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1 
 
 
 
DIREITO 
PENAL 
PARTE ESPECIAL 
 
 Prof. ESP. MÁRCIO TADEU 
 
 
AULA 01. DO CRIME DE HOMICÍDIO .............................................. 03 
AULA 02. DOS CRIMES CONTRA A VIDA .................................. 17 
AULA 03. DOS CRIMES CONTRA AS PESSOAS .................... 31 
AULA 04. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO 
 PÚBLICA............................................................................... 66 
 
AULA 05. DOS CRIMES DE PARTICULAR 
 CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA............... 87 
 
AULA 06. DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ............... 105 
AULA 07. DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE 
 SEXUAL ................................................................................. 148 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
AULA 01 – DO CRIME DE HOMICÍDIO 
 
Façamos uma leitora detalhada do artigo 121 do Código Penal: 
 
 Homicídio simples 
 
 Art. 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
 Caso de diminuição de pena 
 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou 
sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
 Homicídio qualificado 
 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo fútil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou 
torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 Feminicídio 
 
 VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
 VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função 
ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro 
grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 § 2º-A - Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 
 Homicídio culposo 
 
 § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 
 Aumento de pena 
 
 § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado 
 
 
4 
 
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 
10.741, de 2003) 
 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
 § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. 
(Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado:(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
 II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
 III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
 
✓ Conceito: É a eliminação da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa. 
✓ Objeto Jurídico: Vida humana extrauterina, que começa com o início do parto (completo 
desprendimento das entranhas, dores do parto, dilatação do colo do útero). 
✓ Sujeito Ativo: Qualquer pessoa (crime comum). 
✓ Sujeito Passivo: Qualquer pessoa com vida. 
✓ Consumação: Ocorre com a morte do ser humano, em outras palavras, conforme posição tradicional, 
com a paralisação circulatória, cerebral e respiratória. É classificado como crime instantâneo de 
efeitos permanentes. 
Entretanto, nos termos da Lei nº. 9.434/1997 (Lei dos Transplantes), e do art. 16, § 1º, do Decreto nº. 2.268/1997, 
haverá morte quando não houver atividade cerebral (morte cerebral). 
Lei 9.434/97, Art. 3º A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano 
destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, 
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e transplante, 
mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho 
Federal de Medicina. 
Decreto 2.268/97, Art. 16. A retirada de tecidos, órgãos e partes poderá ser efetuada no corpo de 
pessoas com morte encefálica. 
§ 1º O diagnóstico de morte encefálica será confirmado, segundo os critérios clínicos e 
tecnológicos definidos em resolução do Conselho Federal de Medicina, por dois médicos, no 
mínimo, um dos quais com título de especialista em neurologia reconhecido no País. 
 
✓ Elementos do tipo: O tipo homicídio não exige dolo específico 
✓ Meios de execução: O homicídio é classificado como crime de ação livre. Os meios de se praticar um 
homicídio podem ser físicos (mecânicos, químicos ou patogênico); morais ou psíquicos; com palavras 
(dizer para um cego avançar em direção ao abismo; por meio direto (contra o corpo da vítima); indireto 
(atrair a vítima para perto do leão); por ação ou omissão. 
✓ Concurso de pessoas: O homicídio é um crime de concurso eventual (unissubjetivo), entretanto, pode 
ser praticado por mais de uma pessoa, em coautoria ou participação. 
✓ Classificação doutrinária do crime de homicídio: Trata-se de crime comum; material; de forma livre; 
instantâneo; de dano; unissubjetivo; plurissubsistente; admite tentativa. 
 
1.1 - Homicídio Simples 
 
Homicídio simples 
Art. 121 - Matar alguém: 
 
 
5 
 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. 
 
Homicídio simples (art. 121, caput, CP) é aquele que contém somente os elementos essenciais do tipo básico 
fundamental. Entende-se também que a identificação da modalidade simples do homicídio de faz por exclusão, 
isto é, quando não apresenta elementos qualificadores. 
 
1.2 - Homicídio Privilegiado 
 
 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevantevalor social ou moral, ou sob 
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir 
a pena de um sexto a um terço. 
 
Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, CP): é causa de diminuição de pena (1/6 a 1/3), quando o agente pratica 
o fato: 
a) impelido por motivo de relevante valor social: refere-se a causa que tem por fundamento interesse 
coletivo, como por exemplo, conforme autores tradicionais, a morte do traidor da pátria. 
b) impelido por motivo de relevante valor moral: refere-se a interesse particular, como por exemplo a 
eutanásia. 
Segundo Evaldo A. D’Assumpção, Ex-Presidente da Academia Mineira de Medicina, eutanásia 
(homicídio piedoso) pode ser conceituada como o “ato deliberado para retirar a vida de uma pessoa que está 
em grave possibilidade de um sofrimento intenso, ou já se encontra nele, em razão de alguma doença 
incurável”. 
 
Eutanásia: Hodiernamente é entendida como morte provocada por sentimento de piedade à 
pessoa que sofre. Ao invés de deixar a morte acontecer a eutanásia age sobre a morte, antecipando-
a. Assim, a eutanásia só ocorrerá quando a morte for provocada em pessoa com forte sofrimento, 
doença incurável ou em estado terminal e movida pela compaixão ou piedade. Portanto, se a 
doença for curável não será eutanásia, mas sim o homicídio tipificado no art. 121 do Código Penal, 
pois a busca pela morte sem a motivação humanística não pode ser considerada eutanásia. 
c) sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: 
✓ Existência de uma injusta provocação (não é injusta agressão, senão seria legítima defesa). Ex.: 
xingamento, traição; 
✓ Que, em razão da provocação, o agente fique tomado por uma emoção extremamente forte. 
✓ Reação imediata (logo em seguida...). Não pode ficar evidenciada uma patente interrupção entre a 
provocação e a morte. Leva-se em conta o momento em que o sujeito ficou sabendo da provocação. 
 
O Privilégio é sempre circunstância do crimes. Sendo circunstâncias subjetivas (ligadas ao motivo ou estado 
anímico do agente) são incomunicáveis. Se objetivas (ligadas ao modo de execução) passam a ser comunicáveis. 
 
TJ-AP - APELACAO CRIMINAL ACR 250906 AP (TJ-AP) 
Data de publicação: 18/09/2007 
Ementa: PENAL - PROCESSO PENAL - HOMICÍDIO - PRIVILÉGIO E QUALIFICADORA 
DE NATUREZA SUBJETIVA - NULIDADE. 
1) Em se tratando de homicídio privilegiado, referente a circunstância subjetiva, predomina na 
doutrina e na jurisprudência o entendimento de que pode ela coexistir com circunstâncias 
qualificadoras, mas desde que sejam de caráter objetivo, nunca subjetivo, contanto que 
compatíveis com o privilégio. Assim, padece de nulidade a decisão do Conselho de Sentença que 
reconhece o homicídio privilegiado pela violenta emoção, após injusta provocação da vítima, e 
também a qualificadora do uso de recurso que impossibilitou a defesa do ofendido. 
 2) Apelação provida. 
 
 
6 
 
 
1.3 - Homicídio Privilegiado-Qualificado 
 
A corrente majoritária entende que a pena a ser aplicada é a do homicídio qualificado com a redução do 
privilégio. O Homicídio privilegiado-qualificado não é crime hediondo. 
Fernando Capez compartilha da mesma opinião supramencionada, apontando que "no concurso entre as 
circunstâncias objetivas (qualificadoras que convivem com o privilégio) e as subjetivas (privilegiadoras), estas 
últimas serão preponderantes, pois dizem respeito aos motivos determinantes do crime. Assim, o 
reconhecimento do privilégio afasta a hediondez do homicídio qualificado “. 
 
TJ-AP - APELACAO CRIMINAL ACR 224205 AP (TJ-AP) 
Data de publicação: 06/04/2006 
Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL - JÚRI - CONTRADIÇÃO NAS RESPOSTAS DOS 
QUESITOS - HOMICÍDIO PRIVILEGIADO E QUALIFICADORA DO MOTIVO FÚTIL - 
CIRCUNSTÂNCIAS DE NATUREZA SUBJETIVA - NULIDADE DO JULGAMENTO. 
1) Respostas afirmativas do Corpo de Jurados, reconhecendo ao mesmo tempo o homicídio 
privilegiado e a qualificadora do motivo fútil, circunstâncias de natureza subjetiva, e 
inconciliáveis no mesmo fato-homicídio, por restarem contraditórias, impõem a declaração de 
nulidade do julgamento, para que outro seja proferido. 
2) Apelo provido. 
 
Código Penal Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, 
salvo quando elementares do crime. 
 
1.4 - Homicídio Qualificado 
 
Homicídio qualificado 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; 
 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
VII - contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 
2015) 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (qualificadora 
subjetiva); (grifo nosso) 
 
✓ Na paga ou promessa de recompensa, há a figura do mandante e do executor. Ambos respondem pela 
forma qualificada. Também é chamado de homicídio mercenário. A paga é prévia em relação à 
 
 
7 
 
execução. Na promessa de recompensa, o pagamento é posterior à execução. Mesmo se o mandante 
não a cumprir, existirá a qualificadora para os dois. 
✓ Motivo torpe: demonstra a maldade do sujeito em relação ao motivo do delito. É o motivo vil, 
repugnante. Ex.: matar o pai para ficar com herança; matar a esposa porque ela não quer manter 
relação sexual, por preconceito de sexo, cor, religião, etnia e raça. O ciúme não é considerado 
motivo torpe. A vingança será considerada, ou não, motivo torpe ou fútil dependendo do que a tenha 
originado. 
✓ Ciúme não é motivo torpe 
✓ Ausência de motivo não é considerado fútil 
✓ Um motivo não pode ser fútil e torpe ao mesmo tempo, pois um exclui o outro 
 
A qualificadora do motivo fútil (art. 121, § 2º, II, do CP) é compatível com o homicídio 
praticado com dolo eventual? SIM. O fato de o réu ter assumido o risco de produzir o resultado 
morte (dolo eventual), não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, 
uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a 
conduta. STJ. 5ª Turma. REsp 912.904/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/03/2012. STJ. 
6ª Turma. REsp 1601276/RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/06/2017. 
 
O reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do § 2º 
do art. 121) em relação ao executor do crime de homicídio mercenário não qualifica 
automaticamente o delito em relação ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido 
dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o óbito alheio seja torpe. STJ. 6ª Turma. 
REsp 1209852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015 (Info 575). Obs: 
existem julgados em sentido contrário. 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
[...] 
II - por motivo fútil (qualificadora subjetiva); (grifo nosso)✓ Matar por motivo de pequena importância, insignificante. Exemplo: matar por causa de uma fechada 
no trânsito, discussões banais entre marido e mulher, sobre futebol, política, religião etc.). Quanto 
ao ciúme, prevalece o entendimento de que não constitui motivo fútil ou torpe, se não há outras 
circunstâncias a ele acrescentadas. 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
[...] 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum (qualificadoras objetivas); (grifo nosso) 
 
✓ Emprego de veneno: É necessário que seja inoculado de forma que a vítima não perceba. Se o veneno 
for introduzido com violência ou grave ameaça, será aplicada a qualificadora do meio cruel. 
✓ Emprego de fogo: neste caso temos como exemplo o caso do índio pataxó. 
✓ Emprego de explosivo: já nesse caso temos como exemplo as bombas caseiras em torcidas de 
futebol. Eventual dano ao patrimônio alheio ficará absorvido pelo homicídio qualificado pelo fogo ou 
explosivo. 
✓ Emprego de asfixia: é o impedimento da função respiratória por esganadura, estrangulamento, 
enforcamento, sufocação, afogamento e soterramento etc. 
✓ Emprego de tortura: é o suplício ou tormento que obriga a vítima sofrer inutilmente antes da morte. 
 
 OBS.: 
 
 
8 
 
 
✓ A Lei de Tortura (Lei nº. 9.455/1997) materializou o conceito legal de tortura. O seu art. 1º, §3º, prevê 
a tortura qualificada pela morte (pena de 8 a 16 anos). O resultado morte previsto na lei é culposo. 
✓ Se houver dolo em relação ao evento morte, o agente responderá pelo crime de homicídio qualificado 
pela tortura. 
✓ Se, durante a tortura, desejar a morte da vítima para assegurar a impunidade do crime, haverá 
concurso material de crimes entre homicídio e tortura. 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
[...] 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum (qualificadoras objetivas); (grifo nosso) 
 
 
✓ Emprego de meio insidioso: uso de fraude, armadilha, parecendo não ter havido infração penal, e sim 
um acidente, como no caso de sabotagem nos freios, direção ou motor do automóvel. 
✓ Emprego de meio cruel: é o que causa sofrimento desnecessário à vítima ou revela brutalidade 
incomum do agente. Ex.: apedrejamento, pisoteamento e espancamento. 
✓ Emprego de meio que possa resultar perigo comum: Gera perigo a um número indeterminado 
de pessoas. Não é necessário que o caso concreto demonstre o perigo comum, basta que se comprove 
que o meio usado poderia causar dano a várias pessoas. Ainda que não haja uma situação de risco 
específico. Ex.: desabamento, inundação, disparos em meio à multidão independente do resultado. 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
[...] 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido (qualificadoras objetivas); (grifo nosso) 
 
✓ Traição: Aproveitar-se da prévia confiança que a vítima deposita no agente para alvejá-la (ex.: amizade, 
relação amorosa etc). Ex.: Matar amigo dormindo; pelas costas; 
✓ Emboscada: Também conhecido como tocaia. Ocorre quando o agente aguardar escondido a passagem 
da vítima por um determinado local para matá-la. 
✓ Dissimulação: Uso de artifício para se aproximar da vítima, em outras palavras, é o disfarce que 
esconde o propósito criminoso, a intenção hostil do agente é ocultada. Ex. dá-se com o uso de disfarce, 
fantasia ou métodos análogos (material) para se aproximar ou dá falsas provas de amizade ou de apreço 
(moral). 
✓ Recurso que dificulta ou torna impossível a defesa do ofendido: por exemplo, embriagar a vítima 
com o objetivo de praticar afogamento; a surpresa está implicitamente inserida na cláusula genérica e 
qualifica o crime quando tenha, efetivamente, dificultado ou impossibilitado a defesa do agente. 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
[...] 
V - para assegurar a execução (conexão teleológica), a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime (conexão consequencial): (grifos nosso) 
 
✓ Teleológica: quando a morte visa assegurar a execução de outro crime (ex.: mata marido para estupra 
a esposa; matar o segurança para sequestrar o empresário). Obs.: Responde pelo homicídio qualificado 
e pelo outro crime subsequente em concurso material. 
✓ Consequencial: ocorre quando a morte visa garantir: ocultação (queima de arquivo) de outro crime, a 
impunidade - evitar que alguém seja penalizado (ex. matar testemunha - (estuprar e depois matar a 
mulher) ou vantagem de outro crime (ex.: ladrões de banco – um mata o outro). 
✓ Matar para assegurar uma contravenção penal não qualifica o crime nesta modalidade, mas pode 
qualificá-la por motivo fútil. 
 
 
 
9 
 
 OBS.: 
 
✓ Na conexão teleológica, primeiro o agente mata e depois comete o outro crime. Na consequencial, 
primeiro comete o outro crime, depois mata. 
✓ Se o agente visa a garantia da execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de uma contravenção, 
será aplicada a qualificadora do motivo torpe ou fútil, conforme o caso. Não incide o inciso V, pois, 
esse se refere expressamente a outro crime. 
 
 1.5 - Feminicídio 
 
 § 2º - Se o homicídio é cometido: 
 VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino 
 
§ 2º A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime 
envolve: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
 
Feminicídio: É a conduta de ceifar a vida de uma mulher, em razão do gênero, ou seja, em razão do 
fato de ser mulher, em outras palavras, considera-se feminicídio o assassinato de mulher (condição 
especial da vítima), quando o crime envolve “violência doméstica e familiar” ou “menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher”, tendo como vítimas, em uma larga proporção, pessoas inseridas 
em relacionamentos violentos, sendo normalmente ilícitos perpetrados por seus parceiros ou ex-
parceiros. 
 
1.6 - Homicídio contra Agentes de Segurança Pública 
 
§ 2º - Se o homicídio é cometido: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 
2015) 
 
A Lei 13.142/15 alterou o art. 121, § 2o., do CP, nele acrescentando mais uma circunstância qualificadora 
(VII) 
A Lei alterou, ainda, o art. 129, acrescentando ao tipo um novo parágrafo (§12), majorando a pena da 
lesão corporal (dolosa, leve, grave, gravíssima ou seguida de morte) de um a dois terços quando praticada 
contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau, em razão dessa condição. 
Por fim, foi alterada a Lei 8.072/90. O homicídio e a lesão corporal gravíssima ou seguida de morte, 
quando praticados contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, 
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até 3o. grau, em razãodessa condição passam a ser etiquetados como hediondos. 
 
 
1.7 - Homicídio Duplamente ou Triplamente Qualificado 
 
✓ É impróprio falar em crime duplamente ou triplamente qualificado. Ou seja, não é possível a pluralidade 
de circunstâncias qualificadoras. Basta uma única circunstância qualificadora para se deslocar a conduta 
do caput para o § 2º do artigo 121. 
 
 
10 
 
✓ As demais qualificadoras serão consideradas como circunstâncias judiciais do artigo 59, pois o artigo 
61 é expresso ao afirmar que as circunstâncias não podem funcionar como agravantes quando 
forem, ao mesmo tempo, qualificadoras. 
 
 
1.8 - Homicídio Culposo 
 
Homicídio culposo 
§ 3º - Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
 
A morte decorre de imprudência, negligência ou imperícia. 
✓ Imprudência: consiste numa ação, conduta perigosa. 
✓ Negligência: é uma omissão quando se deveria ter tomado um certo cuidado. 
✓ Imperícia: ocorre quando uma pessoa não possui aptidão técnica para a realização de uma certa conduta 
e mesmo assim a realiza, dando causa a morte. 
 
Aumento de pena 
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço, se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para 
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço, se 
o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos ou maior de 60 (sessenta) 
anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 01.10.2003) 
 
 Causa de aumento de pena (art. 121, § 4°, CP). 
✓ A pena é aumentada no homicídio culposo de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de 
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, 
não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
✓ Quando o homicídio doloso for cometido contra vítima menor de 14 anos de idade ou maior de 60 
anos, a pena é aumentada de 1/3, podendo incidir sobre as formas simples, privilegiada ou qualificada. 
 
No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 se o agente deixa de prestar imediato 
socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante (§ 4º do art. 121 do CP). Se a vítima tiver morte instantânea, tal circunstância, por si só, 
é suficiente para afastar a causa de aumento de pena prevista no § 4º do art. 121? NÃO. No 
homicídio culposo, a morte instantânea da vítima não afasta a causa de aumento de pena prevista 
no art. 121, § 4º, do CP, a não ser que o óbito seja evidente, isto é, perceptível por qualquer pessoa. 
STJ. 5ª Turma. HC 269038-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/12/2014 (Info 554). 
 
1.9 - Perdão Judicial 
 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as 
consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 6.416, de 24.05.1977) 
 
Extingue-se a punibilidade, no homicídio culposo, quando as consequências da infração venham atingir 
o sujeito de forma tão grave, de sorte que seja desnecessária a aplicação da pena. 
Súmula 18 do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, 
não subsistindo qualquer efeito condenatório”. 
 
1.10 – Homicídio praticado por Milícia Privada 
 
 
11 
 
 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 
Antes da Lei 12.720/12, o fato de o homicídio ser praticado em atividade típica de grupo de extermínio 
(não falava em milícias) servia “somente” para agravar a pena-base e para etiquetá-lo, quando simples, como 
hediondo, sofrendo os consectários da Lei nº 8.072/90. Tal circunstância, portanto, escapava da apreciação dos 
jurados. 
Agora, a circunstância de o crime ter sido (ou não) praticado em atividade típica de grupo de extermínio 
(ou milícia privada) passou a ser causa de aumento e, como tal, dependerá de reconhecimento por parte dos 
juízes leigos (jurados). 
Deve ser observado, porém, que a Lei 8.072/90 não foi alterada, não abrangendo no rol dos crimes 
hediondos o homicídio (simples) praticado por milícia privada, em que pese, nesses casos, não se imaginar um 
homicídio, com esses predicados, ser julgado como “simples”, apresentando-se, na esmagadora maioria das 
vezes, impregnado de circunstâncias qualificadoras (motivo torpe, motivo fútil, meio cruel etc). 
 
1.11 - Aumento de Pena no Feminicídio 
 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei nº 
13.104, de 2015) 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com 
deficiência; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, 
de 2015) 
 
1.12 - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) 
 
✓ No caso da transmissão intencional da AIDS com a intenção letal, caso ocorra a morte da vítima, 
haverá o crime de homicídio. 
✓ Entretanto, caso a vítima não morra, há entendimento que haverá o crime de lesão corporal de 
natureza gravíssima (art. 129, § 2º, II, CP), como regra, diante da dificuldade prática de configuração 
da tentativa de homicídio nesse caso. 
✓ Outra corrente defende que o caso se enquadra em tentativa de homicídio 
 
“Em havendo dolo de matar, a relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus da 
AIDS é idônea para a caracterização da tentativa de homicídio” - STJ, HC 9.378/RS, rel. Min. 
Hamilton Carvalhido, 18.10.1999). 
 
✓ Embora portador do vírus e conhecedor do fato, mas não havendo contaminação pela prática das 
relações sexuais, poderá caracterizar o crime previsto no art. 131, CP, perigo de contágio de moléstia 
grave. 
 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, 
ato capaz de produzir o contágio. 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 
 
 
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EXERCÍCIOS 
 
 
 
01 – ( ) – (PMMG/2017/SOLDADO/ADAPTADA) Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá 
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
02 – ( ) – (PMMG/2017/SOLDADO/ADAPTADA) - No crime de feminicídio, se o crime for praticado 
durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto ou ainda contra pessoa menor de 14 (catorze) 
anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência, o criminoso responderá em concurso material com o 
crime de infanticídio. 
03 – (DELEGADO/PCGO/2017) - Álvaro e Samuel assaltaram um banco utilizando arma de fogo. Sem 
ter ferido ninguém, Álvaro conseguiu fugir. Samuel, nervoso por ter ficado para trás, atirou para cima e 
acabou atingindo uma cliente, que faleceu. Dias depois, enquanto caminhava sozinho pela rua, Álvaro 
encontrou um dos funcionários do banco e, tendo sido por ele reconhecido como um dos assaltantes, 
matou-o e escondeu seu corpo. 
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
A) Álvaro cometeu os crimes de roubo qualificado e homicídiosimples. 
B) Samuel cometeu os crimes de roubo simples e homicídio culposo. 
C) Álvaro cometeu os crimes de roubo e homicídio qualificados. 
D) Álvaro cometeu o crime de homicídio qualificado e será responsabilizado pelo resultado morte ocorrido 
durante o roubo. 
E) Álvaro e Samuel cometeram o crime de roubo qualificado pelo resultado morte. 
 
04– (DELEGADO/PCGO/2017) - A respeito de crimes hediondos, assinale a opção correta. 
A) Embora tortura, tráfico de drogas e terrorismo não sejam crimes hediondos, também são insuscetíveis de 
fiança, anistia, graça e indulto. 
B) Para que se considere o crime de homicídio hediondo, ele deve ser qualificado. 
C) Considera-se hediondo o homicídio praticado em ação típica de grupo de extermínio ou em ação de milícia 
privada. 
D) O crime de roubo qualificado é tratado pela lei como hediondo. 
E) Aquele que tiver cometido o crime de favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual no 
período entre 2011 e 2015 não responderá pela prática de crime hediondo. 
 
05 – (FGV/OAB/2013) - José e Maria estavam enamorados, mas posteriormente vieram a descobrir que 
eram irmãos consanguíneos, separados na maternidade. Extremamente infelizes com a notícia recebida, 
que impedia por completo qualquer possibilidade de relacionamento, resolveram dar cabo à própria vida. 
Para tanto, combinaram e executaram o seguinte: no apartamento de Maria, com todas as portas e janelas 
trancadas, José abriu o registro do gás de cozinha. Ambos inspiraram o ar envenenado e desmaiaram, 
sendo certo que somente não vieram a falecer porque os vizinhos, assustados com o cheiro forte que vinha 
do apartamento de Maria, decidiram arrombar a porta e resgatá-los. Ocorre que, não obstante o socorro 
 
 
13 
 
ter chegado a tempo, José e Maria sofreram lesões corporais de natureza grave. Com base na situação 
descrita, assinale a afirmativa correta. 
A) José responde por tentativa de homicídio e Maria por instigação ou auxílio ao suicídio. 
B) José responde por lesão corporal grave e Maria não responde por nada, pois sua conduta é atípica. 
C) José e Maria respondem por instigação ou auxílio ao suicídio, em concurso de agentes. 
D) José e Maria respondem por tentativa de homicídio. 
 
06 - (VUNESP/PC-SP/2013) - A hipótese do art. 121, § 5.º do CP, doutrinariamente denominada de perdão 
judicial, aplica-se ao homicídio 
A) cometido por relevante valor moral. 
B) culposo. 
C) privilegiado (caso de diminuição de pena). 
D) cometido sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
E) cometido por relevante valor social. 
 
07– ( ) – (CESPE/2013) - Considerando o entendimento dos tribunais superiores a respeito dos crimes contra 
a pessoa, havendo o dolo de matar, considera-se a relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus da 
AIDS idônea para a caracterização do crime de periclitação contra a vida. 
 
08– ( ) – (CESPE/2013) - Considerando o entendimento dos tribunais superiores a respeito dos crimes contra 
a pessoa Comprovado o animus laedendi (propósito de ferir) na conduta do réu e a sua culpa no resultado mais 
grave, qual seja, a morte da vítima, ainda que esse resultado seja previsível, restará configurado o delito 
preterdoloso de lesão corporal seguida de morte. 
 
10 – ( ) – (CESPE/PC-BA/2013) - Suponha que em naufrágio de embarcação de grande porte, tenha havido 
tombamento das cabines e demais dependências, antes da evacuação da embarcação e resgate dos passageiros 
e, em razão desse fato, os sobreviventes tenham sofrido diversos tipos de lesões corporais e centenas tenham 
morrido por politraumatismo e afogamento. Com base nessa situação hipotética, julgue os itens seguintes, de 
acordo com a legislação brasileira. Caso seja comprovada imperícia, negligência ou imprudência da tripulação, 
esta poderá responder judicialmente pelo crime de homicídio em relação às mortes ocorridas no naufrágio. 
 
11 – ( ) – (CESPE/PC-BA/2013) - Considere que Joana, penalmente imputável, tenha determinado a Francisco, 
também imputável, que desse uma surra em Maria e que Francisco, por questões pessoais, tenha matado Maria. 
Nessa situação, Francisco e Joana deverão responder pela prática do delito de homicídio, podendo Joana 
beneficiar-se de causa de diminuição de pena. 
 
12 – ( ) – (CESPE/PC-BA/2013) - Considerando que, em determinada casa noturna, tenha ocorrido, durante 
a apresentação de espetáculo musical, incêndio acidental em decorrência do qual morreram centenas de pessoas 
e que a superlotação do local e a falta de saídas de emergência, entre outras irregularidades, tenham contribuído 
para esse resultado. A causa jurídica das mortes, nesse caso, pode ser atribuída a acidente ou a suicídio, 
descartando-se a possibilidade de homicídio, visto que não se pode supor que promotores, realizadores e 
apresentadores de shows em casas noturnas tenham, deliberadamente, intenção de matar o público presente. 
 
13 – ( ) – (CESPE/DPE-AL/DEFENSORPÚBLICO) - Considere a seguinte situação hipotética. Antônio, com 
intenção homicida, envenenou Bruno, seu desafeto. Minutos após o envenenamento, Antônio jogou o que 
supunha ser o cadáver de Bruno em um lago. No entanto, a vítima ainda se encontrava viva, ao contrário do que 
imaginava Antônio, e veio a falecer por afogamento. Nessa situação, Antônio agiu com dolo de segundo grau, 
devendo responder por homicídio doloso qualificado pelo emprego de veneno. 
 
14 – ( ) – (CESPE/DPE-PI/DEFENSOR PÚBLICO) - São compatíveis, em princípio, o dolo eventual e as 
qualificadoras do homicídio. É penalmente aceitável que, por motivo torpe, fútil etc., assuma-se o risco de 
produzir o resultado. 
 
 
 
14 
 
15 – ( ) – (CESPE/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO) A premeditação, apesar de não ser considerada 
qualificadora do delito de homicídio, pode ser levada em consideração para agravar a pena, funcionando como 
circunstância judicial. 
 
16 - (CESPE/2012/TJ-PI/JUIZ) - Assinale a opção correta acerca do homicídio. 
A) É pacífico, na jurisprudência do STJ, o entendimento acerca da possibilidade de homicídio privilegiado por 
violenta emoção ser qualificado pelo emprego de recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. 
B) Na hipótese de homicídio qualificado por duas causas, uma pode ser utilizada para caracterizar a qualificadora 
e a outra, considerada circunstância judicial desfavorável, vedado que a segunda seja considerada circunstância 
agravante. 
C) No homicídio mercenário, a qualificadora da paga ou promessa de recompensa é elementar do tipo 
qualificado, aplicando-se apenas ao executor da ação, não ao mandante, segundo a jurisprudência do STJ. 
D) A qualificadora relativa à ação do agente mediante traição, emboscada, dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido, como modo de execução do delito, ocorrerá 
independentemente de o agente ter agido de forma preordenada. 
E) De acordo com a jurisprudência do STJ, não é possível a coexistência, no delito de homicídio, da qualificadora 
do motivo torpe com a atenuante genérica do cometimento do crime por motivo de relevante valor moral. 
 
17 – ( ) – (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR PÚBLICO DO ESTADO) - Segundo a jurisprudência do STJ, 
são absolutamente incompatíveis o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio, não sendo, portanto, 
penalmente admissível que, por motivo torpe ou fútil, se assuma o risco de produzir o resultado. 
 
18 – ( ) – (CESPE/2011/TRE/ES/ANALISTA JUDICIÁRIO) - No próximo item, é apresentada uma situação 
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada no que se refere aos institutos de direito penal.Tendo a casa 
invadida, Braz e toda a sua família ficaram reféns de um assaltante, que se rendeu, após dois dias, aos policiais 
que participaram das negociações para a sua rendição. Quando estava sendo algemado, o assaltante sorriu 
ironicamente para Braz, que, sob o domínio de violenta emoção, sacou repentinamente a pistola do coldre de 
um dos policiais e matou o assaltante. Nessa situação, a circunstância em que Braz cometeu o delito de homicídio 
constitui causa de redução de pena. 
 
19 – ( ) – (CESPE/PF/PAPILOSCOPISTA DA POLÍCIA FEDERAL) - Jarbas entrega sua arma a Josias, 
afirmando que a mesma está descarregada e incita-o a disparar a arma na direção de Mévio, alegando que se 
tratava de uma brincadeira. No entanto, a arma estava carregada e Mévio vem a falecer, o que leva ao resultado 
pretendido ocultamente por Jarbas. Nessa hipótese, o crime praticado por Josias e por Jarbas, em concurso de 
pessoas, foi o homicídio doloso. 
 
20 – ( ) – (CESPE/PF/ESCRIVÃO DA POLÍCIA FEDERAL) - A respeito do direito administrativo e do 
direito penal, julgue o item abaixo. Considere a seguinte situação hipotética. Márcia resolveu disputar corrida 
de automóveis no centro de uma cidade, em ruas com grande fluxo de veículos e pedestres. Ela anteviu que a 
corrida poderia causar acidente com consequências graves, mas, mesmo assim, assumiu o risco. De fato, Márcia, 
ao perder o controle do automóvel, acabou matando uma pessoa, em decorrência de atropelamento. Nessa 
situação, houve o elemento subjetivo que se conhece como dolo eventual, de modo que, se esses fatos fossem 
provados, Márcia deveria ser julgada pelo tribunal do júri. 
 
21 - (FGV/OAB/2013) - João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra 
Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão 
dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. Assinale 
a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. 
A) Homicídio consumado. 
B) Homicídio tentado. 
C) Lesão corporal. 
D) Lesão corporal seguida de morte. 
 
22 – (FGV/OAB/2016) - Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo 
regularmente contratado, apesar de receber uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, 
 
 
15 
 
durante toda a semana. Em seu horário de “serviço”, com várias crianças brincando na piscina, fica 
observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com um 
amigo, acabando por ficar de costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a falecer por 
afogamento, fato que não foi notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada, 
assinale a afirmativa correta. 
a) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que concretamente não viu a 
criança se afogando. 
b) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de 
garantidor. 
c) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o dever de 
garantidor. 
d) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia contrato regular 
que o obrigasse a agir como garantidor. 
 
23 – (FGV/OAB/2014) -Paulo tinha inveja da prosperidade de Gustavo e, certo dia, resolveu quebrar o 
carro que este último havia acabado de comprar. Para tanto, assim que Gustavo estacionou o veículo e 
dele saiu, Paulo, munido de uma barra de ferro, foi correndo em direção ao bem para danificá-lo. Ao ver 
a cena, Gustavo colocou-se à frente do carro e acabou sendo atingido por um golpe da barra de ferro, 
vindo a falecer em decorrência de traumatismo craniano derivado da pancada. Sabe-se que Paulo não 
tinha a intenção de matar Gustavo e que este somente recebeu o golpe porque se colocou à frente do carro 
quando Paulo já estava com a barra de ferro no ar, em rápido movimento para atingir o veículo, que ficou 
intacto. Com base no caso relatado, assinale a afirmativa correta. 
 A) Paulo responderá por tentativa de dano em concurso formal com homicídio culposo. 
 B) Paulo responderá por homicídio doloso, tendo agido com dolo eventual. 
 C) Paulo responderá por homicídio culposo. 
 D) Paulo responderá por tentativa de dano em concurso material com homicídio culposo. 
 
24 – (FGV/OAB/2014) - Jaime, objetivando proteger sua residência, instala uma cerca elétrica no muro. 
Certo dia, Cláudio, com o intuito de furtar a casa de Jaime, resolve pular o referido muro, acreditando 
que conseguiria escapar da cerca elétrica ali instalada e bem visível para qualquer pessoa. Cláudio, 
entretanto, não obtém sucesso e acaba levando um choque, inerente à atuação do mecanismo de proteção. 
Ocorre que, por sofrer de doença cardiovascular, o referido ladrão falece quase instantaneamente. Após 
a análise pericial, ficou constatado que a descarga elétrica não era suficiente para matar uma pessoa em 
condições normais de saúde, mas suficiente para provocar o óbito de Cláudio, em virtude de sua 
cardiopatia. Nessa hipótese é correto afirmar que 
A) Jaime deve responder por homicídio culposo, na modalidade culpa consciente. 
B) Jaime deve responder por homicídio doloso, na modalidade dolo eventual. 
C) Pode ser aplicado à hipótese o instituto do resultado diverso do pretendido. 
D) Pode ser aplicado à hipótese o instituto da legítima defesa preordenada. 
 
25 – ( ) – (UEG/PC-GO/AGENTE) - Sobre o crime de homicídio, não é obrigatória a redução da pena pelo 
juiz quando do reconhecimento pelo conselho de sentença da prática de um homicídio privilegiado, tendo em 
vista tratar-se de uma causa especial de redução de pena, portanto, facultativa sua aplicação. 
 
26 – ( ) – (UEG/PC-GO/AGENTE) - Sobre o crime de homicídio, a premeditação é expressamente 
considerada como qualificadora do crime de homicídio, elevando, portanto, os marcos sancionatórios. 
 
27 – ( ) – (UEG/PC-GO/AGENTE) - Sobre o crime de homicídio, embora haja a possibilidade de coexistência 
entre um homicídio qualificado-privilegiado, ele não poderá ser considerado hediondo. 
 
28 – ( ) – (UEG/PC-GO/AGENTE) - Sobre o crime de homicídio, o motivo fútil, que qualifica o homicídio, 
é aquele motivo abjeto, indigno, desprezível, que provoca acentuada repulsa. 
 
 
 
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29 – ( ) – - (CESPE/DPF/2014) –No crime de homicídio, admite-se a incidência concomitante de 
circunstância qualificadora de caráter objetivo referente aos meios e modos de execução com o reconhecimento 
do privilégio, desde que este seja de natureza subjetiva. 
 
30 - (CESPE/DPRF) -João e Maria são casados e residem em uma fazenda. Maria está no final de sua 
gestação e terá seu filho na maternidade de um município próximo. Quando Maria entra em trabalho de 
parto, João a leva de carro para a maternidade. Contudo, como Maria sente muita dor, e João está 
nervoso, ele dirige seu veículo na rodovia imprimindo velocidade superior à permitida. Ao fazer uma 
ultrapassagem perigosa, João provoca um acidente e mata o motorista do outro veículo. Analise a situação 
penal de João. 
A) João cometeu o crime de homicídio culposo. 
B) João cometeu o crime de lesão corporal seguida de morte. 
C) João não cometeu nenhum crime, pois agiu em estado de necessidade. 
D) João cometeu o crime de direção perigosa. E) João cometeu o crime de homicídio privilegiado. 
 
31 – (CESPE/PC-MA/INVESTIGADOR/2018) - Admite a modalidade tentada o crime de 
a) instigação ao suicídio sem resultado lesivo. 
b) aborto. 
c) lesão corporal culposa. 
d) omissão de socorro. 
e) difamação cometida verbalmente.32 – (FUNDATEC/PC-RS/ESCRIVÃO/2018) - Dos crimes contra a pessoa, destacam-se aqueles que eliminam a vida 
humana, considerada o bem jurídico mais importante do homem, razão de ser de todos os demais interesses 
tutelados, merecendo inaugurar a parte especial do nosso Diploma Penal. Considerando os crimes contra a vida, 
assinale a alternativa INCORRETA. 
a) A vida é tratada nesse tópico tanto na forma intra (biológica) quanto extrauterina, protegendo-se, desse modo, o produto 
da concepção (esperança de homem) e a pessoa humana vivente. 
b) O dolo do homicídio pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de produzi-lo). 
c) A Lei nº 13.104/2015 inseriu o inciso VI no art. 121 do Código Penal: o feminicídio, entendido como a morte de mulher 
em razão da condição do sexo feminino (leia-se, violência de gênero quanto ao sexo). 
d) Infanticídio, segundo dispõe o Diploma Penal Brasileiro, é matar o próprio filho independentemente da condição 
fisiopsicológica do sujeito ativo. 
e) Três são as formas de praticar o induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio: nas duas primeiras hipóteses (induzimento 
e instigação), temos a participação moral; já na última (auxílio), material. 
 
33 – (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR/2018) - No que se refere aos crimes contra a pessoa, assinale a opção correta. 
a) Ocorre o feminicídio quando o homicídio é praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, como 
quando o crime envolve a violência doméstica e familiar ou o menosprezo ou a discriminação à condição de mulher. 
b) A pena pela prática do homicídio doloso simples será aumentada de um terço se o agente deixar de prestar imediato 
socorro à vítima, não procurar diminuir as consequências do seu ato ou fugir para evitar a prisão em flagrante. 
c) Em se tratando de homicídio doloso simples, o juiz poderá deixar de aplicar a pena caso as consequências da infração 
atinjam o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
d) A pena do feminicídio poderá ser aumentada se o crime for praticado durante a gestação ou nos seis meses posteriores 
ao parto. 
e) Se o agente cometer o crime de homicídio qualificado sob violenta emoção, logo após injusta provocação da vítima, o 
juiz deve considerar essa circunstância como atenuante genérica na aplicação da pena. 
 
34 – (CESPE/PC-MA/ESCRIVÃO/2018) - O Código Penal estabelece como hipótese de qualificação do homicídio o 
cometimento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de 
que possa resultar perigo comum. Esse dispositivo legal é exemplo de interpretação 
a) analógica. 
b) teleológica. 
c) restritiva. 
d) progressiva. 
e) autêntica. 
 
35 – (CESPE/PC-MA/ESCRIVÃO/2018) - Pune-se a tentativa no crime de 
a) omissão de socorro. 
 
 
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b) injúria cometida verbalmente. 
c) induzimento a suicídio sem resultado lesivo. 
d) lesão corporal leve dolosa. 
e) homicídio culposo. 
 
 
 
 
 
 01.V 02.F 03.D 04.A 05.A 06.B 07.F 08.V 09.F 10.V 
11.F 12.F 13.F 14.V 15.V 16.A 17.F 18.V 19.F 20.V 
21.B 22.B 23.C 24.D 25.F 26.F 27.V 28.F 29.V 30.A 
31.B 32.D 33.A 34.A 35.D 
 
 
 AULA 02 – DOS CRIMES CONTA A PESSOA – CRIMES CONTRA A VIDA 
 
2.1 - INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO 
 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, 
se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
 
 
Suicídio é a eliminação voluntária e direta da própria vida. É fato atípico em nossa lei, por razões de 
política criminal. A lei pune a conduta do terceiro que induz, instiga ou auxilia o suicida. 
 
2.1.1 - Sujeitos do crime 
O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite-se a coautoria (“A” e “B” induzem 
“C” ao suicídio) e a participação (“A” induz “B” a induzir “C” ao suicídio – “A” é partícipe da conduta de “B”). 
Sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa. É necessário, porém, que a conduta recaia sobre pessoa 
determinada e que a vítima tenha capacidade de resistência. As pessoas devem ser determinadas, ou, ao menos, 
determináveis, não pode ser dirigido a pessoas indetermináveis. 
1) Pessoa determinada: a conduta deve dirigir-se contra pessoa ou pessoas determinadas ou, ao menos, 
determináveis. Se visar um número indeterminado de pessoas, não haverá crime, como nas hipóteses de músicas 
ou livros incentivando o suicídio ou ensinando técnicas suicidas. 
2) Capacidade de resistência: é necessário, também, que a vítima tenha alguma capacidade de 
resistência. Se não a tiver, como a criança de pouca idade e ou o doente mental, o crime será de homicídio. 
É a chamada autoria mediata, em que a vítima é mero instrumento de quem quer causar sua morte. 
 
2.1.2 - Tipo objetivo 
São três as condutas típicas: induzir, instigar e prestar auxílio ao suicídio. Nas duas primeiras se trata de 
participação moral, e, na última, de participação material. 
 
 
18 
 
Trata-se de crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. O sujeito responderá por crime único, ainda 
que pratique mais de uma conduta típica no mesmo contexto de fato. 
Induzir é incutir na mente da vítima a ideia suicida. 
Instigar é reforçar a preexistente ideia suicida. 
Prestar auxílio é colaborar materialmente para a prática do suicídio. Ex.: fornecer instruções, emprestar o 
revólver, ceder o veneno, etc. 
É indispensável que o auxílio seja meramente acessório, secundário. Se o sujeito realizar o ato de execução 
que causa a morte da vítima, responderá por homicídio, e não por participação em suicídio. 
Ex.: apertar o gatilho para matar o suicida. 
Discute-se, na doutrina, a participação ao suicídio por omissão. 
Predomina o entendimento de que as expressões “induzir”, “instigar” e “prestar auxílio” são indicativas 
de conduta comissiva, positiva, pelo que inadmissível a participação em suicídio por omissão. Alguns autores, 
porém, sustentam que a omissão pode configurar o crime, desde que presente o dolo e o dever jurídico de impedir 
o resultado. Ex.: diretor de cadeia que, intencionalmente, nada faz para evitar a morte de presos em greve de 
fome. Enfermeiro que, ciente do propósito suicida de seu paciente, deixa intencionalmente, ao seu alcance, 
objeto apto para a prática do suicídio. 
 
2.1.3 - Tipo subjetivo 
O crime é punido a título de dolo, vontade livre e consciente de provocar a morte da vítima através do 
suicídio. Admite-se tanto o dolo direto como o dolo eventual. Além do dolo, exige-se, também, o que a doutrina 
tradicional chamava de elemento subjetivo do injusto. É o cunho de seriedade imprimido pelo agente ao seu 
comportamento, no sentido de que a vítima venha, efetivamente, a se matar. Não haverá crime, portanto, quando 
o sujeito sugere o suicídio à vítima em tom de brincadeira, ainda que esta venha realmente a se matar. 
 
2.1.4 - Consumação e tentativa. 
O crime consuma-se quando ocorre o resultado morte ou lesão corporal de natureza grave. Ausente tais 
resultados, o fato é atípico. Ex.: apesar do induzimento ou instigação, a vítima não tenta o suicídio, não sofre 
lesão, ou sofre apenas lesão leve. Como a lei condicionou a tipicidade do fato à ocorrência de tais resultados, é 
inadmissível a forma tentada. É um dos únicos crimes materiais, se não o único, que não admitem a tentativa. 
 
2.1.5. - Causas de aumento de pena 
São trêshipóteses: 
1. Motivo egoístico – é a hipótese em que o agente busca a satisfação de um interesse próprio, a obtenção 
de alguma vantagem pessoal. Ex.: recebimento de herança ou seguro, casar-se com a viúva, ocupar o cargo do 
suicida, etc. 
2. Vítima menor – prevalece, na doutrina, o entendimento de que o dispositivo só é aplicável quando a 
vítima tem entre 14 e 18 anos. 
Se não é maior de 14 anos, não possuiria capacidade de discernimento, e o agente deve ser 
responsabilizado por homicídio, aplicando-se, por analogia, a presunção de violência do artigo. 224, alínea a, 
CÓDIGO PENAL. 
Outra corrente diz que a questão deverá ser analisada diante de cada caso concreto, aplicando-se o 
aumento quando a vítima tiver menos de 18 anos e alguma capacidade de discernimento. Se não tem tal 
capacidade, haverá homicídio. Argumenta-se que não é possível estabelecer, previamente, uma determinada 
idade a partir da qual o consentimento é válido, e que a analogia com o artigo. 224, “a”, é prejudicial ao acusado, 
não podendo ser aplicada. 
3. Redução da capacidade de resistência – é o caso, por exemplo, da vítima embriagada, deprimida 
ou que se encontre em situação semelhante à descrita no artigo. 26, parágrafo único, CÓDIGO PENAL (artigo 
que prevê a semimputabilidade). 
 
2.1.6 - Pacto de morte 
Pacto entre A e B - ato de execução: abrir a torneira de gás. Sempre que se fala em pacto de morte, deve-
se pensar em induzimento e instigação recíprocos. 
 A hipótese clássica é a do casal de namorados que decide se matar e entra em um quarto hermeticamente 
fechado onde está instalada uma torneira de gás. A solução reside na realização do ato de execução (no caso, a 
abertura da torneira). 
 
 
19 
 
A memorização de duas frases ajuda a resolver a questão: 
 
O crime só se consuma se houver lesões graves ou morte; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O jogo da Baleia Azul é crime de Induzir o Suicídio - O jogo da Baleia Azul 
propõe 50 desafios, tendo como etapa final o suicídio, entre os desafios estão à automutilação 
desenhando baleias no corpo, assistir filmes de terror e ficar doente. Os jovens vão trocando 
mensagens em um grupo em redes sociais e os curadores ficam responsáveis por propor desafios. 
O que tem sido considerado jogo para alguns, é motivo de preocupação para outros, o que é 
chamado de jogo, começou em 2015 com uma notícia falsa na internet, sendo divulgado por um 
veículo estatal da Rússia: “Era um ‘fake news’, mas existe um efeito que, sendo verdadeira ou não, a 
notícia gera um contágio, principalmente entre os jovens. O jogo não existia, mas com a grande 
repercussão da notícia, pode ter passado a existir.” 
 
 
2.2 - INFANTICÍDIO 
 
Infanticídio 
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou 
logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 
2.2.1 – Estado Puerperal 
 
Estado puerperal é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo 
materno às condições anteriores à gravidez. Em outras palavras, é o espaço de tempo variável que vai do 
desprendimento da placenta até a involução total do organismo materno às suas condições anteriores ao processo 
de gestação. 
Puerpério vem de puer (criança) e parere (parir). Importante frisar que o puerpério não quer significar 
que sempre seja acarretado por uma perturbação psíquica, sendo necessário que fique averiguado ter esta 
realmente sobrevindo na capacidade de entendimento ou autodeterminação da parturiente, ficando clara a 
seguinte decisão jurídica nesse sentido: 
Estado puerperal também é um fato biológico bem estabelecido que a parturição desencadeia numa súbita 
queda nos níveis hormonais e alterações bioquímicas no sistema nervoso central. A disfunção ocorreria no eixo 
Hipotálamo-Hipófise-Ovariano, e promoveria estímulos psíquicos com subsequente alteração emocional. Em 
situações especiais, como nas gestações indesejadas, conduzidas em segredo, não assistidas e com parto em 
✓ 1ª: Quem abre a 
torneira de gás, responde 
por homicídio, tentado 
ou consumado. 
✓ 2ª: Quem não 
abre a torneira, responde 
por participação em 
suicídio, desde que o 
outro participante morra 
ou sofra lesão grave. 
✓ Não pode haver 
participação nos atos 
executórios; 
 
✓ Pacto de morte: 
Se o sobrevivente 
participou dos atos 
executórios, responde 
por homicídio 
 
 
 
20 
 
condições extremas, uma resposta típica de transtorno dissociativo da personalidade e com desintegração 
temporária do ego (O conceito de Ego é visão da Psicologia com abordagem voltada a Psicanálise) poderiam 
ocorrer. 
 
Estado puerperal é o conjunto de alterações físicas e psíquicas em decorrência do 
parto. É o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta até o retorno do 
organismo materno às condições pré-gravídicas, podendo durar até 8 semanas após o 
parto. 
 
Para o reconhecimento do infanticídio não basta que o fato tenha sido praticado durante o estado 
puerperal. Como a lei fala em influência, deve existir uma relação de causalidade entre o puerpério e a morte do 
nascente ou do neonato. Se a morte não é decorrência daquele estado, haverá homicídio, e não infanticídio. 
Tendo em vista, porém, que o estado puerperal é ocorrência relativamente frequente e de difícil 
comprovação, a jurisprudência tem presumido a sua influência no crime praticado durante o parto, ou logo 
depois, dispensando a prova pericial. Tal presunção, entretanto, é relativa, admitindo prova em contrário. 
Só há infanticídio quando o crime é praticado durante o parto, ou logo após: se é praticado antes do início 
do parto, haverá aborto. Se não é praticado logo após o parto, haverá homicídio. 
Muito já se discutiu a respeito do alcance da expressão logo após. Hoje, prevalece o entendimento de que 
a questão deverá ser analisada diante de cada caso concreto. Haverá infanticídio se o fato for praticado “enquanto 
durar o estado puerperal”. 
 
2.2.2 – Do Concurso de Pessoas 
 
O crime é próprio. Só pode ser praticado pela mãe puérpera. Existe controvérsia sobre a possibilidade do 
concurso de pessoas no crime de infanticídio. 
 
Uma primeira corrente sustentava que o crime não admite o concurso de pessoas, pois 
a condição de mãe e o estado puerperal são circunstâncias personalíssimas, que não se 
comunicam aos coautores e partícipes. Assim, o terceiro que concorre para o infanticídio 
deverá responder por homicídio. 
 
Prevalece, porém, o entendimento de que a condição de mãe e o estado puerperal são 
elementares do crime, e, na forma dos artigos 29 e 30, CÓDIGO PENAL, comunicam-se aos 
coautores e partícipes. Assim, o terceiro que realiza a conduta juntamente com a mãe 
(coautor), ou que a induz, instiga ou auxilia (partícipe) no cometimento do crime, responderá 
também por infanticídio. 
 
Mais complexa é a hipótese em que o fato principal é praticado por terceiro, contando com o auxílio 
secundário da mãe puérpera. Adotadas as regras gerais do concurso de pessoas, ambos deveriam responder por 
homicídio. 
 
Embora correta do ponto de vista técnico, tal solução levaria ao absurdo de se punir 
mais gravemente a mãe quando pratica conduta de menor gravidade. Em razão disso, a 
doutrina majoritária sustenta que, em tal hipótese, por equidade, o terceiro deverá responder 
por homicídio e a mãe por infanticídio. 
 
2.2.3 – Forma de Homicídio Privilegiado 
 
De acordo com Fernando Capez: 
 
“Trata-se de uma espécie de homicídio doloso privilegiado, cujo privilegium é 
concedido em virtude da “influência do estado puerperal” sob o qual se encontra aparturiente. É que o estado puerperal, por vezes, pode acarretar distúrbios psíquicos na 
 
 
21 
 
genitora, os quais diminuem a sua capacidade de entendimento ou auto inibição, levando-a a 
eliminar a vida do infante 
 
O sujeito passivo é o nascente ou o neonato, ou seja, aquele que está nascendo ou que acabou de nascer. 
Se a mãe mata outro filho, ou outra pessoa, sob a influência do estado puerperal, responderá por homicídio, 
embora possa ser reconhecida, em seu favor, a causa de diminuição de pena do artigo. 26, parágrafo único, 
CÓDIGO PENAL. 
 
2.2.4 – Erro quanto a pessoa 
 
Haverá infanticídio, porém, se por erro justificado pelas circunstâncias, a mãe mata terceiro supondo 
matar o nascente ou neonato. É o chamado infanticídio putativo. O infanticídio e o aborto tutelam a vida humana 
e para diferenciá-los é necessário dizer que o primeiro protege a vida extrauterina, e o segundo, a vida 
intrauterina. 
É necessário, portanto, estabelecer com exatidão, o momento em que a vida deixa de ser considerada 
intrauterina e passa a extrauterina. A solução é obtida pela interpretação sistemática do artigo. 123, CÓDIGO 
PENAL. A partir do início do parto (“durante o parto”), a vida humana já não é considerada intrauterina e passa 
a ser tutelada pelos crimes de homicídio e infanticídio, que protegem a vida extrauterina. 
 
2.2.5 - Tipo objetivo 
 
O núcleo do tipo é matar, que significa destruir, eliminar. O crime é de forma livre, podendo ser praticado 
por qualquer meio de execução, comissivo ou omissivo. O infanticídio por omissão, entretanto, não se confunde 
com o crime de exposição ou abandono de recém-nascido qualificado pela morte (artigo. 134, CÓDIGO 
PENAL). Este é crime preterdoloso, em que o sujeito pretende apenas abandonar o recém-nascido, para ocultar 
desonra pessoal, e acaba dando causa ao resultado morte por culpa. 
 
2.2.6 - Tipo subjetivo. 
 
✓ O crime é punido a título de dolo: direto ou eventual. 
✓ Não foi prevista a modalidade culposa. 
 
2.2.7 - Consumação e tentativa 
✓ O crime é material: consuma-se com a morte do nascente ou do neonato. 
✓ A tentativa é admissível. 
 
2.2.8 – Classificação Doutrinária 
 
1- Crime Próprio (aquele cujo tipo penal exige uma qualidade ou condição especial dos sujeitos ativos ou 
passivos); 
2 – Crime de Forma Livre (aquele que pode ser praticado de qualquer forma, sem o comportamento especial 
previamente definido); 
3 – Crime Comissivo (aquele que o tipo penal prevê um comportamento positivo, ou seja, uma ação); 
4 – Crime Material (aquele cuja consumação depende da produção do resultado definido no tipo penal); 
5 – Crime Instantâneo De Efeitos Permanentes (aquele que o resultado da conduta praticada pelo agente é 
permanente e irreversível); 
6 – Crime de Dano (aquele que para a sua consumação deve haver a efetiva lesão ao bem jurídico protegido 
pelo tipo); 
7 – Crime Unissubjetivo (aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa); 
 
 
22 
 
8 – Crime Plurissubsistente (aquele em que existe possibilidade real de se percorrer, passadamente, as fases do 
iter criminis); 
9 – Crime Progressivo (aquele que ocorre quando da conduta inicial que realiza um tipo de crime o agente 
passa a ulterior atividade, realizando outro tipo de crime, de que aquele é etapa necessária ou elemento 
constitutivo). 
 
 
2.3 - ABORTO 
 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, 
ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou 
violência 
 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal 
de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando 
incapaz, de seu representante legal. 
 
 
2.3.1 - Formas de aborto: 
 
✓ Auto aborto e consentimento para aborto (art.124) 
✓ Aborto sem o consentimento da gestante (art.125) 
✓ Aborto com o consentimento da gestante (art.126) 
✓ Aborto qualificado (art. 127) 
✓ Aborto legal (art. 128) 
 
2.3.2 - O STF decidiu recentemente pela descriminalização do aborto de criança anencefalia 
 
Desde que seja por desejo da mãe, há a possibilidade da interrupção da gravidez, no caso de feto anencefálico. 
Recentemente, o STF julgou procedente a ADPF no 54, ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores 
na Saúde (CNTS), para dar interpretação conforme a Constituição Federal aos arts. 124, 126, caput, e 128, I e II 
do CP, para que, sem redução de texto, seja declarada a inconstitucionalidade, com eficácia erga omnes (para 
 
 
23 
 
todos) e efeito vinculante, de qualquer outra interpretação que obste a realização voluntária de antecipação 
terapêutica de parto de feto anencefálico. Como requisito, deve ser diagnosticada por profissional médico 
legalmente habilitado. Desta forma, dispensa autorização judicial ou administrativa. 
 
2.3.3. – STF decidiu recentemente pela descriminalização do aborto até 03 meses de gestação 
 
Com o voto de Luiz Roberto Barroso, a 1ª Turma do STF, em 29/11/16, por maioria, entendeu que a 
interrupção da gravidez até o terceiro mês de gestação não pode ser equiparada ao aborto. A decisão não é 
vinculante, mas com certeza irá influenciar outros magistrados e tribunais. Barroso disse que a criminalização 
de atos como o julgado ferem diversos direitos fundamentais, entre eles, os sexuais e reprodutivos da mulher. 
“Que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada.” 
O ministro também ressaltou a autonomia da mulher, o direito de escolha de cada um e a paridade entre os 
sexos. Mencionou ainda a questão da integridade física e psíquica da gestante. “Que é quem sofre, no seu corpo 
e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez.” 
Especificamente sobre a condição social da mulher que decide abortar, Barroso criticou o impacto da 
criminalização do ato sobre as classes mais pobres. “É que o tratamento como crime, dado pela lei penal 
brasileira, impede que estas mulheres, que não têm acesso a médicos e clínicas privadas, recorram ao sistema 
público de saúde para se submeterem aos procedimentos cabíveis. Como consequência, multiplicam-se os casos 
de automutilação, lesões graves e óbitos.” 
A criminalização, continuou Barroso, viola o princípio da proporcionalidade por não proteger devidamente 
a vida do feto ou impactar o número de abortos praticados no país. “Apenas impedindo que sejam feitos de modo 
seguro”, disse. “A medida é desproporcional em sentido estrito, por gerar custos sociais (problemas de saúde 
pública e mortes) superiores aos seus benefícios.” 
 
 “Praticamente nenhum país democrático e desenvolvido do mundo trata a interrupção 
da gestação durante o primeiro trimestre como crime, aí incluídos Estados Unidos, 
Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Espanha, Portugal,Holanda e Austrália.” 
 
2.3.4 – Sujeitos do crimes e questões pertinentes 
 
O Art. 125, possui como sujeito ativo qualquer pessoa, tratando-se de crime comum, possuindo dupla 
subjetividade passiva, no caso o feto e a gestante, protegendo a incolumidade física desta e a vida daquele. 
Inicialmente, cabe conceituarmos o que é o aborto, que nada mais é que a interrupção da gravidez com a 
consequente morte do feto. 
Nesta linha de raciocínio, para identificarmos em que tipo penal o caso concreto se enquadra, devemos 
inicialmente verificar qual a intenção do agente, bem como sua consciência em relação à condição da mulher 
gestante. 
O agente enquanto completamente inconsciente da gravidez, ao praticar um ato contra uma gestante, não 
será responsabilizado caso haja qualquer resultado contra o feto, nem por qualquer agravação de crime pelo 
resultado aborto ou aceleração de parto, tendo em vista que de acordo com a teoria finalista (atualmente adotada 
pela doutrina majoritária) não é possível separar a ação e a vontade do agente (requisitos do fato típico). Ou seja, 
no caso do desconhecimento do sujeito ativo com relação à gravidez, não há que se dizer em dolo ou culpa, 
tendo em vista a leitura do Art. 18 em seus incisos I e II. 
 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
 Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. 
 Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
✓ Não há previsão legal para o ABORTO CULPOSO, tornando-se fato atípico. 
 
 
 
24 
 
2.3.4.1 - Exemplos de auto aborto: 
 
Situação 01: uma mulher desejando interromper a gestação, ingere uma substância qualquer que causa a 
morte do feto, sem contudo provocar-se a expulsão. Em decorrência de sua conduta o feto morre, mas continua 
biologicamente ligado ao corpo da mãe. Há a remoção cirúrgica do feto morto, onde se constata que a morte foi 
provocada pela ingestão dolosa do fármaco. Não houve a expulsão do feto, contudo, caracterizou-se o aborto. 
Situação 02: a gestante realiza procedimento que retira o feto em formação do útero sem que lhe seja 
vulnerada integridade física, morrendo depois de retirado uma vez que sua vida, considerando seu estágio de 
formação, era inviável fora do útero. Igualmente há o aborto, porque não foi iniciado ou realizado um parto, 
mas sim uma manobra que, por sua natureza, visava a interrupção da gestação que que invariavelmente 
culminaria na morte do feto. 
Situação 03: Desejando interromper a gestação, a mulher insere objeto perfurante em seu corpo, atingindo 
e lesionando o útero e o feto, provocando a expulsão e morte do nascituro. Igualmente, caracteriza-se o aborto. 
 
 2.3.4.2 - Sujeito ativo possui desígnios autônomos para o homicídio da gestante e o aborto: 
 
O agente deve responder por homicídio, elencado no Art. 121 do Código Penal, caso a morte da mulher 
se consume, ou pela tentativa de homicídio caso, por circunstâncias alheias a sua vontade, não haja a morte da 
gestante. Além disso, deve o agente responder pelo crime de aborto, previsto no Artigo 125 do CP, caso haja a 
morte do feto, ou pelo crime de tentativa de aborto caso o feto nasça em perfeitas condições. Vale ressaltar que 
em todos os resultados obtidos, existe o concurso formal impróprio ou imperfeito de ambos os crimes, tendo 
em vista o desígnio autônomo para cada crime, aplicando-se então cumulativamente a pena dos dois crimes. 
Desta forma, as possibilidades seriam: 
 
✓ Caso haja a consumação dos dois crimes, o agente deve responder pelo crime de homicídio (Art. 
121) em concurso formal impróprio ou imperfeito com o crime de aborto (Art. 125). 
✓ - Caso haja a consumação da morte da mulher e o feto nasça em perfeitas condições o agente deve 
responder pelo crime de homicídio (Art. 121) em concurso formal impróprio ou imperfeito com 
o crime de tentativa de aborto (Art. 125 c/c Art. 14, II). 
✓ - Caso não haja morte da mulher porém ocorra a consumação do aborto, o agente responderá pelo 
crime de tentativa de homicídio (Art. 121 c/c Art. 14, II) em concurso formal impróprio com o 
crime de aborto (Art. 125). 
✓ - Caso nenhum dos dois crimes se consumem, o agente responde na modalidade tentada para os 
crimes de homicídio e aborto em concurso formal imperfeito (Art. 121 c/c Art. 14, II e Art. 125 
c/c Art. 14, II) 
 
NÃO há que se falar em Lesão Corporal Grave ou Gravíssima por Aceleração de Parto Ou 
Aborto (Art. 129, § 1º inciso IV ou § 2º inciso V) no caso da gestante sofrer apenas lesões e não 
vir a óbito, tendo em vista a intenção do agente ser a prática do homicídio e do aborto. 
 
2.3.4.3 - Sujeito ativo possui a única intenção de praticar o aborto, não desejando ou assumindo 
o risco para a morte da gestante. 
 
Aqui será imputado ao mesmo o crime de aborto (Art. 125) se efetivamente houver a morte do feto. Caso 
não haja a morte do feto, o sujeito ativo será responsabilizado pela tentativa de aborto (Art. 125 c/c Art. 14, II). 
Além disso, o legislador previu a possibilidade de um resultado preterdoloso com relação à incolumidade da 
gestante, incluindo o Art. 127 do Código Penal, que trata do crime de aborto na forma qualificada, com dolo no 
aborto e culpa no resultado lesão corporal grave ou morte, acarretando um aumento de pena.Com isso, 
encontramos as seguintes possibilidades: 
 
✓ - No caso de haver o aborto e nenhum prejuízo para a gestante, o sujeito ativo responderá somente 
pelo aborto (Art. 125). 
✓ - Caso haja a consumação do crime de aborto e morte ou lesão corporal grave da gestante, o 
agente deve responder pelo crime de aborto qualificado (Art. 127 c/c Art. 125). 
 
 
25 
 
✓ - Caso não haja a consumação do crime de aborto (gestante já encontrava-se em estágio avançado 
de gravidez e feto nasce e sobrevive) e ocorra a morte da gestante, o agente deve responder pelo 
crime de aborto qualificado (Art. 127 c/c Art. 14, II). 
✓ 
Este é o caso traz maior divergência entre os grandes mestres doutrinadores do Direito Penal, 
onde alguns seguem a linha da tentativa do aborto qualificado (Art. 127 c/c Art. 125 c/c Art. 
14, II), outros do aborto qualificado consumado (Art. 127 c/c Art. 125) e outros da tentativa 
do aborto (Art. 125 c/c Art. 14, II) e homicídio culposo em concurso formal. 
 
Tentativa de aborto qualificado – Tal posicionamento é o majoritário, possuindo como defensores os 
grandes mestres Luiz Flávio Gomes, Mirabete e Nelson Hungria. Tal interpretação é uma exceção à regra de 
não ser possível a forma tentada para crimes preterdolosos, justificando a tentativa no crime doloso e 
consumação no crime culposo. 
 
2.3.5 – Aborto Qualificado 
 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, 
se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a 
morte. (Grifo nosso) 
 
Verifica-se que o legislador explicitamente acrescenta a possibilidade de aumento de pena não somente 
em consequência do aborto, mas também dos meios empregados para provocá-lo. Ou seja, independente do 
resultado ter sido a morte do feto, havendo morte da gestante em consequência dos meios empregados estará 
caracterizada a qualificadora do crime de aborto previsto no Art. 125. 
Tal posicionamento é adotado pelo doutrinador Fernando Capez, que inclusive compara tal interpretação 
com a adotada para o crime de latrocínio (Súmula 610 do STF), onde independenteda subtração patrimonial, é 
confirmada com a morte do sujeito passivo. 
 
Súmula 610 STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não 
realize o agente a subtração de bens da vítima. 
 
Admito, entretanto, que a imputação em virtude desta interpretação torna-se extremamente penosa, se 
compararmos com os crimes em separado, quais sejam o crime de aborto consumado e o de homicídio culposo, 
porém não há como desprezar a explicitude do legislador ao considerar que a morte advinda dos meios 
empregados para provocar o aborto são suficientes para qualificar o crime previsto no Art. 125, além do que o 
crime de latrocínio possui a mesma característica, mesmo não havendo a consecução da subtração da coisa alheia 
móvel. 
 
2.3.5.1 - Sujeito ativo deseja somente a morte da mulher e não deseja o aborto 
 
Como em todos os casos anteriores, devemos começar pela intenção do agente. Só que neste caso o mesmo 
deseja matar a mulher porém não pretende atingir o feto. Isto se torna muito difícil, tendo em vista que a morte 
da gestante acarretará a morte do feto, tratando-se de um caso de dolo eventual para o crime de aborto. 
Diante dos fatos expostos, o agente deverá responder por homicídio, (Art. 121), caso a morte da mulher 
se consume, ou pela tentativa de homicídio caso, por circunstâncias alheias a sua vontade, não haja a morte da 
gestante. Com relação ao aborto, o mesmo deverá responder por aborto consumado (dolo eventual) (Art. 125) 
em concurso formal impróprio com o homicídio ou sua tentativa. No caso de haver a aceleração de parto e o 
feto nasça em perfeitas condições, o agente somente será responsabilizado pelo Art. 121 do Código Penal. 
 
2.3.5.2 – Sujeito ativo deseja somente lesionar a gestante e causa aceleração de parto ou aborto 
 
 
 
26 
 
Destacamos que quando a intenção do agente era de somente lesionar a gestante e em consequência há a 
aceleração de parto ou o aborto, o mesmo responderá pelo crime de lesão corporal grave ou gravíssima (Art. 
129, §1º inciso IV ou §2º inciso V). Porém, se houver o aborto e a gestante morrer em virtude da lesão, haverá 
o crime de lesão corporal seguida de morte (Art. 129, §3º), tendo em vista que a morte da gestante agrava mais 
a pena que o aborto. 
Da mesma forma que se o sujeito passivo, sofrendo lesões graves e gravíssimas, ao sujeito ativo somente 
será imputado o crime de lesões gravíssimas. 
 
2.3.5.3 – Se o feto nascer com vida e morrer após o nascimento em virtude das práticas adotadas 
pelo sujeito ativo. 
 
 O posicionamento deste subscritor é de que o sujeito ativo responderá por aborto consumado (Art. 125), 
embora existam interpretações que considerem a tentativa de aborto (Art. 125 c/c Art. 14, II) em concurso formal 
com o homicídio culposo (Art. 121, §3º). Para justificar tal entendimento recorro ao Art. 4º do Código Penal 
Brasileiro. 
 
 
Tempo do crime 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
 
Ora, se se considera praticado o crime no momento da ação, mesmo sendo outro o momento do resultado, 
como seria possível o sujeito ativo responder pelo crime de homicídio (matar alguém), se no momento da ação, 
somente seria possível o crime de aborto. 
Da mesma forma não se pune o responsável por homicídio com aumento de pena se no momento da ação 
o sujeito passivo possuía 59 anos e 11 meses, porém vem a falecer com mais de 60 anos. Soma-se a isto, o fato 
do aborto ser considerado a interrupção da gravidez com a consequente morte do feto, objetivo alcançado pelo 
sujeito ativo, embora em momento posterior. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 – ( ) - (PMMG/2017/SOLDADO/ADAPTADA) - Não se pune o aborto praticado por médico, se não há 
outro meio de salvar a vida da gestante. No caso de a gravidez resultar de estupro e o aborto é praticado por 
médico e precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal, reduz de 
metade a pena imposta. 
 
02 – ( ) - (FCC/MPE-PE/ADAPTADA) - Não se pune o aborto praticado por médico se a gravidez resulta 
de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou do seu representante legal, se incapaz. 
 
03 – ( ) - (FCC/MPE-PE/ADAPTADA) - Não constitui infração penal provocar aborto em si mesma. 
 
 
 
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04– ( ) - (FCC/MPE-PE/ADAPTADA) - É permitido provocar aborto com o consentimento da gestante, em 
qualquer hipótese. 
 
05 – ( ) - (FCC/MPE-PE/ADAPTADA) - Quando o aborto praticado por terceiro configura crime, as penas 
são aumentadas de um terço se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante 
sofre lesão corporal de natureza leve ou grave. 
 
06 – (FGV/OAB/2013) - José e Maria estavam enamorados, mas posteriormente vieram a descobrir que 
eram irmãos consanguíneos, separados na maternidade. Extremamente infelizes com a notícia recebida, 
que impedia por completo qualquer possibilidade de relacionamento, resolveram dar cabo à própria vida. 
Para tanto, combinaram e executaram o seguinte: no apartamento de Maria, com todas as portas e janelas 
trancadas, José abriu o registro do gás de cozinha. Ambos inspiraram o ar envenenado e desmaiaram, 
sendo certo que somente não vieram a falecer porque os vizinhos, assustados com o cheiro forte que vinha 
do apartamento de Maria, decidiram arrombar a porta e resgatá-los. Ocorre que, não obstante o socorro 
ter chegado a tempo, José e Maria sofreram lesões corporais de natureza grave. Com base na situação 
descrita, assinale a afirmativa correta. 
A) José responde por tentativa de homicídio e Maria por instigação ou auxílio ao suicídio. 
B) José responde por lesão corporal grave e Maria não responde por nada, pois sua conduta é atípica. 
C) José e Maria respondem por instigação ou auxílio ao suicídio, em concurso de agentes. 
D) José e Maria respondem por tentativa de homicídio. 
 
07 – (FGV/OAB/2013) - Maria, jovem de 22 anos, após sucessivas desilusões, deseja dar cabo à própria 
vida. Com o fim de desabafar, Maria resolve compartilhar sua situação com um amigo, Manoel, sem saber 
que o desejo dele, há muito, é vê-la morta. Manoel, então, ao perceber que poderia influenciar Maria, 
resolve instigá-la a matar-se. Tão logo se despede do amigo, a moça, influenciada pelas palavras deste, 
pula a janela de seu apartamento, mas sua queda é amortecida por uma lona que abrigava uma barraca 
de feira. Em consequência, Maria sofre apenas escoriações pelo corpo e não chega a sofrer nenhuma 
fratura. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta. 
A) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua forma 
consumada. 
B) Manoel deve responder pelo delito de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio em sua forma tentada. 
C) Manoel não possui responsabilidade jurídico-penal, pois Maria não morreu e nem sofreu lesão corporal de 
natureza grave. 
D) Manoel, caso tivesse se arrependido daquilo que falou para Maria e esta, em virtude da queda, viesse a óbito, 
seria responsabilizado pelo delito de homicídio. 
 
08 – ( ) - (CESPE/TJ-SE/2014) - Acerca dos crimes culposos, dolosos e preterdolosos e dos crimes contra 
a pessoa e contra o patrimônio, assinale a opção correta. Tratando-se do crime de homicídio, a incidência de 
circunstância qualificadora de caráter objetivo, por si só, afasta o reconhecimento do privilégio, cuja natureza é 
subjetiva. 
 
09 – ( ) - (CESPE/TJ-BA/2014) -Acerca dos crimes contra a pessoa, o infanticídio representa hipótese de 
homicídio privilegiado, contendo o tipo penal um elemento subjetivo personalíssimo, qual seja,a influência do 
estado puerperal. 
 
10 – ( ) - (CESPE/TJ-BA/2014) -Acerca dos crimes contra a pessoa, o ordenamento jurídico penal brasileiro 
não prevê tipo penal que incrimine o suicídio consumado, já que é impossível punir um morto; todavia, a 
tentativa de suicídio é punível, com vistas à prevenção e à repressão da conduta. 
 
11 – ( ) - (CESPE/PC-BA/2013) - Considerando que, em determinada casa noturna, tenha ocorrido, durante a 
apresentação de espetáculo musical, incêndio acidental em decorrência do qual morreram centenas de pessoas e 
que a superlotação do local e a falta de saídas de emergência, entre outras irregularidades, tenham contribuído 
para esse resultado, A causa jurídica das mortes, nesse caso, pode ser atribuída a acidente ou a suicídio, 
descartando-se a possibilidade de homicídio, visto que não se pode supor que promotores, realizadores e 
apresentadores de shows em casas noturnas tenham, deliberadamente, intenção de matar o público presente. 
 
 
28 
 
 
12 – ( ) - (CESPE/2009/PC-RN/ESCRIVÃO) - Com relação aos crimes contra a pessoa, não é punido o médico 
que pratica aborto, mesmo sem o consentimento da gestante, quando a gravidez é resultado de crime de estupro. 
 
13 – ( ) - (CESPE/2009/PC-RN/ESCRIVÃO) - Com relação aos crimes contra a pessoa, a mulher que mata 
o filho logo após o parto, por estar sob influência do estado puerperal, não comete crime. 
 
14 – ( ) - (CESPE/2009/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO)- Considere a seguinte situação hipotética. 
Antônio, com intenção homicida, envenenou Bruno, seu desafeto. Minutos após o envenenamento, Antônio 
jogou o que supunha ser o cadáver de Bruno em um lago. No entanto, a vítima ainda se encontrava viva, ao 
contrário do que imaginava Antônio, e veio a falecer por afogamento. Nessa situação, Antônio agiu com dolo 
de segundo grau, devendo responder por homicídio doloso qualificado pelo emprego de veneno. 
 
15 – ( ) - (CESPE – 2009 – DPE-PI – DEFENSOR PÚBLICO) - Quanto aos crimes contra a pessoa, no delito 
de infanticídio incide a agravante prevista na parte geral do CP consistente no fato de a vítima ser descendente 
da parturiente. 
 
16 – ( ) - (CESPE – 2009 – DPE-PI – DEFENSOR PÚBLICO) - Quanto aos crimes contra a pessoa, no 
delito de aborto, quando a gestante recebe auxílio de terceiros, não se admite exceção à teoria monista, aplicável 
ao concurso de pessoas. 
 
17 - (CESPE – 2012 – DPE/AC – DEFENSOR PÚBLICO DO ESTADO) - Uma mulher grávida, prestes a dar 
à luz, chorava compulsivamente na antessala de cirurgia da maternidade quando uma enfermeira, 
condoída com a situação, perguntou o motivo daquele choro. A mulher respondeu-lhe que a gravidez era 
espúria e que tinha sido abandonada pela família. Após dar à luz, sob a influência do estado puerperal, a 
referida mulher matou o próprio filho, com o auxílio da citada enfermeira. As duas sufocaram o neonato 
com almofadas e foram detidas em flagrante. Nessa situação hipotética, 
A) a mulher e a enfermeira deverão ser autuadas pelo crime de infanticídio; a primeira na qualidade de autora e 
a segunda na qualidade de partícipe, conforme prescreve a teoria monista da ação. 
B) a mulher e a enfermeira deverão ser autuadas pelo crime de infanticídio; a primeira na qualidade de autora e 
a segunda na qualidade de coautora, visto que o estado puerperal consiste em uma elementar normativa e se 
estende a todos os agentes. 
C) a mulher deverá ser autuada pelo crime de infanticídio e a enfermeira, pelo crime de homicídio, já que o 
estado puerperal é circunstância pessoal e não se comunica a todos os agentes. 
D) a mulher e a enfermeira deverão ser autuadas pelo crime de homicídio, consoante as determinações legais 
estabelecidas pelas reformas penais de 1940 e 1984, que rechaçam a compreensão de morte do neonato por 
honoris causae. 
E) a mulher deverá ser autuada pelo crime de infanticídio e a enfermeira, pelo crime de homicídio, uma vez que 
o estado puerperal é circunstância personalíssima e não se comunica a todos os agentes. 
 
18 – ( ) - (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR PÚBLICO) - Tratando-se de delito de infanticídio, dispensa-se 
a perícia médica caso se comprove que a mãe esteja sob a influência do estado puerperal, por haver presunção 
juris tantum de que a mulher, durante ou logo após o 
parto, aja sob a influência desse estado. 
 
19 – ( ) - (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR PÚBLICO) - Nas figuras típicas do aborto, as penas serão 
aumentadas de um terço, se, em consequência do delito, a gestante sofrer lesão corporal de natureza grave, 
independentemente de o resultado ser produzido dolosa ou culposamente, não havendo responsabilização 
específica pelas lesões. 
 
20 – ( ) - (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR PÚBLICO) - Segundo a jurisprudência do STJ, são 
absolutamente incompatíveis o dolo eventual e as qualificadoras do homicídio, não sendo, portanto, penalmente 
admissível que, por motivo torpe ou fútil, se assuma o risco de produzir o resultado. 
 
 
 
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21 – ( ) - (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR PÚBLICO) - Caso o delito de induzimento, instigação ou 
auxílio a suicídio seja praticado por motivo egoístico ou caso seja a vítima menor ou, ainda, por qualquer causa, 
seja sua capacidade de resistência eliminada ou diminuída, a pena será duplicada. 
 
22– ( ) - (FCC/MPE-PE) - Em qualquer hipótese não pratica crime a gestante que consente no aborto. 
 
23 – ( ) - (CESPE/2008/PC-TO/DELEGADO DE POLÍCIA) - O Código Penal brasileiro permite três formas 
de abortamento legal: o denominado aborto terapêutico, empregado para salvar a vida da gestante; o aborto 
eugênico, permitido para impedir a continuação da gravidez de fetos ou embriões com graves anomalias; e o 
aborto humanitário, empregado no caso de estupro. 
 
24 – ( ) - (FUNIVERSA/ 2009/PC-DF/DELEGADO DE POLÍCIA/ADAPTADA) - Dora resolveu matar seu 
filho recém-nascido logo após o parto. Para tanto, recebeu ajuda de Carmem, enfermeira do hospital. Nessa 
situação hipotética, segundo a doutrina majoritária, por ser o estado puerperal uma circunstância incomunicável, 
Dora responderá por infanticídio enquanto Carmem responderá por homicídio doloso. 
 
25 – ( ) - (FUNIVERSA/2009/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/ADAPTADA) - Maria descobriu que estava 
grávida e comunicou tal fato a João, seu marido, e, de comum acordo, resolveram pela prática abortiva. Para 
tanto, João realizou manobras que resultaram na expulsão e morte do feto. Nessa situação, João responde pelo 
crime de provocar aborto com o consentimento da gestante, e Maria responde como coautora de tal delito. 
 
26 – ( ) - (FUNIVERSA/2009/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA/ADAPTADA) - Maria, três dias após a 
realização, por João, seu marido, de um aborto por ela consentido, passou mal e foi levada ao hospital por seu 
marido, onde se constatou que a expulsão do feto foi parcial, provocando infecção generalizada na gestante, que 
veio ao óbito. Nessa situação, João responderá por homicídio culposo mediante a imperícia nos meios abortivos 
empregados. 
 
27 – (FGV/OAB/2015) - Paloma, sob o efeito do estado puerperal, logo após o parto, durante a 
madrugada, vai até o berçário onde acredita encontrar–se seu filho recém nascido e o sufoca até a morte, 
retornando ao local de origem sem ser notada. No dia seguinte, foi descoberta a morte da criança e, pelo 
circuito interno do hospital, é verificado que Paloma foi a autora do crime. Todavia, constatou–se que a 
criança morta não era o seu filho, que se encontrava no berçário ao lado, tendo ela se equivocado quanto 
à vítima desejada. Diante desse quadro, Paloma deverá responder pelo crime de 
A homicídio culposo. 
b) homicídio doloso simples. 
c) infanticídio.d) homicídio doloso qualificado. 
 
28 – (FUNCAB/PC-ES/DELEGADO/2013) - Anderson, ginecologista, foi procurado por Zéfira, que estava 
grávida de seu amante Josenildo. Zéfira solicitou que Anderson interrompesse sua gravidez, mediante a 
utilização de uma curetagem, objetivando esconder a traição. Anderson, que era inimigo de Josenildo, 
efetuou um procedimento cirúrgico causando a expulsão do embrião e, para se vingar de Josenildo, 
retirou os dois ovários de Zéfira. Assim, pode-se afirmar: 
a) Zéfira deve responder pelo crime de aborto provocado com o consentimento da gestante (artigo 124 do CP), 
em concurso de agentes com Anderson. 
b) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da gestante (artigo 126 do CP) com a 
causa de aumento de pena prevista no artigo 127 do CP. 
c) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da gestante (artigo 126 do CP) e lesão 
corporal gravíssima (se resulta perda ou inutilização de função – artigo 129, § 2º, III do CP), em concurso formal. 
d) Anderson deve responder pelo crime de aborto com o consentimento da gestante (artigo 126 do CP) e lesão 
corporal gravíssima (se resulta perda ou inutilização de função - artigo 129, § 2º, III, do CP), em concurso 
material. 
e) Anderson deve responder pelo crime de lesão corporal gravíssima (se resulta aborto). 
 
 
 
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29 – (FUNCAB/PC-ES/ESCRIVÃO/2013) - Maria, que estava sob a influência do estado puerperal, em face 
de ter acabado de dar à luz, estando sonolenta pela medicação que lhe fora ministrada, ao revirar na 
cama, acabou sufocando seu filho, que se encontrava ao seu lado na cama, matando-o. Logo, Maria: 
a) deverá responder pelo crime de homicídio doloso. 
b) deverá responder pelo crime de homicídio culposo. 
c) deverá responder pelo crime de infanticídio doloso. 
d) deverá responder pelo crime de infanticídio culposo. 
e) não deverá responder por crime algum, pois foi um acidente. 
 
30 – (VUNESP/PC-SP/ESCRIVÃO/2013) - O crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
a) é punido com pena de detenção e multa. 
b) só se caracteriza se o suicídio se consuma ou se a vítima sofre lesão corporal de natureza grave. 
c) é punido com pena de detenção, apenas. 
d) tem a pena aumentada de metade se a vítima é menor. 
e) tem a pena aumentada de metade se o crime é praticado por motivo egoístico. 
 
31 - (VUNESP/PC-SP/PAPILOSCOPISTA/2013) - Assinale a alternativa que contém o crime que tem 
expressa causa de aumento de pena se praticado por motivo egoístico. 
a) Homicídio culposo. 
b) Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. 
c) Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. 
d) Aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante. 
e) Infanticídio. 
 
32 - (MP-MG/Juiz/2004) Assinale a alternativa INCORRETA: 
a) O aborto social ou econômico não é permitido pela lei brasileira. 
b) O feto é titular do direito à vida no autoaborto. 
c) O óvulo fecundado não tem a proteção penal. 
d) Praticado aborto necessário pela gestante, presente o estado de necessidade. 
e) Ocorrendo lesão corporal grave no aborto provocado pela própria gestante, incabível a forma qualificada. 
 
33- (CESPE/MPE-SE/Promotor de Justiça Substituto/2010) Getúlio, a fim de auferir o seguro de vida do 
qual era beneficiário, induziu Maria a cometer suicídio, e, ainda, emprestou-lhe um revólver para que 
consumasse o crime. Maria efetuou um disparo, com a arma de fogo emprestada, na região abdominal, 
mas não faleceu, tendo sofrido lesão corporal de natureza grave. Em relação a essa situação hipotética, 
assinale a opção correta. 
a) Como o suicídio não se consumou, a conduta praticada por Getúlio é considerada atípica. 
b) Apesar de a conduta praticada por Getúlio ser típica, pois configura induzimento, instigação ou auxílio ao 
suicídio, ele é isento de pena, porque Maria não faleceu. 
c) Getúlio deve responder por crime de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, por uma única vez, com 
pena duplicada pela prática do crime por motivo egoístico. 
d) Getúlio deve responder por crime de lesão corporal grave. 
e) Por ter induzido e auxiliado Maria a praticar suicídio, Getúlio deve responder por crime de induzimento, 
instigação ou auxílio ao suicídio, por duas vezes em continuidade delitiva, com pena duplicada pela prática do 
crime por motivo egoístico. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
01.F 02.V 03.F 04.F 05.F 06.A 07.C 08.F 09.V 10.F 
11.F 12.F 13.F 14.F 15.F 16.F 17.B 18.V 19.F 20.F 
21.F 22.F 23.F 24.F 25.F 26.F 27.C 28.C 29.B 30.B 
31.C 32.C 33.C 
 
 
AULA 03 – DOS CRIMES CONTA A PESSOA 
 
 Artigos 129 ao 154 
 
 
Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu 
o risco de produzi-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o 
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a 
pena de um sexto a um terço. 
 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de 
duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 
121 deste Código 
 
 
32 
 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 
1990) 
 
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) 
 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou 
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, 
de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 
9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido 
contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no 
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
(Incluído pela Lei nº 13.142,de 2015) 
 
 Lesão corporal é resultado de atentado bem sucedido à integridade corporal ou psíquica do ser 
humano. Ofensa à integridade física pode dizer respeito à debilitação da saúde como todo ou do funcionamento 
de algum órgão ou sistema do corpo humano, inclusive se o resultado for o agravamento de circunstância 
previamente existente. Também pode ser qualquer alteração anatômica, que vão desde tatuagens a amputações, 
passando por todas as alterações físicas provocadas pela ação ou omissão maliciosa de outrem, que pode ter 
utilizado meios diretos ou indiretos para gerar o dano. 
Para caracterizar a lesão corporal é necessário que esteja configurada a alteração física, mesmo que 
apenas temporária, sendo que sensações como desconforto ou dor física não são consideradas como formas de 
lesão corporal. No Direito penal brasileiro, a lesão corporal é um crime material, que exige exame de corpo de 
delito, e se consuma com o dano à outrem, independentemente de quantas lesões foram geradas durante a 
realização do crime. É um crime que admite a tentativa. 
 
Sujeito ativo e sujeito passivo 
O sujeito ativo pode ser qualquer um, e o sujeito passivo é outrem. Assim, vemos que a autolesão e a 
lesão a fetos ou à fauna e flora não estão incluídas dentro do escopo desta norma legal. 
 
Lesão corporal leve 
Será leve toda lesão corporal que não for grave, gravíssima ou qualificada pelo resultado. 
 
✓ Contudo, deve ser suficientemente grave como para que a ofensa não seja despenalizada em 
função da aplicação do Princípio Da Insignificância. 
 
✓ O Princípio da Insignificância é um meio qualificador dos valores da estrutura típica do 
Direito Penal. Assim, a lesão corporal, por sua vez, ou provoca à vítima incapacidade para 
as suas ocupações habituais por uma ou duas semanas, ou que tenha perturbado 
temporariamente o funcionamento de membro, órgão, sentido, função _ e que, portanto 
jamais poderia ser reputada insignificante,pode dispor de um modelo processual mais célere, 
condicionando-se, mesmo, a iniciativa da ação penal à vítima, ou deferindo o perdão judicial 
nos casos em que houver pronta e justa reparação do dano, e poderá ser considerada como 
crime de bagatela, ou mesmo de menor potencial ofensivo. 
 
✓ A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, 
§ 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). A perda de dois dentes pode até 
 
 
33 
 
gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, 
mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). § 1º Se resulta: III - debilidade 
permanente de membro, sentido ou função; § 2º Se resulta: IV - deformidade permanente; 
STJ. 6ª Turma. REsp 1620158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 (Info 
590). 
 
✓ Mesmo assim existe Jurisprudência admitindo o princípio da Insignificância. Na Doutrina, 
José Henrique Pierangeli é um doutrinador de defende este posicionameno. 
 
✓ A lesão que não se expressa como comprometedora, em regra, está adstrita a contravenção 
penal de vias de fato. 
✓ LCP, Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de 
réis, se o fato não constitue crime. 
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 
(sessenta) anos. 
 
✓ Os crimes de lesão corporal leve ou culposa, pela regra do art. 88 da Lei 9.099/95 (Juizados 
Especiais) procedem mediante representação: Ação Penal Pública Condicionada à 
Representação do Ofendido (Representação é condição de procedibilidade p/ que MP ofereça 
a denúncia). Prazo decandencial de 06 meses do conhecimento de quem é o autor do crime 
pelo ofendido ou pela pessoa que o represente. 
✓ Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, 
qualificada pela violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no 
ambiente familiar. Ex: João agrediu fisicamente seu irmão na sede da empresa onde 
trabalham, causando-lhe lesão corporal leve. O agente deverá responder pelo art. 129, § 9º do 
CP. Sendo a lesão corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a agressão tenha 
ocorrido. STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
3/8/2017 (Info 609). 
 
Lesão corporal grave 
No caso do parágrafo 1o, serão graves as lesões que tornem a vítima incapacitada para suas atividades 
habituais por mais de 30 dias; as que gerem perigo de vida, as que gerem debilidade permanente de um membro, 
sentido ou função; e as que acelerem o parto. 
✓ A incapacidade para as atividades normais deve ser comprovada mediante laudo e não pode ser 
hipotética. Assim, não pode alguém que nunca esquiou dizer que não pode esquiar durante mais de 30 
dias, ou alguém que nunca tocou o piano alegar que determinada lesão o afasta desse instrumento. A 
atividade deve ser lícita ( a prostituta, por exemplo, se enquadra. O traficante não se enquadra). È 
irrelevante a idade da vítima. 
✓ O perigo de vida que agrava a lesão corporal é o real, não apenas o potencial. Deve gerar uma situação 
que de fato coloque a vítima em situação onde a morte é uma possiblidade real, como é o caso de uma 
lesão que perfura o pulmão ou abre uma artéria importante do corpo humano. Cuidado com este tipo de 
lesão corporal grave, pois é muito fácil confundí-la com tentativa de homicídio, já que a única diferença 
está na vontade do agente.Em regra é preterdoloso. 
✓ A debilidade permanente de membro, sentido ou função é a perda permanente do uso de membros 
(pernas e braços), de um dos sentidos (olfato, tato, paladar, etc.) ou de função orgânica (função digestiva, 
renal, circulatória, etc.)(neste caso estamos diante de um crime instantâneo). Em se tratando de órgãos 
duplos rins, olhos, pulmões), a perda de um, é uma debilidade, portanto, lesão grave. Dos dois é 
gravíssima. A recuperação via procedimento cirúrgico não exclui a qualificadora. 
✓ A aceleração do parto é a lesão corporal grave que leva ao nascimento prematuro de criança viável 
existente dentro do ventre da vítima. O agente deve saber que a vítima está gestante, sendo que esta 
modalidade de lesão corporal admite tentativa. 
 
 
34 
 
 
Lesão corporal gravíssima 
E a descrita no parágrafo 2o do artigo mencionado, que gerará para a vítima a incapacidade permanente 
para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade 
permanente ou gere o aborto em gestante. 
✓ A incapacidade permanente para o trabalho é aquela em que é impossível prever, com base no atual 
estado da medicina, quando (ou se) o indivíduo poderá novamente assumir suas funções no mercado de 
trabalho. Esta modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, 
admite tentativa. Incapacidade não significa perpetuidade, basta ela ser duradoura. 
✓ Enfermidade incurável é aquela que a medicina atual não consegue curar, inclusive as que são tratadas 
mediante tratamentos muito arriscados ou utilizando meios que não os da medicina tradicional. Esta 
modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, admite tentativa. 
Provada por exame pericial. 
 
O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a transmissão consciente do vírus HIV, causador 
da AIDS, configura lesão corporal grave, (art. 129, § 2º, do Código Penal). O entendimento é da 
Quinta Turma do STJ. 
O leading case é de um portador de HIV quemanteve relacionamento com a vítima por dois 
anos e, inicialmente, usava preservativo, mas passou a praticar relações sexuais sem proteção, o 
que resultou no contágio da vítima pelo vírus. 
Entendeu-se que, ao praticar sexo sem segurança, o réu assumiu o risco de contaminar sua 
parceria. Também se considerou que, mesmo que a vítima estivesse ciente da condição do seu 
parceiro, a ilicitude não poderia ser afastada, pois o bem jurídico protegido (a integridade física) 
é indisponível. 
A AIDS, na visão da relatora, Min. Laurita Vaz, trata-se de enfermidade incurável, nos 
termos do artigo 129 do CP, não sendo cabível a desclassificação da conduta para as sanções mais 
brandas no Capítulo III do mesmo código. 
O STF, no HC 98.712, entendeu que a transmissão da AIDS não era crime doloso contra a 
vida, excluindo a atribuição do tribunal do júri. Contudo, manteve a competência do juízo singular 
para determinar a classificação do delito. 
 
✓ Perda ou inutilização de membro sentido ou função - “Perda é a ablação (mutilação, amputação). 
Inutilização é a inaptidão para a atividade funcional específica (por exemplo, paralisia). Não se confunde 
com a debilidade do § 1º, III (perda de um olho), porque aqui há perda ou inutilização de sentido (perda 
dos dois olhos), membro ou função” ...(Führer). Outro detalhe: perda do movimento de parte de um 
membro, é lesão grave. Se a perda do movimento é total caracteriza lesão gravíssima. 
✓ Deformidade permanente é o dano estético visível, duradouro e que causa constrangimento à vitima. O 
fato de existirem próteses no mercado, como por exemplo, olho de vidro, não afasta a natureza gravíssima 
desta lesão. Esta modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, 
admite tentativa. 
✓ A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) 
não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade 
na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando 
providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia 
plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a 
critério exclusivo da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 306677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho 
(Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015 
(Info 562). 
✓ Que gere aborto na vítima. Somente admite a forma preterdolosa, pois se o agente agiu com dolo 
enquadrar-se-á no crime de aborto propriamente dito. Não admite responsabilidade objetiva, de modo que 
se o agente desconhecia o fato da vítima ser gestante, não será gravíssima a lesão. Por não admitir forma 
dolosa, não admite tentativa. 
 
 
 
35 
 
Lesão corporal seguida de morte 
Tratado no parágrafo 3o do artigo 129, este é um crime que somente admite a forma preterdolosa, pois se 
o agente agiu com dolo, ou seja, com a intenção de matar, trata-se de homicídio doloso. 
Neste caso, o agente tem que desejar ferir sua vítima (lesão corporal dolosa) mas a morte deve ser 
consequencia imprevisível e indesejada de sua ação. Não admite tentativa. O dolo não é de matar, mas apenas 
de ferir a vítima e a morte sobreveio como resultado indesejado. 
Exemplo de Lesão corporal seguida de morte é quando "A" discute com "B", e o empurra. "B" escorrega 
e bate a cabeça e morre. "A" não agiu com dolo de matar, trata-se de vias de fato. 
 
Lesão corporal privilegiada 
É aquela lesão cometida por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta 
emoção, logo em seguida de injusta provocação da vítima. Uma vez estabelecido que trata-se de lesão corporal 
privilegiada, o juiz, em atenção aos diversos princípios que vigoram no direito penal brasileiro, deve reduzir a 
pena de 1/6 a 1/3. 
✓ relevante valor moral ou social é o objetivo que segue a ética dominante no grupo social ao qual 
pertence o agente. Será privilegiado mesmo que o agente tenha agido com erro, por exemplo, ferindo 
pessoa que julgava ser um abusador sexual de crianças que agia do bairro, mas que posteriormente 
provou ser inocente. 
✓ Para a segunda forma de lesão corporal privilegiada, é necessário que coexistam 3 elementos: a violenta 
emoção do agente, o intervalo temporal mínimo entre a provocação da vítima e a agressão e a injusta 
provocação da vítima. 
 
Substituição da pena 
Nos termos do parágrafo 5o, o Juiz poderá substituir a pena de detenção pela de multa, caso as lesões não 
sejam graves e nas hipóteses de agressões recíprocas ou de lesão corporal privilegiada. 
Aplicando-se os princípios do Direito Penal, não poderá o Juiz penalizar com a detenção se a Lei 
estabelece parâmetro menos gravoso, de modo que este artigo deve ser interpretado como um dever do Juiz, que 
deverá substituir a pena quando a situação fática assim o permitir. 
 
Lesão corporal culposa 
O tipo penal descrito no parágrafo 6o é um tipo aberto, já que não há um verbo nuclear na descrição. É 
aquela decorrente de imprudência, negligência ou imperícia. Lembrar, sempre, que na lesão corporal culposa a 
graduação das lesões não serão consideradas, mesmo que tenha consequências graves. 
Vemos que o legislador optou por não diferenciar entre a gravidade das lesões, cominando com a mesma 
pena, detenção de 2 meses a 1 ano, todas as lesões corporais, desde as leves até as gravíssimas. 
 
Por ser crime culposo, não admite tentativa, sendo punida apenas a agressão culposa bem 
sucedida. Todo crime culposo exige o resultado. 
 
 Lesão corporal hedionda 
Somente a lesão corporal prevista no parágrafo doze (lesão corporal funcional) é considerada crime 
hediondo. 
 
 
 
 Importante para prova: 
✓ A pluralidade de lesões em um mesmo contexto caracteriza crime único, mais influência na 
dosimetria da pena; 
✓ Na Vias de fato, o agente ativo agride a vítima, sem lesioná-la. É uma briga em si, o contato 
entre os corpos, sem lesão (empurram, puxão de cabelo, aperto no braço, bofetada; 
✓ O Previsto no § 9o só se aplica a lesões corporais leves; 
✓ A causa supralegal de consentimento da vítima só vale para lesões corporais leves; 
 
 
36 
 
✓ Em regra, o Direito Penal Brasileiro não pune autolesão, exceto o caso previsto no Art. 171,§2ª 
(Fraude de seguro, por exemplo o jogador de futebol que quebra sua própria perna para 
receber o seguro); 
✓ Lesões Esportivas (Box, MMA, Karatê,) – são casos do exercício regular do direito (verificando 
sempre se não houve excesso); 
✓ Cirurgias emergenciais – existem 02 aspectos: sem o consentimento da vítima, se há risco de 
morte, o médico está amparado pelo estado de necessidade de terceiro. Se não há risco de 
morte, é necessário consentimento do ofendido, caracterizando exercício regular de um direito. 
É caso de redesignação sexual (mudança de sexo), vasectomia, ligadura das trompas dentre 
outros procedimentos. 
✓ O fato que “furar a orelha” do recém-nascido para o uso de brincos não é lesão corporal pelo 
princípio da adequação social, como o caso da tatuagem; 
✓ Embora a tatuagem seja considerada lesão corporal, a princípio, não é tida como crime, desde 
que o tatuador obtenha o consentimento expresso do tatuado. A declaração de vontade da vítima 
constitui causa supralegal de exclusão da ilicitude. 
✓ A tatuagem feita em pessoa menor de 14 anos sempre caracteriza crime de lesão corporal; 
✓ A tatuagem feita em pessoa maior de 14 e menor de 18 anos caracteriza o crime de lesão 
corporal quando não houver consentimento do menor; 
✓ A tatuagem feita em pessoa maior de 14 e menor de 18 anos não caracteriza lesãocorporal 
quando houver consentimento do menor; 
 
 
CAPÍTULO III 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
 
A periclitação da vida e da saúde é espécie do gênero crimes de perigo. Nos crimes de perigo o dolo, 
ao invés de visar lesar uma vítima em particular, busca criar uma situação de perigo. O agente não aceita, nem 
mesmo eventualmente, o resultado lesivo diverso da criação do perigo, mesmo que tal resultado possa ser 
previsível para o homem médio. Isto porque sempre será crime subsidiário ao crime de dano propriamente dito. 
O perigo pode ser concreto ou abstrato, individual ou coletivo, atual, iminente ou futuro. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO 
 
Perigo de contágio venéreo 
 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação. 
 
✓ O tipo penal define a conduta de agente que coloca alguém em perigo (expõe) de contágio de doença 
venérea, seja pela prática de atos libidinosos diversos, seja pelo ato sexual. 
✓ O crime será concretizado independentemente da vítima consentir em se expor ao perigo. Contudo, 
é ação penal pública condicionada, dependendo, assim, de representação da vítima. 
✓ A consumação ocorre com a realização de ato apto a contaminar, não sendo necessário que a 
contaminação de fato ocorra. Evidentemente, se a vítima já estiver contaminada, estamos diante de um 
crime impossível, já que o perigo pressupõe que a vítima não sofreria perigo se não fosse pela ação do 
agente. 
 
 
37 
 
✓ A transmissão de doença venérea por meio não-sexual está tipificada no art. 131 do Código Penal 
Brasileiro, o chamado crime de perigo de contágio de moléstia grave. 
✓ AIDS não é considerada doença venérea, pois pode ser transmitida de diversas formas (transfusão de 
sangue,...) 
✓ Este crime admite a tentativa. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE 
 
Perigo de contágio de moléstia grave 
 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
✓ Consiste em praticar ato capaz de produzir contágio de moléstia grave de que está contaminado o agente. 
✓ Trata-se de crime formal, na medida em que é um crime de consumação antecipada. 
✓ Será sempre doloso, pois o legislador introduziu a expressão "com o fim de" no texto legal. 
Sendo eventual o dolo, estaremos diante de crime de lesão corporal. 
✓ Assim como no crime anterior, o fato da vítima concordar com ser exposta à moléstia não exclui o 
crime, e será crime impossível se a vítima é imune ou portadora da moléstia que o agente pretendia 
contagiar; 
✓ AIDS não é moléstia grave, e sim moléstia incurável, caracterizando sua transmissão dolosa, tentativa 
de homicídio ou lesão corporal gravíssima, conforme dito antes; 
✓ Admite tentativa. 
 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM 
 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou 
da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em 
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído pela Lei 
nº 9.777, de 29.12.1998) 
 
✓ Consuma-se com a criação do perigo para o sujeito passivo, que é sempre uma pessoa determinada ou 
determinável. 
✓ Como nos demais casos em que a legislação protege bem indisponível, a concordância da vítima é 
irrelevante. 
✓ Exemplo clássico – Um rapaz de 20 anos que passa cerol (vidro moído e cola) na linha de nylon e resolve 
soltar pipa com ela. Um motociclista passa na rua e tem seu pescoço cortado pelo cerol. Consuma-se o 
crime de Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem. 
✓ Tipo penal utilizado mormente para punir empregadores que colocam a saúde de seus trabalhadores em 
risco, frequentemente visando cortar custos. 
 
 
38 
 
 
ABANDONO DE INCAPAZ 
 
Abandono de incapaz 
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por 
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
✓ É um crime próprio na medida em que somente pode ser cometido por aquele que tem obrigação de 
zelar pela integridade e segurança do incapaz. 
✓ Consuma-se quando o incapaz que estava sob a responsabilidade do agente encontra-se em situação 
de perigo concreto. 
✓ O consentimento do incapaz é irrelevante. Admite tentativa 
✓ Será qualificado, mesmo que na modalidade preterdolosa, se do perigo resultar lesão corporal ou 
houver resultado morte. 
✓ A pena será aumentada se o crime for cometido em lugar ermo, se era o agente ascendente ou 
descendente, irmão, tutor ou curador da vítima e se a vítima contava com mais de 60 anos de idade 
na época da consumação do crime. 
✓ Para Nelson Hungria a incapacidade pode ser absoluta (em razão de suas condições) ou acidental 
(resultante das circunstâncias), dando como exemplo um alpinista inexperiente abandonado na 
montanha. 
✓ O abandono tem que gerar risco a saúde ou a vida do incapaz. Caso contrário não há crime. 
 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO 
 
Exposição ou abandono de recém-nascido 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
✓ É a modalidade privilegiada do abandono de incapaz. Só a mãe pode cometer esse crime, para 
ocultar desonra própria. 
✓ Mas existem divergências doutrinárias que acreditam que o sujeito ativo do crime pode ser o pai 
adúltero, ou os avós, pretendendo proteger a família da "vergonha". 
 
 
39 
 
✓ Visa proteger a saúde e a vida do recém-nascido. A intenção além de abandonar a criança, deve ser 
também de ocultar desonra própria. 
✓ Admite-se a tentativa. 
 
OMISSÃO DE SOCORRO 
 
Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 
12.653, de 2012). 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o 
preenchimento prévio de formulários administrativos, como condiçãopara o atendimento médico-
hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 
2012). 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta 
lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.(Incluído pela Lei nº 12.653, de 
2012) 
 
 
✓ Este notável dever cívico impõe de solidariedade humana, cumprindo a missão educativa do 
Direito Penal. Todos estamos obrigados a socorrer os expostos a perigo que não tem 
condições de se defender. A obrigação legal recai sobre o homem comum, alheio à criação 
do perigo.O sujeito passivo é a criança abandonada, extraviada, ou a pessoa ferida, inválida, 
ao desamparo ou em grave e iminente perigo. Nos casos de criança ou pessoa inválida, ferida 
ou desamparada o perigo é presumido. Nos demais exige-se perigo concreto para 
caracterização da omissão. A conduta exigida pela norma não é propriamente alternativa. 
Sendo essencial a assistência direta, o inútil pedido de socorro para a autoridade não exclui o 
crime. Consuma-se com a omissão diante do perigo. 
✓ Não configura crime se a vítima ofereça resistência que torne impossível a prestação de socorro ou 
se ela já faleceu; 
✓ Não há tentativa. 
✓ A pena é aumentada no caso de lesão grave ou morte preterdolosas. 
✓ No caso de idoso, prevê o Estatuto do Idoso: 
 
 
 Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em 
situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa 
causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: 
 Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. 
 
MAUS-TRATOS 
 
Maus-tratos 
 
 
 
40 
 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação 
ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer 
abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 
✓ O crime não exige dano específico (de perigo); 
✓ Privação de alimentos ou de cuidados indispensáveis não admitem tentativa por ser o crime 
omissivo. 
✓ Esposa não sofre maus tratos do marido, pois não está sobre sua autoridade, guarda ou vigilância. 
Nesse caso ele responde por lesão corporal. 
✓ No caso de criança, adolescente e idoso há previsão específica 
 
Estatuto do Idoso, 
 
 Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a 
condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, 
quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: 
 Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 
 § 1ª - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
 Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos 
 
ECA, Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a 
vexame ou a constrangimento: 
Pena - detenção de seis meses a dois anos. 
 
 
A diferença da tortura para o crime de maus-tratos, do art. 136, do CP, está exatamente na intensidade 
do sofrimento da vítima. 
 PALAVRA CHAVE: INTENSO SOFRIMENTO FÍSICO OU MENTAL 
Ficou perceptível que a diferença entre o crime previsto na lei 9455/97, art 1, II e do art 136 do CP está no 
elemento normativo do tipo " intenso sofrimento físico", onde a tortura irá se aplicada em situações 
extremadas. 
 
 
O art. 99 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, contém a seguinte norma incriminadora; “Expor a perigo 
a integridade e a saúde, física ou psíquica, Do Idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou 
privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho 
excessivo ou inadequado: 
 Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.” 
Nos §§ 1 º e 2º estão descritas as formas qualificadas pelo resultado, com penas idênticas às do Código Penal. 
 
Idoso é quem tem idade igual ou superior a 60 anos. 
A Lei nº 10.741 entra em vigor 90 dias após a publicação, ocorrida em 3-10-2003. 
 
 
 
 
41 
 
 CAPÍTULO IV 
DA RIXA 
 
 
Rixa 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo 
fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
✓ Entende- se por rixa o desentendimento, rivalidade, disputa, briga em que os participantes atacam-se 
corporalmente, onde a agressão é recíproca, mesmo que praticada de forma desproporcional. 
✓ Segundo a norma vigente é a briga entre mais de duas pessoas, acompanha de vias de fato ou violências 
físicas recíprocas, de modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos outros 
contendores. Cumpre-nos salientar que para a caracterização de tal crime se faz necessário a 
participação de, no mínimo, três participantes, e que são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos 
do crime. 
✓ Crime de Concurso necessário, sendo no mínimo três participantes, sendo necessário só um imputável. 
✓ Participa da rixa quem se envolve diretamente no entrevero, na balbúrdia, na confusão, na briga, na luta, 
desferindo golpes, recebendo outros, agindo, enfim, da produção das lesões corporais nas pessoas dos 
outros rixantes. Na rixa as agressões devem ser mútuas e voltadas para os diversos contendores, não 
sendo, por isso, possível a perfeita determinação do modo de atuar de cada um deles. É, em verdade, 
um conflito generalizado. 
✓ No curso da rixa, terceira pessoa que intervém para separar os contendores pode sofrer uma agressão 
injusta, atual ou iminente, e repeli-la usando moderadamente do meio necessário, causando a morte do 
seu agressor ou de outro rixante. Estará, sem dúvida, em legítima defesa. Os participantes responderão 
por rixa qualificada. 
✓ E entre os rixantes? DAMÁSIO defende a possibilidade de um dos participantes da rixa poder atuar 
em legítima defesa quando, desenvolvendo-se a rixa apenas por meio de vias de fatos, um deles volta-
se contra outro com um punhal, sendo repelido com uma ação que lhe causa a morte. 
✓ A ocorrência de lesão corporal grave ou morte qualifica a rixa, respondendo por ela inclusive a vítima 
da lesão grave. Mesmo que a lesão grave ou a morte atinja estranho não participante dela, configura-se 
a qualificadora. Quando não é identificado o autor da lesão grave ou do homicídio, todos os participantes 
respondem por rixa qualificada; sendo identificado o autor, os outros continuam respondendo por rixa 
qualificada, e o autor responderá pelo crime que cometeu em concurso material ou formal, para alguns, 
com a rixa qualificada. 
✓ A morte ou lesões corporais graves devem ocorrer durante a rixa ou em consequência dela; não podem 
ser antes ou depois, isto é, deve haver nexo causal entre a rixa e o resultado morte ou lesão corporal. A 
ocorrência de mais de uma morte ou lesão corporal não altera a unidade da rixa qualificada que continuasendo crime único, embora deva ser considerada na dosimetria da pena. 
✓ O resultado agravado deverá recair sobre todos os que dela tomam parte, inclusive sobre os desistentes 
e sobre aqueles que tenham sido vítimas das lesões graves. Apenas no caso de ter entrado após o 
resultado qualificador é que não poderá por ele responder. 
✓ O contato físico é dispensável, podendo, por exemplo, ser executado através do lançamento de objetos 
(como pedras, garrafas); 
✓ No caso específico de briga de torcidas, não há rixa e sim crime previsto no Estatuto do Torcedor, lei nº 
10.671/2003, Art.41-B: 
 
Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos 
competidores em eventos esportivos: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 
2010). 
§ 1o Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 
2010). 
 
 
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I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros 
ao redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da 
realização do evento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
 
II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, 
em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática 
de violência. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
§ 2o Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em pena 
impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se 
realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade 
da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido 
anteriormente pela prática de condutas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 
2010). 
§ 3o A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a 
qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando 
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº 12.299, 
de 2010). 
§ 4o Na conversão de pena prevista no § 2o, a sentença deverá determinar, ainda, a 
obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no 
período compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à 
realização de partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada. 
(Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
§ 5o Na hipótese de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena 
restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará 
a sanção prevista no § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). 
 
✓ O resultado agravador pode ser por dolo ou culpa, não é necessariamente preterdoloso; 
✓ Aquele que ingressar na rixa depois do resultado gravoso, responderá por rixa simples; 
 
 
CAPÍTULO V 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
Nossa Carta Magna, no inciso X do art. 5º, assegura a inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas. 
Colocou sob a proteção constitucional, dentre os direitos e garantias fundamentais, esse precioso bem jurídico 
do ser humano. Honra é o “sentimento de nossa dignidade própria (honra interna, honra subjetiva)” e também 
“o apreço e respeito de que somos objeto ou nos tornamos merecedores perante os nossos concidadãos (honra 
externa, honra objetiva, reputação, boa fama). É o sentimento de apreço acerca das qualidades da pessoa. O 
sentimento da pessoa sobre os próprios predicados é a chamada honra subjetiva. O sentimento das outras pessoas 
acerca das qualidades de uma outra pessoa é a honra objetiva. Honra subjetiva é a autoestima. Honra objetiva é 
a reputação da pessoa. 
A doutrina faz ainda distinção entre honra dignidade – que diz respeito às qualidades morais da pessoa – 
e honra decoro – que se relaciona com os atributos físicos e intelectuais. Honra comum é a do homem enquanto 
homem e honra profissional é a referente a determinados grupos ou classes de cidadãos. O certo é que a honra é 
um valor importante para os indivíduos e por isso o Direito Penal entendeu de incriminar algumas condutas que 
se voltam contra ela. 
O Código Penal definiu três tipos de crime que têm a honra como bem jurídico tutelado. São a calúnia, a 
difamação e a injúria. Na calúnia, imputa-se falsamente a uma pessoa uma conduta definida como crime pela 
legislação penal. Ex: “Foi José quem roubou a padaria da esquina ontem à noite”. Na difamação, imputa-se a 
uma pessoa uma determinada conduta que macule a sua honra perante a sociedade, sem que essa conduta seja 
definida como ilícito penal. Não importa se a conduta imputada é ou não verdade, a mera imputação já configura 
o delito em questão. Ex: “Mévio gosta de manter relações com seus parentes”. Na injúria, por sua vez, imputa-
se ao ofendido uma conduta que não macula sua imagem perante a sociedade, mas que lhe ofende a própria 
honra subjetiva. Ex: “Tício é o homem mais feio que já vi na vida”. 
 
 
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Crime de Calúnia 
 
 
Calúnia 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. 
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
 
Exceção da verdade 
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: 
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado 
por sentença irrecorrível; 
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; 
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença 
irrecorrível. 
 
 
 
Calúnia é uma afirmação falsa e desonrosa a respeito de alguém, inclusive mortos. Consiste em atribuir, 
falsamente, a alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como crime, feita com 
má-fé. Pode ser feita verbalmente, de forma escrita, por representação gráfica ou internet. Em 2012, o 
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas declarou que a criminalização da calúnia viola a liberdade 
de expressão. 
 
Inimputáveis 
Para os causalistas, como os menores de 18 anos de idade e outros inimputáveis não cometem crime, não 
poderiam ser vítimas de calúnia, já que para a caracterização deste crime é necessário atribuir à vitima a 
responsabilidade pela prática de crime.Por outro lado, para os seguidores da teoria finalista, que retira o elemento 
culpabilidade do conceito de crime, os inimputáveis poderiam sim ser vítimas de calúnia. 
 
Consumação 
Por ser um crime formal não exige a ocorrência de resultado e consuma-se no momento em que um terceiro 
toma conhecimento da mentira caluniosa, mesmo que não provoque o dano esperado .Admite tentativa, no caso 
do meio de propagação da calúnia ter sido interceptado antes de chegar às mãos do terceiro. 
 
Exceção da verdade 
A calúnia, viu-se, é a imputação falsa de um fato definido como crime. Falsa porque não houve o fato ou 
porque o caluniado não é seu autor ou partícipe. Realizado o tipo de calúnia, o sujeito passivo poderá propor a 
ação penal contra o agente, a fim de obter sua condenação. Este poderá defender-se alegando e provando que a 
imputação é verdadeira. Se for bem-sucedido nesse intento, será excluída a tipicidade do fato, por ser verdadeira 
a imputação. 
Essa reação do acusado da prática de calúnia denomina-se exceçãoda verdade, que nada mais é do que o 
instrumento processual defensivo de que dispõe para provar a veracidade do fato imputado (art. 138, § 3 º). Não 
será, entretanto, possível arguir a exceção da verdade, ainda que verdadeira a imputação, em três situações. 
 
✓ Se o fato típico é de um crime de ação penal de iniciativa privada e o caluniado não foi condenado por 
sentença penal irrecorrível, não será admitida a exceção da verdade. Não podia ser diferente. Nos crimes 
em que a ação penal é privativa do ofendido, somente este pode dar início ao processo. É que a ordem 
jurídica a ele reservou esse direito de agir em juízo. Se é assim, não pode terceira pessoa, o caluniador, 
promover, por meio da exceção da verdade, a apuração do fato. Quando a vítima do crime imputado preferiu 
não ajuizar a queixa é porque, tendo disponibilidade da ação e não a tendo manejado, acabou por consentir 
na realização do fato, que, por isso, deve ser considerado lícito. Se o fato é lícito, não é crime, logo a sua 
 
 
44 
 
imputação é calúnia. Se, porém, a ação penal privada foi proposta e houve sentença penal condenatória 
irrecorrível, demonstrada estará a existência de crime, daí que o acusado de calúnia poderá promover a 
exceção da verdade, juntando, para tanto, a certidão ou cópia da própria sentença penal condenatória, com 
a demonstração de seu trânsito em julgado, livrando-se, assim, da acusação de calúnia, porque terá imputado 
um fato verdadeiro. 
✓ Também não se admitirá a exceção da verdade quando a calúnia tiver sido proferida contra o Presidente da 
República ou chefe de governo estrangeiro. Ainda que verdadeira a imputação, o caluniador não poderá 
promover a exceção da verdade, em razão da qualidade das funções exercidas pelo caluniado, chefe de 
governo, nacional ou estrangeiro. O chefe de governo estrangeiro goza de imunidade diplomática que 
impede a aplicação da lei penal brasileira, daí que é impossível, mesmo, a possibilidade da instauração do 
incidente penal destinado a provar que praticou o fato a ele atribuído. 
✓ Por último, é impossível tentar provar a verdade se o sujeito passivo da calúnia tiver sido absolvido pela 
prática do fato imputado, com sentença penal transitada em julgado. Se o Poder Judiciário já tiver se 
manifestado, em decisão definitiva, pela absolvição do caluniado, por qualquer razão, inclusive por 
insuficiência de prova, existe a coisa julgada, não sendo permitida a revisão contra o réu que poderia ocorrer 
caso a exceção da verdade viesse a ser julgada procedente. 
 
A exceção da verdade pode ser promovida a qualquer tempo, até mesmo após a sentença condenatória de 
primeiro grau, desde que nas razões de apelação, e, submetida ao contraditório, será julgada por sentença. 
Procedente, importará na absolvição do agente da calúnia, pela atipicidade do fato. Improcedente a exceção da 
verdade, prosseguirá o feito para julgar a prática da calúnia. 
Quando o caluniado gozar de foro especial por prerrogativa de função e tiver sido admitida exceção da 
verdade, esta, e somente esta, será julgada no foro especial. Julgada procedente no foro especial, a ação penal 
pela calúnia será julgada prejudicada, devendo os autos da exceção da verdade ser encaminhados ao Ministério 
Público, para promover a ação penal contra o imputado. Julgada improcedente, os autos serão remetidos ao juízo 
de origem, para prosseguir na ação penal pela calúnia. 
 
Extinção da punibilidade 
Ocorrerá a extinção da punibilidade sempre que o agente fizer uma retratação completa, satisfatória e 
incondicional, reconhecendo publicamente seu erro.É ato unilateral, pessoal e que independe da anuência do 
ofendido, devendo ser realizada até a publicação da sentença de primeiro grau, sendo que após este momento a 
retratação perde sua eficácia como forma de extinção da punibilidade. 
 
Imputar a alguém falsa contravenção penal não é calúnia, pode ser difamação. 
 
Denunciação caluniosa 
 
 Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração 
de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra 
alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
 § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
✓ O elemento subjetivo do tipo é a vontade específica de ofender a honra da vítima (animus calumniandi), 
devendo haver o dolo que pode ser direto ou eventual. 
✓ Então, só pratica crime contra a honra, aquele que tiver o propósito manifesto de ofender a honra, onde 
há o animus calumniandi. 
✓ Nenhuma hipóteses abaixo descritas se enquadra na calúnia: 
1. Se uma pessoa conta para outra o que ouviu, ela simplesmente está agindo com animus narrandi. 
2. Um acusado quando diz ao juiz que outra pessoa cometeu o crime que está sendo imputado a ele, 
está agindo com animus defendendi. 
3. e o indivíduo está querendo fazer uma brincadeira, está agindo com animus jocandi. 
4. Se estiver aconselhando alguém, age com animus consulendi. 
 
 
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5. Com a intenção de corrigir, animus defendendi. 
 
 
Crimes de Difamação 
 
Difamação 
 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Exceção da verdade 
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. 
 
Difamação - Imputar algo desonroso a outrem, mas não qualquer fato inconveniente, mas fato 
efetivamente ofensivo à reputação. O sujeito ativo (quem comete) pode ser qualquer pessoa humana (ser 
humano). Sujeito passivo (quem sofre) pode ser qualquer pessoa humana ou jurídica (Súmula 227 do Superior 
Tribunal de Justiça). 
Imputação de fato - É necessário que o fato seja descritivo, não servindo um mero insulto ou xingamento. 
muitas das vezes sendo contra funcionário público a pena aumenta de um sexto há um terço. 
Exceção da verdade - Como para este tipo de crime o dano ocorrerá independentemente da veracidade da 
afirmação, somente se admite a exceção da verdade (alegação do réu de que o fato imputado é verídico) como 
defesa se a difamação for contra servidor público e a ofensa é relativa ao exercício de sua funções (parágrafo 
único, art. 139 do CP). 
Rito - É considerado crime de menor potencial ofensivo para os fins da Lei 9.099/1995, sendo 
competente o Juizado Especial Criminal, pois com a Lei 10.259/2001, tal rito passou a ser aplicável para os 
delitos com rito especial que tenham pena privativa de liberdade máxima não superior a 2 (dois) anos, 
cumulada ou não com multa. Assim, é possível a composição dos danos e a transação penal regidos pela Lei 
9.099/1995. Em ambas as hipóteses, não caracteriza antecedentes criminais. 
 
✓ O fato tem que ser determinado, verdadeiro ou falso, criminoso ou não ou contravenção penal; 
✓ Morto não pode ser vítima de difamação; 
✓ Pessoa jurídica pode ser vítima de difamação 
✓ A exceção da verdade atinge a ilicitude, e não a atipicidade da conduta, como no caso de calúnia, pois 
é uma forma de exercício regular do direito. 
 
Crime de Injúria 
Injúria do latim injuria, de in + jus = injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir a alguém 
qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que consiste em ofender 
verbalmente, por escrito ou até fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a 
moral, com aintenção de abater o ânimo da vítima. 
Injúria 
 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; 
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. 
 
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio 
empregado, se considerem aviltantes: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
 
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§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, 
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 
10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
 
✓ Dignidade - ofender as qualidades morais (chamar alguém de “sem vergonha”); 
✓ Decora - ofender as qualidades físicas (gordo, mostro) ou intelectuais (débil mental, retardado); 
✓ Pode ser praticado por ação ou omissão (José estende a mão para Maria e a despreza); 
✓ Consuma no momento em que o fato chega ao conhecimento da vítima, dispensando efetivo dano a sua 
dignidade ou decoro. 
✓ Injúria Real (§ 2º) – Cuspir na vítima, puxar o cabelo; 
✓ Aviltante, humilhante, 
✓ A doutrina majoritária entende que a injúria racial não contempla o perdão judicial prevista no § 1º 
 
Disposições comuns – Injúria, Calúnia e Difamação 
 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos 
crimes é cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II - contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da 
difamação ou da injúria. 
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso 
de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, 
aplica-se a pena em dobro. 
 
Exclusão do crime 
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: 
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; 
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando 
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; 
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação 
que preste no cumprimento de dever do ofício. 
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem 
lhe dá publicidade. 
 
Retratação 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da 
difamação, fica isento de pena. 
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem 
se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do 
juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo 
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso 
I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do 
mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 
12.033. de 2009). 
 
Injúria racial e racismo 
 
 
 
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✓ Há a injúria racial quando as ofensas de conteúdo discriminatório são empregadas a pessoa 
ou pessoas determinadas. Ex.: negro fedorento, judeu safado, baiano vagabundo, alemão 
azedo, etc. 
✓ O crime de Racismo constante do artigo 20 da Lei nº 7.716/89 somente será aplicado quando 
as ofensas não tenham uma pessoa ou pessoas determinadas, e sim venham a menosprezar 
determinada raça, cor, etnia, religião ou origem, agredindo um número indeterminado de 
pessoas. Ex.: negar emprego a judeus numa determinada empresa, impedir acesso de índios 
a determinado estabelecimento, impedir entrada de negros em um shopping, etc. 
✓ o crime de racismo possui penas superiores às do crime de injúria racial; 
✓ o crime de racismo é imprescritível e inafiançável, enquanto que o de injúria racial o réu 
pode responder em liberdade, desde que paga a fiança, e tem sua prescrição determinada 
pelo art. 109, IV do CÓDIGO PENAL em oito anos; 
✓ o crime de racismo, em geral, sempre impede o exercício de determinado direito, sendo que 
na injúria racial há uma ofensa a pessoa determinada; 
✓ o crime de racismo é de ação pública incondicionada, sendo que a injúria racial é de ação 
penal privada; 
✓ enquanto que no crime de racismo há a lesão do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, 
no crime de injúria há a lesão da honra subjetiva da vítima. 
 
 
Súmula 714 STF 
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, 
condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de 
servidor público em razão do exercício de suas funções. 
 
✓ Ou seja, tratando-se de ofensa contra funcionário público sem vínculo com a função, a ação 
penal é privada. 
 
CRIMES CONTRA A HONRA EM LEIS ESPECIAS 
 
 LEI DE IMPRENSA 
 
A Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a liberdade de manifestação do pensamento 
e de informação, chamada Lei de Imprensa, definiu vários crimes cometidos através dos meios de informação e 
divulgação – jornais e outras publicações periódicas, serviços de radiodifusão e noticiosos –, dentre eles a 
calúnia, a difamação e a injúria (arts. 20 a 22), cominando penas mais severas que as previstas nas 
correspondentes normas do Código Penal. 
Além das penas mais severas, outras normas conferem, aos crimes contra a honra definidos na Lei de 
Imprensa, tratamento diferenciado, mais rigoroso. Algumas diferenças merecem ser destacadas. 
Na calúnia, não se admite a exceção da verdade contra os Presidentes da República, do Senado Federal, 
da Câmara dos Deputados, os ministros do Supremo Tribunal Federal, chefes de Estado ou de Governo 
estrangeiro, ou seus representantes diplomáticos. 
Há difamação na publicação ou transmissão de fato delituoso também quando seu autor já tiver 
cumprido a pena a que foi condenado, a não ser quando justificada por interesse público. 
Também é punível a difamação e a injúria contra a memória de pessoa morta. Tratando-se, portanto, de 
crime contra a honra cometido através dos meios de comunicação de massa – jornais, periódicos, revistas, 
imprensa, enfim, rádio e televisão –, aplica-se a lei especial. 
 
 LEI DE SEGURANÇA NACIONAL 
 
A Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, que define os crimes contra a segurança nacional e a ordem 
política e social, definiu no art. 26 o seguinte tipo legal de crime: “caluniar ou difamar o Presidente da República, 
o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato 
definido como crime ou fato ofensivo à reputação”. A pena é de reclusão, de um a quatro anos. 
 
 
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À primeira vista poderia parecer que, diante dessa norma, todo e qualquer crime contra a honra do 
Presidente da República ou de qualquer dos demais titulares das funções mencionadas no dispositivo constitua 
crime contra a segurança nacional, afastando, assim, a incidência das correspondentes normas do Código Penal. 
Não é assim, felizmente. 
O art. 2º da mesma lei esclarece que quando o fato estiverprevisto também no Código Penal, como é o 
caso da calúnia e da difamação, sua incidência dependerá da motivação e dos objetivos do agente, bem assim da 
ocorrência de lesão, real ou potencial, a pessoa dos chefes dos poderes da União. 
Em outras palavras, só haverá calúnia ou difamação punidas pela Lei de Segurança Nacional se o agente 
agiu com motivação política e com o fim de causar lesão à honra do cargo, e desde que tenha havido efetivo 
dano ou, pelo menos, possibilidade de lesão à honra da autoridade. 
 
ESTATUTO DO IDOSO 
 
A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 – o Estatuto do Idoso –, definiu, no art. 105, a seguinte 
conduta típica: “exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas 
ou injuriosas à pessoa do idoso”. 
A pena é detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. 
Idoso é quem tem idade igual ou superior a 60 anos. 
 
IMUNIDADE PARLAMENTAR 
 
Parlamentares federais, estaduais, distritais e municipais gozam da imunidade material em relação 
também à injúria, desde que no exercício do mandato e em razão dele. 
 
 
CAPÍTULO VI 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
 
 
SEÇÃO I 
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL 
 
Observação para nunca esquecer: haverá sempre concurso material quando houver crimes contra a liberdade 
individual e outros. 
 
Do Crime de Constrangimento Ilegal 
 
O constrangimento é obtido mediante violência, grave ameaça ou por qualquer outro meio análogo que 
seja capaz de reduzir a capacidade de resistência da vítima. Violência é o emprego de força física sobre o corpo 
da vítima através de lesões corporais ou da aplicação de mecanismos que tolhem sua liberdade de movimento. 
Grave ameaça é a violência moral. É a promessa da causação de um mal grave. O mal prometido não 
necessita ser injusto, porque no tipo não há essa exigência. Basta que seja grave. Também se perfaz o tipo 
quando o agente emprega um outro meio capaz de minar a capacidade de resistência da vítima, retirando-lhe a 
plena capacidade de determinação. É o que acontece quando a vítima é levada, por erro, a ingerir substância 
inebriante ou é hipnotizada, sedada, perdendo a plenitude de suas faculdades mentais. O resultado pretendido 
pelo agente é um comportamento da vítima, positivo ou negativo. Fazer aquilo que a lei não manda ou deixar 
de fazer o que a lei permite. 
O crime de constrangimento ilegal pode ser praticado inclusive na ausência do ofendido e de forma 
indireta, como no exemplo de obrigar alguém a certo ato via mensagem eletrônica sob ameaça de grave dano 
para seu filho. 
Exemplo de Constrangimento Ilegal: digo que alguém não passará em minha rua, ou lhe agredirei. Isso é 
constrangimento ilegal, pois àquela pessoa é permitido passar em minha rua. 
 
Constrangimento ilegal 
 
 
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Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver 
reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, 
ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Aumento de pena 
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, 
se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. 
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. 
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu 
representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II - a coação exercida para impedir suicídio. 
AMEAÇA 
 
Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, 
de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
 
A paz interior, a tranquilidade espiritual, é um estado da liberdade psíquica do ser humano. É bem jurídico 
importante que merece a Proteção do Direito Penal. A todas as pessoas é exigido o respeito à inviolabilidade 
dessa liberdade interna do outro. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse crime, mas o funcionário público 
pode cometer crime de abuso de autoridade, consoante dispõe a Lei nº 4.898/65. Sujeito passivo é qualquer 
pessoa que tenha capacidade para ser intimidada. Portanto, as crianças de pouca idade e os doentes mentais não 
são intimidáveis. 
Concretiza-se a ameaça através de palavra, escrita ou oral, de gestos ou qualquer meio simbólico, como 
desenhos, pinturas e objetos mostrados à vítima, diretamente ou por qualquer meio de comunicação, como 
telefone, carta, telegrama ou Internet. A ameaça pode ser feita diretamente à vítima ou por interposta pessoa a 
quem é comunicada a promessa do mal, para que esta a transmita. Pode ser também reflexa, comunicada a vítima 
de que terceira pessoa a ela ligada por laços de parentesco ou afetividade sofrerá o mal. 
 O conteúdo da ameaça pode ficar evidenciado nas palavras, gestos ou símbolos, ou restar implícita, 
quando houver dubiedade na frase proferida pelo agente, desde, evidentemente, que seja de molde a intimidar a 
vítima. O mal prometido deve ser injusto e grave. Promessas de mal lícito como a de mandar prender a vítima 
que tenha cometido um crime ou de executar a dívida vencida garantida por título executivo não configuram 
ameaça, porquanto o mal prometido, nesses casos, é justo. 
Haverá erro de tipo quando o agente imagina ser justo o mal prometido, restando excluída a tipicidade do 
fato, ainda que evitável o erro, porque não há modalidade culposa. Além de injusto o mal deve ser grave, no 
sentido de ter eficiência causal suficiente para provocar o estado de intranquilidade do sujeito passivo. Serão 
graves a promessa de matar, ferir, prender, danificar um bem valioso, restringir ou impedir o exercício de um 
direito, subtrair uma coisa de estimação do poder da vítima. 
✓ Não há ameaça de morte quando o agente aponta para a vítima uma arma induvidosamente de 
brinquedo, por ela assim reconhecida. Nesses casos o meio utilizado é absolutamente ineficaz, não 
tendo sequer potencialidade para intimidar. 
✓ Há ameaça, contudo, quando a arma de brinquedo apontada é uma cópia perfeita de arma verdadeira. 
✓ Há ameaça quando o agente promete a realização de um mal atual, iminente ou futuro. Prometendo 
e cumprindo, realizando, pois, o mal anunciado, a ameaça restará absorvida pelo crime concretizado. 
✓ Caso fique o agente apenas na promessa, ainda que de um mal para o futuro remoto, responderá tão-
somente pela ameaça. 
 
Conflito Aparente De Normas 
 
 
 
50 
 
A ameaça integra, como elemento estrutural, outros tipos de crime, como o constrangimento ilegal, 
estupro, atentado violento ao pudor, extorsão ou roubo, e por estes será absorvida. Se a ameaça tem como 
finalidade atemorizar a vítima para que ela realize algum comportamento a que não esteja obrigada, haverá 
constrangimento ilegal. 
 
Ilicitude E Culpabilidade 
 
Se o agente, para repelir uma agressão injusta, proferir, contra o agressor, uma promessa de causar-lhe 
um mal grave, infundindo temor no agressor, terá realizado um fato atípico, porque, neste caso, o mal prometido, 
apesar de grave, não será injusto, porque justificado, pela legítima defesa, que, neste caso, constitui uma causa 
de exclusão da tipicidade, vez que a injustiça é circunstância elementar do tipo. 
Possível a legítima defesa – aqui como excludente da tipicidade –, possível será também a descriminante 
putativa correspondente, ficando excluída a culpabilidade quando o agente supõe situação de fato que, se 
existente, tornaria sua reação legítima. 
Pode aculpabilidade ainda ser excluída se o agente da ameaça encontra-se, ele mesmo, sob coação moral 
irresistível ou outra situação de inexigibilidade de conduta diversa, não tendo outro meio senão o de ameaçar a 
vítima. 
 
Qual é a diferença entre ameaça e constrangimento ilegal? A melhor maneira de 
lembrarmos é o famoso SE. Se colocamos um “SE”, estamos em constrangimento ilegal. Se não 
há o se, trata-se de ameaça. Como funciona: “se você vier à aula, você morre.” Aqui há o se, então 
estamos falando de constrangimento ilegal. Mas, se viro para alguém e faço aquele famoso gesto 
de garganta cortada, está consumada a ameaça, não o constrangimento. E se houver os dois? Dois 
crimes. A diferença é muito sutil. Dentro do constrangimento, devemos provocar o mal maior, mas 
não de uma maneira exata, sem vincular a outro ato. Na ameaça, o ato é direto. Bittencourt diz que 
no constrangimento ilegal temos dois atos. Por isso utilizamos o se. A ameaça é instantânea em 
relação ao constrangimento ilegal. Neste, podemos ter os dois atos: “Se você não matá-la (1), eu 
te mato! (2)” 
 
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO 
 
Há duas maneiras de realização da conduta: sequestrando a pessoa ou mantendo-a em cárcere privado. 
O sequestro só se realiza mediante comissão, mas a manutenção da vítima em cárcere privado pode dar-
se mediante omissão, quando o agente deixa de colocar em liberdade a vítima que se encontra sob sua guarda 
para fins de tratamento. 
 
Sequestro e cárcere privado 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: (Vide 
Lei nº 10.446, de 2002) 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: 
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 
60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) 
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; 
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. 
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, 
de 2005) 
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) 
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave 
sofrimento físico ou moral: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 
Diferença entre SEQUESTO e CÁRCERE PRIVADO? 
 
 
 
51 
 
No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no cárcere 
privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, como por exemplo: 
dentro de um quarto ou armário. 
 
Qual a diferença entre DENTENÇÃO E RETENÇÃO? 
 
Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-se 
a vítima de sair de um determinado lugar. 
 
✓ A duração da privação da liberdade é irrelevante. 
✓ O crime só é punido a tipo de DOLO. 
✓ São delitos MATERIAIS e PERMANENTES, uma vez que o tipo descreve a conduta e o resultado. 
✓ É possível a TENTATIVA. 
✓ A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. 
 
Observe-se que na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir o DOLO 
DE SEQUESTRAR camuflando o sequestro com a internação. Aqui é necessário distinguir o DOLO DE 
SEQUESTRAR, da conduta relacionada aos Arts. 22 e 23 da Lei 3.688/41 (contravenções penais) 
relativo à contravenção conhecida como INTERNAÇÃO IRREGULAR. 
 
Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formalidades legais, 
pessoa apresentada como doente mental: 
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 
§ 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a autoridade competente, no prazo 
legal, internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais. 
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa de quinhentos 
mil réis a cinco contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou 
despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. 
Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo anterior, 
sem autorização de quem de direito: 
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco 
contos de réis. 
 
Já no caso do fim libidinoso (previsto no § 1º, V) nunca é demais lembrar que abrange homem ou 
mulher, uma vez que o tipo “rapto” foi revogado pela lei 11.106/2005. 
 
✓ O tipo diz respeito ao fim libidinoso. E esgota-se na finalidade. Contudo, se o agente praticar o ato 
sexual, responderá em concurso material de crimes: Sequestro + Estupro. Neste caso, aplicar-se 
a o sequestro do caput, sem o aumento de pena pelo fim libidinoso para que não incorra em bis 
idem. 
✓ Preliminarmente quem sequestra não quer matar, já que se sequestra pessoa viva. Contudo, se a 
pessoa for maltratada e não morrer (§ 2º) a pena será de 2 a 8 anos. Já se a morte for culposa a 
pena será menor do que os maus tratos. 
 
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE ESCRAVO 
 
Redução a condição análoga à de escravo 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos 
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer 
restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador 
ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
 
 
52 
 
I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-
lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou 
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído pela Lei nº 
10.803, de 11.12.2003) 
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 
11.12.2003) 
I - contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. (Incluído pela Lei nº 
10.803, de 11.12.2003) 
 
Os meios de execução do procedimento típico contidos na norma incriminadora são: 
✓ submeter a vítima a trabalhos forçados; 
✓ submeter a vítima a jornada exaustiva; 
✓ sujeitar a vítima a condições degradantes de trabalho; e 
✓ restringir, por qualquer meio, a locomoção da vítima em razão de dívida contraída com o empregador ou 
preposto. 
Submeter é obrigar, compelir, através de violência, grave ameaça, ou qualquer outro meio capaz de 
diminuir a capacidade de resistência da vítima. Possível também que a submissão se dê por meio fraudulento ou 
enganoso. Trabalhos forçados são atividades laborais impostas contra a vontade da vítima. Jornada exaustiva é 
o período de trabalho diário imposto em condições que signifiquem sofrimento físico ou mental, além das forças 
da vítima, daí que devem ser consideradas as suas condições pessoais. 
Sujeitar é, igualmente, impor com violência, grave ameaça ou fraude. Condições degradantes são aquelas 
que importam em grave desrespeito moral, ferindo a dignidade da pessoa. 
Restringir a locomoção é impor empecilho ou obstáculo ao direito de ir e de vir. Esse meio executório será 
reconhecido quando o agente atingir a liberdade locomotora, em razão de dívida contraída pela vítima com o 
seu empregador ou preposto. Realiza-sepor meio de violência, grave ameaça, outro meio que atinge a 
capacidade de resistência da vítima, e também através de fraude. Cuida aqui a norma das práticas impostas por 
fazendeiros da Amazônia que, após compelirem seus empregados a adquirirem gêneros de primeira necessidade 
em armazéns do próprio estabelecimento agropecuário ou de prepostos seus, coloca-os em situação de devedores 
para, ao depois, exigirem sua permanência até liquidação da dívida. 
Não basta, porém, para se reconhecer a tipicidade do fato que o agente empregue um dos meios executórios 
referidos. É indispensável que, através de um deles, a vítima seja colocada numa situação de absoluta submissão 
aos desejos do agente. Aí passa a experimentar uma condição semelhante à do escravo histórico, que não tinha 
personalidade, que era uma coisa e como tal tratado, objeto de contrato de alienação ou de empréstimo, 
desrespeitado no seu direito de ir e de vir, no direito de ter sua integridade física e moral intocados, enfim, sem 
qualquer possibilidade de se autodeterminar. 
A vítima é compelida a aceitar a condição de submissão, trabalhando como se escravo fosse, em virtude 
das ameaças ou da violência empregada, que a mantém sem a possibilidade de reagir à constrição, ou pelas 
próprias condições do lugar em que é colocada, privada de acesso à vida livre. Não há supressão da liberdade 
jurídica da vítima, que a conserva, mas sem qualquer eficácia, em face da realidade fática que prevalece. 
 Não será plágio, por isso, a simples conduta do agente que submete a vítima a trabalho forçado, jornada 
exaustiva ou condições de trabalho degradantes, ou a que restringe sua liberdade locomotora, sem que, com 
qualquer dessas condutas resulte a redução do status libertatis da vítima, com sua conversão ao estado análogo 
ao de escravo. 
 
 
TRÁFICO DE PESSOAS (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) 
 
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher 
pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo 
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
 
 
53 
 
IV - adoção ilegal; ou 
V - exploração sexual. 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: 
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto 
de exercê-las; 
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência; 
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de 
hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente 
ao exercício de emprego, cargo ou função; ou 
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional. 
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar 
organização criminosa. 
 
A lei 13.344/16, por seus artigos 13 e 16, alterou o CP Brasileiro, inserindo o artigo 149 – A com o 
"nomen juris" de "tráfico de pessoas" e revogando expressamente os artigos 231 e 231 –A, CP que 
anteriormente tratavam da matéria. O artigo 149 – A, CP é um crime de ação múltipla, conteúdo variado ou 
tipo misto alternativo, pois contempla vários núcleos verbais, sendo eles: agenciar, aliciar, recrutar, transferir, 
comprar, alojar ou acolher. 
O sujeito ativo do crime é qualquer pessoa, pois se trata de infração penal comum. Quanto ao sujeito 
ativo, também é qualquer pessoa. Em alguns casos que se verá mais adiante, a especial condição do sujeito 
ativo ou passivo ensejará aumentos de pena. A prática dos verbos deve se dar mediante meios especialmente 
elencados na norma: grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. Não há previsão de conduta culposa, o 
que realmente seria um tanto quanto inimaginável. 
 
CRIME CONTRA A INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO 
 
A casa é o refúgio do ser humano. É seu abrigo e de seus entes queridos. É o lugar a partir do qual constrói 
e mantém sua família, no qual vive agregado com seus descendentes. É o lugar do descanso onde os membros 
de uma família se comprazem. É onde as pessoas podem desfrutar de paz e tranquilidade. A casa tem, por essa 
razão, sua inviolabilidade assegurada constitucionalmente. 
 
“Antes mesmo que a Revolução Francesa erigisse em garantia constitucional o princípio 
de que ‘la maison de chaque citoyen est un asile inviolable’, o cidadão inglês já podia dizer: 
‘my house is my castle’, e já Lord CHATAM, no Parlamento britânico, proclamava, num rasgo 
de eloquência: o mais pobre dos homens pode desafiar na sua cabana as forças da Coroa. 
Embora a moradia ameace ruína, ofereça o teto larga entrada à luz, sopre o vento através das 
frinchas, a tempestade faça de toda a casa o seu ludíbrio, nada importa: acha-se garantida a 
choupana humilde contra o Rei da Inglaterra, cujo poder vai despedaçar-se contra aquele 
miserável reduto’.” 
 
 
Violação de domicílio 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou 
tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de 
arma, ou por duas ou mais pessoas: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
§ 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos 
legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder. 
§ 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: 
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; 
 
 
54 
 
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência 
de o ser. 
§ 4º - A expressão "casa" compreende: 
I - qualquer compartimento habitado; 
II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa": 
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição 
do n.º II do parágrafo 
 anterior; 
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero. 
 
Supremo reconhece como prova escutas feitas em escritório de advogado (20/11/2008) 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu, por maioria, que o escritório do 
advogado Virgílio Medina não equivale a domicílio e aceitou que, por isso, a polícia poderia 
ter entrado para a colocação de escutas ambientais. Com isso, o Tribunal considerou legais as 
provas obtidas por meio da escuta ambiental. 
A decisão do Supremo responde a uma das questões preliminares da defesa no Inquérito 2424, 
que investiga a participação de Medina e outras quatro pessoas – algumas agentes públicos – 
num esquema de venda de decisões judiciais favoráveis a uma quadrilha que explorava caça-
níqueis e bingos. 
Virgílio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, é 
considerado peça chave no esquema de venda de decisões judiciais. A suposta participação de 
Virgílio como mediador das vendas foi definida pelo relator do processo no Supremo, o 
ministro Cezar Peluso, como motivo suficiente para considerar que seuescritório não seria um 
lugar para a prática do Direito, e, sim, do crime. “A garantia da inviolabilidade não serve nos 
casos em que o próprio advogado é acusado do crime, ou seja, a inviolabilidade (garantida 
pela Constituição) não pode transformar o escritório em reduto do crime”, acrescentou. 
Ele afirmou que a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio e dos escritórios e 
oficinas onde se trabalha reservadamente – como é o caso dos escritórios de advocacia – é 
relativa, assim como são todos os direitos, inclusive o da vida, se há necessidade de legítima 
defesa. 
Peluso também entendeu que não haveria como a polícia instalar as escutas durante o dia, 
quando os agentes seriam facilmente identificados. 
 
 
CRIMES CONTRA A VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA 
 
VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA 
 
Violação de correspondência 
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada, dirigida a outrem: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Sonegação ou destruição de correspondência 
§ 1º - Na mesma pena incorre: 
I - quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou em 
parte, a sonega ou destrói; 
 
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica 
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação 
telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas; 
III - quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior; 
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem observância de disposição legal. 
 
 
55 
 
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem. 
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico 
ou telefônico: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 4º - Somente se procede mediante representação, salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. 
 
Correspondência comercial 
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial 
para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a 
estranho seu conteúdo: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
As comunicações entre os humanos, por meios modernos ou antigos, só a eles, em particular, dizem 
respeito e devem ser protegidas contra sua divulgação. A não ser excepcionalmente poderá o Estado, quando o 
interesse público o reclamar, permitir, para fins específicos e estritos, a violação do sigilo das comunicações. 
Para conferir efetividade ao preceito maior o legislador do Código Penal construiu tipos legais de crimes 
conferindo proteção ao direito que as pessoas têm de manter invioladas suas comunicações com outras. É o 
sigilo das comunicações interpessoais elevado à categoria de bem constitucionalmente protegido. 
A descrição típica do art. 151 do Código Penal é: “devassar indevidamente o conteúdo de correspondência 
fechada, dirigida a outrem”. Descrição típica idêntica encontra-se no art. 40 da Lei nº 6.538, de 22 de junho de 
1978, que dispõe sobre os serviços postais no país. A indagação que se coloca, por isso, é sobre a vigência do 
art. 151 do Código Penal. 
Além de construir tipo idêntico ao do art. 151, a Lei nº 6.538/78 não fez dele derivar o tipo qualificado, 
quando cometido o crime “com abuso de função em serviço postal” como o faz o Código Penal no § 3º do art. 
151, cominando pena de detenção de um a três anos. 
Diferentemente, determinou a referida lei que tal circunstância seja apenas uma agravante da pena (art. 
43). Ora, a lei regulou integralmente a mesma matéria – crime de violação de correspondência – e deu-lhe 
tratamento mais benéfico que o art. 151 do Código Penal, sendo, com ele, absolutamente incompatível. 
Revogou-o tacitamente. 
Em consequência, o crime de violação de correspondência é o definido no art. 40 da Lei nº 6.538/78 e não 
o do art. 151, do Código Penal, que se encontra revogado. Protege a norma a liberdade de comunicar 
sigilosamente o pensamento, o sigilo da comunicação por correspondência, como ente integrante da liberdade 
individual. 
Sujeito ativo desse crime é qualquer pessoa, salvo o remetente e o destinatário da correspondência, os 
quais são, simultaneamente, os sujeitos passivos do crime. É o que a doutrina denomina de dupla subjetividade 
passiva. O verbo utilizado no tipo é devassar, no sentido de conhecer. Através da conduta o agente toma 
conhecimento do que se contém na correspondência. Não é imprescindível que a correspondência seja aberta, 
pois será possível conhecer seu conteúdo quebrando seu sigilo sem a abertura física de seu envoltório, como 
quando se a contrapõe a feixe de luz. 
 A simples abertura de envelope no qual está contida carta não configura a conduta, se quem o abriu não 
queria conhecer seu conteúdo, nem o conheceu. É, necessariamente, conduta comissiva. Impossível conduta 
omissiva. Correspondência é “toda comunicação, pessoa a pessoa, por meio de carta, através da via postal ou 
por telegrama”. 
 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS 
 
Divulgação de segredo 
 
O bem jurídico protegido é o direito ao sigilo sobre a intimidade da vida privada do ser humano, que pode 
causar dano a qualquer pessoa e que, por isso, deve ser resguardada em relação a terceiros. 
Sujeito ativo do crime é o destinatário ou o detentor da correspondência. Sujeito passivo é o remetente da 
correspondência e também a pessoa que venha a sofrer o dano decorrente da violação do segredo, inclusive o 
destinatário, quando praticado o crime pelo detentor. 
 
 
56 
 
 
Divulgação de segredo 
 
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência 
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Parágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas 
ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração Pública, a ação penal será incondicionada. (Incluído 
pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Violação do segredo profissional 
 
O bem jurídico protegido é o sigilo profissional, garantidor da liberdade individual das pessoas que 
confiam nos profissionais. 
Sujeito ativo é a pessoa que, em razão de sua função, ministério, ofício ou profissão, conhece o segredo 
do outro. 
Sujeito passivo é qualquer pessoa que possa sofrer dano em razão da divulgação do segredo. Pode ser 
aquele que confidenciou o segredo ao agente ou a terceira pessoa à qual se refere a informação sigilosa. 
 
Violação do segredo profissional 
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 
Invasão de dispositivo informático 
 
O bem jurídico protegido é o sigilo profissional, garantidor da liberdade individual das pessoas que 
confiam nos profissionais. 
 
Invasão de dispositivo informático 
 
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir 
dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar 
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou 
programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput. 
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico. 
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos 
comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não 
autorizado do dispositivo invadido: 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais 
grave. 
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, 
comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos. 
§ 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for praticado contra: 
I – Presidente da República, governadores e prefeitos; 
 
 
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II – Presidente do Supremo Tribunal Federal; 
III – Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, 
da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou 
IV – dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito 
Federal.” 
 
Art. 154-B Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo 
se o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da 
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços 
públicos. 
 
 
Sujeito ativo é a pessoa que, em razão de sua função, ministério, ofício ou profissão, conhece o segredo 
do outro. 
Sujeito passivo é qualquer pessoa que possa sofrer dano em razão da divulgação do segredo. Pode ser 
aquele que confidenciou o segredo ao agente ou a terceira pessoa à qual se refere a informação sigilosa. 
A norma contém o mesmo elemento normativo dos tipos anteriores: sem justa causa. Assim, pode o agente 
revelar o segredo justificadamente. 
O médico ou o dentista, quando comunica à autoridade pública a ocorrência de uma doença contagiosa, 
como a Aids, está atendendo ao interesse público, e muito embora sua revelação possa causar prejuízo moral ao 
paciente, não constituirá crime. Mas esses profissionais não estão obrigados a revelar a prática de um crime. 
Também o advogado não tem o direito de comunicar à autoridade policial que seu cliente cometeu 
determinado crime ainda desconhecido. Ao contrário, seu dever é de fidelidade para com aquele que lhe confiou 
o segredo. 
O sacerdote, igualmente, pela confiança nele depositada pelos membros da igreja, deve guardar sigilo de 
tudo quanto souber. 
Penso que se o confessor toma conhecimento da prática de um crime, cujo autor ainda não foi descoberto, 
não tem o dever de revelar o segredo, todavia, se recebe, no confessionário, a notícia de que um crime vai ser 
cometido, haverá justa causa para revelá-la à autoridade policial, porque aí o interesse público deve prevalecer, 
ainda porque o padre não tem o direito de recusar-se a depor como testemunha. 
A quebra do sigilo bancário constitui o crime do art. 18 da Lei nº 7.492/86. Por último, a revelação do 
segredo deve, necessariamente, ser capaz de produzir dano, moral ou patrimonial, a alguém. Não precisa causá-
lo, mas deve ter potencialidade para tanto. 
Ocorre a consumação quando o agente conta o segredo para uma outra pessoa, independentemente da 
produção do dano que, aliás, pode nem ocorrer. 
Admite-se a tentativa quando a revelação se fará por meio de carta que não chega a seu destinatário por 
razões alheias à vontade do remetente. 
 
Comenta Rogério Grecco : 
 
“O século XXI está experimentando um avanço tecnológico inacreditável. Situações que, em um passado 
não muito distante, eram retratadas em filmes e desenhos infantis como sendo hipóteses futuristas, hoje se fazem 
presente em nosso dia a dia. As conversas online, com visualização das imagens dos interlocutores, seja através 
de computadores, ou mesmo de smart phones, que pareciam incríveis no início da segunda metade do século 
XX, atualmente, fazem parte da nossa realidade. 
Enfim, vivemos novos tempos e temos que nos adaptar, consequentemente, ao mau uso de todo esse 
aparato tecnológico. A internet revolucionou o mundo e o fez parecer muito menor. 
Originalmente, a internet teve uma utilização militar, sendo que a ideia de uma rede interligada surgiu em 
1962, durante a Guerra Fria, e foi imaginada, conforme esclarece Augusto Rossini, “para proteger a rede de 
computadores do governo norte-americano após um ataque nuclear. Planos detalhados foram apresentados em 
1967, tendo sido criada a ARPANET em 1968, estabelecendo-se o germe do que é hoje Internet”, concebida, 
dentre outros, por Paul Brand, da empresa Rand Corporation, também com a finalidade de suprir as deficiências 
e fragilidades da rede telefônica AT&T, utilizada, ainda, nos anos 80 e 90 do século passado, como meio de 
comunicação científica interuniversitária. 
 
 
58 
 
 
Conforme nos esclarece Juan José López Ortega: 
 
 Em seus primeiros anos de existência, internet parecia pressagiar um novo paradigma de liberdade. Um 
espaço isento de intervenções públicas, no qual os internautas desfrutavam de um poder de ação ilimitado. A 
liberdade para se comunicar e se expressar se estendia sem possibilidade de censura a todos os cantos do planeta. 
A propriedade intelectual, necessariamente, devia ser compartilhada e a intimidade se encontrava assegurada 
preservando o anonimato da comunicação e pelas dificuldades técnicas de rastrear as fontes e identificar os 
conteúdos. 
As novas tecnologias de recolhimento dos dados, associadas à economia do comércio eletrônico, 
transformaram a liberdade e a privacidade na internet, e isso em consequência direta de sua comercialização. A 
necessidade de assegurar e identificar a comunicação para poder ganhar dinheiro através da rede, junto com a 
necessidade de proteger os direitos de novas arquiteturas de software, que possibilitam o controle da 
comunicação. Tecnologias de identificação (senhas, marcadores digitais, processos de identificação), colocadas 
nas mãos das empresas e dos governos, deram passo ao desenvolvimento de tecnologias de vigilância que 
permitem rastrear os fluxos de informação. 
Através destas técnicas, qualquer informação transmitida eletronicamente pode ser recolhida, 
armazenada, processada e analisada. Para muitos, isso supôs o fim da privacidade e, se não é assim, ao menos 
obriga a redefinir o âmbito do privado na internet, um espaço no qual por sua dimensão global já não basta 
garantir o controle dos dados pessoais. 
Noções até agora válidas, como ‘fichário’ ou ‘base de dados’, deixam de ter significado. A nova fronteira 
não é o computador pessoal ou a internet, senão a rede global, e isso tem consequências ao delimitar o conteúdo 
do direito à intimidade, que no espaço digital se transmuda como o direito ao anonimato”. 
A Internet, dentro de um mundo considerado globalizado, se transformou em uma necessidade da 
modernidade, de que não podemos abrir mão. Nunca as pesquisas foram tão velozes. Bibliotecas inteiras podem 
ser resumidas a um comando no computador. No entanto, toda essa modernidade informática traz consigo os 
seus problemas....”. 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
01 -( ) - (CESPE/PMGO/AGENTE/2016) - Para se apurar o crime de lesão corporal, exige-se prova pericial 
médica, que não pode ser suprida por testemunho. 
 
02 - ( ) - (CESPE/PMGO/ESCRIVÃO/2016) - Não constitui causa especial de aumento de pena a prática 
de lesões corporais contra cônjuge ou companheiro(a) de policial civil ou militar em razão dessa condição. 
 
03 – (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – O crime de ameaça: 
A) Pressupõe a injustiça do mal prometido. 
B) É de ação penal privada. 
C) Não admite transação penal 
D) Não pode ser praticado por meios simbólicos. 
E) Quando usado como meio executório de um roubo, coexiste com este em concurso de crimes 
 
04 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo no crime de 
difamação. 
 
 
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05 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Os inimputáveis não podem ser vítimas dos crimes 
contra a honra. 
 
06 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Constitui lesão corporal gravíssima provocar 
dolosamente a perda de audição em um dos ouvidos da vítima 
 
07 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Constitui lesão corporal gravíssima queimar 
culposamente significativa parte do corpo da vítima, de modo a causar-lhe deformidade permanente. 
 
08 – (FUMARC/PCMG/2013) - Trata-se de lesão corporal de natureza gravíssima, conforme o Artigo 129 
do Código Penal Brasileiro: 
A) Perigo de vida. 
B) Deformidade permanente. 
C) Debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
D) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias. 
 
09 – (VUNESP/PCSP/2013) - No crime de lesão corporal culposa, a pena é aumentada quando 
A) o agente quer deliberadamente atingir a vítima e causar- lhe ferimento. 
B) o agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção. 
C) o agente comete o crime por motivo torpe. 
D) o agente foge para evitar prisão em flagrante. 
E) a vítima estava indefesa. 
 
10 - (VUNESP/PCSP/2013) - A lesão corporal se enquadra nas hipóteses expressas no art. 129, § 2.º do CP, 
doutrinariamente denominada de gravíssima, se ocorrer 
A) aceleração de parto. 
B) incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias. 
C) debilidade permanente de membro, sentido ou função. 
D) perigo de vida. 
E) enfermidade incurável. 
 
11 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Constitui lesão corporal gravíssima agredir a vítima 
com a intenção de interromper sua gravidez gerando aborto, o que efetivamente ocorre. 
 
12 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Constitui lesão corporal gravíssima transmitir a vítima, 
intencionalmente enfermidade grave, mais curável 
 
13 – ( ) - (FUNCAB/PCPA/INVESTIGADOR/2016) – Constitui lesão corporal gravíssima lesionar a vítima 
dolosamente e culposamente causar-lhe incapacidade permanente para o trabalho. 
 
14 - (CESPE/MPE-AC/2014) - Em relação ao assédio moral, fenômeno social caracterizado por atos contra 
a dignidade humana, assinale a opção correta. 
A) Um único episódio caracterizado por humilhação pode configurar assédio moral, desde que seus efeitos 
impliquem modificações psíquicas e cerceamento da autonomia do humilhado. 
B) O assédio moral no trabalho pode acarretar ao trabalhador, além da queda do rendimento econômico, 
sintomas psicossomáticos, como desvitalização, desenvolvimento de traços paranoides e patologias delirantes. 
C) No que tange à hierarquia das relações de trabalho, o assédio moral ocorre, com mais frequência, na vertente 
horizontal, observando-se que o assediador, pessoa do mesmo nível hierárquico do assediado, utiliza-se do 
isolamento, da desacreditação e do assédio sexual para impedir qualquer possibilidade de reação da vítima. 
D) Diferentemente do assédio moral, o assédio sexual acarreta consequências penais, cíveis e trabalhistas, 
devendo a reparação do dano causado abranger a gravidade do ato, as alterações psicopatológicas causadas à 
vítima e as condições que tenham culminado no ato. 
E) Para a caracterização do assédio moral, basta que sejam comprovadas a intencionalidade e a direcionalidade 
na conduta do agente assediador. 
 
 
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15 - (CESPE/TJ-DFT/2015) -Tendo em vista que cada uma das próximas opções apresenta uma situação 
hipotética sobre delitos praticados contra a pessoa, assinale a opção que apresenta situação característica 
de delito de lesão corporal de natureza grave. 
A) O médico Rodrigo, sob a justificativa de injetar um analgésico em Luíza, grávida de dois meses, aplicou-lhe 
anestesia geral e, aproveitando-se da incapacidade de resistência da paciente, realizou, em comum acordo com 
o namorado da paciente, um procedimento abortivo sem que a gestante tivesse consentido. 
B) Pedro, após ter sido preterido em sua expectativa de promoção no emprego, desferiu socos no rosto e no 
estômago de seu chefe, Elias. Embora a agressão tenha provocado tontura e hematomas na pele de Elias, este 
não apresentou nenhuma lesão aparente. Em razão da conduta de Pedro, Elias teve de se afastar das suas 
atividades profissionais durante uma semana, retornando ao trabalho no fim desse período. 
C) Cláudio caminhava por uma via pública quando, inesperadamente, um desconhecido desferiu-lhe um soco 
no rosto. A agressão fez que os óculos da vítima se quebrassem e ferissem o seu rosto, fazendo-a sangrar. Em 
decorrência da agressão, Cláudio ficou com a vista turva e somente se restabeleceu duas semanas após a 
agressão. 
D) Paulo, após discussão com sua colega de trabalho Regina, que estava grávida, desferiu-lhe um chute com a 
intenção de apenas machucá-la. Entretanto, em decorrência da conduta de Paulo, Regina entrou antecipadamente 
em trabalho de parto. 
E) Manoel, após provocação, desferiu dois chutes, que não resultaram em lesões, contra seu irmão Isaac. 
Embora tenha sentido dores durante dois dias, Isaac voltou a exercer normalmente suas atividades habituais no 
dia seguinte à briga com seu irmão Manoel. 
 
16 – (FCC/2014) - Tratando-se de crime doloso, não caracteriza circunstância genérica agravante 
A) a filiação, no parricídio. 
B) a execução mediante promessa de recompensa, na ameaça. 
C) a embriaguez preordenada, no roubo. 
D) a motivação torpe, na lesão corporal. 
E) a maternidade, no infanticídio. 
 
17 –(CESPE/2012) - No crime de calúnia, a procedência da exceção da verdade é causa 
A) de exclusão de culpabilidade, uma vez que, sendo verdadeiro o fato imputado, a conduta não será considerada 
reprovável. 
B) de extinção de punibilidade, já que, se verdadeiro o fato imputado, não será necessário aplicar a pena. 
C) de exclusão de crime, porque, se o fato imputado for verdadeiro, não haverá crime, já que nunca existiu a 
falsidade da imputação. 
D) de exclusão de ilicitude, pois, caso o fato imputado seja verdadeiro, a conduta não se caracterizará como 
antijurídica. 
E) irrelevante, visto que, caso seja verdadeiro o fato imputado, a conduta deverá ser analisada com base em 
teses eventualmente obtidas mediante defesa escrita. 
 
18- (CESPE/2013) - Considerando o entendimento dos tribunais superiores a respeito dos crimes contra a 
pessoa, assinale a opção correta. 
A) Dada sua natureza, o crime de ameaça só se configura se o agente tiver ameaçado explicitamente a vítima. 
B) Havendo o dolo de matar, considera-se a relação sexual forçada e dirigida à transmissão do vírus da AIDS 
idônea para a caracterização do crime de periclitação contra a vida. 
C) Comprovado o animus laedendi na conduta do réu e a sua culpa no resultado mais grave, qual seja, a morte 
da vítima, ainda que esse resultado seja previsível, restará configurado o delito preterdolosode lesão corporal 
seguida de morte. 
D) Aquele que, ao se omitir, provoca, culposamente, a exposição de outrem ao perigo, pratica o crime de 
omissão de socorro. 
 Para a configuração do crime de calúnia, não é necessário que o réu saiba que a imputação por ele feita é falsa. 
 
19 – ( ) - (CESPE/MPE-RO/2013) – A consumação dos crimes de calúnia, difamação e injúria ocorre quando 
terceiro, que não o sujeito passivo, toma conhecimento do fato. 
 
 
 
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20 – ( ) - (UFRJ/MPE-RJ/2012) - Tício, desejando lesionar Mévio, contra ele desfere violento soco no 
rosto. Socorrido por terceiros, Mévion é transportado às pressas ao hospital, onde vem a falecer no mesmo 
dia, em razão de uma parada cardíaca sofrida durante a cirurgia de reparação da fratura óssea causada 
na face. Tício responderá por: 
a) lesão corporal seguida de morte; 
b) homicídio doloso consumado; 
c) homicídio culposo; 
d) homicídio tentado; 
e) lesão corporal grave. 
 
21 – ( ) - (CESPE/STF/2015) - Considere a seguinte situação hipotética. Márcio, funcionário público lotado 
no órgão X, teve seu notebook furtado nas dependências desse órgão. Em seguida, por ter uma desavença pessoal 
com Jaime, também funcionário do referido órgão, Márcio denunciou Jaime ao seu chefe imediato, pelo furto 
do aparelho, mesmo não havendo nenhuma prova ou indício da autoria do fato. Nessa situação, Márcio cometeu 
o crime de injúria. 
 
22 – ( ) - (CESPE/STF/2015) - Cometerá o crime de omissão de socorro um indivíduo que, à noite, ao passar 
por uma via considerada perigosa e publicamente conhecida pela ocorrência de crimes de roubo e latrocínio, 
depare-se com uma pessoa vítima de atropelamento recente e se negue a prestar-lhe socorro, por temer por sua 
segurança pessoal, mesmo que ele ligue para o serviço de emergência da polícia e do corpo de bombeiros. 
 
23 - (MPE-MS/PROMOTOR/2011) - O crime de rixa na forma tentada quando ocorre? 
a) O crime de rixa na forma tentada ocorre quando um dos rixosos desiste de participar do conflito; 
b) O crime de rixa na forma tentada ocorre quando a maioria dos rixosos propõe a cessação do conflito; 
c) O crime de rixa na forma tentada ocorre quando os rixosos não conseguem consumá-lo por circunstâncias 
alheias à sua vontade; 
d) O crime de rixa na forma tentada ocorre quando todos os rixosos desistem de prosseguir no conflito; 
e) O crime de rixa na forma tentada ocorre quando os rixosos abandonam o local do conflito. 
 
24 – ( ) - (MPE-PR/2011) - o crime de lesão corporal (CP, art. 129, caput e §§) admite formas simples, 
qualificadas e privilegiadas, modalidades dolosa e culposa e perdão judicial, mas as formas qualificadas não 
admitem transação penal, embora possam admitir, em alguns casos, a suspensão condicional do processo. 
 
25 – (CESPE/2009/PC-RN/ESCRIVÃO) - Com relação aos crimes contra a pessoa, assinale a opção 
correta. 
A) No crime de abandono de recém-nascido, o sujeito ativo só pode ser a mãe e o sujeito passivo é a criança 
abandonada. 
B) Não é punido o médico que pratica aborto, mesmo sem o consentimento da gestante, quando a gravidez é 
resultado de crime de estupro. 
C) A mulher que mata o filho logo após o parto, por estar sob influência do estado puerperal, não comete crime. 
D) A pessoa que imputa a alguém fato definido como crime, tendo ciência de que é falso, comete o crime de 
difamação. 
E) A conduta do filho que, contra a vontade do pai, o mantém internado em casa de saúde, privando-o de sua 
liberdade, é atípica. 
 
26 – ( ) - (CESPE/DPF/AGENTE/2004) - Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em 
consequência, passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão 
corporal de natureza grave, classificado como crime instantâneo. 
 
27 – ( ) - (CESPE – 2010 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO) - Para a configuração da agravante da lesão 
corporal de natureza grave em face da incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias, não é 
necessário que a ocupação habitual seja laborativa, podendo ser assim compreendida qualquer atividade 
regularmente desempenhada pela vítima. 
 
28 –(MPE-SP/2011) – Pratica o crime de omissão de socorro, previsto no art. 135 do Código Penal: 
 
 
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a) aquele que deixar de prestar socorro à vítima ferida, ainda que levemente, e desde que seja o causador da 
situação de perigo a título de dolo ou culpa. 
b) aquele que deixar de prestar socorro à vítima em situação de perigo por ele criada a título de culpa e desde 
que não haja risco pessoal. 
c) aquele que deixar de prestar socorro à vítima em face de uma situação de perigo a que ele deu causa, sem 
dolo ou culpa e desde que não haja risco pessoal. 
d) aquele que, por imprudência, der causa à situação de perigo, tendo praticado uma conduta típica culposa e 
que tenha deixado de atuar sem risco pessoal. 
e) aquele que der causa a uma situação de perigo, por meio da chamada culpa consciente, e tiver deixado de 
prestar socorro à vítima por perceber que ela poderia ser socorrida por terceiros. 
 
29 – (VUNESPE/MPE-SP/2008/PROMOTOR) – Com relação ao crime de rixa, descrito no art. 137, caput, 
do Código Penal (Participar de rixa, salvo para separar os contendores), assinale a alternativa incorreta. 
a) É crime plurissubjetivo ou de concurso necessário. 
b) Há presunção de perigo, que decorre da simples existência material da contenda. 
c) É possível uma pessoa ser sujeito ativo e passivo do mesmo crime. 
d) É infração de forma livre, podendo ser cometida por qualquer meio eleito pelo agente. 
e) Quem provoca a rixa por imprudência, sem dela participar, responde também pelo crime. 
 
30 – ( ) - (CESPE/2009/DPE-PI/DEFENSOR PÚBLICO) - Por ausência de previsão legal, não se admite a 
aplicação do instituto do perdão judicial ao delito de lesão corporal, ainda que culposa. 
 
31 – ( ) - (CESPE/2009/DPE-AL/DEFENSOR PÚBLICO) - caso alguém lesione outrem apenas para 
provocar-lhe lesões corporais, não querendo a morte da vítima, nem assumindo o risco de produzi-la, mas tendo 
o evento letal ocorrido inequivocamente em razão direta da lesão produzida, responderá pelo delito previsto no 
art. 129, § 3º, do Código Penal, pois se trata de crime preterintencional. 
 
32 - (CESPE/2012/DPE/AC/DEFENSOR PÚBLICO) - No crime de calúnia, a procedência da exceção da 
verdade é causa 
a) de exclusão de culpabilidade, uma vez que, sendo verdadeiro o fato imputado, a conduta não será considerada 
reprovável. 
b) de extinção de punibilidade, já que, se verdadeiro o fato imputado, não será necessário aplicar a pena. 
c) de exclusão de crime, porque, se o fato imputado for verdadeiro, não haverá crime, já que nunca existiu a 
falsidade da imputação. 
d) de exclusão de ilicitude, pois, caso o fato imputado seja verdadeiro, a conduta não se caracterizará como 
antijurídica. 
e) irrelevante, visto que, caso seja verdadeiro o fato imputado, a conduta deverá ser analisada com base em teses 
eventualmente obtidas mediante defesa escrita. 
 
33 - (CESPE/2010/TRT 1ª/JUIZ DO TRABALHO) - No que concerne aos crimes contra a honra, assinale a 
opção correta. 
a) A calúnia consiste em imputar falsamente a alguém fato definido como crime ou contravenção penal. 
b) Segundo o Código Penal, a chamada exceção da verdade é admitida apenas nas hipóteses de calúnia. 
c) Aquele que difama a memória dos mortos responde pelo crime de difamação, previsto no Código Penal. 
d) O objeto jurídico da injúria é a honra objetiva da vítima, sendo certo que o delito se consuma ainda que o 
agente tenha agido com simples animus jocandi. 
e) As penas cominadas aos delitos contraa honra aplicam-se em dobro, caso o crime tenha sido cometido 
mediante promessa de recompensa. 
 
34 - (VUNESPE/PCCE/DELEGADO/2015) - O crime de maus–tratos tem pena aumentada de 1/3 (art. 136, 
§3º do CP) se: 
a) praticado contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge. 
b) resulta em lesão corporal, ainda que leve. 
c) o agente prevalece–se de relações familiares ou domésticas. 
d) praticado contra pessoa menor de 14 anos. 
 
 
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e) praticado por agente público. 
 
35 - (CESPE/2012/DPE/AC/DEFENSOR PÚBLICO) - O médico que, em procedimento cirúrgico, tiver 
esterilizado uma paciente devido à inobservância de regra técnica, impossibilitando-a de engravidar, 
responderá por lesão corporal 
A) culposa, porque agiu contrariamente à regra técnica da profissão. 
B) dolosa leve, pois não era possível prever a perda da função reprodutora da paciente. 
C) dolosa leve, uma vez que não era possível prever a debilidade permanente da função reprodutora da paciente. 
D) dolosa grave, visto que causou debilidade permanente da função reprodutora da paciente. 
E) dolosa gravíssima, já que causou a perda da função reprodutora da paciente. 
 
36 - (CESPE/PC-PB/2009) - Agentes de polícia, após obterem autorização judicial para monitorar as 
conversas telefônicas mantidas por Josemar, descobriram que este havia recebido um carregamento de 
cocaína às 22 h e que a droga se encontrava armazenada em sua residência. Nessa situação hipotética, os 
agentes de polícia 
A) não poderão ingressar na residência de Josemar, devendo cercá-la, providenciando um mandado de busca e 
apreensão no plantão judiciário. 
B) não poderão ingressar na residência de Josemar, sob pena de incorrerem em crime de violação de domicílio. 
C) não poderão ingressar na residência de Josemar, sob pena de ensejarem a nulidade da prova obtida. 
D) poderão ingressar na residência de Josemar, mas tão-somente quando amanhecer. 
E) poderão ingressar licitamente na residência de Josemar, ainda que este não dê consentimento. 
 
37 – ( ) - (CESPE/2011/DPE/MA/DEFENSOR) - Em caso de morte da vítima, o delito de omissão de socorro 
não subsiste, cedendo lugar ao crime de homicídio, uma vez que a circunstância agravadora dessa figura típica 
omissiva se limita à ocorrência de lesões corporais de natureza grave. 
 
38 - (TJ-MG/JUIZ/2006) – Quanto à violação de domicílio é INCORRETO afirmar que: 
a) dá-se de forma qualificada quando cometida durante a noite, ou em lugar ermo; 
b) é crime comissivo e omissivo, conforme o caso; 
c) não admite tentativa; 
d) a expressão casa compreende compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou 
atividade. 
 
39 – ( ) - (CESPE/ABIN/2008) - Paulo revelou, sem justa causa, segredo cuja revelação produziu dano a 
outrem. Nessa situação, para que a conduta de Paulo configure o crime de violação de segredo profissional, é 
necessário que ele tenha tido ciência do segredo em razão de função, ministério, ofício ou profissão. 
 
40 - O crime de violação de correspondência escrita (carta): 
I - Pode ser cometido por qualquer pessoa, desde que não seja o destinatário ou o remetente. 
II - Pode ser cometido por analfabeto. 
III - Não pode ser cometido por cego. 
a) As alternativas I e II estão corretas. 
b) As alternativas I e III estão corretas. 
c) Apenas a alternativa I está correta. 
d) Todas as alternativas estão corretas. 
 
41 - (FGV/OAB/2013) - João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra 
Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão 
dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. Assinale 
a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. 
A) Homicídio consumado. 
B) Homicídio tentado. 
C) Lesão corporal. 
D) Lesão corporal seguida de morte. 
 
 
 
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42 – (FGV/OAB/2013) - Lúcia, objetivando conseguir dinheiro, sequestra Marcos, jovem cego. Quando 
estava escrevendo um bilhete para a família de Marcos, estipulando o valor do resgate, Lúcia fica sabendo, 
pela própria vítima, que sua família não possui dinheiro algum. Assim, verificando que nunca conseguiria 
obter qualquer ganho, Lúcia desiste da empreitada criminosa e coloca Marcos dentro de um ônibus, 
orientando-o a descer do coletivo em determinado ponto. Com base no caso apresentado, assinale a 
afirmativa correta. 
A) Lúcia deve responder pelo delito de sequestro ou cárcere privado, apenas. 
B) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto da desistência voluntária. 
C) Lúcia deve responder pelo delito de extorsão mediante sequestro em sua modalidade consumada. 
D) Lúcia não praticou crime algum, pois beneficiada pelo instituto do arrependimento eficaz 
 
43 – (FCC/DPE-AM/2018) - A retratação do agente torna o fato impunível no crime de 
a) injúria, se realizada antes da sentença de maneira cabal. 
b) falsidade ideológica, se realizada até o recebimento da denúncia. 
c) sonegação de contribuição previdenciária, realizada a qualquer tempo. 
d) ameaça, se realizada até o oferecimento da denúncia. 
e)falso testemunho ou falsa perícia, se realizada antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito. 
 
43 – (FUNDATEC/DPE-SC/2018) - Tendo em vista os Capítulos II e III do Código Penal, os quais se referem às 
Lesões Corporais e à Periclitação da Vida e da Saúde, analise as seguintes assertivas: 
I. A incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias é espécie de lesão corporal de natureza grave, sendo que 
as referidas ocupações não condizem apenas com a atividade laboral exercida pela vítima na ocasião, abrangendo qualquer 
outra atividade costumeira, moral ou imoral, desde que lícita. 
II. A debilidade permanente de membro, sentido ou função, difere da perda ou inutilização de membro, sentido ou função. 
A debilidade permanente é lesão corporal de natureza grave, enquanto que a perda ou inutilização é lesão corporal de 
natureza gravíssima. Se houver, por exemplo, a perda de um único dedo, temos debilidade permanente, mas se houver a 
perda de uma mão inteira, por exemplo, teremos, então, perda ou inutilização. 
III. Tanto o perigo de vida, espécie de lesão corporal de natureza grave, assim como o aborto, espécie de lesão corporal 
gravíssima, são preterdolosas, eis que são resultados não desejados pelo agente, o qual tinha dolo em relação à lesão corporal 
apenas, contando com culpa em relação a esses resultados: perigo de vida e aborto. Nesse sentido, também, a lesão corporal 
seguida de morte. 
IV. Pode-se asseverar que se o agente ativo, portador de HIV – AIDS, tem por intenção transmitir a sua doença a outrem, 
poderá responder pelo delito de perigo de contágio de moléstia grave, se o seu dolo se dirigir tão somente à transmissão da 
doença; poderá responder pelo delito de homicídio ou de tentativa de homicídio, se o seu dolo se dirigir para além da 
transmissão da doença à morte da vítima; ou, ainda, poderá responder por lesão corporal de natureza gravíssima, se seu 
dolo se dirigir à produção de ofensa à integridade física ou saúde da vítima, com o resultado enfermidade incurável, ou, 
ainda, por lesão corporal seguida de morte, acaso essa ocorra, mas o dolo do agente abranja apenas a intenção de lesionar 
a vítima. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas I e IV. 
c) Apenas II e III. 
d) Apenas II, III e IV. 
e) I, II, III e IV. 
 
 
45 – (CESPE/DPE-PE/2018) - Maria, pessoa maior e capaz, vivia em união estável com João havia cinco anos 
quando, em janeiro de 2017, ele, descontente com a participação de Maria em uma confraternização de trabalho,proferiu diversos xingamentos contra ela, tendo atingido sua honra subjetiva, danificou todas as suas roupas e 
diversos objetos da residência de ambos. À época, Maria compareceu à delegacia de polícia, narrou os fatos, mas 
desistiu de registrar a ocorrência policial ou requerer a aplicação de medidas protetivas em seu favor. 
 Em junho daquele mesmo ano, tendo Maria recebido a visita de uma amiga em sua residência, João ameaçou 
ambas de morte: utilizando-se de uma faca, exigiu a saída imediata da visita. Após a saída da amiga, João desferiu 
um golpe de faca no braço de Maria, tendo-lhe causado lesão leve. Dessa vez, Maria comunicou os fatos à polícia e, 
determinada a romper o relacionamento, requereu a aplicação de medidas protetivas: a autoridade judiciária 
determinou o afastamento de João do local de convivência com Maria e proibiu a aproximação ou qualquer contato 
com ela. 
 
 
65 
 
 Inconformado com a atitude de Maria e com o fim do relacionamento, em julho, João foi até a casa de Maria e, 
utilizando-se de uma faca, ameaçou-a e constrangeu-a a praticar conjunção carnal com ele. A respeito dessa situação 
hipotética, assinale a opção correta à luz da legislação aplicável. 
a) O crime de ameaça praticado por João contra Maria somente se apura mediante ação penal pública condicionada à 
representação da ofendida, sendo válida, a qualquer tempo, a retratação da representação junto à autoridade policial para 
impedir a persecução penal. 
b) Não se aplica a Lei Maria da Penha à conduta praticada por João em julho de 2017, considerando-se que naquela ocasião 
não existia mais, entre o autor do fato e a vítima, união estável e que eles não mais coabitavam. 
c) O crime de estupro praticado por João em julho de 2017 será apurado por meio de inquérito policial cuja instauração 
poderá decorrer do mero registro de ocorrência policial feito pela vítima. 
d) As condutas praticadas por João em janeiro de 2017 podem ser apuradas de ofício pela autoridade policial, uma vez que, 
conforme disposição da Lei Maria da Penha, a instauração de inquérito não dependerá de qualquer providência ou 
requerimento da ofendida. 
e) A ação penal para apurar o crime de lesão corporal praticado por João contra Maria em junho de 2017 é pública 
condicionada à representação da ofendida, conforme disposição da Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
01.F 02.F 03.A 04.V 05.F 06.F 07.F 08.B 09.D 10.E 
11.F 12.F 13.V 14.B 15.D 16.B 17.C 18.C 19.F 20.A 
21.F 22.F 23.C 24.V 25.A 26.V 27.V 28.C 29.E 30.F 
31.F 32.C 33.E 34.D 35.A 36.B 37.F 38.C 39.V 40.A 
41.B 42.C 43.E 44.E 45.C 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
 
 
AULA 04 – DOS CRIMES CONTA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
DOS CRIMES DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
 
Nos crimes funcionais o sujeito ativo é o funcionário público. O CÓDIGO PENAL ainda utiliza essa 
expressão, mas pós 1988 passou a ser servidor (o termo “Funcionário Público não foi recepcionado pela 
CF/88”). O sujeito passivo é a Administração em geral. Falou em crime funcional, em regra o sujeito ativo é o 
funcionário público. Há duas exceções (veremos que há dois crimes funcionais que você não precisa ser 
funcionário público para praticar). 
 E a vítima? A vítima primária sempre será a Administração em geral, podendo com ela concorrer o 
particular. Mas o particular será vítima secundária. 
 E quem é funcionário público para fins penais? O que é funcionário público? O que o direito 
administrativo responde qual o conceito de servidor público? Há administrativistas que dão à expressão um 
conceito amplo, outros dão um conceito restrito. E tem outros administrativistas que não sabem se vai ser amplo 
ou restrito. O direito penal não pode ficar ao sabor dessa discussão porque é norteado pelo princípio da 
taxatividade. Então, o direito penal tem um conceito de funcionários públicos para fins penais. Daí nasceu o art. 
327: 
 
 Funcionário Público 
 Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
 
 § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para 
a execução de atividade típica da Administração Pública. 
 
 § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste 
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de 
órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação 
instituída pelo poder público. 
 
O legislador se esqueceu da autarquia, você não pode lembrar porque isso é analogia in malam partem. 
Tem que pedir para o Congresso retificar. Sabe-se que a fundação instituída pelo Poder Público é uma espécie 
de autarquia, mas não de todas. 
 
Funcionário Público Típico ou Propriamente Dito (caput) 
 
 Ele começa a enunciar no caput o chamado funcionário público típico ou propriamente dito. Para o 
direito penal, quem é funcionário público ou propriamente dito? É quem exerce cargo, quem exerce emprego e 
quem exerce função pública, ainda que transitoriamente ou sem remuneração. 
 
• Quem exerce cargo? O famoso estatutário. 
• Quem exerce emprego? O celetista da Administração. 
• Quem exerce uma função pública? Você pode exercer uma função pública sem ter cargo, sem ter 
emprego público. A função pública é o exercício de um dever para com a Administração pública. Exemplo de 
função pública transitória e sem remuneração: jurado e mesário. 
Aumenta-se a pena de 1/3 quando o agente, sujeito ativo de crime funcional, exercer: 
 
✓ Cargo em comissão 
✓ Função de direção 
✓ Assessoramento 
 
 
 
67 
 
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO 
 
Este Capítulo prevê delitos que só podem ser praticados de forma direta por funcionário público, são 
crimes funcionais. Os crimes funcionais são crimes próprios, porque a lei exige uma característica específica no 
sujeito ativo, ou seja, ser funcionário público. Subdividem-se em: 
 
✓ Crimes funcionais próprios: aqueles cuja exclusão da qualidade de funcionário público torna o fato 
atípico. Ex.: prevaricação – provado que o sujeito não é funcionário público, o fato torna-se atípico. 
✓ 
Crimes funcionais impróprios: excluindo-se a qualidade de funcionário público, haverá 
desclassificação do crime de outra natureza. Ex.: peculato – se provado que a pessoa não é funcionário 
público, desclassifica-se para furto ou apropriação indébita. 
 
Progressão de Regime Prisional 
O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da 
pena condicionada à reparação do dano que causou ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os 
acréscimos legais. 
 
Código Penal 
Art. 33... 
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do 
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do 
ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
 
Efeitos da Condenação 
 
Art. 92 (Código Penal) - São também efeitos da condenação: 
 I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes 
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
 b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos 
demais casos. 
 II - a incapacidade parao exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, 
sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime 
doloso. 
 Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser 
motivadamente declarados na sentença. 
 
Princípio da Insignificância nos Crimes Contra a Administração Pública 
 
O Superior Tribunal de Justiça, de forma majoritária, entende que o princípio da insignificância é 
inaplicável em tais crimes, pois, nestes casos, sempre existiria ofensa a moralidade administrativa, o que 
descaracterizaria o requisito do reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento do agente. Contudo, 
recentemente, julgando o habeas corpus nº 246.885/SP, a Corte, por decisão dividida, entendeu pela aplicação 
do princípio da insignificância em um caso de peculato de vale-alimentação no valor de R$ 15,00. 
Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal possui posicionamento consolidado de que o princípio da 
insignificância é cabível nos crimes contra a administração pública. Todavia, a Excelsa Corte já se manifestou 
pela impossibilidade da aplicação de tal princípio quando a conduta foi praticada por militar contra o 
patrimônio público, independentemente da ínfima lesão provocada, uma vez que existiria reprovabilidade da 
conduta praticada pelo agente, conforme definido no habeas corpus 107.431/RS. 
 
 
 
68 
 
 
TÍTULO XI 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
CAPÍTULO I 
 
DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM 
GERAL 
 
 
PECULATO 
 
O crime de peculato admite várias modalidades: 
 
1. Peculato-apropriação – Art. 312, caput, 1ª parte 
2. Peculato-desvio – Art. 312, caput, 2ª parte 
3. Peculato-furto – Art. 312, § 1º 
4. Peculato culposo – Art. 312, § 2º 
5. Peculato-estelionato – Art. 313 
6. Peculato eletrônico – Art. 313A/B 
7. Peculato de uso – fato atípico (pode constituir Improbidade Administrativa) 
8. Peculato-malversação - doutrina (bem privado sob tutela da administração pública) 
9. Peculato próprio – o agente detém a posse legal do bem (apropriação ou desvio) 
10. Peculato impróprio - o agente não tem a posse legal do bem (peculato furto) 
11. Peculato por equiparação – Art.552 da CLT. 
 
Bem jurídico tutelado 
Bem jurídico penalmente protegido, segundo a doutrina tradicional, é Administração Pública, 
particularmente em relação a seu próprio interesse patrimonial e moral. 
 
Sujeitos do crime 
Sujeito ativo somente pode ser o funcionário público ou aquele expressamente equiparado a este para fins 
penais, nos termos do art. 327. 
 
Comunicação da condição 
Condição especial ao coautor ou partícipe A condição especial de funcionário público, no entanto, como 
elementar do crime de peculato, comunica-se ao particular que eventualmente concorra na condição de coautor 
ou partícipe, para a prática do crime, nos termos da previsão do artigo 30 do CÓDIGO PENAL. Dessa forma, 
é necessário que pelo menos um dos autores reúna a condição especial de funcionário público, podendo os 
demais não possuir tal qualidade. 
 
Sujeito passivo 
Os sujeitos passivos são o Estado e as demais entidades de Direito Público relacionadas no artigo 327, 
§1.º, do CÓDIGO PENAL. Se o bem móvel for particular, na hipótese de peculato-malversação, o proprietário 
ou possuidor desse bem será o sujeito passivo. 
 
Classificação doutrinária 
Trata-se de um crime próprio (que pode ser praticado apenas pela pessoa indicada no tipo); crime material 
(que exige resultado naturalístico); comissivo (o verbo indica uma ação); omissivo impróprio; doloso (o agente 
tem que agir com consciência e vontade de praticar o delito); de forma livre (que pode ser pratica do por qualquer 
 
 
69 
 
meio eleito pelo agente); instantâneo (pode ter a consumação determinada num só ato); unissubjetivo (pode ser 
praticado por uma só pessoa); plurissubsitente (é praticado com vários atos). 
 
Pena e ação penal 
As penas cominadas, cumulativamente, são de reclusão, de dois a doze anos, e multa, para o crime de 
peculato em sua modalidade dolosa. Se culposo o peculato, a pena de detenção, isoladamente cominada, é de 
três meses a um ano. A ação penal é pública incondicionada. 
 
Pressuposto do crime de peculato 
– Disponibilidade Do Bem Móvel 
O pressuposto do crime de peculato, em relação às duas figuras do caput, do artigo 312, é a disponibilidade 
anterior, com a qual o funcionário público apropria-se ou desvia indevidamente. 
Como explica Bitencourt (2008, p. 8), a ausência da posse altera a tipicidade da conduta, podendo 
caracterizar o peculato-furto (art. 312, §1.°). Essa disponibilidade pode corresponder inclusive à pessoa 
jurídica, quando, mesmo não dispondo fisicamente da detenção material da coisa, pode exercê-la por meio de 
ordens, requisições ou mandados. 
Disponibilidade, por fim, que necessariamente deve advir do cargo exercido pelo funcionário público, 
como tem se posicionado o TRF4ª Região, senão veja-se: 
[...] 1. O delito de peculato exige que o servidor público se aproprie do dinheiro, valor ou bem 
dos quais tenha posse, direta ou indireta em razão do ofício. (TRF4, SER 2009.71.08.005038-0, 7.ª T., Rel. 
Tadaaqui Hirose, D.E. 18/11/2009). 
 
Peculato-apropriação 
O verbo apropriar-se tem o significado se assenhorar-se, tomar como sua, apossar-se; apropriar-se é tomar 
para si, isto é, inverter a natureza da posse, passando a agir como se fosse dono da coisa móvel pública, de 
que tem posse ou detenção. 
 
Peculato-Malversação 
Quando o funcionário público apropria, desvia ou furta bem privado que está sobre a tutela da 
Administração Pública. Exemplo : Funcionário do DETRAN que furta pneus de carro particular apreendido em 
seu pátio. 
 
Peculato-desvio 
O verbo núcleo desviar tem o significado, neste dispositivo legal, de alterar o destino natural do objeto 
material ou dar-lhe outro encaminhamento, em benefício próprio ou de outrem. Nessa figura o desvio poderá 
consistir no uso irregular da coisa pública, não sendo necessário que o agente tenha a intenção de se apropriar 
do bem. 
 
 
 
Informativo 523 STJ 
Fala-se em peculato na modalidade de desvio quando o funcionário público dá ao objeto material, uma 
aplicação diversa daquela que lhe foi determinada, em benefício próprio ou de terceiro. De acordo com a 
doutrina, "desviar" significa alterar o destino ou aplicação, desencaminhar. Nessa linha, o agente dá ao bem 
público ou particular, destinação distinta da exigida, em proveito próprio ou de outrem. Do que se vê, para a 
caracterização dessa infração penal é indispensável que a conduta típica recaia sobre coisa corpórea, não 
restando configurada diante do uso indevido de mão-de-obra ou de serviços. 
 
Já entendeu o Supremo Tribunal Federal que constitui peculato, em tese, a aplicação de dinheiro 
público em proveito próprio ou de outrem, embora com a intenção de restituir (STF, APN 218, 
DJU de 5 de maio de 1978, pág. 2977). 
 
Peculato-furto 
Veja-se o parágrafo 1.º do artigo 312 do CÓDIGO PENAL: 
 
 
70 
 
§1.º Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou 
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que 
lhe proporciona a qualidade de funcionário. Há a previsão aqui do chamado peculato-furto, no qual o 
funcionário público não tem a posse do objeto material e o subtrai, ou concorre para que outro osubtraia, em 
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário, como a 
facilidade para a entrada na repartição em que o objeto se encontra. 
 A tipicidade da conduta do funcionário que recebe os salários que lhe foram pagos e não trabalha. 
Segundo o entendimento do STJ, não se configura o delito de peculato quando o agente se apropria dos salários 
pagos, mas não presta os serviços. Isto porque, neste caso o agente se apropria dos salários que lhe foram 
endereçados de forma lícita, o que descaracteriza o tipo objetivo do delito. 
 
Peculato culposo 
Ocorre o peculato culposo quando o funcionário público concorre para que outrem se aproprie, desvie ou 
subtraia o objeto material da proteção penal, em razão de sua inobservância ao dever objetivo de cuidado 
necessário, ainda que não concorra diretamente para o cometimento do delito, nos termos do §2.º, do artigo 312: 
 
§2.º Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
 
Efeitos da reparação do dano em caso de crime culposo 
O parágrafo 3.º do artigo 312 do Código Penal prevê duas consequências jurídicas para a reparação de 
dano no crime de peculato na modalidade culposa, analisemos a redação: 
 
§3.º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, 
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
 
1) Funcionário público que vai à repartição à noite e arromba a janela para poder subtrair objetos, 
comete “furto qualificado” e não “peculato-furto”, pois o delito foi realizado de uma maneira tal 
que qualquer outra pessoa poderia tê-lo praticado, ou seja, a qualidade de funcionário público em 
nada ajudou na subtração; se um funcionário público, por outro lado, consegue entrar na repartição 
durante a noite, utilizando-se de uma chave que possui em razão de suas funções, e subtrai valores 
ali existentes, comente “peculato-furto”. 
2) Dentre os “crimes contra a Administração Pública”, só o “peculato” admite a conduta culposa. 
3) O uso de bem público por funcionário público para fins particulares, caracteriza ato de 
improbidade administrativa, previsto no art. 9°, IV, da Lei n. 8.492/92, salvo no caso de Prefeito, 
por ser crime específico no Decreto-lei nº 201/1967. 
4) É possível ao particular ser responsabilizado como participante do crime de peculato, se 
conhecedor da qualidade de funcionário público (art. 30). 
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração 
pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017, DJe 27/11/2017. 
 
Peculato Mediante Erro De Outrem (Peculato Estelionato) 
 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por 
erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
O erro pode versar sobre: 
a) a coisa que é entregue ao funcionário; 
b) a pessoa a quem é feita a entrega; 
c) a obrigação que dá causa a entrega; 
d) a quantidade da coisa devida. 
 
 
71 
 
 
Obs.: Se o erro foi provocado pelo funcionário, o crime será de estelionato. 
 
 
Peculato Por Equiparação 
 
Art. 552 da CLT - Os atos que importem em malversação (dilapidação de dinheiro ou bens no 
exercício de um cargo) ou dilapidação do patrimônio das associações ou entidades sindicais ficam 
equiparados ao crime de peculato julgado e punido na conformidade da legislação penal. (Redação 
dada pelo Decreto-lei nº 925, de 10.10.1969) 
 
A competência para o julgamento de peculato por equiparação é da Justiça comum Estadual. 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 
público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou 
alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, 
valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, 
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. 
 
Peculato culposo 
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, 
extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por 
erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou 
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da 
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para 
causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de 
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação ou 
alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei nº 
9.983, de 2000) 
 
IMPORTANTE PARA A PROVA DO CONCURSO : 
1) Nos crimes contra a Administração Pública, o funcionário público é chamado intraneus. O particular é 
o extraneus; 
2) Não existe peculato de bem imóvel; 
 
 
72 
 
3) O proveito previsto no crime de peculato pode ser material ou moral, pois não é crime contra o 
patrimônio; 
4) Para desviar o bem, valor ou dinheiro é necessário primeiro a apropriação. Assim, podemos concluir 
que o peculato desvio é exaurimento do peculato apropriação. 
5) No peculato por erro de outrem, o erro do terceiro é espontâneo, não é provocado pelo agente. 
EXTRAVIO OU SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE DOCUMENTO 
 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do 
cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
O bem jurídico protegido é a Administração Pública, especialmente a integridade física dos documentos 
e livros públicos. Sujeito ativo é o funcionário público. O não-funcionário pode ser coautor ou partícipe do 
crime. Sujeito passivo é o Estado e também o particular, se a conduta der causa a um dano para este. São as 
seguintes as condutas típicas: extraviar, sonegar ou inutilizar livro oficial ou documento. 
Extraviar é desviar, desencaminhar, fazer desaparecer, dar destino diverso. Sonegar é não entregar, não 
exibir, não apresentar, quando instado a fazê-lo, desde que a tanto esteja obrigado. Inutilizar é fazer inútil, 
imprestável. A inutilização pode ser total ou parcial. O objeto material é livro oficial ou documento. Livro 
oficial é aquele no qual o órgão da administração registra fatos de interesse público. O bem jurídico protegido é 
a Administração Pública, especialmente a regularidade da aplicação das verbas e rendas públicas. 
Sujeito ativo é somenteo funcionário público que tem poder de decidir sobre a aplicação de verbas ou 
rendas públicas, o chefe do poder executivo, seus ministros ou secretários, dirigentes de empresas públicas etc. 
Quando o crime é praticado pelo Prefeito Municipal, incide a norma do art. 1º, inciso III, do Decreto-lei nº 
201/67. 
Tratando-se do Presidente da República ou dos Ministros de Estado, Governadores e Secretários de 
Estado, poderão responder também por crime de responsabilidade definido no art. 11 da Lei nº 1.079/50, 
sancionado com a perda do cargo e inabilitação para o exercício de qualquer função pública, por cinco anos, em 
processo político. O não-funcionário pode ser coautor ou partícipe do crime. Sujeito passivo é o Estado, o ente 
público, União, Estado, Município, autarquia, empresa pública etc. 
 
EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Verbas são os valores monetários que, segundo a lei orçamentária, devem ser empregados em determinados 
serviços ou fins de utilidade pública. A lei determina o serviço ou a finalidade em que devem ser aplicadas as 
verbas e só a lei pode modificá-lo. Ao administrador cabe observar as regras impostas. 
Rendas são os valores que a Administração Pública arrecada ou percebe de qualquer modo ou os que lhe 
pertencem, a qualquer título. Igualmente só poderão ser aplicadas em conformidade com as leis que tratam dos 
orçamentos públicos. 
A realização do tipo não exige a obtenção de vantagem para o agente ou outra pessoa, podendo, inclusive, 
não haver qualquer lesão ao erário, porque o fato incriminado é simplesmente a aplicação indevida das verbas 
ou rendas públicas, que se dá em outros serviços ou fins públicos. 
A aplicação é irregular, mas é feita em benefício da própria Administração Pública. O que a norma 
pune é o desrespeito à lei orçamentária, o que afeta a regularidade da ação administrativa 
Cuida-se de crime doloso. O agente conhece a lei orçamentária, sabe que está aplicando o dinheiro público 
em finalidade diversa da estabelecida e atua com vontade livre, sem qualquer outro fim especial. 
 
 
 
 
 
73 
 
 
CONCUSSÃO 
 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função 
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
A conduta típica é exigir, impor como obrigação, ordenar, reclamar vantagem indevida, aproveitando-
se o agente do metus publicae potestatis, ou seja, do temor de represálias a que fica constrangida a 
vítima. Nessa esteira, comete o delito de concussão aquele que, em razão da função de policial militar, exige 
vantagem indevida para relaxar prisão de indivíduos implicados em porte de cigarros de maconha. Da mesma 
forma comete o delito de concussão o policial que exige dinheiro de preso para libertá-lo. 
 Na lição do saudoso professor Julio Fabbrini Mirabete, não é necessário que se faça a promessa de 
um mal determinado; basta o temor genérico que a autoridade inspira, que influa na manifestação volitiva do 
sujeito passivo. Assim sendo, não integraliza o tipo e não representa concussão a insinuação sutil, a sugestão, 
a proposta maliciosa para que a vantagem seja proporcionada, conforme já decidiu o Egrégio Tribunal de 
Justiça de São Paulo . 
 Destarte, não é necessário que haja uma exigência sob ameaça explícita de represálias (imediatas ou 
futuras). Também não se faz mister a promessa de infligir mal determinado. 
 
 
 EXCESSO DE EXAÇÃO 
 
 Excesso de exação 
§ 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, 
quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: (Redação 
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) 
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para 
recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
Exação é a cobrança rigorosa de uma dívida ou de um imposto. A norma pune o funcionário que se 
exceder na cobrança, porque deve ser exato no cumprimento de seu dever, não podendo ir além. A norma 
alcança a cobrança de tributo ou de contribuição indevido ou a cobrança realizada de modo vexatório ou gravoso. 
Tributos são os impostos, taxas e contribuições de melhoria que o particular está obrigado a recolher aos 
cofres públicos, por determinação legal. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (art. 16, Código Tributário 
Nacional – CTN). 
O art. 77 do CTN dispõe que as taxas têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia ou a 
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua 
disposição. Podem ser cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito 
de suas respectivas atribuições. 
A Contribuição De Melhoria é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra 
valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de 
valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (art. 81, CTN). Como a taxa, também será cobrada pela 
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições. 
Custas – devidas aos escrivães e oficiais de justiça – e emolumentos – contraprestação pela prática de 
atos extrajudiciais dos notários e registradores – não se incluem no conceito de tributos, como já decidiu o 
Superior Tribunal de Justiça no 
 
 
 
 
 
74 
 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa 
de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003) 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever 
funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de 
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
 
O sujeito ativo do crime de corrupção passiva é o funcionário ou o servidor público, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, desde que pratique o crime em razão da função pública. Heleno Fragoso ensina 
“que basta o simples exercício de uma função pública para caracterizar, para os efeitos penais, o 
funcionário público.” (C.P., art. 327). O particular, entretanto, pode ser coautor ou participante do crime, desde 
que tenha conhecimento da condição de servidor público do autor (Código Penal, artigos. 29 e 30). 
Não há exigência, na formulação do tipo penal, de ato de ofício. É que o tipo é de mera conduta. O ato de 
ofício, se exigível, caracterizaria tipo de resultado. Na forma do descrito na lei penal, o ato de ofício, ensina, nas 
suas aulas de Direito Penal, o notável penalista paranaense Luiz Alberto Machado, é mero exaurimento do crime 
já consumado pela só conduta. Não fora assim, como se poderia praticar o crimede corrupção passiva fora da 
função ou antes de assumi-la, tal como estabelecido na lei (C.P., art. 317)? 
Pune quem solicita ou recebe, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função, 
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceita promessa de tal vantagem. O fator 
diferenciador entre a corrupção passiva e a concussão é o núcleo dos tipos, pois no delito em tela não há 
exigência, mas mera solicitação, recebimento ou aceitação. O dispositivo visa proteger o funcionamento normal 
da administração pública, de acordo com os princípios de probidade e moralidade. 
 
Classificação 
a) Corrupção ativa ou passiva – a corrupção não é crime necessariamente bilateral, pois nem sempre 
a configuração da corrupção passiva dependerá do delito de corrupção ativa e vice-versa. Assim, o oferecimento 
da vantagem indevida pelo particular configura, por si só, o delito de corrupção ativa (art. 333), 
independentemente de aceitação pelo funcionário. Por outro lado, se este último solicita vantagem indevida ao 
particular, este ato basta para configurar a corrupção passiva. Vejamos ainda: 
 Existência concomitante de ambos os crimes – a corrupção será bilateral quando o funcionário 
recebe ou aceita a vantagem indevida (art. 317), posto ser pressuposto que antes tenha ocorrido o delito de 
corrupção ativa, com o oferecimento ou promessa pelo particular (art. 333). O crime de corrupção passiva se 
configura ainda que o estranho à administração pública (extraneus) seja penalmente inimputável. 
b) Corrupção própria ou imprópria – sabemos que na corrupção passiva o funcionário, em troca de 
alguma vantagem, pratica ou deixa de praticar ato de ofício para beneficiar alguém. Assim, a corrupção pode 
ser: 
✓ Própria – quando o ato a ser praticado for ilícito ou injusto. 
✓ Imprópria – quando o ato a ser praticado for lícito, justo. 
 
 
 
75 
 
c) Corrupção antecedente ou subsequente – há corrupção antecedente quando a vantagem indevida 
é entregue antes da ação ou omissão do funcionário; por outro lado, há corrupção subsequente quando a entrega 
da vantagem é posterior à atuação do funcionário. 
Trata-se de crime de ação múltipla, sendo três as condutas típicas possíveis: 
a) Solicitar – significa pedir. 
b) Receber – significa entrar na posse. Ao contrário da modalidade anterior, aqui é 
condição essencial que haja corrupção ativa anterior (oferecer vantagem indevida – art. 333). 
c) Aceitar promessa – basta que o funcionário concorde com o recebimento da vantagem. 
Ainda não há o efetivo recebimento dela. Aqui também é imprescindível ter havido corrupção 
ativa anterior. 
 
O objeto material do crime em tela é a vantagem indevida, que pode ser de cunho patrimonial, moral, 
sentimental, sexual etc. O tipo também contém um elemento normativo: a vantagem deve ser indevida, isto é, 
não autorizada legalmente. Gratificações usuais de pequena monta por serviço extraordinário (não se tratando 
de ato contrário à lei) – é o caso, por exemplo, de se aceitar uma garrafa de vinho, caixa de bombons etc. 
Pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano Novo – 
trata‑se de comportamento inofensivo, aprovado pelo sentimento social de justiça e incapaz de 
ferir qualquer interesse da boa administração, não constituindo crime. 
 Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio, só podendo ser cometido pelo funcionário público em razão da 
função. Pode haver participação do particular, assim como pode este praticar corrupção ativa anterior, tratando-
se, neste caso, de exceção à teoria unitária do concurso de agentes (art. 29). Vejamos algumas regras especiais: 
a) Fiscal de rendas – caso exija, solicite ou receba vantagem indevida, ou aceite promessa de tal 
vantagem para deixar de lançar ou cobrar tributo, ou cobrá-los parcialmente, pratica o crime previsto no art. 3o, 
II, da Lei no 8.137/1990. Como se percebe, tal delito abrange os verbos da corrupção passiva e da concussão. 
b) Testemunha, perito, tradutor ou intérprete judicial (oficiais ou não) – o falso testemunho ou 
falsa perícia realizada, mediante suborno, em processo judicial ou administrativo, ou em juízo arbitral, configura 
o delito do art. 342, § 2o. O indivíduo que deu, ofereceu ou prometeu o dinheiro ou a vantagem responde pelo 
crime do art. 343. 
c) Jurado – pode ser sujeito ativo de corrupção passiva (art. 438 do CPP). 
O extraneus (estranho) também pode ser sujeito passivo na hipótese em que não pratica 
o crime de corrupção ativa. 
Consuma-se o crime no momento da solicitação, do recebimento ou da aceitação da promessa. Trata-se 
de crime formal, não sendo exigido que o funcionário realize ou deixe de realizar qualquer ato. Considera-se 
exaurimento a prática do ato ou a omissão do funcionário, todavia, em sede de corrupção passiva, o exaurimento 
funciona como causa de aumento de pena, nos termos do art. 317, § 1o. Admite-se a tentativa, como no caso, 
por exemplo, da solicitação feita por carta que se extravia antes de chegar ao conhecimento da vítima. 
Corrupção Passiva Privilegiada (§ 2o) 
É crime material e se consuma com a prática de um ato pelo funcionário. Não existe solicitação, recebimento ou 
aceitação por parte do funcionário, que age em razão de um pedido ou influência de outrem (não há vantagem material 
ou moral). 
 
 
 
 
76 
 
 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE A CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA E A PREVARICAÇÃO? 
A corrupção passiva privilegiada está prevista no art. 317, § 2º, do CP, o qual dispõe: “Se o funcionário 
pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou 
influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa”. 
 
O crime de prevaricação, por sua vez, está no art. 319, do CP, que dispõe da seguinte forma: “Retardar ou 
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer 
interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa”. 
 
FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO 
 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 
334): 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
Define Nelson Hungria tal delito da seguinte maneira: " Contrabando é, restritamente, a importação ou 
exportação de mercadorias cuja entrada ou saída no País é absoluta ou relativamente proibida, enquanto que 
Descaminho é toda fraude empregada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação, 
exportação ou consumo". 
 
Sujeito Ativo 
O Funcionário Público que, infringindo dever funcional (aquele responsável pela "alfândega" "portos" 
"aeroportos" somente o policial ou funcionário público encarregado deste setor, Policiais federais ou funcionário 
do fisco) facilita a prática do contrabando ou do descaminho. Trata-se, sem dúvida, de exceção à teoria unitária 
ou monista adotada pelo Artigo 29 - CP. O Particular (qualquer pessoa) incorre no art. 334 CP. 
 
1) Contrabando de arma - responde pelo disposto no art. 18 da Lei 10826/2003(estatuto do 
desarmamento). 
 
2) O Funcionário Público que recebe dinheiro para permitir ingresso de mercadoria contrabandeada 
incorre em dois tipos penais, responde, cumulativamente, por Corrupção passiva + Facilitação de Contrabando 
ou descaminho(Artigo 317+318 CP).Trata-se, sem dúvida, de exceção à teoria unitária ou monista adotada 
pelo Artigo 29- CP.(Artigos 124, 126 (aborto) Artigos 317 e 333(corrupção passiva e ativa), 318, e 
334CP(contrabando ou descaminho). 
 
✓ Contrabando - entrada demercadorias proibidas 
 
✓ Descaminho - (Sonegação de impostos) entrada de mercadorias permitidas, porém, com 
sonegação de impostos. 
 
Aplica-se neste crime o princípio da "Insignificância ou Bagatela" 
 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho 
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), 
a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias 
n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. 
Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). “Soa imponderável, contrária 
à razão e avessa ao senso comum uma tese que, apoiada em mera opção de política 
administrativo-fiscal, movida por interesses estatais conectados à conveniência, à economicidade 
 
 
77 
 
e à eficiência administrativas, acaba por subordinar o exercício da jurisdição penal à iniciativa 
de uma autoridade fazendária”, refletiu Schietti em seu voto. 
 
 
PREVARICAÇÃO 
 
Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra 
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de 
vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com 
outros presos ou com o ambiente externo: 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
Importante ressaltar que não é admitida a modalidade culposa. Ao deixar de fazer algo que deve ser feito 
seguindo o princípio da eficiência e celeridade para satisfazer um interesse pessoal, esse comportamento é 
entendido juridicamente como dolo (intencionalidade). Pode ser classificado como omissivo, quando o 
funcionário deixa de fazer seu trabalho, ou comissivo, quando o funcionário intencionalmente atrasa a execução 
de seu trabalho. Cabe transação penal e sursis (Suspensão Condicional da Pena). 
✓ Sujeito ativo: Funcionário público que retarda ou deixa de fazer seu trabalho 
✓ Sujeito passivo: a Administração Publica 
✓ Objeto material: é o ato de ofício que couber ao funcionário, a pena é cumulativa. 
✓ Prevaricação na modalidade omissiva: Um funcionário público se recusar a entregar documentos 
solicitados por um cidadão de quem ele não gosta. 
✓ Prevaricação na modalidade comissiva: Um funcionário público adiar a entrega de documentos 
solicitados por um cidadão de quem ele não gosta até passar o prazo de entrega desses documentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA 
 
Condescendência criminosa 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que 
cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao 
conhecimento da autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
É uma espécie de Prevaricação Privilegiada, pois a principal justificativa da conduta delitiva é o 
sentimento de comiseração do autor, bem como a omissão no que se refere à responsabilização de 
subalternos.Não é sem motivo, que o dispositivo penal em mote tem por finalidade a manutenção da moralidade 
e regularidade administrativa. Por sua vez, Julio Fabbrini Mirabete aduz que, “estando os funcionários públicos 
✓ Concussão x Corrupção Passiva: a diferença é o núcleo do tipo. Na 
corrupção passiva, o agente SOLICITA a vantagem. Na concussão, o 
agente a EXIGE. 
 
✓ Prevaricação x Corrupção Passiva: “na prevaricação, o funcionário 
público retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
pratica-o contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal. Ele não é movido pelo interesse de receber qualquer 
vantagem indevida por parte de terceiro (…)” (CAPEZ, Fernando. 
Curso de Direito Penal – Parte Especial. 6ª ed., vol. III, p. 447. São 
Paulo: Saraiva). 
 
 
 
78 
 
sujeitos às normas e princípios que disciplinam o exercício de suas respectivas funções, exigi-se que os 
superiores promovam a responsabilidade daqueles que as infringirem. Tenta-se evitar, com o dispositivo em 
apreço, a dissimulação e ocultação das faltas praticadas pelos funcionários.” 
Descreve Fernando Capez que “em que pese o nobre sentimento que o leva a condescender, o funcionário 
público não pode deixar de ser responsabilizado criminalmente por esse fato, uma vez que a Administração 
Pública busca, por meio das normas disciplinares, previstas em seus estatutos, o regular desenvolvimento da 
atividade administrativa, de forma que, se todo funcionário de categoria superior se arvorasse no direito de 
responsabilizar ou não seu subordinado pelas faltas praticadas, tal conduta traria sérios transtornos ao 
desempenho da função pública, uma vez que serviria de estímulo para que todos os funcionários subordinados 
desrespeitassem a disciplina da Administração Pública. Tutela-se, assim, o regular desenvolvimento da 
atividade administrativa”. 
São duas as condutas delitivas previstas, ou seja, deixar de responsabilizar subordinado que cometeu 
infração no exercício do cargo, e ainda, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, quando lhe 
falta competência. Ambas as condutas são omissivas próprias e têm como pressuposto a prática de infração penal 
ou administrativa pelo funcionário no desempenho de suas funções. 
Deixar de responsabilizar significa não apurar o fato cometido pelo subordinado que cometeu a infração 
ou não lhe aplicar a sanção adequada, dentro da esfera de sua competência. Na segunda hipótese, o funcionário, 
não sendo competente para efetuar a responsabilidade do subordinado pela falta cometida, não dá notícia à 
autoridade competente, conforme descreve Damásio de Jesus. 
Além disso, é necessário que o funcionário subordinado pratique uma infração, penal ou administrativa, 
no exercício de seu cargo. Não basta a condição de subordinado, nem a prática da infração, esta deve guardar 
nexo de causalidade com o exercício do cargo que ocupa. Condutas praticadas pelo subordinado fora do 
exercício do cargo, ainda que configurem faltas disciplinares, não são alcançadas pelo tipo penal, na ótica de 
Ney Moura Teles. 
Valiosa é a lição de Guilherme de Souza Nucci , vejamos: “Em que pese o tipo fazer referência à “falta 
de competência” do funcionário para punir outro que cometeu infração, é preciso destacar que o objetivo não 
é instituir a delação obrigatória no seio da Administração Pública. Em verdade, quando o funcionário tiver por 
atribuição a punição de subalternos pela prática de infrações funcionais, cabe-lhe, não sendo o competente 
para punir, acionar outro, que tenha tal atribuição. No mínimo, exige-se que seja superior hierárquico da 
pessoa que cometeu a infração. Em suma, somente é agente competente para punir outro ou, pelo menos, que 
seja superior hierárquico, com o dever de comunicar a falta a quem de direito.” 
A omissão deve ser dolosa, portanto, consciente o agente de que o subalterno praticou infração, penal ou 
administrativa, no exercício do cargo, agindo com vontade livre de omitir-se. Se agir por interesse ou sentimento 
pessoal, o crime será o de prevaricação. Se para obter vantagem indevida, a pedido de alguém, poderá realizar 
o tipo de corrupção passiva. 
 
ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 
 
Advocacia administrativa 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, 
valendo-se da qualidade de funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
Parágrafoúnico - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
É a utilização indevida das facilidades do cargo ou das funções. O funcionário público pretende fazer 
prevalecer, fazer influir o seu peso funcional com relação aos atos administrativos a serem praticados por seus 
colegas. 
O autor do fato pede algum favor para seu colega do próprio órgão público ou de outro. Usa o seu poder 
funcional junto a um órgão público, sempre em favor de terceiros, nunca em proveito próprio. Por exemplo, 
adiantar o dossiê de aposentadoria de sua tia, facilitar o recadastramento eleitoral para seu primo, etc. 
 
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA 
 
 
 
79 
 
Violência arbitrária 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
 
 
Para a maioria da doutrina penal, esse artigo foi revogado pela Lei n. 4898/65, que trata do abuso de 
autoridade. Mas para o Supremo Tribunal Federal e para a minoria da doutrina ainda está a viger. É 
um crime praticado por funcionário público, que em função do cargo, age não contra a Administração Pública, 
mas contra o administrado, agredindo-o. 
Mesmo que grande parte da atuação pública exija violência, são violências toleradas pela lei. O presente 
crime se refere a violência ilegal, arbitrária, fora dos parâmetros permitidos. O servidor responde pela violência 
física causada, por exemplo, o braço quebrado, porta arrebentada ou pneu furado, e também pelo referido crime, 
quando houver abuso. Este crime não acontece quando o agente pratica apenas grave ameaça contra terceiros. 
 
 
STJ - HABEAS CORPUS HC 241565 PA 2012/0091519-5 (STJ) 
Data de publicação: 01/08/2012 
Ementa: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. AMEAÇA, DANO QUALIFICADO, 
CONCUSSÃO, CORRUPÇÃO PASSIVA E VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA. PRISÃO 
PREVENTIVA. SEGREGAÇÃO CAUTELAR FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA 
ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. 
 I. A idoneidade do decreto de prisão processual exige a especificação, de modo fundamentado, 
dos elementos autorizadores da medida 
II. O juízo de que a liberdade de determinada pessoa se revela como risco à coletividade ou à 
instrução criminal só deve ser feito com base no quadro fático da causa e, nele, fundamentado o 
respectivo decreto prisional. Sem o que não se demonstra o necessário vínculo entre a 
necessidade da segregação processual e o efetivo acautelamento do acusado 
III. Na hipótese, as instâncias ordinárias indeferiram o pleito de soltura em razão da necessidade 
de resguardar a ordem pública, poiso paciente, escrivão de polícia, ao invés de representar 
confiança e segurança para a sociedade, de quem se exige um comportamento exemplar, do ponto 
de vista legal, ético e moral, é investigado por, supostamente, cometer os crimes que deveria 
combater, havendo indícios de que estaria utilizando-se da função policial para coagir vítimas e 
testemunhas. 
 IV. Ordem denegada. 
 
 
ABANDONO DE FUNÇÃO 
 
Abandono de função 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
É um crime praticado por funcionário público, que abandona o cargo, ou seja, não comparecer durante 
determinado período relativamente longo de tempo previsto no Estatuto como necessário para que aconteça 
administrativamente o abandono. No momento em que estiver consumada a infração administrativa do 
abandono, estará também consumada a infração penal correspondente. Há crime mesmo que o abandono não 
resulte prejuízo nenhum para a administração pública. 
 
 
80 
 
 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGAL ANTECIPADO OU PROLONGADO 
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou 
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, 
substituído ou suspenso: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
É um crime raro onde o servidor não teve paciência de aguardar o exercício e já, entre a nomeação e a 
posse, vai apressadamente assumir funções de forma prematura. 
Diferencia-se do art. 328 (Usurpação), porque neste o criminoso não é servidor, e se faz passar por algo 
que não é. Na usurpação, encontra-se o falso médico , o falso policial[ , o falso professor da rede pública, que 
são pessoas que nunca concursaram ou foram nomeados, ou seja, são criminosos que se intrometeram como 
servidor. 
Na outra modalidade, "exercício prolongado", o servidor foi transferido ou exonerado e insiste em 
permanecer onde está, podendo ser preso em flagrante. 
 
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL 
 
Violação de sigilo funcional 
 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, 
ou facilitar-lhe a revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. 
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer 
outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da 
Administração Pública; 
 II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
 § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 
A conduta caracteriza-se quando o funcionário público revela o sigilo funcional de forma intencional, 
dando ciência de seu teor a terceiro, por escrito, verbalmente, mostrando documentos etc. A conduta de facilitar 
a divulgação do segredo, também denominada divulgação indireta, dá-se quando o funcionário, querendo que o 
fato chegue a conhecimento de terceiro, adota determinado procedimento que torna a descoberta acessível a 
outras pessoas. O delito não admite a forma culposa. 
A Lei nº 9.983/2000 criou no § 1º do artigo 325 algumas infrações penais equiparadas, punindo com as 
mesmas penas do “caput” quem: 
I – Permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, 
o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; 
II – Se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. O § 2º estabelece uma qualificadora, prevendo pena de 
reclusão, de dois a seis anos, e multa, se da ação ou omissão resultar dano à Administração ou a terceiro. A ação 
penal é pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal. 
 
 
VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA 
 
Conclui-se da análise da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, que o artigo 326 foi inteiramente revogado (revogação 
tácita) pelo artigo 94 da lei em epígrafe, estando aquele extirpado do ordenamento penal, já que "a lei posterior revoga a 
anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de 
que tratava a lei anterior" (art. 2º, §1º, da LICC – grifou-se). 
 
 
 
81 
 
Violação do sigilo de proposta de concorrência 
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o 
ensejo de devassá-lo: 
Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.EXERCÍCIOS 
 
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01 – ( ) - (CESPE/DELEGADO/PCGO/2017/ADAPTADA) - Desde os quinze anos de idade, Mariana, 
adolescente, vive maritalmente com Alfredo, um médico respeitado de quarenta anos de idade. Inicialmente, ela 
fazia trabalhos domésticos na casa de Alfredo, que tendo achado interessante ter uma companheira nova, 
convenceu a família de Mariana de que seria melhor para ela casar-se logo, com alguém de posses que pudesse 
cuidar dela. A família da menina, então, concordou com Alfredo, tendo-a obrigado a ir morar com ele. Ambos 
casaram-se formalmente quando Mariana completou dezesseis anos de idade. Desde o início da convivência dos 
dois, Mariana era obrigada a fazer sexo com Alfredo, mesmo contra sua vontade, e era proibida de sair e ter 
amizades com pessoas de sua idade, sob o argumento de que ela lhe devia obediência por ele ser seu responsável 
legal, já que ela era menor de dezoito anos idade. Após várias tentativas de fuga, Mariana, então com dezessete 
anos de idade, conseguiu pular a janela, depois de ter sido novamente violentada, e procurou uma delegacia em 
busca de ajuda. Na delegacia, o agente recusou-se a registrar o boletim de ocorrência, por ter achado que a 
adolescente não tinha cara de mulher séria e contava mentiras. Em vez de encaminhar a menina ao Instituto 
Médico Legal ou ao hospital para exames, o agente mandou-a de volta para casa, tendo oferecido a viatura para 
acompanhá-la. No mesmo dia, Alfredo matou Mariana. Exumado o corpo da moça, encontraram-se sinais de 
violência sexual e presença de material biológico nos órgãos genitais de Mariana e embaixo de suas unhas. 
Considerando a situação hipotética precedente e a respeito de crimes contra a administração pública, o agente 
cometeu o crime de concussão ao deixar de registrar o boletim de ocorrência 
 
02 – ( ) - (PMMG/SOLDADO/2017) - No crime de Corrupção Passiva (Art 317 CP), a pena é aumentada 
de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer 
ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 
 
03 – ( ) - (PMMG/SOLDADO/2017) - No crime de peculato culposo (§ 2º do Art 312 CP), que se configura 
quando o funcionário público concorre culposamente para o crime de outrem, a reparação do dano após a 
sentença irrecorrível extingue a punibilidade. 
 
04 – ( ) - (PMMG/SOLDADO/2017) - No crime de Concussão (Art 316 CP), se o funcionário desvia, em 
proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, reduz de metade 
a pena imposta. 
 
05 – ( ) - (PMMG/SOLDADO/2017) - No crime de abandono de função (Art 323 CP), se o funcionário 
público patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, aumenta-se a pena 
de 1/3 (um terço). 
 
 
 
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 06 – ( ) - (CESPE/2007/AGU/PROCURADOR FEDERAL) - Quanto aos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração em geral, julgue o item que se segue. O servidor que recebe dinheiro de particular 
e emprega-o na própria repartição para fins de melhoria do serviço público pratica conduta atípica. 
 
07 – ( ) - (CESPE/2012/TC/DF/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) - Acerca dos crimes contra a 
administração pública definidos no Código Penal, julgue o item. O crime de concussão se consuma com o 
recebimento, por parte do agente, da vantagem indevida que foi por ele exigida, para si ou para outrem, 
diretamente ou por interposta pessoa, mesmo que fora da função, ou antes de assumi-la, mas em razão dela. 
 
08 – ( ) - - (CESPE/2012/TC/DF/AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) - Acerca dos crimes contra a 
administração pública definidos no Código Penal, julgue o item. Não pratica crime de corrupção ativa, definido 
como crime contra a administração pública, aquele que, sem ter oferecido ou prometido anteriormente vantagem 
indevida a um funcionário público, dá-lhe essa vantagem, cedendo a seu pedido. 
 
09 – ( ) - (CESPE/2012/ TC/DF /AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) - Acerca dos crimes contra a 
administração pública definidos no Código Penal, julgue o item. O crime de prevaricação pode ser praticado por 
ação ou por omissão; o delito de condescendência criminosa, apenas na modalidade omissiva. O primeiro exige 
o elemento subjetivo especial para satisfazer interesse ou sentimento pessoal; o segundo exige o elemento 
subjetivo especial por indulgência, ou seja, por tolerância ou condescendência. 
 
10 – ( ) - (CESPE/2012/TJ/PI/JUIZ ESTADUAL) - A respeito do peculato, assinale a opção correta. 
A) A consumação do peculato-apropriação não ocorre no momento em que o funcionário público, em virtude 
do cargo, começa a dispor do bem móvel apropriado, como se seu proprietário fosse, exigindo-se que o agente 
ou terceiro obtenha vantagem com a prática do delito. 
B) A incidência da agravante genérica relativa à prática de delito com abuso de poder ou violação de dever 
inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão é incompatível com o peculato, pois este pressupõe abuso de 
poder ou violação de dever inerente ao cargo. 
C) Segundo a jurisprudência do STJ, é aplicável o princípio da insignificância ao peculato, desde que o prejuízo 
causado ao erário não ultrapasse um salário mínimo e o agente seja primário. 
D) Nas hipóteses de peculato-desvio e peculato-apropriação, a reparação do dano pelo agente público, se 
precedente a sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; sendo-lhe posterior, reduz de metade a pena. 
E) Não comete peculato, mas o delito de emprego irregular de verbas públicas, em continuidade delitiva, o 
servidor público que se utiliza ilegalmente de passagens e diárias pagas pelos cofres públicos. 
 
11 – ( ) - (CESPE/2012/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO) - Julgue o item subsecutivo, a respeito dos efeitos 
da condenação criminal e de crimes contra a administração pública. O tipo penal denominado peculato desvio 
constitui delito plurissubsistente, podendo a conduta a ele associada ser fracionada em vários atos, coincidindo 
o momento consumativo desse delito com a efetiva destinação diversa do dinheiro ou valor sob a posse do 
agente, desde que haja obtenção material do proveito próprio ou alheio. 
 
12 – ( ) - (CESPE/2011/TRE/ES/ANALISTA JUDICIÁRIO) - No próximo item, é apresentada uma situação 
hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada no que se refere aos institutos de direito penal. Um ordenador 
de despesas de determinado órgão público federal utilizou verba legalmente destinada à compra de 
computadores para a reforma dos banheiros da instituição, que estavam em situação precária. Nesse caso, o 
ordenador não cometeu crime, uma vez que a verba foi empregada em prol da própria administração pública. 
 
13 – ( ) - (CESPE/2011/TRE/ES/ANALISTA JUDICIÁRIO) - Julgue o item que se segue, à luz dos dispositivos 
do Código Penal (CP). Aplica-se ao peculato culposo a figura do arrependimento posterior previsto na parte 
geral do CP, que implica redução da pena de um a dois terços se reparado o dano até o recebimento da denúncia 
ou da queixa, desde que por ato voluntário do agente. 
 
14 – ( ) - (CESPE/2010/ABIN/OFICIAL) - Com base nos delitos em espécie, julgue o próximo item. 
Considere que determinado servidor público federal seja credor da União e que esta lhe deva R$ 100.000,00. 
Considere, ainda, que o precatório judicial para quitar a dívida com o servidor não seja pago ante o argumento 
da autoridade responsável de que, caso dívidas dessa natureza sejam honradas, faltarão recursos para outras 
 
 
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áreas prioritárias, como saúde e educação. Nessa situação, se o servidor-credor apropriar-se de dinheiro público 
de que tenha a posse em razão do cargo,responderá pelo delito de peculato, ainda que se aproprie de quantia 
inferior à que lhe seja devida. 
 
15 – ( ) - (CESPE/2009/PF/AGENTE/ESCRIVÃO) - A respeito dos crimes contra o patrimônio e contra a 
administração pública, julgue o seguinte item. Considere a seguinte situação hipotética. Tancredo recebeu, para 
si, R$ 2.000,00 entregues por Fernando, em razão da sua função pública de agente da Polícia Federal, para 
praticar ato legal, que lhe competia, como forma de agrado. Nessa situação, Tancredo não responderá pelo crime 
de corrupção passiva, o qual, para se consumar, tem como elementar do tipo a ilegalidade do ato praticado pelo 
funcionário público. 
 
16 – ( ) - (CESPE/2009/AGU/ADVOGADO DA UNIÃO) - Julgue o item subsequente, acerca dos atos de 
improbidade e crimes contra a administração pública. Segundo entendimento do STJ em relação ao crime de 
peculato, configura bis in idem a aplicação da circunstância agravante de ter o crime sido praticado com violação 
de dever inerente a cargo. 
 
17 – ( ) - (CESPE/2009/DPE/AL/DEFENSOR PÚBLICO) - Julgue o item que se segue com relação aos 
crimes contra a vida, contra o patrimônio e contra a administração pública. Na hipótese de peculato culposo, a 
reparação do dano, se precedente à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade. 
 
18 – ( ) - (CESPE/2013/PRF) - Considere a seguinte situação hipotética. Aproveitando-se da facilidade do 
cargo por ele exercido em determinado órgão público, Artur, servidor público, em conluio com Maria, 
penalmente responsável, subtraiu dinheiro da repartição pública onde trabalha. Maria, que recebeu parte do 
dinheiro subtraído, desconhecia ser Artur funcionário público. Nessa situação hipotética, Artur cometeu o crime 
de peculato e Maria, o delito de furto. 
 
19 – ( ) - (CESPE/2013/PRF) - O crime de concussão configura-se com a exigência, por funcionário público, 
de vantagem indevida, ao passo que, para a configuração do crime de corrupção passiva, basta que ele solicite 
ou receba a vantagem, ou, ainda, aceite promessa de recebê-la. 
 
20 – ( ) - (CESPE/2013/TCE-RO/AUDITOR) - A advocacia administrativa, crime praticado por funcionário 
público contra a administração pública, abrange interesses privados legítimos ou ilegítimos. 
 
21– ( ) - (CESPE/2013/TCE-RO/AUDITOR) - Pratica o crime de peculato o funcionário público que, atuando 
na fiscalização do comércio em geral, se apropria de bem móvel de particular apreendido no exercício da 
fiscalização. 
 
22 – ( ) - (CESPE/2013/TCE-RO/AUDITOR) - Funcionário público que, estando fora de sua função, mas em 
razão do cargo que ocupa, exige para si, por meio de interposta pessoa, vantagem pecuniária indevida pratica o 
crime de corrupção passiva. 
 
23– ( ) - (CESPE/2013/TCE-RO/AUDITOR) - A diferença básica entre os crimes de corrupção passiva e de 
corrupção ativa diz respeito à qualidade do sujeito ativo: no de corrupção passiva, é o funcionário público; no 
de corrupção ativa, o particular. 
 
24 – ( ) - (CESPE/2013/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) - No que concerne aos crimes contra a 
administração pública, julgue os itens que se seguem. Incorrem na prática de condescendência criminosa tanto 
o servidor público hierarquicamente superior que deixe, por indulgência, de responsabilizar subordinado que 
tenha cometido infração no exercício do cargo quanto os funcionários públicos de mesma hierarquia que não 
levem o fato ao conhecimento da autoridade competente para sancionar o agente faltoso. 
 
25 – ( ) - (CESPE/2013/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) - No que concerne aos crimes contra a 
administração pública, julgue os itens que se seguem. O crime de concussão é delito próprio e consiste na 
exigência do agente, direta ou indireta, em obter da vítima vantagem indevida, para si ou para outrem, e 
consuma-se com a mera exigência, sendo o recebimento da vantagem considerado como exaurimento do crime. 
 
 
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26 – ( ) - (CESPE/2013/PC-BA/DELEGADO) - Constitui pressuposto material dos crimes de peculato-
apropriação e peculato-desvio, em suas formas dolosas, a anterior posse do dinheiro, do valor ou de qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, em razão do cargo ou função. 
 
27 – ( ) - (CESPE/2013/PC-BA/INVESTIGADOR DE POLÍCIA) - No que concerne aos crimes contra a 
administração pública, julgue os itens que se seguem. A consumação do crime de corrupção passiva ocorre 
quando o agente deixa efetivamente de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, 
cedendo a pedido ou influência de outrem, em troca de vantagem indevida anteriormente percebida. 
 
28 – ( ) - (CESPE/2013/SERPRO/ANALISTA/ADVOCACIA) - Nos crimes de peculato, o funcionário que 
reparar o dano até a publicação da sentença condenatória fará jus à extinção da punibilidade. 
 
29 – ( ) - (CESPE/2013/CNJ/ANALISTA) - O agente, público ou particular que patrocina, direta ou 
indiretamente, interesse privado perante órgão público comete o crime de advocacia administrativa –– um tipo 
penal que tutela a administração da justiça. 
 
30 – ( ) - (CESPE/2013/CNJ/ANALISTA) - O particular que, em conjunto com a esposa, funcionária pública, 
apropriar-se de bens do Estado responderá por peculato, ainda que não seja membro da administração. Peculato 
é crime funcional impróprio, afiançável e prescritível. 
 
31 – ( ) - (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) - Ângelo, funcionário público exercente do cargo de 
fiscal da Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS), no exercício de suas funções, exigiu vantagem indevida do 
comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento não fosse autuado em razão de irregularidades 
constatadas. Para a prática do delito, Ângelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista, que o conduziu em 
seu veículo até o local da fiscalização, previamente acordado e consciente tanto da ação delituosa que seria 
empreendida quanto do fato de que Ângelo era funcionário público. Antes que os valores fossem entregues, o 
comerciante, atemorizado, conseguiu informar policiais militares acerca dos fatos, tendo sido realizada a prisão 
em flagrante de Ângelo. Se Ângelo for condenado pela prática do delito praticado contra a administração 
pública, não caberá a seguinte agravante, prevista em artigo do CP: Ter o agente cometido o crime com abuso 
de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão. 
 
32 - (FCC/TRT15/JUIZ) - No crime de peculato, a condição pessoal de funcionário público 
A) não constitui elementar e não se comunica ao coautor ou partícipe. 
B) constitui elementar, mas não se comunica, em qualquer situação, ao coautor ou partícipe. 
C) não constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que este conheça a condição daquele. 
D) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, desde que este conheça a condição daquele. 
E) constitui elementar, comunicando-se ao coautor ou partícipe, ainda que este não conheça a condição daquele. 
 
33 - (CESPE/TCU/2015) - No que diz respeito aos crimes praticados contra a administração pública, 
assinale a opção correta. 
A) Para efeitos penais, deve-se considerar a remuneração do cargo ou função exercida pelo funcionário. 
B) A condenação de funcionário público em processo criminal decorrente de crime funcional prejudica o 
ajuizamento da ação de improbidade administrativa. 
C) A reparação do dano como condição para a progressão de regime prisional ou do cumprimento de pena é 
destinada tanto ao funcionário público quanto ao particular. 
D) Conforme previsão do CP, a agravante de violação de dever inerente ao cargo aplica-se ao crime depeculato. 
E) O conceito de funcionário público não abrange a pessoa que trabalha para empresa civil prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para exercer atividade típica da administração pública 
 
34 – ( ) - (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS) - O agente que, de qualquer forma, facilitar o acesso 
de pessoas não autorizadas a banco de dados da administração pública incorrerá nas penas previstas para o crime 
de violação de sigilo funcional. 
 
 
 
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35 – ( ) - (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS) - Para que se caracterize o crime de violação de 
sigilo funcional, não é necessário que a conduta do agente resulte em dano à administração pública ou a outrem. 
 
36 – ( ) - (CESPE/2014/TCDF/ACE) - Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administração 
pública e contra a fé pública. Considere que um delegado de polícia tenha exigido vantagem indevida, 
correspondente a determinado montante em dinheiro, para a liberação de dois indivíduos presos em flagrante. 
Nesse caso, o referido delegado praticou o delito de concussão. 
 
37 – ( ) - (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS) - Em relação aos crimes previstos na parte especial 
do Código Penal, ao crime de abuso de autoridade e ao que dispõem o Estatuto do Idoso e a Lei contra o 
Preconceito, julgue os próximos itens. O agente que retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício 
para satisfazer a interesse ou sentimento pessoal cometerá o crime de abuso de autoridade. 
 
38 - (VUNESP/2015/MPE-SP) - Nos crimes contra a Administração Pública, 
A) o crime de peculato doloso (artigo 312, CP) divide-se em peculato-apropriação, peculato-desvio e peculato- 
-furto. 
B) o funcionário público que exige tributo ou contribuição social, que sabe ou deveria saber indevido, comete 
crime de concussão (art. 316, CP). 
C) o funcionário que deixa, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício 
do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente comete 
crime de prevaricação (art. 319, CP). 
D) o crime de corrupção passiva se consuma no momento em que o funcionário público, em consequência da 
promessa ou vantagem recebida, retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo 
dever funcional (art. 317, CP). 
E) o crime de coação no curso do processo (art. 344, CP) se configura quando, na modalidade “violência”, 
resultar lesão corporal no coacto 
 
39 - (CESPE/2015/TCU) - Ainda com relação aos crimes praticados contra a administração pública, 
assinale a opção correta. 
A) O crime de abandono de função é comissivo por omissão. 
B) Será automática a perda do cargo, se o crime funcional praticado com abuso de poder ou violação de dever 
para com a administração pública resultar em condenação a pena privativa de liberdade superior a quatro anos. 
C) A falsa apresentação de particular na qualidade de funcionário público configura o crime de usurpação de 
função pública, na sua modalidade simples. 
D) Para a caracterização do crime de emprego irregular de verba ou renda pública, não há que se fazer presente 
o lucro ou proveito próprio ou de terceiros; esse crime será caracterizado ainda que não haja lucro ou proveito 
próprio ou de terceiros. 
E) O crime de corrupção ativa consiste no ato de exigir para si, ou para outrem, vantagem indevida em razão do 
cargo e configura crime de mera conduta. 
 
40 – ( ) - (CESPE/2014/TJ/SE/TÉCNICO) - Em relação às causas extintivas da punibilidade e aos crimes 
contra a administração pública, julgue os itens que se seguem. Servidor público que utilizar papel, tinta e 
impressora pertencentes à repartição pública onde trabalha para imprimir arquivos particulares praticará o crime 
de peculato. 
 
41– ( ) - (CESPE/2007/AGU/ PROCURADOR FEDERAL) - Quanto aos crimes praticados por funcionário 
público contra a administração em geral, julgue o item que se segue. A única diferença existente entre os crimes 
de concussão e de corrupção passiva é que, no primeiro, o agente exige, enquanto, no segundo, o agente solicita 
ou recebe vantagem indevida, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes 
de assumi-la, mas em razão dela. 
 
 
 
86 
 
 
 
 
01.F 02.V 03.F 04.F 05.F 06.F 07.F 08.V 09.V 10.B 
11.F 12.F 13.F 14.V 15.F 16.V 17.V 18.V 19.V 20.V 
21.V 22.F 23.V 24.V 25.V 26.V 27.V 28.F 29.F 30.V 
31.V 32.D 33.C 34.V 35.V 36.V 37.F 38.D 39.D 40.V 
41.F 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 05 – DOS CRIMES CONTA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
DOS CRIMES DE PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM GERAL 
 
. 
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA 
 
Exige-se que o autor tenha consciência e vontade de atuar desta maneira, ou seja, ele precisa ter 
dolo. 
 Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
 Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem: 
 Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
Até mesmo um funcionário público pode fazê-lo, desde pratique função de outro agente, totalmente 
estranha a que está ele investido. Nas palavras do autor Luiz Regis Prado, este tipo de ação é punida porque 
desestabiliza “a confiança e a segurança depositadas pelos administrados nos serviços prestados pelos 
funcionários públicos”. Pelo mesmo motivo que a própria Constituição Federal exige certas formalidade para o 
provimento de cargos e exercício de funções públicas, como forma de garantir a legalidade dos atos da 
Administração Pública. 
Admite tanto o particular (extraneus) como o funcionário absolutamente incompetente (intraneus), que 
usurpa funções alheias. A FUNÇÃO usurpada tem que ser ABSOLUTAMENTE estranha ao funcionário 
público. Admite-se coautoria. Admite-se atuação do particular. 
A simples conduta de se intitular funcionário público perante terceiros, sem praticar atos inerentes ao 
ofício, pode constituir apenas a contravenção descrita no art. 45 da LCP (“simulação da qualidade de 
funcionário” - fingir-se funcionário público). 
 
RESISTÊNCIA 
 
 Resistência 
 Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário 
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: 
 Pena - detenção, de dois meses a dois anos. 
 § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: 
 Pena - reclusão, de um a três anos. 
 § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência. 
 
 Aparentemente, não falta clareza para este dispositivo legal: mas vejamos o que seria uma real resistência? 
Apenas o fato de se agarrar a um portão não querendo ser levado preso? Ou, não dar as mãos para não ser 
algemado? Como não enredar para o abuso de autoridade? 
 Em hipótese alguma, pode-se deixar tal artigo sem uma ótica certa para que não se cometa neste liame 
excessos. A interpretação com acuidade é a do Professor Luiz Regis Prado: “consuma-se o delito com a 
prática da violência ou ameaça. A tentativa é admitida”. 
 Extrai-se deste comentário que tentar não ser preso, sem o uso da “violência” ou “ameaça”, não constitui 
Resistência a prisão, pelo contrário, sem a instrumentalização destes atos incabíveis em qualquer situação, não 
há de se falar de resistência. 
 Completa o Professor Prado, trazendo sucinta moldura: “É admissível a resistência quando o ato emanado 
da autoridadepública é manifestamente ilegal, sendo que, em caso de dúvida, privilegia-se o princípio da 
autoridade”. 
Consuma-se no momento em que ocorre a violência ou a ameaça. Trata-se de crime formal, não se exigindo 
que o agente efetivamente impeça a execução do ato. 
 
 
88 
 
 A não realização do ato seria, em tese, exaurimento do crime, todavia, nos termos do § 1o do art. 329, o 
Código trata este fato como qualificadora (“se o ato, em razão da resistência não se executa: pena – reclusão, 
de 1 a 3 anos”). A tentativa perfeitamente admissível. 
O ato a ser cumprido deve ser legal quanto ao conteúdo e a forma (modo de execução); se a ordem for 
ilegal, a oposição mediante violência ou ameaça não tipifica a “resistência” - ex.: prender alguém sem que haja 
mandado de prisão; prisão para averiguação etc. o mero xingamento contra funcionário público constitui crime 
de “desacato”; se, no caso concreto, o agente xinga e emprega violência contra o funcionário público, teria 
cometido dois crimes, mas a jurisprudência firmou entendimento de que, nesse caso, o “desacato” fica absorvido 
pela “resistência”. 
 
RESISTÊNCIA NA LEGISLAÇÃO ESPECIAL (CPI) 
 
O art. 4o, I, da Lei no 1.579/1952 traz um crime especial de resistência praticado contra ato de 
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Vejamos: “Impedir ou tentar impedir, mediante violência, ameaça 
ou assuadas, o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de Inquérito, ou o livre exercício das 
atribuições de qualquer de seus membros: Pena – a do art. 329 do Código Penal”. 
Note-se que o tipo penal prevê o chamado crime de atentado (ou de empreendi- mento), que é aquele 
em que a punição da tentativa se dá com a mesma pena do crime consumado. É o que também ocorre com 
o art. 309 do Código Eleitoral (“votar ou tentar votar duas vezes”); art. 11 da Lei de Segurança Nacional 
(“desmembrar ou tentar desmembrar”). Vale ressaltar também que, em relação às faltas disciplinares praticadas 
por presos, apesar de não constituírem crime, sua tentativa é punida com a sanção correspondente à falta 
consumada (art. 49, parágrafo único, da Lei de Execução Penal). 
 
DESOBEDIÊNCIA 
 
 
Desobediência 
 Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público: 
 Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. 
 
✓ Deve haver uma ordem: significa determinação, mandamento; o não-atendimento de mero pedido ou 
solicitação não caracteriza o crime. 
✓ A ordem deve ser legal: material e formalmente; pode até ser injusta; só não pode ser ilegal. 
✓ Deve ser emanada de funcionário público competente para proferi-la - Exemplo: Delegado de 
Polícia requisita informação bancária e o gerente do banco não atende (não há crime, pois o gerente só 
está obrigado a fornecer a informação se houver determinação judicial). 
✓ É necessário que o destinatário tenha o dever jurídico de cumprir a ordem; além disso, não 
haverá crime se a recusa se der por motivo de força maior ou por ser impossível por algum motivo o seu 
cumprimento. 
✓ Conforme a jurisprudência, se alguma norma civil ou administrativa comina sanção dessa natureza 
para um fato que poderia caracterizar crime de “desobediência”, mas deixa de ressaltar a sua cumulação 
com a pena criminal, não pode haver a responsabilização penal - Exemplo: o art. 219 do CPP, que se 
refere a sanção aplicável à testemunha intimada que sem motivo justificado falta à audiência em que 
seria ouvida (o dispositivo permite a cumulação da multa e das despesas da diligência, “sem prejuízo 
do processo penal por crime de desobediência”); 
✓ O CTB prevê multa àquele que desrespeita ordem de parada feito por policial, mas não ressalva a 
aplicação autônoma do crime de “desobediência” (assim, o motorista somente responde pela multa de 
caráter administrativo; não pelo crime). 
 
 
DESACATO 
 
 Desacato 
 Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 
 
 
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 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 
 
 “ Pressuposto do delito é que a ofensa seja proferida no exercício da função ou que a 
conduta seja perpetrada em razão dela, exigindo-se, portanto, o que se denomina nexo funcional, 
já que a tutela se perfaz não em razão da pessoa do funcionário e, sim, pela função exercida”. 
 “O desacato absorve as vias de fato, a lesão corporal leve, a ameaça, a difamação e a 
injúria, pela aplicação do critério da consumação. Em se tratando, porém, de delito mais grave, 
como a lesão corporal de natureza grave ou a calúnia, há concurso formal”. 
 
 Oportuno é o comentário do Professor Aníbal Bruno, sobre o comportamento conforme ao direito: “O 
comportamento conforme ao direito não pode ser exigido de maneira absoluta, mas tem de condicionar-se ao 
poder do sujeito, físico ou moral, de acordo com a situação do momento”. 
Admite qualquer meio de execução: palavras, gestos, ameaças, vias de fato, agressão ou qualquer outro 
meio que evidencie a intenção de desprestigiar o funcionário público - ex.: xingar o policial que o está multando, 
fazer sinais ofensivos, rasgar mandado de intimação entregue pelo Oficial de Justiça e atirá-lo ao chão, passar a 
mão no rosto do policial, atirar seu quepe no chão etc. 
A caracterização do crime independe de o funcionário público se julgar ou não ofendido, pois o que a lei 
visa é prestigiar e dar dignidade ao cargo. - a ofensa deve ser feita na presença do funcionário, pois somente 
assim ficará tipificada a intenção de desprestigiar a função; a ofensa feita contra funcionário em razão de suas 
funções, mas em sua ausência, caracteriza crime de “injúria qualificada” (art. 140 c/c o art. 141, II); por isso, 
não há “desacato” se a ofensa é feita por carta; a existência do “desacato” não pressupõe que o agente e o 
funcionário estejam face a face, havendo o crime se estiverem, em salas separadas, com as portas abertas, e o 
agente falar algo para o funcionário ouvir. 
 
A existirá o crime mesmo que o fato não seja presenciado por terceiras pessoas, porque a 
publicidade da ofensa não é requisito do crime. 
 
 
Um funcionário público pode cometer “desacato” contra outro? 
 - Nélson Hungria – não, pois ele está contido no capítulo dos “crimes praticados por particular contra a 
administração em geral”; assim, a ofensa de um funcionário contra outro caracteriza sempre crime de “injúria”. 
- Bento de Faria – só será possível se o ofensor for subordinado hierarquicamente ao ofendido. - Damásio E. 
de Jesus, Heleno C. Fragoso, Magalhães Noronha e Júlio F. Mirabete – sim, sempre, pois o funcionário, 
ao ofender o outro, se despe da qualidade de funcionário público e se equipara a um particular; esta é a opinião 
majoritária. 
O advogado pode cometer “desacato”? – o Estatuto da OAB, em seu art. 7°, § 2°, estabelece que o 
advogado não comete crimes de “injúria”, “difamação” ou “desacato” quando no exercício de suas funções, em 
juízo ou fora, sem prejuízo das sanções disciplinares junto à OAB; entende-se, entretanto, que esse dispositivo 
é inconstitucional no que tange ao “desacato”, pois a imunidade dos advogados prevista no art. 133 da CF 
somente poderia abranger os “crimes contra a honra” e não os “crimes contra a Administração” (STF), sendo 
assim, ele poderá cometer “desacato”. 
A embriaguez exclui o “desacato”? - não, nos termos do art. 28, II, que estabelece que a embriaguez 
não exclui o crime. - Nélson Hungria – sim, pois o “desacato” exige dolo específico, consistente na intenção 
de humilhar, ofender, que é incompatível com o estado de embriaguez. - Damásio E. de Jesus – sim, desde que 
seja completa, capaz de eliminar a capacidadeintelectual e volitiva do sujeito. - e com relação à exaltação de 
ânimos? – há uma corrente majoritária entendendo que o crime exige ânimo calmo, sendo que a exaltação ou 
cólera exclui o seu elemento subjetivo (Nélson Hungria e outros); de outro lado, entende-se que a emoção não 
exclui a responsabilidade pelo “desacato”, uma vez que o art. 28, I, estabelece que a emoção e a paixão não 
excluem o crime 
 Imagine a seguinte situação. Uma senhora de seus setenta anos de idade dirigi seu veículo. Abordada por 
um funcionário público no exercício da função, este lhe pede os documentos, ao que ela apresenta mais 
incomodada com tal situação, ela simplesmente tece comentário a ponto do agente do Estado, querer algemá-la, 
 
 
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ao que reluta bravamente. Ato contínuo se recusa a entrar na viatura conduzida pelo funcionário público, no que 
pega sua “arma de emissão de choque” e mobiliza a Senhora de 70 (setenta) anos. 
 Nesta sugestiva história há algo estranho. Primeiro, pedir documentos não é o problema central, mas 
observar que uma pessoa vivida em seus 70(setenta) anos, pode não ser tão paciente e, por conseguinte, 
comentar, alterada, ou usando de palavras impróprias. (não a defesa da conduta, longe disto). Segundo, o que 
justifica o uso de algemas contra uma pessoa visivelmente mais fraca e sem estar municiada de arma de fogo? 
Terceiro qual o problema de se relutar não deixando ser algemado? Quarto o que viabiliza o uso de uma “arma 
de emissão de choque”? 
 Tendo esta questão em mente, o texto do Professor Aníbal Bruno refaz sua importância, uma vez que 
lembra a todos que a exigência de um comportamento para adequação ao Direito, não pode ser de maneira 
absoluta, mas sim, condicionada aos seguintes elementos essências: “ao poder do sujeito, físico ou moral, de 
ACORDO COM A SITUAÇÃO TOTAL DO MOMENTO”. 
 
 Não é toda ofensa praticada na presença do funcionário que caracteriza o crime de 
desacato, pois deve ela se referir ao exercício da função ou em razão dela. 
 
Vejamos as duas situações: 
 
 a) No exercício da função (in officio) – o funcionário está no desempenho de sua função, isto é, 
praticando atos de ofício. Não exige o tipo penal que ele esteja na repartição pública, mas sim no exercício 
funcional. 
 b) Em razão do exercício da função (propter officium) – pelo fato de o agente não se encontrar no 
desempenho da função pública, a lei exige que a ofensa tenha nexo causal com a função por ele exercida. 
 Se a ofensa disser respeito à vida privada do agente, configurar-se-á crime contra a honra (ex.: chamar 
juiz de adúltero). 
Cabe ressaltar que em 15/12/2016 a Quinta Turma do STJ, exercendo controle de convencionalidade, 
descriminalizou a conduta tipificada como crime de desacato a autoridade, por entender que a tipificação é 
incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). 
 
A doutrina, de um modo geral, identifica como objetividade jurídica tutelada pelo art. 331 do 
Código Penal o normal funcionamento da administração pública, por meio da preservação do 
prestígio dos funcionários públicos perante a comunidade. 
 
Para o relator do Resp. 1640084, Ministro Ribeiro Dantas, a criminalização do desacato está na contramão 
do humanismo, violando regras de direito internacional adotadas pelo Brasil, porque ressalta a preponderância 
do Estado – personificado em seus agentes – sobre o indivíduo; dando maior proteção aos agentes públicos 
frente à crítica, em comparação com os demais, algo contrário aos princípios democráticos e igualitários que 
regem o país. Apesar de toda discussão, ainda não esgotada, o Crimes de Desacato continua sendo típico. 
 
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA 
 
Tráfico de Influência 
 Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa 
de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da 
função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 
1995) 
 Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem 
é também destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) 
 
 
Tráfico de influência consiste na prática ilegal de uma pessoa se aproveitar da sua posição privilegiada 
dentro de uma empresa ou entidade, ou das suas conexões com pessoas em posição de autoridade, para obter 
favores ou benefícios para terceiros, geralmente em troca de favores ou pagamento. 
 
 
91 
 
É um dos crimes praticados por particulares (empresários e políticos), principalmente contra a 
administração pública em geral. Consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem 
ou promessa de vantagem (como se fosse um investimento), a pretexto de influir em ato praticado por 
funcionário público no exercício da função. 
O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive pelo funcionário público. Da mesma 
forma que na concussão, aquele que entrega a vantagem solicitada não responde pelo crime, por falta de 
previsão legal. Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a vítima da fraude. 
Na conduta de obter, o crime é material. se a vantagem efetivamente se destina ao funcionário público, que 
está mancomunado com o agente, há crimes de “corrupção passiva e ativa”). - ex.: autoescola que cobram dos 
alunos “caixinhas” para aprovação em exame de motorista e alegam que elas serão dadas aos examinadores. 
 
 Se o agente visa vantagem patrimonial a pretexto de influir especificamente em juiz, jurado, 
órgão do MP, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha, o crime é o do art. 
357 (“exploração de prestígio”). Consuma-se independentemente da obtenção da vantagem ou 
promessa. A tentativa é admissível. 
 
 
CORRUPÇÃO ATIVA 
 
Corrupção ativa 
 Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a 
praticar, omitir ou retardar ato de ofício: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 
12.11.2003) 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o 
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. 
 
São duas as condutas incriminadas: oferecer ou prometer vantagem. Oferecer é ofertar, é colocar à 
disposição. Se a vantagem é oferecida à testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete para fazer afirmação 
falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação, o delito será o 
tipificado no art. 343 do Código Penal. 
 Realiza-se por qualquer meio, verbal, escrito e até gestual. Pode ser realizada diretamente pelo agente ao 
funcionário ou por interposta pessoa que, então, participa do crime. O agente, espontaneamente, oferece ou 
promete dar ao funcionário público uma vantagem a que esse não tem direito, isto é, indevida. A vantagem pode 
ser econômica ou de qualquer outra natureza, moral inclusive. 
Há crime independentemente da atitude do funcionário, que pode aceitá-la – cometendo o crime de 
corrupção passiva – ou rejeitá-la. Se, entretanto, é o funcionário que exige a vantagem e o particular cede, não 
estará cometendo corrupção ativa mas é vítima do delito de concussão (art. 316). Penso que também quando o 
funcionário solicita a vantagem e o particular apenas atende ao pedido, somente aquele comete o crime de 
corrupção passiva (art. 317). 
O oferecimento ou a promessa da vantagemvisa a que o funcionário pratique, omita ou retarde a prática de 
um ato de ofício. Desse modo, deve o funcionário ser o competente para praticar, omitir ou retardar o ato de 
ofício. É de ver, ainda, que não pode haver delito quando o agente oferece ou promete vantagem para determinar 
o funcionário a não praticar – omitir– ou retardar a prática de um ato ilegal. 
É crime doloso. O agente tem consciência de que está oferecendo uma vantagem indevida – ilícita – para 
um funcionário público, presente, ainda, o elemento subjetivo: para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar o 
ato de ofício. Age com livre vontade, sem outro fim. 
 
 
DESCAMINHO 
 
Descaminho 
 
 
 
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Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, 
pela saída ou pelo consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei 
nº 13.008, de 26.6.2014) 
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; (Redação dada pela Lei nº 13.008, 
de 26.6.2014) 
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito 
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência 
estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser 
produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de 
outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade 
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação 
legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 
26.6.2014) 
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de 
comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em 
residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, 
marítimo ou fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
 
Com o recente advento da Lei 13.008/14, as condutas criminosas de contrabando e descaminho, 
anteriormente descritas num tipo penal único do Código Penal, foram objeto de alteração legislativa e passaram 
a integrar tipos penais diversos e autônomos. Tratam-se basicamente das condutas de: Iludir, no todo ou em 
parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria 
(descaminho); e importar ou exportar mercadoria proibida (contrabando). 
Contudo, a alteração legislativa não se limitou a separar os tipos penais em dispositivos diversos. Cuidou 
ainda da alteração no tocante às condutas criminosas dos tipos, além da pena em abstrato do crime de 
contrabando. Os crimes de contrabando e descaminho, em sua redação anterior, não possuíam penas expressivas, 
apesar da grande reprovabilidade social de tais condutas. 
A pena cominada para ambas condutas era de reclusão de 01 a 04 anos, o que permitia uma punição 
branda, haja vista que o condenado poderia ser beneficiado com a suspensão condicional do processo, e portanto, 
ficaria “preservado” do cárcere, e ainda que não fosse beneficiado pela suspensão condicional, a pena máxima 
de quatro anos não permite o regime fechado, o que na prática, resultava no mesmo. O legislador não alterou a 
pena do crime de descaminho, mas a pena do delito de contrabando foi AUMENTADA para 02 a 05 anos de 
reclusão. 
As consequências são basicamente a inadmissão de suspensão condicional do processo e o prazo 
prescricional do crime, que passa de oito para doze anos. Outra inovação experimentada tanto no crime de 
descaminho quanto no crime de contrabando, é a aplicação da pena em dobro se o delito for cometido em 
transportes marítimos ou fluviais (por mares ou rios). A redação anterior previa o aumento de pena apenas no 
tocante ao transporte aéreo. 
As inovações são positivas, por abarcar uma nova gama de condutas, especialmente porque temos por 
experiência que grande parte das quadrilhas, tem usado rotas com nossos países vizinhos, por meio de transporte 
fluvial e marítimo, especialmente no contrabando de armas, e no descaminho de nossas riquezas tais como soja, 
café, etc. Entretanto, existe um lado econômico e social dos crimes de contrabando e descaminho um tanto 
ignorados pela população em geral, e também pelo governo. 
Não é segredo para ninguém, que o Governo Brasileiro, há muito tempo tem sido tolerante, especialmente 
com países do Cone Sul, evitando apertar o cerco aos grandes contrabandistas e as grandes organizações 
criminosas que praticam roubos de veículos e o descaminho, que em muitos casos, estão instaladas no próprio 
poder público de países “irmãos”. 
 
 
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Também a cultura de aquisição de produtos contrafeitos por parte da população, inclusive pelas camadas 
menos endinheiradas da não mudou nas últimas décadas. E não irá mudar tão cedo. Isto se dá porque o poder de 
compra da maioria da população brasileira é baixo, mas os sonhos de consumo são bastante altos. Desta forma, 
para satisfazer, em parte, seus sonhos, muitas vezes, os consumidores recorrem a produtos contrabandeados, ou 
mesmo pirateados, por óbvio, de preços muito mais baixos, como forma de “inserção” no mercado consumidor 
de grife. 
Por outro lado, o combate ao contrabando não se mostra eficiente, justamente pelo motivo de que há um 
enorme mercado consumidor para tais produtos, e uma repressão errônea, vez que visa o varejo, o pequeno 
“contrabandista” e o pequeno consumidor, e nada de incomodar o intermediário e o produtor. Só se corre atrás 
de camelôs! 
 
Princípio da Insignificância: 
 
✓ Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito 
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 
20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do 
Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado 
em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
CONTRABANDO 
 
Contrabando 
Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 
26.6.2014) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 
26.6.2014) 
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria que dependa de registro, análise ou 
autorização de órgão público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira destinada à exportação; (Incluído pela 
Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria proibida pela lei 
brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial 
ou industrial, mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)§2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio 
irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em 
residências. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) 
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de contrabando é praticado em transporte aéreo, 
marítimo ou fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) 
 
Não devemos confundir os conceitos: contrabando é a entrada ou saída do país de mercadorias absoluta 
ou relativamente proibidas; já o descaminho é a fraude utilizada no intuito de evitar, total ou parcialmente, o 
pagamento dos impostos relativos à importação, exportação ou consumo de mercadorias, que não são 
permitidas. O tipo penal tutela a administração pública, em especial o erário público, no caso de descaminho; 
protege-se também a saúde, a moral, a ordem pública, no contrabando. 
Necessário ter em mente a existência do crime do art. 318 (“facilitar, com infração de dever funcional, a 
prática de contrabando ou descaminho”). Assim, o funcionário público que facilita o contrabando ou o 
descaminho não será partícipe do crime do art. 334, mas sim autor de crime autônomo, previsto no art. 318. Ou 
seja, há uma clara exceção à teoria unitária do concurso de pessoas. 
 
 
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Os contrabandistas, por sua vez, estão cada vez mais fortalecidos pelo grande mercado consumidor que 
possuem versus a pena aplicada pelos crimes dessa natureza. Constata-se, de maneira alarmante, que nesse caso 
também, passa-se a sensação de que o crime compensa. 
O contrabando e o descaminho não são praticados por amadores. São grandes organizações criminosas 
amparadas por um enorme mercado consumidor e ainda pela quase ausência integral de reprovabilidade social, 
visto que parece ser um crime sem sangue, sem violência, quando na verdade, por trás das organizações 
criminosas que os alimenta, há uma indústria de horrores engajada na prática das maiores perversidades, tais 
como homicídios, tráfico de seres humanos, redução de pessoas à condição análoga a de escravos, dentre 
inúmeras outras atrocidades. 
O papel do Estado, nesse caso, ultrapassa a mera repressão ao contrabando ou ao tipo penal. O trabalho 
estratégico, deve atingir o coração das organizações criminosas, sua principal estrutura funcional, que é a pilastra 
financeira. Em paralelo, deveria existir um trabalho de conscientização da população, haja vista que se não 
houvesse expressivo mercado consumidor, não haveria o expressivo volume de mercadorias contrafeitas que 
existe. É algo como a relação entre produção e consumo de drogas, um não sobrevive sem o outro. 
Não se trata apenas de sonegação de impostos ou o ato de importar ou exportar mercadorias proibidas. 
Existem outras consequências em cadeia, como o desaquecimento da produção nacional, a geração de empregos, 
a frustração na circulação de riquezas, etc. 
Essa alteração legislativa na quantidade da pena produz consequências negativas para o réu (e, portanto, 
sabemos que NÃO IRÁ RETROAGIR). Vejamos: 
 
✓ Não cabe mais suspensão condicional do processo (a pena mínima ultrapassa 01 ano) 
✓ Passa a admitir prisão preventiva (antes só cabia em hipóteses excepcionais) 
✓ O prazo prescricional passa de 08 para 12 anos (art. 109, III do CP) 
 
Podemos dizer que esta tenha sido a alteração mais sensível da nova lei. A nova lei trouxe, ainda, algumas 
outras inovações. Tanto no crime de descaminho quanto no crime de contrabando, a redação anterior do CP 
considerava que a pena seria aplicada em dobro se o delito fosse cometido mediante transporte AÉREO. Pois 
bem, a nova lei estendeu esta previsão também para os transportes marítimos ou fluviais (mares ou rios). 
 
 
IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA 
 
Este artigo foi revogado pela Lei nº 8.666/93 
 
 Impedimento, perturbação ou fraude de concorrência 
 Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em hasta pública, 
promovida pela administração federal, estadual ou municipal, ou por entidade paraestatal; afastar 
ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou 
oferecimento de vantagem: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, além da pena correspondente à 
violência. 
 Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão 
da vantagem oferecida. 
 
 
INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL 
 
Inutilização de edital ou de sinal 
 Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de 
funcionário público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por 
ordem de funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
 
 
 
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O tipo penal rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital, afixado por ordem de 
funcionário público, violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por determinação legal ou por ordem de 
funcionário público, para identificar ou cerrar qualquer objeto. 
É crime doloso, não se exige elemento subjetivo específico. Não há forma culposa. O objeto material 
das primeiras condutas é o edital; das outras, o selo ou sinal identificador ou que cerra algo; o objeto jurídico é 
a administração pública, nos interesses material e moral. Crime comum, material, de forma livre, comissivo ou 
omissivo impróprio, instantâneo, de dano, unissubjetivo, plurissubsistente, admite a tentativa. 
 
 
SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO 
 O objeto material é a vantagem e o objeto jurídico é a administração pública, nos interesses material e moral. 
É Crime comum, material, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, 
plurissubsistente, admite a tentativa. 
Subtração ou inutilização de livro ou documento 
 
 Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou documento 
confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço público: 
 Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA 
 
 Sonegação de contribuição previdenciária 
 Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, 
mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela 
legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador 
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as 
quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de 
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou 
creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei 
nº 9.983, de 2000) 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as 
contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na 
forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, 
de 2000) 
 § 2o É facultado aojuiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente 
for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele 
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o 
ajuizamento de suas execuções fiscais.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa 
R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a 
metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 
 § 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos 
mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 
 
 
 
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✓ Sujeito ativo: o titular de firma individual, os sócios solidários, os gerentes, diretores ou 
administradores que efetivamente tenham participado da administração da empresa a ponto de concorrer 
de maneira eficaz para a conduta punível. 
✓ Sujeito Passivo: Estado, especificamente o INSS. 
✓ Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se elemento subjetivo específico consistente na vontade de 
fraudar a previdência, deixando de pagar a contribuição. Não há forma culposa. 
✓ Objetos material e jurídico. De acordo com os incisos: 
I – objeto material: folha de pagamento; objeto jurídico: seguridade social. 
II – objeto material: título próprio da contabilidade da empresa; objeto jurídico: seguridade social. 
III – objeto material: receita, o lucro auferido, a remuneração paga ou creditada ou outro fato gerador 
de contribuição previdenciária; objeto jurídico: a seguridade social. 
✓ É crime próprio, formal, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, 
unissubsistente, não admite a tentativa. 
 
Obs.: Os crimes a seguir descritos possuem uma mínima incidência em concursos públicos, 
principalmente os de carreiras policiais. Para cumprirmos todo edital todos serão citados e 
comentaremos os pontos de maior relevância. 
 
 
 
CAPÍTULO II-A 
 
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
ESTRANGEIRA 
 
 
CORRUPÇÃO ATIVA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL 
 
 Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a funcionário 
público estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício 
relacionado à transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o 
funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou o pratica infringindo dever 
funcional. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA EM TRANSAÇÃO COMERCIAL INTERNACIONAL 
 
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou 
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público estrangeiro no exercício 
de suas funções, relacionado a transação comercial internacional: 
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 Parágrafo único. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é 
também destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ESTRANGEIRO 
 
 Art. 337-D. Considera-se funcionário público estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública em entidades estatais ou em 
representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou 
função em empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo Poder Público de país estrangeiro ou em 
organizações públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002) 
 
 
97 
 
 
CAPÍTULO III 
DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
 
REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO 
 
 Art. 338 - Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da 
 pena. 
 
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA 
 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de 
investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, 
imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. 
 § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. 
 
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU CONTRAVENÇÃO 
 
 Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção 
que sabe não se ter verificado: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
AUTOACUSAÇÃO FALSA 
 
 Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA 
 
 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor 
ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada 
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 
2013) (Vigência) 
 § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se 
cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em 
que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
 § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se 
retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, 
perícia, cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de 
obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da 
administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO 
 
 
98 
 
 
 Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra 
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial,policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES 
 
 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando 
a lei o permite: 
 Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
 Parágrafo único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. 
 Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por 
determinação judicial ou convenção: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
FRAUDE PROCESSUAL 
 
 Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, 
de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
 Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não 
iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
 
FAVORECIMENTO PESSOAL 
 
 Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é 
cominada pena de reclusão: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
 § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
 Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
 § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, 
fica isento de pena. 
 
✓ Exemplos: ajudar na fuga, emprestando carro ou dinheiro ou, ainda, por qualquer outra forma (só se 
aplica quando o autor do crime anterior está solto; se está preso e alguém o ajuda a fugir, ocorre o 
crime do art. 351 - “facilitação de fuga de pessoa presa”); esconder a pessoa em algum lugar para que 
não seja encontrada; enganar a autoridade dando informações falsas acerca do paradeiro do autor do 
delito (despistar) etc. 
✓ para a existência do crime, o auxílio deve ser prestado após a consumação do crime antecedente; se 
antes dele ou durante sua prática, haverá coautoria ou participação no delito antecedente e não 
“favorecimento pessoal”. 
✓ a própria vítima do crime antecedente pode praticar o favorecimento - ex.: vítima de sedução que, 
após completar 18 anos, ajuda o sedutor a se esconder. - o advogado não é obrigado a dizer onde se 
encontra escondido o seu cliente; pode, todavia, cometer o crime se o auxilia na fuga, se o esconde em 
sua casa etc. 
✓ não haverá “favorecimento pessoal” quando em relação ao fato anterior: houver causa excludente de 
ilicitude; já estiver extinta a punibilidade por qualquer causa; houver alguma escusa absolutória; o 
agente for inimputável em razão de menoridade 
✓ em todos esses casos, o agente não está sujeito a ação legítima por parte da autoridade, e, portanto, 
quem o auxilia não comete “favorecimento pessoal”. - se o autor do crime antecedente vier a ser 
absolvido por qualquer motivo (exceto na absolvição imprópria, em que há aplicação de medida de 
segurança), o juiz não poderá condenar o réu acusado de auxiliá-lo. 
 
 
99 
 
 
FAVORECIMENTO REAL 
 
 Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de coautoria ou de receptação, auxílio 
destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
 Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de 
aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em 
estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
 Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
 
✓ Exemplo.: esconder o objeto do crime para que o autor do delito venha buscá-lo posteriormente, 
transportar os objetos do crime; guardar para o homicida dinheiro que este recebeu para matar alguém 
etc. - a conduta de trocar as placas de veículo furtado ou roubado podia caracterizar o “favorecimento 
real”, mas, atualmente, constitui o crime do art. 311 (“adulteração de sinal identificador de veículo 
automotor”). 
✓ só responde pelo crime aquele que não esteja ajustado previamente com os autores do crime 
antecedentes, no sentido de lhes prestar qualquer auxílio posterior, pois, se isso ocorreu, ele será 
responsabilizado por participação no crime antecedente por ter estimulado a prática do delito ao 
assegurar aos seus autores que lhes prestaria uma forma qualquer de ajuda. 
✓ a principal diferença entre a “receptação” e o “favorecimento real” consiste no fato de que, no 
favorecimento, o agente visa auxiliar única e exclusivamente o autor do crime antecedente, enquanto 
naquele o sujeito visa seu próprio proveito ou o proveito de terceiro (que não o autor do crime 
antecedente). 
✓ trata-se de crime acessório, mas a condenação pelo “favorecimento real” não pressupõe a condenação 
do autor do crime antecedente - ex.: há prova da prática de um furto e de que alguém ajudou o autor 
desse crime, escondendo os bens furtados (a polícia, todavia, não consegue identificar o furtador, mas 
consegue identificar aquele que escondeu os bens). 
✓ a menoridade e a extinção da punibilidade apenas impedem a aplicação de sanção penal ao autor do 
crime antecedente, mas o fato não deixa de ser crime. 
✓ 
 
EXERCÍCIO ARBITRÁRIO OU ABUSO DE PODER 
 
 Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as 
formalidades legais ou com abuso de poder: 
 Pena - detenção, de um mês a um ano. 
 Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário que: 
 I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou a estabelecimento destinado a 
execução de pena privativa de liberdade ou de medida de segurança; 
 II - prolonga a execução de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em 
tempo oportuno ou de executar imediatamente a ordem de liberdade; 
 III - submete pessoa que está sob sua guarda ou custódia a vexame ou a 
constrangimento não autorizado em lei; 
 IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. 
 
 Quando alguém tem um direito ou julga tê-lo por razões convincentes, e a outra parte envolvida se 
recusa a cumprir a obrigação, o prejudicado deve procurar o Poder Judiciário para que o seu direito seja 
declarado e a pretensão seja satisfeita (se o agente tiver consciência da ilegitimidade da pretensão, haverá 
outro crime: “furto”, “lesão corporal”, “violação de domicílio” etc.); a pretensão do agente, pelo menos em 
tese, possa ser satisfeita pelo Judiciário, ou seja, que exista uma espécie qualquer de ação apta a satisfazê-la; 
ela pode ser de qualquer natureza: direito real (expulsar invasores de terra com o emprego de força, em vez de 
procurar a justiça, fora das hipóteses de legítima defesa da posse ou desforço imediato, em que o emprego da 
força é admitido), pessoal (ex.: subtrair objetos do devedor), de família (subtrair objetos do devedor de 
 
 
100 
 
alimentos inadimplente, em vez de promover a competente execução) etc.; se o sujeito resolve não procurar o 
Judiciário e fazer justiça com as próprias mãos para obter aquilo que acha devido, pratica o crime do art. 345 
(“exercício arbitrário das próprias razões”) - subtrair objeto do devedor para se auto ressarcir de dívida vencida 
e não paga. 
 
FUGA DE PESSOA PRESA OU SUBMETIDA À MEDIDA DE SEGURANÇA 
 
 Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa legalmente presa ou submetida a medida de 
segurança detentiva: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos.§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a 
pena é de reclusão, de dois a seis anos. 
 § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, aplica-se também a pena correspondente à violência. 
 § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia 
ou guarda está o preso ou o internado. 
 § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, 
de três meses a um ano, ou multa. 
 
EVASÃO MEDIANTE VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA 
 
 Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança 
detentiva, usando de violência contra a pessoa: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. 
 
ARREBATAMENTO DE PRESO 
 
 Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena correspondente à violência. 
 
MOTIM DE PRESOS 
 
 Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. 
 
PATROCÍNIO INFIEL 
 
 Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, 
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
 Patrocínio simultâneo ou tergiversação 
 Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na 
mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. 
 
 
SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO 
 
 Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor 
probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
 
 
 
101 
 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO 
 
 Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, 
órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou 
utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. 
 
 
VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL 
 
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou 
licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
 
DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO 
 
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por 
decisão judicial: 
 Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
 
CAPÍTULO IV 
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS 
 
 
CONTRATAÇÃO DE OPERAÇÃO DE CRÉDITO 
 
 Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação de crédito, interno ou externo, sem prévia 
autorização legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno 
ou externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 I – com inobservância de limite, condição ou montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado 
Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 II – quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. (Incluído 
pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
INSCRIÇÃO DE DESPESAS NÃO EMPENHADAS EM RESTOS A PAGAR 
 
 Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos a pagar, de despesa que não tenha sido previamente 
empenhada ou que exceda limite estabelecido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
ASSUNÇÃO DE OBRIGAÇÃO NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU LEGISLATURA 
 
 Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano 
do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga no mesmo exercício financeiro ou, caso reste 
parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida suficiente de disponibilidade de 
caixa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
ORDENAÇÃO DE DESPESA NÃO AUTORIZADA 
 
 
102 
 
 
 Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
PRESTAÇÃO DE GARANTIA GRACIOSA 
 
 Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída contra garantia em 
valor igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
NÃO CANCELAMENTO DE RESTOS A PAGAR 
 
 Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do montante de restos a 
pagar inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
AUMENTO DE DESPESA TOTAL COM PESSOAL NO ÚLTIMO ANO DO MANDATO OU 
LEGISLATURA 
 
 Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos 
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) 
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
OFERTA PÚBLICA OU COLOCAÇÃO DE TÍTULOS NO MERCADO 
 
 Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta pública ou a colocação no mercado financeiro de 
títulos da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem que estejam registrados em sistema 
centralizado de liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
 
01 – (FGV/OAB/2016) - Hugo estava dentro de seu automóvel esperando a namorada, quando foi 
abordado por dois policiais militares. Os policiais exigiram a saída de Hugo do automóvel e sua 
identificação, que atendeu à determinação. Após revista pessoal e no carro, e nada de ilegal ter sido 
encontrado, os agentes da lei afirmaram que Hugo deveria acompanhá-los à Delegacia para que fosse 
feita uma averiguação, inclusive para ver se havia mandado de prisão contra ele. Após recusa de Hugo, 
os policiais tentaram algemá-lo, mas ele não aceitou. Considerando apenas as informações expostas, é 
correto afirmar que a conduta de Hugo 
a) configura situação atípica. 
b) configura o crime de resistência. 
c) configura o crime de desobediência. 
 
 
103 
 
d) configura o crime de desacato. 
 
02 – ( ) - (MPE-SC/2016/PROMOTOR) - O delito de usurpação de função pública admiteuma forma 
qualificada, qual seja, se do fato o agente aufere vantagem, cuja pena é de reclusão de dois a cinco anos. O delito 
de resistência, estabelecido no art. 329 do Código Penal, admite uma forma qualificada, qual seja, se o ato, em 
razão da resistência, não se executa. 
 
03- ( ) – (CESPE/PC-DF/2013) - Não se configura o crime de desobediência se o agente, apesar do dever de 
cumprir a ordem legal emitida por funcionário público, não tiver possibilidade ou condições efetivas de cumpri-
la. 
 
04 – (FCC/MPE-PE/2012) - Quem se opõe à execução de ato legal, mediante ameaça a quem esteja prestando 
auxílio ao funcionário público competente para executá-lo, 
a) comete crime de desacato. 
b) comete crime de desobediência. 
c) comete crime de resistência. 
d) comete crime de tráfico de influência. 
e) não comete crime contra a Administração Pública. 
 
05 – (FCC/TJ-PE/2012/ANALISTA) - O crime de 
a) contrabando é punível tanto na forma dolosa, quanto na culposa. 
b) falso testemunho não pode ser cometido pelo réu, mas pode ser praticado pela vítima do delito. 
c) autoacusação falsa consuma-se quando o agente assume a autoria do crime inexistente ou praticado por outrem 
perante populares e nega perante a autoridade policial. 
d) resistência só se consuma quando, em razão da conduta do agente, o ato legal não é executado pelo funcionário 
público competente para executá-lo. 
e) desacato pode caracterizar-se mesmo quando o funcionário público não esteja no exercício da função, desde 
que a ofensa esteja com ela relacionada. 
 
06 – ( ) – (CESPE/PF/2012/AGENTE) - Pedro se opôs à execução de diligência policial cujo objetivo era 
investigá-lo e recusou-se a colaborar com os agentes que a realizaram, razão por que a diligência não pôde ser 
executada. Nessa situação, Pedro não pode ser responsabilizado criminalmente por não ter atendido às ordens 
policiais, uma vez que o sistema penal brasileiro não pune a resistência passiva, tampouco a caracteriza como 
delito de desobediência. 
 
07 – ( ) – (CESPE/2011/STM/ANALISTA) - Jonas, réu em ação penal, ficou irritado com a inclusão de seu 
nome no rol de denunciados e, ao ser citado pelo oficial de justiça, rasgou o mandado e os documentos que o 
acompanhavam, lançando-os, com desprezo, no rosto do oficial. Nessa situação, Jonas praticou dois delitos: 
inutilização de documento público e desacato. 
 
08 – ( ) – (CESPE/2011/PC-ES/ESCRIVÃO) - No crime de desacato, o sujeito passivo é o funcionário público 
ofendido, e o bem jurídico tutelado é a honra do funcionário público. 
 
09 – ( ) – (CESPE/2008/MPE-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA) - Maria, vítima do crime de roubo, foi 
intimada para depor em juízo, mas não compareceu. Acusação e defesa insistiram na sua oitiva e, mais uma vez 
intimada, ela deixou de comparecer. Nessa situação, Maria cometeu crime de desobediência. 
 
10 – ( ) – (CESPE/2008/STF/ANALISTA) - É cabível a aplicação do princípio da insignificância para fins de 
trancamento de ação penal em que se imputa ao acusado a prática de crime de descaminho. 
 
11 – ( ) – (CESPE/2009/PF/AGENTE/ESCRIVÃO) - A respeito dos crimes contra o patrimônio e contra a 
administração pública, julgue o seguinte item. Caso um policial federal preste ajuda a um contrabandista para 
que este ingresse no país e concretize um contrabando, consumar-se-á o crime de facilitação de contrabando, 
ainda que o contrabandista não consiga ingressar no país com a mercadoria. 
 
 
 
104 
 
12 – ( ) – (CESPE/2013/CNJ/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA JUDICIÁRIA) - O agente, público ou particular 
que patrocina, direta ou indiretamente, interesse privado perante órgão público comete o crime de advocacia 
administrativa –– um tipo penal que tutela a administração da justiça. 
 
13 – ( ) – (CESPE/2013/TC-DF/PROCURADOR) - Ângelo, funcionário público exercente do cargo de fiscal 
da Agência de Fiscalização do DF (AGEFIS), no exercício de suas funções, exigiu vantagem indevida do 
comerciante Elias, de R$ 2.000,00 para que o estabelecimento não fosse autuado em razão de irregularidades 
constatadas. Para a prática do delito, Ângelo foi auxiliado por seu primo, Rubens, taxista, que o conduziu em 
seu veículo até o local da fiscalização, previamente acordado e consciente tanto da ação delituosa que seria 
empreendida quanto do fato de que Ângelo era funcionário público. Antes que os valores fossem entregues, o 
comerciante, atemorizado, conseguiu informar policiais militares acerca dos fatos, tendo sido realizada a prisão 
em flagrante de Ângelo. Se Ângelo for condenado pela prática do delito praticado contra a administração 
pública, não caberá a seguinte agravante, prevista em artigo do CP: Ter o agente cometido o crime com abuso 
de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão. 
 
14 - (FCC/2015/TJ-AL/JUIZ) - NÃO constitui crime praticado por particular contra a Administração em 
geral 
A) o tráfico de influência. 
B) a desobediência. 
C) a resistência. 
D) a advocacia administrativa. 
E) o desacato. 
 
15 – ( ) – (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/CONSULTOR LEGISLATIVO)- Em se tratando de 
crime de sonegação de contribuição previdenciária, comprovada a conduta típica, ilícita e culpável, deverá o 
juiz aplicar apenas a pena de multa ao agente, se este for primário e de bons antecedentes. 
 
16 – ( ) – (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/CONSULTOR LEGISLATIVO)- Classifica-se o crime 
de facilitação de contrabando ou descaminho como crime comum, uma vez que ele pode ser cometido por 
qualquer pessoa. 
 
17 – ( ) – (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/CONSULTOR LEGISLATIVO)- O agente que ilude 
o pagamento de tributo aduaneiro devido pela entrada ou pelo consumo de mercadoria pode incidir no crime de 
descaminho. Na hipótese de o tributo devido ser inferior ao mínimo exigido para a propositura de uma execução 
fiscal, o STF entende que a conduta é penalmente irrelevante, aplicando-se a ela o princípio da insignificância. 
 
18 – ( ) – (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/CONSULTOR LEGISLATIVO)- A conduta do agente 
que pratica navegação de cabotagem é típica, caracteriza o crime de contrabando e é punida com pena em dobro. 
 
19 – ( ) – (CESPE/2014/CÂMARA DOS DEPUTADOS/POLICIAL LEGISLATIVO)-Durante uma passeata na 
Esplanada dos Ministérios, um manifestante, logo após ter sido alertado por um agente da polícia legislativa de 
que deveria se afastar do local, arremessou pedras em direção ao Congresso Nacional, o que resultou na quebra 
de vidraças da Câmara dos Deputados. O manifestante foi preso em flagrante e, na delegacia, confessou a prática 
do delito. Com base na situação hipotética acima, julgue os itens seguintes, relativos à prova, à prisão preventiva 
e aos crimes previstos na parte especial do Código Penal. O fato de o manifestante não ter cumprido a ordem 
legal dada pelo agente de polícia legislativa não configura crime de desobediência, uma vez que a ordem não 
foi emitida por autoridade judiciária, o que constitui requisito específico do tipo penal. 
 
20 – ( ) – (CESPE/2014/PF/AGENTE) - Considere a seguinte situação hipotética. Carlos praticou o crime 
de sonegação previdenciária, mas, antes do início da ação fiscal, confessou o crime e declarou espontaneamente 
os corretos valores devidos, bem como prestou as devidas informações à previdência social. Nessa situação, a 
atitude de Carlos ensejará a extinção da punibilidade, independentemente do pagamento dos débitos 
previdenciários. 
 
 
 
 
105 
 
 
 
 
 
01.A 02.V 03.V 04.C 05.E 06.V 07.V 08.F 09.F 10.V 
11.V 12.F 13.V 14.D 15.F 16.F 17.V 18.F 19.F 20.V 
 
 
 
AULA06– DOS CRIMES CONTA O PATRIMÔNIO 
 
TÍTULO II 
CAPÍTULO I 
 
Preferiu-se a expressão patrimônio, abandonando-se a referência a propriedade que constava em códigos 
anteriores e evidentemente se mostrava inadequada. Juridicamente, entende-se por patrimônio o complexo de 
relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis em dinheiro ou com certa expressão econômica. É uma universitas 
iuris, ou seja, uma universidade de direitos tratado como unidade abstrata e distinta dos elementos que a 
compõem. Acrescente-se ao conceito de patrimônio a ótica privada que dá ênfase ao aspecto econômico 
traduzindo por ser um complexo de bens, através dos quais o homem satisfaz suas necessidades. 
 
FURTO 
 
Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia (é aquela que tem dono) móvel (pode 
ser transportada) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno 
(somente aplicado ao furto simples). 
 
Conceito: Furto é a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem, com o fim de assenhoramento 
definitivo. Somente as coisas móveis, possíveis de serem transportadas de um lugar para outro, podem ser 
objetos do crime de furto (incluindo-se os semoventes). 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa, exceto o dono, porque o tipo exige que a coisa seja alheia. 
Sujeito Passivo: É sempre o dono e, eventualmente, o possuidor ou detentor que sofre algum prejuízo. 
Consumação: Em conformidade com o STF e o STJ, “o delito de furto consuma-se com a simples posse, 
ainda que breve, da coisa alheia móvel subtraída clandestinamente, sendo desnecessário que o bem saia da esfera 
de vigilância da vítima e tampouco que a posse tenha sido mansa e pacífica” (STJ, Resp. 899.482/RS, DJ 
29.10.2007). No mesmo sentido: STJ, HC 99761/MG, rel. Min. Og Fernandes, Dje 06.10.2008; STJ, Resp. 
939837/RS, rel. Min. Jorge Mussi, DJe 01.06.2009; STF, HC 89.389/SP, rel.a Min.a Ellen Gracie, 27.05.2008. 
A Doutrina Clássica desenvolveu quatro teorias, basicamente, para tentar explicar a consumação no crime 
de furto: 
a) Concretatio – Bastaria tocar a coisa para que o furto se consumasse (majoritária hoje no STF e 
STJ, conforme explicado acima). 
b) Apprehensio rei – Bastaria que o agente segurasse a coisa para que o delito restasse consumado. 
c) Amotio – O furto se consumaria com o deslocamento da coisa para outro lugar, ainda que sem a 
posse mansa e pacífica sobre a coisa. 
 
 
106 
 
d) Ablatio – O agente deveria transportar a coisa para outro local, devendo obter a posse mansa e 
pacífica sobre a coisa. 
 
 O STJ trata as teorias da apprehensio e da amotio como sinônimas. 
 
No Brasil, no passado, foi adotada a teoria da posse mansa e pacífica (o furto só se consuma 
quando o agente tem a posse tranquila). 
 
Entretanto, atualmente, o STF adota a TEORIA DA INVERSÃO DA POSSE. Para ela, não basta 
o agente se apoderar do bem, mas também NÃO se exige a posse mansa e pacífica (HC 113.565). 
Assim, no momento em que o agente se apodera do bem, ocorre a inversão da posse e se a coisa é 
retirada, ainda que momentaneamente, da esfera de vigilância da vítima, está consumado o crime de 
furto. 
 
✓ O STJ adora a teoria da amotio ou apprehencio (sinônimos)– basta se APODERAR 
DO BEM, ainda que este não seja retirado da esfera de vigilância da vítima. 
 
✓ Para qualquer das teorias, o furto estará consumado se o agente destrói ou inutiliza 
o bem. 
 
✓ Segundo o STJ (REsp 1.524.450), "consuma-se o crime de furto com a posse de 
fato da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição 
ao agente, sendo PRESCINDÍVEL a posse mansa e pacífica ou desvigiada." 
 
Tentativa: É possível, até mesmo na forma qualificada, com exceção do § 5o do art. 155 do Código Penal. 
Furto de Uso: O simples fato de subtrair coisa alheia móvel não é suficiente para configurar o furto. É 
necessário que o agente tenha intenção de tê-la para si ou para outrem, razão pela qual o furto de uso é 
considerado, como regra, fato atípico. Se a coisa é subtraída para satisfazer pretensão legítima, o crime é o de 
exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP). O dissenso do possuidor é indispensável para 
caracterização do furto. 
Concurso de Crimes: Nada impede o concurso material e formal do furto com outro ilícito. Sendo comum 
também o reconhecimento do crime continuado, salvo entre furto e roubo, nem entre furto e estelionato. 
Entretanto, quando o bem subtraído for comum a duas ou mais pessoa deve considerar crime único, mesmo 
sendo aparentemente, vários possuidores ou proprietário, e o delito ocorre em uma única conduta de subtração 
(concurso formal). Além disso, temos de ter cuidado para não esquecer os princípios básicos da consunção, 
segundo os processualistas germânicos: FATO ANTERIOR OU POSTERIOR IRRELEVANTE, quando ambos 
os delitos violam o mesmo bem jurídico tutelado. Caracterizada o delito-meio, arrosta-se ao princípio da 
insignificância ou da denominada criminalidade de bagatela, de modo a não merecer censura penal. 
Continuidade Delitiva - não é admissível entre furto e roubo, porque esses delitos, embora da mesma 
natureza, não são, da mesma espécie, pois inexiste identidade de conteúdo especifico entre os dois crimes. 
Poderá ocorre entre furto simples e qualificado, posto que não há mudança do “nomem júris”. O STF não possui 
definição a respeito deste faro, tendo algumas vezes reconhecido à continuidade delitiva entre furto e roubo, 
alegado que, se são da mesma espécie para efeito da reincidência especifica, também o devem ser para efeito de 
continuação, posto que, são espécies de um gênero, já que comum o bem tutelado. É sabido que, dentre os 
requisitos essenciais para o reconhecimento da continuidade delitiva, está o de que os crimes havidos em regime 
de crime único devem pertencer à mesma espécie. Contudo, devem ser considerados da mesma espécie os crimes 
que se assemelhem pelos seus elementos objetivos e subjetivos, caso do delito de furto e do roubo, posto que 
têm o mesmo conteúdo, carecendo de significação os elementos meramente acidentais. 
 
 
107 
 
 
Repouso Noturno 
 
O §1° prevê a majorante no caso de o crime ser praticado durante o repouso noturno (aumenta-se de 1/3). 
Há divergência doutrinária a respeito da aplicação desta majorante. Uns entendem que se aplica em qualquer 
caso, desde que seja durante o período de repouso noturno. Outros entendem que só se aplica se estivermos 
diante de furto em residência habitada. O STJ entende que se aplica ainda que se trate de residência desabitada 
ou estabelecimento comercial! O STJ sempre entendeu, ainda, que a majorante (repouso noturno) só se aplicaria 
ao furto SIMPLES. Entretanto, o entendimento mais recente é no sentido de que tal majorante pode ser aplicada 
também ao furto qualificado. 
 
Furto Privilegiado 
[...] 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a 
pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de 
multa. 
 
Para o STF e STJ, o fato do furto qualificado estar logo depois ao furto privilegiado, denuncia a intenção 
do legislador de só possibilitar a diminuição ou substituição da pena nos casos de furto simples ou furto noturno 
(INADMISSIBILIDADE DE FURTO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO). Entretanto, alguns tribunais 
estaduais tem permitido a aplicação do furto privilegiado ao furto qualificado. 
Recentemente, o STJ vem reconhecendo a possibilidade de crime de furto qualificado-privilegiado, até 
porque, a circunstância de situar-se o preceito benigno em parágrafo anterior ao que define o furto qualificadonão afasta o favor legal dessa espécie delituosa. No furto privilegiado, não há impedimento que as circunstancias 
objetivas concorram com as circunstancias também objetivas da qualificadora. 
 
Súmula 511 - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos 
de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da 
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 
 
Se o valor do bem é acima de 10% do salário mínimo vigente na época, o STJ tem negado a aplicação 
do princípio da insignificância. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1558547/MG, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, julgado em 19/11/2015. 
 
Equiparação a Coisa Móvel 
 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. 
 
✓ A energia elétrica equipara-se a coisa móvel; 
✓ O impulso telefônico equipara-se a energia e pode ser objeto de furto; 
✓ Quanto ao sinal de TV por assinatura há intensa polêmica, inclinando-se a jurisprudência pela negativa. 
 
A ligação clandestina de TV a cabo passou por inúmeras peregrinações jurisprudenciais, algumas 
confirmando a ocorrência do ilícito, outras rejeitando. Até que a 2ª Turma do STF, em apreciação de HC que 
discutia a ocorrência de furto de ligação clandestina de TV a cabo, que teve como relator o Min. Joaquim 
Barbosa, assim decidiu: 
 
“A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado 
pela prática do crime descrito no art. 155, § 3º, do CP (“Art. 155 – Subtrair, para si ou para 
outrem, coisa alheia móvel: … § 3º – Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer 
outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. 
Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade 
 
 
108 
 
da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser 
considerada penalmente típica”. (HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011). 
 
Furto Qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo 
ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha 
a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável 
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração (Incluído 
pela Lei nº 13.330, de 2016) 
 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias 
explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem 
ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 
✓ A destruição ou rompimento de obstáculo: Ocorre quando o agente inutiliza, desfaz, 
desmancha obstáculo que visa impedir a subtração, bastando a destruição total ou parcial. 
Não há qualificadora quando o rompimento é parte da coisa subtraída e não obstáculo á sua 
subtração. Neste caso, se o ladrão, para entrar em uma residência, consegue tirar uma porta 
sem danifica-la, não haverá a qualificadora. Caso o ladrão furte os faróis de um automóvel, 
mesmo que para retira os faróis ele danifique um pouco a lataria do carro, pelo entendimento 
dominante, será furto simples, pois os parafusos e similares que prendem os faróis, não 
configuram obstáculo para a subtração da coisa. Para o professor Weber Martins será furto 
qualificado, tanto arrombar a porta como o vidro. Exemplo 01: Individuo entrou em casa e 
furtou um cofre. Já em sua casa, o indivíduo arromba o cofre e tira os valores contidos. O 
furto é simples, pois só arrombou o cofre fora da casa. Caso ele tivesse arrombado o cofre 
dentro da casa, ai sim, seria furto qualificado. Exemplo 02: Individuo entrou em uma casa 
cuja porta só estava encostada. Entrou e subtraiu um objeto. Assim que entrou, a porta se 
fechou e ele não conseguiu mais abri-la. Para sair teve que arrombá-la. O entendimento 
dominante é no sentido de que será furto qualificado. O entendimento minoritário é no sentido 
de que será furto simples, pois o arrombamento teria que ter sido antes do furto. À lei não diz 
isso! 
 
✓ Furto com abuso de confiança: ocorre quando o agente aproveita a menor proteção 
dispensada pelo sujeito a coisa diante da confiança que lhe é depositada. Geralmente são 
furtos praticados por empregados, sendo indispensável que seja provado a existência de 
especial confiança neles depositada. Exemplo: Funcionário de supermercado que furta 
dinheiro do caixa. Não há qualquer relação de confiança. O furto será simples. O mesmo diga-
se com relação à prevalência da relação de hospitalidade, que também exige a demonstração 
da confiança da vítima, ou seja, inquestionável vinculo de amizade, podendo substituir-se ao 
dono. O abuso de confiança, precisa ser comprovado, não podendo ser presumido, devendo 
ainda, está ter servido para facilitar a execução do furto. 
 
✓ Furto com fraude: A fraude é utilizada como meio enganoso, embuste, ardil, pelo agente 
para subtrair a coisa alheia, incidindo sobre a vítima. Exemplo: Individuo entra em uma loja. 
Para distrair o dono da mesma leva um objeto, pede que vá apanhar uma mercadoria que sabe 
estar no fundo do estabelecimento comercial. Pega o objeto que deseja e vai embora. Será 
furto mediante fraude. Exemplo: entregador de pizza pede um copo de água e, no momento 
 
 
109 
 
em que a pessoa vai pegar, ele furta um objeto e vai embora. Não chega, porém, a se 
configurar, se o agente aproveitou de descuidos normais da vítima. Finalmente, o engano 
deve anteceder o apossamento da coisa e foi em virtude dele que a coisa foi entregue ao 
agente, sem subtração, teremos estelionato. 
 
✓ Furto mediante escalada: É o acesso à coisa por meio difícil, incomum, que requer 
desforço físico. Exemplo: Entrar em uma casa pelo telhado. Cavar túnel para furtar banco, 
equipara-se à escalada. Transpor um muro ou janela, deste que não seja baixo, ocasião em 
que teremos furto simples. Exige-se que o agente utilize instrumentos ou atue com agilidade 
para vencer o obstáculo. 
 
✓ Furto com destreza: Exige-se especial habilidade. É o caso do batedor de carteira. Se o 
ladrão é facilmente notado quando vai meter a mão no bolso da vítima, vindo a ser preso 
naquele momento, na realidade não haverá a destreza, sendo tentativa de furto simples. Caso 
a vítima não perceba o furto diante da destreza do agente, mas terceiro nota a conduta delitiva, 
existe a qualificadora. 
 
✓ Furto com emprego de chave falsa: Significa abrir uma porta com qualquer ferramenta ou 
qualquer dispositivo que não seja a verdadeira chave. Exemplo: Levo chave a o chaveiro para 
fazer uma cópia, e pratico o furto com ela. Será chave falsa. Caso a chave falsa seja utilizada 
para ignição de automóvel, não existe a qualificadora, pois só se verifica quando é utilizada 
externam ente à “res furtiva”, vencendo o agente o obstáculo propositadamente colocado para 
protegê-la. 
 
✓ Furto mediante concurso de pessoas: A participação de duas ou mais pessoas (participe 
ou coautores), que denota maior periculosidadedos concorrentes, qualifica o furto. Está 
incluído no número de colaboradores o menor, o inimputável e aquele que, comprovada sua 
existência, não é identificado. Não exige a lei, aliás, um acordo prévio entre os autores 
(Mirabete). Entretanto, o STJ só admite a qualificadora, se pelo menos, os coparticipantes 
tenham uma consciente combinação de vontade na ação conjunta, ou seja, nexo subjetivo 
entre a atuação individual e o fato delituoso. 
 
Cabe lembrar: 
 
Súmula 442 do STJ 
 É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. 
 
 
Princípio da insignificância se aplica a furto de celular, decide Supremo em 
maio de 2017. 
 
Caso não esteja caracterizada grave ameaça ou violência, o furto de um telefone celular 
pode ser enquadrado no princípio da insignificância. O entendimento é da 2ª Turma do Supremo 
Tribunal Federal, que reformou decisão do Superior Tribunal de Justiça e concedeu, nesta terça-
feira (16\5), Habeas Corpus para trancar ação penal contra um homem que furtou um aparelho 
de R$ 90. 
A 5ª Turma do STJ havia determinado a execução da pena sob a alegação de que o 
objeto tem um custo superior a 10% do salário mínimo da época e por se tratar de um réu 
reincidente. A tese era defendida pelo Ministério Público Federal. O voto do relator do caso no 
STF, ministro Ricardo Lewandowski, foi em sentido contrário, no que foi acompanhado por 
todos os magistrados do colegiado. 
 
Reclusão e multa 
 
 
110 
 
O fato ocorreu em Minas Gerais. No Tribunal de Justiça do estado, o réu foi condenado 
a 1 ano de reclusão e 10 dias-multa, mas a defesa interpôs uma apelação e conseguiu absolver 
Costa. A acusação, então, entrou com recurso especial no STJ e reverteu a decisão. Após a corte 
negar provimento a um recurso interno, a defesa recorreu ao STF. 
Neste caso, mais uma vez a tese de que a reincidência, por si só, não impede a aplicação 
do princípio da insignificância em casos de crimes de menor potencial ofensivo venceu. Em seu 
voto, Lewandowski afirmou que outros casos similares foram julgados pelo Supremo da mesma 
forma, além de alegar que há "existência de manifesto constrangimento ilegal" no caso. 
“Destarte, ao perceber que não se reconheceu a aplicação do princípio da 
insignificância, tendo por fundamento uma única condenação anterior, na qual o ora paciente 
foi identificado como mero usuário, entendo que ao caso em espécie, ante inexpressiva ofensa 
ao bem jurídico protegido, a ausência de prejuízo ao ofendido e a desproporcionalidade da 
aplicação da lei penal, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta”, explicou o relator. 
 
HC 138.697 
 
 
Importante: 
 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente 
domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da 
subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
STJ - Sexta Turma - TENTATIVA. FURTO. QUALIFICADORA. 
Discute-se, no crime de tentativa de furto, se o rompimento de obstáculo (quebra do vidro de 
veículo para subtrair aparelho de som) tipifica o delito de furto qualificado e, se reconhecido tal 
rompimento, a pena aplicada fere o princípio da proporcionalidade. Para o Min. Relator, o 
rompimento de porta ou vidro para o furto do próprio veículo é considerado furto simples. 
Não seria razoável reconhecer como qualificadora o rompimento de vidro para furto de 
acessórios dentro de carro, SOB PENA DE RESULTAR A QUEM SUBTRAI O PRÓPRIO 
VEÍCULO MENOR REPROVAÇÃO. Assevera, assim, que, nos casos como dos autos, 
considerar o rompimento de obstáculo como qualificadora seria ofender o princípio da 
proporcionalidade da resposta penal, que determina uma graduação de severidade da pena em 
razão da prática do crime, apesar de a jurisprudência deste Superior Tribunal considerá-la como 
qualificadora. Com esse entendimento, a Turma, por maioria, concedeu a ordem de habeas corpus 
. Precedentes citados: AgRg no REsp 983.291-RS , DJe 16/6/2008, e REsp 1.094.916-RS , DJ 
13/10/2009. HC 152.833-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 5/4/2010. 
 
Semovente é a definição jurídica dada ao animal criado em grupos 
(bovinos, suínos, caprinos etc.) que integram o patrimônio de alguém, passíveis, 
portanto, de serem objetos de negócios jurídicos. A lei claramente não abrange os 
animais selvagens, mas somente os domesticáveis, mesmo que já abatidos ou 
divididos em partes. Os animais devem ser, ainda, de produção, isto é, preparados 
para o abate e comercialização. Não abrange apenas os quadrupedes, mas também 
os bípedes e ápodes (animais desprovidos de membros locomotores, como répteis). 
Crime de Abigeato: Trata-se de crime de furtos envolvendo animais do 
campo, destacando entre esses o gado. Tem por característica o fato de ser 
sempre praticado durante o período noturno, haja vista que a escuridão ou a 
pouca vigilância acaba por facilitar a execução do delito e também tornar difícil 
a identificação do agente praticante. 
 
 
111 
 
Emprego de explosivo no crime de furto 
 
A nova lei insere no art. 155 duas novas circunstâncias qualificadoras, estabelecidas nos §§ 4º-A e 7º. De 
acordo com o § 4º-A, a pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos – além da multa – se o furto é cometido 
com emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Temos visto, já há alguns anos, a 
multiplicação de condutas nas quais criminosos – normalmente em grupos – utilizam artefatos explosivos para 
romper os cofres de caixas eletrônicos – instalados em bancos ou em estabelecimentos comerciais – e subtrair 
as cédulas neles depositadas. 
Além de causar vultosos prejuízos em virtude não só dos valores subtraídos, mas também dos danos 
materiais causados nos estabelecimentos e muitas vezes até em imóveis vizinhos, esta espécie de conduta é 
particularmente grave em razão da exposição da vida e da integridade física das pessoas a perigo. Com efeito, 
ainda que não se trate de uma forma de ameaça pessoal direta – pois, se assim fosse, caracterizar-se-ia o crime 
de roubo –, o furto praticado com o emprego de engenho explosivo pode causar danos que vão muito além da 
esfera financeira. 
 
Furto qualificado (art. 155 do CP) x crime de explosão (art. 251 do CP) 
 
Aos autores desta conduta vinham sendo imputados, normalmente, os crimes de furto qualificado pelo 
rompimento de obstáculo e de explosão majorada pelo fato de o crime ter sido cometido com intuito de obter 
vantagem pecuniária. Além disso, imputavam-se – caso as circunstâncias o permitissem – os crimes de 
associação criminosa ou de organização criminosa. Embora pudesse haver alguma divergência a respeito da 
possibilidade de imputar os crimes em concurso, era o que vinha prevalecendo. O Ministério Público de São 
Paulo, por exemplo, tem tese no sentido da aplicação do concurso formal impróprio (tese 383). 
A partir de agora – independentemente da orientação antes adotada – o concurso entre os delitos de furto 
e de explosão deixa de existir para ceder lugar à qualificadora. E, neste ponto, se considerarmos que antes se 
aplicava o concurso formal impróprio, é possível apontar um deslize do legislador. Isto porque, antes, somando-
se as penas do furto qualificado e da explosão majorada, resultava o mínimo de seis anos de reclusão (caso se 
tratasse, como normalmente ocorria, de dinamite ou de substância de efeitos análogos), mas a nova lei comina 
à qualificadora pena mínima de quatro anos, consideravelmente mais branda. 
Conclui-se, portanto, que as novas disposições resultam numa punição menos severa em relação àquela 
que vinha sendo praticada, o que atrai as disposiçõesdo art. 2º, parágrafo único, do Código Penal, segundo as 
quais “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. Dessa forma, o agente condenado pelo crime de 
furto qualificado em concurso formal impróprio com a explosão majorada pode ser beneficiado pela 
retroatividade benéfica da nova qualificadora. 
 
Furto qualificado (art. 155 do CP) x posse ou emprego de artefato explosivo (art. 16, parágrafo 
único, III, Estatuto do Desarmamento) 
 
Pune-se mais gravemente – como já observamos – o furto cometido com emprego de explosivo ou de 
artefato análogo que cause perigo comum. Explosivo – cuja definição é dada pelo art. 3º, inciso LI, do Decreto 
3.665/00 – é, no geral, de acordo com o que se vê na prática, o engenho de dinamite, composto por nitroglicerina 
e dotado de elevada sensibilidade, o que acaba facilitando seu emprego nas subtrações de que estamos tratando. 
Ocorre que o art. 16, inciso III, da Lei 10.826/03 tipifica a posse, a detenção, a fabricação e o emprego de 
artefato explosivo ou incendiário sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, o 
que nos faz indagar a respeito da caracterização do concurso de delitos. 
Imaginemos, com efeito, que um grupo criminoso tenha adquirido dinamite para em seguida empregá-la 
no furto de caixas eletrônicos em uma agência bancária. A posse da dinamite deve ser imputada em concurso 
com o furto qualificado pelo emprego do artefato, ou este último absorve o primeiro? A nosso ver, desde a 
edição da Lei 13.497/17 – que tornou hediondo o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento –, é inadequado 
 
 
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aplicar o princípio da consunção para que o crime patrimonial absorva o crime hediondo, razão pela qual devem 
ser aplicadas as regras relativas ao concurso de delitos. 
 
Coexistência de qualificadoras no furto 
 
O crime de furto no qual se utiliza um artefato explosivo traz em si, necessariamente, o rompimento de 
obstáculo. É a existência do obstáculo, afinal, que torna necessária – ou ao menos conveniente – a explosão que 
abre o caminho para a subtração. Neste caso, concorrem duas qualificadoras do furto: a do rompimento de 
obstáculo e a do emprego do artefato explosivo, mas apenas esta última deve ser considerada com a natureza de 
qualificadora, pois é a circunstância mais grave. O rompimento de obstáculo – assim como, eventualmente, a 
escalada e o concurso de pessoas – deve ser considerado na qualidade de circunstância judicial, no momento em 
que se aplica a pena-base, que parte da qualificadora mais grave. 
 
Furto qualificado x majorante do repouso noturno 
 
Aplica-se, ademais, a causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno. A grande maioria dos furtos 
em agências bancárias mediante o uso de explosivos ocorre durante a noite, quando os estabelecimentos estão 
fechados e poucas pessoas circulam pelas ruas. É no período noturno, portanto, que os agentes aproveitam a 
falta de vigilância interna e externa para praticar o crime com mais facilidade, o que justifica o aumento, que, 
ademais, vem sendo já há algum tempo admitido pelos tribunais superiores sobre as qualificadoras do § 4º do 
art. 155: 
“1. Segundo o entendimento jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça, a causa de aumento 
tipificada no § 1º do art. 155 do Código Penal, referente ao crime cometido durante o repouso noturno, é aplicável 
tanto na forma simples como na qualificada do delito de furto. 2. A causa de aumento prevista no § 1.° do art. 
155 do Código Penal, que se refere à prática do crime durante o repouso noturno – em que há maior possibilidade 
de êxito na empreitada criminosa em razão da menor vigilância do bem, mais vulnerável à subtração –, é 
aplicável tanto na forma simples como na qualificada do delito de furto” (STJ: AgRg no REsp 1.708.538/SC, 
DJe 12/04/2018). 
“1. Não convence a tese de que a majorante do repouso noturno seria incompatível com a forma 
qualificada do furto, a considerar, para tanto, que sua inserção pelo legislador antes das qualificadoras (critério 
topográfico) teria sido feita com intenção de não submetê-la às modalidades qualificadas do tipo penal 
incriminador. 2. Se assim fosse, também estaria obstado, pela concepção topográfica do Código Penal, o 
reconhecimento do instituto do privilégio (CP, art. 155, § 2º) no furto qualificado (CP, art. 155, § 4º) -, como se 
sabe, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a compatibilidade desses dois institutos. 3. Inexistindo vedação 
legal e contradição lógica, nada obsta a convivência harmônica entre a causa de aumento de pena do repouso 
noturno (CP, art. 155, § 1º) e as qualificadoras do furto (CP, art. 155, § 4º) quando perfeitamente compatíveis 
com a situação fática” (STF: HC 130.952/MG, DJe 20/02/2017). 
 
 Subtração de explosivo ou de acessórios 
 
A Lei 13.654/18 inseriu também no art. 155 o § 7º, que pune com reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez anos) 
– além da multa – a subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. Trata-se, portanto, de punir com mais gravidade a subtração 
do próprio explosivo e de acessórios, independentemente de sua utilização. 
A aquisição de explosivos por criminosos que se dedicam a praticar furtos mediante o uso desses artefatos 
pode ocorrer de diversas formas. É possível que um grupo criminoso faça a aquisição de forma clandestina. Há 
notícias, por exemplo, de condenação de militares que promoviam a venda ilegal de explosivos a associações 
criminosas dedicadas à subtração de caixas eletrônicos. 
Mas é também comum a subtração que vitima quem armazena os explosivos de forma legal. Em tais 
casos, é possível que a subtração se dê tanto pelo próprio grupo que utilizará os explosivos posteriormente quanto 
por criminosos que atuam somente com a finalidade de suprir a demanda dos furtadores. No primeiro caso, não 
há nenhum óbice ao concurso de crimes, ou seja, a imputação deve ser relativa ao furto qualificado do explosivo 
em concurso material com o furto qualificado pelo emprego do explosivo antes subtraído. Trata-se, 
evidentemente, de condutas absolutamente distintas, que atingem patrimônios diversos e que, portanto, não se 
podem confundir. 
 
 
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Furto de Coisa Comum 
 
Furto de coisa comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente 
a detém, a coisa comum: 
 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem 
direito o agente. 
 
 
Conceito: Quando a subtração é de coisa comum, praticada por condômino, coerdeiro ou sócio, a pena é 
menor (6 meses a 2 anos, ou multa) e a ação penal só se procede mediante representação. Não constitui crime a 
subtração de coisa comum fungível, desde que o valor não exceda a cota parte a que tem direito o agente. 
 
 
 Princípio da insignificância 
A coisa móvel alheia deve ter um valor econômico, afetivo ou de uso. Importa apenas que 
a coisa esteja incluída no acervo patrimonial de alguém, a vítima, para que seja considerada objeto 
do furto. 
Não significa que somente as coisas valiosas estejam protegidas, até porque seu valor é 
relativo. O que não tem valor para alguém pode ter para outro. Fotografias de ente querido já 
falecido ou que retratam eventos importantes na vida da pessoa, mesmo nada valendo para outros, 
é um bem patrimonial protegido pelo Direito. 
O que o Direito Penal não protege é a lesão insignificante, ínfima, inexpressiva, irrelevante,

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