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7. INOVAÇÕES DOS RECURSOS (NOVO CPC) – RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO Recurso especial e extraordinário: as hipóteses de cabimento de recurso extraordinário e especial não se alteram, porque fixadas na Constituição Federal. Há, no entanto, algumas modificações relevantes no processamento desses recursos. Talvez a mais significativa seja a de que a nova lei determina medidas para tentar salvar o recurso interposto, impedindo que ele seja indeferido de plano, quando contiver vício de menor relevância ou quando puder ser aproveitado. Estabelece o art. 1.029, § 3º, que “o Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave”. Na mesma linha, estabelece o art. 1.032 que, “se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de quinze dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Cumprida a diligência, remeterá o recurso ao Supremo Tribunal Federal, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao Superior Tribunal de Justiça”. E o art. 1.033 dispõe que, “se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação da lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso especial”. Estabelece-se, assim, uma espécie de conversibilidade entre o recurso especial e o recurso extraordinário. A qualificação equivocada da questão como legal ou constitucional não implicará a inadmissão do recurso, mas a remessa de um tribunal a outro. Outra importante alteração é que, conquanto o RE e o REsp continuem sendo interpostos perante o Tribunal de origem, este não deverá mais fazer prévio juízo de admissibilidade, devendo remetê-los aos Tribunais Superiores após a apresentação de contrarrazões. O próprio CPC prevê, no entanto, hipóteses excepcionais, em que o presidente ou vice-presidente do tribunal de origem poderá indeferir o seguimento do RE e do REsp. São elas: -quando, em caso de suspensão dos processos que versam sobre a mesma questão jurídica sobre a qual tenha sido reconhecida a repercussão geral, o interessado pedir ao presidente ou vice-presidente que exclua a decisão de sobrestamento e inadmita recurso extraordinário intempestivo. -Da mesma forma, quando houver sobrestamento em razão de afetação de idêntica questão de direito em recurso extraordinário ou especial repetitivo, quando o interessado pedir ao presidente ou vice-presidente que exclua a decisão de sobrestamento sobre o RE ou REsp intempestivo. -Também não serão admitidos os RE e REsp suspensos na origem para exame de RE e REsp repetitivos, se o acórdão recorrido coincidir com a orientação do tribunal superior. -E, por fim, o presidente ou vice-presidente negará seguimento aos recursos extraordinários suspensos na origem, que versarem matéria idêntica, quando for negada a repercussão geral. Em todos esses casos, o prejudicado poderá interpor o agravo contra decisão do presidente ou vice-presidente do tribunal, no prazo de 15 dias. Colhidas as contrarrazões também em 15 dias, o agravo extraordinário será remetido ao Tribunal Superior competente. Com relação à repercussão geral, manda o CPC de 2015 que, quando ela for reconhecida, o relator do RE determine a suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional. O recurso com repercussão geral reconhecido deve ser julgado dentro de um ano, após o que os processos suspensos voltarão a ter andamento. Quanto aos recursos repetitivos, mantém-se, no CPC de 2015, a sistemática do CPC de 1973, com algumas alterações. Havendo a multiplicidade de recursos que versem sobre idêntica questão de direito, haverá a seleção pelo presidente ou vice-presidente de tribunal de origem de dois ou mais recursos, que servirão de paradigma e ficarão afetados para julgamento como recurso extraordinário ou especial repetitivo, suspendendo-se todos os processos que versem a mesma questão na origem (veja-se que, no caso de repercussão geral e de julgamento de RE ou REsp repetitivos, a suspensão no CPC de 2015 não abrange apenas os recursos que versem idêntica questão, mas todos os processos que versem sobre ela, em todo o território nacional). A iniciativa de seleção pode partir também do relator do RE ou do REsp, independentemente da iniciativa do presidente ou vice-presidente do tribunal de origem. O julgamento deve ser feito no prazo de um ano, sob pena de cessar a afetação e a suspensão dos processos na origem. Decidido o recurso representativo da controvérsia, os processos que tramitavam em primeiro grau serão retomados, devendo ser aplicada a tese jurídica firmada pelo tribunal superior, sob pena de reclamação. Os RE e REsp suspensos na origem serão declarados prejudicados se o acórdão recorrido estiver em conformidade com a tese jurídica acolhida pelo Tribunal Superior. Se não estiver, o órgão de origem reexaminará o recurso anteriormente julgado. Caso o acórdão divergente seja mantido pelo tribunal de origem, o recurso especial ou extraordinário será remetido ao tribunal superior, na forma do art. 1.041. RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL Os recursos extraordinários têm como finalidade: impedir que as decisões judiciais contrariem a Constituição Federal ou as leis federais, mantendo a uniformidade de interpretação, em todo país, de uma e outras. Aquele que apresenta um desses recursos está insatisfeito, e pretende que a decisão seja revista. Mas o fundamento que irá apresentar não poderá ser de que a sentença foi injusta. São recursos excepcionais, e só cabem quando preenchidas as condições estabelecidas na Constituição Federal, relacionadas à proteção e unidade de interpretação da própria Constituição ou das leis federais. Só podem ter os fundamentos previstos na CF. Os recursos extraordinários são: o extraordinário e o especial, sempre julgados pelo STF ou pelo STJ. Esses Tribunais julgam também recursos ordinários, nas hipóteses dos arts. 102, II, e 105, II, da CF. Há dois tipos de requisitos: os comuns a todos os recursos; e os que são típicos apenas do recurso especial e do extraordinário. Os requisitos de admissibilidade que se aplicam aos recursos comuns são também exigidos nos extraordinários. Mas, nestes, há outros requisitos muito mais rigorosos. Requisitos que são comuns aos recursos extraordinários e aos ordinários a) Tempestividade - O recurso especial e o extraordinário devem ser apresentados no prazo de quinze dias. Se a parte interessada verificar que estão presentes os requisitos para a interposição do recurso especial e do recurso extraordinário, poderá interpor ambos, no prazo legal. A interposição deve ser simultânea, sob pena de haver preclusão consumativa. Tanto o recurso especial quanto o extraordinário podem ser interpostos sob a forma comum ou forma adesiva, caso em que serão apresentadas no prazo para as contrarrazões ao recurso do adversário. b) Preparo - Ambos os recursos — o extraordinário e o especial — exigem preparo e porte de remessa e retorno. c) Outros requisitos de admissibilidade - Os demais requisitos de admissibilidade de todos os recursos são comuns também ao RE e ao REsp. Exige-se, portanto, que haja legitimidade, interesse, regularidade formal e inexistência de fato impeditivo ou extintivo. Requisitos que são comuns ao RE e ao REsp, mas que não são exigidos nos recursos comuns a) Que tenham se esgotado os recursos nas vias ordinárias - Enquanto houver a possibilidade de interposição de algum recurso ordinário, não serão admissíveis o RE e o REsp. b) Que os recursos sejam interpostos contra decisão de única ou última instância - Esse requisito guarda estreita relação com o anterior. Não é possível saltar as instânciasordinárias. c) Que não visem rediscutir matéria de fato - Os recursos extraordinários são de fundamentação vinculada: só cabem nas hipóteses das alíneas dos arts. 102, III, e 105, III, da CF. Em todas elas, há a preocupação em preservar e uniformizar a interpretação da CF e das leis federais. Eles não se prestam a corrigir injustiça da decisão, decorrente da má apreciação dos fatos e das provas. d) O prequestionamento -Tanto o art. 102, III, quanto o 105, III, da Constituição Federal restringem o cabimento do RE e do REsp às causas decididas. Disso advêm duas consequências importantes: ■ tais recursos só são cabíveis contra decisões judiciais (“causas”), nunca contra as administrativas; ■ é preciso que a questão — constitucional ou federal — a ser discutida no recurso tenha sido ventilada nas instâncias ordinárias, isto é, suscitada e decidida anteriormente. Não cabe RE nem REsp sobre questões não previamente discutidas e decididas nas vias ordinárias. A essa exigência, dá-se o nome de prequestionamento, comum a ambos os recursos. Para que determinada questão constitucional ou legal possa ser oportunamente objeto de RE ou REsp, a parte deve suscitá-la nas instâncias ordinárias, para que possa ser decidida. No CPC de 2015, não haverá mais a distinção entre prequestionamento ficto e real, que deu ensejo à edição das súmulas 356 e 211. O art. 1.025 dispõe expressamente que “consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante pleiteou, para fins de prequestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade”. Assim, deve prevalecer, para ambos os tribunais, a solução que era dada pela Súmula 356 do STF, e não a da súmula 211 do STJ. Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”. Súmula 211: “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal ‘a quo’”. Procedimento de interposição e admissão do RE e do REsp Eles serão interpostos no prazo de quinze dias, perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal a quo. No CPC de 2015, embora os recursos continuem sendo interpostos perante o órgão a quo, não caberá a ele realizar prévio juízo de admissibilidade. A interposição, pelo mesmo litigante, de ambos, quando pretender discutir questão constitucional e federal, deve ser simultânea, sob pena de haver preclusão consumativa, mas em petições diferentes. Essa petição deve conter: ■ a exposição do fato e do direito; ■ a demonstração do cabimento do recurso interposto; ■ as razões do pedido de reforma da decisão recorrida. Logo que a petição é recebida na secretaria do tribunal, o recorrido é intimado para apresentar contrarrazões. Estas devem ser apresentadas, portanto, antes do juízo de admissibilidade. O órgão ad quem fará o juízo de admissibilidade dos recursos. Poderá o relator valer-se dos poderes que lhe confere o art. 557 e § 1º, do CPC, negando seguimento ou dando provimento, desde logo, ao recurso. Contra a sua decisão individual caberá agravo interno para a turma julgadora. Há algumas importantes novidades no CPC de 2015 a respeito da admissibilidade do RE e do REsp. Estabelece o art. 1.029, § 3º, que o STF ou o STJ poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave. Além disso, os arts. 1.032 e 1.033 estabelecem uma espécie de conversibilidade entre o RE e o REsp. O primeiro dispõe que, se o relator, no STJ, entender que o recurso versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 dias para o recorrente demonstrar a existência de repercussão geral e se manifestar sobre a questão constitucional, remetendo em seguida o recurso ao STF, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao STJ; o segundo, por sua vez, estabelece que, se o STF considerar que a ofensa à Constituição afirmada no RE é apenas reflexa, por pressupor a revisão da interpretação da lei federal ou tratado, remeterá o recurso ao STJ.
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