimosina (bezerro) ou a 
pepsina (bovino adulto), é completada no intestino delgado com a participação das 
enzimas pancreáticas (tripsina, quimiotripsina, amilase pancreática, lipase) e de 
outras enzimas intestinais (lactase, maltase, sacarase, dissacaridases e outras). 
Portanto, é no intestino delgado (especialmente no duodeno e jejuno) onde ocorre a 
maior parte da digestão e absorção dos nutrientes (proteínas, lipídios, minerais e 
vitaminas), ao passo que a maior parte dos carboidratos já foi fermentada no rúmen. 
As paredes internas (mucosas) do intestino delgado são revestidas por inúmeras 
projeções papilares chamadas vilos ou vilosidades, que servem para aumentar a 
superfície de absorção destes nutrientes. A digestão enzimática desenvolve-se nas 
primeiras semanas de vida do bezerro, quando começa a ingerir nutrientes que 
exigem clivagem: dissacarídeos, amido e lipídeos. Há a secreção de enzimas 
digestivas produzidas pelo intestino delgado, fígado e pâncreas, digestão de enzimas 
de carboidratos, proteinas e lipideos. E há a absorção de água, minerais e produtos 
da digestã: glicose, aminoácidos e ácidos graxos 
No intestino grosso, o processo de decomposição, síntese e conversão são 
mediadas por enzimas bacterianas. É justamente neste órgão que a maior parte da 
água ingerida será absorvida. Existe no intestino grosso, uma população microbiana 
semelhante à do rúmen, mas bem menor em número. Estes microrganismos 
fermentam o pouco substrato que lá chega, da mesma forma que os do rúmen, 
produzindo ácidos graxos voláteis e proteínas microbianas. Ocorre também certa 
digestão da celulose, pelas enzimas destes mesmos microrganismos. As vitaminas B 
 
 
e K, assim como no rúmen, também são sintetizadas neste órgão. Existe absorção 
destes nutrientes produzidos no intestino grosso, mas ela é bastante limitada. No 
intestino grosso e no ceco, onde há fermentação, há uma pequena população 
microbiana que fermenta os produtos da digestão que não foram absorvidos. 
Absorção de água e formação das fezes2 PRINCIPAL FINALIDADE 
A criação de bovinos tem várias finalidades. Hoje esses animais têm principal 
utilização para produção de carne, leite, couro e outras matérias primas, mas já teve 
maior utilização como entretenimento e como força de tração. 
 A produção leiteira mundial possui grande destaque na cultura destes animais, pois 
é uma de suas principais finalidades e movimenta um grande mercado de consumo 
em diversas regiões do mundo. A década de 80 foi extremamente importante para a 
produção leiteira no Brasil, houve um grande melhoramento qualitativo. Um grande 
diferencial foi a adoção de tecnologias pelos produtores principalmente nos quesitos 
de alimentação, genética, manejo e saúde animal. Hoje ainda há muito potencial 
produtivo ainda não conquistado no Brasil, mas com o estudo e melhoramento de 
técnicas a tendência é o crescimento desta área. Sendo assim, a bovinocultura precisa 
de muitos investimentos nas suas pastagens, como pelo melhoramento de capins 
selecionados melhorando a qualidade e disponibilidade da alimentação, na 
suplementação, seleção genética para obtenção de maior produtividade, 
desempenho, qualidade e adaptabilidade, além de melhoramento em manejo e 
sanidade animal. 
 O grande foco desses animais é a maior produtividade, desempenho, aproveitamento 
e lucratividade visando melhorar quantitativa e qualitativamente a quantidade de leite 
tanto para consumo interno quanto para exportação. 
 
 
 
3 NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE VACAS LEITEIRAS 
As necessidades dos bovinos leiteiros em energia e nutrientes dá-se em 
relação ao nível de produção desejado, condições fisiológicas e ambiente em que está 
inserido. 
A regulação fisiológica da ingestão de alimentos é realizada no hipotálamo, 
onde se localizam os centros da fome e da saciedade, que se complementam e 
respondem a sinais recebidos do trato digestivo e da circulação. 
 Deve-se incorporar na alimentação destes animais alimentos volumosos 
(aquosos ou secos), concentrados (energéticos e proteicos) e suplementos 
vitamínicos e minerais. 
Os bovinos leiteiros adultos se alimentam principalmente de matéria seca, 
sendo que lhes falta suplementação que deve ser oferecida em alimentos 
concentrados para complementar e suprir as necessidades nutritivas do animal. 
 
3.1 MATÉRIA SECA 
Quanto à matéria seca, há diferenças entre os animais criados em 
confinamento e os criados à pasto livre. Com os animais em confinamento há maior 
controle do que se é ingerido, pois pode-se calcular com base na quantidade 
oferecida. No caso de animais à pasto, os animais possuem menor controle pois além 
de a quantidade não ser controlada, não há como prever as variações de condição 
das pastagens, se estarão disponíveis igualmente em todos os dias, entre outras 
variáveis em que o animal pode ingerir uma quantidade maior do que seria adequada, 
por isso deve-se ter profissionais capacitados que estudem a área da nutrição que 
possuam a capacidade de estimar a quantidade e qualidade, ter o maior controle 
possível sobre essas pastagens através de fórmulas que sejam disponíveis à todos 
que participam do processo, além de controle de qualidade das pastagens 
disponíveis. Também deve-se levar em conta o tipo das forragens, sua composição e 
sua qualidade e disponibilidade em diferentes fases do ano. Uma boa opção é oferecer 
às vacas leiteiras a alimentação durante a ordenha, pois ela pode comer com 
tranquilidade e há certo controle sobre a matéria ingerida. 
 A quantidade de nutrientes na ração e suplementação que é necessária para suprir a 
 
 
alimentação exigida por estes animais e seus custos está intimamente ligada à 
quantidade e composição de volumosos. 
 Para se fazer a suplementação também é necessário que se mensure a 
relação entre a alimentação e a absorção no organismo, para obter resultados mais 
exatos a respeito da quantidade necessária a cada animal. 
 
3.2 DIETA OU RAÇÃO TOTAL (TMR) 
 A chamada dieta ou ração total (TMR, do inglês “Total Mixed Rations”) é um 
tipo de ração em que concentrado e forragem (geralmente silagem e, algumas vezes, 
também o feno) são misturados juntos e ofertados como alimento completo. 
O uso da dieta total permite à vaca consumir pequenas quantidades de uma refeição 
balanceada com mais frequência durante o dia, fornecendo um suprimento mais 
constante de nutrientes para os microrganismos ruminais, gerando maior bem estar 
que pode intervir diretamente em sua qualidade de produção, além disso animais que 
tiveram sua frequência alimentar aumentada apresentam aumento de produtividade 
individual em leite, assim como o percentual de gordura encontrada nestes, maior 
estabilidade do pH ruminal e eficiência de utilização da energia e proteína disponível 
no retículo-rúmen; há melhor controle do valor nutricional da dieta total, podendo ser 
formulada para completar as exigências de vacas para todos os nutrientes; uma larga 
variedade de alimentos pode ser utilizada nas dietas totais. Alimentos menos 
palatáveis podem ser diluídos e não ser selecionados pelos animais. 
As desvantagens são: em relação às vacas que não atingem os maiores 
índices de desempenho e possuem baixo potencial genético, estas acabam por 
ganhar peso, por isto deve-se haver uma seleção destes animais para o método; o 
custo é alto e é necessário analisar o porte da propriedade e rebanho para saber se 
realmente é viável; são necessárias separações por grupos (estágio de lactação, peso 
corporal, condições fisiológicas e produção leiteira); é mais adequado utilizar silagens 
que pastagens soltas tradicionais. 
 
 
 
 
3.3 ÁGUA 
Os animais adquirem água por meio da ingestão de alimentos, de água 
voluntariamente e da água resultante do metabolismo dos tecidos corporais. 
Entretanto, as exigências de água referem-se à água dos alimentos e à água 
consumida em espécie. Restrição de água, seja por disponibilidade limitada ou por 
baixa qualidade, pode reduzir a ingestão de matéria seca. As vacas leiteiras 
consomem cerca de 30% das exigências diárias de água na primeira hora após 
deixarem a sala de ordenha. 
O consumo de água é influenciado pela natureza do alimento. Dessa forma, 
alimentos ricos em proteína e com elevados teores de sal estimulam maior consumo 
de água 
O estado fisiológico do animal interfere no seu consumo de água. Vacas em 
lactação ingerem maior quantidade de água para a produção de leite, que possui 87% 
de água 18 em sua composição. Vacas em lactação devem ingerir 3 a 4kg de água 
por kg de leite produzido. O consumo de água também aumenta com o decorrer da 
gestação em ovelhas. Além disso, admite-se que, nos últimos quatro meses de 
gestação de vacas, o consumo de água é cerca de 50% maior que o de adultos não 
gestantes. Outros fatores relacionados ao crescimento, mantença e engorda também 
influem sobre a quantidade de água ingerida pelos animais. 
 
3.4 CARBOIDRATOS 
 Os carboidratos têm sido maior fonte de energia para os microorganismos do 
retículo-rúmen, que contam com a proporção volumoso:concentrado para adquirir 
carboidratos tanto estruturais quanto não estruturais de forma equilibrada para que o 
animal tenha suprimento contínuo de carboidratos fermentáveis após a ingesta. Vacas 
de alta produção possuem dietas ricas em amido, os cereais consumidos por vacas 
de alta produção possuem de 60-80% de amido que é a fonte primária destas dietas. 
Estes amidos e os açúcares fermentam rapidamente e fornecem a energia necessária 
para fermentação logo após sua ingestão, porém deve-se ter um controle da 
quantidade ingerida, pois com a fermentação rápida pode haver excessiva acidose 
ruminal. 
 
 
Já as forragens possuem degradaçãomais lenta e não contribuem para a acidose. 
Por ter lenta taxa de fermentação e limitar a ingestão de matéria seca, a proporção 
exagerada desta fonte alimentar pode limitar a disponibilidade de energia para o 
crescimento dos microorganismos. 
 
3.5 LIPÍDEOS OU GORDURAS 
Nem sempre há a quantidade ideal de alimentos fermentáveis, devido às 
condições ambientais, qualidade da forragem e dos grãos, e mesmo quando há, a 
disponibilidade de energia para a vaca de leite pode ser um limitante na produção. A 
gordura se torna uma boa alternativa como fonte de energia. O cuidado deve ser 
apenas quanto ao tipo de gordura fornecida, pois a gordura insaturada (vegetal) 
produz efeitos negativos na função retículo-ruminal, diminuindo a fermentação. Deve-
se fornecer uma mistura das gorduras tanto saturadas quanto insaturadas para atingir 
equilíbrio. A quantidade de lipídeos fica em torno dos 6%, porém atualmente há 
requisição maior de energia o que levou os nutricionistas a elaborarem dietas com até 
8%. Lipídeos em excesso podem causar efeitos deletérios nos processos 
fermentativos, diminuição no consumo de matéria seca e na degradabilidade de 
alguns nutrientes, especialmente de fibras. Caroço de algodão, a soja grão e a 
semente de girassol são as oleaginosas mais utilizadas como fonte de gordura 
adicional. Os lipídeos também influenciam na degradação da fibra, alguns fatores 
diminuem esta degradação, como formação de barreira física, que evita ataque 
microbiano, inibição da atividade dos microorganismos, modificação da população 
microbiana e diminuição de alguns íons, pois animais que consomem crescentes 
quantias de gordura há diminuição de pH e redução nas concentrações de cátions, 
por este motivo vacas que têm esta alimentação com gorduras necessitam de 
suplementação de minerais. 
 
3.6 PROTEÍNAS 
A proteína bruta para bovinos leiteiros é calculada com base na concentração 
de nitrogênio, que por eles é ingerido principalmente por origem vegetal, 
 
 
principalmente de pastagens de matéria seca. Há quatro principais classes de 
proteínas presentes nas sementes das plantas: albumina, globulinas, prolaminas e 
glutelinas. Além das classes as proteínas são avaliadas de acordo com sua 
solubilidade física e degradação no rúmen. 
 A proteína dietética entra no retículo-rúmen é parcialmente degradada pelas 
Proteases e Peptidases bacterianas, a forma em que o nitrogênio ruminal se encontra 
está primeiro na forma de peptídeos e aminoácidos, que desempenham funções de 
menor importância na nutrição animal, e finalmente em amônia (NH3), o que resulta 
em menor crescimento microbiano e gera como consequência diminuição na digestão 
da parede celular e no consumo. 
 Após as fontes energéticas, é o componente mais importante e necessário 
para o organismo dos ruminantes e suas funções metabólicas. A ingestão de proteína 
bruta abaixo de 7% da matéria seca da dieta proporciona menor desempenho animal 
(Van Soest, 1994), porém maior ingestão de proteína bruta gera maior custo na dieta 
e maior excreção de ureia na urina com desperdício de proteína e energia. Deve-se 
elaborar uma dieta com base no desempenho esperado em conjunto com a avaliação 
de custos de acordo com os parâmetros da produção. 
 
3.7 MINERAIS 
Os elementos minerais, embora estejam presentes no corpo animal em menor 
proporção do que outros nutrientes como proteína e gordura, desempenham funções 
vitais no organismo e níveis deficientes ou tóxicos acarretam alterações bioquímicas 
graves, levando o animal a apresentar desempenho produtivo e reprodutivo abaixo do 
seu potencial. 
 Por estarem em rotas bioquímicas fundamentais podem potencializar a 
utilização da proteína e da energia da dieta, aumentando os índices produtivos. 
As principais fontes de minerais para ruminantes vem da forragem e concentrado, 
porém não é o suficiente para suprir suas exigências nutricionais, necessitando de 
suplementação. A suplementação pode ser feita por uso direto no concentrado, a 
fertilização das pastagens, pélete ou balas de minerais, injeções específicas de 
elementos minerais, administração via água de beber e a suplementação no cocho à 
vontade. 
 
 
Devido aos diferentes tipos de solo e às condições ambientais a 
variabilidade na concentração de minerais encontrados nas forrageiras é imensa, por 
exemplo, os solos tropicais possuem baixos níveis de P e altos níveis de Fe e Al em 
comparação a outros solos e para suplementar corretamente os animais que as 
consomem é necessário estudo das concentrações encontradas nas forrageiras. 
 Os minerais desempenham três tipos de funções essenciais para o 
organismo dos animais. A primeira delas diz respeito a sua participação como 
componentes estruturais dos tecidos corporais, como: cálcio, fósforo, magnésio, flúor 
e silício nos ossos e dentes, e fósforo e enxofre nas proteínas musculares. Cerca de 
99% do cálcio, 80% do fósforo e 70% do magnésio corporal estão presentes no 
esqueleto (AFRC, 1991; Coelho da Silva, 1995; NRC, 2000). Também atuam nos 
tecidos e fluidos corporais como eletrólitos para manutenção do equilíbrio ácido-
básico, da pressão osmótica e da permeabilidade das membranas e irritabilidade de 
tecidos, como: sódio, potássio, cloro, cálcio e magnésio no sangue, fluido 
cerebroespinhal e suco gástrico. Por fim, funcionam como catalisadores enzimáticos 
e hormonais basicamente os microminerais. 
 Mesmo que necessários em menor quantidade em relação aos outros 
elementos, estes minerais afetam diretamente a sanidade e consequentemente o 
desempenho destes animais. 
 
3.7.1 Fósforo 
O fósforo é necessário para formação e manutenção de ossos e dentes, 
secreção de leite, manutenção do equilíbrio osmótico e ácido-básico do sangue e 
metabolismo de fontes de energia e proteína e sua deficiência pode gerar perda de 
peso e de apetite no animal, diminuição na produção de leite, raquitismo em animais 
jovens, em adultos osteomalacia, cios irregulares, redução da atividade do ovário e 
diminuição na taxa de concepção. 
3.7.2 Cobre 
A deficiência mais preocupante logo após a de fósforo. O cobre está presente 
no sítio ativo de algumas enzimas que catalisam reações orgânicas oxidativas e têm 
 
 
influência na formação de ossos e tecidos conectivos, pigmentação de pelagem e 
formação da hemoglobina. A sua deficiência acarreta em falha na formação de 
colágeno, anemia, diminuição do crescimento do animal, ossos frágeis e osteoporose, 
despigmentação do pelo e pele, baixa imunidade, diarréia, diminuição da taxa 
reprodutiva, morte embrionária e aumento no índice de abortos. 
3.7.3 Zinco 
Possui função no metabolismo de carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos 
nucleicos, pois compõe enzimas necessárias ao processo, o zinco também participa 
na produção, armazenagem e secreção de hormônios, bem como ativador de 
receptores e resposta de órgãos e é componente da timosina, um hormônio que regula 
a imunidade mediada pelas células. A falta deste mineral no organismo pode acarretar 
em diminuição de ingestão de alimentos, baixo crescimento, baixa conversão 
alimentar, paraqueratose da pele (os núcleos são retidos na camada córnea, onde 
ocorre um processo incompleto de queratinização das células do epitélio), queda de 
pelos, letargia, crescimento e desenvolvimentos retardados dos testículos, fraqueza, 
diminuição na imunidade e na taxa de concepção. 
 
3.7.4 Selenio 
Possui capacidade de oxirredução que constitui a enzima glutationa-
peroxidase, responsável pela eliminação de radicais livres (converte peróxido de 
hidrogênio em água e oxigênio). A deficiência do mineral leva ao acúmulo de 
peróxidos nas membranas celulares, o que levaa necrose, fibrose e por fim 
calcificação, principalmente nos músculos estriados esqueléticos e cardíacos. O 
animal pode apresentar distrofia muscular nutricional, sente fraqueza, falta de 
sustentação das pernas, tremores musculares, há crescimento retardado de animais 
jovens, nascimento de bezerros prematuros e fracos, ou natimortos, retenção de 
placenta, metrite, mastite, ovários císticos e edema de úbere. 
 
 
 
3.7.5 Cobalto 
É necessário para os microorganismos do rúmen na reação do metabolismo 
do ácido propiônico, necessário para síntese de vitamina B12, vitamina que têm 
influência no metabolismo energético e sua deficiência impede a formação de 
hemoglobina, podendo ocasionar vários danos no sistema nervoso central. As 
alterações nos fluidos e tecidos por sua deficiência geram a diminuição na ingestão 
de alimentos, perda de peso anemia megaloblástica, degeneração gordurosa do 
fígado, diminuição de imunidade e fertilidade, aumento do número de abortos e 
bezerros nascidos fracos. 
 
3.8 VITAMINAS 
Assim como os minerais, são exigidas em menores quantidades, porém 
desempenham funções fundamentais ao organismo dos animais como crescimento, 
fertilidade, sanidade e desempenho. 
3.8.1 Vitamina A (Retinol) 
 Da classe das lipoproteínas, é sintetizada a partir de β-caroteno encontrado 
em plantas em estado vegetativo, porém suas concentrações diminuem conforme o 
amadurecimento das plantas. O β-caroteno oxida facilmente, por isso forragens 
armazenadas possuem baixa concentração, já as silagens, fenos e pré-secados 
possuem maior concentração deste nutriente. 
 A vitamina A está ligada à visão (produz rodopsina, responsável pela visão 
noturna), reprodução (moléculas oxidantes e antioxidantes atuam em diversas 
funções do trato reprodutor feminino), crescimento animal e fetal, imunidade e 
manutenção dos tecidos esqueléticos e epitelial. As vacas possuem um sistema 
antioxidante suficiente para se manter, porém em períodos de periparto as mudanças 
nos sistemas fisiológico e imunológico e a produção de radicais livres excede a 
quantidade de antioxidantes, assim a suplementação de β-caroteno auxilia no 
equilíbrio de radicais livres e o retinol formado estimula a secreção de progesterona. 
Vacas suplementadas pré e pós-parto também possuem maior fertilidade e produção 
 
 
de leite (Ondarza et al., 2009). 
3.8.2 Vitamina D (colecalciferol) 
 Estimula a produção de hormônio da paratireoide para aumento da 
reabsorção óssea e é responsável pelo equilíbrio de Cálcio e Fósforo por estimular a 
absorção destes no intestino. Pode ser absorvida através da dieta e convertida em 
hormônio no organismo ou sintetizada na pele de mamíferos quanto em contato com 
a luz solar. 
 A hipocalcemia, comum em vacas leiteiras pós-parto, diminuem a imunidade 
deixando o organismo vulnerável à afecções como metrite, mastite, cetose, 
dificuldades no parto e deslocamento de abomaso. 
 A suplementação pré-parto de vitamina D aumenta os índices reprodutivos e 
a concentração no colostro e leite, o que melhora a qualidade para o neonato. 
 
3.8.3 Vitamina E (tocoferol) 
Composto antioxidante lipossolúvel com forma bioativa em α-tocoferol, 
principal forma encontrada nos alimentos para os animais. Possui função na 
manutenção de membranas, metabolismo do ácido araquidônico, imunidade e 
reprodução. 
A concentração em plantas novas é maior que em plantas maduras e quando 
cortadas e expostas ao oxigênio perde-se muita atividade da vitamina. Os alimentos 
frescos 20 a 80% mais disponibilidade da vitamina que os armazenados em forma de 
silagem, feno e concentrados. 
A suplementação da vitamina melhora o sistema imune, casos de mastite, 
retenção de placenta e índices reprodutivos. Selênio e vitamina E possuem efeitos 
melhores quando combinados, por isto vacas com baixos níveis sanguíneos de Se 
necessitam acréscimo de vitamina E e se mostrou eficaz no controle do estresse 
oxidativo em vacas no periparto. Vacas quando em fase de produção de colostro 
também necessitam aumento da vitamina devido a alta secreção de α-tocoferol, 
melhorando a imunidade. 
 
 
 
3.8.4 Vitamina K (filoquinona) 
 Possui função na síntese de proteínas, onde alguns são fatores de 
coagulação (protombina, fatores II, VII, IX e X) necessários ao organismo animal para 
prevenção de hemorragia. 
Geralmente não precisa ser suplementada na dieta, pois as bactérias ruminais 
podem sintetizá-la, porém sua ocasional deficiência pode desencadear danos severos 
ao animal. A vitamina se encontra nos cloroplastos de plantas verdes, podendo ser 
ingerida facilmente pelos animais. 
 A sua deficiência causa rigidez, claudicação, hematomas em tecidos e até 
sangramento descontrolado. 
 
 
 
 
 
 
4 ESPÉCIE FORRAGEIRA 
A carência de nutrientes no solo e a baixa qualidade das pastagens tropicais 
se tornaram desafios para pesquisadores e produtores. São raros os casos de 
sucesso com emprego de leguminosas consorciadas com capins nas regiões 
tropicais, diferentemente do que ocorre na Europa e nos Estados Unidos. Mas, na 
Amazônia, pelo menos dois casos merecem destaque: a puerária e, mais 
recentemente, o amendoim forrageiro. O amendoim forrageiro, pertence ao 
gênero Arachis. É originário da América do Sul com cerca de 70 a 80 espécies 
encontradas no Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai. 
Espécies nativas do amendoim forrageiro foram coletadas por pesquisadores 
dos Estados Unidos, no Estado de Mato Grosso, em 1936, e hoje são utilizadas em 
pastagens e na produção de feno na Flórida (EUA). Pesquisadores australianos 
também levaram uma espécie do amendoim forrageiro nativo da Bahia e hoje 
recomendam a cultivar Amarillo para a formação de pastos. Atualmente, além do 
Brasil, países como os Estados Unidos, Austrália, Costa Rica, Colômbia e Peru 
utilizam espécies de amendoim forrageiro em pastagens cobertura do solo em culturas 
perenes, conservação do solo ao longo de rodovias e ornamentação em praças e 
jardins. 
O uso de leguminosa no sistema de produção de ruminantes promove o 
benefício ao nitrogênio fixado biologicamente no solo, o que reduz os custos com uso 
de fertilização nitrogenada, além de ser uma alternativa proteica para suplementar os 
animais como fonte de volumoso conservado. 
4.1 PRODUÇÃO EM MASSA POR HECTARE E QUANTIDADE DE ANIMAIS 
O amendoim forrageiro produz 2.316kg/ha/MS/mês e a Brachiaria Brizantha 
produz 1.666kg/ha/MS/mês. (dados encontrados no EMBRAPA). A quantidade de 
animais para esta forrageira considerando uma área de 1ha é de 36 animais 
 
 
 
 
4.2 DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA DO AMENDOIM FORRAGEIRO 
O amendoim forrageiro é uma leguminosa herbácea perene, de crescimento 
rasteiro, com 20 a 40 cm de altura. Possui raiz pivotante que cresce em média até 
cerca de 30 cm de profundidade. As folhas são alternas glabas mas com pêlos 
sedosos nas margens. O caule é ramificado, cilíndrico, ligeiramente achatado com 
entrenós curtos e estolões que podem chegar a 1,5 cm de comprimento. A floração é 
indeterminada e contínua, com as inflorescências axilares em espiga. Cálice bilabiado 
pubescente com um lábio inferior simples e um lábio superior amplo cm quatro dentes 
pequenos no ápice, proveniente da fusão de quatro sépalas. 
A corola é formada por um estandarte de cor amarela, com asas também 
amarelas e delgadas. A quilha é pontiaguda, curvada e aberta ventralmente na base, 
muito delgada, e de cor amarelo claro. 
O amendoim forrageiro é uma espécie geocárpica, ou seja, o fruto se desenvolve 
dentro do solo. O fruto é uma cápsula indeiscente que contém normalmente uma 
semente, às vezes duas e raramente três sementes.Pode apresentar pouca floração 
e baixíssima produção de sementes, sendo a sua multiplicação feita de forma 
vegetativa. 
4.3 ADAPTABILIDADE EDAFOCLIMÁTICA 
O amendoim forrageiro se adapta bem a altitudes desde o nível do mar até 
cerca de 1.800 m, desenvolve-se bem quando a precipitação é superior a 1.200 m. 
Não é muito tolerante a períodos secos prolongados, embora nas condições de 
cerrado, seu cultivo tenha se mostrado superior a outras espécies semelhantes. Esta 
leguminosa é bem adaptada a solos ácidos, de baixa a média fertilidade. Tem 
exigência moderada em fósforo, sendo, no entanto, eficiente na absorção deste 
elemento quando em níveis baixos no solo. Adapta-se bem em solos de textura franca, 
sendo mediano na tolerância à solos encharcados. Apresenta bom nível de reciclagem 
de nitrogênio. Há registros da espécie fixar 80 a 120 Kg de N/ha/ano. 
 
 
 
 
4.4 ESTABELECIMENTO E CAPACIDADE DE CONSORCIAÇÃO 
Como produz pouquíssima quantidade de sementes, para a sua efetiva 
propagação recomenda-se o uso de mudas ou estolões bem desenvolvidos. O plantio 
pode ser feito em sulcos espaçados de 0,5m ou em covas com espaçamento de 1,0 
x 0,5m. O consumo de material vegetativo é de 500 a 600 Kg/ha, quantidade esta que 
pode ser obtida a partir de uma sementeira de 500 m2. Para maior rapidez no 
estabelecimento recomenda-se o plantio em faixas alternadas gramínea x 
leguminosa, com 2,0 a 3,0 m de largura. 
A calagem é feita no mínimo 45 dias antes do plantio procurando-se obter um 
coeficiente de saturação de base de 50%. O adubo deve ser colocado no sulco ou na 
cova de plantio. 
Em função da sua agressividade em cobrir o solo e tolerância ao 
sombreamento, esta leguminosa se consorcia muito bem com espécies de gramíneas 
igualmente agressivas como as do gênero Brachiaria. Há experiências de 
consorciação com B. humidicola e com B. dictyoneura, onde a mesma vem 
persistindo sob pastejo contínuo há cinco anos, na proporção de 6,6 a 16% do pasto 
disponível, com taxas de lotação variando de 1,6 a 4,0 novilhos/ha. 
 
4.5 VALOR NUTRITIVO E PRODUÇÃO ANIMAL 
A sua digestibilidade de matéria seca varia entre 60 e 70%.A média de 
proteína bruta, é de 19%, valor muito bom para leguminosas tropicais, e que a torna 
recomendável para consorciação com os brachiárias, geralmente pobres em proteína. 
O uso de bovinos esôfago-fistulados mostrou elevada preferência por esta leguminosa 
com participação da dieta dos animais entre 20 e 30%. 
A planta apresenta 22% de concentração de proteína e produz cerca de 20 
toneladas de matéria seca por ano. Em áreas de experimento constatou-se uma 
capacidade de suporte de até três cabeças por hectare. De acordo com Judson 
Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, a indicação da forrageira para consórcio com 
capins vem atender a três questões chaves: 1) diversificação do pasto como medida 
de contenção do ataque de pragas e doenças; 2) alternativa para o problema da 
mortalidade do capim brizantão; e, 3) maior capacidade de suporte para os casos de 
 
 
intensificação da pecuária. O ganho de peso médio diário de bovinos em pastagem 
consorciada com amendoim forrageiro, obtidos chega a 558 g/cab/dia. A produtividade 
média obtida foi de 568 Kg/ha/ano ou 19 @/ha de carcaça. 
Na pastagem em que foi consorciado com capim-humidícola, o ganho de peso 
médio foi de 565 g/cab/dia superior aos 444 g/cab/dia aos 494 g/cab/dia obtidos 
respectivamente no humidícola em monocultivo e com adubação nitrogenada. São 
ganhos bastantes satisfatórios considerando-se a duração do período de avaliação e 
o baixo nível de fertilizantes utilizado. 
4.6 PLANTIO 
O material deve ser plantado imediatamente com boas condições de umidade 
do solo, em sulcos espaçados de 50 cm (1 estolão a cada 20cm) ou em covas (3 
estolões por cova) espaçamento de 0,80 x 0,50m ambos com aproximadamente 15 
cm de profundidade. Os estolões devem medir entre 20 a 30 cm e conter pelo menos 
4 gemas. Devem ser colocados na cova ou sulco deixando cerca de 5 a 10 cm (1 a 2 
gemas ) desenterradas. Cobrir com terra e compactar bem para garantir adesão entre 
os estolões e o solo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 REFERÊNCIAS 
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organs of the gastrointestinal tract of dairy crossbreeds and Zebu bulls in 
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CUNNINGHAM, J.G. Tratado de fisiologia veterinária. 3.ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2004. 579p. 
 
CHURCH, D.C. The ruminant: animal digestive physiology and nutrition. 
Englewood Cliffs, NJ: Pentice-Hall, 1998. 564p. 
 
DAMASCENO, JÚLIO CÉSAR; SANTOS, GERALDO TADEU DOS. Aspectos da 
alimentação da vaca leiteira. Disponível em: <http://www.nupel.uem.br/pos-
ppz/aspecto-08-03.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2019. 
 
FORBES, J. M. Voluntary food intake and diet selection in farm animals. 2. ed. 
Wallingford, UK: CAB international, 2007. 
 
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CONFINAMENTO. Protein contents in the diet of holstein milking cows in a tie 
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UFRGS DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS. Principais deficiências vitamínicas em 
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UFRGS. Deficiência de cobre, zinco, selênio e cobalto em animais. Disponível em: 
<https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/microminerais.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2019. 
 
WATTIAUX. A MICHEL. HOWARD, W. TERRY. Processo digestivo na vaca de 
leite. Instituto Babcock para Pesquisas e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira 
Internacional. University of Wisconsin-Madison.

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