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APOSTILA RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

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1
CURSO TÉCNICO EM 
ADMINISTRAÇÃO
Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
CURSO TÉCNICO EM 
ADMINISTRAÇÃO
RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
RESPONSABILIDADE 
SOCIOAMBIENTAL
CURSO TÉCNICO EM
ADMINISTRAÇÃO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO…………………………………………………..……………………………………………... 4
1 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DOS TEMPOS……………………………………………….. 5
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO ECONÔMICO………………………………... 7
2.1 O que é desenvolvimento sustentável?…………………………………………………………………. 7
2.2 O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?…………………………….. 7
2.3 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?…………… 8
2.4 Desenvolvimento ou crescimento econômico?………………………………………………………… 8
2.5 Crescimento x desenvolvimento sustentável………………………………………………………….. 10
3 EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS……………………………………………………………... 12
3.1 Efeito estufa…………………………………………………………………………………………………. 12
4. 3R’S – REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR……………………………………………………………….. 14
4.1 Reduzir………………………………………………………………………………………………………… 14
4.2 Reutilizar……………………………………………………………………………………………………… 14
4.3 Reciclar………………………………………………………………………………………………………... 15
4.4 Repensar e recusar: Existem mais dois R's que completam a sustentabilidade!………………… 16
5 LOGÍSTICA REVERSA…………………………………………………………………………………………. 17
5.1 Logística Reversa - O caminho para a sustentabilidade……………………………………………… 18
6 DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO………………………………………... 20
6.1 Gerenciamento das águas potáveis……………………………………………………………………… 20
6.2 Renovação de sólidos e líquidos………………………………………………………………………….. 20
6.2.1 Resíduos sólidos…………………………………………………………………………………………... 20
6.2.2 Resíduos líquidos………………………………………………………………………………………….. 21
6.3 Contaminação do solo………………………………………………………………………………………. 23
6.4 Gerenciamento da qualidade do ar………………………………………………………………………. 25
6.4.1 Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente…………………………………….. 26
6.5 Consumo de energia elétrica……………………………………………………………………………… 26
6.5.1 Fontes de energia…………………………………………………………………………………………. 28
6.5.1.1 Energia Renováveis e Não Renováveis……………………………………………………………… 28
6.5.1.2 Fontes de Energia Primárias e Secundárias………………………………………………………... 29
6.5.1.3 Fontes de Energia no Brasil e no Mundo……………………………………………………………. 29
7 A PREOCUPAÇÃO GLOBAL COM O TEMA………………………………………………………………… 31
7.1 A ONU e o meio ambiente………………………………………………………………………………….. 31
2Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
7.2 CLIMA: Protocolo de Kyoto………………………………………………………………………………... 32
7.2.1 Mecanismos e medidas…………………………………………………………………………………… 33
7.2.2 Assinaturas e ratifcações……………………………………………………………………………….. 34
7.2.3 Certifcados de carbono………………………………………………………………………………….. 35
7.2.4 As discussões prosseguem………………………………………………………………………………. 36
7.3 COP – Conferência Mundial do Clima……………………………………………………………………. 36
8 O BRASIL NO DEBATE: ECO-92 E RIO+20…………………………………………………………………. 38
8.1 Conferência Rio-92 sobre o meio ambiente do planeta: desenvolvimento sustentável dos
países………………………………………………………………………………………………………………. 38
8.2 Rio+20…………………………………………………………………………………………………………. 39
9 PREJUÍZOS POR NEGLIGENCIAR…………………………………………………………………………… 41
10 A ISO……………………………………………………………………………………………………………. 49
10.1 ISO 14001 e a sustentabilidade………………………………………………………………………….. 46
10.2 ISO 26000 e o desenvolvimento sustentável…………………………………………………………. 47
10.2.1 Histórico de construção………………………………………………………………………………… 47
10.2.2 Propósitos………………………………………………………………………………………………… 48
11 A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS QUE EVIDENCIAM A
RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS…………………………………………………………….. 50
11.1 Inclusão social……………………………………………………………………………………………… 50
11.2 Responsabilidade social empresarial…………………………………………………………………... 51
12 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS……………………………………. 57
13 O MEIO AMBIENTE COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS………………………………………… 65
13.1 Ecoefciência………………………………………………………………………………………………... 65
13.2 Benefícios da produção e consumo sustentável……………………………………………………... 66
13.3 Negócios sustentáveis……………………………………………………………………………………. 66
13.4 Econegócios, Ecoturismo e Educação Ambiental…………………………………………………….. 66
14 RESUMINDO…………………………………………………………………………………………………... 70
REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………………………………. 71
3Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
APRESENTAÇÃO
Nesta disciplina serão discutidas as diferentes responsabilidades que vêm
sendo atribuídas às organizações na atualidade, sobretudo, às empresas, enfatizando-se
a articulação entre seu tradicional papel produtivo e suas relações.
Ao tratarmos de desenvolvimento, seja no âmbito individual, organizacional
ou societário, é inevitável falar em mudança. A mudança é parte da vida e sempre foi
intensa na história da humanidade. Nas últimas décadas, porém, transformações em
vários campos – conhecimentos, valores, tecnologias, clima, populações, padrões
produtivos e organizacionais – evidenciam a necessidade de redefnição de papeis,
relações e responsabilidades na sociedade.
Esperamos que você encontre, ao longo do percurso desta disciplina,
oportunidades de enriquecimento de práticas e refexões relativas à responsabilidade
socioambiental. Tal percurso passa pelas ideias, pelas discussões com colegas e,
sobretudo, pela articulação disso tudo com suas experiências no seu cotidiano como
estudante, como profssional e como cidadão.
Bons estudos!
4Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
1 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DOS TEMPOS
A preocupação ambiental surgiu nas últimas décadas do século XX, essa
preocupação surge com uma crise de civilização, questionando a racionalidade e as
tecnologias dominantes da época; esse movimento ganha um impulso maior com a
Conferência Rio 92, onde pregava a diversidade e a igualdade nas relações da sociedade
e o combate a poluição, apoiando a preservação de recursos naturais.
Um dos aspectos mais importantes desse movimento foi mobilizar não só a
sociedade, mais os empresários visando uma maior efciência com uso das matérias-
primas utilizadas em seus processos produtivos, evitando assim, a ocorrência de maiores
impactos e (ou), danos ambientais. Com o aumento da conscientização na sociedade e a
exigência dos consumidores, o que obrigam as empresas a melhorarem sua forma de
atuar, modifcando os seus processos produtivos o que implica numa radical mudança de
atitude nas questões ambientais. 
Nessa radical mudança de atitude seria interessante não só os empresários mais como
toda a sociedade adotar em seu dia a dia o Desenvolvimento Sustentável, que visa suprir
as necessidades da geração atual sem comprometer as futuras gerações, sugerindo
qualidade em vez de quantidade. As empresas hoje são as principais responsáveis pelo
esgotamento e pelas alterações que vem ocorrendo em nossos recursos naturais, de
onde vêm às matérias-primas que serão utilizadas para a fabricação de seus bens. 
Nos processos industriais os recursos naturais são empregados muitas vezes,
de maneira inefciente, gerando resíduos de todo tipo e classe, que contaminam o meio
ambiente e afeta a saúde humana, podendo provocar a escassez de recursos naturais.
Segundo Hardin (1968), o homem descobre que sua parte dos custos dos desperdícios
que descarrega no meio ambiente é muito menor que o custo de tratá-los.
Esses custos ambientais podem ser causados por impactos que afetam
negativamente o bem-estar de outras pessoas, que não possua nenhuma relação com
quem gera. O lixo acaba se tornando um grande problema paraa sociedade, pois nem
sempre são tomados os devidos cuidados para que se aproveite de maneira mais
efciente através da reciclagem, que é um conjunto de técnicas que tem por fnalidade
5Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
aproveitar os detritos que foram gerados.
É possível dizer que a reciclagem é um termo originalmente utilizado para
indicar o reaproveitamento ou a reutilização do que se tornariam lixo ou estão no lixo
para serem utilizados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. São vários
os benefícios que podem ser obtidos pelas empresas ao reduzirem os resíduos lançados
no meio ambiente e adotarem um mecanismo de controle de poluição.
Enfm, com essa nova postura as empresas estarão começando a se preocupar
com o meio ambiente, com a saúde e segurança do trabalhador, como também, com a
responsabilidade social, mostrando que é possível conserva os recursos naturais,
mantendo a capacidade do desenvolvimento e as necessidades das futuras gerações.
6Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO ECONÔMICO
2.1 O que é desenvolvimento sustentável?
A defnição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a
capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que
não esgota os recursos para o futuro.
Essa defnição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de
harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental.
2.2 O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento 
e do reconhecimento de que os recursos naturais são fnitos.
Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico,
que leva em conta o meio ambiente. 
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico,
que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de
desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos
naturais dos quais a humanidade depende. 
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de
recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a
diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de
quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da
reutilização e da reciclagem.
7Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
2.3 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o
caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo
porque não seria possível.
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades
do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10
vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. 
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é
preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados.
Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido
marcados por disparidades.
Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da
população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e
consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.
2.4 Desenvolvimento ou crescimento econômico?
Toda vez que comparamos a situação econômica de diferentes países nos vêm
à cabeça o crescimento e o desenvolvimento econômico. São temas de grande relevância
principalmente no que tange ao planejamento macroeconômico. É assunto instigante
debatido entre as diversas correntes do pensamento econômico. Mas o que é
desenvolvimento econômico? Qual sua real importância e o que é necessário para sua
realização?
Muitas pessoas confundem desenvolvimento com crescimento econômico. O
crescimento econômico refere-se ao crescimento quantitativo do produto agregado. Ou
seja, é um indicador de quanto variou, em termos quantitativos, o PIB (Produto Interno
Bruto) em determinado período de tempo.
8Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Já desenvolvimento econômico vai mais além. Este conceito está atrelado às
mudanças qualitativas nas condições de vida da sociedade, na qualidade e efciência das
instituições e também das estruturas produtivas do País. Visa ainda, como principal
elemento, a melhoria no nível de bem-estar. Pensar em desenvolvimento econômico é
pensar em modernidade, em mão de obra qualifcada e valorizada, em inovações
tecnológicas produzidas por empresas domésticas, em efciência da estrutura produtiva
e também governamental.
O desenvolvimento econômico implica em mudanças no quadro político,
institucional, econômico e social. Ou seja, exige-se mudanças estruturais. Acima de tudo,
tais mudanças devem ter como principal objetivo a melhoria do nível de bem-estar da
sociedade e, principalmente, a redução da pobreza.
As crises econômicas agravam os problemas da miséria, da pobreza e das
questões sociais. O empobrecimento da população desestrutura o sistema social. São
nestes momentos que nas economias em desenvolvimento e emergentes observa-se o
aumento dos indicadores de criminalidade, do nível de desnutrição, evasão escolar e
falta de perspectiva da população.
O desenvolvimento econômico depende do crescimento econômico. Este
último deve gerar condições para o aumento do nível real de renda per capita. Só assim é
possível a população mais carente conseguir melhorar o padrão de vida, gerando
melhoria no nível de bem-estar da sociedade. Assim, o crescimento da economia é o fo
condutor para redução da pobreza.
Os países emergentes estão tendo difculdades para se adaptar aos preços
baixos das commodities. Estes países dependem das exportações de tais produtos. A
desaceleração da economia chinesa, além da lenta recuperação das economias
avançadas, difculta os países em desenvolvimento de crescerem e vislumbrarem
melhorias na redução do nível de pobreza.
O crescimento deve vir acompanhado da melhoria do nível de renda real da
população e não da concentração desta renda.
9Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Ao longo de muitos anos, a sociedade brasileira acompanhou a concentração
de renda em uma camada muito pequena da população, tornando, assim, o mercado
interno pequeno. Talvez este seja o principal motivo por não sermos desenvolvidos. Não
é o tamanho da população de um país que faz com que seu mercado seja grande, mas
sim a renda da população.
Estudos econômicos demonstram que em períodos de queda da atividade
econômica os assalariados e pequenos empresários são os mais afetados. Sendo,
portanto, o baixo crescimento econômico o principal motivo para a queda na renda per
capita no curto prazo. O desenvolvimento econômico está diretamente relacionado à
estabilidade e ao crescimento econômico e à efciência de suas instituições.
2.5 Crescimento x desenvolvimento sustentável
O crescimento econômico levou a degradação dos solos, dos mares, da fauna
e fora, criou um abismo entre pobres e ricos, e pode acarretar na perda da capacidade
de governar. Estes acontecimentos orientam a humanidade a um impasse estrutural
dramático.A relação entre crescimento x desenvolvimento social é fundamental para o
futuro da humanidade.
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas
Nações Unidas em 1987, surgiu para discutir meios de ter o desenvolvimento econômico
garantindo a conservação ambiental. Criando um desenvolvimento sustentável, a ideia é
de produzir o sufciente para garantir a necessidade da geração atual, sem prejudicar o
atendimento das necessidades das gerações futuras.
A diferença entre crescimento e desenvolvimento é que o crescimento não
leva a igualdade social, pois não se interessa com nada além da produção de riquezas. O
desenvolvimento também se preocupa com a geração de riquezas, mas tem o objetivo
de distribuí-la pela população e leva em consideração a qualidade ambiental do planeta.
10Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Para atingir o desenvolvimento sustentável, a participação da população é
indispensável. Existem seis aspectos que precisam ser atingidos para chegar ao objetivo:
a satisfação das necessidades básicas da população; preservação dos recursos naturais;
efetivação dos programas envolvidos; a elaboração de um sistema social que garanta
dignidade ao ser humano; solidariedade com as gerações futuras; e a participação da
população. É preciso conciliar as ações sociais para garantir um crescimento sustentável.
11Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
3 EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
3.1 Efeito estufa
Do total de raios solares que atingem o planeta, quase 50% fcam retidos na
atmosfera; o restante, que alcança a superfície terrestre, aquece e irradia calor. Esse
processo é chamado de efeito estufa.
Apesar de o efeito estufa ser fgurado como algo ruim, é um evento natural
que favorece a proliferação da vida no planeta Terra. O efeito estufa tem como
fnalidade impedir que a Terra esfrie demais, pois se a Terra tivesse a temperatura muito
baixa, certamente não teríamos tantas variedades de vida. Contudo, recentemente,
estudos realizados por pesquisadores e cientistas, principalmente no século XX, têm
indicado que as ações antrópicas (ações do homem) têm agravado esse processo por
meio de emissão de gases na atmosfera, especialmente o CO2.
O dióxido de carbono (CO2) é produzido a partir da queima de combustíveis
fósseis usados em veículos automotores movidos à gasolina e óleo diesel. Esse não é o
único agente que contribui para emissão de gases, existem outros como as queimadas
em forestas, pastagens e lavouras após a colheita.
Com o intenso crescimento da emissão de gases e também de poeira que vão
para a atmosfera, certamente a temperatura do ar terá um aumento de
aproximadamente 2ºC em médio prazo. Caso não haja um retrocesso na emissão de
gases, esse fenômeno ocasionará uma infnidade de modifcações no espaço natural e,
automaticamente, na vida do homem. Dentre muitas, as principais são:
• Mudanças climáticas drásticas, onde lugares de temperaturas extremamente
frias sofrem elevações e áreas úmidas enfrentam períodos de estiagem. Além disso, o
fenômeno pode levar áreas cultiváveis e férteis a entrar em um processo de
desertifcação.
• Aumento signifcativo na incidência de grandes tempestades, furacões ou
tufões e tornados.
12Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
• Perda de espécies da fauna e fora em distintos domínios naturais do
planeta.
• Contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e,
consequentemente, provocar uma elevação global nos níveis dos oceanos.
O tema "efeito estufa" é bem difundido nos mais variados meios de
comunicação do mundo, além de revistas científcas e livros, no entanto a explicação é
razoavelmente simples. Em razão de os gases se acumularem na atmosfera, a irradiação
de calor da superfície fca retida na atmosfera e o calor não é lançado para o espaço;
dessa forma, essa retenção provoca o efeito estufa artifcial. 
13Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
4. 3R’S – REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR
Também conhecido como os 3 Rs da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e
Reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre
consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de
vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável
(desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente). 
 
4.1 Reduzir
Se prestarmos atenção nas compras que realizamos no cotidiano e nos
serviços que contratamos, perceberemos que adquirimos muitas coisas que não
precisamos ou que usamos poucas vezes. Portanto, reduzir signifca comprar bens e
serviços de acordo com nossas necessidades para evitar desperdícios. O consumo
consciente é importante não só para o bom funcionamento das fnanças domésticas
como também para o Meio Ambiente.
Ações práticas para reduzir:
 
- Uso racional da água: não desperdiçar, tomar banhos curtos, não usar água
para lavar a calçada, fechar a torneira quando estiver escovando os dentes, não deixar
que ocorra vazamentos na rede de águas, etc.
 
- Economia de energia: usar aquecimento solar nas casas, apagar as lâmpadas
de cômodos desocupados, usar lâmpadas fuorescentes, usar o chuveiro elétrico para
banhos curtos, etc.
 
- Economia de combustíveis: fazer percursos curtos a pé ou de bicicleta. Gera
economia, faz bem para a saúde e ajuda e diminuir a poluição do ar.
 
4.2 Reutilizar
Jogamos muitas coisas no lixo que poderiam ser reutilizadas para outros fns.
Reutilizando, geramos uma boa economia doméstica, além de estarmos colaborando
14Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
para o desenvolvimento sustentável do planeta. Isto ocorre, pois tudo que é fabricado
necessita do uso de energia e matéria-prima. Ao jogarmos algo no lixo, estamos também
desperdiçando a energia que foi usada na fabricação, o combustível usado no transporte
e a matéria prima empregada. Sem contar que, se este objeto não for descartado de
forma correta, ele poderá poluir o meio ambiente. 
 
Vale lembrar que a doação também pode ser uma boa alternativa, pois outra
pessoa que necessita pode utilizar aquele objetivo que você não quer mais.
 
Ações práticas para reutilizar:
 
- Uma roupa rasgada pode ser costurada ou ser transformada em outra peça
(uma calça pode virar uma bermuda, por exemplo).
 
- Computadores, impressoras e monitores podem ser doados para entidades
sociais que vão utilizá-los com pessoas carentes.
 
- Potes e garrafas de plástico podem ser transformados em vasos de plantas.
 
- Folhas de papel com impressão em apenas um lado podem ser
transformadas em papel de rascunho, ao usar o lado em branco.
 
- Um móvel (armário, sofá, guarda-roupa, estante, escrivaninha, mesa, cadeira,
etc) quebrado não precisa ir parar no lixo. Eles podem ser consertados ou doados.
 
- A água usada para lavar roupa pode ser reutilizada para lavar o quintal.
 
- Com criatividade e embalagens, palitos e potes de plástico é possível criar
vários brinquedos interessantes.
 
4.3 Reciclar
A reciclagem é quase uma obrigação nos dias de hoje. O primeiro passo é
separar o lixo reciclável (plástico, metais, vidro, papel) do lixo orgânico. O reciclável deve
15Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
ser encaminhado para empresas ou cooperativas de trabalhadores de reciclagem, pois
serão transformados novamente em matéria-prima para voltar ao ciclo produtivo. Além
de gerar renda e emprego para pessoas que trabalham com reciclagem, é uma atitudeque alivia o Meio Ambiente de resíduos que vão levar anos ou séculos para serem
decompostos.
 
Ações práticas para reciclar:
 
• Fazer a coleta seletiva em casa;
• Encaminhar o lixo para empresas recicladoras – Garrafas de plástico, 
embalagens de produtos de limpeza e higiene, latinhas de ferro e alumínio, embalagens 
longa vida, jornais, revistas, folhetos, papéis e óleo vegetal podem ser reaproveitados;
• Preferir produtos reciclados.
4.4 Repensar e recusar: Existem mais dois R's que completam a sustentabilidade!
Para o Ministério do Meio Ambiente, mais dois R's fazem parte das ações que
compactuam para a conservação do meio ambiente. São eles:
- Repensar: A entidade propõe que os consumidores pensem antes de efetuar
suas compras, evitando a aquisição por impulso. Repensar se o produto é realmente
necessário e se há alguma possibilidade de reaproveitar algo que já tenha adquirido.
Repensar é analisar os danos e as vantagens que o produto pode trazer para a sua vida e
para o meio ambiente.
- Recusar: Esse R está relacionado a consumir produtos que gerem impactos
socioambientais signifcativo. Por exemplo, hoje em dia podemos dar preferência as
"ecobags", que substituem as sacolas plásticas que agridem o meio ambiente. Recusar
está relacionado a optar por embalagens de vidro, metal ou materiais que podem ser
recicláveis, diminuindo assim a quantidade de lixo. Além disso, podemos optar por
empresas alimentícias que tenham compromisso com o meio ambiente.
16Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
5 LOGÍSTICA REVERSA
A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social
que consiste num conjunto de ações, procedimentos e métodos utilizados para viabilizar
a coleta e restituição de resíduos sólidos do setor empresarial. Este instrumento visa o
reaproveitamento dos resíduos para a própria empresa ou para qualquer outro ciclo
produtivo que tenha uma destinação fnal adequada do material coletado.
Este sistema foi proposto de acordo com a Política Nacional de Resíduos
Sólidos, estabelecida pela lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 e sua implantação, que
passou a vigorar a partir de 2014. É mais um mecanismo para o desenvolvimento
sustentável do planeta, uma vez que ele possibilita a reutilização e a redução no
consumo de matérias-primas.
Entre os conceitos que este sistema introduz, o mais importante é a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, uma vez que a
atribuição de limpeza e de manejo urbano dos resíduos sólidos será feita de maneira
individual e de responsabilidade de todas as partes envolvidas, sejam consumidores,
empresários, fabricantes ou comerciantes.
O sistema então é proposto com o objetivo de lidar principalmente com os
seguintes produtos: pneus; pilhas e baterias; embalagens e resíduos de agrotóxicos;
lâmpadas fuorescentes, de mercúrio e vapor de sódio; óleos lubrifcantes automotivos;
peças e equipamentos eletrônicos e de informática; e eletrodomésticos.
Desta maneira, o sistema minimiza o volume destes resíduos e dos rejeitos
gerados e reduz os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental.
O processo da logística reversa também responsabiliza as empresas e
estabelece uma relação dos municípios para a gestão do lixo, onde, por exemplo, os
produtores de um produto eletrônico terão que prever como serão realizadas as
devoluções, a reciclagem e a sua destinação ambiental adequada, sobretudo dos que
possam retornar o ciclo produtivo.
17Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Neste sistema, cabe agora aos consumidores devolver os produtos que têm
mais utilidade em determinados postos específcos, devidamente estabelecidos pelos
comerciantes e as indústrias agora é responsável pela retirada destes produtos, com o
intuito de reciclá-los ou reutilizá-los. Já a Administração Pública se responsabiliza por
criar mecanismos de conscientização e educação dos consumidores.
5.1 Logística Reversa - O caminho para a sustentabilidade
A logística reversa tem tido grande importância na área empresarial tanto
nacionalmente e internacionalmente. Sendo a logística reversa responsável pelo retorno
das mercadorias pelos seus canais de distribuição Pós-Consumo e Pós-Venda. Para a
maior parte dos bens descartados existem algumas condições necessárias para
reintegração ao ciclo produtivo isso ocorre no processo de planejamento e
implementação e controle de efciência, dos custos efetivo do fuxo de matérias-primas,
estoque de processos, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto
de consumo até o ponto de origem com o propósito de recapturar valores ou adequar
seu destino.
Pode-se defnir logística reversa não somente como a função sistemática de
otimização do fuxo de materiais, mas como visão estratégica empresarial no ponto de
vista econômico e inovações que hoje se tornaram tão necessárias para expansão e
sobrevivência das empresas que desde então passaram a ver cada vez mais a
possibilidade e a necessidade de implantar a logística reversa dentro do processo
logístico. As empresas não estão somente focadas na distribuição dos seus produtos,
mas também se preocupando com o processo inverso do momento de fabricação do
produto até seu retorno as cadeias de distribuição, dando valores agregados onde
poderão ser comercializados em um mercado secundário ou destinando estes produtos
de formas responsáveis.
Em algumas empresas o processo de logística reversa trabalha
simultaneamente com o processo de gestão ambiental, pois cada vezes mais os
consumidores estão exigindo das empresas produtos e serviços que degradam menos o
meio ambiente. Esse crescimento da sensibilidade ecológica tem sido acompanhado por
18Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
ações de empresas. Além das possíveis oportunidades econômicas, as organizações
enxergaram estas necessidades como uma nova visão do mercado em relação a seus
concorrentes e, estão buscando maneiras e formas para se adaptar a este novo processo
de gestão (LR).
Logística reversa é a forma que as empresas tem de recuperar os materiais e
produtos que foram descartados no seu ponto de consumo, assim sendo a logística
reversa se tornou uma ferramenta fundamental para as organizações que pretendem
produzir os seus produtos/serviços de forma sustentável.
O processo reverso logístico é uma solução para as empresas que estavam
passando pelo problema de escassez de matéria-prima, assim a produção foi barateada
nas empresas que adotaram a logística reversa no seu processo produtivo.
A logística reversa é um processo que ainda esta em difusão no Brasil, pois
basicamente é aplicada apenas pelas empresas de grande e médio porte. A pesquisa
apresentada demonstra que o potencial de crescimento para os próximos anos é
bastante promissor.
19Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
6 DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO
6.1 Gerenciamento das águas potáveis
Água potável é a água de qualidade sufciente para se beber e
preparar alimentos. Globalmente, em 2012, 89% das pessoas tinham acesso à água
adequada para beber. Quase 4 bilhões de pessoas têm acesso à água encanada,
enquanto outras 2,3 bilhões têm acesso a poços d'água ou torneiras públicas. 1,8 bilhões
de pessoas usam fontes de água não potável que podem estar contaminada por fezes.
Isso pode resultar em infecções intestinais tais como cólera e febre tifoide entre outras.
Pela Constituição, o desenvolvimentode programas de construção de
moradias e de melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Art. 23,
inciso IX), sendo que o estabelecimento das diretrizes para o desenvolvimento urbano,
inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos, são de competência
apenas da União (Art. 21, inciso XX).
Ainda, com base na Constituição, deve-se destacar o Art. 200, inciso IV, em que
é estabelecido que compete ao SUS (Sistema Único de Saúde) participar da formulação
da política e da execução das ações de saneamento básico. Como o saneamento básico
não pode ser desvinculado dos problemas de recursos hídricos e meio ambiente, a
formulação de políticas e o planejamento associados ao saneamento básico também
devem considerar as políticas e os programas relacionados ao gerenciamento dos
recursos hídricos e à proteção do meio ambiente (MPO-SEPURB, 1995).
6.2 Renovação de sólidos e líquidos
6.2.1 Resíduos sólidos
Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das
atividades humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para
a atividade fm de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.
Exemplos: aqueles gerados na sua residência e que são recolhidos periodicamente pelo
serviço de coleta da sua cidade e também a sobra de varrição de praças e locais públicos
20Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
que podem incluir folhas de árvores, galhos e restos de poda.
Até algum tempo atrás (e em alguns lugares você ainda irá encontrar essa
defnição), os resíduos eram defnidos como algo que não apresenta utilidade e nem
valor comercial. No entanto, este conceito mudou. Atualmente a maior parte desses
materiais pode ser aproveitada para algum outro fm, seja de forma direta, como por
exemplo as aparas de embalagens laminadas descartadas pelas indústrias e utilizadas
para confecção de placas e compensados, ou de forma indireta, por exemplo, como
combustível para geração de energia que é usada em diversos processos.
Para os processos industriais os resíduos são defnidos como “matéria-prima e
insumos não convertidos em produto”, logo sua geração signifca perda de lucro para a
indústria e, por isso, tecnologias e processos que visem à diminuição dessas perdas ou
reaproveitamento dos resíduos são cada vez mais visados.
Veja ainda a classifcação segundo a norma da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT):
“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta defnição os
lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles
gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição,
bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de
água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR10004:2004)
6.2.2 Resíduos líquidos
Resíduo é tudo aquilo que não foi aproveitado e precisa ser descartado. Ele pode
ser classifcado como perigoso; não inerente, ou seja, apesar de o resíduo não ser perigoso ele
pode conter solubilidade em água (capacidade de determinada substância em se dissolver na
água); e inerente, em que a água continuará potável mesmo após ter entrado em contato com
o resíduo líquido.
Os resíduos líquidos podem ser produzidos pela indústria e são resultados pela
21Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
limpeza do pátio, pela lavagem de peças e pelo uso de torres de resfriamento, por exemplo.
Já os resíduos líquidos hospitalares são: sangue, resíduos de análises clínicas,
medicamentos vencidos, urina, resíduos assépticos, isto é, materiais usados na limpeza, entre
outros.
Os lixões e os aterros sanitários também são responsáveis pela produção de
efuentes (resíduo líquido resultante de processos industriais) líquidos. Conhecido como
chorume, o líquido poluente de cor escura e de odor forte é gerado da decomposição de
restos orgânicos.
Caso o descarte desses resíduos líquidos não seja realizado corretamente, pode
acarretar danos para o meio ambiente e para a saúde. Então, há vários métodos disponíveis
para o tratamento desses efuentes líquidos.
Decantação/Flotação: processo de separação de misturas heterogêneas usado
para sedimentar os focos formados no tratamento físico-químico;
Coagulação e Floculação química: técnica empregada para desestabilizar
partículas coloides (misturas em que as partículas dispersas têm diâmetro compreendido entre
1 nanômetro e 1 micrometro) do efuente com o auxílio de sais de ferro ou alumínio
polieletrólitos ou orgânicos, formando partículas maiores (focos ou fóculos);
Filtração: remoção de partículas ao fltrar a água com qualquer material poroso,
como a areia;
Ultrafltração: sistema de separação por membranas usado para reter partículas de
1 a 100 nm, remover coloides, moléculas, cistos minerais e micro-organismo presentes no
resíduo líquido;
Esterilização da água por raios ultravioleta: técnica que visa impedir a
proliferação de bactérias e vírus, evitando a contaminação por cólera, disenteria e febre
tifoide;
Tratamento aeróbio biológico: por meio do processo respiratório, bactérias, na
maioria das vezes heterótrofas aeróbias, e micro-organismos consomem a matéria orgânica
22Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
poluente;
Osmose reversa: sistema parecido com a ultrafltração, utilizado para reduzir a
condutividade e sílica, que podem entupir tubulações de alta pressão;
Troca iônica: processo de troca de íons entre resinas e água com o auxílio de um
reator, indicado para remover cálcio, magnésio, nitrato e ferro.
6.3 Contaminação do solo
O gerenciamento de áreas contaminadas é defnido pela Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) como “um conjunto de medidas tomadas
com o intuito de minimizar o risco proveniente da existência de áreas contaminadas, à
população e ao meio ambiente. Essas medidas devem proporcionar os instrumentos
necessários à tomada de decisão quanto às formas de intervenção mais adequadas.”
No Brasil, a primeira iniciativa no que se refere ao gerenciamento de áreas
contaminadas foi o Decreto-Lei nº 1.413, de 1975, que dispõe sobre o controle da
poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. O gerenciamento de
áreas contaminadas baseia-se em uma estratégia constituída por etapas sequenciais,
onde a informação obtida em cada etapa é a base para a execução da etapa posterior.
Conforme a Resolução 420, de 2009, do CONAMA, o gerenciamento de áreas
contaminadas compreende as etapas de identifcação, diagnóstico, intervenção e
monitoramento.
Um projeto de gerenciamento de área contaminada deve utilizar a avaliação
de risco como base para o estabelecimento de concentrações máximas aceitáveis do
contaminante com base em dados obtidos nas etapas de avaliação e investigação
ambiental e premissas de quantifcação do risco, com objetivo de estabelecer medidas
de intervenção que visem o controle e a contenção da contaminação e redução de massa
do contaminante no meio físico.
Desta forma o gerenciamento contém duas fases, onde a primeira diz
respeito à identifcação das áreas contaminadas, composta por quatro etapas: a
23Administração 3º ano – ResponsabilidadeSocioambiental
defnição da região de interesse, identifcação de áreas potencialmente contaminadas,
avaliação preliminar e investigação confrmatória. A segunda fase diz respeito à
reabilitação da área que é composta pelas seguintes etapas: investigação detalhada,
avaliação de risco, o plano de intervenção e monitoramento. O monitoramento faz o
acompanhamento e verifcação da efcácia das ações executadas. A fnalização do
processo de gerenciamento de áreas contaminadas é a reabilitação da área para o uso
declarado ao órgão ambiental responsável.
O gerenciamento de áreas contaminadas pode ser conduzido por um órgão
federal, estadual, municipal ou até mesmo privado que possua a atribuição de controlar
os problemas ambientais na região de interesse. As áreas são classifcadas pelo órgão
competente em:
•Área com potencial de contaminação (AP): aquela em que ocorrer
atividades que, por suas características, possam acumular quantidades ou
concentrações de substâncias químicas em condições de ocasionar contaminação
do solo e das águas subterrâneas e acarretar danos à saúde humana e ao meio
ambiente.
•Área Suspeita de Contaminação (AS): aquela em que, mediante
avaliação preliminar, for comprovada a existência de um ou mais indícios de
contaminação.
•Área contaminada sob investigação (Ai): aquela em que for
comprovadamente constatada, mediante investigação confrmatória, a
contaminação com concentrações de substâncias químicas no solo ou nas águas
subterrâneas acima dos valores de investigação.
•Área contaminada sob intervenção (ACI): aquela em que for
constatada a presença de substâncias químicas em fase livre, ou for comprovada a
existência de risco à saúde humana, após investigação detalhada e avaliação de
risco.
•Área em processo de monitoramento para Reabilitação (AMR): aquela
em que for atingida a redução do risco aos níveis toleráveis, de acordo com as
metas estipuladas na avaliação de risco.
•Área Reabilitada para o uso declarado (AR): aquela em que, após
período de monitoramento para reabilitação, seja confrmada a eliminação do
perigo ou a redução dos riscos a níveis toleráveis para o uso declarado.
24Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
6.4 Gerenciamento da qualidade do ar
Os processos industriais e de geração de energia, os veículos automotores e
as queimadas são, dentre as atividades antrópicas, as maiores causas da introdução de
substâncias poluentes à atmosfera, muitas delas tóxicas à saúde humana e responsáveis
por danos à fora e aos materiais.
A poluição atmosférica pode ser defnida como qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar
impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos
materiais, à fauna e à fora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e à
qualidade de vida da comunidade.
De uma forma geral, a qualidade do ar é produto da interação de um
complexo conjunto de fatores dentre os quais destacam-se a magnitude das emissões, a
topografa e as condições meteorológicas da região, favoráveis ou não à dispersão dos
poluentes.
Frequentemente, os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis
comparados a outros fatores mais fáceis de serem identifcados. Contudo, os estudos
epidemiológicos tem demonstrado, correlações entre a exposição aos poluentes
atmosféricos e os efeitos de morbidade e mortalidade, causadas por problemas
respiratórios (asma, bronquite, enfsema pulmonar e câncer de pulmão) e
cardiovasculares, mesmo quando as concentrações dos poluentes na atmosfera não
ultrapassam os padrões de qualidade do ar vigentes. As populações mais vulneráveis são
as crianças, os idosos e as pessoas que já apresentam doenças respiratórias.
A poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde e à qualidade de
vida das pessoas, mas também acarretam maiores gastos do Estado, decorrentes do
aumento do número de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de
medicamentos, custos esses que poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do
ar dos centros urbanos. A poluição de ar pode também afetar ainda a qualidade dos
materiais (corrosão), do solo e das águas (chuvas ácidas), além de afetar a visibilidade.
25Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
A gestão da qualidade do ar tem como objetivo garantir que o
desenvolvimento socioeconômico ocorra de forma sustentável e ambientalmente
segura. Para tanto, se fazem necessárias ações de prevenção, combate e redução das
emissões de poluentes e dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico.
6.4.1 Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente
A gestão deste tema no MMA (Ministério do Meio Ambiente) é atribuição da
Gerência de Qualidade do Ar (GQA), vinculada ao Departamento de Qualidade Ambiental
na Indústria. Esta gerência foi criada com o objetivo de formular políticas e executar as
ações necessárias, no âmbito do Governo Federal, à preservação e a melhoria da
qualidade do ar.
A GQA tem como atribuições formular políticas de apoio e fortalecimento
institucional aos demais órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente),
responsáveis pela execução das ações locais de gestão da qualidade do ar, que envolvem
o licenciamento ambiental, o monitoramento da qualidade do ar, a elaboração de
inventários de emissões locais, a defnição de áreas prioritárias para o controle de
emissões, o setor de transportes, o combate às queimadas, entre outras.
Cabe ainda à GQA propor, apoiar e avaliar tecnicamente estudos e projetos
relacionados com a preservação e a melhoria da qualidade do ar, implementar
programas e projetos na sua área de atuação, assistir tecnicamente aos órgãos
colegiados de assuntos afeitos a essa temática (CONAMA – Conselho Nacional do Meio
Ambiente e CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito), elaborar pareceres e notas
técnicas sobre os assuntos de sua competência.
6.5 Consumo de energia elétrica
A geração de energia no mundo está resumida, em sua grande maioria, pelas
fontes de energias tradicionais como petróleo, carvão mineral e gás natural. Tais fontes
são poluentes e não renováveis, mas no futuro, serão substituídas inevitavelmente. Há
26Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
controvérsias sobre o tempo da duração dos combustíveis fósseis, mas devido a energias
limpas e renováveis como biomassa, energia eólica e energia maremotriz e sanções como
o Protocolo de Quioto, que cobra de países industriais um nível menor de emissões de
poluentes (CO2) na atmosfera, as energias alternativas são um novo modelo de
produção de energias econômicas e saudáveis para o meio ambiente.
Em relação ao consumo de energia, estima-se que os contemporâneos de
Aristóteles, na Antiguidade, faziam uso de aproximadamente 12 mil kcal/dia, advindas da
ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras, bem como da queima da lenha para
cozer o alimento, pelo uso do sol para aquecer a casa, da tração animal, da força
hidráulica para mover o monjolo, etc. O homem tecnológico de hoje extrapola – e muito
– essas necessidades primárias, e os cálculos análogos indicam que o consumo médio
atual é cerca de 20 vezes maior. No Brasil o consumo per capita vem crescendo. Desde
1970 a população brasileira aumentou 2 vezes, enquanto consumimos 3,4 vezes mais em
kWh. O consumo de energia pode refetir tanto o grau de industrialização de um país
como um grau de desenvolvimentoe bem estar da sua população em termos médios. O
consumo de energia nos países mais industrializados é aproximadamente 88 vezes
superior ao consumo dos países menos desenvolvidos.
O aumento do consumo de energia elétrica, em razão do consumismo
acelerado, tem provocado a construção de mais usinas hidrelétricas. Elas não poluem o
ar, mas causam enormes impactos ambientais, em virtude da quantidade de água
represada a fm de mover as turbinas na produção da energia elétrica. Uma alternativa
seria a construção de usinas nucleares, mas esse tipo de usina produz um lixo radioativo
que deve ser armazenado em locais remotos, além de ser muito perigosa, podendo
causar catástrofes de grandes proporções (por exemplo, o acontecido em Chernobyl). A
energia eólica vem sendo implantada, principalmente nas cidades litorâneas, pois é uma
energia que usa a força dos ventos para produzir energia elétrica, sendo considerada
uma energia pura.
27Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
6.5.1 Fontes de energia
Fontes de energia são as diferentes formas de recursos que direta ou
indiretamente produzem energia para movimentar a indústria, o comércio, os
transportes, a agricultura, a saúde etc. As jazidas minerais, as bacias petrolíferas, os rios,
o vento, as forestas, são alguns exemplos desses recurso energéticos.
6.5.1.1 Energia Renováveis e Não Renováveis
As fontes de energia ou recursos energéticos podem ser classifcados em dois
grupos: energias renováveis e não renováveis.
Energias renováveis são aquelas que regeneram-se espontaneamente ou
através da intervenção humana. São consideradas energias limpas:
Hidrelétrica - obtida pela força da água dos rios;
Solar - obtida da energia do sol;
Eólica - obtida pela força dos ventos;
Geotérmica - provém do calor do interior da terra;
Biomassa - obtida de matérias orgânicas;
Oceanos - obtida pela força das ondas;
Hidrogênio - provém da reação entre hidrogênio e oxigênio que libera energia.
Energias não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em
grandes quantidades mas, uma vez esgotadas não podem ser regeneradas.
Têm reservas fnitas, uma vez que é necessário muito tempo para sua formação na
natureza. São consideradas energias poluentes, já que sua utilização causa danos para a
natureza.
Os combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral, o xisto e o gás
natural, bem como aqueles usados como matéria-prima para produzir a energia nuclear,
o urânio e o tório são exemplos de fontes de energia não renováveis.
28Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
6.5.1.2 Fontes de Energia Primárias e Secundárias
As fontes de energias primárias são originadas das riquezas encontradas na
natureza em estado bruto, que podem ser aproveitadas economicamente. Ex: a água, o
sol, o vento, o petróleo, o carvão, o urânio etc.
Essas fontes primárias são convertidas em energias secundárias em centros
de transformação:
Usinas Hidrelétricas - a energia da queda d'água é convertida em eletricidade;
Refnarias - o petróleo é transformado em óleo diesel, gasolina, querosene
etc.;
Usinas Termoelétricas - a energia é obtida através da queima do carvão
mineral e do petróleo;
Coquerias - o carvão mineral é transformado em coque (produto empregado
para aquecer altos fornos da siderurgia).
6.5.1.3 Fontes de Energia no Brasil e no Mundo
A busca por fontes alternativas de energias não poluentes, vem avançando no
mundo. O álcool etílico, produto obtido de diversas formas de biomassa, entre elas, a
cana-de-açúcar, o milho, a beterraba, vem sendo utilizado como combustível de carros
em diversos países.
No Brasil o uso do álcool, proveniente da cana-de-açúcar, data de 1975, com a
implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em decorrência da crise do
petróleo. Hoje o álcool é também usado como aditivo à gasolina.
29Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
30Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
7 A PREOCUPAÇÃO GLOBAL COM O TEMA
O mundo esta cada vez mais preocupado com a atual situação do meio
ambiente, uma série de fatores são responsáveis por isso, como por exemplo: a
qualidade do ar que respiramos, o temor a desastres naturais, ou até mesmo a
preservação para as futuras gerações. Cada um tem seu motivo para se preocupar com o
meio ambiente, o importante é que junto com as preocupações, existam ações para a
melhoria ambiental. 
Aquecimento global, queimadas, derretimento de geleiras, calor excessivo,
frio excessivo e muitos outros fatores naturais têm provocado em milhares de pessoas
uma consciência ambiental, onde elas enxergam a necessidade de se preservar o meio
ambiente, para evitar e acabar com catástrofes resultantes das ações dos próprios
humanos.
A preocupação com o meio ambiente está presente em quase toda sociedade,
pessoas e empresas adotam e desenvolvem medidas e ações que, além de diminuir os
impactos, como no caso de redução de gases poluentes e ponderação no consumo de
água e energia, também contribuem para a reestruturação ambiental, como por
exemplo, o reforestamento. 
7.1 A ONU e o meio ambiente
Pode-se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, como uma
resposta à industrialização. No século XIX, os poetas românticos britânicos exaltaram as
belezas da natureza, enquanto o escritor americano Henry David Thoreau pregava o
retorno da vida simples, regrada pelos valores implícitos na natureza. Foi uma dicotomia
que continuou até o século XX.
Após a Segunda Guerra Mundial, a era nuclear fez surgir temores de um novo
tipo de poluição por radiação. O movimento ambientalista ganhou novo impulso em
1962 com a publicação do livro de Rachel Carson, “A Primavera Silenciosa”, que fez um
alerta sobre o uso agrícola de pesticidas químicos sintéticos. Cientista e escritora, Carson
31Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
destacou a necessidade de respeitar o ecossistema em que vivemos para proteger a
saúde humana e o meio ambiente.
Em 1969, a primeira foto da Terra vista do espaço tocou o coração da
humanidade com a sua beleza e simplicidade. Ver pela primeira vez este “grande mar
azul” em uma imensa galáxia chamou a atenção de muitos para o fato de que vivemos
em uma única Terra – um ecossistema frágil e interdependente. E a responsabilidade de
proteger a saúde e o bem-estar desse ecossistema começou a surgir na consciência
coletiva do mundo.
Com o fm da tumultuada década de 1960, seus mais altos ideais e visões
começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental – agora,
literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação universal sobre o uso
saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a crescer, em 1972 a
ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em
Estocolmo (Suécia).
7.2 CLIMA: Protocolo de Kyoto
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes
da Organização das Nações Unidas (ONU), frmado com o objetivo de se reduzir a
emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global.
Redigido e assinado em Kyoto (Japão), em 1997, o Protocolo criou diretrizes
para amenizar o impacto dos problemas ambientais causados pelos modelos de
desenvolvimento industrial e de consumo vigentes no planeta.
De acordo com o Protocolo, as nações se comprometem a reduzir a emissão
de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, comparando-se com os níveis de 1990. Oprincipal alvo é o dióxido de carbono (CO2), pois especialistas acreditam que a emissão
desenfreada desse e de outros gases está ligada ao aquecimento global, fenômeno que
pode ter efeitos catastrófcos para a humanidade durante as próximas décadas.
32Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
A intensidade do corte nas emissões de gases poluentes varia, contudo, de
país para país, e só foram obrigadas a seguir o compromisso acima as nações
consideradas desenvolvidas.
O Protocolo entrou em vigor a partir de 2004 e prevê que suas metas sejam
atingidas entre 2008 e 2012, quando ele expirará, dando lugar a outro acordo. Esse novo
protocolo deve ser negociado, redigido e aprovado até a realização da conferência da
ONU prevista para ocorrer no fnal de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.
7.2.1 Mecanismos e medidas
O Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os países a
cumprirem suas metas ambientais. O primeiro prevê parcerias entre países na criação de
projetos ambientalmente responsáveis. O segundo dá direito aos países desenvolvidos
de comprarem "créditos" diretamente das nações que poluem pouco. Por fm, também
foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado
de créditos de carbono.
Segundo o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm de tomar
algumas medidas para atingir as metas de redução de gases:
- Aumento da efciência energética em setores relevantes da economia;
- Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa
sobre o meio ambiente, como as forestas;
- Promoção de práticas sustentáveis de manejo forestal, forestamento e
reforestamento;
- Promoção de formas sustentáveis de agricultura;
- Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e
renováveis de energia;
33Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
- Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono;
- Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam
avançadas e inovadoras;
- Redução gradual ou eliminação de incentivos fscais, isenções tributárias e
tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito
estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo;
- Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as
emissões de gases poluentes;
- Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando
promover políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito
estufa;
- Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação
e utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na
distribuição de energia;
- Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias
adotadas.
7.2.2 Assinaturas e ratifcações
Redigido o documento, era preciso que os países assinassem e ratifcassem o
Protocolo, ou seja, confrmassem sua adesão, para que o acordo entrasse em vigor.
As assinaturas começaram a ser colhidas em 1998, mas o Protocolo só entrou
em vigor em 2004, após a aceitação e ratifcação da Rússia. Isso ocorreu porque, para
entrar em vigor, o Protocolo precisava ser ratifcado por pelo menos 55 países que,
juntos, representassem, no mínimo, 55% das emissões de gases feitas em 1990.
34Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Atualmente, 175 países já assinaram e ratifcaram o documento, mas os
Estados Unidos, maior emissor de dióxido de carbono do mundo (36,1%), se opuseram
ao Protocolo de Kyoto, afrmando que a implantação das metas prejudicaria a economia
do país.
Na época, o presidente George W. Bush considerou possível a hipótese do
aquecimento global, mas disse que preferia combatê-lo com ações voluntárias por parte
das indústrias poluentes e com novas soluções tecnológicas. Outro argumento utilizado
por Bush, para refutar o acordo, foi o fato de o Protocolo não exigir redução de emissões
dos países em desenvolvimento, como a China e a Índia.
Durante o governo de George Bush, a posição do governo norte-americano
sofreu modifcações, mas em nenhum momento os Estados Unidos sinalizaram a
intenção clara de ratifcar o Protocolo.
Essa leve alteração no comportamento dos EUA ocorreu a partir de dezembro
de 2007, depois da Conferência das Nações Unidas em Bali, onde se discutiu o relatório
do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPPC). Naquela
oportunidade, a Austrália, que até aquele momento relutara em assinar o Protocolo,
acabou aderindo, o que deixou os Estados Unidos isolados em relação aos demais países
desenvolvidos.
Depois da eleição de Barak Obama para a presidência dos EUA, a posição do
país, até os primeiros meses de 2009, ainda era uma incógnita.
7.2.3 Certifcados de carbono
Entre os países mais engajados na efetivação do Protocolo estão os membros
da Comunidade Econômica Europeia, que, por exemplo, passaram a tomar medidas no
sentido de multar os carros mais poluentes.
Além disso, são esses países os que mais emitem certifcados de redução de
35Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
emissão de carbono. Tais papeis fnanciam os chamados Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo (MDL), que são projetos em todo mundo para reduzir as
emissões de gases ou captar o carbono emitido por processos industriais.
Os MDLs formam a base do comércio de carbono obrigatório. E é nesse flão
que participam os países em desenvolvimento. Brasil, China e Índia, por exemplo, têm
vários projetos que já emitiram certifcados de carbono para serem comercializados.
Para o futuro, prevê-se a criação de um grande mercado global de carbono,
com mercados regionais menores funcionando em paralelo. Espera-se a aproximação
entre o Japão, que já possui um esquema voluntário em vigor, e a Nova Zelândia, que já
desenha um esquema nacional; assim como a união entre Estados Unidos e Canadá. Ou
seja, será comum países fazerem acordos.
7.2.4 As discussões prosseguem
Uma das questões primordiais em relação ao aquecimento global é: quem
pagará a conta dos esforços necessários para atenuar a mudança climática?
Foi em busca de uma resposta que mil representantes de 190 países se
reuniram, no início de abril de 2008, em Bangcoc, na Tailândia, e continuarão se
reunindo. Eles discutem a divisão de responsabilidades para reduzir a geração de
poluição e "salvar o planeta".
7.3 COP – Conferência Mundial do Clima
COP signifca Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança Climática. É a autoridade máxima para a tomada de decisões
sobre os esforços para controlar a emissão dos gases do efeito estufa.
A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo decisório no âmbito da
Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB. As quatro primeiras reuniões da COP
36Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
foram realizadas anualmente. A partir da quinta reunião, a COP passou a se reunir de
dois em dois anos. Trata-se de reunião de grande porte que conta com a participação de
delegações ofciais dos 188 membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (187
países e um bloco regional), observadores de países não-parte, representantes dos
principais organismos internacionais (incluindo os órgãos das Nações Unidas),
organizações acadêmicas, organizações não-governamentais, organizações empresariais,
lideranças indígenas, imprensa e demais observadores.
Cada reunião da COP tem duração de duas semanas, com duas sessões de
trabalho paralelas com tradução simultânea para as seis línguas ofciaisda ONU (inglês,
francês, espanhol, árabe, russo e chinês). Diariamente, são realizadas reuniões
preparatórias dos grupos políticos regionais da ONU (América Latina e Caribe, África;
Ásia e Pacífco; Leste Europeu e Ásia Central; e Europa Ocidental, Canadá, Japão,
Austrália e Nova Zelândia; bem como do Grupo dos 77 e China; e do Grupo dos Países
Megadiversos Afns). São também realizados cerca de 100 eventos paralelos sobre temas
e iniciativas especiais nos intervalos do almoço e do jantar. No período
noturno, são realizadas reuniões de grupos de países para os temas que exigem mais
negociação. 
Durante a COP, organiza-se amplo espaço de exposições de países e
organizações internacionais e nacionais, bem como amplas reuniões de consulta de
lideranças indígenas e organizações ambientalistas. Antes da reunião, é organizado um
amplo Fórum Global de organizações ambientalistas e acadêmicas. Durante a segunda
semana de reunião, é organizado o Segmento Ministerial da COP, com a presença de
mais de uma centena de ministros de meio ambiente de todos os continentes.
Durante a COP são tomadas Decisões que detalham mais a Convenção. Essas
Decisões podem estabelecer protocolos, programas de trabalho ou ainda metas
específcas. As decisões da COP são orientadas por recomendações do Órgão Subsidiário
de Assessoramento Científco, Técnico e Tecnológico - SBSTTA.
37Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
8 O BRASIL NO DEBATE: ECO-92 E RIO+20
8.1 Conferência Rio-92 sobre o meio ambiente do planeta: desenvolvimento
sustentável dos países
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como a
humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a comunidade
política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento
socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza.
Na reunião — que fcou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra —,
que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo, Suécia, os
países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e começaram a moldar
ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. Desde então, estão sendo discutidas
propostas para que o progresso se dê em harmonia com a natureza, garantindo a
qualidade de vida tanto para a geração atual quanto para as futuras no planeta.
A avaliação partiu do pressuposto de que, se todas as pessoas almejarem o
mesmo padrão de desenvolvimento dos países ricos, não haverá recursos naturais para
todo mundo sem que sejam feitos graves — e irreversíveis — danos ao meio ambiente.
Na Rio-92, chegou-se à conclusão de que temos de agregar os componentes
econômicos, ambientais e sociais. Se isso não for feito, não há como se garantir a
sustentabilidade do desenvolvimento — analisou na CRE, em março passado, Luiz
Alberto Figueiredo Machado, coordenador-geral dos preparativos da Conferência
Rio+20.
O ambiente político internacional da época favoreceu a aceitação pelos países
desenvolvidos de que as responsabilidades pela preservação do meio ambiente e pela
construção de um convívio equilibrado com o planeta são diferentes.
Na Rio-92, fcou acordado, então, que os países em desenvolvimento deveriam
receber apoio fnanceiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de
38Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
desenvolvimento que seja sustentável, inclusive com a redução dos padrões de consumo
— especialmente de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral). Com essa decisão,
a união possível entre meio ambiente e desenvolvimento avançou, superando os
confitos registrados nas reuniões anteriores patrocinadas pela ONU, como na
Conferência de Estocolmo, em 1972.
Documento muito importante assinado durante o evento foi a Agenda 21, um
plano de ação e metas com 2.500 recomendações sobre como atingir o desenvolvimento
sustentável. Segundo esse documento, o qual defende a ajuda dos países desenvolvidos
àqueles em desenvolvimento, a conservação ambiental do planeta não pode ser
alcançada sem a erradicação da pobreza e a diminuição das desigualdades sociais.
Entre os objetivos da Agenda 21, destacam-se:
- A universalização do saneamento básico e do ensino;
- Maior participação das ONGs, dos sindicatos e dos trabalhadores na vida da
sociedade;
- O planejamento e o uso sustentado dos recursos do solo, das formações
vegetais e dos rios, lagos e oceanos;
- A conservação da biodiversidade.
As ONGs também participaram de forma ativa do encontro, e realizaram de
forma paralela, o Fórum Global, que aprovou a Carta da Terra. Esse documento consiste
em um termo de responsabilidade dos países ricos na preservação do meio ambiente.
8.2 Rio+20
Rio+20 é o nome da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho de 2012.
Participaram líderes dos 193 países que fazem parte da ONU.
39Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
O principal objetivo da Rio+20 foi renovar e reafrmar a participação dos
líderes dos países com relação ao desenvolvimento sustentável no planeta Terra. Foi,
portanto, uma segunda etapa da Cúpula da Terra (ECO-92) que ocorreu há 20 anos na
cidade do Rio de Janeiro.
Principais temas que foram debatidos:
- Balanço do que foi feito nos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente;
 
- A importância e os processos da Economia Verde;
 
- Ações para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta;
 
- Maneiras de eliminar a pobreza;
 
- A governança internacional no campo do desenvolvimento sustentável.
Infelizmente o resultado da Rio+20 não foi o esperado. Os impasses,
principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento,
acabaram por frustrar as expectativas para o desenvolvimento sustentável do planeta. O
documento fnal apresenta várias intensões e joga para os próximos anos a defnição de
medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Muitos analistas disseram
que a crise econômica mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa,
prejudicou as negociações e tomadas de decisões práticas.
40Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
9 PREJUÍZOS POR NEGLIGENCIAR
O bom tratamento dispensado à natureza deve ser constante, deve contar
com o zelo nosso de cada dia, todos os dias. Celebrar a vida é direito de todos e, neste
caso, cabe atenção aos pequenos atos de dedicação das pessoas que se permitem cuidar
do ambiente nos lugares da região onde moram. Parecem forescer onde estão, onde a
vida precisa ser vívida e vivida. Mas é preciso mais.
Em um mundo conturbado em nossos dias o tema meio ambiente pede
refexão, nos chama à conscientização acerca das graves violações promovidas pelo
homem que explora mal os bens desta terra merecendo rígida fscalização e maior
empenho dos Estados.
As causas das agressões ao meio ambiente estão diretamente relacionadas
aos pilares culturais, políticos e econômicos, que demandam agregação de valores para
um desenvolvimento ético, responsável e sustentável. O que se faz atualmente para
resguardar a natureza é muito pouco. Por mais que governos e grandes empresas
propaguem seus esforços na preservação do meio ambiente ainda mostram-se longe de
colocar o tema como prioridade, talvez, pela diversidade de interesses. Os cidadãos, por
seu lado, deveriam defender com grande vigor e coragempropostas de valorização e
defesa da natureza.
Não há como negar a negligência do homem no domínio dos instrumentos
tecnológicos nos últimos anos e na desordenada intervenção no meio ambiente.
Excluindo-se os de força maior, o maior predador da natureza causou acidentes
ambientais sem precedentes que poderiam ser evitados.
Em 2010 nos deparamos com a triste e lamentável ocorrência de um fato que
poderá vir a ser o mais grave de todos os tempos. No Golfo do México, na plataforma de
petróleo da empresa British Petroleum, uma explosão deixou 11 funcionários
desaparecidos e uma mancha de óleo que se espalha rapidamente pela costa dos
Estados Unidos, não se sabendo, ao certo, a real extensão deste trágico acidente de
consequências ainda não calculadas.
41Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
A partir deste gravíssimo episódio poderíamos elencar alguns acidentes
anteriores entre os piores das últimas três décadas como o da Espanha, em 2002. Na
ocasião, um navio das Bahamas afundou a 250 quilômetros da região da Galícia afetando
aproximadamente 15 mil pássaros. A Petrobras, em janeiro de 2000, foi responsável pelo
derramamento de mais de um milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, no Rio de
Janeiro, provocando graves prejuízos de ordem social e econômica na localidade, bem
como o vazamento de quatro milhões de litros de óleo cru de uma refnaria em
Araucária, no Paraná, em julho do mesmo ano.
Há ainda o caso Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. O vazamento de 260 mil
barris de petróleo arrasou milhares de vidas marinhas. Na Rússia, a explosão de um
reator da usina nuclear de Chernobyl, em 1986, deixou muitos mortos, trabalhadores
feridos e crianças doentes do câncer, vítimas da radiação. E no Brasil, novamente, um
acidente na Vila Socó, em Cubatão, SP, em 1984, matou 93, segundo dados ofciais;
porém, extraofcialmente mais de 500 pessoas teriam ido a óbito na Baixada Santista.
Boa vontade e a elaboração de políticas públicas justas, com gestões éticas
integradoras é o desejo de uma imensa maioria. Por este motivo, há que se preservar o
meio ambiente das interferências nefastas do homem chamando-o para um manejo
sustentável
A aquisição de conhecimentos e sua reta aplicação nos projetos de
conservação, obviamente, contribuirão para melhorar a vida das pessoas com a
ampliação da cidadania e a diminuição dos desperdícios.
Educar, investir no ser humano com respeito, paciência e sabedoria, pode ser o
caminho viável, cabendo aos governos e sociedade a responsabilidade e o compromisso
com a vida e o efetivo exercício cidadão.
O caso Samarco e o desmoronamento da responsabilidade social corporativa
A tragédia de Mariana revela que os padrões atuais da responsabilidade social 
corporativa não são sufcientes para proteger a sociedade
42Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
Álvaro Almeida
09.11.15 - 00h00 - Atualizado em 19.12.16 – 14h42
A mineradora Samarco foi reconhecida nos últimos 20 anos como uma das líderes em
responsabilidade socioambiental no Brasil. Enfleirou prêmios, foi a primeira
mineradora do mundo a ter a certifcação ISO 14001 (de gestão ambiental) para todas
as etapas de produção. Nada disso adiantou que, na quinta-feira 5 de novembro, fosse
responsável por um dos maiores desastres ambientais e sociais recentes do País, cuja
extensão ainda está longe de ser dimensionada.
O rompimento das duas barragens de rejeitos de mineração nos municípios de Mariana
e Ouro Preto, que resultou na avalanche de milhões de toneladas de lama, tirou vidas,
devastou o distrito de Bento Rodrigues, provocou destruição ambiental por mais de 100
quilômetros (e segue avançando), e ainda jogou por terra o trabalho de inúmeros
profssionais sérios.
Sim, porque também há tragédia do lado da empresa. Especialmente, se
reconhecermos que ali existem pessoas e não apenas um ente demoníaco e ganancioso.
Resumir essa catástrofe à conclusão irrefutável e óbvia de que a empresa é culpada dá
conforto imediato a muitas pessoas, mas não nos ajuda a entender toda a complexidade
do problema.
Assim com a BP, que provocou o maior desastre ambiental dos EUA em 2010, a Samarco
tinha inúmeros estudos e metodologias para a gestão de riscos de suas operações e
forte reputação de excelência socioambiental.
Em levantamento do renomado Reputation Institute, em 2014, que incluiu 2.769
entrevistas com representantes de sete públicos, a Samarco alcançou o índice de 74,9
pontos numa escala de 0 a 100, o que a colocava no nível de benchmark para o setor de
mineração. Em seu Relatório Anual, a empresa admitiu que permanecia como desafo
estreitar os laços e fortalecer as relações de confança com clientes e comunidades
vizinhas.
43Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
O mesmo documento ofcial da Samarco descreve a gestão ativa de riscos e informa que
realizou pela primeira vez em 2014 seis simulados para testar a capacidade de resposta 
à crises.
Sobre a disposição de rejeitos, diz o relatório: “A análise e o controle de riscos são
realizados por meio da metodologia Failure Modes and Efects Analysis (FMEA), que
avalia o potencial de ocorrências e falhas nas barragens, bem como as consequências
potenciais sobre a saúde e a segurança das pessoas e do meio ambiente… Sob a ótica
da segurança de nossas operações, dispomos do Plano de Ações Emergenciais (PAE) das
barragens, que aborda o funcionamento das estruturas de disposição de rejeito e
possíveis anomalias ou situações de emergência. Com base nesse documento, que
atende aos requisitos legais sobre gestão de barragens, aplicamos, em 2014, um total
de 1.356 horas de treinamentos com os empregados envolvidos direta ou
indiretamente nas atividades”.
Em outro trecho: “Mapeamos 18 riscos operacionais prioritários de segurança e seis
riscos prioritários de saúde e defnimos um programa de gerenciamento”. Depois de
descrever vários investimentos na mitigação de riscos, fnaliza: “Outras melhorias
aguardam licenças e aspectos regulatórios para serem implantadas, como a construção
do trevo da portaria principal de Ubu e o estacionamento externo da barragem, em
Germano.”
Por que nada disso foi sufciente para evitar a tragédia?
Porque as empresas se iludem. Nosso conhecimento é majoritariamente formado por
informações passadas ou presentes e, a cada dia, a previsão dos efeitos futuros de
nossas atividades fca mais complexa e improvável. Assim, como todas essas
ferramentas e metodologias são baseadas em melhores práticas criadas no passado,
servem para gerar conforto a acionistas e outros stakeholders, mas não garantem
segurança diante de operações de grande impacto.
A pressão por mais e mais produção, somada às incertezas ambientais e sociais, fazem
com que cada dia sem acidente seja um dia mais próximo de um acontecimento
44Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental
inesperado. Esse dia chegou para a Samarco, depois de anos perseguindo
produtividade, efciência, e consequentemente estocando mais rejeitos.
Assim como a BP teve de pagar 18 bilhões de dólares em multas e indenizações nos
Estados Unidos, a Samarco deverá arcar com um imenso custo para reparar os danos
ambientais e sociais que gerou. É necessário, no entanto, repensar o modelo de
negócios e os processos produtivos dela e de todo o setor de mineração.
Se ainda dependemos de minério para produzir bens necessários, uma empresa
realmente responsável deve investir em pesquisa para extrair cada vez menos recursos

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