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DISCIPLINA: COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL PROFª. CHIRLEY COSTA DISCIPLINA: CULTURA, CLIMA & COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL PROFª. CHIRLEY COSTA CULTURA, CLIMA & COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 2 Objetivo da disciplina : � Identificar e atuar sobre os aspectos que envolvem a relação do indivíduo com o trabalho. � Discriminar as diferentes formas de interação humana nas práticas organizacionais. � Compreender a importância das pessoas nas organizações, buscando identificar sua contribuição para o desenvolvimento e crescimento das empresas. � Identificar e aplicar técnicas dos indicadores do desempenho Competências: � Compreensão dos diferentes elementos que influenciam o comportamento do indivíduo, dos grupos e da própria organização. � Compreensão do processo de tomada de decisões, o poder e política nas empresas e a mudança organizacional. � Compreensão dos conceitos básicos da Psicologia para desenvolver as capacidades, a autoconfiança e as relações interpessoais na organização. Habilidades � Auxiliar e orientar na gestão e no desenvolvimento das relações humanas em uma organização, notadamente na resolução de conflitos. � Identificar as relações que se estabelecem nas organizações entre indivíduos, grupos e estruturas organizacionais que determinam as relações interpessoais, informacionais e decisórias. � Reconhecer a importância do estudo do comportamental organizacional. � Desenvolver e aplicar uma metodologia sistemática nas tomadas de decisões. � Identificar a influência do poder e da política no dia-a-dia organizacional. � Entender a cultura organizacional e criar condições adequadas para as mudanças que se fizerem necessárias. Administração do conteúdo: Dividimos o conteúdo em quatro etapas em quatro unidades. � Unidade I: Abordaremos quanto aos conceitos de cultura, clima e comportamento organizacional, bem como uma análise quanto aos componentes do comportamento micro-organizacional � Unidade II: É hora de falar sobre trabalho dimensões Meso-organizacional, liderança, processos decisórios, conflitos, abordaremos dimensões macro organizacional e suas estratégias. � Unidade III: Vamos aos conceitos de Avaliação de Desempenho, conceitos, tipos,vantagens, e sua importância para a organização no desenvolvimento e retenção de talentos. � Unidade IV: Nesta etapa falaremos sobre conflito e mudanças de cultura organizacional, estresse. Dinamizadores do ambiente organizacional, treinamento, valores e ética, Inteligência emocional, Inclusão e cotas nas organizações, Inteligência Artificial e desenvolvimento Organizacional.. Avaliações na disciplina Avaliação continuada: Será construída com uma atividade de revisão em cada unidade, composta por questões de múltipla escolha (individual) e estudo de caso nas unidades I,II e III e seminário na unidade IV (em grupo) Avaliação Final: Será composta por 10 questões - múltipla escolha e dissertativa. Para o bom andamento Entregar avaliação continuada conforme data acordada em sala de aula no início da aula Aluno ausente em seminários/estudo de caso terá a nota inferior ao grupo Aluno deve ter presença superior a 75%, respeitando a tolerância conforme regulamento (15minutos) e ter em mãos materiais solicitados para cada aula. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 3 1. INTRODUÇÃO Cada vez mais a sociedade cobra por produtos e serviços de qualidade, então, as organizações devem, constantemente, melhorar seus índices de satisfação dos usuários, e para isto elas dependem quase que única e exclusivamente de seus funcionários, motivados, felizes e comprometidos com os valores da organização. Sendo assim, vemos o crescimento da importância dispensada ao fator humano dentro das organizações, fazendo-se necessário o conhecimento, por parte dos diretores, do grau de alinhamento dos objetivos individuais dos trabalhadores com os objetivos organizacionais, para assim obter um melhor desempenho das funções realizadas pelas entidades. Uma pesquisa de Clima Organizacional proporciona a análise da organização a respeito do seu ambiente, assim como sobre o conjunto de condições que caracterizam o estado de (in)satisfação dos empregados na empresa. Logo, é uma valiosa ferramenta de Gestão Estratégica, pois permite a análise interna e externa da organização e o acompanhamento do estado de satisfação e comprometimento dos funcionários. Esse tipo de pesquisa constitui em um excelente instrumento de feedback e de intervenção organizacional, contribuindo para o conhecimento do funcionamento da empresa. 1.1 Cultura Organizacional e as pessoas Pessoas e cultura organizacional não podem separar-se. Os envolvidos com as empresas trarão maiores avanços às organizações se conhecerem bem a cultura em que estão inseridos. Na sua essência, todas as organizações são definidas por pessoas; o recurso humano é dos mais valiosos para as empresas. E as pessoas são a base para a formação da cultura das organizações. A cultura organizacional molda atitudes e comportamentos dos colaboradores, ao mesmo tempo em que influencia o modo como a organização interage com seu ambiente. Seguindo para uma estabilidade, mas admiti mudanças de forma lenta, que vão incorporando novos elementos e experiências. Schein traz a seguinte definição de cultura organizacional: "é um conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas." (SCHEIN apud LUZ, 2003, p. 15) Nesse sentido, Luz (2003) define como um conjunto de crenças, valores, costumes, rituais, slogans, mitos, tabus, tradições, sentimentos e comportamentos compartilhados pelo membro de determinada organização, enfim, o conjunto de atributos físicos e psicossociais de uma organização que caracteriza o seu modo de ser e sua identidade. Para Morgan (1996, p. 59), a cultura de uma organização tem como componentes: Normas: são padrões ou regras de conduta nos quais os membros da organização se enquadram. A norma é um padrão que as pessoas obedecem sem levar em conta seu significado, podendo ser explícitas, ou seja, definidas em manuais, estatutos, regulamentos, etc; ou implícitas, quando as pessoas obedecem, mas não possuem consciência das mesmas. Valores: o conjunto daquilo que a força de trabalho considera positivo ou negativo em uma organização constitui o seu sistema de valores. Recompensa: as pessoas tendem a se comportar em função daquilo que receberam em troca, e assim sendo, no desenvolvimento do trabalho os diretores devem buscar estimular os colaboradores. Poder: As organizações possuem distribuições diferentes de poder, ou seja, possuem graus diferentes de centralização ou descentralização da autoridade. Bowditch (1992) lembra que existem diferenças importantes entre clima e cultura organizacional. O primeiro é uma medida de até que ponto as expectativas das pessoas sobre como se deve trabalhar, em uma organização, está sendo cumprida, portanto, um indicador de que tais crenças e expectativas estão sendo ou não concretizadas. Já a cultura ocupa-se da natureza, das crenças e expectativas sobre a vida da organização. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 4 Segundo Luz (2003) o clima é afetado por diferentes fatores externos à organização, como condições de saúde, habitação, lazer e familiar, e também pela cultura organizacional, que é uma das suas principais causas. ConformeChiavenato 2010, a cultura organizacional, ou corporativa, pode ser definida como "conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos através de normas, valores, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização". Em outra definição, Elliot Jaques (1951) cita cultura como o "hábito tradicional e costumeiro de pensar e fazer as coisas, que é compartilhado em maior ou menor grau pelos seus membros e que os novos membros devem aprender e assimilar, pelo menos parcialmente para que possam ser aceitos no contexto da empresa". A cultura espelha a mentalidade que predomina em uma organização; e isso aparece do compartilhamento entre todas as pessoas, como demonstrado pelos autores. E por que a Cultura Organizacional é importante? Ela é a identidade das empresas; não é possível conhecer plenamente uma organização se a sua cultura não está compreendida. Para os colaboradores recém-chegados a cultura se apresentará naturalmente, no seu dia-a-dia - sendo que novos funcionários já possuem alguma característica compatível com a cultura, pois passaram no filtro do processo de seleção -, e também de forma normativa, de acordo com a capacidade da empresa na integração. Já funcionários conhecedores da cultura tem o desafio de transferi-la aos novos membros; e os gestores e líderes têm a função primordial de manter ou buscar criar uma cultura adequada, visualizando a cultura organizacional como fator para o bom desempenho econômico da empresa. Seja qual for o papel de cada pessoa na organização é certo que a cultura ali presente será influenciadora; logo, ter esta consciência e conhecer a Cultura Organizacional, num todo, possibilitará avanços para as pessoas e para a organização. Então, há uma relação de causalidade entre clima e cultura organizacional, onde esta é uma das causas de que o clima é a conseqüência. Sendo assim, o clima é um fenômeno temporal, referindo-se ao estado de ânimo dos funcionários de uma organização, em um determinado momento, já a cultura organizacional se estabelece ao longo do tempo devido a práticas recorrentes. 1.2 Clima Organizacional O clima organizacional representa o ambiente que existe em uma organização que condiciona o comportamento dos seus membros, logo, os sentimentos que as pessoas compartilham a respeito da organização, tanto positiva como negativamente, afetam o comportamento humano dos colaboradores. Como nos afirma Litwin (apud LUZ, 2003, p.10) o Clima Organizacional "é a qualidade ou propriedade do ambiente organizacional, que é percebida ou experimentada pelos membros da organização e influencia o seu comportamento". Nesse sentido, Luz (2003, p. 13) o define como o "reflexo do estado de ânimo ou do grau de satisfação dos funcionários de uma empresa (...) é a atmosfera psicológica que envolve, num dado momento, a relação entre a empresa e seus funcionários." Chiavenato (1997) define o clima organizacional como sendo o conjunto de propriedades mensuráveis do ambiente de trabalho percebido, direta ou indiretamente, pelos indivíduos que vivem e trabalham neste ambiente e que influencia a motivação e o comportamento dessas pessoas. "Ele representa o conjunto de sentimentos predominantes numa determinada empresa e, envolve a satisfação dos profissionais tanto com os aspectos mais técnicos de suas carreiras e trabalho quanto aspectos afetivos/emocionais, refletindo em suas relações com os colegas de trabalho, com os superiores e com os clientes de modo geral. É a tendência de percepção que os membros de uma organização possuem a respeito de seu grau de satisfação em relação ao conjunto ou a determinada característica desta organização" (CHIAVENATO, 1997, p. 126). Assim, o clima organizacional é o indicador do grau de satisfação dos membros de uma empresa, em relação a diferentes aspectos da cultura ou realidade aparente da organização, tais como políticas de RH, modelo de gestão, missão da empresa, processo de comunicação, valorização profissional e identificação com a empresa (CODA, 1993). Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 5 Mól traz a seguinte definição de clima organizacional: "maneira, positiva ou negativa, como os colaboradores, influenciados por fatores internos ou externos à organização, percebem e reagem, num determinado momento, ao conjunto de variáveis e fatores como as políticas, os procedimentos, usos e costumes existentes e praticados pela organização" (MÓL, 2010, p. 8). Assim, para Mól, o clima está ligado, diretamente, a maneira como o colaborador percebe a organização com a sua cultura, suas normas, seus usos e costumes, como ele interpreta tudo isso e como ele reage, positiva ou negativamente, a essa interpretação. Litwin e Stinger (apud GONÇALVES, 1997) trazem a determinação do clima organizacional através da medição do grau de motivação dos membros da mesma organização, gerando um diagnóstico para saber onde será necessário haver mudanças. Ainda, segundo esses autores, as dimensões do clima que podem ser medidas por questionário são: Estrutura da Organização – é o sentimento dos elementos da organização sobre as restrições da sua situação, regulamentos, regras e formas administrativas;Responsabilidade – é o sentimento de ser o seu próprio patrão e de não ter dependências quando desempenha as suas funções;Recompensa – é o sentimento de ser recompensado por um trabalho bem feito; ênfase em incentivos positivos e não em punições; sentimento sobre a justiça da política de promoção e remuneração;Risco – é o sentimento de risco na tomada de decisão e no desempenho de suas funções;Calor e apoio – sentimento de camaradagem do grupo;Suporte – é a percepção de suporte vindo de cima (gestores) e de baixo (subordinados);Standards – é o grau de importância dada aos objetivos e standards de performance;Conflito – é o sentimento de pertencer a uma dada organização; Para LITWIN e STINGER (apud GONÇALVES, 1997) há diversos fatores que influenciam o clima organizacional, tais como: Fatores externos de natureza econômica, social, tecnológica ou cultural, que influenciam o funcionamento da organização (política, legislação, mercado, região).A cultura do grupo profissional dominante.Evolução histórica da empresa, influência dos fundadores, ciclos de desenvolvimento, grupo dominante de proprietários e acionistas, grupo econômico a que pertence.Estatuto jurídico da empresa, dimensão, fatores de proteção local, regional ou nacional.Origem, formação e estilo de liderança dos atuais gestores do topo.Tipo de tecnologia dominante e grau de modernização tecnológica.Especialidade das organizações que operam no mercado social (saúde, educação) e que estão sujeitas a uma tutela e um enquadramento político – jurídico mais rígido. 1.3 Comportamento Organizacional O mundo passa por constantes mudanças de caráter social, cultural e tecnológico, a chamada era global. Essa mudança ocorre de forma acelerada e desenfreada, o que é característico da globalização visto que o mundo exige cada vez mais respostas rápidas a seus questionamentos. Em meio a um mundo dinâmico e em constante desenvolvimento encontram-se as organizações, que estão diretamente ligadas as mudanças globais produzindo e satisfazendo as necessidades do mundo globalizado, necessidades estas que por sua vez estão sempre mudando e tornando-se cada vez mais complexas. Perante a dinâmica de constantes mudanças na forma de pensar e agir das pessoas encontra-se a empresa, que se transforma de acordo com as exigências do mercado, que cada dia torna-se mais competitivo; o cenário de negócios não é o mesmo de décadas atrás. As mudanças chegam também à forma como as organizações são geridas, hoje com uma perspectiva mais humanística, visto que as empresas começam a agregar valor ao capital humano. Deixou-se de pensar apenas no capital financeiro e passou-sea dar significado ao capital intelectual, utilizado hoje como importante elemento de competitividade nas empresas. Entramos na Era da informação e estamos deixando a Era Industrial para trás. Na Era Industrial predominavam os ativos tangíveis e bens físicos como máquinas, equipamentos, instalações, Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 6 ferramentas e o capital financeiro. Na Era da Informação, estão predominando ativos intangíveis e bens intelectuais. A Era do tijolo e do concreto está cedendo lugar a uma nova era de idéias e concepções. O capital intelectual está em alta. Cada vez mais, as organizações estão aumentando seu valor patrimonial por meio de ativos intangíveis e intelectuais. O conhecimento está se tornando a moeda mais importante do terceiro milênio. (CHIAVENATO, 2003) As organizações começam a entender a importância de se investir no capital humano para o crescimento da mesma. Assim, para se estudar o fator humano, é necessário primeiramente conhecê- lo, saber lidar com pessoas diferentes, saber se relacionar e se comunicar com elas; para isso a priori é necessário compreender o comportamento humano como meio de se alcançar a eficiência e eficácia das empresas. O comportamento organizacional está relacionado com a forma como as pessoas reagem, ou se comportam no trabalho. O estudo de indivíduos e grupos atuando em organizações é definido como comportamento organizacional; o comportamento organizacional é a contínua interação entre pessoas e empresas que se influenciam mutuamente (CHIAVENATO, 2003). O comportamento organizacional é: [...] Uma área que trata do comportamento individual, isto é de tópicos como personalidade, atitudes, percepção, aprendizado, motivação. Além disso, o comportamento organizacional também está relacionado com o comportamento grupal, incluindo tópicos como normas, papéis, construção de equipes e conflito... (CHIAVENATO, 2005). Nessa perspectiva, o comportamento organizacional é uma área do conhecimento humano importante para o entendimento do funcionamento das organizações, focando no estudo das ações e atitudes humanas, com a intenção de obter produtividade, diminuir o absenteísmo e a rotatividade e promover a cidadania organizacional. Para Chiavenato (2005), há três níveis diferentes de comportamento nas organizações que podem ser explorados: a macroperspectiva do comportamento organizacional que discute o comportamento do sistema organizacional como totalidade; a perspectiva intermediária do comportamento organizacional no qual aborda o comportamento de grupos e equipes na empresa; e o microperspectiva do comportamento organizacional que trata do comportamento individual de cada colaborador ao trabalhar sozinho na corporação. Nessa perspectiva, Chiavenato (2005) define que a abordagem macro do comportamento organizacional se fundamenta em questões como comunicar, liderar, proporcionar decisões, lidar com estresse e conflito, proporcionar negociação, tipos de poder e política e coordenar atividades de trabalho. Já a perspectiva intermediaria do comportamento organizacional se baseia em observações sobre equipes, no qual busca descobrir formas de socialização que estimulem a cooperação entre os indivíduos e a progresso da produtividade em grupo. Logo, a microperspectiva do comportamento organizacional possui uma forte orientação psicológica por focar as diferenças particulares e de personalidade, percepção e atribuição, motivação e satisfação no trabalho. Robbins (2004) também analisa o comportamento organizacional em três níveis: � O nível individual (examina-se fundamentos da conduta pessoal: valores, atitudes, percepção, aprendizagem, o papel da personalidade e das emoções nesse comportamento, a motivação individual e o processo individual de tomada de decisão), � O nível do grupo (pondera-se modelos de comportamento de grupo: temas relacionados à comunicação e à tomada de decisão dos grupos, liderança, confiança, poder, política, conflitos, negociação, � O nível do sistema organizacional (discute-se como o comportamento pode ser afetado por diferentes dimensões das organizações, aborda-se temas como as políticas e as práticas de recursos humanos e como elas influenciam os componentes das organizações e a como a cultura institucional influencia o comportamento dos membros). Bowditch e Buono (2002) ressaltam que um dos principais problemas do comportamento organizacional se detém ao porque as pessoas se comportam da maneira como o fazem em seu Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 7 trabalho e em suas empresas. Assim como o porquê de algumas pessoas darem o máximo de si enquanto outras somente realizam o trabalho necessário. A resposta para esses questionamentos encontram-se na discussão de alguns elementos que compõe o comportamento organizacional como: motivação; percepção, atitudes e diferenças individuais; comunicação; liderança; e comportamento grupal e intergrupal. Para um maior entendimento desses questionamentos Chiavenato (2005) descreve três variáveis independentes (variáveis no nível do sistema organizacional, variáveis no nível do grupo e variáveis no nível do individuo) como principais determinantes das variáveis dependentes (produtividade, absenteísmo, rotatividade, satisfação com o trabalho e cidadania organizacional). Para este autor, as variáveis independentes no nível do sistema organizacional referem-se à soma da estrutura formal ao conhecimento da conduta das pessoas e dos grupos. Já as variáveis no nível do grupo fazem menção à diferença de comportamento das pessoas enquanto trabalham sozinhas ou em grupo. Para as variáveis no nível do indivíduo o autor ressalta a importância das características pessoais de cada um e como elas afetam o comportamento do mesmo no trabalho (valores, atitudes, personalidade, emoções, percepção, a tomada de decisão, a aprendizagem e a motivação). Além disso, Chiavenato (2005) delineia a produtividade como uma das maiores variáveis dependentes no estudo do comportamento organizacional por ser esta alcançada por meio de pessoas, de grupos e de toda a empresa. Além disso, as instituições estão sempre a procura dos fatores que influenciam a melhoria da eficiência e eficácia de seus colaboradores, das equipes e da organização como um todo. Quanto ao absenteísmo, o autor explana os malefícios que o mesmo trás para a empresa, pois ele provoca interrupção do trabalho e uma perda considerável da qualidade do mesmo. A instituição fica impossibilitada de alcançar seus objetivos se seus colaboradores não comparecem ao trabalho. No que se refere à rotatividade o autor elucida sobre a preocupação das organizações com a redução da rotatividade, pois um alto índice de rotatividade gera um alto custo para a empresa com recrutamento, seleção e treinamento. Para o autor, a satisfação no trabalho é mais uma atitude do que um comportamento, o mesmo afirma que pessoas satisfeitas com o trabalho são mais produtivas do que pessoas insatisfeitas; as organizações devem preocupar-se cada vez menos com a produtividade e cada vez mais com a qualidade de vida no trabalho, pois a satisfação é um objetivo da empresa que está relacionada com o absenteísmo e a rotatividade. E por último o autor afirma que a cidadania organizacional é um comportamento que não faz parte das exigências de uma empresa, mas que ajuda no funcionamento eficaz da organização. As organizações bem-sucedidas precisam de pessoas que façam mais do que os seus deveres normais e apresentem desempenho além das expectativas. Como nas organizações bem-sucedidas as tarefas são cada vez mais realizadas em equipe e a flexibilidade é um fator importante, elas necessitam de pessoas que adotem um comportamento de boa cidadania, oferecendo-se voluntariamente para tarefas extraordinárias, ajudando oscolegas em suas equipes, fazendo declarações positivas sobre o trabalho de seu grupo e de sua organização evitando conflitos desnecessários, cuidando do patrimônio da empresa, respeitando as leis e regulamentos, e sendo tolerantes com ocasionais aborrecimentos e imposições decorrentes do trabalho. (CHIAVENATO, 2005) Em suma, o comportamento organizacional é uma importante ferramenta organizacional para se compreender as situações de trabalho e as relações que se estabelecem na empresa entre seus colaboradores; auxilia na resolução de problemas e serve de apoio para os indivíduos e os grupos alcançarem os objetivos da instituição de maneira mais eficaz; além de ajudar na criação de ambientes saudáveis no qual haja confiança e um bom relacionamento interpessoal entre colegas e equipes, criando laços de afetividade entre os membros e dos mesmos para com a empresa. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 8 1.4 Comportamento Organizacional – Competências & Empregabilidade Por que estudar comportamento humano? “Você pode sonhar, criar, desenhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas é necessário ter pessoas para transformar seu sonho em realidade...” (WALT DISNEY). Sabemos que as pessoas têm importância vital nas organizações, uma vez que são elas e não as máquinas que fazem as coisas acontecerem. E, para que as coisas aconteçam, não basta o conhecimento técnico. De que adianta você ter um excelente domínio técnico se não souber se relacionar com as pessoas, se não for capaz de levar sua equipe ao alto desempenho? A formação do administrador exige que ele conheça o comportamento das pessoas, o que ocorre nas suas equipes de trabalho e os impactos sobre as pessoas inseridas em um ambiente cada vez mais competitivo. Comportamento Organizacional consiste no estudo sistemático do comportamento humano e tem como objetivo ajudar a entender as ações realizadas pelas pessoas dentro da organização, verificando os motivos que condicionam tais ações e todas as possíveis alterações que o meio e as relações sociais, ao longo da vida, proporcionam a cada individuo, analisando, por fim, a melhor maneira de lhe dar com esse comportamento dentro de um sistema organizacional. As finalidades do comportamento organizacional correspondem à explicação, previsão e controle do comportamento humano. A explicação refere-se a identificação das causas ou razões que impulsionaram determinados fatos, acontecimentos ou fenômenos. A previsão está direcionada para eventos futuros estabelecendo os resultados alcançados através de uma ação específica. As pessoas são o maior potencial nas organizações e o desenvolvimento deste potencial se chama comportamento organizacional. Ele parte com o objetivo de ajudar às pessoas, a estrutura, a tecnologia e o ambiente a se combinarem num sistema operacional eficaz. O resultado é um sistema de recompensa que serve aos objetivos humanos, organizacionais e sociais. Morin e Aubé (2009) nos trazem uma pesquisa apresentada na Conference Board du Canadá (2000) que mostra que as organizações esperam que os administradores tenham desenvolvido as seguintes competências: habilidade para se comunicarem e se entenderem com os outros, capacidade e vontade de aprender, pensamento crítico e criatividade, além de terem desenvolvido qualidades pessoais, como: confIabilidade, iniciativa e liderança. Administrar o comportamento do ser humano é administrar aquilo que uma pessoa faz enquanto participante de uma organização. Para isso, é preciso enfatizar o ambiente onde a pessoa está inserida e não apenas suas ações. O ambiente deve ser tratado como foco principal do administrador para que sejam feitas as intervenções necessárias. Em cada situação vivenciada nesse ambiente existem diversas variáveis, que devem também ser identificadas para uma posterior modificação. Dentro de um contexto organizacional essas variáveis podem ser identificadas como: Recursos disponíveis (conhecimento, experiências), cultura organizacional, gestão administrativa e características estruturais (burocracia, hierarquia). Existem três aspectos básicos para que se possa administrar o comportamento humano no âmbito organizacional: � Necessidade de entender que o comportamento humano é produtor de alterações na natureza, ou seja, as pessoas interagem com o ambiente, transformando-o e modificando a si mesmas. � Identificação das variáveis que influem nas ações humanas. � Superar a idéia de que essas variáveis são internas, entendendo assim, que o que determina o comportamento das pessoas é também o ambiente na qual ela se encontra. A Conference Board du Canadá (2000) apresentou o perfil das competências que os empregadores canadenses buscam e que podemos aqui transpor para os empregadores brasileiros. Veja no quadro a seguir que as competências requeridas foram agrupadas em três áreas: competências Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 9 de base (essenciais para o seu desenvolvimento); competências pessoais em gestão (competências, atitudes e comportamento que favorecem o potencial de crescimento) e competências para o trabalho em equipe (competências e qualidades necessárias para uma contribuição produtiva). Competências relativas à empregabilidade (2000) Competências que você precisa ter para entrar, permanecer e progredir no mundo do trabalho – quer você trabalhe por conta própria ou em equipe. Competências de base Competências essenciais para o seu desenvolvimento Competências pessoais em gestão Competências, atitudes e comportamentos que favorecem o potencial de crescimento Competências para o trabalho em equipe Competências e qualidades necessárias para uma contribuição produtiva Você terá mais chances de progredir no mundo do trabalho quando você é capaz de: Comunicar: • Ler e compreender a informação sob diversas formas (isto é, ler e compreender textos, gráficos, quadros, esquemas). • Escrever e falar a fim de facilitar a escuta e a compreensão de outras pessoas. • Escutar e fazer perguntas a fim de compreender o sentido e o valor da opinião das outras pessoas. • Disponibilizar informação por meio de diversas tecnologias da informação e comunicação (verbalmente, por meio eletrônico, por computador). • Utilizar conhecimentos e competências científicas, tecnológicas e matemáticas adequados para explicar ou precisar ideias. Gerar informação: • Localizar, coletar e organizar informação utilizando sistemas de tecnologia e da informação adequados. • Consultar, analisar e aplicar conhecimentos e competências de diversas disciplinas (por exemplo: das artes, línguas, da ciência, da tecnologia, da matemática, das ciências sociais e humanas). Utilizar números: • Decidir o que deve ser medido ou calculado. • Observar e salvar a informação utilizando métodos, instrumentos e tecnologias adequados. • Fazer estimativas e conferir cálculos. Refletir e resolver problemas: • Avaliar situações e cercar problemas. • Buscar diversas opiniões e avaliá-las objetivamente. • Reconhecer as dimensões humanas, interpessoais, técnicas, científicas e matemáticas de um problema. • Identificar a fonte de um problema. • Ser criativo e inovador na busca de soluções. • Utilizar sem dificuldade a ciência, a tecnologia e a matemática para refletir, adquirir e compartilhar o saber, para resolver problemas e tomar decisões. • Avaliar soluções para recomendações ou chegar a decisões. • Adotar soluções. • Confirmar a eficiência de uma solução e aperfeiçoá-la. Você poderá aumentar suas chances de êxito quando você é capaz de: Demonstrar atitudes e comportamentos positivos: • Sentir-se bem consigo mesmo e ser confiante.• Abordar as pessoas, os problemas e as situações de maneira honesta e moral. • Reconhecer o valor de seu trabalho e o esforço dos outros. • Priorizar (sic) sua saúde. • Manifestar interesse, dar provas de iniciativa e fazer esforços. Ser responsável: • Fixar objetivos e prioridades mantendo um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. • Planejar e administrar seu tempo, seu dinheiro e outros recursos a fim de atingir seus objetivos. • Avaliar e administrar o risco. • Ser responsável por suas ações e pelas do seu grupo. • Contribuir para o bem-estar da comunidade e da sociedade. Ser flexível: Trabalhar de maneira autônoma ou em equipe. Executar tarefas múltiplas. Ser inovador e engenhoso: procurar e propor várias maneiras para atingir objetivos e realizar o trabalho. • Ser aberto e reagir positivamente à mudança. •Tirar proveito de seus erros e aceitar feedback. • Conviver com a incerteza. Aprender continuamente: • Estar disposto a aprender e a crescer. • Avaliar suas forças pessoais e definir os pontos a melhorar. • Fixar seus próprios objetivos de aprendizagem. • Identificar e recorrer às fontes e ocasiões de aprendizagem • Fixar e atingir seus objetivos. Trabalhar com segurança: • Conhecer as práticas e procedimentos de saúde pessoal e coletiva e agir em consequência disso. Você estará mais apto a melhorar os resultados de um trabalho, de um projeto ou a perfomance de uma equipe quando você é capaz de: Trabalhar com os outros: • Compreender e se ajustar à dinâmica de um grupo. • Cuidar para que os fins e objetivos da equipe sejam claros. • Ser flexível: respeitar, acolher e apoiar ideias, opiniões e a contribuição dos outros membros do grupo. • Reconhecer e respeitar a diversidade das perspectivas em um grupo. •Receber e dar feedback de maneira construtiva e respeitosa. •Contribuir para o sucesso da equipe compartilhando informações e sua expertise. •Dirigir, apoiar ou motivar a equipe para uma performance máxima. • Compreender o papel do conflito em uma equipe para chegar a soluções. • Administrar e resolver conflitos. Participar dos projetos e das tarefas: • Planejar, conceber ou implantar um projeto ou uma tarefa, do começo ao fim, direcionando-o para as metas e resultados esperados. •Planejar e buscar o feedback, testar, revisar e dar início a projetos e tarefas. • Trabalhar segundo as normas de qualidade estabelecidas. • Escolher e utilizar instrumentos e tecnologia adequados a uma tarefa ou a um projeto. • Adaptar-se às exigências e informações sujeitas à mudança. • Supervisionar projetos ou tarefas e identificar meios para aperfeiçoá-los. Fonte: Morin, E. M.; Aubé (2009). Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 10 Como fazer para ter tantas competências? Essas competências serão adquiridas por meio da formação especializada escolhida por você, e essa disciplina lhe fornecerá o conhecimento e a compreensão das relações humanas, levando-o, caro aluno, a compreender melhor seu próprio comportamento e o dos outros no ambiente de trabalho, bem como na vida. Em função da complexidade e das diferenças individuais, as organizações devem buscar referenciais que permitam analisar e contextualizar o impacto do indivíduo, a influência do mesmo nos grupos e sobre o comportamento organizacional. É necessário aprender formas de criar um ambiente ao qual as pessoas se sintam pertencentes, que atenda aos seus objetivos e aos objetivos organizacionais. O comportamento é o produto da relação entre organismo e seu meio, sendo assim, em certos momentos, pode ocorrer de o meio influenciar para a materialização de um comportamento indesejado na organização, porém quem o realizou não teve convicção de seu ato, já que agiu impensadamente. As organizações tomam suas medidas para contornar esse tipo de situação e fazer com que o funcionário não proceda da mesma maneira outra vez, isso utilizando meios adequados para que não haja ressentimentos e o processo ocorra de forma inversa. 1.4.1 O trabalho e a influência para o comportamento humano Organizações podem ser caracterizadas como sistemas de interpretação do ambiente sendo as construtoras do mesmo através de suas ações. São nelas que os indivíduos desempenham atividades que sozinhos não conseguiriam realizar, sendo o desempenho dos indivíduos aperfeiçoado constantemente por esse contexto. Há uma relação direta entre organização e indivíduos, entendida como recíproca, a qual depende de fatores como (ambiente interno e externo), estrutura (padrões de relacionamento), e processos (comportamentos estabelecidos pelo meio) para que a organização possa emergir em seus ambientes sociais, concretizando seus objetivos e trazendo benefícios para todos. Podemos assim dizer que o individuo é produto e ao mesmo tempo produtor dos sistemas sociais nos quais está inserido. São as ações humanas que sustentam toda essa estrutura, são elas que movimentam, gerem e realizam todo o trabalho, por isso se torna tão importante seu estudo, visto que todas as pessoas representam a organização na qual se encontram. A organização representa a vida das pessoas, desde o início fazemos parte dela, nascemos em hospitais, estudamos em escolas, trabalhamos em empresas e somos da mesma maneira influenciados por elas, de forma que um não conseguiria sobreviver sem o outro. Formular objetivos claros é essencial para gerir o comportamento humano no meio organizacional. Para alcançar tais objetivos é necessário explicitar os tipos de ações que devem ser apresentadas pelas pessoas, onde os resultados ou situações esperadas serão alcançados por conseqüência das medidas tomadas. Na busca por explicitar as ações, deve-se levar em conta a situação que o individuo está inserido e também as conseqüências e impactos que a mesma provoca dentro da organização. É preciso hierarquizar, priorizar e focar nos aspectos que mais terão impacto positivo para alcançar o objetivo que foi anteriormente foi formulado. O que as organizações formulam como objetivo depende do que elas querem obter como efeito, o ideal é que isso seja, desde o inicio, esclarecido e informando tudo o que se busca através do trabalho que será realizado. Para Botomé (1981) existem basicamente dois tipos de objetivos: os "administrativos" que são metas numéricas, projeção em termos de tempo, custos de produção, e o outro é o objetivo organizacional, ou seja, o que cada um deve fazer e como deve fazer para que sejam obtidos os resultados finais de interesse. Para especificar objetivos é preciso considerar os ambientes antecedentes e conseqüentemente às ações das pessoas, considerando que as ações ocorrem num ambiente bem delimitado. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 11 1.4.2 Gestão de pessoas e a influência para o comportamento humano Enxergar o ser humano dentro das organizações foi um fato que teve início no percorrer do séc. XX. O foco dos estudos científicos passou a ser voltado ao ser humano e seus comportamentos, dentre esses estudiosos estão psicólogos, sociólogos e antropólogos. As pesquisas visavam retratar como as relações dos seres humanos, de forma direta e indireta, modificavam as capacidades produtivas de tais, sendo um dos principais expoentes, que trabalharam nessa teoria, Elton Mayo, Os estudos focavam o comportamento do ser humano, o que gerou a necessidade do surgimento da administração de “recursos humanos”, que apoia-se em embasamentos psicológicos, sociológicos e antropológicos, buscando compreender, de fato, de que se constituem as organizações e como estratégias voltadas para esse ramo poderiam ajudar ao desenvolvimento dos trabalhadores. Ainda no mesmoséculo, a gestão de recursos humanos passou a enfatizar os cargos e suas tarefas, apresentando inúmeras limitações, apesar do seu desenvolvimento, como a falta de flexibilidade, a presença de recompensa injusta, conhecimento reduzido etc. Ainda hoje esse método é muito utilizado pelas organizações, continuam voltadas para técnicas e procedimentos administrativos. No século seguinte a historia muda, passa-se a se referir à gestão de pessoas e não à gestão de recursos humanos. Os departamentos de recursos humanos deixam de lado as funções técnicas administrativas das organizações e passam, de fato, a compreender o ser humano no trabalho. É ai então que é introduzido o conceito de administrar comportamento humano, buscando, por exemplo, adequar os colaboradores às exigências das organizações no âmbito comportamental. Administrar recursos humanos não é mais, somente, lidar com problemas técnicos de uma empresa em relação aos seus funcionários, e sim de passar a enxergar cada funcionário como um poço de saber e criatividade, respeitando suas diferenças. A gestão de pessoas, agora, passa a voltar-se para as competências individuais, dando mais ênfase aos aspectos comportamentais. Gerenciar pessoas é mais que desenvolver técnicas e procedimentos administrativos, é criar condições onde as pessoas possam se desenvolver, para assim conseguir trabalhadores mais eficientes aliando o desenvolvimento a satisfação e realização pessoal. Administrar recursos humanos é se preocupar com o trabalhador no seu cargo e nas suas funções. Já a gestão de pessoas, se preocupa como essa pessoa pode ser mais bem aproveitada dentro de uma organização, que expectativas o funcionário tem na empresa, quais os seus anseios, o que ele pode adicionar a empresa, de que forma ele pode se desenvolver pessoalmente e no meio em que trabalham. Sendo assim, gerir pessoas é saber que o funcionário pode ser muito mais do que um desempenhador de tarefas. .Atualmente as empresas, tentam incentivar os seus colaboradores a práticas como a criatividade, intuição e sensibilidade, seus funcionários são expostos a intenso ritmo de trabalho e uma competição acirrada, estabelecendo padrões de desempenho e conduta. O próprio sistema acaba por desestimular os funcionários, contrariando a política da gestão de pessoas. Verifica-se, que o pensamento quanto ao ser humano dentro das organizações está mudando, hoje há uma maior preocupação com a individualidade dos funcionários. As empresas não trabalham para direcionar os seus colaboradores a um pensamento pronto e sim para que desenvolvam suas próprias idéias e conseqüentemente a própria organização. 1.4.3 Administrar comportamento humano Administrar comportamento humano implica em administrar aquilo que as pessoas fazem como participantes das organizações sendo que, é justamente por meio das ações que é possível formular e atingir objetivos organizacionais. Administrar pessoas em contextos de trabalho significa controlar os fatores que interferem nas condições de trabalho e de vida dos trabalhadores, não no sentido de manipulação de seus comportamentos, mas no sentido de identificar as melhores condições para cada Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 12 tipo de atividade, as competências necessárias a serem desenvolvidos, os fatores que motivam os trabalhadores, os recursos e as estruturas necessários para a execução das atividades. Existem diferenças entre controlar comportamentos e controlar as variáveis que interferem na ocorrência de comportamentos. Controlar variáveis implica em criar um ambiente que favoreça a ocorrência das ações necessárias para a concretização dos objetivos organizacionais. Quando falamos em administrar o comportamento das pessoas nas organizações nos referimos a uma formulação de objetivos que explicitem ações contextualizadas, especificando as situações nas quais as ações irão ocorrer, o modo como devem ocorrer, bem como os resultados desejados a partir delas. Um grande desafio colocado é o de compreender como as pessoas decidem fazer algo dentro da Organização. Esse instrumento de tomada de decisão é um pouco complexo e varia de pessoa a pessoas, como todos são diferentes e têm visões de mundo distintas, aquilo que julga-se ser bom para alguém como também motivador, pode não ter a mesma validade para o outro, sendo assim, torna-se difícil atender a todos de maneira igual dentro da organização e toma-se medidas com o objetivo de incentivar o funcionário, para que este se sinta bem em seu ambiente e trabalhe com prazer e vigor. Outro desafio é o comportamento individual, frente às inúmeras técnicas ou sistemas de gestões adotadas pelas empresas, servindo indistintamente às administrações burocráticas ou gerenciais que se habilitassem ao seu uso. Existem tipos de comportamento que influenciam de forma decisiva no desempenho dos funcionários: a produtividade, o absenteísmo, a rotatividade e um mais recente que é a cidadania organizacional. Todas essas formas de comportamento influenciam diretamente na eficácia organizacional. A produtividade e a cidadania agem de forma positiva à organização, enquanto a rotatividade e o absenteísmo agem de forma negativa nos resultados da organização. Devido a essas formas de comportamento é papel do administrador desenvolver suas habilidades interpessoais relacionadas à comunicação, motivação, liderança, dentre outras que possibilita uma melhoria no setor produtivo uma vez que indivíduos insatisfeitos interferem neste setor. 1.5 Contribuição de outras linhas do conhecimento Existem outras disciplinas comportamentais que contribuem ao estudo do comportamento organizacional, dentre elas se destacam a psicologia, a sociologia, a psicologia social, a antropologia e as ciências políticas. 1) A psicologia tem sua contribuição no estudo do comportamento no âmbito individual, e sua área de análise está relacionada à aprendizagem e à personalidade do indivíduo; 2) Com relação à Sociologia, ela estudará as relações dos indivíduos entre si, no desempenho de seus papéis organizacionais; 3) A chamada psicologia social, que relaciona conceitos da psicologia com a sociologia, foca a influência de um indivíduo sobre o outro; a questão da mudança e de como implementá-la (na redução de resistências) numa organização é uma das áreas principais sob a perspectiva da psicologia social; 4) A antropologia abordará as sociedades, na compreensão das ações humanas; salientam na análise da cultura e do ambiente organizacional, além da diferença entre a cultura de países. 5) As ciências políticas estudarão o comportamento dos indivíduos e de grupos no ambiente político.Áreas específicas sobre os estudos dos conflitos, da relação de poder na organização, em que há os constantes jogos de interesses próprios entre os indivíduos, caracterizam as ciências políticas. O estudo do comportamento organizacional implica o desenvolvimento das habilidades interpessoais, como vistas anteriormente, essas com o intuito de explicar, prever e controlar o comportamento do indivíduo. Quando ocorre um fenômeno, por exemplo, a demissão de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos numa organização, a administração tem o papel de tentar explicar as causas ou os motivos de ter ocorrido tal fato para que se possam tomar as providências. Esta tentativa de explicar não é de grande importância visto que com base em seu conhecimento do comportamento Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 13 organizacional o executivo será capaz de prever acontecimentos futuros dos indivíduos em determinada tomada de decisão. Um dos grandes desafios enfrentados pelas organizações atuais refere-se a diversidade da força de trabalho, pois elas estão ficando mais heterogêneas no que diz respeito à raça, etnia e ainda ao sexo dos funcionários.O mercado de trabalho que antes era de maioria quase absoluta masculina, hoje se tem grande representatividade das mulheres. Atualmente é um obstáculo para a administração, atender e adaptar a organização aos estilos de vida das pessoas que participam dela. Com isso, a disciplina do comportamento organizacional, assegura rotinas de trabalho menos estressantes, logo uma maior qualidade de vida no trabalho; 1.6 Comportamento Organizacional e responsabilidade social Podemos identificar nessa parte a existência de um relacionamento entre funcionário e empresa, onde ambos irão trabalhar conjuntamente para atender seus interesses. As organizações têm uma estrutura humana, elas são formadas e mantidas em bases de algum interesse mútuo entre os seus participantes. As pessoas vêem as organizações como um meio de ajudá-las a atingirem ‘os seus objetivos’, enquanto as organizações necessitam das pessoas para ajudarem na consecução dos ‘objetivos organizacionais’. Os objetivos que os funcionários possuem e os ‘objetivos organizacionais’ podem ser amplos e coincidentes como, por exemplo, o respeito pela a sociedade e a preocupação em executar práticas sociais. O que formaria um objetivo comum, um interesse mútuo. Um funcionário percebendo que sua empresa atua beneficiando a sociedade tentará agir de forma mais consciente e responsável no ambiente de trabalho. O assunto abordado possui uma grande importância para o progresso do comportamento organizacional, eficiência das empresas e desenvolvimento da parceria (funcionários e empresa), para que consigam caminhar unidos e prósperos para maior atuação da responsabilidade social. CAPITULO 2 - CONCEITUANDO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Segundo Chiavenato (2005), o estudo do Comportamento Organizacional (CO), ao mesmo tempo em que investiga a influência das pessoas e dos grupos sobre a organização, estuda também o efeito da organização sobre o comportamento dos indivíduos e dos grupos que nela trabalham. Para a compreensão das ações e atitudes das pessoas no ambiente organizacional, os estudiosos dessa área buscam conceitos e métodos das ciências comportamentais, tais como: psicologia, sociologia, ciência política e antropologia, dentre outras. O comportamento organizacional é estudado em três níveis. Todo indivíduo chega à organização com suas expectativas, necessidades, valores etc. (comportamento individual) e passa a pertencer a um grupo de trabalho (comportamento grupal) dentro da organização. Esses grupos se interagem e formam o todo (comportamento de toda a organização). Abaixo são apresentados os três níveis do comportamento organizacional: � Comportamento micro-organizacional: o foco é o indivíduo e são estudadas as diferenças individuais, os processos de aprendizagem, a percepção e a motivação. Os processos de recursos humanos que incidem diretamente sobre os indivíduos são: seleção, avaliação de desempenho, atitudes no ambiente de trabalho (assuntos de administração de pessoas). � Comportamento meso-organizacional (nível de grupos): estudo dos grupos, trabalho em equipe, comunicação, liderança (que não será abordada nesse material, em razão de uma disciplina específica sobre esse assunto), conflitos, estresse. � Comportamento macro-organizacional (nível do sistema): envolve a cultura organizacional, a estrutura, a mudança e os efeitos das políticas de gestão de pessoas. Neste capítulo conheceremos mais sobre o Comportamento micro-organizacional Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 14 OBS. O indivíduo entra na organização e traz consigo suas expectativas, suas emoções, seu temperamento, seu caráter. Esse mesmo indivíduo vai pertencer a um grupo dentro da organização. E os grupos, ou seja, as diversas áreas, os departamentos vão interagir na organização. 2.1 Comportamento Micro-Organizacional - O indivíduo na organização Para entender o comportamento organizacional, precisamos compreender o indivíduo com as suas diferenças e como ele interfere no comportamento da organização. Cada pessoa se comporta de uma maneira nas organizações. Segundo Bergamini (1990), as variáveis individuais e ambientais estão entre as que afetam o comportamento dos indivíduos na organização. A infância, a adolescência e a fase adulta de cada um são as variáveis individuais. Das ambientais fazem parte grupos sociais, cultura, fatores do ambiente físico etc. As diferenças de desempenho no trabalho resultam de dois fatores principais: das diferenças de uma pessoa para outra e das diferentes experiências de vida que cada um tem. Ou seja, de como as pessoas são e de como foram criadas resulta a personalidade. Trataremos aqui das diferenças individuais, da personalidade e da emoção. Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de: � Entender a complexidade do ser humano e as diferenças individuais. � Saber o que significam personalidade e atitude. � Descrever como a personalidade e emoções afetam o desempenho do indivíduo na organização. 2.1.1 Conhecendo o ser humano O homem é um produto histórico, um ser social e é o conjunto de suas relações sociais. Os traços herdados em contato com um ambiente determinado têm como resultado um ser específico, individual e particular. A natureza biológica não basta para garantir a vida em sociedade. O homem precisa adquirir várias aptidões e aprender formas de satisfazer às necessidades. Chanlat (1992) nos diz que o ser humano é uno, ou seja, único enquanto espécie, enquanto indivíduo. Um ser biopsicossocial que aparece profundamente ligado à natureza e à cultura que o envolve e que ele transforma. Sendo assim, só uma concepção que procura apreender o ser humano na sua totalidade pode dele se aproximar sem, contudo, jamais o esgotar completamente. Esse mesmo homem é um ser genérico, pois pertence à espécie humana. O homem é também um ser reflexivo e ativo. Reflexivo pela sua capacidade de pensar e ativo em função de sua ação. A construção da realidade e as ações que o ser humano pode empreender não são concebidas sem se recorrer a uma forma qualquer de linguagem, portanto, o ser humano é um ser de palavra. Esse mesmo homem é também um ser de desejo, um ser de pulsão, pois o universo humano é um mundo de signos, de imagens, de metáforas etc. Por meio das relações que mantém com o outro, ele vê seu desejo e sua existência reconhecidos ou não. O ser humano é um ser espaço-temporal, na medida em que ele está inserido no tempo e em algum lugar – espaço. O homem não só muda o seu mundo externo como simultaneamente se transforma de maneira autoconsciente pelo seu trabalho. No nível individual, ao optar pela sobrevivência opta pelo trabalho. No nível de espécie, o homem se fez homem ao transformar o mundo pelo seu trabalho. De acordo com Freitas (1999), o controle exterior passa para o próprio sujeito; ele é quem define suas metas e se compromete a atingi-las, o processo decisório se dá de maneira mais participativa. Essa é uma exigência da nova sociedade e das organizações em geral. Exigência de que o indivíduo tenha um papel participativo no caminho que pretende seguir, nas decisões que pretende assumir e nas consequências que estas acarretam, confirmando a necessidade de uma identidade maleável e estável. Freitas (1999) acrescenta que se antes era a figura do superego, como instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações indispensáveis aos seus anseios Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 15 narcísicos. A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo acredita que elee a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mas essa aliança tende a se fortalecer. O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que em todo sistema social o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço está disposto a pagar para consegui-lo no plano social. 2.1.2 Relação do homem e com o trabalho Como seria o mundo sem o trabalho? Toledo (apud Jacques, 1988) nos diz que “o trabalho não se converte em trabalho propriamente humano a não ser quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas, e fatalmente circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar plenamente a sua liberdade [...]”. De acordo com Zavattaro (1999), o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem, mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, o trabalho está em função do homem e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato de que se fazem coisas, mas em que coisas são feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade do trabalho devem ser buscadas, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão subjetiva. A nova relação entre o homem e o trabalho determina que este homem possua uma identidade e que responda por esta, que essa identidade leve-o a almejar e a responder às suas necessidades, principalmente em relação ao trabalho. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao trabalho denota a força que essa relação apresenta, o trabalho chega a ser mais importante que a família, pois o fracasso no trabalho acarreta fracasso familiar. A identidade serve como um mediador que permite ao homem se ajustar a cada fase – trabalho, família – evidenciando as múltiplas identidades e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las. A empresa moderna [...] precisa mobilizar todas as energias do sujeito – intelectuais, físicas, espirituais, afetivas, morais – [...] no interior desse tipo organizacional é um estranho casamento de várias contradições, levando o indivíduo a uma procura incessante de um parco (baixo) equilíbrio psicológico (FREITAS, 1999, p. 77). O trabalho passa a exercer importância e dimensão sobre o homem; é necessário que o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o EU. Segundo Bom Sucesso (2002, p. 12), a história de vida, as características pessoais, os valores, os anseios e expectativas configuram no nível individual uma forma de viver e de sentir, definindo fatores básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho. Freitas (1999, p. 80) destaca ainda que a empregabilidade é a capacidade de tornar-se necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 16 Esta é a relação entre a identidade e o homem no trabalho; a identidade dá ao indivíduo as armas para se impor, para se igualar, para se diferenciar e para assumir o seu papel no trabalho, na família, na sociedade, na vida. A identidade é o conjunto de predicados, de significados que permite ao homem ver-se como homem e que permite que os outros também assim o vejam. A identidade é o diferencial que permite a ascensão ou a queda na vida do homem, seja no trabalho ou em qualquer outro aspecto. É o que permite ao homem mudar os compromissos, mudar suas características, renovar e buscar novas soluções, novas identidades para sobreviver a esta sociedade em constante evolução. Segundo Chiavenato (2002), para que se estabeleça um processo de interação entre pessoas e organização devemos ver: � As pessoas como seres humanos – dotadas de personalidade própria, com uma história particular e diferenciada, possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão dos recursos organizacionais. � As pessoas como ativadoras inteligentes de recursos organizacionais – as pessoas como fonte de impulso próprio que dinamiza a organização e não como meros recursos da organização. � As pessoas como parceiras da organização – capazes de conduzi-la à excelência e ao sucesso. 2.2 O homem e sua personalidade Personalidade vem do latim persona, que significa a “máscara do ator”. Na maioria das definições encontramos em comum que a personalidade é composta por traços e características individuais relativamente estáveis que distinguem uma pessoa das demais. Soto (2002) nos diz que podemos estudar o ser humano a partir de três pontos de vista: como indivíduo, como pessoa e como personalidade. Como indivíduo é um complexo organismo vivo, com uma essência biológica e física. Como pessoa é um ser dotado de inteligência, capaz de pensar, racional, o que o distingue dos demais seres vivos. Ao acrescentar a personalidade, o diferenciamos de qualquer outro indivíduo dentro do grupo. Segundo Soto (2002),[...] a personalidade inclui aspectos intelectuais, afetivos, impulsivos, volitivos, fisiológicos e morfológicos; é uma forma de responder diante dos estímulos e as circunstâncias da vida com um selo peculiar e próprio e que dá como resultado o comportamento. A personalidade é algo genético ou é formada a partir das experiências? Escutamos muitas vezes ao assistir um jogo de futebol o comentarista dizer: “Esse jogador tem muita personalidade!”. Será que é possível alguém ter muita ou pouca personalidade? Existem divergências quanto às origens ou sobre o que determina a personalidade de alguém. Alguns teóricos argumentam que a personalidade é determinada por fatores genéticos e outros defendem a ideia de que o ambiente pode moldar e modificar a personalidade de uma pessoa. Historicamente pesquisadores assinalaram como chaves determinantes da personalidade a hereditariedade e o ambiente, e posteriormente foi introduzido um novo fator, a situação, como agente importante capaz de moldar a personalidade. (SOTO, 2002) A hereditariedade estabelece limites de quanto as características da personalidade podem ser desenvolvidas; o ambiente determina o desenvolvimento desses limites. (SCHERMERHORN, 2008) Foram identificados diversos traços de personalidade que permitem diferenciar as pessoas. Pervin, citado por Griffin e Moorhead (2006), define cinco grandes traços de personalidade fundamentais e relevantes para as organizações. São eles: � Sociabilidade – capacidade de se relacionar bem com os outros. As pessoas muito sociáveis tendem a ser gentis, cooperativas e compreensíveis e estão mais propensas a manter melhor relação no ambiente de trabalho. � Consciência/meticulosidade – se refere à quantidade de objetivos em que cada um é capaz de se concentrar. Os que se concentram em poucos objetivos de cada vez tendem a ser mais organizados, cuidadosos, responsáveis e disciplinados no trabalho. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 17 � Estabilidade emocional – diz respeito à variação de humor e à segurança. As pessoas com maior estabilidade emocional tendem a ser calmas, flexíveis e seguras. � Extroversão – refere-seao bem-estar sentido nos relacionamentos. Os extrovertidos são mais amistosos, falantes, assertivos e abertos a novos relacionamentos. � Abertura – refere-se à maleabilidade das crenças e dos interesses de uma pessoa. As pessoas com alto grau de abertura estão mais dispostas a ouvir novas ideias e a mudar de opinião a partir de novas informações. Tanto os fatores hereditários quanto os do ambiente atuam na formação da personalidade: Fonte: Schermerhorn et al (2008). O conhecimento desses traços permite aos líderes uma melhor compreensão do comportamento de seus colaboradores, mas devemos ter o cuidado para não rotular as pessoas, uma vez que, por mais científicos que sejam esses traços, como se trata de pessoas, podem ocorrer imprecisões e outros fatores também podem interferir no comportamento delas. Outra abordagem para compreender a personalidade nas organizações é a proposta por Carl Jung, psicanalista europeu que criou um modelo de estilos cognitivos. Ele identificou quatro dimensões do funcionamento psicológico: � Extroversão x introversão – Os extrovertidos são orientados para o mundo exterior enquanto os introvertidos são orientados para o mundo interior e preferem o recolhimento. � Pensamento x sentimento – As pessoas que têm o estilo “pensamento” tomam decisões de forma racional, lógica enquanto o outro estilo baseia suas decisões em sentimentos e emoção. � Sensação x intuição – Os indivíduos voltados para a sensação preferem focar nos detalhes, ao passo que os intuitivos se concentram em temas mais amplos. � Julgamento x percepção – As pessoas do tipo “julgamento” gostam de terminar tarefas e as do tipo “percepção” gostam do processo de elaboração e buscam maior número de informações. EXTROVERSÃO ( E ) Atenção preferencial para o mundo exterior. Direção da energia INTROVERSÃO ( I ) Atenção preferencial para o mundo interior. PENSAMENTO ( T ) Análise lógica, objetividade, neutralidade. Modo de decisão SENTIMENTO ( F ) Considerações de ordem pessoal, atenção aos fatores pessoais. SENSAÇÃO ( S ) Preferência por informação concreta e detalhes. Tipo de informação percebida INTUIÇÃO ( N ) Preferência por informação abstrata e visão de conjunto. JULGAMENTO ( J ) Preferência por tomar decisões em lugar de buscar informações. Modo de lidar com situações do mundo exterior PERCEPÇÃO ( P ) Preferência por buscar informações em lugar de tomar decisões. Fonte: Maximiano (2000). Todas as pessoas têm um pouco de cada comportamento, embora se sintam mais à vontade e passem mais tempo em um modo de comportamento. A combinação dos polos produz temperamentos, estilos e tipos psicológicos. Ex.: introversão-percepção – gostam mais de estudar e ficar no isolamento do que de interagir com os outros. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 18 Jung considerou que os polos de cada uma das quatro dimensões indicam preferências e facilidade para realizar determinadas atividades, mas que existe o outro lado do qual, às vezes, precisamos lançar mão, o que ele chamou de Teoria da Sombra. Teoria da Sombra: a sombra é o potencial menor que é preciso ativar e desenvolver quando os problemas exigem aptidões diferentes daquelas que as preferências escolheriam. Ao se combinar os diversos tipos foram encontrados dezesseis tipos de personalidade. Muitas organizações utilizam o Teste Indicador de Tipos Myers-Briggs, conhecido como MBTI, para identificar o tipo de personalidade, estilo de comunicação e preferência de interação. Alguns autores fazer modelos baseados em combinações de apenas duas dimensões, como, por exemplo, no processo decisório analisar as dimensões Pensamento-Sentimento; Sensação-Intuição; isso permitiria identificar quatro estilos: sensitivo-pensantes; sensitivo-sentimentais; intuitivo-pensantes e intuitivo-sentimentais. Em qualquer um dos modelos adotados, o que se busca é tentar explicar o comportamento humano. A Teoria da Sombra insiste em que as pessoas apresentam comportamentos dominantes, ou preferenciais, ao lado de comportamentos secundários. Jung aponta ferramenta que auxiliam no processo de autoconhecimento e de conhecimento das pessoas que fazem parte da organização. 2.2.1 Análise transacional: Compreensão do comportamento Em 1956, Eric Berne, psiquiatra canadense, depois de “um amistoso divórcio com a psicanálise”, criou uma teoria nova da psicologia, tanto individual como social. Berne foi muito criticado pelos acadêmicos, que o acusaram de ser simplista. Análise transacional se constitui de um conjunto de técnicas que visam à mudança. Chama-se transacional por estudar, analisar as trocas de estímulos e respostas entre os indivíduos, ou transações, entre indivíduos. TRANS + AÇÃO = Ação que se passa entre duas pessoas.Ato ou efeito de transigir, combinação, ajuste, operação comercial. Segundo Kertész (1987), a análise transacional utiliza-se dos seguintes instrumentos: � O esquema da personalidade: pai, adulto e criança, a fase intrapessoal da AT. � A análise das transações entre partes da personalidade. Começa a fase interpessoal desta teoria. � Os reforços sociais ou carícias: a importância do contato físico, verbal e de outros tipos. � As posições existenciais: como me vejo (percebo) e como vejo (percebo) os outros. � Estruturação do tempo: as seis formas de usá-lo. � Os jogos psicológicos: séries repetitivas de transações, com uma parte oculta. � Emoções autênticas e substitutivas ou “disfarces”. � O argumento de vida e metas de vida. � O miniargumento: uma sequência repetitiva de comportamentos individuais, dirigida por ideias errôneas. � Dinâmica de grupos: leis da estrutura e funcionamento dos grupos pequenos e suas etapas de desenvolvimento. Dos instrumentos citados, nos deteremos aos dois primeiros: o esquema da personalidade e a análise das transações entre partes da personalidade e as posições existenciais. 2.2.1 Comportamento & Personalidade Para Smith e Smith (1963), comportamento se traduz por “respostas de um organismo às mudanças do meio”. Kertész (1979) irá definir comportamento como “o que sente, pensa, diz e faz”. O que pensa e sente é o comportamento subjetivo. O que diz e faz é o comportamento objetivo. Essas quatro variáveis (pensar, sentir, dizer e fazer) se inter-relacionam e, modificando alguma delas, modificam-se as demais. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 19 Consideremos os dois enfoques que irá definir a personalidade: � No enfoque comportamentalista, as mudanças se efetuam de “fora para dentro”: mudando-se o que se diz e faz, muda-se o que se pensa e sente. � No enfoque humanístico, as mudanças se realizam de “dentro para fora”, ou seja, mudando- se o que se pensa e sente, muda-se o que se diz e faz. O modo habitual pelo qual o indivíduo pensa, sente, fala e atua para satisfazer suas necessidades no meio físico e social e irá entender o comportamento como algo multifacetado. O ser humano como um produto de uma imensa coleção de influências que são registradas desde a mais tenra idade, e que permanecem vivas manifestando-se a cada momento (KERTÉSZ, 1987). Para Eric Berne, a personalidade está formada pelo pai, o adulto e a criança, por todos os seus conteúdos e comportamentos. A análise transacional vê o indivíduo como um sistema integrado de pensamentos, sentimentos e condutas organizado em três subsistemas: o exteropsíquico, o neopsíquico e o arqueopsíquico. � Subsistema exteropsíquico: compreende o registro de condutas aprendidas, modeladas das figuras chamadas parentais (pais ou substitutos). É a sede dos valores, da moral e dos preconceitos. É denominado funcionalmente de Estado de Ego Pai. � Subsistema neopsíquico: é o mecanismo deprocessamento de dados e de avaliação da realidade. Lógico e dedutivo é chamado de Estado de Ego Adulto. � Subsistema arqueopsíquico: contém os vestígios da infância e opera a partir dos sentimentos, chamado de Estado de Ego Criança, manifesta-se por meio de emoções e da busca da satisfação de necessidades. Para Berne, segundo Kertész (1987), é a partir da minha posição existencial que me relaciono com o outro. A análise transacional também trabalha com as formas de conduta que adquirimos na infância, as quais ele chama de impulsores ou vírus do comportamento. Impulsores são formas de conduta que adquirimos na infância, por intermédio de nossos pais ou substitutos, verbais e não verbais, e que forma o argumento de vida ou nosso script. (KERTÉSZ, 1987) As interações que fazemos com nossos pais ou autoridades nos levam a formular nossas posições existenciais e a desempenhar jogos psicológicos. As mensagens que formam o argumento de vida podem ser classificadas em cinco categorias: � Seja forte: As pessoas que têm esse argumento de vida não demonstram suas emoções autênticas e, caso necessitem de ajuda, nunca pedem. Provavelmente, quando crianças, toda vez que demonstravam emoções recebiam ameaças dos pais ou ainda os pais eram pessoas que não demonstravam emoções. � Seja perfeito: As pessoas se esforçam para alcançar a perfeição e sempre estão pensando que não fazem as coisas suficientemente bem. Provavelmente, devem ter recebido mensagens do tipo: “tudo o que você faz é malfeito”. Logo, com a desqualificação de suas capacidades, esforçam-se para dominar a situação. Geralmente dão mais informações do que se pede. Querem sempre ser entendidos e entender perfeitamente. � Seja esforçado: Esse argumento é típico de pessoas que estão sempre se esforçando mais, porém sem conseguir resultados. Palavras típicas: “é difícil”, “tratarei disso”, “não creio que possa”. Não termina frases, vacila quando lhe perguntam alguma coisa, apoiando-se em expressões “jargão” � Seja apressado: Quem tem o apresse-se como impulsor, tem que terminar as coisas agora mesmo. Sua forma de pensar é “se não me apressar, não terminarei”. São pessoas que estão sempre pensando no que vão fazer depois. � Agrade sempre: Pessoas com esse impulsor se sente responsável em fazer com que os outros se sintam bem. Seu pensamento interno é de que “não é suficientemente boa”, e por essa razão precisa gostar dos outros e obter aprovação de todo mundo para os seus atos. Não pode dizer “não”. Suas expressões típicas são: “poderia”, ”você quer”. Seu tom de voz é suplicante. Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 20 Figura – Impulsores - Fonte: KERTÉSZ (1987) Qual o melhor impulsor? Não existe um impulsor que seja melhor que o outro. Todos são negativos e podem nos levar a fracassar diante de uma tarefa, pois o entendimento é de que “se eu não for... (perfeito, apressado, esforçado, agradável, forte), não terei valor”. Abaixo o perfil com seu impulsor predominante e os resultados: IMPULSOR PERFIL RESULTADO SEJA PERFEITO � Pode perder-se nos detalhes. � Tem prazer em corrigir os outros. � Certifica-se de tudo. � Aponta falhas em tudo que lhe apresentam. � Colhe mais informação do que o necessário. � Está sempre insatisfeito. � Gasta muito tempo com detalhes, frequentemente inúteis. � Segue com rigor normas e procedimentos. � Gera fortes pressões para si mesmo. SEJA FORTE � Não pede ajuda. � Não fala de seus sentimentos. � Não mostra suas emoções. � Tem pouca receptividade pelos sentimentos dos outros. � Não compartilha decisões. � Não delega. Centraliza. � Assume a maioria dos problemas, mesmo quando não seria necessário. � Tende a trabalhar mais que os outros. SEJA APRESSADO � Tem necessidade de terminar tudo de imediato. � Quer as coisas para ontem. � Interrompe as pessoas, sabem o que vão dizer � Está sempre pensando no que vai fazer depois � Cria clima de ansiedade a sua volta. � Pela pressa, deixa de avaliar alternativas. � Pode perder informações valiosas. � Gosta de ser “bombeiro”. � Comunicação truncada e ruim. SEJA ESFORÇADO � Permanente esforço para conseguir as coisas. � Repetitivo e pouco objetivo. � Tem dificuldade em entender as coisas � Vacila frente a situações. � Posterga decisões e tarefas. � Resultado de seu trabalho é sempre lento, moroso e estafante. � No início da semana já está cansado. � Rodeia tentando dizer o que quer. SEJA AGRADÁVEL � Tem necessidade de ser querido. � Precisa da aprovação de todos. � Precisa fazer com que os outros se sintam bem. � Preocupa-se com que os outros vão pensar � Avalia as coisas em termos emocionais. � Tem dificuldade e insegurança em decidir � Pode ser manipulado. � Tem dificuldade em dar e receber feedback. Figura: Impulsores, perfil e resultado - Fonte: KERTÉSZ (1987) Embora os impulsores sejam considerados vírus do comportamento, ou seja, algo negativo, a partir do momento que você toma consciência deles é possível neutralizá-los. Para neutralizar os impulsores devemos nos enviar mensagens no sentido de nos permitir contrariar o comando dos impulsores. Para cada impulsor deve ser ativado um permissor. Exemplo: IMPULSOR PERMISSOR SEJA PERFEITO � É suficiente fazer as coisas bem, não perfeitamente. SEJA FORTE � Você pode sentir e mostrar o que sente SEJA APRESSADO � Tenha calma SEJA ESFORÇADO � Você pode encontrar uma forma de fazer as coisas que não lhe custe tanto. SEJA AGRADÁVEL � Não é preciso agradar a todo mundo. Figura: Impulsor e permissor - Fonte: KERTÉSZ (1987) Cultura, Clima & Comportamento Organizacional 21 2.3 Análise comportamental: Valores e Atitude Outro aspecto importante a ser estudado quando estudamos análise comportamental, são os valores, pois eles estabelecem a base para a compreensão das atitudes e da motivação e influenciam na nossa percepção. Você acredita que podemos mudar as atitudes de alguém e, seu comportamento? Segundo Robbins (2008), os valores representam convicções básicas que contêm um elemento de julgamento baseado naquilo que a pessoa acredita ser correto, bom ou desejável. Os valores possuem dois tipos de atributos: � De conteúdo: Determina que um modo de conduta é importante; � De intensidade: Determina o quanto é importante. Quando entramos em uma organização, trazemos nossos valores e isso influenciará na forma de vermos e lidarmos com as situações. A cultura tem uma forte influência sobre nossos valores e é preciso entender que os valores variam de cultura para cultura. As nossas atitudes estão diretamente relacionadas aos nossos valores e, de acordo com Robbins (2008), as atitudes são afirmações avaliadoras favoráveis ou desfavoráveis e possuem três componentes: cognição, afeto e comportamento. Algumas de nossas atitudes são aprendidas por meio de nossas famílias, nossa cultura, mas, na grande maioria, elas são desenvolvidas por meio de experiências vividas e observações. Ainda segundo o mesmo autor, a convicção de que “discriminar é errado” é uma afirmação avaliadora. Essa opinião é o componente cognitivo de uma atitude, ou seja, a crença e o conhecimento sobre um estímulo e avaliação que faço do mesmo. O componente afetivo se refere ao sentimento e às emoções, e o sentimento pode provocar resultados no comportamento, a tendência a se comportar de uma determinada maneira. Nossas atitudes são adquiridas por meio de diversos processos, entre eles: nossa experiência, nossos preconceitos, pela observação de situações ou pessoas. Se nossas atitudes não estiverem muito arraigadas em nós, será possível uma mudança de atitude por meio
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