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UNIVERSIDADE CATÓLICA DOM BOSCO CAMILA LUANA RODRIGUES CARDOSO CRISLLY APARECIDA MACHADO DA SILVA LUIZ HENRIQUE PONTES SANTOS MAXSUEL DOS REIS ARAÚJO MARINA ZAMPIVA DE CAMPOS TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO CAMPO GRANDE-MS 2015 CAMILA LUANA RODRIGUES CARDOSO CRISLLY APARECIDA MACHADO DA SILVA LUIZ HENRIQUE PONTES SANTOS MAXSUEL DOS REIS ARAÚJO MARINA ZAMPIVA DE CAMPOS TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO Trabalho realizado pelos acadêmicos do Curso de graduação em Fisioterapia, do 7º Semestre, da Disciplina de Saúde da Criança I, lecionada pela Professora Karla Toledo. CAMPO GRANDE-MS 2015 O TORCICOLO MUSCULAR CONGÊNITO DEFINIÇÃO O Torcicolo Muscular Congênito é uma contratura unilateral do músculo esternocleidomastoideo que resulta em uma deformidade assimétrica da cabeça e pescoço na qual a cabeça está desviada para o lado do músculo encurtado e o queixo rodado para o lado oposto. ETIOLOGIA A causa primaria da deformidade é uma fibrose no músculo esternocleidomastoideo que em seguida se contrai e encurta. Partos pélvicos e partos a fórceps trabalhosos são muito encontrados nos relatos de nascimentos de pacientes com torcicolo muscular congênito. Tem-se proposto que a ruptura traumática do músculo forma um hematoma que posteriormente se organiza e produz uma banda de tecido fibroso dentro do músculo. Portanto, em estudos a hipótese mais provável é que o verdadeiro torcicolo muscular congênito deve-se provavelmente a um mau posicionamento uterino (compressão e isquemia muscular) em que o desvio característico da cabeça estará frequentemente associado a uma assimetria facial e mesmo do crânio. QUADRO CLÍNICO A deformidade pode estar presente ao nascimento ou pode se tornar evidente por volta da segunda ou terceira semana. A cabeça está desviada para o lado do músculo envolvido e o queixo rodado para o lado oposto. A rotação do pescoço para o lado da deformidade e a mobilidade lateral para o lado oposto estão limitadas. A palpação frequentemente revela um edema ou “tumor” firme, não depressível e fusiforme no músculo esternocleidomastoideo. O torcicolo nem sempre está presente, e o exame clinico evidencia apenas uma leve inclinação lateral da cabeça e, mais frequentemente, rotação pura da cabeça e face na direção oposta ao músculo comprometido. Duas ou três semanas após o nascimento pode desenvolver-se uma massa fusiforme de consistência endurecida e indolor, localizada no interior do músculo esternocleidomastoideo. Em alguns casos, a deformidade pode ser leve e passar despercebida, até a criança ser capaz de sentar-se ou levantar-se. Porém, em outros pacientes, a deformidade pode ser intensa, com assimetria e achatamento da face no mesmo lado do músculo comprometido e evidente logo após o nascimento. DIAGNÓSTICO Contratura característica, à semelhança de uma corda, do músculo esternocleidomastoideo. O torcicolo postural deve ser distinguido do torcicolo muscular congênito DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Linfadenite séptica profunda, dolorosa, fazendo com que o lactente desvie a cabeça para o lado; Anomalias de natureza ortopédica, tais como a subluxação da articulação atlantoaxial, a síndrome de Klippel-Feil e a hemivértebra congênita, manifestando-se por flexão da cabeça para o lado. Os defeitos da visão, como, por exemplo, a diplopia devido ao estrabismo, resultando em torcicolo de origem ocular. Na plagiocefalia, a configuração do crânio da lactente é responsável pela postura assimétrica, sem que exista contratura do músculo esternocleidomastoideo. AVALIAÇÃO O fisioterapeuta observa o aspecto geral da criança, especialmente a posição de sua cabeça em relação ao tronco e aos membros. O nódulo do esternocleidomastoideo, se presente será palpado, anotando-se o seu tamanho. Para examinar a amplitude de movimentos do pescoço, o fisioterapeuta movimenta passivamente a cabeça do lactente em todos os sentidos; atraindo a atenção do bebe, ele será capaz de avaliar o grau de correção ativa que é possível conseguir. O fisioterapeuta precisa estar atento a qualquer sinal de dor aos movimentos ou à palpação do nódulo. Para avaliar o grau de assimetria facial e craniana, a cabeça do bebê deve ser colocada em posição neutra, com o rosto voltado para cima. PRECAUÇÕES Evitar movimentos bruscos entre a cabeça e a cintura escapular, isso pode gerar uma lesão no plexo braquial; Nunca force o alongamento e respeite a criança; As sessões de alongamento podem ser repetidas várias vezes ao dia. TRATAMENTO Tratamento conservador; Em cerca de 80% dos casos, a fibrose não é suficiente para requerer cirurgia corretiva. Em crianças com menos de um ano de idade, o tratamento do torcicolo muscular congênito consiste em exercícios de estiramento muscular (Emery, 1994). Os exercícios podem ser divididos em duas etapas e devem ser realizados por duas pessoas. Uma das pessoas fixa ambos os ombros e a outra segura a cabeça com uma mão na base do crânio e a outra em torno da mandíbula da criança. A cabeça da criança é então tracionada suavemente. A primeira etapa consiste em tracionar a cabeça da criança com o intuito de afastá-la dos ombros e em seguida realizar uma rotação da cabeça em direção ao lado oposto, de tal forma que a mandíbula aproxime-se do ombro oposto ao músculo lesado. Esta posição deverá ser mantida por 10 segundos. A Segunda etapa consiste em tracionar a cabeça, incliná-la ligeiramente para frente e rodá-la ligeiramente para o lado oposto à lesão. Em seguida, o pescoço da criança é inclinado lateralmente até que a orelha esteja em contato com o ombro. O estiramento é mantido durante 10 segundos. Estes exercícios devem ser repetidos no mínimo cinco vezes, em duas ou mais sessões diárias. Tratamento cirúrgico; Diversas cirurgias foram preconizadas, desde a mais radical, como a extirpação completa do músculo, até a mais simples, como a secção do músculo em sua porção média. Outras cirurgias recomendadas são o alongamento em "Z" da porção esternal do esternocleidomastoideo, recomendado principalmente em mulheres por não comprometer o aspecto em "V" do pescoço; a liberação esternocleidomastoideo em sua porção proximal ou distal, ou em ambas simultaneamente. Utilizamos a liberação muscular proximal e distal por acreditarmos que ela dificulta a recidiva do torcicolo, uma vez que o esternocleidomastoideo é liberado tanto de sua origem como de sua inserção. A tendência atual é não utilizar gessos ou aparelhos de imobilização externa no pós-operatório e sim fisioterapia intensiva o mais precocemente possível. O reflexo de correto posicionamento do pescoço deve ser educado através da utilização de um espelho, por um período não inferior a três meses. Em virtude de os pacientes portadores de torcicolo muscular congênito adquirirem o hábito de olhar em plano inclinado, ocasionado pela inclinação lateral do pescoço, considerando esse treinamento de reeducação dos reflexos do correto posicionamento do pescoço como um dos principais fatores para a prevenção de recidivas. Tratamento domiciliar; É importante que o fisioterapeuta converse com os pais do lactente por ocasião da primeira consulta, não apenas explicando a finalidade do tratamento, mas também lhes dando algumas dicas de ordem prática sobre como tornar o tratamento em casa omais agradável possível. Infelizmente, em um serviço sobrecarregado de trabalho, o torcicolo é às vezes encarado como queixa de pouca importância; a ansiedade dos familiares pode passar despercebida. Alguns pais sentem-se nervosos quando lidam com o lactente pequeno; ao deixarem o consultório do fisioterapeuta, estão as vezes muito ansiosos no que se refere ao treinamento do músculo esternocleidomastoideo que eles serão obrigados a realizar em domicílio. Os pais devem ser encorajados a aplicar os exercícios pelo menos três vezes ao dia, ao mesmo tempo brincando e falando com o bebê. O problema de encaixar o tratamento na rotina diária da casa ficará a critério dos pais. No lactente alimentado com mamadeira, esta pode ser dada de maneira a estimular a rotação ativa da cabeça, mas é preferível não realizar os exercícios de movimentação passiva próximo ao horário das refeições, coso os exercícios lhe provoquem dor ou ansiedade; o bebê logo aprende a associar a alimentação com o desconforto causado pela movimentação passiva. Imobilização com coletes Este método de imobilização já caiu em desuso na maioria dos serviços, à exceção de alguns poucos casos de acentuada assimetria craniana, quando é interessante melhorar a moldagem do crânio. O valor da imobilização é duvidoso na maioria dos casos de torcicolo. Acredita-se que a imobilização seja capaz de manter a cabeça do lactente na posição corrigida, o que ela consegue fazer até certo ponto, mas é discutível que a correção assim obtida compense o sofrimento causado aos pais; estes se ressentem dessa demonstração aberta da anomalia. CONCLUSÃO O torcicolo é uma afecção de etiologia e patologia ainda pouco esclarecida. Constatou-se os tipos de torcicolo muscular congênito de acordo com a idade do paciente e seus respectivos tratamentos. A importância do quadro clínico dos pacientes com torcicolo muscular congênito também foi abordada e é relevada para um bom diagnóstico e consequentes procedimentos. A deformidade deve ser tratada para evitar uma eventual assimetria facial, desnivelamento dos olhos e pavilhões auriculares. No tratamento conservador, as técnicas de alongamento muscular merecem explicações com ênfase aos pais. A mobilização passiva não pode deixar o paciente perturbado e deve ser realizada com delicadeza, lembrando também que a fisioterapia é indispensável no pós- operatório. Assim a patologia deve ser diagnosticada a tempo para um tratamento mais satisfatório e eficiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RUSCHINI. Sérgio. Ortopedia Pediátrica. 2ª edição, Editora Atheneu, Rio de Janeiro-RJ,1998 VAUGHAN. Victor C., MCKAY JR. R. James. BEHRMAN. Richard E., Nelson Tratado de Pediatria. 11ª edição, Editora Interamericana, Rio de Janeiro - RJ, 1983 CARVALHO. Oreste. Manual de Pediatria. 3(edição, Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro - RJ SEGRE. Conceição A. M., ARMENILLI. Pedro Antônio. MARINO. Wanda Tobias. RN. 4ª edição, Editora Sarvier, São Paulo - SP, 1995 SHEPHEND. Roberta B. Fisioterapia em Pediatria, 3ª edição, Editora Santos
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