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1 2 1. Coaching educacional O Coaching é uma palavra antiga que está relacionado com o condutor de carruagens, os chamados cocheiros, os que conduzem coches. Os cocheiros eram os profissionais que conduziam os passageiros até ao destino desejado. Mais tarde, em 1850, o termo passou a ser atribuído aos professores e mestres universitários, as pessoas que por auxiliar os estudantes na preparação de testes e exames. O significado manteve-se, isto é a pessoa que conduz a um determinado local desejado ou objectivo. Passando a palavra pelo desporto, em 1950, o termo “coach” foi utilizado pela primeira vez para fazer referência à habilidade de gerir pessoas, surgindo nesta altura as primeiras técnicas de desenvolvimento pessoal, valorizando as competências pessoais como um processo de evolução contínua. E tal como a história refere o coaching é uma metodologia para alcançar objectivos específico, desenvolver habilidades, aprimorar competências e atingir resultados extraordinários. Este processo aumenta a auto-motivação, produtividade, comunicação e a relação inter-pessoal. O Coaching educacional surgiu de uma necessidade de transformar o sistema de ensino e de desenvolver competências sócio-emocionais aos alunos. Estas competências são importantes para desenvolver uma atitude mental positiva, sem elas não temos a transformação da atitude em atitude positiva. Atitude todos temos, o que queremos é que ela seja positiva, de maneira a que se consiga superar os desafios. Com o avançar da minha experiência e a acompanhar a diretrizes do ministério de educação e da direcção geral de saúde, tenho vindo a desenvolver várias ferramentas para que cada uma das pessoas do sistema desenvolva uma Atitude Mental Positiva. 3 Estudos têm revelado que a aprendizagem é mais eficaz quando ensinamos aos outros, mas como eu considero que deves passar pelo fazer, proponho um conjunto de exercícios e de tarefas que deves desenvolver e reflectir para que a tua expansão aconteça. Descobrires a tua fórmula é essencial, e ires aferindo a tua fórmula é, claramente, uma forma de vida. Por isso quero dar-te experiências para uma melhor aprendizagem e para que a possas aprender também ao ensinares, porque isto da aprendizagem é algo sem fim. Por isso, fixa bem esta pirâmide pois, o que se pretende é que percorras a pirâmide até conseguires ensinar aos outros o processo de uma Atitude Mental Positiva. Figura 1- Pirâmide de William Glasser ou “Cone da Aprendizagem” Existem vários modelos de Coaching, sendo que o mais conhecido é o GROW (G- Goal/objectivos; R- Reality/realidade, O-Options/Soluções, W- Will/Acção). No entanto, qualquer modelo é válido para o coaching, uma vez que acção e superação só depende da criatividade e vontade em conseguir identificar o ponto onde nos encontramos e encontrar soluções para chegar ao ponto onde queremos. Na gestão utiliza-se o PDCA (Plan, Do, Control, Action). Lemos Vemos -10% Ouvimos – 20% Vemos e ouvimos – 30% Debatemos – 50% Fazemos – 75% Ensinamos aos outros – 90% 4 Figura 2- Processo de coaching A importância do coaching é medir cada passo e fazer com que cada pessoa, ao seu ritmo e com as suas soluções, entre em acção, para conseguir atingir o que realmente quer para a sua vida. Ao longo dos anos muito se tem falado que o sistema de educação deve e necessita de evoluir. É da minha crença que o sistema deve ter como partes interessadas escola, professores, alunos e pais. Cabe a cada um fazer o seu papel, sem que haja a desculpa que não se pode fazer nada num sistema inflexível. Cada um da nossa forma o torna inflexível, já que somos o sistema. O que é que isto quer mesmo dizer? Que cabe a cada um dos intervenientes fazer essa diferença, independentemente do que se passa nas circunstâncias do ensino. No caso do coaching educacional o objectivo é tornar o sistema de educação um sistema de excelência, procurando sempre oportunidades de melhoria efectiva e de uma aprendizagem efectiva. O primeiro foco do coaching educacional para professores é o desenvolvimento de uma atitude mental positiva, é isto que devemos querer construir em primeiro lugar seja para os professores, para os pais, para os alunos e para o cidadão, ou como costumo dizer o comum dos mortais. 5 “Como professores temos que acreditar na mudança, temos que saber que é possível, do contrário não estaríamos ensinando, pois a educação é um constante processo de modificação.” Leo Buscaglia O coaching educacional tem como objectivo, também, aumentar a consciência sobre o papel de cada um de nós, assim como caminharmos cada um na sua individualidade para a excelência. E a excelência consegue-se através de treino constante e repetitivo. Costumo dizer que se queremos correr a maratona temos de ir aos treinos, sem treinos não conseguimos atingir o objectivo de uma maratona de 42 km e não ter as condições ideais não deve ser motivo para não treinar. E é isto que pretendemos no coaching educacional, treinar determinadas áreas até à sua excelência. Se me perguntarem em quanto tempo chegam à excelência? Bem, a excelência tem sempre a possibilidade de ir mais longe, não é um processo com fim. Sempre que atingimos um determinado patamar sabemos que podemos sempre nos superar, e isto é que te torna excelente, a tua capacidade de resiliência e o teu aprofundamento na função que exerces no sistema educativo. Importância do coaching nas escolas Tal como foi dito, o coaching é uma ferramenta de superação e de atingir objectivos. Por vezes, falta-nos aquelas questões que vão 6 alavancar toda a nossa vida. Não há fórmulas correctas, mas tudo o que se trabalha é influenciado. Tantas são as variáveis que precisamos de trabalhar, mas uma coisa é certa, cada escola, cada professor, cada aluno e pai tem o que é necessário para se superar, o que podem não ter é a ferramenta que transforma o seu potencial em algo real e com resultados. Internacionalmente, o coaching educacional está a transformar as escolas, escolas completamente disfuncionais evoluíram para escolas funcionais e referência para outras. Para cada escola, o trabalho é longo, e não se consegue tudo de uma vez, mas quando uma escola quer a excelência sabe que o treino leva anos, e que em cada ano os desafios são frequentes e alguns novos. Fala-se muito da Finlândia, mas esquecemos que o sistema deles teve de fazer uma mudança mental e levaram anos a chegar onde chegaram. Não foi uma mudança de mentalidade só nos professores, só nas escolas, só na política, mas foi uma mudança em todos os cidadãos. Fizeram crescer uma visão optimista, fizeram crescer a confiança. Nada é feito de um dia para o outro, nada deve ser rápido e com passos maiores que a perna. Ter coaches a trabalhar e ter professores coaches são de facto uma mais valia, pois não só trabalhas aquilo que chamamos de Soft Skills, como estás focado no individuo e no colectivo. No caso do coaching nas escolas traz os seguintes benefícios: - Envolvimento dos professores, corpo não docente e alunos; - Aumenta o autoconhecimento; 7 - Desenvolve a comunicação consciente; - Treina a relação empática e reciprocidade; - Avalia em qual o nível de desenvolvimento profissional com vista à melhoria continua; - Fornece ferramentas de gestão emocional e resolução de problemas; - Desenvolve todos os conceitos aprendidos com aplicação na prática real de lecionar e relacionar com todo o colectivo; - Desenvolve a liderança na escola e nos alunos. 2. Atitude Mental Positiva A atitude mental positiva surgiu com o livro de Napoleon Hill, Think and Grow Rich, com o nome de pensamento positivo. Mais tardeW. Clemente Stone e Napoleon Hill Editaram o livro em conjunto, Success Through a Positive Mental Attitude, com o objectivo de partilhar uma nova filosofia de vida, com base num pensamento positivo e numa atitude mental positiva. Atitude mental positiva é definida por estes autores como um procedimento que leva à concretização de uma intenção mental integralmente positiva. Isto é, a atitude mental positiva é a capacidade de numa determinada situação se ver acções optimistas de maneira a que se consiga, através dessas acções, chegar aos resultados que se pretende, ou à superação da situação. 8 Ao longo dos meus anos de treino, tudo tem servido para aumentar a minha atitude mental positiva. Começou por um relacionamento há cerca de 7 anos, que guardo com muito carinho, até aos dias de hoje. Um treino que nunca acaba, mas que se torna mais fácil com o tempo. Hoje o meu treino é curiosamente mais intenso que no início e, no entanto, foi no início que tive de aplicar mais energia, para quebrar com crenças que não me serviam, para criar novas crenças mais optimistas e realistas. Perguntam-me, muitas vezes, porque sou tão focada nestes processos. Não é difícil de entender o que digo, mas só sentindo é que se percebe. Quando tu percebes como funciona a tua mente, então percebes como a podes controlar, e quando a controlas podes focar-te nas coisas que são possíveis de atingir, podes focar-te em praticar o teu pensamento positivo para que tenhas uma atitude positiva, pensar é bom agir é melhor. Importante nestes processos de reconstrução é importante praticar, agir, alinhar o que pensamos com o que realmente fazemos. O que é que eu consegui com uma atitude mental positiva? E como é que isto se revela na minha vida? Tal como qualquer outra pessoa, eu sou uma pessoa que vivo diariamente com desafios para superar. A cada desafio uma escolha de atitude, podia escolher lamentar-me sobre o que me aconteceu, ou posso aceitar a minha responsabilidade de mudar a minha reacção e olhar para a oportunidade que tenho. E tantas são as vezes que temos o nariz encostado ao problema que mal conseguimos ver a oportunidade. Mas em todas as situações existem oportunidades, todas as circunstâncias negativas uma oportunidade, basta que mudes de percepção, basta que treines a tua mente para ver uma oportunidade numa situação negativa. E acredita ela existe. 9 Treinar ter uma atitude mental implica passares por um processo longo de treino de algumas características, e treino na identificação de quem és. Só conhecendo profundamente quem és podes aceitar quem és e transformar. Para lá chegares cria os seguintes hábitos (podes consultar o meu blog): 1. Desenvolve a atenção sobre os teus pensamentos. 2. Quebra os teus limites e age. 3. Pratica uma conversa contigo próprio positiva. 4. Controla as tuas reacções emocionais. 5. Desenvolve e pratica a gratidão 6. Rodeia-te de pessoas positivas 7. Diverte-te e aprecia a vida 8. Mantém uma vida simples e minimalista. Desenvolver uma atitude mental positiva é um treino de uma vida, mas importa relembrar que só tens hoje para o começar. Diverte-te no caminho que fazes, porque ele é divertido. E porque é que ele é importante na profissão de professor? É ele que te vai permitir seres a mudança que queres ver no sistema de educação. 10 Quando pensei no programa para professores, fui guiada por perguntas que me levariam ao conteúdo deste curso. E a pergunta mais importante que me fiz e que vos deixo aqui é “o que partilharia a melhor coach educacional do mundo?”, ou “por onde começaria a melhor coach educacional do mundo?”. Pois estas perguntas, embora me levem para como dar uma aula envolvendo mais e mais os alunos, levou-me para algo muito especifico e que, talvez, por isso os nossos professores estejam tão exaustos – a Atitude Mental Positiva. Transformar os professores para uma atitude mental positiva é o melhor que posso deixar como legado, pois isso contribui não só para uma melhoria do nosso ensino, mas uma melhoria da vida de qualquer educador. E só depois deste equilíbrio mental é que poderíamos passar para a segunda fase da aprendizagem, como avaliar as aulas e como melhorar as aulas e facilitar a aprendizagem dos nossos alunos. E assim, nesta primeira fase, decidi treinar os aspectos do ser, do ser professor, para conseguir empoderar os professores para uma nova fase das suas vidas. E nada como potenciarmos a nossa atitude mental positiva, para conseguirmos ir mais além. Gostaria que tivessem ferramentas que façam face ao perfil do aluno, trabalhando precisamente o perfil do professor. Não podemos esperar que um aluno tenha uma atitude mental positiva sem ter uma envolvente que o proporcione. É bom dizer que o professor deve trabalhar a autoestima do alunos quando, muitas vezes, a sua autoestima está em níveis muito baixos. É tão mais importante que os nossos jovens adquiram o perfil do aluno definido pelo ministério, como é importante que os professores tenham este perfil também, e por isso quero deixar ferramentas para trabalhar esse perfil do professor. Para treinar a atitude mental positiva temos de trabalhar temas como: 11 • Auto-conhecimento • Emoções • Padrões limitadores • Preocupação e medos • Valores • Empatia • Liderança • Comunicação consciente Este ebook é apenas uma breve abordagem deste assunto, para aprofundares recomendo o Treino Coaching educacional sem limites, onde não só terás estes temas mais aprofundados como terás um manual com mais de 60 exercícios para desenvolveres uma atitude mental positiva especificamente para professores. Autoconhecimento O autoconhecimento é o ponto de partida de qualquer alteração/transformação para seres um professor de excelência. Neste ponto, o ponto é sempre o professor e onde se encontra, nunca as circunstâncias do professor. Encaramos as circunstâncias como aquilo que elas são, circunstâncias. Entre as várias ferramentas que tenho, gostaria de partilhar a primeira como exercício para medires o teu ponto de partilha e para começares pelo menos a resistir menos e a reflectir mais. 12 A pizza do professor ou roda do professor para uma atitude mental positiva apenas tem a ver com uma reflexão do ponto onde se está. Não há certos nem errados na resposta às questões, apenas queremos iniciar o processo com um momento de autoconhecimento e autoanálise. Se um dia quiseres ser coach de professores, também te dá jeito para aquilo que chamamos de identificar a realidade. E aqui é que queremos que tenhas o teu caderno aberto, pois o teu processo de descoberta vai começar agora. Exercício - A pizza do professor apenas é uma ferramenta de medição de 0 a 10 sobre como te sentes em cada uma das fatias. Em cada fatia há um conjunto de perguntas que deves reflectir para que possas dizer como te sentes em cada fatia, de 0 a 10. 13 Neste exercício não existe propriamente uma regra de avaliação, a única regra é que 0 é que te sentes muito mal, e 10 é que estás fantástico e te sentes super bem com isso. As perguntas são apenas guias para que tu percebas o que podes sentir a cada fatia. Não precisas de responder a todas, mas precisas, mesmo, de tas colocar e seria importante responderes num caderninho o que sentes em relação a cada pergunta. Este é o trabalho de auto-conhecimento, não te negues a ele. 14 Paixão – De 0 a 10 define como te sentes em relação à tua profissão. Perguntas de referência: És um apaixonado? Estás a dar as matérias que mais te apaixonam? Quando vais dar aulas vais com entusiasmos? O que te falta para seres um apaixonado? Como seria a pessoa mais apaixonada por dar aulas? Estás lá perto? Valores– De 0 a 10 define como te sentes em relação aos valores. Achas que estás alinhado com os teus valores pessoais e profissionais? Consegues identificar os teus valores profissionais e pessoais? Quais são os teus valores? Até que ponto é que estás a transmitir os teus valores na sala de aula? Que valores precisas de trabalhar? Empatia- De 0 a 10 quanto te sentes em relação a conseguires ser empático? Costumas ser empático para com os teus colegas e alunos? O quanto precisavas de ser se estivesses no teu momento mais elevado de empatia? Lembras-te de casos em que foste empático? Emoções- de 0 a 10 como vão as tuas emoções sempre que estás a trabalhar? Achas que és uma pessoa mais agressiva, passiva ou assertiva? Tens andado mais desanimo, mais frustrado, mais queixoso? Que gatilhos tens das tuas emoções? O que te irrita mais na tua profissão e que depende de ti? Liderança – de 0 a 10 quanto te sentes líder? Os alunos e professores vêm-te como uma referência? Os alunos seguem-te porque és 15 professor líder ou porque és professor? O que faria um líder educacional nas aulas e com o seu grupo de pares? Envolvimento do aluno – de 0 a 10 o quanto achas que envolves os alunos? Os teus alunos participam, estão focados, e interessados nas tuas aulas? Das várias turmas que tens qual o grau de envolvimento de cada? Em média o que dá? Comunicação assertiva- de 0 a 10 o quanto te sentes assertivo na tua comunicação? O quanto ainda te falta adquirir para que consigas atingir a excelência na comunicação? Quem é a tua referência em termos de comunicação? Qual foi o professor que tiveste na tua vida em que achaste que comunicava muito bem? O que difere de ti e desse professor? Conhecimento – de 0 a 10, quanto te tens actualizado sobre as disciplinas que leccionas? Como te sentes em relação a isso? Estás muito desactualizado? Consegues fazer referência a noticias que possam ser relevantes para a matéria que estás a dar? Multidisciplinaridade- de 0 a 10 como te sentes em relação a trabalhares as tuas matérias com outros professores? Costumas pedir ajuda de professores de disciplinas que sejam pertinentes para o entendimento e envolvimento do aluno? 16 Peer group – de 0 a 10 como te sentes no grupo de professores da tua disciplina? Que tipo de relação têm e como se apoiam e ajudam? È te importante ter este apoio? Como seria o grupo de professores ideal para ti? Emoções No universo e no ser humano sempre existiram forças opostas, permitir-resistir, bem-mal, positivo-negativo, caos-ordem. A nossa evolução faz-se pelo encontrar de um equilíbrio entre os opostos ou extremos, sendo que o equilíbrio pode passar por diminuir os extremos e andar a navegar entre estes. Com as emoções é a mesma coisa, existem positivas e negativas, por oposição. A procura da felicidade tem vindo a tomar grandes proporções, sempre foi importante, sempre se estudou emoções e a importância sobre a sua regulação. Hoje, são muitos os modelos para regulares as tuas emoções. Somos basicamente emoções, pois vivemos de acordo com as nossas emoções. Desde os tempos mais antigos, sejam pelo estudo do oculto seja recentemente pelo estudo do que se chama Inteligência emocional, a regulação das nossas emoções sempre foi alvo de interesse e estudo. Vasta é a literatura sobre emoções e sentimentos, muitos são os mecanismos que cada um explica as emoções e como as regulares. Várias são as ferramentas, Reiki, coaching, PNL, inteligência emocional, psicologia positiva tudo serve para que possas conseguir regular as tuas 17 emoções. Neste livro, que não tem como objectivo conteúdo científico, apenas quer mostrar algumas formas de regulares as tuas emoções com base em pressupostos que em assumindo não há como não trabalhar as emoções. No entanto, queremos que questionem este método, mas que também pratiquem até começarem a sentir os resultados. Sem treino não se chega a lado nenhum e o treino de emoções é para uma vida, já que somos seres motivos. Lembrem-se que tudo é um treino para as nossas emoções, se as conseguirmos regular caminhamos para a paz de espírito e é isso que todos queremos, um pouco mais de paz interior. E se sentires que é difícil, que não gostas, que… lembra-te que estás no caminho certo, pois a tua mente vai arranjar mil desculpas para não te superares. Porquê? Porque a mente quer proteger-te do que é desconhecido. Um sistema de navegação tem como referência uma longitude e uma latitude. Estas duas referências conseguem dizer-nos onde estamos em relação a onde queremos estar. No caso das emoções, temos emoções positivas e negativas a definir onde estamos. Mas onde estamos em relação a quê, porque no sistema de navegação com latitude e longitude queremos saber onde estamos no planeta terra e, claro, tratando-se de um caminho, para onde queremos ir. No caso das emoções queremos saber onde estamos em termos de consciência, do que somos e do que queremos ser. Estes 3 factores é que nos permite ir corrigindo seja o nosso mindset para uma atitude mental positiva, seja o nosso comportamento para uma atitude mental positiva. Saber o que somos e para onde queremos ir é o caminho e as emoções são o sistema ideal para percebermos como caminhar e por onde caminhar. Podia ter imensas definições referenciadas de autores sobre emoções e sentimentos, sobre como funcionam no nosso corpo, mas não o irei 18 fazer. Não sou uma investigadora do assunto, sou apenas uma pessoa que se preocupa em como fechar feridas abertas (como me disse uma vez uma psicóloga), sou apenas uma pessoa que por via da prática encontrou um sistema que funciona e que utiliza as emoções para nos superar. Óbvio que leio imenso, mas não sou uma investigadora. Há uma diferença entre emoções e sentimentos, emoções nunca as vamos deixar de ter, surgem, de certa forma, de uma reação ao exterior, como o assustado, a culpa, a alegria e outras. E por ser uma reacção ao exterior, com a qual ocorre um conjunto de respostas químicas e neurais no nosso corpo, é que eu sou altamente focada no meu corpo, para as poder identificar. O sentimento já é mais consciente, é uma evolução das emoções de acordo com um pensamento mais ou menos consciente. Diria que vamos tratar dos nossos sentimentos, pois são estes que contém o juízo sobre o que somos, mas o ponto de partida são mesmo as emoções, são estas que nos chegam primeiro. Para perceberes melhor este mecanismo podes ler uma quantidade de obras científicas sobre o cérebro e as emoções, António Damásio distingue vários tipos de emoções. Não me vou alongar sobre esta parte, se tens curiosidade aprofunda os mecanismos do cérebro e as emoções. Muito há para dizer sobre emoções ou muito pouco há a dizer sobre elas, elas existem e estão para ficar, pois fazem parte dos animais, todos os animais têm emoções, os meus cães ficam alegres, têm medo e ficam tristes, tudo emoções. A vantagem deles sobre nós é que não evoluem para sentimentos, não geram pensamentos, nem ficam apegados ao sofrimento, têm memória do sofrimento, daí o medo, mas não ficam eternamente a culparem-se ou a não viverem. 19 Para mim as emoções são uma parte de mim que servem para perceber quem eu sou. E quem eu sou, tem incluído pensamentos, emoções, desejos, paixões, entre outras tantas. Mas esta parte das emoções é tudo o que me fascina e acredito que se resolver, estarei cada vez mais perto de sentir amor e de ser feliz. Curiosa sobre estes processos já li algumas coisas sobre emoções, não posso dizer muito, porque o muito nunca é o suficiente para mim, e continuo a achar todo o processo de emoções fascinante, não no sentido cientifico de qual a sua origem, mas no sentido prático, onde poderei quebrar o ciclo,onde encontrar os meus gatilhos, ou onde agir para que algo que me incomoda deixe de o fazer. Claro, que gosto de ler um bom artigo científico que dá consistência em termos biológicos ao que aplico, mas perceber como fazer na prática para mudar pensamentos, comportamentos é de facto a minha maior paixão. Trabalhar as emoções nunca será uma questão fácil, porque sabemos que elas não vão deixar de existir, felizmente. E treinar para estares mais consciente, também leva tempo. Por isso, para bom humano, não será fácil apenas porque requer esforço inicial e leva tempo. O processo é muito simples, como diz o meu filho que já iniciou o seu processo na fase mais conturbada da vida dele, a adolescência, simples mas complexo na mudança do pensamento. E, hoje, tento ensinar o meu filho mais novo, como ter consciência das emoções dele, para que quando chegue à altura mais conturbada da vida dele, ele consiga identificar as suas emoções e perceber como pode alinhar. Por vezes é mais fácil identificar emoções nos outros, ou olharmos para os outos e presumirmos o que sente. Mas se queres iniciar o teu processo deixo-te um exercício. Analisa este caso. 20 Caso 1. Um dia uma professora contou-me o seu primeiro dia de aulas numa escola que se dizia notoriamente má. Ela tinha sido avisada tanto por pessoas que conheciam a escola, como por professores que lá trabalhavam que os alunos tinham um péssimo comportamento, principalmente a turma que lhe tinha calhado. Ela entrou nervosa na sala de aula e ao fim de 20 minutos começou a considerar que afinal não era assim tão mau. Passaram 20 minutos e os alunos estavam a interagir bem, a comportarem-se muito bem, ao ponto dela relaxar. E foi quando, de repente, todos os alunos se calaram ao mesmo tempo (pareciam um acto combinado e quase militar), e um aluno levantou- se e colocou-se ao lado da cadeira e começou a cantar “It’s oh so quiet” da Bjork. A professora ficou pasmada a olhar enquanto ele cantava até chegar à parte “and so peaceful until…”. A seguir, quando deu conta a turma toda levantou-se e virou a sala num caos ao ponto dela ter de sair da sala de aulas. Exercício - Pensa um pouco em como seria o melhor professor do mundo a resolver esta situação que te deixo. Lembra-te de escreveres todos os passos que dá o melhor professor do mundo. ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ 21 ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ Padrões limitadores Crenças é tudo o que pensamos, conscientemente ou inconscientemente. O nosso sistema de crenças é criado ao longo da nossa vivência. Experiências nossas, experiências dos outros definem a nossa forma de percepcionar a vida, e por elas somos conduzidos nas nossas acções. Somos programados por tudo e por todos constantemente, e grande parte das vezes sem termos consciência disso. Existem algumas crenças que nos limitam, outras controlam-nos e por aí fora. E são estas crenças que regulam as nossas emoções. Se a percepção for positiva, as nossas são positivas, no entanto, há muitas pessoas a queixarem-se que se deve ter cuidado com o optimismo, mas como costumo dizer um extremo acentuado leva a outro extremo acentuado. De todas as crenças que temos umas são limitadoras outras não, é sobre as que nos limitam e nos fazem estar desalinhados que precisamos de olhar e trabalhar. Este é o processo mais complicado, 22 porque na realidade implica não só quebrar com o pensamento antigo, originar um novo e agir em conformidade com o novo pensamento. Em tempos eu não conseguia propriamente identificar nada sem escrever. Habituada a pensar e deixar o meu pensamento livre, tinha dificuldade em identificar o que estava por detrás de cada um dos meus pensamentos. A isto dizemos que temos dificuldade em estar atento ao que pensamos. Para além de não estar atenta, a minha mente estava habituada a dar a resposta mais simples e possível e eu nem me dignava a procurar mais profundamente. Percebi que o meu processo seria mais produtivo se escrevesse tudo o que me vinha à cabeça, e assim encontrava as minhas contrariedades, e as minhas crenças limitadoras. E com este processo, consegui também perceber quais as minhas contradições, porque sem darmos conta conseguimos pensar de maneira contraditória e esta contradição por vezes é o que nos faz estar desalinhados. Queremos ser numa determinada área da nossa vida, mas não queremos noutra, e isto cria um conflito interior grande. Quero aprender a lidar com as minhas emoções, mas não estou disposta a fazer nada no meu trabalho. Isto acontece com todos, é só preciso perceber como é que dentro do que acreditamos podemos fazer para nos irmos alinhando aos poucos. E é por isso que no treino pretendo passar um pouco por todos estes pontos, com ferramentas de identificação, mapas e perguntas a serem respondidas, para encontrares o teu alinhamento. 23 Exercício - Pensa na tua profissão, faz uma lista de coisas que não acontecem e diz porquê. Qual dos itens depende de ti? ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ 24 Exercício - Em cada preocupação/medo descobre na tua mente o que podes ganhar em superares cada um ou um desfecho bom para cada situação. ____________________________ __________________________ ____________________________ __________________________ ____________________________ __________________________ ____________________________ __________________________ 25 Valores Os valores são crenças ou princípios importantes e duradouros com os quais regemos a nossa vida e fazemos os julgamentos necessários à condução da nossa vida. São esses valores que condicionam o nosso comportamento, e são eles que determinam o estado emocional de uma pessoa. Os valores podem ser pessoais, culturais, educativos, etc. São os valores que determinam as decisões quetomamos. Por trás de cada decisão encontra-se um valor, e que reflecte o que é de facto importante para nós. Se conseguirmos identificar os valores nos outros, isso permite-nos fazer uma ligação e perceber o que move o outro. Para uns o maior valor é a família, para outros o trabalho, o dinheiro, o casamento, sempre que oiço isto embora tenha valores familiares, não ressoa cá dentro, não colocados desta forma. Todos estes teres são apenas reflexos do ser. Procurar os nossos valores do dia, das situações, do que precisamos desenvolver é essencial. Se vires os grandes gurus espirituais como Thich Nath Hanh, Dalai Lama ou outro, a preocupação deles não é se têm carros ou outra coisa qualquer, mas sim, como ser mais compassivo, como ser mais autêntico, como ser mais honesto, nada do que são os nossos valores tem a ver com o ter, isso é um reflexo do que é mesmo ser. Entre as várias coisas que somos, uma delas são os valores. Falamos de valores e de estar em concordância com os valores, mas nem sempre temos consciência dos valores e de quanto é que desses valores somos. Quando digo “quanto” presumo que alguém saiba dizer o quanto são, embora eu tenha a consciência que não sei dizer quanto sou praticante ou não sou, na prática de um determinado valor. E por isso todos os dias faço uma identificação dos meus valores do dia. Até nos valores é difícil considerar absolutismos e por não o conseguir fazer é que acho 26 que tenho um pouco de todos os valores e preciso de trabalhar um pouco em todos os valores. Há quem defina prioridades nos valores, mas dependendo de cada situação vivemos cada um dos nossos valores. E em cada situação encontramos associados mais do que um valor, e em cada situação podemos ter conflitos de valores. Mas e saberemos nós o que são os nossos valores? Estaremos conscientes do que praticamos e desenvolvemos enquanto valores. Exercício - Escolhe entre os valores abaixo aqueles que combinam mais contigo. Não penses muito sobre o assunto, passa os olhos na lista e vai anotando os que sentes que têm a ver com a tua personalidade. Se te lembras de algum que não está listado, escreve-o. Abundância Acção Aceitação Agradecimento Alegria Amar Ambição Amizades Apreciação Aprender Atratividade Autocontrole Autonomia Avanço Aventura Bem-estar Benevolência Bondade Confiabilidade Conhecimento Consistência Contemplar Contribuição Cooperação Credibilidade Crescimento Criatividade Cuidando Curiosidade Decisivo Dedicação Desafio Desenvoltura Desenvolvimento pessoal Desinteresse Fazendo a diferença Felicidade Fidelidade Flexibilidade Generosidade Graça Honestidade Humildade Humor Inclusão Independência Individualidade Inovação Inspiração Inteligência Intuição Justiça Popularidade Preparação Prestação de contas Proatividade Profissionalismo Qualidade Realização Receptividade Reconhecimento Relacionamentos Resiliência Responsabilidade Riqueza Sabedoria Saúde Segurança Ser o melhor 27 Brilho Brincadeira Calma Caloroso Capacidade de resposta Caridade Colaboração Compaixão Compreensão Comprometimento Comunidade Diversão Diversidade Empatia Encorajamento Entusiasmo Equidade Equilibrar Espiritualidade Estabilidade Ética Excelência Expressividade Família Liberdade Liderança Mindfulness Motivação Originalidade Otimismo Ousadia Paixão Paz Pensamento Perfeição Poder Pontualidade Serviço Simplicidade Singularidade Sucesso Tomada de Risco Trabalho em equipa Tradicionalismo Transparência Utilidade Versatilidade Visão Zelo Empatia “A empatia nasce da autoconsciência; quanto mais abertos formos às nossas próprias emoções, mais capazes seremos de ler os sentimentos dos outros.” Daniel Goleman, in inteligência emocional. A empatia exige calma e recetividade suficientes para que os subtis sinais dos sentimentos de outra pessoa possam ser recebidos e imitados pelo nosso próprio cérebro emocional. A atitude empática cruza-se repetitivamente com juízos de valores, pois a cada dilema moral a sua vítima potencial: Devo contar a verdade ao meu amigo e fazê-lo sofrer? E estes dilemas regem a nossa vida. 28 A empatia é diferente de simpatia, ser empático não quer dizer perceber o problema do outro. Ser empático é compreender a dor, mesmo que não tenha passado por ela, porque conseguimos sempre imaginar, por momentos, uma dor semelhante, através da mudança de percepção. Numa conversação, pode se reverter num abraço, numa partilha íntima de situações semelhantes, ou de uma compreensão e apenas ouvir. Simpatia, numa situação destas pode querer dizer que dizemos ao amigo, “anda lá só tens de olhar para a vida de outra maneira”, “podia ser pior”, não estamos a abraçar a dor, estamos preocupados em arranjar logo soluções e perspectivas positivas. Isto não quer dizer que deves ser um e não o outro. O que isto que dizer é que devemos ser simpáticos e tentar virar as coisas para o positivo, mas na altura da dor, devemos ser empáticos, pois isso aumenta o estado emocional e a relação da pessoa. Exercício - Mantem um diário de empatias ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ 29 Liderança A liderança tem sido tremendamente estudada para as empresas, no entanto conhecemos tantos líderes espirituais, líderes governamentais que ser líder ultrapassa qualquer fronteira empresarial, governamental e espiritual. Todos nós trabalhamos para sermos os líderes de hoje e partilhar com os líderes de amanhã. E é essa liderança que se pretende desenvolver nos docentes, não docentes, pais e alunos. Pretende-se inspirar a nossa vida e servir de inspiração para os outros. Recomendo lerem um líder sem título, de Robin Sharma, que dá um pouco da visão que eu também acredito, todos somos líderes ou devemos ser. Sempre acreditei que em todos nós existe um líder pronto para despertar, ser líder é a única ferramenta que cada pessoa necessita, pois todos nós temos de líderar a nossa vida. Termos a visão para onde queremos ir, como queremos ir e porque o queremos fazer? E sobretudo um líder só é líder quando ensina os líderes de amanhã. Acho que a característica mais importante num líder é o seu mindset, um mindset de vencedores. Os vencedores e as vítimas têm comportamentos diferentes, e podemos ir trabalhando o perfil de vencedores de maneira atingir a excelência. Trabalhar este perfil é trabalhar a atitude mental positiva. Seja qual for o modelo que pretendes para ti, vamos aqui adoptar o modelo em que o líder educa os líderes de amanhã, aquele que pretende criar outros líderes. É meu lema que educamos hoje os líderes de amanhã. Educarmos para a liderança, para termos cada vez mais pessoas focadas noporquê, no como e nas soluções, e que inspirem tanto como foram inspirados eles próprios. 30 E por isso treino pessoas, treino líderes educativos. Segundo John Maxwell liderança não é um nome, mas sim um verbo, é um processo de construção e acção. E assim acontece o mesmo na sala de aula. Adoptámos o modelo dos 5 níveis de liderança de John Maxwell: Figura 3- Modelo de desenvolvimento de liderança John Maxwell #1. Posição – esta liderança é a primeira fase de todas as lideranças, aquela em que és destacado como professor de uma sala de aulas, aquela que é por aquisição de um posto de trabalho. Sendo este o primeiro nível, devemos olhar para a liderança como o primeiro passo para seres um auto-líder, isto é, primeiro saberes liderar a tua vida. Daí este treino, tudo serve para te tornares um líder na tua vida e na tua profissão. Neste tipo de liderança as pessoas seguem-te apenas porque tu te tornaste chefe deles. A posição em si não os torna líderes, mas #1. POSIÇÃO – INICIO DE TUDO #2. PERMISSÃO – LIGAÇÃO/CONEXÃO #3. PRODUÇÃO – RESULTADOS/PAIXÃO #4. DESENVOLVER PESSOAS – LÍDERES #5. RESPEITO – REFERÊNCIA/EXEMPLO 31 tudo começa aqui. As pessoas não gostam de seguir pessoas só porque são pagas por isso. Este nível é onde as pessoas se aplicam menos e despendem menos energia. Este é o teu nível qundo mudas de escola e tens turmas novas. Ganhas a tua posição. #2. Permissão – A palavra chave é Relações. Neste nível as pessoas seguem-te porque querem não porque são obrigadas. Conseguiste estabelecer uma relação com a tua equipa, estabeleceste uma conexão com cada um deles, no teu caso com os teus alunos e se liderares direcções de turma, com os teus colegas. Preocupaste com as pessoas que trabalham contigo. As pessoas aprender a conhecer-te e gostam de ti. Seguem porque gostam de ti. Tu constróis a tua liderança com base na relação nas pessoas, porque liderança tem tudo a ver com influência e tu não influencias sem teres estabelecido uma relação com a pessoa. Estes lideres estão constantemente a ouvir, observar e a aprender para poderem servir. Eles estão ao serviço do outro, têm a cultura de estar ligados ao outro. #3. Produção – resultados/paixão- Neste nível, começas a ter resultados, começas a produzir. As características destas pessoas é que eles produzem por exemplo, não há os que fazem e ele não. Neste nível o líder lidera com paixão, com o arregaçar as mangas e meteres-te ao trabalho. A tua liderança começa a ter credibilidade, porque tu começas a ser um modelo de como agir, de como ser produtivo. Por isso é que muitos professores falham, eles exigem dos miúdos algumas características dos seus alunos mas esquecem que devem ser o que pedem. É a este nível que se resolvem problemas, e quando estamos neste nível grande parte da liderança faz-se aproveitando o impulso e dinamismo que existe. Grande parte dos problemas resolvem-se de forma mais fácil, pois todos estão direccionados para a acção. O impulso e dinamismo é o melhor amigo dos líderes e da resolução de problemas. Os líderes criam este impulso, este dinamismo, esta paixão. 32 #4. Desenvolver pessoas – este é aquele nível em que pretendes desenvolver alunos líderes, começas a ensinar como serem líderes, até aqui fizeste-o por exemplo, mas agora vais mesmo atribuir tarefas e ensinamentos para que possam também eles desenvolverem estas capacidades. Cada um à sua maneira entraram para a sala com a posição de aluno, agora compete-te a ti partilhares a tua experiência e ajudares a desenvolver as competências de um líder. Mas para isso tens de perceber quem é cada um dos teus alunos, para lhes atribuíres tarefas e desenvolveres aquilo que precisas. Não estás num nível de liderança, estás em vários de acordo com o aluno que tens. Sim, tens de te desenvolver com o tempo. Sim, tens de desenvolver cada um dos teus alunos de acordo com a posição que tens em relação a ele. Nesta altura, os teus alunos devem executar determinadas tarefas que não precisem de ti, onde tu desenvolves pessoas. #5. Respeito – Aqui a palavra chave é Respeito. Tu fizeste tão bem, tu és reconhecido pela tua liderança, que os teus alunos te respeitam. Fazes o trabalho que tens de fazer, mas tens sempre pessoas ao teu lado, envolvidas, a ajudar e a aprender. Todos os anos tens alunos novos, e eles vão te ver sempre que entrarem no nível 1. Gostávamos de agilizar o processo, mas vai demorar muito tempo até que os alunos, professores e pais estejam todos neste processo. O maior segredo do sucesso da liderança, é a prática consistente de tudo o que foi abordado até aqui, nada existe sem estar relacionado. 33 Exercício - Que características precisas de desenvolver? ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ ________________________________________________________ 34 Comunicação consciente Em 2013, derivado ao meu estado emocional resolvi fazer alguns cursos, entre eles, o de comunicação não violenta de Marshall Rosenberg. Com uma necessidade enorme de aprender a comunicar, e perceber como comunicava para o interior e para o exterior, fiz o curso com alguma dificuldade. A forma de pensar era muito diferente e não estava habituada a treinar daquela maneira. Sempre que há uma novidade ou uma mudança a nossa mente resiste, mas foi a partir desse curso que a minha consciência abriu relativamente ao tipo de conversação que fazia com os outros e comigo. Na realidade todos somos agressivos, mas não sabemos. Não sabemos gerir as nossas emoções, projectamos tantas vezes e garantimos que tudo o que percepcionamos com emoções é uma realidade. A acompanhar este curso fiz o curso de Mindfulness, que me permitiu arranjar uma consciência de observação sobre mim, sobre o meu corpo e o melhor, treinar uma consciência sem juízos de valores. Podia dizer que sou a pessoa mais atenta do mundo, mas sei que não, que apenas estou no meu caminho. Oiço muitas vezes os meus clientes dizerem que não me escapa nada. Claro que escapa, só não me escapa tanto quanto eles. Mais tarde fiz um workshop de linguagem corporal e aprofundei o tema com o estudo de muitas matérias. Grande parte do que aprendi foi pela prática, pela aplicação do que estudo. Não me considero coerente com quem sou se não praticar tudo o que digo. Coisas simples como uma aplicação de trabalho que um cliente usa, eu uso-a para sentir as dificuldades. Cada exercício que proponho, cada ferramenta que proponho, foram feitos e refeitos por mim até que resulte na minha vida. Se há coisas que não resultam? Escusado seria dizer que só não resulta porque assim queremos. Por isso disse logo no início que éessencial a prática sistemática de tudo o que se diz, é preciso aprofundar, é preciso ser consistente e insistente nessa prática. 35 Na vida passamos por muitas fases no processo de comunicação, já vimos que é importante saber quem somos para conseguir comunicar de forma consciente e não violenta. Quando algo corre bem não nos preocupamos muito com a forma como comunicamos, pois tudo está bem, o problema é quando algo acontece de menos bom que nos provoca emoções menos boas e reagirmos de forma mais explosiva. Na comunicação consciente podemos passar por cinco passos, é importante que treines e estejas consciente desses passos. E este capítulo, mais do que te dar informação é prático. Por isso não me vou estender muito na conversa. Lembro-me que ao longo do curso de comunicação não violenta o difícil era mesmo a prática, pois identificar na nossa vida, conseguir ter consciência do desvio e corrigir é mesmo um processo longo que aqui foi dividido em várias praticas. Então, quando estamos perante algo que nos acontece e que mexe emoções a forma com reagimos é que vai ditar a comunicação que fazemos. O processo de comunicação consciente apenas representa a passagem por algumas fases de forma consciente. E é este o processo que queremos quando percebes que as tuas emoções estão alteradas, não reagir, mas sim agir de acordo com a consciência que tens de que as tuas emoções podem dar cabo da conversa. Na minha vida, a minha superação na comunicação é o meu filho do meio. Nem sempre estou tão consciente e consigo me superar e ando muitas vezes na zona vermelha e amarela. Quando fico em silêncio ele e eles sabem que estou na fase verde. Os meus silêncios são grandes, com ele preciso mesmo de me equilibrar, de observar a situação à distância, para depois perceber as minhas necessidades e ter a destreza de entender as necessidades dele. 36 Figura 4 - Processo de evolução da comunicação consciente Vou dar um exemplo de como a nossa maneira de pensar pode condicionar a nossa comunicação. Imagina-te nesta situação simples. Vais sair com o teu filho, queres passar tempo com ele e levas o teu filho a um sítio onde os dois podem usufruir de um concerto ao vivo. Em chegando lá, o teu filho puxa do telemóvel e fica durante algum tempo a olhar para o telemóvel e a escrever. As reacções mentais que podes ter são: Vermelho - ataca – “desculpa!?! Que grande lata! Então eu venho para aqui com ele, estou sentada com ele e ele está agarrado ao telemóvel!?! O que é que se passa com esta geração!? Será que não sabem que há os mínimos a cumprir quando saem com a mãe!!!” – nesta situação estás com raiva e se abrires a boca vais mesmo dizer o que estás a pensar. Cadeira que julga, que ataca, que reage de imediato. É o lugar do “tenho razão”. Vou-vos contar aqui uma história pessoal. A minha mãe acha que tem sempre razão. Quando era nova o meu namorado chamava à minha mãe sabe-sabe. Durante anos envolvemo-nos em grandes discussões sobre o que é verdade ou não. No outro dia ela disse que no espaço não havia gravidade, coisa que se dizia mas que é um mito. E eu, ainda habituada a rebater as coisas dela, ia abrir a boca a dizer que havia gravidade e que era baixa, mas o meu filho calou-me com um “não vale a pena”. Olhei para ele e disse: “mas ela está errada, Ataca Auto-duvida Observação As minhas necessidades As necessidades dele 37 existe gravidade, é pouca mas existe”. Ela ouviu a nossa conversa e disse “No espaço não existe gravidade!” Somos todos “cientistas”, mas tanto eu como o meu filho sabíamos que ela estava errada. Olhei para o meu filho e ele voltou a dizer “Não vale a pena!”. Na realidade não valia a pena estar com coisas, pois aquilo não era importante, ela viver com a crença de que a gravidade é zero no universo não é mesmo importante para a vida dela. Nem para a minha provar que tenho razão. Mas nós achamos que não saber as coisas como elas são é de facto importante, mas o mais importante é mesmo ter uma relação com a pessoa, e o meu filho sabe isso perfeitamente em relação à avó, porque está um pouco mais distante. E ter esta consciência é um processo. Amarelo - Auto-dúvida – “Isto foi um erro. Eu não devia ter vindo. Eu não sirvo mesmo para nada, nem consigo fazer com que ele goste de sair comigo. Estou constantemente a falhar. Vou desistir. Estou sem forças e sou uma fracassada.”. Aqui nesta fase nós começamos a julgarmo-nos. Viramo-nos para dentro e começamos a duvidar se sabemos o que fazer. Todos nós duvidamos em nós próprios por momentos. Quando estava com a turma mais complicada que tive, duvidei mesmo se saberia o que andava a fazer, pois havia momentos em que eu me sentia a fracassar. Tudo o que eu apresentava como jogos levava tempo a conseguir, e só tínhamos uma aula por semana, o que não me permitia ganhar a confiança e trabalhar com eles arduamente sempre no mesmo sentido. Eu sabia que eles tinham razão, na perspectiva deles, mas não conseguia fazer com que não me sentisse fracassada. Verde -Observador – “respira fundo. Tu não sabes o que ele está a fazer no telemóvel. Relaxa e espera. Bebe um copo e tenta ficar calma.” Este é o lugar onde tu observas, simplesmente observas, calada, estás atento a tudo. Focado no que deves, em silêncio. O que estás a pensar? O que o outro pode estar a sentir? Estar presente. Aqui tens uma 38 escolha a fazer, podes decidir ir para a zona azul ou para a zona vermelha. É aqui que reside toda a sabedoria. É aqui que poderei crescer e evoluir. Azul claro – detectar o nosso interior- “Sabes, o que era importante para mim era estabelecer a ligação com ele. Ele perceber que pode confiar em mim, que está seguro comigo. Passarmos um momento só nosso. E que estou cá para ele.” Neste sítio sabes o que queres, sabes como comunicar sem que afectes o outro. Estás confiante. Começas a reconhecer as tuas necessidades, a compreender as ta emoções. Este reconhecimento baixa a tua emoção negativa, começas a mudar o tipo de pensamento que tens. Azul escuro – conectar – “O que é importante para ele? O que preciso fazer para me ligar a ele? O que precisa ele está a fazer que precisa de fazer?” Este é o lugar de maior empatia e compaixão. É o lugar do coração. Neste lugar não há egos, cuidamos das pessoas, ouvimos as pessoas, percebemos as pessoas. Este é o lugar de abraçar a diversidade, outras perspectivas, ser tolerante. Quando eu entro em processo consciente de comunicação, porque algo está a acontecer que altera as minhas emoções e eu já detectei antes ou logo a seguir a ter tido a primeira reação, levo algum tempo a passar por estas fases. Os meus filhos já percebem o que estou a fazer, e curiosamente um dia disseram-me que gostavam mais de mim quando era explosiva, porque assim eles sentem o peso da responsabilidade do comportamento deles. Quando explodia, ele ficavam aliviados de certa forma pois não precisavam de assumir a responsabilidade pois eu não estava a ser correcta. Quase que perco a razão a partir do momento em que sou dominada pela fúria ou outras emoções. 39 O questionário que se segue irá ajudar-te a identificar a forma como, na maior parte das vezes, resolves os seus problemas no dia-a-dia. O questionário é composto por várias frases. Deverá utilizar 1 para “Nunca”, 2 para “Raramente”, 3 para “Por vezes”, 4 para “Com frequência” e 5 para “Habitualmente”. Exemplo: “Procuro consensos” (…) - Se a sua resposta é “Com Frequência”, deve colocar à frente da frase o número 4. 40 41 Depois de responder a todas as frases deverá indicar os pontos dados a cada pergunta e indicá-los na tabela que se segue. De seguida, some o totalde pontos obtido em cada categoria (animal). 42 Agradecimentos Gostava de te agradecer por teres feito o download deste ebook e por teres-te proposto a melhorar um pouco a tua atitude mental positiva. Há uma necessidade urgente de mudar o sistema e de apoiar os professores nesse percurso, e para tal o desenvolvimento de uma atitude mental positiva é uma potencial solução para as mudanças que queremos ver no sistema educativo. Brevemente vou ter online um aprofundamento do treino da atitude mental positiva, este aprofundamento inclui não só um manual de teoria como um manual com cerca de 60 exercícios para fazeres e criares hábitos de pessoas com uma atitude mental positiva. Podes fazer ao teu ritmo, e de acordo com a tua disposição. Aconselho a fazerem como se fosse um treino, sem pressa de chegar ao fim.
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