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1 CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO…………………………………………………..……………………………………………... 4 1 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DOS TEMPOS……………………………………………….. 5 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO ECONÔMICO………………………………... 7 2.1 O que é desenvolvimento sustentável?…………………………………………………………………. 7 2.2 O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável?…………………………….. 7 2.3 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos?…………… 8 2.4 Desenvolvimento ou crescimento econômico?………………………………………………………… 8 2.5 Crescimento x desenvolvimento sustentável………………………………………………………….. 10 3 EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS……………………………………………………………... 12 3.1 Efeito estufa…………………………………………………………………………………………………. 12 4. 3R’S – REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR……………………………………………………………….. 14 4.1 Reduzir………………………………………………………………………………………………………… 14 4.2 Reutilizar……………………………………………………………………………………………………… 14 4.3 Reciclar………………………………………………………………………………………………………... 15 4.4 Repensar e recusar: Existem mais dois R's que completam a sustentabilidade!………………… 16 5 LOGÍSTICA REVERSA…………………………………………………………………………………………. 17 5.1 Logística Reversa - O caminho para a sustentabilidade……………………………………………… 18 6 DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO………………………………………... 20 6.1 Gerenciamento das águas potáveis……………………………………………………………………… 20 6.2 Renovação de sólidos e líquidos………………………………………………………………………….. 20 6.2.1 Resíduos sólidos…………………………………………………………………………………………... 20 6.2.2 Resíduos líquidos………………………………………………………………………………………….. 21 6.3 Contaminação do solo………………………………………………………………………………………. 23 6.4 Gerenciamento da qualidade do ar………………………………………………………………………. 25 6.4.1 Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente…………………………………….. 26 6.5 Consumo de energia elétrica……………………………………………………………………………… 26 6.5.1 Fontes de energia…………………………………………………………………………………………. 28 6.5.1.1 Energia Renováveis e Não Renováveis……………………………………………………………… 28 6.5.1.2 Fontes de Energia Primárias e Secundárias………………………………………………………... 29 6.5.1.3 Fontes de Energia no Brasil e no Mundo……………………………………………………………. 29 7 A PREOCUPAÇÃO GLOBAL COM O TEMA………………………………………………………………… 31 7.1 A ONU e o meio ambiente………………………………………………………………………………….. 31 2Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 7.2 CLIMA: Protocolo de Kyoto………………………………………………………………………………... 32 7.2.1 Mecanismos e medidas…………………………………………………………………………………… 33 7.2.2 Assinaturas e ratifcações……………………………………………………………………………….. 34 7.2.3 Certifcados de carbono………………………………………………………………………………….. 35 7.2.4 As discussões prosseguem………………………………………………………………………………. 36 7.3 COP – Conferência Mundial do Clima……………………………………………………………………. 36 8 O BRASIL NO DEBATE: ECO-92 E RIO+20…………………………………………………………………. 38 8.1 Conferência Rio-92 sobre o meio ambiente do planeta: desenvolvimento sustentável dos países………………………………………………………………………………………………………………. 38 8.2 Rio+20…………………………………………………………………………………………………………. 39 9 PREJUÍZOS POR NEGLIGENCIAR…………………………………………………………………………… 41 10 A ISO……………………………………………………………………………………………………………. 49 10.1 ISO 14001 e a sustentabilidade………………………………………………………………………….. 46 10.2 ISO 26000 e o desenvolvimento sustentável…………………………………………………………. 47 10.2.1 Histórico de construção………………………………………………………………………………… 47 10.2.2 Propósitos………………………………………………………………………………………………… 48 11 A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS QUE EVIDENCIAM A RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS…………………………………………………………….. 50 11.1 Inclusão social……………………………………………………………………………………………… 50 11.2 Responsabilidade social empresarial…………………………………………………………………... 51 12 ESTRATÉGIAS DE GESTÃO SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS……………………………………. 57 13 O MEIO AMBIENTE COMO OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS………………………………………… 65 13.1 Ecoefciência………………………………………………………………………………………………... 65 13.2 Benefícios da produção e consumo sustentável……………………………………………………... 66 13.3 Negócios sustentáveis……………………………………………………………………………………. 66 13.4 Econegócios, Ecoturismo e Educação Ambiental…………………………………………………….. 66 14 RESUMINDO…………………………………………………………………………………………………... 70 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………………………………………. 71 3Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental APRESENTAÇÃO Nesta disciplina serão discutidas as diferentes responsabilidades que vêm sendo atribuídas às organizações na atualidade, sobretudo, às empresas, enfatizando-se a articulação entre seu tradicional papel produtivo e suas relações. Ao tratarmos de desenvolvimento, seja no âmbito individual, organizacional ou societário, é inevitável falar em mudança. A mudança é parte da vida e sempre foi intensa na história da humanidade. Nas últimas décadas, porém, transformações em vários campos – conhecimentos, valores, tecnologias, clima, populações, padrões produtivos e organizacionais – evidenciam a necessidade de redefnição de papeis, relações e responsabilidades na sociedade. Esperamos que você encontre, ao longo do percurso desta disciplina, oportunidades de enriquecimento de práticas e refexões relativas à responsabilidade socioambiental. Tal percurso passa pelas ideias, pelas discussões com colegas e, sobretudo, pela articulação disso tudo com suas experiências no seu cotidiano como estudante, como profssional e como cidadão. Bons estudos! 4Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 1 A PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DOS TEMPOS A preocupação ambiental surgiu nas últimas décadas do século XX, essa preocupação surge com uma crise de civilização, questionando a racionalidade e as tecnologias dominantes da época; esse movimento ganha um impulso maior com a Conferência Rio 92, onde pregava a diversidade e a igualdade nas relações da sociedade e o combate a poluição, apoiando a preservação de recursos naturais. Um dos aspectos mais importantes desse movimento foi mobilizar não só a sociedade, mais os empresários visando uma maior efciência com uso das matérias- primas utilizadas em seus processos produtivos, evitando assim, a ocorrência de maiores impactos e (ou), danos ambientais. Com o aumento da conscientização na sociedade e a exigência dos consumidores, o que obrigam as empresas a melhorarem sua forma de atuar, modifcando os seus processos produtivos o que implica numa radical mudança de atitude nas questões ambientais. Nessa radical mudança de atitude seria interessante não só os empresários mais como toda a sociedade adotar em seu dia a dia o Desenvolvimento Sustentável, que visa suprir as necessidades da geração atual sem comprometer as futuras gerações, sugerindo qualidade em vez de quantidade. As empresas hoje são as principais responsáveis pelo esgotamento e pelas alterações que vem ocorrendo em nossos recursos naturais, de onde vêm às matérias-primas que serão utilizadas para a fabricação de seus bens. Nos processos industriais os recursos naturais são empregados muitas vezes, de maneira inefciente, gerando resíduos de todo tipo e classe, que contaminam o meio ambiente e afeta a saúde humana, podendo provocar a escassez de recursos naturais. Segundo Hardin (1968), o homem descobre que sua parte dos custos dos desperdícios que descarrega no meio ambiente é muito menor que o custo de tratá-los. Esses custos ambientais podem ser causados por impactos que afetam negativamente o bem-estar de outras pessoas, que não possua nenhuma relação com quem gera. O lixo acaba se tornando um grande problema paraa sociedade, pois nem sempre são tomados os devidos cuidados para que se aproveite de maneira mais efciente através da reciclagem, que é um conjunto de técnicas que tem por fnalidade 5Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental aproveitar os detritos que foram gerados. É possível dizer que a reciclagem é um termo originalmente utilizado para indicar o reaproveitamento ou a reutilização do que se tornariam lixo ou estão no lixo para serem utilizados como matéria-prima na manufatura de novos produtos. São vários os benefícios que podem ser obtidos pelas empresas ao reduzirem os resíduos lançados no meio ambiente e adotarem um mecanismo de controle de poluição. Enfm, com essa nova postura as empresas estarão começando a se preocupar com o meio ambiente, com a saúde e segurança do trabalhador, como também, com a responsabilidade social, mostrando que é possível conserva os recursos naturais, mantendo a capacidade do desenvolvimento e as necessidades das futuras gerações. 6Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E CRESCIMENTO ECONÔMICO 2.1 O que é desenvolvimento sustentável? A defnição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa defnição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. 2.2 O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são fnitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. 7Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 2.3 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos? O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial. 2.4 Desenvolvimento ou crescimento econômico? Toda vez que comparamos a situação econômica de diferentes países nos vêm à cabeça o crescimento e o desenvolvimento econômico. São temas de grande relevância principalmente no que tange ao planejamento macroeconômico. É assunto instigante debatido entre as diversas correntes do pensamento econômico. Mas o que é desenvolvimento econômico? Qual sua real importância e o que é necessário para sua realização? Muitas pessoas confundem desenvolvimento com crescimento econômico. O crescimento econômico refere-se ao crescimento quantitativo do produto agregado. Ou seja, é um indicador de quanto variou, em termos quantitativos, o PIB (Produto Interno Bruto) em determinado período de tempo. 8Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Já desenvolvimento econômico vai mais além. Este conceito está atrelado às mudanças qualitativas nas condições de vida da sociedade, na qualidade e efciência das instituições e também das estruturas produtivas do País. Visa ainda, como principal elemento, a melhoria no nível de bem-estar. Pensar em desenvolvimento econômico é pensar em modernidade, em mão de obra qualifcada e valorizada, em inovações tecnológicas produzidas por empresas domésticas, em efciência da estrutura produtiva e também governamental. O desenvolvimento econômico implica em mudanças no quadro político, institucional, econômico e social. Ou seja, exige-se mudanças estruturais. Acima de tudo, tais mudanças devem ter como principal objetivo a melhoria do nível de bem-estar da sociedade e, principalmente, a redução da pobreza. As crises econômicas agravam os problemas da miséria, da pobreza e das questões sociais. O empobrecimento da população desestrutura o sistema social. São nestes momentos que nas economias em desenvolvimento e emergentes observa-se o aumento dos indicadores de criminalidade, do nível de desnutrição, evasão escolar e falta de perspectiva da população. O desenvolvimento econômico depende do crescimento econômico. Este último deve gerar condições para o aumento do nível real de renda per capita. Só assim é possível a população mais carente conseguir melhorar o padrão de vida, gerando melhoria no nível de bem-estar da sociedade. Assim, o crescimento da economia é o fo condutor para redução da pobreza. Os países emergentes estão tendo difculdades para se adaptar aos preços baixos das commodities. Estes países dependem das exportações de tais produtos. A desaceleração da economia chinesa, além da lenta recuperação das economias avançadas, difculta os países em desenvolvimento de crescerem e vislumbrarem melhorias na redução do nível de pobreza. O crescimento deve vir acompanhado da melhoria do nível de renda real da população e não da concentração desta renda. 9Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Ao longo de muitos anos, a sociedade brasileira acompanhou a concentração de renda em uma camada muito pequena da população, tornando, assim, o mercado interno pequeno. Talvez este seja o principal motivo por não sermos desenvolvidos. Não é o tamanho da população de um país que faz com que seu mercado seja grande, mas sim a renda da população. Estudos econômicos demonstram que em períodos de queda da atividade econômica os assalariados e pequenos empresários são os mais afetados. Sendo, portanto, o baixo crescimento econômico o principal motivo para a queda na renda per capita no curto prazo. O desenvolvimento econômico está diretamente relacionado à estabilidade e ao crescimento econômico e à efciência de suas instituições. 2.5 Crescimento x desenvolvimento sustentável O crescimento econômico levou a degradação dos solos, dos mares, da fauna e fora, criou um abismo entre pobres e ricos, e pode acarretar na perda da capacidade de governar. Estes acontecimentos orientam a humanidade a um impasse estrutural dramático.A relação entre crescimento x desenvolvimento social é fundamental para o futuro da humanidade. A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas em 1987, surgiu para discutir meios de ter o desenvolvimento econômico garantindo a conservação ambiental. Criando um desenvolvimento sustentável, a ideia é de produzir o sufciente para garantir a necessidade da geração atual, sem prejudicar o atendimento das necessidades das gerações futuras. A diferença entre crescimento e desenvolvimento é que o crescimento não leva a igualdade social, pois não se interessa com nada além da produção de riquezas. O desenvolvimento também se preocupa com a geração de riquezas, mas tem o objetivo de distribuí-la pela população e leva em consideração a qualidade ambiental do planeta. 10Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Para atingir o desenvolvimento sustentável, a participação da população é indispensável. Existem seis aspectos que precisam ser atingidos para chegar ao objetivo: a satisfação das necessidades básicas da população; preservação dos recursos naturais; efetivação dos programas envolvidos; a elaboração de um sistema social que garanta dignidade ao ser humano; solidariedade com as gerações futuras; e a participação da população. É preciso conciliar as ações sociais para garantir um crescimento sustentável. 11Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 3 EFEITO ESTUFA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS 3.1 Efeito estufa Do total de raios solares que atingem o planeta, quase 50% fcam retidos na atmosfera; o restante, que alcança a superfície terrestre, aquece e irradia calor. Esse processo é chamado de efeito estufa. Apesar de o efeito estufa ser fgurado como algo ruim, é um evento natural que favorece a proliferação da vida no planeta Terra. O efeito estufa tem como fnalidade impedir que a Terra esfrie demais, pois se a Terra tivesse a temperatura muito baixa, certamente não teríamos tantas variedades de vida. Contudo, recentemente, estudos realizados por pesquisadores e cientistas, principalmente no século XX, têm indicado que as ações antrópicas (ações do homem) têm agravado esse processo por meio de emissão de gases na atmosfera, especialmente o CO2. O dióxido de carbono (CO2) é produzido a partir da queima de combustíveis fósseis usados em veículos automotores movidos à gasolina e óleo diesel. Esse não é o único agente que contribui para emissão de gases, existem outros como as queimadas em forestas, pastagens e lavouras após a colheita. Com o intenso crescimento da emissão de gases e também de poeira que vão para a atmosfera, certamente a temperatura do ar terá um aumento de aproximadamente 2ºC em médio prazo. Caso não haja um retrocesso na emissão de gases, esse fenômeno ocasionará uma infnidade de modifcações no espaço natural e, automaticamente, na vida do homem. Dentre muitas, as principais são: • Mudanças climáticas drásticas, onde lugares de temperaturas extremamente frias sofrem elevações e áreas úmidas enfrentam períodos de estiagem. Além disso, o fenômeno pode levar áreas cultiváveis e férteis a entrar em um processo de desertifcação. • Aumento signifcativo na incidência de grandes tempestades, furacões ou tufões e tornados. 12Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental • Perda de espécies da fauna e fora em distintos domínios naturais do planeta. • Contribuir para o derretimento das calotas de gelo localizadas nos polos e, consequentemente, provocar uma elevação global nos níveis dos oceanos. O tema "efeito estufa" é bem difundido nos mais variados meios de comunicação do mundo, além de revistas científcas e livros, no entanto a explicação é razoavelmente simples. Em razão de os gases se acumularem na atmosfera, a irradiação de calor da superfície fca retida na atmosfera e o calor não é lançado para o espaço; dessa forma, essa retenção provoca o efeito estufa artifcial. 13Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 4. 3R’S – REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR Também conhecido como os 3 Rs da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente). 4.1 Reduzir Se prestarmos atenção nas compras que realizamos no cotidiano e nos serviços que contratamos, perceberemos que adquirimos muitas coisas que não precisamos ou que usamos poucas vezes. Portanto, reduzir signifca comprar bens e serviços de acordo com nossas necessidades para evitar desperdícios. O consumo consciente é importante não só para o bom funcionamento das fnanças domésticas como também para o Meio Ambiente. Ações práticas para reduzir: - Uso racional da água: não desperdiçar, tomar banhos curtos, não usar água para lavar a calçada, fechar a torneira quando estiver escovando os dentes, não deixar que ocorra vazamentos na rede de águas, etc. - Economia de energia: usar aquecimento solar nas casas, apagar as lâmpadas de cômodos desocupados, usar lâmpadas fuorescentes, usar o chuveiro elétrico para banhos curtos, etc. - Economia de combustíveis: fazer percursos curtos a pé ou de bicicleta. Gera economia, faz bem para a saúde e ajuda e diminuir a poluição do ar. 4.2 Reutilizar Jogamos muitas coisas no lixo que poderiam ser reutilizadas para outros fns. Reutilizando, geramos uma boa economia doméstica, além de estarmos colaborando 14Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental para o desenvolvimento sustentável do planeta. Isto ocorre, pois tudo que é fabricado necessita do uso de energia e matéria-prima. Ao jogarmos algo no lixo, estamos também desperdiçando a energia que foi usada na fabricação, o combustível usado no transporte e a matéria prima empregada. Sem contar que, se este objeto não for descartado de forma correta, ele poderá poluir o meio ambiente. Vale lembrar que a doação também pode ser uma boa alternativa, pois outra pessoa que necessita pode utilizar aquele objetivo que você não quer mais. Ações práticas para reutilizar: - Uma roupa rasgada pode ser costurada ou ser transformada em outra peça (uma calça pode virar uma bermuda, por exemplo). - Computadores, impressoras e monitores podem ser doados para entidades sociais que vão utilizá-los com pessoas carentes. - Potes e garrafas de plástico podem ser transformados em vasos de plantas. - Folhas de papel com impressão em apenas um lado podem ser transformadas em papel de rascunho, ao usar o lado em branco. - Um móvel (armário, sofá, guarda-roupa, estante, escrivaninha, mesa, cadeira, etc) quebrado não precisa ir parar no lixo. Eles podem ser consertados ou doados. - A água usada para lavar roupa pode ser reutilizada para lavar o quintal. - Com criatividade e embalagens, palitos e potes de plástico é possível criar vários brinquedos interessantes. 4.3 Reciclar A reciclagem é quase uma obrigação nos dias de hoje. O primeiro passo é separar o lixo reciclável (plástico, metais, vidro, papel) do lixo orgânico. O reciclável deve 15Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental ser encaminhado para empresas ou cooperativas de trabalhadores de reciclagem, pois serão transformados novamente em matéria-prima para voltar ao ciclo produtivo. Além de gerar renda e emprego para pessoas que trabalham com reciclagem, é uma atitudeque alivia o Meio Ambiente de resíduos que vão levar anos ou séculos para serem decompostos. Ações práticas para reciclar: • Fazer a coleta seletiva em casa; • Encaminhar o lixo para empresas recicladoras – Garrafas de plástico, embalagens de produtos de limpeza e higiene, latinhas de ferro e alumínio, embalagens longa vida, jornais, revistas, folhetos, papéis e óleo vegetal podem ser reaproveitados; • Preferir produtos reciclados. 4.4 Repensar e recusar: Existem mais dois R's que completam a sustentabilidade! Para o Ministério do Meio Ambiente, mais dois R's fazem parte das ações que compactuam para a conservação do meio ambiente. São eles: - Repensar: A entidade propõe que os consumidores pensem antes de efetuar suas compras, evitando a aquisição por impulso. Repensar se o produto é realmente necessário e se há alguma possibilidade de reaproveitar algo que já tenha adquirido. Repensar é analisar os danos e as vantagens que o produto pode trazer para a sua vida e para o meio ambiente. - Recusar: Esse R está relacionado a consumir produtos que gerem impactos socioambientais signifcativo. Por exemplo, hoje em dia podemos dar preferência as "ecobags", que substituem as sacolas plásticas que agridem o meio ambiente. Recusar está relacionado a optar por embalagens de vidro, metal ou materiais que podem ser recicláveis, diminuindo assim a quantidade de lixo. Além disso, podemos optar por empresas alimentícias que tenham compromisso com o meio ambiente. 16Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 5 LOGÍSTICA REVERSA A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social que consiste num conjunto de ações, procedimentos e métodos utilizados para viabilizar a coleta e restituição de resíduos sólidos do setor empresarial. Este instrumento visa o reaproveitamento dos resíduos para a própria empresa ou para qualquer outro ciclo produtivo que tenha uma destinação fnal adequada do material coletado. Este sistema foi proposto de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida pela lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 e sua implantação, que passou a vigorar a partir de 2014. É mais um mecanismo para o desenvolvimento sustentável do planeta, uma vez que ele possibilita a reutilização e a redução no consumo de matérias-primas. Entre os conceitos que este sistema introduz, o mais importante é a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, uma vez que a atribuição de limpeza e de manejo urbano dos resíduos sólidos será feita de maneira individual e de responsabilidade de todas as partes envolvidas, sejam consumidores, empresários, fabricantes ou comerciantes. O sistema então é proposto com o objetivo de lidar principalmente com os seguintes produtos: pneus; pilhas e baterias; embalagens e resíduos de agrotóxicos; lâmpadas fuorescentes, de mercúrio e vapor de sódio; óleos lubrifcantes automotivos; peças e equipamentos eletrônicos e de informática; e eletrodomésticos. Desta maneira, o sistema minimiza o volume destes resíduos e dos rejeitos gerados e reduz os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental. O processo da logística reversa também responsabiliza as empresas e estabelece uma relação dos municípios para a gestão do lixo, onde, por exemplo, os produtores de um produto eletrônico terão que prever como serão realizadas as devoluções, a reciclagem e a sua destinação ambiental adequada, sobretudo dos que possam retornar o ciclo produtivo. 17Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Neste sistema, cabe agora aos consumidores devolver os produtos que têm mais utilidade em determinados postos específcos, devidamente estabelecidos pelos comerciantes e as indústrias agora é responsável pela retirada destes produtos, com o intuito de reciclá-los ou reutilizá-los. Já a Administração Pública se responsabiliza por criar mecanismos de conscientização e educação dos consumidores. 5.1 Logística Reversa - O caminho para a sustentabilidade A logística reversa tem tido grande importância na área empresarial tanto nacionalmente e internacionalmente. Sendo a logística reversa responsável pelo retorno das mercadorias pelos seus canais de distribuição Pós-Consumo e Pós-Venda. Para a maior parte dos bens descartados existem algumas condições necessárias para reintegração ao ciclo produtivo isso ocorre no processo de planejamento e implementação e controle de efciência, dos custos efetivo do fuxo de matérias-primas, estoque de processos, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem com o propósito de recapturar valores ou adequar seu destino. Pode-se defnir logística reversa não somente como a função sistemática de otimização do fuxo de materiais, mas como visão estratégica empresarial no ponto de vista econômico e inovações que hoje se tornaram tão necessárias para expansão e sobrevivência das empresas que desde então passaram a ver cada vez mais a possibilidade e a necessidade de implantar a logística reversa dentro do processo logístico. As empresas não estão somente focadas na distribuição dos seus produtos, mas também se preocupando com o processo inverso do momento de fabricação do produto até seu retorno as cadeias de distribuição, dando valores agregados onde poderão ser comercializados em um mercado secundário ou destinando estes produtos de formas responsáveis. Em algumas empresas o processo de logística reversa trabalha simultaneamente com o processo de gestão ambiental, pois cada vezes mais os consumidores estão exigindo das empresas produtos e serviços que degradam menos o meio ambiente. Esse crescimento da sensibilidade ecológica tem sido acompanhado por 18Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental ações de empresas. Além das possíveis oportunidades econômicas, as organizações enxergaram estas necessidades como uma nova visão do mercado em relação a seus concorrentes e, estão buscando maneiras e formas para se adaptar a este novo processo de gestão (LR). Logística reversa é a forma que as empresas tem de recuperar os materiais e produtos que foram descartados no seu ponto de consumo, assim sendo a logística reversa se tornou uma ferramenta fundamental para as organizações que pretendem produzir os seus produtos/serviços de forma sustentável. O processo reverso logístico é uma solução para as empresas que estavam passando pelo problema de escassez de matéria-prima, assim a produção foi barateada nas empresas que adotaram a logística reversa no seu processo produtivo. A logística reversa é um processo que ainda esta em difusão no Brasil, pois basicamente é aplicada apenas pelas empresas de grande e médio porte. A pesquisa apresentada demonstra que o potencial de crescimento para os próximos anos é bastante promissor. 19Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 6 DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE GERENCIAMENTO 6.1 Gerenciamento das águas potáveis Água potável é a água de qualidade sufciente para se beber e preparar alimentos. Globalmente, em 2012, 89% das pessoas tinham acesso à água adequada para beber. Quase 4 bilhões de pessoas têm acesso à água encanada, enquanto outras 2,3 bilhões têm acesso a poços d'água ou torneiras públicas. 1,8 bilhões de pessoas usam fontes de água não potável que podem estar contaminada por fezes. Isso pode resultar em infecções intestinais tais como cólera e febre tifoide entre outras. Pela Constituição, o desenvolvimentode programas de construção de moradias e de melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Art. 23, inciso IX), sendo que o estabelecimento das diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos, são de competência apenas da União (Art. 21, inciso XX). Ainda, com base na Constituição, deve-se destacar o Art. 200, inciso IV, em que é estabelecido que compete ao SUS (Sistema Único de Saúde) participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico. Como o saneamento básico não pode ser desvinculado dos problemas de recursos hídricos e meio ambiente, a formulação de políticas e o planejamento associados ao saneamento básico também devem considerar as políticas e os programas relacionados ao gerenciamento dos recursos hídricos e à proteção do meio ambiente (MPO-SEPURB, 1995). 6.2 Renovação de sólidos e líquidos 6.2.1 Resíduos sólidos Os resíduos sólidos são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a atividade fm de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades. Exemplos: aqueles gerados na sua residência e que são recolhidos periodicamente pelo serviço de coleta da sua cidade e também a sobra de varrição de praças e locais públicos 20Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental que podem incluir folhas de árvores, galhos e restos de poda. Até algum tempo atrás (e em alguns lugares você ainda irá encontrar essa defnição), os resíduos eram defnidos como algo que não apresenta utilidade e nem valor comercial. No entanto, este conceito mudou. Atualmente a maior parte desses materiais pode ser aproveitada para algum outro fm, seja de forma direta, como por exemplo as aparas de embalagens laminadas descartadas pelas indústrias e utilizadas para confecção de placas e compensados, ou de forma indireta, por exemplo, como combustível para geração de energia que é usada em diversos processos. Para os processos industriais os resíduos são defnidos como “matéria-prima e insumos não convertidos em produto”, logo sua geração signifca perda de lucro para a indústria e, por isso, tecnologias e processos que visem à diminuição dessas perdas ou reaproveitamento dos resíduos são cada vez mais visados. Veja ainda a classifcação segundo a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): “Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta defnição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR10004:2004) 6.2.2 Resíduos líquidos Resíduo é tudo aquilo que não foi aproveitado e precisa ser descartado. Ele pode ser classifcado como perigoso; não inerente, ou seja, apesar de o resíduo não ser perigoso ele pode conter solubilidade em água (capacidade de determinada substância em se dissolver na água); e inerente, em que a água continuará potável mesmo após ter entrado em contato com o resíduo líquido. Os resíduos líquidos podem ser produzidos pela indústria e são resultados pela 21Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental limpeza do pátio, pela lavagem de peças e pelo uso de torres de resfriamento, por exemplo. Já os resíduos líquidos hospitalares são: sangue, resíduos de análises clínicas, medicamentos vencidos, urina, resíduos assépticos, isto é, materiais usados na limpeza, entre outros. Os lixões e os aterros sanitários também são responsáveis pela produção de efuentes (resíduo líquido resultante de processos industriais) líquidos. Conhecido como chorume, o líquido poluente de cor escura e de odor forte é gerado da decomposição de restos orgânicos. Caso o descarte desses resíduos líquidos não seja realizado corretamente, pode acarretar danos para o meio ambiente e para a saúde. Então, há vários métodos disponíveis para o tratamento desses efuentes líquidos. Decantação/Flotação: processo de separação de misturas heterogêneas usado para sedimentar os focos formados no tratamento físico-químico; Coagulação e Floculação química: técnica empregada para desestabilizar partículas coloides (misturas em que as partículas dispersas têm diâmetro compreendido entre 1 nanômetro e 1 micrometro) do efuente com o auxílio de sais de ferro ou alumínio polieletrólitos ou orgânicos, formando partículas maiores (focos ou fóculos); Filtração: remoção de partículas ao fltrar a água com qualquer material poroso, como a areia; Ultrafltração: sistema de separação por membranas usado para reter partículas de 1 a 100 nm, remover coloides, moléculas, cistos minerais e micro-organismo presentes no resíduo líquido; Esterilização da água por raios ultravioleta: técnica que visa impedir a proliferação de bactérias e vírus, evitando a contaminação por cólera, disenteria e febre tifoide; Tratamento aeróbio biológico: por meio do processo respiratório, bactérias, na maioria das vezes heterótrofas aeróbias, e micro-organismos consomem a matéria orgânica 22Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental poluente; Osmose reversa: sistema parecido com a ultrafltração, utilizado para reduzir a condutividade e sílica, que podem entupir tubulações de alta pressão; Troca iônica: processo de troca de íons entre resinas e água com o auxílio de um reator, indicado para remover cálcio, magnésio, nitrato e ferro. 6.3 Contaminação do solo O gerenciamento de áreas contaminadas é defnido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB) como “um conjunto de medidas tomadas com o intuito de minimizar o risco proveniente da existência de áreas contaminadas, à população e ao meio ambiente. Essas medidas devem proporcionar os instrumentos necessários à tomada de decisão quanto às formas de intervenção mais adequadas.” No Brasil, a primeira iniciativa no que se refere ao gerenciamento de áreas contaminadas foi o Decreto-Lei nº 1.413, de 1975, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. O gerenciamento de áreas contaminadas baseia-se em uma estratégia constituída por etapas sequenciais, onde a informação obtida em cada etapa é a base para a execução da etapa posterior. Conforme a Resolução 420, de 2009, do CONAMA, o gerenciamento de áreas contaminadas compreende as etapas de identifcação, diagnóstico, intervenção e monitoramento. Um projeto de gerenciamento de área contaminada deve utilizar a avaliação de risco como base para o estabelecimento de concentrações máximas aceitáveis do contaminante com base em dados obtidos nas etapas de avaliação e investigação ambiental e premissas de quantifcação do risco, com objetivo de estabelecer medidas de intervenção que visem o controle e a contenção da contaminação e redução de massa do contaminante no meio físico. Desta forma o gerenciamento contém duas fases, onde a primeira diz respeito à identifcação das áreas contaminadas, composta por quatro etapas: a 23Administração 3º ano – ResponsabilidadeSocioambiental defnição da região de interesse, identifcação de áreas potencialmente contaminadas, avaliação preliminar e investigação confrmatória. A segunda fase diz respeito à reabilitação da área que é composta pelas seguintes etapas: investigação detalhada, avaliação de risco, o plano de intervenção e monitoramento. O monitoramento faz o acompanhamento e verifcação da efcácia das ações executadas. A fnalização do processo de gerenciamento de áreas contaminadas é a reabilitação da área para o uso declarado ao órgão ambiental responsável. O gerenciamento de áreas contaminadas pode ser conduzido por um órgão federal, estadual, municipal ou até mesmo privado que possua a atribuição de controlar os problemas ambientais na região de interesse. As áreas são classifcadas pelo órgão competente em: •Área com potencial de contaminação (AP): aquela em que ocorrer atividades que, por suas características, possam acumular quantidades ou concentrações de substâncias químicas em condições de ocasionar contaminação do solo e das águas subterrâneas e acarretar danos à saúde humana e ao meio ambiente. •Área Suspeita de Contaminação (AS): aquela em que, mediante avaliação preliminar, for comprovada a existência de um ou mais indícios de contaminação. •Área contaminada sob investigação (Ai): aquela em que for comprovadamente constatada, mediante investigação confrmatória, a contaminação com concentrações de substâncias químicas no solo ou nas águas subterrâneas acima dos valores de investigação. •Área contaminada sob intervenção (ACI): aquela em que for constatada a presença de substâncias químicas em fase livre, ou for comprovada a existência de risco à saúde humana, após investigação detalhada e avaliação de risco. •Área em processo de monitoramento para Reabilitação (AMR): aquela em que for atingida a redução do risco aos níveis toleráveis, de acordo com as metas estipuladas na avaliação de risco. •Área Reabilitada para o uso declarado (AR): aquela em que, após período de monitoramento para reabilitação, seja confrmada a eliminação do perigo ou a redução dos riscos a níveis toleráveis para o uso declarado. 24Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 6.4 Gerenciamento da qualidade do ar Os processos industriais e de geração de energia, os veículos automotores e as queimadas são, dentre as atividades antrópicas, as maiores causas da introdução de substâncias poluentes à atmosfera, muitas delas tóxicas à saúde humana e responsáveis por danos à fora e aos materiais. A poluição atmosférica pode ser defnida como qualquer forma de matéria ou energia com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à fora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e à qualidade de vida da comunidade. De uma forma geral, a qualidade do ar é produto da interação de um complexo conjunto de fatores dentre os quais destacam-se a magnitude das emissões, a topografa e as condições meteorológicas da região, favoráveis ou não à dispersão dos poluentes. Frequentemente, os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis comparados a outros fatores mais fáceis de serem identifcados. Contudo, os estudos epidemiológicos tem demonstrado, correlações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite, enfsema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando as concentrações dos poluentes na atmosfera não ultrapassam os padrões de qualidade do ar vigentes. As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que já apresentam doenças respiratórias. A poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde e à qualidade de vida das pessoas, mas também acarretam maiores gastos do Estado, decorrentes do aumento do número de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de medicamentos, custos esses que poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do ar dos centros urbanos. A poluição de ar pode também afetar ainda a qualidade dos materiais (corrosão), do solo e das águas (chuvas ácidas), além de afetar a visibilidade. 25Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental A gestão da qualidade do ar tem como objetivo garantir que o desenvolvimento socioeconômico ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura. Para tanto, se fazem necessárias ações de prevenção, combate e redução das emissões de poluentes e dos efeitos da degradação do ambiente atmosférico. 6.4.1 Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente A gestão deste tema no MMA (Ministério do Meio Ambiente) é atribuição da Gerência de Qualidade do Ar (GQA), vinculada ao Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria. Esta gerência foi criada com o objetivo de formular políticas e executar as ações necessárias, no âmbito do Governo Federal, à preservação e a melhoria da qualidade do ar. A GQA tem como atribuições formular políticas de apoio e fortalecimento institucional aos demais órgãos do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), responsáveis pela execução das ações locais de gestão da qualidade do ar, que envolvem o licenciamento ambiental, o monitoramento da qualidade do ar, a elaboração de inventários de emissões locais, a defnição de áreas prioritárias para o controle de emissões, o setor de transportes, o combate às queimadas, entre outras. Cabe ainda à GQA propor, apoiar e avaliar tecnicamente estudos e projetos relacionados com a preservação e a melhoria da qualidade do ar, implementar programas e projetos na sua área de atuação, assistir tecnicamente aos órgãos colegiados de assuntos afeitos a essa temática (CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente e CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito), elaborar pareceres e notas técnicas sobre os assuntos de sua competência. 6.5 Consumo de energia elétrica A geração de energia no mundo está resumida, em sua grande maioria, pelas fontes de energias tradicionais como petróleo, carvão mineral e gás natural. Tais fontes são poluentes e não renováveis, mas no futuro, serão substituídas inevitavelmente. Há 26Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental controvérsias sobre o tempo da duração dos combustíveis fósseis, mas devido a energias limpas e renováveis como biomassa, energia eólica e energia maremotriz e sanções como o Protocolo de Quioto, que cobra de países industriais um nível menor de emissões de poluentes (CO2) na atmosfera, as energias alternativas são um novo modelo de produção de energias econômicas e saudáveis para o meio ambiente. Em relação ao consumo de energia, estima-se que os contemporâneos de Aristóteles, na Antiguidade, faziam uso de aproximadamente 12 mil kcal/dia, advindas da ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras, bem como da queima da lenha para cozer o alimento, pelo uso do sol para aquecer a casa, da tração animal, da força hidráulica para mover o monjolo, etc. O homem tecnológico de hoje extrapola – e muito – essas necessidades primárias, e os cálculos análogos indicam que o consumo médio atual é cerca de 20 vezes maior. No Brasil o consumo per capita vem crescendo. Desde 1970 a população brasileira aumentou 2 vezes, enquanto consumimos 3,4 vezes mais em kWh. O consumo de energia pode refetir tanto o grau de industrialização de um país como um grau de desenvolvimentoe bem estar da sua população em termos médios. O consumo de energia nos países mais industrializados é aproximadamente 88 vezes superior ao consumo dos países menos desenvolvidos. O aumento do consumo de energia elétrica, em razão do consumismo acelerado, tem provocado a construção de mais usinas hidrelétricas. Elas não poluem o ar, mas causam enormes impactos ambientais, em virtude da quantidade de água represada a fm de mover as turbinas na produção da energia elétrica. Uma alternativa seria a construção de usinas nucleares, mas esse tipo de usina produz um lixo radioativo que deve ser armazenado em locais remotos, além de ser muito perigosa, podendo causar catástrofes de grandes proporções (por exemplo, o acontecido em Chernobyl). A energia eólica vem sendo implantada, principalmente nas cidades litorâneas, pois é uma energia que usa a força dos ventos para produzir energia elétrica, sendo considerada uma energia pura. 27Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 6.5.1 Fontes de energia Fontes de energia são as diferentes formas de recursos que direta ou indiretamente produzem energia para movimentar a indústria, o comércio, os transportes, a agricultura, a saúde etc. As jazidas minerais, as bacias petrolíferas, os rios, o vento, as forestas, são alguns exemplos desses recurso energéticos. 6.5.1.1 Energia Renováveis e Não Renováveis As fontes de energia ou recursos energéticos podem ser classifcados em dois grupos: energias renováveis e não renováveis. Energias renováveis são aquelas que regeneram-se espontaneamente ou através da intervenção humana. São consideradas energias limpas: Hidrelétrica - obtida pela força da água dos rios; Solar - obtida da energia do sol; Eólica - obtida pela força dos ventos; Geotérmica - provém do calor do interior da terra; Biomassa - obtida de matérias orgânicas; Oceanos - obtida pela força das ondas; Hidrogênio - provém da reação entre hidrogênio e oxigênio que libera energia. Energias não renováveis são aquelas que se encontram na natureza em grandes quantidades mas, uma vez esgotadas não podem ser regeneradas. Têm reservas fnitas, uma vez que é necessário muito tempo para sua formação na natureza. São consideradas energias poluentes, já que sua utilização causa danos para a natureza. Os combustíveis fósseis, como o petróleo, o carvão mineral, o xisto e o gás natural, bem como aqueles usados como matéria-prima para produzir a energia nuclear, o urânio e o tório são exemplos de fontes de energia não renováveis. 28Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 6.5.1.2 Fontes de Energia Primárias e Secundárias As fontes de energias primárias são originadas das riquezas encontradas na natureza em estado bruto, que podem ser aproveitadas economicamente. Ex: a água, o sol, o vento, o petróleo, o carvão, o urânio etc. Essas fontes primárias são convertidas em energias secundárias em centros de transformação: Usinas Hidrelétricas - a energia da queda d'água é convertida em eletricidade; Refnarias - o petróleo é transformado em óleo diesel, gasolina, querosene etc.; Usinas Termoelétricas - a energia é obtida através da queima do carvão mineral e do petróleo; Coquerias - o carvão mineral é transformado em coque (produto empregado para aquecer altos fornos da siderurgia). 6.5.1.3 Fontes de Energia no Brasil e no Mundo A busca por fontes alternativas de energias não poluentes, vem avançando no mundo. O álcool etílico, produto obtido de diversas formas de biomassa, entre elas, a cana-de-açúcar, o milho, a beterraba, vem sendo utilizado como combustível de carros em diversos países. No Brasil o uso do álcool, proveniente da cana-de-açúcar, data de 1975, com a implantação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em decorrência da crise do petróleo. Hoje o álcool é também usado como aditivo à gasolina. 29Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 30Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 7 A PREOCUPAÇÃO GLOBAL COM O TEMA O mundo esta cada vez mais preocupado com a atual situação do meio ambiente, uma série de fatores são responsáveis por isso, como por exemplo: a qualidade do ar que respiramos, o temor a desastres naturais, ou até mesmo a preservação para as futuras gerações. Cada um tem seu motivo para se preocupar com o meio ambiente, o importante é que junto com as preocupações, existam ações para a melhoria ambiental. Aquecimento global, queimadas, derretimento de geleiras, calor excessivo, frio excessivo e muitos outros fatores naturais têm provocado em milhares de pessoas uma consciência ambiental, onde elas enxergam a necessidade de se preservar o meio ambiente, para evitar e acabar com catástrofes resultantes das ações dos próprios humanos. A preocupação com o meio ambiente está presente em quase toda sociedade, pessoas e empresas adotam e desenvolvem medidas e ações que, além de diminuir os impactos, como no caso de redução de gases poluentes e ponderação no consumo de água e energia, também contribuem para a reestruturação ambiental, como por exemplo, o reforestamento. 7.1 A ONU e o meio ambiente Pode-se dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, como uma resposta à industrialização. No século XIX, os poetas românticos britânicos exaltaram as belezas da natureza, enquanto o escritor americano Henry David Thoreau pregava o retorno da vida simples, regrada pelos valores implícitos na natureza. Foi uma dicotomia que continuou até o século XX. Após a Segunda Guerra Mundial, a era nuclear fez surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação. O movimento ambientalista ganhou novo impulso em 1962 com a publicação do livro de Rachel Carson, “A Primavera Silenciosa”, que fez um alerta sobre o uso agrícola de pesticidas químicos sintéticos. Cientista e escritora, Carson 31Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental destacou a necessidade de respeitar o ecossistema em que vivemos para proteger a saúde humana e o meio ambiente. Em 1969, a primeira foto da Terra vista do espaço tocou o coração da humanidade com a sua beleza e simplicidade. Ver pela primeira vez este “grande mar azul” em uma imensa galáxia chamou a atenção de muitos para o fato de que vivemos em uma única Terra – um ecossistema frágil e interdependente. E a responsabilidade de proteger a saúde e o bem-estar desse ecossistema começou a surgir na consciência coletiva do mundo. Com o fm da tumultuada década de 1960, seus mais altos ideais e visões começaram ser colocados em prática. Entre estes estava a visão ambiental – agora, literalmente, um fenômeno global. Enquanto a preocupação universal sobre o uso saudável e sustentável do planeta e de seus recursos continuou a crescer, em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo (Suécia). 7.2 CLIMA: Protocolo de Kyoto O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), frmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global. Redigido e assinado em Kyoto (Japão), em 1997, o Protocolo criou diretrizes para amenizar o impacto dos problemas ambientais causados pelos modelos de desenvolvimento industrial e de consumo vigentes no planeta. De acordo com o Protocolo, as nações se comprometem a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2%, comparando-se com os níveis de 1990. Oprincipal alvo é o dióxido de carbono (CO2), pois especialistas acreditam que a emissão desenfreada desse e de outros gases está ligada ao aquecimento global, fenômeno que pode ter efeitos catastrófcos para a humanidade durante as próximas décadas. 32Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental A intensidade do corte nas emissões de gases poluentes varia, contudo, de país para país, e só foram obrigadas a seguir o compromisso acima as nações consideradas desenvolvidas. O Protocolo entrou em vigor a partir de 2004 e prevê que suas metas sejam atingidas entre 2008 e 2012, quando ele expirará, dando lugar a outro acordo. Esse novo protocolo deve ser negociado, redigido e aprovado até a realização da conferência da ONU prevista para ocorrer no fnal de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. 7.2.1 Mecanismos e medidas O Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem suas metas ambientais. O primeiro prevê parcerias entre países na criação de projetos ambientalmente responsáveis. O segundo dá direito aos países desenvolvidos de comprarem "créditos" diretamente das nações que poluem pouco. Por fm, também foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos de carbono. Segundo o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos têm de tomar algumas medidas para atingir as metas de redução de gases: - Aumento da efciência energética em setores relevantes da economia; - Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa sobre o meio ambiente, como as forestas; - Promoção de práticas sustentáveis de manejo forestal, forestamento e reforestamento; - Promoção de formas sustentáveis de agricultura; - Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e renováveis de energia; 33Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental - Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono; - Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras; - Redução gradual ou eliminação de incentivos fscais, isenções tributárias e tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo; - Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as emissões de gases poluentes; - Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa; - Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na distribuição de energia; - Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias adotadas. 7.2.2 Assinaturas e ratifcações Redigido o documento, era preciso que os países assinassem e ratifcassem o Protocolo, ou seja, confrmassem sua adesão, para que o acordo entrasse em vigor. As assinaturas começaram a ser colhidas em 1998, mas o Protocolo só entrou em vigor em 2004, após a aceitação e ratifcação da Rússia. Isso ocorreu porque, para entrar em vigor, o Protocolo precisava ser ratifcado por pelo menos 55 países que, juntos, representassem, no mínimo, 55% das emissões de gases feitas em 1990. 34Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Atualmente, 175 países já assinaram e ratifcaram o documento, mas os Estados Unidos, maior emissor de dióxido de carbono do mundo (36,1%), se opuseram ao Protocolo de Kyoto, afrmando que a implantação das metas prejudicaria a economia do país. Na época, o presidente George W. Bush considerou possível a hipótese do aquecimento global, mas disse que preferia combatê-lo com ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas soluções tecnológicas. Outro argumento utilizado por Bush, para refutar o acordo, foi o fato de o Protocolo não exigir redução de emissões dos países em desenvolvimento, como a China e a Índia. Durante o governo de George Bush, a posição do governo norte-americano sofreu modifcações, mas em nenhum momento os Estados Unidos sinalizaram a intenção clara de ratifcar o Protocolo. Essa leve alteração no comportamento dos EUA ocorreu a partir de dezembro de 2007, depois da Conferência das Nações Unidas em Bali, onde se discutiu o relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPPC). Naquela oportunidade, a Austrália, que até aquele momento relutara em assinar o Protocolo, acabou aderindo, o que deixou os Estados Unidos isolados em relação aos demais países desenvolvidos. Depois da eleição de Barak Obama para a presidência dos EUA, a posição do país, até os primeiros meses de 2009, ainda era uma incógnita. 7.2.3 Certifcados de carbono Entre os países mais engajados na efetivação do Protocolo estão os membros da Comunidade Econômica Europeia, que, por exemplo, passaram a tomar medidas no sentido de multar os carros mais poluentes. Além disso, são esses países os que mais emitem certifcados de redução de 35Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental emissão de carbono. Tais papeis fnanciam os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), que são projetos em todo mundo para reduzir as emissões de gases ou captar o carbono emitido por processos industriais. Os MDLs formam a base do comércio de carbono obrigatório. E é nesse flão que participam os países em desenvolvimento. Brasil, China e Índia, por exemplo, têm vários projetos que já emitiram certifcados de carbono para serem comercializados. Para o futuro, prevê-se a criação de um grande mercado global de carbono, com mercados regionais menores funcionando em paralelo. Espera-se a aproximação entre o Japão, que já possui um esquema voluntário em vigor, e a Nova Zelândia, que já desenha um esquema nacional; assim como a união entre Estados Unidos e Canadá. Ou seja, será comum países fazerem acordos. 7.2.4 As discussões prosseguem Uma das questões primordiais em relação ao aquecimento global é: quem pagará a conta dos esforços necessários para atenuar a mudança climática? Foi em busca de uma resposta que mil representantes de 190 países se reuniram, no início de abril de 2008, em Bangcoc, na Tailândia, e continuarão se reunindo. Eles discutem a divisão de responsabilidades para reduzir a geração de poluição e "salvar o planeta". 7.3 COP – Conferência Mundial do Clima COP signifca Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática. É a autoridade máxima para a tomada de decisões sobre os esforços para controlar a emissão dos gases do efeito estufa. A Conferência das Partes (COP) é o órgão supremo decisório no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB. As quatro primeiras reuniões da COP 36Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental foram realizadas anualmente. A partir da quinta reunião, a COP passou a se reunir de dois em dois anos. Trata-se de reunião de grande porte que conta com a participação de delegações ofciais dos 188 membros da Convenção sobre Diversidade Biológica (187 países e um bloco regional), observadores de países não-parte, representantes dos principais organismos internacionais (incluindo os órgãos das Nações Unidas), organizações acadêmicas, organizações não-governamentais, organizações empresariais, lideranças indígenas, imprensa e demais observadores. Cada reunião da COP tem duração de duas semanas, com duas sessões de trabalho paralelas com tradução simultânea para as seis línguas ofciaisda ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, russo e chinês). Diariamente, são realizadas reuniões preparatórias dos grupos políticos regionais da ONU (América Latina e Caribe, África; Ásia e Pacífco; Leste Europeu e Ásia Central; e Europa Ocidental, Canadá, Japão, Austrália e Nova Zelândia; bem como do Grupo dos 77 e China; e do Grupo dos Países Megadiversos Afns). São também realizados cerca de 100 eventos paralelos sobre temas e iniciativas especiais nos intervalos do almoço e do jantar. No período noturno, são realizadas reuniões de grupos de países para os temas que exigem mais negociação. Durante a COP, organiza-se amplo espaço de exposições de países e organizações internacionais e nacionais, bem como amplas reuniões de consulta de lideranças indígenas e organizações ambientalistas. Antes da reunião, é organizado um amplo Fórum Global de organizações ambientalistas e acadêmicas. Durante a segunda semana de reunião, é organizado o Segmento Ministerial da COP, com a presença de mais de uma centena de ministros de meio ambiente de todos os continentes. Durante a COP são tomadas Decisões que detalham mais a Convenção. Essas Decisões podem estabelecer protocolos, programas de trabalho ou ainda metas específcas. As decisões da COP são orientadas por recomendações do Órgão Subsidiário de Assessoramento Científco, Técnico e Tecnológico - SBSTTA. 37Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 8 O BRASIL NO DEBATE: ECO-92 E RIO+20 8.1 Conferência Rio-92 sobre o meio ambiente do planeta: desenvolvimento sustentável dos países A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro, marcou a forma como a humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza. Na reunião — que fcou conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra —, que aconteceu 20 anos depois da primeira conferência do tipo em Estocolmo, Suécia, os países reconheceram o conceito de desenvolvimento sustentável e começaram a moldar ações com o objetivo de proteger o meio ambiente. Desde então, estão sendo discutidas propostas para que o progresso se dê em harmonia com a natureza, garantindo a qualidade de vida tanto para a geração atual quanto para as futuras no planeta. A avaliação partiu do pressuposto de que, se todas as pessoas almejarem o mesmo padrão de desenvolvimento dos países ricos, não haverá recursos naturais para todo mundo sem que sejam feitos graves — e irreversíveis — danos ao meio ambiente. Na Rio-92, chegou-se à conclusão de que temos de agregar os componentes econômicos, ambientais e sociais. Se isso não for feito, não há como se garantir a sustentabilidade do desenvolvimento — analisou na CRE, em março passado, Luiz Alberto Figueiredo Machado, coordenador-geral dos preparativos da Conferência Rio+20. O ambiente político internacional da época favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de que as responsabilidades pela preservação do meio ambiente e pela construção de um convívio equilibrado com o planeta são diferentes. Na Rio-92, fcou acordado, então, que os países em desenvolvimento deveriam receber apoio fnanceiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de 38Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental desenvolvimento que seja sustentável, inclusive com a redução dos padrões de consumo — especialmente de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral). Com essa decisão, a união possível entre meio ambiente e desenvolvimento avançou, superando os confitos registrados nas reuniões anteriores patrocinadas pela ONU, como na Conferência de Estocolmo, em 1972. Documento muito importante assinado durante o evento foi a Agenda 21, um plano de ação e metas com 2.500 recomendações sobre como atingir o desenvolvimento sustentável. Segundo esse documento, o qual defende a ajuda dos países desenvolvidos àqueles em desenvolvimento, a conservação ambiental do planeta não pode ser alcançada sem a erradicação da pobreza e a diminuição das desigualdades sociais. Entre os objetivos da Agenda 21, destacam-se: - A universalização do saneamento básico e do ensino; - Maior participação das ONGs, dos sindicatos e dos trabalhadores na vida da sociedade; - O planejamento e o uso sustentado dos recursos do solo, das formações vegetais e dos rios, lagos e oceanos; - A conservação da biodiversidade. As ONGs também participaram de forma ativa do encontro, e realizaram de forma paralela, o Fórum Global, que aprovou a Carta da Terra. Esse documento consiste em um termo de responsabilidade dos países ricos na preservação do meio ambiente. 8.2 Rio+20 Rio+20 é o nome da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro de 13 a 22 de junho de 2012. Participaram líderes dos 193 países que fazem parte da ONU. 39Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental O principal objetivo da Rio+20 foi renovar e reafrmar a participação dos líderes dos países com relação ao desenvolvimento sustentável no planeta Terra. Foi, portanto, uma segunda etapa da Cúpula da Terra (ECO-92) que ocorreu há 20 anos na cidade do Rio de Janeiro. Principais temas que foram debatidos: - Balanço do que foi feito nos últimos 20 anos em relação ao meio ambiente; - A importância e os processos da Economia Verde; - Ações para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta; - Maneiras de eliminar a pobreza; - A governança internacional no campo do desenvolvimento sustentável. Infelizmente o resultado da Rio+20 não foi o esperado. Os impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, acabaram por frustrar as expectativas para o desenvolvimento sustentável do planeta. O documento fnal apresenta várias intensões e joga para os próximos anos a defnição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Muitos analistas disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, prejudicou as negociações e tomadas de decisões práticas. 40Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental 9 PREJUÍZOS POR NEGLIGENCIAR O bom tratamento dispensado à natureza deve ser constante, deve contar com o zelo nosso de cada dia, todos os dias. Celebrar a vida é direito de todos e, neste caso, cabe atenção aos pequenos atos de dedicação das pessoas que se permitem cuidar do ambiente nos lugares da região onde moram. Parecem forescer onde estão, onde a vida precisa ser vívida e vivida. Mas é preciso mais. Em um mundo conturbado em nossos dias o tema meio ambiente pede refexão, nos chama à conscientização acerca das graves violações promovidas pelo homem que explora mal os bens desta terra merecendo rígida fscalização e maior empenho dos Estados. As causas das agressões ao meio ambiente estão diretamente relacionadas aos pilares culturais, políticos e econômicos, que demandam agregação de valores para um desenvolvimento ético, responsável e sustentável. O que se faz atualmente para resguardar a natureza é muito pouco. Por mais que governos e grandes empresas propaguem seus esforços na preservação do meio ambiente ainda mostram-se longe de colocar o tema como prioridade, talvez, pela diversidade de interesses. Os cidadãos, por seu lado, deveriam defender com grande vigor e coragempropostas de valorização e defesa da natureza. Não há como negar a negligência do homem no domínio dos instrumentos tecnológicos nos últimos anos e na desordenada intervenção no meio ambiente. Excluindo-se os de força maior, o maior predador da natureza causou acidentes ambientais sem precedentes que poderiam ser evitados. Em 2010 nos deparamos com a triste e lamentável ocorrência de um fato que poderá vir a ser o mais grave de todos os tempos. No Golfo do México, na plataforma de petróleo da empresa British Petroleum, uma explosão deixou 11 funcionários desaparecidos e uma mancha de óleo que se espalha rapidamente pela costa dos Estados Unidos, não se sabendo, ao certo, a real extensão deste trágico acidente de consequências ainda não calculadas. 41Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental A partir deste gravíssimo episódio poderíamos elencar alguns acidentes anteriores entre os piores das últimas três décadas como o da Espanha, em 2002. Na ocasião, um navio das Bahamas afundou a 250 quilômetros da região da Galícia afetando aproximadamente 15 mil pássaros. A Petrobras, em janeiro de 2000, foi responsável pelo derramamento de mais de um milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, provocando graves prejuízos de ordem social e econômica na localidade, bem como o vazamento de quatro milhões de litros de óleo cru de uma refnaria em Araucária, no Paraná, em julho do mesmo ano. Há ainda o caso Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. O vazamento de 260 mil barris de petróleo arrasou milhares de vidas marinhas. Na Rússia, a explosão de um reator da usina nuclear de Chernobyl, em 1986, deixou muitos mortos, trabalhadores feridos e crianças doentes do câncer, vítimas da radiação. E no Brasil, novamente, um acidente na Vila Socó, em Cubatão, SP, em 1984, matou 93, segundo dados ofciais; porém, extraofcialmente mais de 500 pessoas teriam ido a óbito na Baixada Santista. Boa vontade e a elaboração de políticas públicas justas, com gestões éticas integradoras é o desejo de uma imensa maioria. Por este motivo, há que se preservar o meio ambiente das interferências nefastas do homem chamando-o para um manejo sustentável A aquisição de conhecimentos e sua reta aplicação nos projetos de conservação, obviamente, contribuirão para melhorar a vida das pessoas com a ampliação da cidadania e a diminuição dos desperdícios. Educar, investir no ser humano com respeito, paciência e sabedoria, pode ser o caminho viável, cabendo aos governos e sociedade a responsabilidade e o compromisso com a vida e o efetivo exercício cidadão. O caso Samarco e o desmoronamento da responsabilidade social corporativa A tragédia de Mariana revela que os padrões atuais da responsabilidade social corporativa não são sufcientes para proteger a sociedade 42Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental Álvaro Almeida 09.11.15 - 00h00 - Atualizado em 19.12.16 – 14h42 A mineradora Samarco foi reconhecida nos últimos 20 anos como uma das líderes em responsabilidade socioambiental no Brasil. Enfleirou prêmios, foi a primeira mineradora do mundo a ter a certifcação ISO 14001 (de gestão ambiental) para todas as etapas de produção. Nada disso adiantou que, na quinta-feira 5 de novembro, fosse responsável por um dos maiores desastres ambientais e sociais recentes do País, cuja extensão ainda está longe de ser dimensionada. O rompimento das duas barragens de rejeitos de mineração nos municípios de Mariana e Ouro Preto, que resultou na avalanche de milhões de toneladas de lama, tirou vidas, devastou o distrito de Bento Rodrigues, provocou destruição ambiental por mais de 100 quilômetros (e segue avançando), e ainda jogou por terra o trabalho de inúmeros profssionais sérios. Sim, porque também há tragédia do lado da empresa. Especialmente, se reconhecermos que ali existem pessoas e não apenas um ente demoníaco e ganancioso. Resumir essa catástrofe à conclusão irrefutável e óbvia de que a empresa é culpada dá conforto imediato a muitas pessoas, mas não nos ajuda a entender toda a complexidade do problema. Assim com a BP, que provocou o maior desastre ambiental dos EUA em 2010, a Samarco tinha inúmeros estudos e metodologias para a gestão de riscos de suas operações e forte reputação de excelência socioambiental. Em levantamento do renomado Reputation Institute, em 2014, que incluiu 2.769 entrevistas com representantes de sete públicos, a Samarco alcançou o índice de 74,9 pontos numa escala de 0 a 100, o que a colocava no nível de benchmark para o setor de mineração. Em seu Relatório Anual, a empresa admitiu que permanecia como desafo estreitar os laços e fortalecer as relações de confança com clientes e comunidades vizinhas. 43Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental O mesmo documento ofcial da Samarco descreve a gestão ativa de riscos e informa que realizou pela primeira vez em 2014 seis simulados para testar a capacidade de resposta à crises. Sobre a disposição de rejeitos, diz o relatório: “A análise e o controle de riscos são realizados por meio da metodologia Failure Modes and Efects Analysis (FMEA), que avalia o potencial de ocorrências e falhas nas barragens, bem como as consequências potenciais sobre a saúde e a segurança das pessoas e do meio ambiente… Sob a ótica da segurança de nossas operações, dispomos do Plano de Ações Emergenciais (PAE) das barragens, que aborda o funcionamento das estruturas de disposição de rejeito e possíveis anomalias ou situações de emergência. Com base nesse documento, que atende aos requisitos legais sobre gestão de barragens, aplicamos, em 2014, um total de 1.356 horas de treinamentos com os empregados envolvidos direta ou indiretamente nas atividades”. Em outro trecho: “Mapeamos 18 riscos operacionais prioritários de segurança e seis riscos prioritários de saúde e defnimos um programa de gerenciamento”. Depois de descrever vários investimentos na mitigação de riscos, fnaliza: “Outras melhorias aguardam licenças e aspectos regulatórios para serem implantadas, como a construção do trevo da portaria principal de Ubu e o estacionamento externo da barragem, em Germano.” Por que nada disso foi sufciente para evitar a tragédia? Porque as empresas se iludem. Nosso conhecimento é majoritariamente formado por informações passadas ou presentes e, a cada dia, a previsão dos efeitos futuros de nossas atividades fca mais complexa e improvável. Assim, como todas essas ferramentas e metodologias são baseadas em melhores práticas criadas no passado, servem para gerar conforto a acionistas e outros stakeholders, mas não garantem segurança diante de operações de grande impacto. A pressão por mais e mais produção, somada às incertezas ambientais e sociais, fazem com que cada dia sem acidente seja um dia mais próximo de um acontecimento 44Administração 3º ano – Responsabilidade Socioambiental inesperado. Esse dia chegou para a Samarco, depois de anos perseguindo produtividade, efciência, e consequentemente estocando mais rejeitos. Assim como a BP teve de pagar 18 bilhões de dólares em multas e indenizações nos Estados Unidos, a Samarco deverá arcar com um imenso custo para reparar os danos ambientais e sociais que gerou. É necessário, no entanto, repensar o modelo de negócios e os processos produtivos dela e de todo o setor de mineração. Se ainda dependemos de minério para produzir bens necessários, uma empresa realmente responsável deve investir em pesquisa para extrair cada vez menos recursos
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