Buscar

A historia das coisas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Vocês têm um destes? (desconectando-se de um ipod) 
Sou louca pelo meu, na verdade adoro todas as minhas 
coisas. 
Já se perguntou de onde vem todas as coisas que 
compramos e para onde vão quando nos desfazemos 
delas? 
Não conseguia deixar de pensar nisso, por isso quis saber 
mais sobre o assunto. 
E os livros diziam que as coisas se deslocam ao longo de 
um sistema: Da Extração para a Produção, para a 
Distribuição, para o Consumo, e para o Tratamento de Lixo. 
Isso tudo se chama 'A Economia de Materiais'. 
Bem, estudei um pouco mais. 
Eu passei dez anos viajando pelo mundo atrás de pistas 
de onde vêm as nossas coisas e para onde vão. 
E sabe o que descobri? 
Esta não é toda a história. 
Falta muita coisa nesta explicação. 
Em primeiro lugar, neste sistema parece que tudo está bem. 
Sem problemas! 
Mas, na verdade é um sistema em crise. 
porque tratar-se de um sistema linear e nós vivermos num 
planeta finito, e não se pode gerir um sistema linear num 
planeta finito, indefinidamente. 
Em todas as suas etapas, este sistema interage com o 
mundo real. 
A vida real não acontece numa página em branco, 
interage com sociedades, culturas, economias, o ambiente, 
e durante as etapas a vida vai se chocando contra os seus 
limites. 
Limites que aqui não vemos porque o diagrama está 
incompleto. 
Então, voltemos atrás pra preencher alguns espaços e ver o 
que falta. 
Um das coisas mais importantes em falta são as pessoas. 
Sim, pessoas! 
As pessoas vivem e trabalham em todas as etapas deste 
sistema. 
Onde algumas pessoas são um pouco mais importantes que 
outras, algumas têm maior poder de decisão. 
Quem são elas? 
Comecemos pelo governo. 
Meus amigos dizem que devia usar um tanque para 
simbolizar o governo e isso é uma realidade em muitos 
países, e cada vez mais também no nosso, afinal, mais de 
50% dos nossos impostos vão para os militares. 
Mas vou usar uma pessoa para simbolizar o governo, 
porque acredito nos valores e na visão 
de que o governo deve ser das pessoas, pelas pessoas, 
para as pessoas. 
A função do governo é olhar por nós, cuidar de nós. 
É esse o seu trabalho! 
Depois vêm as corporações. 
O que leva as corporações parecerem maiores que o 
governo é porque elas são maiores que o governo. 
Atualmente, entre as 100 maiores economias na Terra, 51 
são corporações. 
À medida que as corporações foram crescendo em tamanho 
e poder assistimos a uma pequena mudança no governo, 
como se estivessem mais preocupados com o bem estar 
deles do que com o nosso. 
Muito bem. 
Então vejamos o que mais falta nesta imagem. 
Começaremos pela Extração, que é uma palavra pomposa 
para 'exploração de recursos naturais', 
que, por sua vez, é uma palavra pomposa para 'destruir o 
planeta'. A verdade é que cortamos as árvores, 
arrebentamos as montanhas para extrair os metais, 
consumimos toda a água e exterminamos os animais. 
Aqui enfrentamos o nosso primeiro limite. 
Estamos ficando sem recursos naturais. 
Estamos utilizando demasiados materiais. 
Sei que isto pode ser difícil de ouvir, mas é a verdade, 
por isso temos de lidar com isso. 
Durante apenas as três últimas décadas, 
foram consumidos 33% dos recursos naturais do planeta. 
Desapareceram! 
Cortamos, minamos, perfuramos e destruímos o planeta tão 
depressa que estamos debilitando a capacidade do planeta 
para sustentar o nosso modo de vida. 
Aonde eu vivo, nos Estados Unidos, resta-nos menos de 4% 
da nossa floresta original. 
40% dos cursos de água estão impróprios para consumo. 
E o nosso problema não é apenas estarmos utilizando 
demasiados recursos, 
mas o fato de estarmos utilizando mais do que a nossa 
parte. 
Temos 5% da população mundial, mas usamos 30% dos 
recursos mundiais 
Se todos consumissem ao ritmo dos Estados Unidos, 
precisaríamos de três a cinco planetas. 
E sabe uma coisa? Só temos um! 
Então, a resposta do meu país a esta limitação é 
simplesmente ir tomar dos outros, 
Este é o terceiro mundo! 
Que alguém dirá tratar-se apenas de uma expressão para 
designar o local para onde foram as nossas matérias primas 
E o que é que acontece? A mesma coisa! Destruição do 
local! 75% das zonas de pesca do planeta 
estão sendo exploradas ao máximo ou além da sua 
capacidade. 
Desapareceram 80% das florestas originais do planeta. 
Só na Amazônia, perdemos 2.000 árvores por minuto. 
O equivalente a um campo de futebol por minuto! 
Então, e as pessoas que aqui vivem? 
(apontando para o mapa do terceiro mundo) 
Bem, de acordo com estes sujeitos, 
(apontando para as grandes corporações) 
eles não são donos destes recursos ,mesmo que vivam lá 
há gerações. Não são donos dos meios de produção e não 
compram muitas coisas. 
Neste sistema, quem não possuí nem compra muitas coisas 
não têm valor. 
A seguir, as matérias primas seguem para a Produção, 
aonde utilizamos energia para misturar químicos tóxicos 
com recursos naturais 
para produzir produtos contaminados com tóxicos. 
Há atualmente no comércio, mais de 100.000 químicos 
sintéticos, 
apenas um punhado foi testado para avaliar o seu impacto 
na saúde, e nenhum foi testado em relação aos impactos 
sinérgicos na saúde, ou seja, à interação com todos os 
outros químicos aos quais estamos expostos diariamente. 
Por isso, desconhecemos o impacto total deles na saúde e 
no ambiente. 
Mas sabemos uma coisa: os tóxicos entram e saem. 
Enquanto continuarmos a introduzí-los nos nossos sistemas 
de produção industrial, 
continuaremos a inserir estes tóxicos nos produtos 
que levamos para nossas casas, trabalho e escolas, e claro 
para nossos corpos. 
Como os BFRs, ou retardantes de incêndio à base de 
brometo. 
que tornam as coisas mais resistentes ao fogo, mas são 
super tóxicos. 
São neurotóxicos, ou seja, tóxicos para o cérebro. 
O que é que estamos fazendo usando estes químicos? 
Apesar disso, os usamos em nossos computadores, 
eletrodomésticos, sofás, 
colchões e até alguns travesseiros. 
Sim, pegamos nossos travesseiros, os revestimos com 
neurotoxinas, 
os levamos para casa e dormimos por 8 horas com eles!?! 
Não sei... mas acho que num país com tanto potencial, 
poderíamos ter uma maneira melhor de evitar que as 
cabeças peguem fogo a noite. 
Sabia que essas toxinas se vão acumulando ao longo da 
cadeia alimentar 
e se concentram nos nossos corpos? 
Sabe qual é o alimento do topo da cadeia alimentar com 
nível mais elevado 
de químicos tóxicos? O leite materno. 
Isto significa que os menores membros das nossas 
sociedades, 
os nossos bebês, recebem as maiores doses de químicos 
tóxicos das suas vidas 
a partir do leite das suas mães. 
Não acha que é uma incrível violação? 
A amamentação deveria ser o mais importante ato humano 
de nutrição. 
Devia ser algo sagrado e seguro. 
A amamentação continua a ser o melhor e as mães devem 
amamentar, 
mas nós devíamos proteger esse ato! 
Eles (indicando as corporações/governos) deviam protegê-
lo. 
Eu pensava que estavam zelando pelos nossos interesses! 
As pessoas que mais sofrem com estes produtos químicos 
são 
os trabalhadores das fábricas, muitos são mulheres em 
idade reprodutiva que 
trabalham com toxinas que afetam a gestação, 
carcinogênicos e muito mais. 
Agora eu pergunto: 
que tipo de mulher, em idade reprodutiva, trabalharia num 
emprego deste, 
exposta a estas toxinas, a não ser uma mulher sem outra 
alternativa? 
Essa é uma das 'maravilhas'deste sistema, 
A erosão dos ecossistemas e economias locais, aqui, 
(indicando o terceiro mundo) 
garante um fluxo constante de pessoas sem alternativas. 
No mundo, há 200.000 pessoas por dia se deslocando de 
ambientes 
que as sustentaram ao longo de gerações, para cidades, 
aonde muitas vivem 
em bairros de lata, à procura de emprego, por mais tóxico 
que seja. 
Não só os recursos são desperdiçados ao longo deste 
sistema, mas também pessoas. 
Comunidades inteiras que são desfeitas.Sim, as toxinas entram e saem. 
Muitas delas saem das fábricas em produtos,e muitas mais 
que saem como subprodutos ou poluição, e estamos 
falando de muita poluição. 
Nos Estados Unidos, as indústrias admitem liberar 
mais de 1.800.000 kg de químicos tóxicos por ano. 
Deve ser muito mais, porque isto é o que eles admitem. 
Trata-se de outro limite, porque quem quer ver e respirar 
1.800.000 kg de químicos tóxicos por ano? 
Então o que eles fazem? 
Mudam as fábricas poluidoras para o estrangeiro, 
para poluir outros países. 
Mas, surpresa! 
Grande parte dessa poluição volta para nós trazida pelo 
vento. 
E o que acontece depois de todos estes recursos naturais 
serem transformados em produtos? 
Passam por aqui, para a distribuição, o que significa 
vender todo o lixo contaminado com toxinas o mais 
rapidamente possível. 
Aqui, o objetivo é manter os preços baixos, 
com as pessoas comprando os produtos em constante 
movimento. 
Como eles mantêm os preços baixos? 
Pagam salários baixos aos trabalhadores das lojas 
e restringem o acesso aos seguros de saúde sempre que 
podem. 
Tudo se resume em exteriorizar os custos. 
O verdadeiro custo de produção não se reflete no preço. 
Em outras palavras, não pagamos aquilo que compramos. 
Outro dia estive pensando nisto. 
Ia a caminho do trabalho e queria ouvir as notícias, 
por isso entrei numa loja para comprar um rádio. 
Encontrei um pequeno rádio verde e engraçado que custava 
$4.99 dólares. 
Na fila do caixa pensei: 
Como $4.99 podem refletir o custo da produção e transporte 
deste rádio 
até ele chegar nas minhas mãos? 
O metal deve ter sido extraído na África do Sul, 
o petróleo, provavelmente do Iraque, 
o plástico, produzido na China, 
e, talvez, montado por uma criança de 15 anos numa fábrica 
do México. 
$4.99 não paga nem o aluguel do espaço ocupado na 
prateleira 
nem parte do salário do empregado que me atendeu 
ou as viagens de navio e caminhão que o rádio fez. 
Foi assim que eu me apercebi que eu não paguei o valor do 
rádio. 
Então, quem pagou? 
Estas pessoas (indicando o terceiro mundo) pagaram com a 
perda do espaço dos seus recursos naturais. 
Estas,(indicando a fábrica) pagaram com a perda do ar puro, 
com o aumento de doenças como asma e câncer. 
As crianças do Congo pagaram com o seu futuro, pois 30% 
delas 
abandonam a escola para trabalhar nas minas de coltan, 
um metal que usamos em aparelhos eletrônicos baratos e 
descartáveis. 
Estas pessoas pagaram por não tere direito ao seguro de 
saúde. 
Ao longo deste sistema, 
pessoas contribuíram para que eu comprasse o rádio por 
$4.99. 
Mas essas contribuições não são registradas por nenhum 
contabilista. 
É isto que eu quero dizer com 'exteriorizar o verdadeiro 
custo de produção'. 
E isso leva-nos até à seta dourada do Consumo. 
o coração do sistema, o motor que o impulsiona. 
É tão importante que proteger esta seta, 
quese tornou prioridade daqueles dois sujeitos. (o governo e 
as corporações) 
É por isso que após o 11 de Setembro, quando o nosso país 
estava em choque 
e o presidente Bush poderia ter sugerido fazer luto, rezar, ter 
esperança... 
Mas não... ele disse para fazermos compras! Compras! 
Nos tornamos numa nação de consumidores. 
Nossa principal identidade passou a ser de consumidores. 
Não mães, professores, agricultores, mas consumidores! 
Nosso valor é medido e demonstrado pelo quanto 
contribuímos para esta seta. 
Quanto consumimos... não é isso que fazemos? 
Compramos, compramos, compramos... 
Manter os produtos circulando... e como circulam... 
Sabe qual é a percentagem do total dos produtos que 
circulam através deste 
sistema que ainda são usados 6 meses depois da venda na 
América do Norte? 
50%? 20%? Não... Um por cento! Um! 
Em outras palavras, 
99% das coisas que nós cultivamos, processamos, 
transformamos, 
99% das coisas que percorrem o sistema são lixo em menos 
de 6 meses. 
Como é que podemos gerir um planeta com este nível de 
rendimento? 
Mas não foi sempre assim. 
Hoje, o consumidor médio americano consome o dobro de 
há 50 anos. 
Perguntem à vossa avó. 
No tempo dela a boa gestão, a engenhosidade e a 
poupança eram valorizados. 
Então, como é que isto aconteceu? 
Bem, não aconteceu simplesmente.Foi planejado. 
Pouco depois da Segunda Guerra Mundial, 
estes sujeitos (as corporações) estudavam a forma de 
impulsionar a economia. 
O analista de vendas, Victor Leboux, 
articulou a solução que se tornaria a norma de todo o 
sistema. 
Ele disse: 
"A nossa enorme economia produtiva" 
"exige que façamos do consumo a nossa forma de vida," 
"que tornemos a compra e uso de bens em rituais," 
"que procuremos a nossa satisfação espiritual" 
"a satisfação do nosso ego, no consumo..." 
"Precisamos que as coisas sejam consumidas," 
"destruídas, substituídas e descartadas a um ritmo cada vez 
maior." 
O conselheiro econômico do presidente Eisenhower disse: 
"O principal objetivo da economia americana" 
"é produzir mais bens de consumo." 
Mais bens de consumo? O nosso principal objetivo? 
Não é providenciar cuidados médicos,ou educação, ou 
transportes seguros, 
ou sustentabilidade ou justiça? 
Bens de consumo?! 
Como é que eles nos fizeram adotar este sistema de forma 
tão entusiástica? 
Bem, duas das suas estratégias mais bem sucedidas são: 
a obsolescência planejada e obsolescência perceptiva. 
Obsolescência planejada é uma outra forma de dizer 
"criado para ir para o lixo". 
Eles fazem as coisas de modo que sejam inúteis tão rápido 
quanto possível 
para as jogarmos fora e voltarmos a comprar. 
Isso é óbvio em sacolas ou copos de plástico, mas agora 
verifica-se isso 
em coisas maiores como esfregões, DVDs, máquinas 
fotográficas, 
churrasqueiras, quase tudo! Até computadores! 
Já reparou que quando compra um computador, 
a tecnologia muda tão rapidamente que em pouco anos se 
torna 
quase um impedimento para a comunicação? 
Fiquei curiosa e abri um destes computadores para ver o 
que tinha dentro. 
E descobri que a peça que se muda a cada ano é apenas 
uma pecinha no canto. 
Mas não se pode mudar apenas essa peça, 
porque cada nova versão tem um formato diferente, 
tem de jogar tudo fora e comprar um novo. 
Estive lendo sobre o design industrial da década de 1950, 
quando a obsolescência planejada começou a aparecer. 
Esses designers eram muito claros sobre o assunto. 
Chegavam a debater quão rápido conseguiam que um 
aparelho avariasse, 
mas de modo a que o consumidor mantivesse fé suficiente 
para ir comprar outro. 
Foi tão intencional! 
Mas as coisas não avariam suficientemente rápido para 
manter esta seta funcionando. 
Por isso, existe também a obsolescência perceptiva. 
A obsolescência perceptiva nos convence a jogar fora coisas 
que ainda são perfeitamente úteis. 
Como fazem isso? 
Mudam a aparência das coisas. 
Por isso, se comprou suas coisas há alguns anos, 
todos percebem que vocês não têm contribuído para esta 
seta. 
E como nosso valor depende da nossa contribuição para 
esta seta, 
isso pode ser embaraçoso. 
Por exemplo, se eu tiver o mesmo monitor de computador 
gordo e branco 
na minha mesa por 5 anos, 
e a minha colega tiver comprado um computador novo, 
ela vai ter um monitor plano, brilhante que combina com o 
computador, 
com o celular e até com as canetas. 
Ela parece estar operando uma nave espacial, 
e eu... pareço que tenho uma máquina de lavar na mesa. 
A moda é outro bom exemplo... 
Já se perguntou porque os saltos dos sapatos das mulheres 
passam de largos para finos num ano, e no próximo de finos 
para largos? 
Não é por haver um debate sobre qual deles é mais 
saudável 
É porque usar saltos largos num ano de saltos finos 
mostra que não contribuiu recentemente para a seta, 
por isso não vale tanto quanto a pessoa com saltos finos ao 
seu lado, 
ou em um anúncio. 
É para comprarmos sapatos novos. 
A publicidade e amídia em geral têm um papel importante 
nisto. 
Cada um de nós nos Estados Unidos, 
é bombardeado com mais de 3.000 anúncios por dia. 
Vemos mais publicidade num ano do que as pessoas de há 
50 anos viam em toda a vida. 
Qual é o objetivo de um anúncio se não nos fazer infelizes 
com o que temos? 
Por isso, nos dizem 3.000 vezes por dia que o nosso cabelo 
está errado, 
nossa pele, nossas roupas, nossos móveis, nossos carros, 
nós estamos errados... 
mas tudo se resolve se formos às compras. 
A mídia também ajuda a esconder tudo isto e tudo isto. 
(indicando ambos os extremos do fluxo do consumo) 
Por isso, a única parte da economia que vemos são as 
compras. 
A extração, produção e envio para o lixo, acontecem fora do 
nosso campo de visão. 
Por isso, nos Estados Unidos temos mais coisas do que 
tivemos antes, 
mas pesquisas mostram nossa felicidade declinando. 
Nossa felicidade teve o seu pico na década de 1950, 
a mesma época em que a febre consumista explodiu. 
ãham!! Coincidência interessante! 
Acho que sei o porquê. 
Temos mais coisas, porém menos tempo para o que 
realmente nos faz felizes: 
amigos, família, tempo livre. 
Estamos trabalhando mais do que nunca. 
Alguns analistas dizem que não temos tão pouco tempo livre 
desde a sociedade feudal. 
E sabem quais são as duas atividades que mais fazemos no 
pouco tempo livre que temos? 
Ver televisão e fazer compras! 
Nós americanos, passamos 3 a 4 vezes mais tempo 
comprando do que os Europeus. 
Assim, estamos nesta situação ridícula, vamos trabalhar 
talvez em dois empregos, 
e quando chegamos em casa exaustos e sentamos no sofá 
novo para ver televisão, 
e os anúncios dizem que não prestamos, 
então vamos às compras para nos sentirmos melhor, 
depois trabalhamos mais para pagar o que compramos, 
e chegamos em casa mais cansados, vemos mais televisão, 
que nos diz para fazermos compras outra vez, 
e estamos neste ciclo de "trabalhar-ver-comprar", 
e podíamos simplesmente parar. 
Então, no final, o que acontece a todas estas coisas que 
compramos? 
Neste ritmo de consumo, não cabe tudo em casa, 
apesar do tamanho médio das casas ter duplicado neste 
país desde os anos 70. 
Vai tudo para o lixo. 
E isso leva-nos ao Tratamento do lixo. 
Esta é a parte da economia de materiais que conhecemos 
melhor, 
porque nós temos que levar o lixo até à esquina. 
Cada americano produz 2 kg de lixo por dia, o dobro do que 
fazíamos há 30 anos. 
Todo este lixo, ou é despejado num aterro, que é um grande 
buraco no chão, 
ou, ainda pior, primeiro é incinerado e depois despejado 
num aterro. 
As duas formas poluem o ar, o solo, a água, sem esquecer 
que alteram o clima. 
A incineração é realmente ruim. 
Lembra daqueles tóxicos da fase da produção? 
Bem, queimar o lixo libera esses tóxicos no ar. 
Pior ainda, produz super-tóxicos novos, como a dioxina. 
A dioxina é a substância mais tóxica feita pelo homem, 
e os incineradores são a principal fonte de dioxinas. 
Isso significa que podemos parar a principal fonte da mais 
tóxica substância 
conhecida e feita pelo homem, simplesmente parando de 
queimar o lixo. 
Podemos parar hoje! 
Algumas empresas não querem criar aterros e incineradores 
aqui, 
por isso também exportam os resíduos. 
Então, e a reciclagem? A reciclagem ajuda? 
Sim, a reciclagem ajuda. 
A reciclagem reduz o lixo nesta extremidade, 
(indicando o Tratamento do lixo) 
e depois reduz a pressão para minerar e colher mais nesta 
extremidade. 
(indicando a matéria prima) 
Sim, sim, sim, todos devemos reciclar. 
Mas reciclar não é suficiente. 
Reciclar nunca será suficiente, por duas razões: 
Primeiro, o lixo que vem de nossas casas é apenas a ponta 
do iceberg. 
Para cada saco de lixo que deixamos na esquina, 70 sacos 
de lixo são 
criados anteriormente só para fazer o lixo desse saco que 
deixamos na esquina. 
Assim, mesmo que pudéssemos reciclar 100% do lixo das 
nossas casas, 
não se chegaria ao coração do problema. 
Além disso, grande parte do lixo não pode ser reciclado, 
ou porque contém demasiados tóxicos, 
ou porque é criado de início para não ser reciclável. 
Como aquelas caixas de suco 
que têm camadas de metal, papel e plástico, todas coladas. 
Não dá para separar essas camadas para reciclá-las. 
Como se vê, é um sistema em crise. 
Por todo o percurso, estamos batendo em limites. 
Do clima em mudança ao decréscimo da felicidade, 
Simplesmente não está funcionando. 
Mas a parte boa de um problema tão generalizado 
é haver tantos pontos de intervenção. 
Há pessoas trabalhando aqui (indicando o terceiro mundo), 
salvando florestas, e aqui (indicando a indústria), na 
produção limpa. 
Pessoas trabalhando em direitos do trabalho,em comércio 
justo, 
em consumo consciente, no bloqueio de aterros e 
incineradoras. 
E, muito importante, em recuperar o nosso governo, 
para que seja realmente pelas pessoas e para as pessoas. 
Todo este trabalho é criticamente importante, mas 
as coisas vão realmente começar a se mover quando 
enxergarmos as ligações, 
quando enxergarmos o panorama geral. 
Quando as pessoas ao longo do sistema se unirem, 
podemos reivindicar e transformar este sistema linear em 
algo novo, 
um sistema que não desperdice recursos ou pessoas. 
Porque aquilo de que precisamos nos livrar 
é da antiga mentalidade de usar e jogar fora. 
Há uma nova escola de pensamento neste assunto, 
e é baseada em sustentabilidade e equidade. 
Química verde, zero resíduos, 
produção em ciclo fechado, energia renovável, 
economias locais vivas. 
Já está acontecendo. 
Há quem diga que é irrealista, idealista, que não pode 
acontecer. 
Mas eu digo que quem é irrealista 
são os que querem continuar pelo velho caminho. 
Isso é que é sonhar. 
Lembrem-se que a velha forma não aconteceu por acaso. 
Não é como a gravidade, com que temos que conviver. 
As pessoas as criaram, e nós também somos pessoas, 
por isso vamos criar algo novo.

Outros materiais