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Nutrição animal

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Nutrição animal 
2020.1 
Marina Morena 
mmorenacg@gmail.com 
 
2 
Sumário 
Introdução ............................... 3 
Conceitos ................................. 3 
Composição bromatológica ........ 3 
Água ............................................. 4 
Carboidratos ................................. 4 
Classificação por estrutura ......... 5 
Análise laboratorial ................... 5 
Lipídios ......................................... 5 
Ácidos graxos essenciais ............ 6 
Análise bromatológica ............... 7 
Proteínas ....................................... 7 
Análise bromatológica ............... 7 
Minerais ........................................ 8 
Análise bromatológica ............... 8 
Digestibilidade ........................ 9 
Rotulagem ............................. 10 
Classificação dos alimentos ..... 12 
Volumoso .................................... 12 
Concentrado ............................... 13 
Tipos de ração ......................... 13 
Ração farelada ............................ 13 
Ração peletizada ......................... 13 
Ração extrusada .......................... 14 
Outros tipos de ração .................. 14 
Armazenamento ................... 14 
Energia .................................. 15 
Métodos de determinação .......... 15 
Anatomia comparada do TGI .... 16 
Não ruminantes .......................... 16 
Ruminantes ................................. 17 
Digestão e absorção .................. 18 
Estômago químico ....................... 18 
Intestino delgado ........................ 18 
Intestino grosso........................... 19 
Digestão ≠ Absorção .................... 19 
Obesidade .............................. 19 
Fatores que desencadeiam 
obesidade ........................................ 20 
Alterações clínicas associadas ...... 21 
Cuidados essenciais ..................... 22 
Tratamento ................................. 22 
Gatos ...................................... 22 
Diagnóstico ................................. 23 
Sequência de tratamento ............ 23 
Nutrição de não ruminantes ... 24 
Suínos ......................................... 24 
Rações por fase de criação ....... 24 
Aves ............................................ 25 
Carnívoros ................................... 25 
Gatos ...................................... 25 
Frequência alimentar ............... 26 
Equino ........................................ 26 
Coelho ........................................ 27 
Nutrição de ruminantes.......... 27 
Fermentação de carboidrato ....... 29 
Uso de proteínas ......................... 29 
Segunda avaliação .................. 33 
 
Marina Morena 
 
3 
Introdução 
Nutrição é uma ciência complexa que 
estuda diversos processos que envolvem a 
ingestão, digestão e absorção de nutriente. 
O nutricionista veterinário é crucial em 
produção animal, pois compõe a tríade 
necessária para o melhor desempenho 
animal: genética, manejo e nutrição. De 
60% a 70% do custo da produção animal 
vai para a nutrição. 
Na clínica pode ajudar em cálculos 
urinários, saúde gastrointestinal, 
obesidade, além de problemas hepáticos e 
renais. 
Em diagnóstico por imagem consegue-
se notar deficiência nutricional (falta ou 
excesso). 
Além disso, a nutrição impacta também 
no meio ambiente, uma vez que o alimento 
interfere na quantidade de excrementos 
(fezes e urina). Um animal que se alimenta 
de uma refeição com baixo valor 
nutricional irá precisar ingerir mais dela 
para atingir suas necessidades. Além de 
um alimento com menor valor nutricional 
ser menos absorvido e, portanto, gerar um 
volume de fezes maior. 
 Conceitos 
Alimento, em uma definição mais 
generalista, é o que garante a 
sobrevivência da espécie. Para nutrição, 
precisa de qualidade nutricional, não ser 
tóxico e ser palatável. É melhor controlar a 
ingesta de alimentos pelo nível de energia 
em vez da palatabilidade. 
Nem todo animal necessita de uma 
ração super premium. A alimentação varia 
de acordo com a necessidade do animal e 
do poder aquisitivo do tutor. 
A digestão é a transformação de 
moléculas de maior peso molecular em 
partículas menores passíveis de absorção. 
Obs: a única exceção em que há absorção de 
molécula complexa é no colostro, onde o recém-
nascido absorve imunoglobulinas. 
Nutriente são os componentes do 
alimento, como proteína, vitamina, água, 
carboidrato, minerais e lipídios. Em 
contrapartida, ingrediente é o que 
constitui um alimento, aquilo que é 
inserido para produzir a refeição. Os 
nutrientes podem servir como 
ingredientes quando colocado em um 
alimento como suplemento. 
A dieta é uma alimentação balanceada 
com uma finalidade específica. Por outro 
lado, a ração é uma alimentação 
balanceada por um período de 24h, 
enquanto a refeição (ou trato) são as 
porções de uma ração. 
O metabolismo é a reação de síntese 
(anabolismo) e quebra (catabolismo) dos 
nutrientes. 
Por fim, a bromatologia é a ciência que 
estuda os alimentos, suas composições 
químicas e nutrientes. 
Composição 
bromatológica 
No rótulo dos alimentos encontramos 
os detalhes como níveis de garantia. Os 
parâmetros são baseados na matéria seca, 
pois a proporção é diferente em alimentos 
desidratados e frescos. 
As análises são realizadas a partir do 
método de weende grande parte das 
vezes, por ser de baixo custo. Entretanto, 
esse método não qualifica os nutrientes, 
apenas quantifica. Por esse método 
podemos quantificar a fração úmida do 
alimento (água) e a matéria seca. A matéria 
seca consiste na porção orgânica (proteína, 
carboidrato, lipídio e vitamina) e mineral 
(sais minerais) do alimento. 
Marina Morena 
 
4 
Água 
Nutriente de privação mais crítico. Um 
animal pode perder toda a gordura, 
metade das proteínas e aproximadamente 
40% do peso vivo e sobreviver, porém o 
máximo de água que ele pode perder é 
10%. 
A água corpórea pode ser de três 
origens: ingerida, que é a principal e muito 
importante (especialmente para gatos); 
alimentar, que é ingerida a partir do 
alimento (por exemplo um cavalo quando 
pasta, onde o pasto costuma ter em média 
75% de água em sua composição); ou 
metabólica, resultante do catabolismo 
energético (nutriente -> CO2 + H2O e 
energia) que tem especial importância em 
animais que hibernam ou que passam 
longos períodos de seca (camelos, 
dromedários e etc). 
As principais funções da água são no 
transporte de nutrientes, tanto no corpo 
do animal como no alimento, atuar em 
reações metabólicas, controle da 
temperatura, dar forma ao organismo e 
lubrificar tanto articulações como olhos e 
ouvidos, além de ser um constituinte 
tecidual. 
Obs: alimentos desidratados - em alguns casos 
é importante, pois o animal come mais quantidade 
sem ficar satisfeito, ingerindo mais nutrientes. 
Além disso, o tempo de armazenamento do 
alimento desidratado é maior, pois sem água os 
micro-organismos têm o crescimento inibido. 
Como método de análise bromatológica 
da umidade de um alimento, utiliza-se o 
ressecamento (evaporação) do mesmo e 
comparar o peso antes e depois, assim a 
diferença é o quanto havia de água. 
Carboidratos 
É a principal fonte de energia para 
grande parte dos animais, exceto os 
carnívoros (proteína). A fórmula química 
geral leva a proporção de C1H2O1, um 
exemplo é a glicose (C6H12O6). 
A origem dos 
carboidratos é 
fundamentalmente 
sempre através da 
fotossíntese de 
uma planta. 
Entretanto, na 
alimentação o tipo 
de origem do 
carboidrato pode ser animal (glicose no 
sangue, lactose do leite e glicogênio do 
fígado) ou vegetal, que é a forma utilizada 
na nutrição. O carboidrato de origem 
vegetal pode ser de dois tipos: 
1. Carboidrato estrutural (fibra bruta) – 
carboidratos da parede celular da 
planta, como a celulose, hemicelulose 
e pectina. Além disso, na parede 
celular vegetal também há um 
componente, a lignina, que não é 
carboidrato e não é digestível. A 
concentração de lignina na parede 
celularé proporcional à idade da 
planta. 
Obs: a quantidade de lignina presente no 
alimento, como o feno ou forragem, afeta 
diretamente na qualidade do mesmo, uma vez que 
o animal não consegue digerir esta substância. 
2. Carboidrato não estrutural (extrato 
não nitrogenado/ENN) – presente no 
interior da célula são os amidos e 
açúcares. O ENN não é quantificado no 
método de weende, o resultado pode 
ser obtido a partir a diferença 
resultante dos outros componentes 
(portanto não aparece no rótulo). 
A fibra possui uma função nutricional 
importante como prebiótico, que são 
ingredientes nutricionais não digeríveis 
que afetam beneficamente o hospedeiro 
estimulando seletivamente o crescimento 
e atividade de uma ou mais bactérias 
benéficas do cólon, melhorando a saúde 
do seu hospedeiro. Conforme as bactérias 
da microbiota fermentam as fibras, é 
gerado no TGI gás e ácido. Essa acidificação 
é que traz benefícios, como a seleção da 
microbiota; energia para a células 
Carboidrato 
estrutural 
Carboidrato 
não estrutural 
Marina Morena 
 
5 
(enterócitos), por ser um ácido graxo; 
estimula o sistema imune; além de 
melhorar na absorção dos alimentos. 
Para que a fibra gere um nível de 
fermentação que traga benefícios, ela 
precisa ter uma fermentabilidade 
moderada, pois se for alta trará 
consequências como a diarreia osmótica e 
se for baixa não atingirá o efeito desejado. 
Assim, temos como exemplos de fibras 
com valor nutricional para os não 
ruminantes a polpa de beterraba, polpa de 
citros, o farelo de arroz e a goma arábica. 
 
Obs: Extrato de Physillium é um tipo de fibra 
extraído da casca da semente que é muito utilizado 
em ração de gatos, pois ajuda no trânsito intestinal 
e a eliminar bolas de pelo. 
Classificação por estrutura 
Os carboidratos podem ser 
classificados, de acordo com a sua 
estrutura, como monossacarídeos ou 
polissacarídeos. Os monossacarídeos são 
os carboidratos simples, ou seja, a forma 
absorvível. São eles a glicose, manose, 
frutose e galactose. 
Por sua vez, os polissacarídeos são os 
carboidratos complexos formados por 
diversos monossacarídeos, por exemplo, a 
lactose, que é formada por uma glicose e 
uma galactose. Outros exemplos são a 
maltose, amido, glicogênio, celulose etc. 
Desse modo, grande parte das vezes o 
que se ingere é o polissacarídeo e dentro 
do corpo ele é clivado em monossacarídeo 
e absorvido. 
Tanto o amido quanto a celulose são 
formados pela ligação entre diversas 
moléculas de glicose, o que os diferencia é 
o tipo de ligação entre elas. Nos 
carboidratos estruturais os 
monossacarídeos são unidos por uma 
ligação do tipo β, enquanto os carboidratos 
não estruturais são unidos por uma ligação 
do tipo α. 
Com base nessa ligação, podemos 
entender por que o animal consegue 
digerir o amido, uma vez que possui a 
enzima α-amilase. Como exceções têm os 
carnívoros, que não evoluíram para ingerir 
carboidratos e não produzem essa enzima. 
Assim, quando ofertado carboidrato na 
alimentação deles, deve sempre haver um 
processamento prévio do mesmo, como 
cozimento por exemplo. 
Obs: carnívoros que consomem amido em 
excesso ou não processado podem desenvolver 
uma diarreia osmótica, uma vez que esse não é 
digerido. 
Os animais ruminantes conseguem se 
alimentar de carboidratos estruturais, pois 
em sem rúmen há uma microbiota que 
digere a celulosa, rompendo as ligações β. 
Análise laboratorial 
A análise laboratorial para a 
determinação de carboidrato mais usada é 
o método de weende, que apenas 
quantifica a fibra bruta. Um segundo 
método que pode ser utilizado é o método 
Van Soest. Este segundo tem a capacidade 
de qualificar o tipo de fibra, podendo ser 
realizado de dois modos: 
1. FDN (fibra em detergente neutro) - 
celulose, hemicelulose e lignina. 
2. FDA (fibra em detergente ácido) – 
celulose e lignina. 
Um valor aumentado de FDA está 
relacionado ao aumento da lignina, assim, 
quanto maior for o FDA menor é a 
digestibilidade daquele alimento. 
Lipídios 
São substâncias heterogêneas, 
insolúveis em água por ser apolar e 
solúveis em solventes orgânicos 
(glicerídeos, ceras, esteróis, carotenoide, 
fosfolipídios e esfingolipídio). Quanto mais 
Marina Morena 
 
6 
complexo o radical do ácido graxo, mais 
apolar é a molécula. 
 
A diferença entre uma gordura e um 
óleo é a sua consistência em temperatura 
ambiente, onde a gordura é sólida e o óleo 
é líquido. Essa característica é derivada do 
tipo de ligação presente. A ligação 
saturada é simples, portanto é uma ligação 
mais forte, mais difícil de desfazer. Desse 
modo, glicerídeos com ligações saturadas 
são sólidos em temperatura ambiente 
(gordura) e precisam ser aquecidos para 
fluidificarem. Esse tipo de substância 
estraga com menor facilidade, uma vez 
que suas ligações são mais fortes. 
Por sua vez, as ligações insaturadas, que 
são ligações duplas, possuem um ponto de 
fusão mais baixo, precisando de uma 
menor temperatura para se fluidificar. Por 
ser uma ligação frágil, os alimentos que 
possuem glicerídeos insaturados estragam 
com uma maior facilidade. 
O processo de rancificação 
(deterioração) do alimento é quando há a 
oxigenação, formando peróxido de 
hidrogênio e estragando o alimento. Para 
evitar esse processo, são utilizadas como 
aditivos algumas substâncias 
antioxidantes. 
Uma das principais funções dos lipídios 
é servir como fonte de energia, podendo 
gerar 2,25 vezes mais energia que outros 
nutrientes orgânicos (CHO) e proteínas 
(CHON). Por possuírem poucos níveis de 
outros nutrientes, a adição de lipídios não 
desbalanceia a ração, sendo assim o último 
ingrediente acrescentado. 
Além disso, é uma fonte de ácidos 
graxos essenciais, isolante contra frio e 
melhora a palatabilidade e poeira das 
rações. Os lipídios também participam da 
síntese e transporte das vitaminas 
lipossolúveis (vitaminas A, D, E e K); na 
síntese de sais biliares e hormônios, 
especialmente os com base de colesterol; 
é um importante isolante elétrico (bainha 
de mielina) e estrutural (fosfolipídios da 
membrana plasmática); e, por fim, é um 
impermeabilizante. 
 
Ácidos graxos essenciais 
Um dos mais citados ácidos graxos 
essenciais é o grupo/família pertencente 
aos ômega 6 e 3. O ácido linoléico é um dos 
pertencentes à família ômega-6, que 
possui 18 carbonos e duas ligações duplas. 
Todos os ácidos graxos da família ômega-6 
são insaturados e possuem em comum 
uma ligação dupla no carbono 6. Podem 
ser encontrados em óleos vegetais e certas 
gorduras animais. Dentre as suas funções, 
a saúde da pele e a qualidade do pelo são 
as citadas, além da função na reprodução. 
Cachorros produzem o ácido 
araquidônico a partir do ácido linoléico, 
portanto este não é considerado essencial. 
Por sua vez, os gatos não possuem as 
enzimas necessárias para essa conversão, 
então o ácido araquidônico é essencial na 
alimentação. 
A família ômega-3 é composta pelos 
ácido linolênico, ácido eicosapentaenoico 
(EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA). É 
caracterizada pela presença de três 
ligações duplas, onde a ligação dupla 
característica está na extremidade oposta 
à carboxila, no carbono 3. É encontrada em 
óleos de peixe e possui papel anti-
inflamatório, além de auxiliar na 
maturação do sistema nervoso em animais 
jovens e lutar contra o envelhecimento 
Marina Morena 
 
7 
cerebral no animal idoso devido ao seu 
papel na oxigenação celular. 
Análise bromatológica 
Os lipídios são descritos nos rótulos 
como extrato etéreo devido ao seu 
método de análise, que usa o éter como 
solvente para a extração. 
Proteínas 
Compostos nitrogenados com grande 
peso molecular, presente em todas as 
células vivas. A estrutura geral é composta 
de C,H,O e N, podendo conter S, P, ou Fe. 
As proteínas possuem função estrutural 
tanto na construção quanto na renovação 
(colágeno, elastina e proteínas contráteis), 
além das funções de defesa 
(imunoglobulinas), transporte (albumina) e 
agirem como enzimas e hormônios no 
corpo.A forma absorvível da proteína é o 
aminoácido. A partir desse conceito, 
dividem-se os aminoácidos em essenciais, 
que só são adquiridos através da 
alimentação, ou não essenciais, que 
podem ser sintetizados no corpo. 
No geral, a lisina, o triptofano, a 
treonina, a metionina, a histidina, a 
leucina, a isoleucina, a fenilalanina, a 
valina, a arginina e a taurina são 
aminoácidos ditos essenciais. Em 
contraponto, como aminoácidos não 
essenciais temos: serina, prolina, glicina, 
cistina, ácido glutâmico, ácido aspártico, 
glutamina, aspargina e alanina. 
Obs: os aminoácidos essenciais variam de 
acordo com a espécie, alguns não são essenciais 
para cães, mas são para gatos. 
O aminoácido metionina é essencial 
para praticamente todos os animais. O 
animal utiliza a metionina, dentre outras 
coisas, para sintetizar o aminoácido não 
essencial cistina. Por não ser essencial, não 
é obrigatório adicionar cistina à dieta, 
entretanto, algumas rações adicionam a 
cistina para evitar metabolizar muita 
metionina para esse fim. A cistina é um 
aminoácido mais barato para a indústria. 
A taurina é um bom exemplo de 
aminoácido que é essencial para uma 
espécie (gatos) e não essencial para outra 
(cães). 
Os aminoácidos limitantes são aqueles 
que estão presentes nos alimentos ou 
rações em pequenas quantidades, de 
forma a afetar a utilização dos demais 
aminoácidos. Podem estar limitantes um 
ou mais aminoácidos ao mesmo tempo, 
porém, em uma ordem de limitação. O 
aminoácido em menor quantidade é o 
limitante. 
As proteínas de alto valor biológico 
possuem em sua composição aminoácidos 
essenciais em proporções adequadas. É 
uma proteína completa e que o animal 
digere bem. Por sua vez, as proteínas de 
baixo valor biológico são aquelas que 
possuem poucos aminoácidos essenciais. 
Análise bromatológica 
Dentro do método de weende, é 
utilizado o método de Kjeldahl para 
determinar a quantidade de nitrogênio e, 
por consequência, o nível de proteína 
bruta presente no alimento. 
O nitrogênio da amostra é deslocado e 
transformado em sal de amônio 
(mineralização ou digestão). A seguir, em 
meio alcalino (adição de NaOH 40%) e 
aquecimento desloca-se o NH3, 
recebendo-o em ácido bórico com solução 
indicadora, vermelho de metila + verde de 
bromocresol (destilação por arraste a 
vapor). Por titulação com ácido clorídrico 
(0,1N), determina-se a quantidade de 
amônio que reagiu com ácido bórico. 
Assim, essencialmente determina-se a 
quantidade de nitrogênio da amostra. 
Tendo em mente que em uma proteína 
16% aproximadamente é nitrogênio, é 
realizado um cálculo que indica a 
quantidade de proteína. 
Marina Morena 
 
8 
Minerais 
São compostos inorgânicos constituídos 
basicamente de carbono, que participam 
na formação de tecidos, na ativação das 
reações bioquímicas através da ativação de 
sistemas enzimáticos. Além disso, 
participam no processo de absorção e 
transporte de nutrientes no organismo. 
É feita a suplementação de sal comum 
(NaCl) ou sal mineral (NaCl + outros 
minerais) em animais com alimentação a 
parto, pois nossos solos são pobres neles. 
Esse manejo é feito com base na premissa 
de que o sal mineral age como coadjuvante 
de compostos orgânicos, auxiliando na 
metabolização e, por consequência, 
melhorando o desempenho animal. Vale 
ressaltar que como o sal mineral não gera 
energia, ele não leva ao ganho de peso do 
animal. 
Os minerais são divididos em 
macromineiras, que são exigidos em 
maiores quantidades (Ca, P, K, S, Na, Cl e 
Mg) e estão em maior abundancia na 
natureza, e microminerais, que são menos 
exigidos e menos abundantes (Fe, Zn, Cu, I, 
Mn, Cr, Co, Mo, Se, F, B, Ni e Br). 
A inter-relação entre minerais é de 
extrema importância, difícil harmonia e 
deve ser levada em consideração na 
nutrição animal. Desse modo, deve-se 
utilizar uma formula pronta ou indicada 
apenas por profissionais extremamente 
especializados. 
O sinergismo é quando a combinação 
de ingredientes minerais não atrapalha na 
absorção um do outro. Por sua vez, o 
antagonismo é quando na combinação de 
ingredientes um mineral atrapalha na 
absorção do outro. 
Mineral Deficiência Excesso 
Cálcio (Ca) 
Descalcificação e 
hiperparatireoidismo 
Anormalidades ósseas, 
osteocondrose, redução 
do crescimento e 
osteodistrofia 
hipertrófica 
Fósforo (P) 
Pernas tortas, 
osteomalácia, acidose e 
anemia 
Insuficiência renal, 
impede a absorção de 
cálcio, desidratação e 
poluição ambiental 
Magnésio 
(Mg) 
Anorexia, alterações 
nos ossos, articulações 
e ligamentos; Gatos 
perdem o reflexo de 
piscar e têm convulsão 
Cálculos urinários (urina 
alcalina) 
Sódio (Na) 
Apatia, aumento da 
frequência cardíaca e 
desidratação 
 
Cloro (Cl) 
Queda de potássio, 
perda de peso e 
fraqueza 
 
Iodo(I) 
Dilatação da tireóide, 
desordens no 
crescimento, queda de 
pelo e apatia 
 
Cobre (Cu) 
Baixa imunidade, 
anemia, hemorragia e 
canibalismo 
 
Ferro (Fe) Anemia e fraqueza 
Deficiências de cobre e 
zinco, vômitos e 
diarreia 
Zinco (Zn) 
Crescimento lento, 
dermatites e queda de 
pelo 
 
Selênio 
(Se) 
 
Falta de apetite, 
vômito, cegueira e 
crescimento 
inadequado 
Obs: excesso de selênio é encontrado 
especialmente em dietas ricas em peixes. 
Análise bromatológica 
A análise realizada pelo método de 
weende é feita com uma mufla (forno de 
até 400ºC), onde o alimento é 
aquecido/queimado e toda a matéria 
orgânica desfeita. Assim, o que sobra é a 
matéria inorgânica presente. Por isso, além 
de ser chamada de matéria mineral, pode 
também ser chamada de cinza (ash). 
Marina Morena 
 
9 
Digestibilidade 
É o valor percentual do alimento não 
recuperado nas fezes. O animal digere 
parte do alimento e excreta o resto. O 
quanto menos proteína, lipídios, minerais 
etc. que ele excretar, melhor para o 
animal. Assim, o alimento com 
ingredientes de melhor qualidade será 
melhor digerido e irá gerar menos excreta. 
Quando o animal come um alimento 
com maior digestibilidade, ele irá 
necessitar comer menos quantidade, já 
que ele irá aproveitar o máximo daquele 
alimento. 
Rações formuladas com ingredientes de 
melhor qualidade são mais caras, pois o 
ingrediente é nobre. Deve-se pensar que 
haverá um consumo menor também. A 
análise de custo benefício tem que ser 
feita, uma vez que na hora de indicar uma 
ração, deve-se avaliar outros fatores 
também como: poder aquisitivo do tutor, 
necessidade do animal etc. 
Em relação a questão ambiental, alguns 
fatores são importantes: como o volume 
de excreta e menos poluentes (como 
fósforo). 
Obs: quando animal come muito de uma ração, 
não significa que ela é de boa qualidade, apenas 
com alta palatabilidade. 
O coeficiente de digestibilidade é o 
percentual daquele alimento que o animal 
consegue fazer proveito. Assim, quanto 
maior o coeficiente, maior a qualidade do 
alimento. É o que garante a qualidade do 
alimento e é um dos fatores que define 
como super premium, premium e 
econômica, embora não haja lei brasileira 
para isso. Todas as rações comerciais são 
balanceadas. 
A ração econômica é balanceada para 
uma formulação de mínimo, ou seja, para 
animais que tem menor exigência 
nutricional (animais mais rústicos, como os 
SRD). Não são rações ruins, são apenas 
para animais com menor exigência 
nutricional. O fato de usarem ingredientes 
menos nobres e menos aditivos, que defini 
a formulação mínima, é o que torna a ração 
mais barata e acessível. 
 
A legislação permite que as 
rações econômicas troquem de 
ingredientes de acordo com o 
aumento valor em épocas de alta, 
para que as rações mantenham o 
preço. Há uma lista de substitutos 
que são permitidos. Além disso, 
deve-se levar em conta a 
digestibilidade do ingrediente 
substituído, sempre se atentando 
para que não cair a qualidade da 
ração. 
Rações premium e super 
premium não fazem isso pois o alto 
valor do ingrediente já está embutido no 
preço da ração. Além disso, um animal com 
maior exigência nutricional iria sofreros 
efeitos da troca, como diminuição na 
palatabilidade ou diarreia. 
Obs: rações super premium também tem uma 
energia elevada. 
Existem grandes variações na 
capacidade de utilização dos vários tipos 
de alimentos, em função das diferenças 
anatômicas e fisiológicas existentes nos 
tratos digestivos das várias espécies. 
Certas espécies animais não diferem 
grandemente na sua capacidade de digerir 
alimentos concentrados, tais como grãos 
Marina Morena 
 
10 
de cereais e seus subprodutos, visto que 
estes alimentos apresentam um baixo 
valor em fibra bruta. Outras, como os 
ruminantes, capazes de digerir grande 
quantidade de matéria fibroso. 
Em face dessas diferenças, se torna de 
grande importância a avaliação dos 
ingredientes usados na alimentação 
animal, pois, para se obter uma 
alimentação eficiente, é necessário 
conhecer tanto as exigências das várias 
espécies, como a extensão pela qual 
diferentes alimentos suprem aquelas 
necessidades. 
 
Além disso, outros fatores afetam a 
digestibilidade do alimento, como por 
exemplo a idade, raça e o indivíduo. 
Alguns fatores podem melhorar a 
digestibilidade de acordo com as 
características do alimento, como o 
processamento/modificação do alimento. 
Um desses fatores é a qualidade do 
ingrediente utilizado, bem como o 
cozimento do alimento. A redução do 
tamanho das partículas também melhora o 
aproveitamento do alimento pelo animal, 
uma vez que o torna mais susceptível a 
ação das enzimas digestivas. Por fim, a 
adição de enzimas também é um método 
utilizado para melhorar a digestibilidade, 
como a lactase para humanos, por 
exemplo. Economicamente esse recurso 
ainda é pouco vantajoso, não sendo 
utilizado em grande escala. 
Rotulagem 
A primeira avaliação a ser 
feita é: para qual espécie a 
ração é recomendada? Qual 
grupo de animais? Castrado? 
Filhote? 
Algumas informações a 
respeito de aditivos podem 
ser anunciadas no rótulo. Se 
for obrigatório, não pode 
receber esse destaque. 
Outro ponto importante 
para atentar é se a ração é 
ração mesmo, ou seja, 
alimento completo e não apenas um 
suplemento. O rótulo deve conter esse tipo 
de informação, geralmente na 
recomendação de consumo. 
 
 
O clínico deve se atentar que mexer na 
alimentação do animal deve ser feito como 
um medicamento, com um receituário de 
recomendações por escrito e assinado, 
para que o tutor não faça confusão e se 
fizer, você possuirá um documento 
registrando as cautelas a serem realizadas. 
Tal confusão costuma acontecer em casos 
Marina Morena 
 
11 
de suplementos sendo utilizados como 
ração, por exemplo. 
Além disso, em relação aos 
suplementos é sempre bom lembrar de 
quando for recomendar, alertar ao tutor 
de diminuir (e dizer o quanto se deve 
diminuir) a porção de ração, para que o 
animal não consuma mais energia do que 
o necessário e engorde. 
O prazo de validade também é uma 
informação observada no rótulo. Os 
antioxidantes são aditivos utilizados para 
conservar o alimento e aumentar o prazo 
de validade. Se o antioxidante utilizado for 
natural, e não sintético, além da ração ser 
mais cara, o prazo de validade costuma ser 
menor. 
Algumas rações são vendidas com 
indicações para todos os portes, podendo 
ser utilizada para diferentes raças e portes. 
O ajuste é realizado pela porção indicada, 
mas vale lembrar que nesses casos, por ter 
baixa especificidade, costuma se tratar de 
um alimento que atende a formulação 
mínima. 
 
Algumas rações adicionam ao rótulo 
também recomendações de como realizar 
a transição adequada de uma ração para 
outra, que evitam a rejeição do animal pela 
nova ração. 
 
Os níveis de garantia também são 
informados no rótulo, dizendo a proporção 
dos nutrientes presentes. Alguns 
nutrientes estão indicados no mínimo e 
outros no máximo, demonstrando que há 
no mínimo/máximo x% do nutriente na 
formulação, seguindo os critérios da 
legislação. Quando é um mineral que deve 
ser regulado em proporção, o indicador é 
mín/máx, para garantir o balanceamento. 
A porção referente a composição básica 
do produto é basicamente os ingredientes 
utilizados na formulação: aditivos, 
minerais, vitaminas, componentes 
vegetais etc. Na nutrição animal ainda não 
é obrigatório, portanto, não é uma 
unanimidade, colocar os ingredientes em 
ordem decrescente em relação a 
quantidade. 
As rações que possuem muitos 
ingredientes de origem animal, possuem 
uma maior digestibilidade. Por sua vez, as 
rações com muitos ingredientes de origem 
vegetal a digestibilidade é menor. 
Partindo do princípio que algumas 
vitaminas são perdidas com o 
cozimento/processamento do produto, 
alguns fabricantes adicionam um tópico 
Marina Morena 
 
12 
que destaca os nutrientes adicionados 
depois do processamento da ração 
(enriquecimento por quilograma de 
produto). 
Por lei, todas as rações de não 
ruminantes precisam ter o aviso de uso 
proibido na alimentação de ruminantes. 
Isso por que, as rações feitas para não-
ruminantes, podem ter farinha de origem 
animal. O ruminante só pode receber, de 
origem animal, leite (quando bezerro), 
soro do leite (até adultos) ou farinha 
exclusivamente de ossos. Caso haja a 
ingestão de qualquer outro tipo de 
produto de origem animal, os ruminantes 
podem desenvolver uma doença pela 
formação de príons (mal da vaca louca). 
A ração pode ter sabor/cheiro do que o 
fabricante quiser, ainda que não tenha o 
ingrediente, pela adição de flavorizantes e 
aromatizantes. 
O fabricante por 
lei é obrigado a 
colocar o T em caso 
da utilização de 
ingrediente 
transgênico. Não há 
comprovação de 
que os alimentos 
transgênicos façam 
qualquer mal para a 
saúde de animais ou 
humanos. 
Nutricionalmente 
não possui qualquer 
benefício ou 
maleficio para o consumidor. As rações 
costumam ser mais baratas, pois os 
ingredientes transgênicos são mais 
baratos. É necessário também informar 
qual o ingrediente que sofreu a transgenia. 
Algumas rações recomendam a 
quantidade diária não só pelo peso animal, 
como pelo nível de atividade/gasto 
energético. É importante, pois o nível de 
energia necessário varia em alguns casos. 
Assim, no geral os ajustes de porção são 
utilizados de acordo com o peso e 
atividade física. É crucial seguir essas 
recomendações, para que o animal não 
engorde ou emagreça. 
 
Esse tipo de tabela deve ser explicado 
para o tutor, para que ele a siga 
corretamente. Bem como, deve ser 
explicada a importância de seguir essas 
recomendações e as consequências da 
desatenção. 
Classificação dos 
alimentos 
De modo geral, os alimentos podem ser 
classificados como volumosos ou 
concentrados. O primeiro critério de 
diferenciação entre eles é o teor de fibra 
bruta (FB; aka carboidrato estrutural). Os 
chamados volumosos possuem um alto 
teor (>18%) de FB, enquanto os 
concentrados apresentam um percentual 
menor (≤18%). 
Volumoso 
Os volumosos são também chamados 
de forragem ou alimentos forrageiros. 
Quando a forragem apresenta uma 
quantidade elevada de água, como uma 
forragem fresca, é considerada uma 
forragem aquosa. Como exemplo de 
forragem aquosa temos a capineira 
(capim), silagem e cana de açúcar (utilizado 
mais para gado de leite). 
Obs: Silagem é o produto resultante da 
fermentação, realizada por bactérias, de 
forrageiras em processo de anaerobiose, picadas e 
Marina Morena 
 
13 
acondicionadas em silos. Este processo de 
produção de silagem denomina-se ensilagem e 
quando feito adequadamente, seu valor nutritivo é 
semelhante ao da forrageira verde. O processo de 
ensilagem deve ser feito com a planta cortada na 
época certa, enchendo-se o silo, de forma a 
compactar a massa verde picada e, por último, a 
vedação do local de armazenamento. 
A forragem seca (feno) é aquela 
forragem que foi desidratada, ou seja, 
perdeu a sua água. O processo de 
desidratação permite que os nutrientes se 
concentrem no alimento, potencializando. 
Vale ressaltar que o volumoso é crucial 
na alimentação de herbívoros, uma vez 
quea sua fisiologia apresenta uma requer 
grande quantidade de fibra. 
Concentrado 
Existem dois tipos de concentrados, que 
são classificados de acordo com sua 
concentração de proteína bruta. Assim, o 
concentrado proteico é aquele que 
apresenta um alto teor de proteína bruta, 
com uma concentração >20%. Por sua vez, 
é classificado como concentrado 
energético o alimento pobre em proteína 
bruta, apresentando uma concentração 
<20%. A exemplo de concentrados 
energéticos temos os grãos de cereais 
(milho, aveia, trigo, sorgo e cevada), os 
óleos e gorduras, as raízes e tubérculos e 
os melaços e polpas cítricas. 
Como concentrado proteico temos os 
farelos de oleaginosas, que após a extração 
do óleo há uma elevada concentração de 
proteína (soja, girassol, amendoim e o 
caroço do algodão), as farinhas de origem 
animal (carne, penas, vísceras, farinha de 
carne + osso) e os resíduos de cervejaria 
(resíduo como levedura, cevada, lúpulo 
etc). 
Obs: a soja possui um fator antitripsínico 
(sojina) que interfere na digestão da proteína. Na 
extração do óleo, o aquecimento destrói a sojina, 
por isso que a utilização do farelo não interfere na 
digestão da proteína. 
Alguns autores consideram a ureia 
como concentrado proteico, entretanto a 
ureia não é fonte de proteína. A ureia é 
considerada um nitrogênio não proteico 
(NNP). Em ruminantes, a microbiota utiliza 
a ureia como fonte de nitrogênio, por isso 
que os ruminantes conseguem ingerir 
certas concentrações de ureia e não se 
intoxicar. 
Tipos de ração 
Ração farelada 
Toda produção de ração se inicia pelo 
processo de triturar e misturar os 
alimentos. Caso o alimento seja fornecido 
após a mistura, é considerada uma ração 
farelada. Uma vantagem desse tipo de 
ração é o custo baixo e a facilidade de 
produção. 
Esse tipo de ração possui diversas 
limitações, como por exemplo levar a 
problemas respiratórios a longo prazo em 
alguns animais, uma vez que por ser um 
farelo, os grãos podem ser aspirados 
enquanto o animal se alimenta. Além 
disso, animais que apreendem o alimento 
com o dente tem uma maior dificuldade de 
ingestão do farelo. Por fim, os animais com 
bico, ainda que não apresentem nenhuma 
das limitações anteriores, eles podem 
tentar selecionar parte do farelo que 
considerem mais apetitosos, dependendo 
do nível de trituração deles. 
Ração peletizada 
Nesse tipo de ração, além dos processos 
de trituração e mistura, o alimento passa 
por uma aglutinação, no qual as partículas 
se grudam. Assim como o farelo, ainda é 
uma ração crua, portanto com uma 
digestibilidade menor. Porém, a vantagem 
em relação a farelada é que contorna as 
limitações referente ao farelo. O valor da 
ração aumenta em relação a farelada. 
Marina Morena 
 
14 
 
Ração extrusada 
A ração extrusada passa por um 
processo de cozimento em alta pressão 
após a trituração e a mistura. O cozimento 
aumenta a digestibilidade do alimento, 
assim os animais aproveitam melhor os 
nutrientes. A grande desvantagem desse 
tipo de ração é o custo de produção 
elevado, uma vez que há necessidade de 
aparelhos especializados e caros. 
Para animais de companhia é 
obrigatório que a ração seja do tipo 
extrusada, uma vez que esses animais não 
digerem o amido se não houver o 
cozimento prévio. Aves e peixes carnívoros 
também necessitam que a sua ração seja 
extrusada. Na verdade, qualquer ração de 
carnívoro que contenha farinha de vegetal 
(possui amido) tem que ser extrusada. 
Após triturado e misturado, o farelo 
resultante é cozido. A pasta gerada é 
levada para um extrusador. Nesta etapa 
pode ser definido o formato ou coloração 
da ração, critérios que costumam adicionar 
um custo na produção. 
Outros tipos de ração 
A ração 
floculada/flocada 
é utilizada 
basicamente na 
piscicultura. Nesse 
tipo, a ração sofre 
um processo de cozimento simples e 
depois é prensada por um rolo. Depois de 
seca, são observados pequenos flocos. 
A ração triturada é quando há a 
trituração da ração depois de ser realizada 
a peletização. Desse modo, o alimento se 
torna um farelo, só que nesse caso as aves 
não conseguem selecionar os ingredientes 
que desejam. É utilizada na produção de 
galinhas poedeiras. 
Por fim, a ração liofilizada é um tipo que 
está surgindo ainda, onde o alimento passa 
por um processo de desidratação por 
congelamento, semelhante ao utilizado na 
indústria medicamentosa e de vacinas. 
Atualmente é utilizada na alimentação de 
insetos. 
Armazenamento 
O armazenamento dos alimentos dos 
animais de companhia exige alguns 
cuidados básicos, como uma embalagem 
reforçada. Deve-se orientar o tutor a 
deixar sempre na embalagem original e, se 
possível, colocar essa embalagem dentro 
de um recipiente (pote) para proteger 
ainda mais. O contato com o ar pode levar 
a perda de nutrientes/oxidação, além do 
alimento murchar. 
Em animais de produção, por possuírem 
um menor percentual de proteína e 
gordura, as rações são menos passíveis de 
oxidação. Além disso, o alto consumo e 
rotatividade das porções é outro fator que 
diminui perdas. Por isso, a embalagem 
dessas rações costuma ser mais frágil e, 
Farelada Peletizada 
Marina Morena 
 
15 
portanto, baratas. Ainda assim, alguns 
cuidados devem ser tomados no 
armazenamento como o de evitar o 
contato com a umidade, pare/chão e o 
ambiente precisa ter uma ventilação 
mínima. 
Energia 
A energia é definida como a capacidade 
de realizar a manutenção vital. Ela é 
oriunda da queima de nutrientes 
orgânicos, como os carboidratos, lipídios e 
proteínas dos alimentos. 
A energia bruta é aquela presente no 
alimento, entretanto, o animal não 
consegue absorver 100% dela, eliminando 
uma porção nas fezes. A porção de energia 
que não foi eliminada pelas fezes é 
chamada de energia digestível. Parte dessa 
energia é perdida na urina, suor, gases etc., 
portanto deixando apenas a energia que 
de fato será utilizada, chamada de energia 
metabolizada. 
Parte dessa energia metabolizada é 
utilizada para a própria digestão do 
alimento pelo TGI. Essa perda é chamada 
de incremento calórico e é de difícil 
quantificação. Como resultado, a forma 
mais precisa de energia, que de fato condiz 
com o que o animal irá utilizar para a 
manutenção e produção, é chamada de 
energia líquida. 
 
Obs: em aves não se quantifica a energia 
digestível, pois ela elimina fezes e urina juntas. 
Desse modo, ou se tem a energia bruta ou a 
metabolizada. 
Balanço energético é definido como a 
diferença matemática entre a energia 
ingerida e a energia gasta. Assim, o animal 
está em um balanço energético quando 
ingere a energia líquida que ele necessita. 
O balanço energético negativo é quando o 
animal ingere menos energia do que 
necessita, entrando em um estado de 
catabolismo. Por outro lado, o balanço 
energético positivo é quando o animal 
ingere mais do que necessita e acaba 
armazenando o excedente. 
Métodos de determinação 
A energia bruta pode ser determinada a 
partir de um aparelho chamado de bomba 
calorimétrica, onde utiliza-se um grama de 
produto para um quilo de água e aquece o 
alimento. 
Tabelas pré-determinadas também 
podem ser utilizadas. Elas informam a 
energia de certo ingrediente cru para 
determinado animal. Essas tabelas são 
desenvolvidas por pesquisadores com 
trabalhos laboratoriais e com experimento 
animal. 
 
Embora seja muito utilizado em animais 
de produção, para cães e gatos não há 
ainda pesquisa brasileira suficiente para 
fornecer uma tabela confiável. Desse 
modo, para a nutrição de pequenos 
animais são utilizados cálculos que se 
baseiam na quantidade de carboidrato, 
lipídio e proteína no alimento. Sabe-se que 
cada grama de carboidrato fornece 4,15 
Energia bruta
• - porção 
perdida nas 
fezes
Energia 
digestível
• - energia perdida 
na urina, suor ou 
gases
Energia 
metabolizada
• - incremento 
calórico
Energia líquida
Marina Morena 
 
16 
Kcal de energia, enquanto o lipídio fornece 
9,40 Kcal e a proteína 5,65 Kcal. Esse seria 
ovalor de energia bruta, portanto deve-se 
aplicar um fator de correção que auxilia a 
chegar mais próximo do valor de energia 
metabolizado. Os valores utilizados são pré 
determinados e chama-se fator de 
atwater. 
 
Energia bruta 
(Kcal/g) 
Com fator de 
atwater 
(Kcal/g) 
Carboidrato 4,15 3,5 
Lipídio 9,40 8,5 
Proteína 5,65 3,5 
O carboidrato utilizado na alimentação 
de cão e gato é de origem vegetal, porém 
eles não utilizam a porção de fibra bruta. 
Esse fator deve ser levado em conta no 
momento do cálculo, portanto deve-se 
utilizar apenas o extrato não nitrogenado 
(ENN). 
Primeiro passo é somar os valores de 
proteína bruta, extrato etéreo, umidade, 
matéria fibrosa e matéria mineral, para 
que seja feita a diferença do total e 
obtenha-se o valor do ENN. Depois, os 
valores de fibra bruta, extrato etéreo e 
ENN são multiplicados pelos seus 
respectivos fatores de atwater. 
Na ração de gato fica: 
PB 33 x 3,5 = 115,5 Kcal 
EE 15 x 8,5 = 127,5 Kcal 
ENN 31,5 x 3,5 = 110,25 Kcal 
Dando um total de: 353,25 Kcal/100g 
Na ração de cão fica: 
PB 30 x 3,5 = 105 Kcal 
EE 19 x 8,5 = 161,5 Kcal 
ENN 30,5 x 3,5 = 106,75 Kcal 
Dando um total energético de 373,25 
Kcal/100g 
Obs: na ração de cão o rótulo dava os 
valores em Kg de ração, portanto foi feito 
o ajuste do cálculo para ficar na mesma 
proporção dos 100g que é dado pelo fator 
de atwater. 
Anatomia 
comparada do TGI 
Não ruminantes 
Dentre os animais não ruminantes de 
importância médico veterinária temos os 
herbívoros (cavalo e coelho), carnívoros, 
aves e suínos. 
Os herbívoros não 
ruminantes são 
também chamados de 
ceco funcionais. Sua 
alimentação é baseada 
em volumoso (fibra + 
água), que é digerido no ceco, pois é lá que 
estão os microrganismos responsáveis pela 
quebra das ligações do tipo β. Assim, a 
passagem pelo estômago é rápida, então 
nesses animais ele possui um tamanho 
reduzido. 
Quando o animal ingere muito 
concentrado, que deveria ser digerido no 
estômago e acaba não sendo já que a 
passagem por ele é rápida, os 
microrganismos do ceco/cólon são capazes 
de digerir. Por ser um alimento altamente 
fermentável, leva a produção de gás e 
ácido, portanto levando a um transtorno 
metabólico. 
Em resumo, o processo digestivo nos 
herbívoros não ruminantes tem início no 
Marina Morena 
 
17 
mecanismo de mastigação da cavidade 
oral. A segunda etapa é química e 
enzimática, no estômago e intestino 
delgado. A última etapa é a fermentativa, 
que ocorre no ceco. 
 
Devido a baixa ingestão de fibra, o 
intestino grosso dos carnívoros é menos 
desenvolvido e o trato digestivo é mais 
simples e curto. A digestão mais intensa 
ocorre no estômago e no intestino 
delgado, uma vez que sua alimentação se 
baseia em proteína animal. As fibras que os 
carnívoros ingerem provem da 
alimentação dos animais que eles caçam. 
 
Em relação as aves, os hábitos 
alimentares são extremamente variados. A 
diferenciação já inicia no bico, variando de 
acordo com o tipo de alimentação, 
portanto, em algumas aves o bico possui 
função digestiva. O papo, ou inglúvio, é 
uma dilatação do esôfago que serve de 
local de retenção do alimento para ser 
liberado em menores porções para o resto 
do trato digestório. Essa retenção é 
importante para que o alimento seja 
umedecido. 
As aves possuem um estômago 
químico, chamado de pró-ventrículo, que é 
onde são liberadas as secreções ácidas, 
responsáveis por solubilizar a proteína. Na 
sequência, há o ventrículo, também 
chamada de moela, que é um componente 
muscular onde ocorre a digestão mecânica 
do alimento. O ceco é chamado de saco de 
fundo cego e nas aves é um 
compartimento duplo, ainda que na 
maioria das veze seja afuncional ou pouco 
funcional. 
 
Os suínos são onívoros não ruminantes 
que ingerem grande parte dos alimentos, 
assim, possuem um intestino delgado bem 
desenvolvido. 
 
Ruminantes 
Dentre os ruminantes de importância 
zootécnica temos os bovinos, ovinos, 
bubalinos e caprinos. São animais 
herbívoros onde o alimento primeiro passa 
para o rúmen, depois para o retículo, 
omaso e, por fim, abomaso. 
Nos ruminantes, primeiro ocorre a 
fermentação e depois a digestão química, 
em contraponto aos herbívoros ceco 
funcionais. O alimento transita entre a 
cavidade oral e os pré-estômagos diversas 
vezes, processo chamado de ruminação 
encarregado de separar o alimento fino do 
Marina Morena 
 
18 
grosso, onde o grosso é novamente 
mandado para a cavidade oral para ser 
triturado. O ceco desses animais é pouco 
desenvolvido, uma vez que quando o bolo 
alimentar chega nele, já ocorreu a 
fermentação. 
 
Digestão e absorção 
O processo físico da digestão passa 
primeiramente pelas etapas de apreensão, 
mastigação e deglutição. A digestão tem 
início na cavidade oral com a saliva, que é 
uma secreção liberada pelas glândulas 
parótidas, submaxilares, sublinguais e 
bucais. Uma das suas funções é umedecer 
o alimento, o que ajuda a conduzir através 
da faringe e do esôfago. 
Um dos componentes da saliva é a 
enzima amilase salivar, exceto em cães, 
gatos e ruminantes que está ausente, cuja 
função é iniciar a digestão do amido. Além 
disso, a saliva possui um pH neutro entre 
6,5 e 7,3. Esse pH neutro é importante pois 
funciona como uma solução tampão que 
controla a acidez estomacal. Essa função 
tem especial importância evolutiva nos 
ruminantes, que produzem cerca de 50 a 
150L de saliva por dia. Quando o animal 
mastiga menos (ingesta de concentrado) 
não há tanta produção de saliva, levando a 
um aumento de acidez estomacal, 
podendo desenvolver para uma acidose 
ruminal. 
Estômago químico 
Também conhecido como estômago 
simples, abomaso e pró-ventrículo. As 
células G do antro pilórico secretam o 
hormônio gastrina com o estímulo da 
chegada do alimento. A secretina estimula 
a liberação do suco gástrico, composto por 
HCl (ácido clorídrico), pepsinogênio e 
lipase gástrica. 
A função do HCl é acidificar o meio, o 
que leva a ativação do pepsinogênio em 
pepsina. A pepsina é uma enzima que 
possui o pH de ação entre 1,5 e 2,5 e é 
responsável por iniciar a degradação das 
proteínas em oligopeptídeos. Além disso, o 
meio ácido contribui para o início da 
digestão proteica e possui ação 
bactericida. 
Filhotes produzem uma enzima 
chamada quimiosina, que também é 
ativada pelo HCl, que possui ação 
proteolítica sobre a caseína presente no 
leite. 
A lipase gástrica é a enzima responsável 
pela hidrólise de gorduras de baixo ponto 
de fusão. 
O muco (mucina) produzido pelas 
glândulas gástricas é, na realidade, um 
complexo de várias substâncias que 
fornecem um revestimento protetor para 
o estômago. 
Intestino delgado 
No intestino delgado são liberados os 
sucos entérico e pancreático, além da bile 
proveniente do fígado, responsáveis por 
realizar a digestão de diversas substâncias. 
Quando o alimento chega no intestino, o 
seu pH ácido estimula a liberação dos 
hormônios secretina, que age estimulando 
a produção das secreções do fígado e do 
pâncreas e inibe a produção de suco 
gástrico, e colecistoquinina (CCK), que 
estimula a liberação desses sucos. 
O suco entérico contém amilase 
intestinal e lipase intestinal, que 
Marina Morena 
 
19 
contribuem para a digestão de amido e 
lipídio, respectivamente. 
O suco pancreático além de conter as 
suas próprias amilases e lipases, também 
contém tripsina e a quimiotripsina, que são 
enzimas proteolíticas. O suco pancreático 
é responsável por alcalinizar o bolo 
alimentar, que veio do estômago com um 
pH ácido, por conter o íon bicarbonato. 
Essa alcalinização é importante, uma vez 
que o pH de ação das enzimas pancreáticas 
é entre neutro e alcalino (amilase – 6,5 a 
7,2; lipase – 7 a 8) 
A bile é responsável pela emulsificação 
das gorduras, fator crucial para a absorção 
das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). 
Intestino grosso 
De modo geral, a função do intestino 
grosso (ceco, cólon e reto) é a recuperação 
de fluidos e eletrólitos (sódio e cloro), 
absorçãode algumas vitaminas (complexo 
B e K) e o armazenamento de fezes até a 
eliminação, porém essa é uma porção do 
TGI que pode variar bastante entre as 
espécies. Digestão propriamente dita 
basicamente não acontece no intestino 
grosso, o que ocorre é a fermentação, que 
pode ser muito significativa (animais ceco 
funcionais) ou pouco significativa. 
Digestão ≠ Absorção 
A digestão é a transformação de 
macromoléculas em moléculas simples. 
Por sua vez, a absorção é o processo de 
transporte de moléculas simples para a 
corrente sanguínea ou linfa. É importante 
diferenciar os dois processos e não os 
confundir. Um nutriente pode ser digerido 
e não absorvido em casos patológicos, por 
exemplo. 
Tanto a digestão quanto a absorção 
mais significativa ocorrem no intestino 
delgado. 
A absorção ocorre de diversas formas, 
os eletrólitos, água e alguns 
monossacarídeos, por exemplo, são 
transportados por difusão simples. Outros 
nutrientes, como alguns aminoácidos, 
lipídios (ácido graxo simples) e certos 
monossacarídeos, são transportados com 
gasto de energia (fosforilação/transporte 
ativo). 
O lipídio, por ser mais difícil de ser 
transportado, costuma ser absorvido e 
transportado pela via linfática. A absorção 
e a digestão de lipídios por herbívoros é 
mais complexa do que em carnívoros por 
questões evolutivas de dietas com baixas 
concentrações de lipídios. 
Absorção do alimento é diferente da 
assimilação dele. A assimilação consiste no 
processo em que o alimento já absorvido 
consegue ser utilizado pelo organismo. 
Digestão ≠ Absorção ≠ Assimilação 
Obesidade 
Caracterizada pelo acúmulo excessivo 
de tecido adiposo como resultado de um 
balanço positivo de energia metabólica. 
Em 80% dos casos é apenas um erro de 
manejo, onde há um desbalanço o 
consumo ou no gasto energético. 
O sobrepeso é um grau leve, onde o 
animal apresenta um aumento do peso 
esperado de até 20%. Estágio de alerta, 
onde não é necessário medidas 
terapêuticas, apenas mudanças de hábitos 
e monitoramento. Quando passa dos 20% 
acima do peso ideal, é classificado como 
obesidade, quadro patológico que deve ser 
tratado com ração terapêutica e um 
programa dietético rígido. 
O balanço energético deve ser neutro, 
ou seja, a ingesta deve ser condizente com 
o gasto energético do animal. Caso o 
animal consuma mais energia do que 
gasta, o balanço é positivo e leva ao 
acúmulo de gordura. O desbalanço 
negativo é quando o animal gasta mais 
energia do que ingere, o que também é 
desfavorável e pode levar a desnutrição. 
Marina Morena 
 
20 
 
A obesidade pode ser classificada como 
hipertrófica ou hiperplásica. Quando o 
animal tem um desbalanço positivo ainda 
jovem, quando ainda está na fase de 
crescimento, há um aumento no número 
de adipócitos sintetizados para armazenar 
energia, o que caracteriza uma obesidade 
hiperplásica. Por mais que o animal faça 
dieta e perca peso, ele sempre terá um 
número maior de adipócitos, portanto, 
maior facilidade de acumular gordura. 
Em contraponto, a obesidade 
hipertrófica é mais típica em animais 
adultos, decorrente do aumento no 
volume do adipócito. É considerada 
simples, pois o animal tem uma facilidade 
maior para perder peso e manter. 
Fatores que desencadeiam 
obesidade 
Embora o manejo alimentar incorreto 
seja um dos principais fatores 
predisponentes da obesidade, fatores 
genéticos, sociais, culturais, metabólicos e 
endócrinos também possuem influência, 
caracterizando uma patologia 
multifatorial. 
O manejo alimentar incorreto envolve 
tanto a oferta excessiva de comidas, bem 
como os petiscos e guloseimas adicionais. 
Com os anos, os animais foram 
introduzidos não só ao lar, mas ao círculo 
familiar. A partir daí, o animal passa a ser 
tratado seguindo os padrões socioculturas 
dos humanos, que envolve o hábito de 
comer como algo social. Desse modo, os 
tutores utilizam de petiscos e guloseimas 
para gratificar os animais e demonstrar 
afeto. Isso aumenta a ingesta energética 
do animal, gerando um balanço energético 
positivo. 
Além disso, ao inserir os animais dentro 
de apartamentos, alterou-se o gasto 
energético. Outro ponto é que os animais 
não precisam mais gastar energia para 
caçar. Todos esses fatores propiciam ao 
desenvolvimento da obesidade, por afetar 
diretamente o balanço entre ingesta e gato 
energético. 
As endocrinopatias como 
hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, 
diabetes e hiperinsulinema interferem 
diretamente na vontade de comer 
(polifagia – huperinsulinemia) ou no gasto 
energético do animal, fatores que também 
são predisponentes de obesidade. 
O fator genético é apenas fenotípico, 
portanto, ainda que o animal tenha 
propensão, apenas a genética não é 
suficiente para desencadear um quadro de 
obesidade. Animais de raças como 
labradores, Golden retrivers, beagles, 
teckels, boxers, pastores de Shetland, 
cocker spaniels e basset hounds são 
sabidamente de maior risco para 
desenvolver obesidade. 
Outro fator de risco claro para a 
obesidade é a castração; a incidência de 
obesidade é maior em cães castrados de 
ambos os sexos. As razões para este efeito 
têm sido estudadas, mas torna-se claro 
que os hormônios sexuais são importantes 
reguladores da ingestão de energia e do 
gasto metabólico. Além disso, o sexo 
também é considerado um fator 
predisponente, uma vez que as fêmeas 
têm maior facilidade de armazenar 
gordura, o que importante para a 
gestação. 
É importante considerar a idade do 
animal também, pois animais mais velhos 
tem um metabolismo diminuído e hábitos 
mais sedentários. 
Marina Morena 
 
21 
 
Animais que sofreram lesões no 
hipotálamo também tem tendência a 
desenvolver obesidade, uma vez que afeta 
o centro de controle de saciedade. Por fim, 
medicamentos como ainticonvulsivantes, 
glicocorticóides ou hormônios também 
podem influenciar no ganho de peso do 
animal. 
Alterações clínicas 
associadas 
O excesso de tecido gorduroso gera 
efeitos deletérios no metabolismo 
fisiológico e funcionamento dos órgãos. De 
modo geral, animais obesos, quando 
comparados aos animais no peso ideal, 
vivem cerca de dois anos a menos, além de 
apresentarem maior incidência de lesões 
osteoarticulares e de ligamentos, 
consequências da sobrecarga do aparelho 
locomotor. 
A resistência insulínica é uma das 
disfunções endócrinas mais frequentes, 
acompanhando maior risco de 
desenvolvimento de diabetes mellitus, 
bem como favorecer a lipólise. A 
hiperlipidemia é comum nos animais 
obesos, seja pelo aporte exagerado de 
gorduras sob a forma de alimentos, seja 
como consequência do próprio estado de 
resistência insulínica, que diminui a 
atividade da lipase lipoproteica, 
responsável pela aposição de triglicérides, 
e favorece a ação da lipase hormônio 
sensível. 
A obesidade está associada com a 
lipidose hepática (acúmulo de gordura no 
fígado), especialmente em gatos, uma vez 
que o excesso de gordura sobrecarrega o 
órgão, que passa a ter dificuldade de 
processar e passa a armazenar. 
Embora a gordura seja depositada 
primeiramente no tecido subcutâneo, por 
vezes, quando em excesso, pode haver o 
deposito de gordura visceral, ao redor dos 
órgãos. Essa condição apresenta um perigo 
de infiltração de gordura nos órgãos 
adjacentes. 
A infertilidade ou a distocia (parto 
complicado) são consequências comuns de 
obesidade em fêmeas, uma vez que o 
acúmulo excessivo de gordura próximo ao 
ovário e ao útero são prejudiciais. 
O animal obeso apresenta intolerância 
ao esforço e ao calor, pois a gordura em 
excesso atrapalha o funcionamento do 
sistema cardiorrespiratório. Assim, deve 
ser recomendado ao tutor que os 
exercícios sejam implementados na rotina 
de forma gradual, para que o animal não 
seja sobrecarregado. Além disso, o 
processo gradual diminui as chances de 
desistência do tutor. 
Por fim, a obesidade acarreta 
problemas sérios em caso de intervenções 
cirúrgicas. Além de interferir no manejo 
anestésico, o tempo de cirurgia tende a ser 
maior e o pós-cirúrgicomais complicado. 
 
O peso do animal deve ser avaliado em 
todas as consultas, assim, pode-se ter 
um controle sobre o ganho ou a perda. 
“É mais fácil prevenir do que tratar” 
Marina Morena 
 
22 
 
Cuidados essenciais 
Apesar da percepção de que uma 
parcela importante dos proprietários de 
considerar a gordura, ou obesidade, de 
seus animais uma expressão de beleza e de 
boa saúde, o animal obeso é um animal 
doente, ou em risco de desenvolver uma 
série de distúrbios orgânicos. Assim, cabe 
ao veterinário encarregado ser enfático e 
esclarecer muito bem para o tutor a 
importância de manter o peso ideal do 
animal. 
Deve-se explicar ao tutor a influência 
dos petiscos e guloseimas sobre o 
desbalanço energético. Assim, o petisco 
não deve ser utilizado para demonstrar 
afeto ou suprir uma culpa pela ausência do 
tutor. Podem ser utilizadas outras formas 
de gratificação. A recompensa em forma 
de petiscos deve ser utilizada apenas em 
caso de adestramentos sob a orientação de 
um profissional especializado, sempre 
lembrando que interfere diretamente no 
cálculo de dieta do animal. 
Os animais possuem poucas papilas 
gustativas, assim, não apresentam a 
monotonia alimentar que humanos 
apresentam. Não se deve presentear o 
animal, mesmo que com pequenas 
porções, com comida humana. Não há 
necessidade e pode prejudicá-lo. Desse 
modo, para evitar a mendicância, o tutor 
deve ser orientado a retirar o animal do 
cômodo durante as refeições. 
Outro ponto de atenção são aqueles 
animais que foram separados muito cedo 
da sua mãe, portanto, não foram 
ensinados o autocontrole perante o 
alimento. Cabe ao tutor dar limites e estar 
atento. 
Em residências em que há mais de um 
animal, o responsável deve prestar 
atenção na hierarquia alimentar. Um 
animal que se imponha mais pode adquirir 
o controle dos alimentos e acabar 
comendo não só o dele, como o dos outros 
animais, acarretando desbalanço positivo 
para um e negativo para outros. 
Tratamento 
Para um tratamento eficaz, a 
compreensão do tutor sobre a gravidade 
da patologia é crucial. Cabe ao médico 
veterinário esclarecer a importância da 
adesão correta. Para isso, deve-se 
conscientizá-lo para a influência da dieta 
na melhora na qualidade de vida e saúde 
do animal. 
O tratamento ideal é composto de dieta 
e exercícios (gasto energético intencional), 
que leva a uma perda de gordura sem 
perder a massa magra. Assim, evita o 
catabolismo de músculos e outras partes 
vitais. 
A dieta deve ser prescrita de modo a 
minimizar a fome e corrigir falhas no 
manejo alimentar. Ela deve ser calculada a 
odo de simular o balanço energético 
negativo, portanto, o animal 
necessariamente irá perder peso. Se não 
houver perda de peso, algo está sendo 
feito errado. O tutor pode não ter 
compreendido direito as orientações. 
Gatos 
O tratamento para gatos é mais 
complicado, pois os tutores normalmente 
têm dificuldade de estimular o animal a 
realizar exercício. Para os felinos, o 
enriquecimento ambiental é um dos 
modos mais eficazes de estimular o animal 
a se exercitar. As atividades interativas 
entre tutor e animal também possuem um 
papel importante na perda de peso. Vale 
Marina Morena 
 
23 
enfatizar ao tutor que pode ser realizado o 
enriquecimento ambiental sem que haja 
gastos extras. O tutor pode utilizar 
materiais que encontrar para criar 
estímulos, como caixas, estantes e coisas 
do tipo. 
Diagnóstico 
Para os médicos veterinários a 
obesidade é uma das condições 
patológicas mais simples de diagnosticar, a 
maioria fazendo-o unicamente através da 
inspeção visual. É um diagnóstico 
subjetivo, porém o clínico pode utilizar 
alguns métodos para identificar o 
percentual de sobrepeso. 
Um método utilizado, especialmente 
para cães, é a partir das tabelas de pesos 
ideias disponíveis por criadores. O cálculo 
de sobrepeso consiste na comparação com 
o peso ideal. Pode ser obtido um resultado 
em percentual ou razão (peso atual/peso 
ideal = 1). Assim, qualquer número acima 
de 1 é considerado sobrepeso e o valor a 
mais é o valor do sobrepeso. 
 
 
Em casos de animais sem raça definida, 
pode-se utilizar o padrão da raça que o 
animal mais se assemelha. Casos de 
animais SRD que não consiga comprar 
nenhuma raça, é utilizada a avaliação de 
escore corporal como método de 
diagnóstico. Consiste na inspeção e na 
palpação, onde podem ser utilizados 
parâmetros disponíveis na internet (Anexo 
1 e Anexo 2). 
Outra opção é calcular, a partir das 
medidas do animal, o percentual de 
gordura corporal (cães) ou o índice de 
massa corporal (gatos). 
Para cães são usadas as medidas do 
perímetro abdominal (circunferência 
pélvica) e do membro pélvico direito (entre 
o calcâneo e o ligamento patelar). A partir 
dessas medidas usa-se a fórmula: 
%GC = (-1,7 x MPcm) + (0,93 x PAcm) + 5 
 
Em gatos, o IMC é calculado com base 
nas medidas da caixa torácica e do 
membro pélvico. O resultado é comparado 
com uma tabela fixa. 
 
Sequência de tratamento 
Após determinar o sobrepeso do 
animal, deve-se estimular uma perda de 
peso semanal (percentual em relação ao 
peso inicial), que em cães a média é de 1-
2% e em gatos de 1-1,5%. Com a meta de 
Cálculo percentual de sobrepeso: 
Sobrepeso= ((peso atual-peso 
ideal)/ peso ideal) x 100 
Marina Morena 
 
24 
perda semanal, é realizado o cálculo para 
determinar o tempo de tratamento. 
Tempo = (peso inicial – peso ideal)/ ((peso 
inicial x (perda mensal/100)) 
Nutrição de não 
ruminantes 
Os animais não ruminantes são 
divididos em dois grandes grupos: os ceco 
funcionais e os que possuem ceco simples. 
 
Os animais não ruminantes possuem 
uma menor capacidade de armazenar 
alimentos (órgãos de armazenamento 
pequenos), portanto necessitam de acesso 
contínuo ao alimento. A taxa de passagem, 
velocidade que o alimento passa pelo TGI, 
é rápida, assim, os nutrientes presentes no 
alimento devem estar prontamente 
disponíveis para seu aproveitamento 
(formas simples). Com exceção dos ceco 
funcionais, possuem uma baixa capacidade 
de fermentar fibra, por possuírem uma 
microbiota reduzida. Além disso, possuem 
pouca capacidade de síntese, ou seja, os 
nutrientes vitais precisam estar na dieta. 
Os cavalos aproveitam com maior 
eficácia os alimentos concentrados do que 
os ruminantes, por ser um fermentador 
pós gástrico. Assim, o que é ingerido, 
digerido e absorvido é utilizado pelo 
próprio animal, nos ruminantes essa 
afirmativa não é tão verdadeira, pois esses 
nutrientes são primeiro utilizados pela 
microbiota ruminal. 
Uma desvantagem, que torna a 
alimentação deles mais cara, é que sua 
base alimentar é a mesma que a do 
homem, portanto, competem por 
alimentos. 
Suínos 
A produção de suíno deixou de produzir 
animais tipo banha, que possuíam uma 
alimentação barata, já que sua função era 
produzir gordura, para produzir animais 
tipo quatro pernis. Esse segundo tipo 
necessita de um alimento mais 
especializado, pois sua finalidade é 
produzir a carne. 
Como outros animais de produção, os 
suínos passaram por um processo de 
seleção genética intensa, onde ninhadas 
grandes foram as selecionadas. Como 
consequência, atualmente o leite materno 
é insuficiente e de baixa qualidade, uma 
vez que precisa atender uma cria. A baixa 
de ferro é uma caracteristica, uma vez que 
é um alimento normalmente baixo no leite 
e torna-se insuficiente em suinocultura 
intensiva. Assim, é necessária a 
administração de um suplemento férrico, 
de preferencia nos 7 primeiros dias de vida 
do animal. 
Rações por fase de criação 
A partir do 7º dia de vida do animal, 
antes da desmama, o animal começa com 
a fase pré-inicial de ração. É uma ração rica 
em ferro que é fornecida até o 21º dia de 
vida, quando o animal segue para a creche 
e é introduzido a fase inicial de ração. 
Ambas as rações são ricas em acidificantes, 
porque animal ainda não está preparado 
para de fato digerir alimentos. Sua 
principal função é auxiliar na ativação do 
pepsinogênio. 
Aração de crescimento é dada ao 
animal com 22-55Kg de peso vivo e a de 
terminação aos animais de 55-115Kg de 
peso vivo. 
Além disso, os animais reprodutores, as 
gestantes e as lactantes possuem rações 
específicas para suprir sua exigência 
funcional e garantir produtividade. 
Ceco funcionais: 
- Herbívoros (cavalo e 
coelho) 
Ceco simples: 
- Carnívoros (cão e gato) e 
onívoros (aves de 
produção e suínos) 
ATENDER UMA CRIA MAIS NUMEROSA
Marina Morena 
 
25 
Aves 
Tanto a nutrição como a seleção 
genética de aves de produção são as mais 
evoluídas/especializadas, por serem 
animais mais fáceis de trabalhar/pesquisar 
e de grande importância n indústria. 
A produção de aves, tanto de corte 
como de postura, é muito intensa, com 
muitos animais. Assim, são utilizados 
aditivos na alimentação para aumentar a 
eficácia. Os antibióticos são utilizados 
como promotores de crescimento, além de 
eliminar a microbiota. Não é permitido, 
por lei, o uso de hormônios na produção 
animal. Portanto, é um mito quando 
afirmam que os frangos atualmente são 
grandes pelo uso de hormônios. 
Alguns locais, especialmente na Europa, 
estão tentando substituir os antibióticos 
por prebióticos e probióticos (simbióticos) 
a fim de eliminar a microbiota como 
promotora de crescimento. 
São utilizados aditivos pigmentantes 
para realçar a cor, como a gema do ovo, 
por exemplo, sem alterar 
nutricionalmente. É um produto natural, 
porém caro, o que aumenta o custo do 
produto final. A gema do ovo da galinha 
caipira é naturalmente mais alaranjada, 
pois consome caroteno e milho na 
alimentação. Outro exemplo é o uso de 
pigmento em produção de salmão, para 
estimular a coloração roseada do peixe. 
São utilizadas cerca de 6 rações 
diferentes de acordo com a fase do animal: 
pré-inicial, inicial, crescimento 1 e 2 e de 
terminação ou postura. Cada fase 
especifica possui uma exigência 
nutricional, por isso é importando os 
diversos tipos de ração. 
O conforto térmico também é essencial 
para o bem estar do animal, assim, alguns 
aditivos são utilizados para auxiliar o 
animal a conseguir controlar melhor sua 
temperatura. Os pintos nascem com pouca 
capacidade de manter a temperatura, 
enquanto os adultos têm uma dificuldade 
de dissipar o calor. Os aditivos utilizados 
para ajudar na termorregulação dos 
adultos são: vitamina C e D3, bicarbonato 
e cloreto de potássio. 
Carnívoros 
Os cães evoluíram como carnívoros que 
ingerem alguns vegetais, em contraponto, 
os gatos evoluíram como carnívoros 
estritos. É importante ressaltar para o 
tutor as diferenças entre as espécies em 
relação a ancestralidade, tempo de 
domesticação e comportamento 
alimentar. 
O cão e o gato não evoluíram com muita 
disponibilidade de carboidrato na dieta – 
ingestão de forma restrita. Assim, possuem 
muita habilidade de realizar a 
gliconeogênese como forma de obtenção 
de glicose. 
Embora possuam um olfato 
excepcional, os cães e gatos tem poucas 
papilas gustativas, ou seja, diferenciam 
pouco os gostos dos alimentos e, com isso, 
não adquirem monotonia alimentar. É 
importante explicar ao tutor essa diferença 
entre os animais e o homem, para que ele 
entenda que não há necessidade de 
oferecer aos animais “comidinhas 
gostosas” – antropomorfismo. 
Há menos tipos de alimento para cada 
fase de vida para esses animais, quando 
comparado com os animais de criação. 
Assim, tem-se as rações de lactação, 
desmama, crescimento, adulto 
(manutenção) e idoso. Muitos dos animais 
de companhia ingerem durante a vida toda 
a mesma ração sem grandes problemas. 
Gatos 
Devido a ancestralidade, os gatos têm 
uma maior exigência proteica em relação 
aos cães. Alguns elementos são essenciais 
na dieta, como o aminoácido taurina, 
importante para as funções visuais; o ácido 
araquidônico, pois apresentam dificuldade 
Marina Morena 
 
26 
em converter alguns ácidos graxos no ác. 
araquidônico; vitaminas A e D precisam 
estar prontamente disponíveis, pois não 
fazem a conversão de carotenóides em vit. 
A e não fazem (ou fazem pouco) síntese de 
vit. D com a exposição ao sol; e, por fim, a 
niacina precisa estar na dieta, pois não a 
conversão de triptofano em niacina. 
Além disso, os gatos apresentam uma 
exigência maior em relação a ingestão 
hídrica. São animais que tem a sua origem 
em ambientes desérticos e, portanto, 
histórico de ingerir pouca água e facilidade 
em concentrar urina. Desse modo, é 
comum desenvolverem problemas no 
trato urinário, por isso o tutor deve ter 
atenção ao manejo de modo que estimule 
a ingesta. 
Frequência alimentar 
A frequência alimentar dos carnívoros 
domésticos irá variar de acordo com a 
disponibilidade de tempo do tutor. O 
médico veterinário deve orientar ao tutor 
que deixar a ração disponível à vontade (ad 
libtum) é um manejo errado, pois a ração 
por longos períodos o no pote em contato 
com os elementos do ambiente acabam 
perdendo o cheiro e a crocância, que é o 
principal atrativo para esses animais. 
Além disso, há uma fisiologia a ser 
estimulada no momento pré-alimentação, 
como a salivação, produção de ácidos 
estomacais etc. 
Animais adultos devem realizar pelo 
menos duas refeições diárias, lembrando 
que felinos possuem hábitos noturnos, 
então gatos tem uma tendência a se 
alimentar durante a noite. No caso dos 
filhotes, o ideal é pelo menos três refeições 
diárias. É importante ressaltar para o tutor 
que a quantidade indicada no rótulo é 
referente a porção diária, portanto, deve-
se fracioná-la para o número de refeições 
que o animal irá realizar no dia. 
Ração ad libtum (à vontade) é diferente 
de ração disponível, que é um manejo 
correto normalmente utilizado para gatos, 
pois possuem o costume de comer aos 
poucos continuamente. Assim, o tutor de 
gato deve ser orientado disponibilizar a 
ração mais vezes ao dia ou deixar 
disponível uma boa quantidade e ir 
completando, respeitando sempre a 
quantidade diária recomendada pelo 
fabricante. 
Equino 
Os equinos possuem um estômago 
pequeno, portanto, possuem uma 
capacidade de ingestão limitada e 
necessitam de uma frequência alimentar 
maior. São animais que estão em uma 
busca constante por alimento. 
Na história dos equinos, eles evoluíram 
com uma maior disponibilidade de 
concentrado que os ruminantes, portanto, 
possuem uma maior capacidade de digerir 
esses alimentos. Porém, ainda assim a fibra 
bruta é essencial e a base da alimentação. 
O concentrado é importante para animais 
atletas ou de trabalho, onde só a fibra não 
supre as necessidades nutricionais do 
animal (↓ disponibilidade de energia). 
O consumo de matéria seca diária deve 
ser de 3% do peso vivo do animal, onde 
pelo menos 50% desses deve ser em forma 
de forragem (1,5% do peso vivo de 
forragem seca por dia). 
 
A quantidade de ração (concentrado) 
oferecida vai variar de acordo com a 
qualidade do pasto e da condição corporal 
do animal, respeitando sempre o limite 
máximo de 2-3 Kg por vez. Em média, deve 
ser oferecido entre 0,5-1,5% do peso vivo 
do animal, lembrando de fracionar se a 
quantidade diária for maior que 2-3 Kg. 
Exemplo: 
Um cavalo de 400 Kg deve 
consumir 6 Kg (1,5% de 
400 Kg) de volumoso seco, 
que equivale a aprox. 6 Kg 
de feno ou 12 a 24 Kg de 
capim verde. 
Marina Morena 
 
27 
A ingestão de fibra evita quadro de 
cólica no animal e questões associadas a 
comportamento, especialmente em 
animais estabulados. Desse modo, a fibra 
funciona como forma de enriquecimento 
ambiental para o animal restrito. 
Uma observação importante a ser feita 
ao tratador é que as refeições de 
concentrado e volumoso devem ser 
administradas com intervalos entre sim, 
pois são digeridas em porções diferentes 
do TGI, assim, quando ingeridos 
simultaneamente acabam interferindo a 
digestão um do outro. 
Coelho 
Os coelhos são lagomorfos utilizados 
como animais de produção em outras 
partes do mundo, porém no brasil são 
tratados como animais de companhia. 
Assim como os equinos, são animais 
ceco funcionais,porém o ceco é menos 
eficiente. São animais que necessitam 
consumir cerca de 16-18% de fibra bruta 
em sua alimentação diária e, por 
possuírem uma maior demanda energética 
que os equinos, precisam de um 
percentual maior de ração em sua 
alimentação. 
A ração deve ser própria para coelho e 
estar disponível constantemente, pois o 
trânsito gastrointestinal desses animais é 
estimulado pelo próprio alimento. A ração 
deve ser peletizada para que o alimento 
duro desgaste o dente do animal e evite 
um crescimento excessivo. 
Muitas vezes a fibra bruta já está 
presente na ração, sendo pouco necessário 
oferecer em forma de forragem. Além 
disso, existe no mercado o feno em forma 
de pelet. A fibra bruta é mais importante 
para influenciar o TGI do que como fonte 
de energia propriamente dita. 
Os coelhos são animais sensíveis que 
costumam apresentar diarreia por diversos 
motivos. Assim, tanto a fibra em excesso 
quanto a falta dela podem desencadear 
um quadro diarreico (mais de 20% ou 
menos de 12%). 
A cecotrofagia é a ingestão do 
cecotrofo, que é diferente das fezes. 
Normalmente os alimentos passam rápido 
pelo TGI, sendo elimitados ainda com uma 
digestão incompleta (cecotrofo). Assim, os 
animais ingerem esse produto de uma 
primeira digestão direto do reto, para que 
ele passe novamente pelo TGI e seja mais 
bem digerido. É ato normal de ingestão de 
um alimento extremamente nutritivo e 
não deve ser confundido com coprofagia. 
Nutrição de 
ruminantes 
Dentre as espécies de ruminantes 
utilizadas na produção animal temos: 
bubalino, ovino, bovino e caprino. Esses 
animais possuem uma grande vantagem 
por não competirem com a alimentação do 
humano, assim, sua alimentação é mais 
barata que os demais. 
O processo digestivo predominante é o 
fermentativo, além de ser o primeiro 
realizado no TGI. 
Algumas espécies de ruminantes são 
mais hábeis em selecionar o alimento, 
enquanto outros não selecionam, comem 
as gramíneas que estiverem disponíveis. 
Esses animais que selecionam o que 
ingerem possuem uma frequência 
alimentar maior, pois o alimento passa 
mais rápido pelo TGI. 
A ruminação é importante e deve ser 
estimulada na medida correta. Quanto 
mais complexa e maior a fibra, mais o 
animal irá precisar ruminar. Quando a fibra 
é de má qualidade, com muita lignina, o 
animal também precisa ruminar muito 
para tentar digerir, porém nesse caso não 
é bom. 
A saliva é uma secreção que, embora 
não possua enzimas digestivas, é de 
Marina Morena 
 
28 
grande importância para os ruminantes 
pela sua função de solução tampão 
(fosfatos e bicarbonatos – neutraliza 
ácidos graxos voláteis), além de umedecer 
o alimento e facilitar no transporte pelo 
TGI. 
Em produção leiteira é mais comum as 
vacas apresentarem quadros de acidose, 
pois é mais utilizado suplemento com 
alimento concentrado para os animais, que 
muitas vezes são mestiços e possuem uma 
exigência nutricional maior. 
 
Todos os filhotes de ruminantes já 
nascem com o estômago completo, porém 
a proporção entre as câmaras é diferente 
daquela vista nos adultos. Os filhotes 
nascem com os estômagos 
proporcionalmente semelhantes. 
É crucial que os filhotes comecem a 
mamar assim que conseguem se manter 
em pé, pouco depois do parto, para que 
haja a ingestão do colostro. O colostro 
possui uma concentração elevada de 
nutrientes e imunoglobulinas em formas 
simples. Devido a presença da estrutura 
conhecida como goteira esofágica, o 
alimento passa direto pelo estômago e vai 
para o intestino delgado, onde todos os 
sítios de absorção estão livres. Essa 
ingestão o mais rápido possível é crucial 
para que as imunoglobulinas sejam 
absorvidas sem sofrer digestão, 
aproveitando que ainda não foi iniciada a 
produção das enzimas digestivas. 
Assim, os filhotes nascem como pré-
ruminantes e só se tornam ruminantes 
com a transição para alimentos sólidos. 
 
A fermentação dos alimentos ingeridos 
pelos ruminantes é realizada pela 
microbiota presente nas câmaras, onde 
estão presentes bactérias 
(predominantes), fungos e protozoários, 
sendo que a proporção varia de acordo 
com a dieta. Os protozoários são 
encontrados em dietas de alta qualidade e 
estão, especialmente dietas ricas em 
amido. Por sua vez, os fungos estão 
associados com dietas ruins, de difícil 
digestão, taxa de passagem lenta e ricas 
em lignina. 
Como resultado da fermentação são 
produzidos ácidos graxos voláteis (AGV) e 
gás, que é liberado pela eructação. O AGV 
é absorvido pelas papilas, sendo a única 
substância que é absorvida dentro das 
câmaras fermentativas como um método 
de controlar a acidez. 
Os principais ácidos produzidos são: ác. 
acetico, ác. butírico e ác. propiônico, onde 
o tipo de alimento determinará a 
quantidade e o tipo de AGV gerado como 
produto da fermentação dos 
monossacarídeos. 
Os alimentos volumosos estão 
associados com uma maior produção de 
ácido acético, caracterizando uma 
fermentação mais lenta e menos 
energética. Por sua vez, o alimento 
concentrado segue pela rota do acrilado, 
que produz o ácido propiônico, 
caracterizando uma fermentação mais 
rápida e mais energética. 
Relembrando: 
Rúmen e retículo – fermentação 
Omaso – reabsorção de água 
Abomaso – estômago 
quimíco/enzimático 
Marina Morena 
 
29 
Fermentação de 
carboidrato 
É a principal fonte de energia para os 
ruminantes, onde a microbiota ruminal 
fermenta os monossacarídeos e são 
gerados AGV e H+. 
 
A glicose sérica dos ruminantes é muito 
baixa, pois grande parte da glicose gerada 
é consumida pela microbiota. Assim, a 
glicose utilizada para o metabolismo do 
ruminante é proveniente da 
gliconeogênese. 
 
O processo fermentativo pode liberar 
metano, caso o carboidrato ingerido seja 
substrato para a rota metanogênica. O 
metano é um gás poluente, por isso é 
importante a alimentação adequada, para 
que o mínimo possível do gás seja 
produzido. 
Todos os ácidos graxos voláteis são 
considerados fontes de energia, além 
disso, cada um possui uma característica 
própria. O ácido acético e butírico são 
considerados lipogênicos, ou seja, facilitam 
a síntese de gordura (gordura do leite, 
carne etc). O ácido propiônico possui 
característica gliconeogênica, ou seja, 
facilita a disponibilização de glicose para o 
sistema nervoso central, sêmen, leite 
(lactose) etc. 
 
Uma dieta com rica em forragem (80:20 
em relação ao concentrado) o ácido 
acético é predominante e o pH fica mais 
próximo a neutralidade. À medida que a 
proporção forragem:concentrado vai 
mudando, a quantidade de ácido acético 
diminui, juntamente com a quantidade de 
gordura no leite e o aumento de ácido 
propiônico, que está associado com o 
aumento da produção de leite. A produção 
de leite aumenta por quê o ácido 
propiônico é mais energético. 
Uso de proteínas 
A proteína ingerida pode ir para o 
rúmen e ser utilizada pela microbiota ou 
pode passar direto pelo rúmen e não ser 
utilizada. Apenas um percentual mínimo 
das proteínas ingeridas passa direto pelo 
rúmen (PNDR) sem que a microbiota 
utilize. 
É conhecida como proteína degradada 
no rúmen (PDR) aquelas que são utilizadas 
pela microbiota ruminal. A PDR pode ser 
classificada como proteína verdadeira ou 
nitrogênio não proteico (NNP), onde a 
proteína verdadeira é a predominante nos 
alimentos e consiste no aminoácido 
efetivamente. No alimento há um 
percentual, embora pouco, de nitrogênio 
que não está associado a proteína, ou seja, 
não faz parte das moléculas de aminoácido 
e sim de outras moléculas (nitrito e nitrato, 
p. ex.). Vale lembrar que a análise 
bromatológica da quantidade de proteína 
Não ruminantes: 
Amido → glicose → CO2 +H2O 
Marina Morena 
 
30 
nos alimentos informa a quantidade de 
nitrogênio presente na amostra, não 
efetivamente a quantidade de nitrogênio 
associada a aminoácidos. A microbiota é 
capaz de utilizar o NNP como substrato 
para produzir a sua própria proteína, além 
da proteína verdadeira. 
A proteína microbiana consiste na

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