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Execução Penal - Rodrigo Roig - Regimes de Cumprimento, Progressão, Saída Temporária, e etc.

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EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE
Em seu Título V, a LEP passa a abordar especificamente a execução das penas em espécie, iniciando com as penas privativas de liberdade. A execução das penas privativas de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, dependerá necessariamente da expedição de guia de recolhimento (ou carta de guia, se impostos sursis ou regime aberto), documento formal que atesta a imposição de uma pena e que não se confunde com o título executivo (sentença condenatória)[223]. Sem a guia, ninguém poderá ser recolhido para cumprimento de pena privativa de liberdade (art. 107 da LEP). Predomina que se o réu estiver foragido, é inviável a expedição da guia de recolhimento e o consequente início da execução (STJ, HC 257752/SP, 6ª T., j. 21-5-2013). De qualquer forma, a expedição antecipada da guia de recolhimento (“execução antecipada da pena” ou “execução provisória da pena”) àqueles que se encontram soltos durante o processo ofende o princípio da presunção de inocência, sendo inadmissível (STF, HC 84.078/MG, Tribunal Pleno, j. 5-2-2009; STJ, HC 268.124/SP, 6ª T., j. 11-6-2013). Nem mesmo a ausência de previsão de efeito suspensivo nos recursos especial e extraordinário constitui motivo válido para o início da execução (antecipada) da pena.
REGIMES DE CUMPRIMENTO DE PENA
O Juiz sentenciante deve estabelecer o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no art. 33, caput e seus parágrafos do Código Penal[224]. Conforme já salientado em outra oportunidade[225], considerando que o regime de cumprimento de pena encontra-se atrelado às circunstâncias judiciais do art. 59 do CP e que, em uma nova visão penal-constitucional, há de ser refutado o emprego de tais circunstâncias em desfavor do acusado, é possível concluir que a fixação do regime de cumprimento de pena também deve seguir o mesmo sentido mitigador constitucionalmente traçado para as circunstâncias judiciais. Da mesma forma, se o regime de cumprimento de pena constitui fator indispensável da individualização, e se esta, como princípio constitucional, somente pode atuar em proteção ao indivíduo, chega-se indutivamente à constatação de que a fixação do regime – seja pelo Juízo da condenação, seja da execução – deve ser efetivada sempre tendo como norte a necessidade de arrefecer os efeitos deletérios da privação da liberdade.
PROGRESSÃO DE REGIME
A história do sistema penitenciário moderno confunde-se com a história do sistema progressivo, popularizado pela expressão mark system e desenhado a partir do século XIX com as contribuições de Manuel Montesinos y Molina (1834), Alexander Maconochie (1840), Georg Michael Von Obermaier (1842) e Walter Crofton (1854). Assim como diversos outros ordenamentos, a execução da pena em nosso país funda-se no sistema progressivo, com a flexibilização da possibilidade de transferência entre regimes. Exatamente nesse sentido, estabelece a LEP que a pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz (art. 112), prevendo ainda a possibilidade de regressão de regime (art. 118).
PROGRESSÃO PARA O REGIME ABERTO
O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz, preceitua o art. 113 da LEP. Dispõe ainda a LEP que somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente e que apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustarse, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime (art. 114 da LEP). A regra que exige do condenado, para a progressão ao regime aberto, a comprovação de trabalho ou a possibilidade imediata de fazê-lo,
Vedação da Progressão Per Satum
Sob o fundamento de que devem ser respeitados os períodos cumpridos em cada regime prisional (art. 112 da LEP), com maior razão não se deve permitir a regressão per saltum.
REGRESSÃO DE REGIME
Como se sabe, a sistemática da Lei de Execução Penal preconizou o regime progressivo de cumprimento de pena, pautado no cumprimento, pelo sentenciado, de requisitos objetivos e subjetivos necessários à fruição dos direitos. Reversamente, também estabeleceu que a execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave, ou ainda, sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (art. 118).
SAÍDA TEMPORÁRIA
A Saída Temporária é a autorização dada aos que cumprem pena em regime semiaberto, a fim de que possam sair do estabelecimento penal, sem vigilância direta, nos seguintes casos: a) visita à família; b) frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; c) participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Afirma-se em geral que a saída temporária possui a natureza de direito público subjetivo, portanto exigível do Estado sempre que preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos à sua concessão. Há, contudo, manifestação jurisprudencial no sentido de que o ingresso no regime prisional semiaberto é apenas um pressuposto que pode, eventualmente, legitimar a concessão de autorizações de saídas sem, contudo, caracterizar um direito subjetivo do condenado, devendo o Juízo das Execuções Criminais avaliar, em cada caso concreto, a pertinência e a razoabilidade em
deferir a pretensão (STJ, HC 170197/RJ, 5ª T., j. 12-6-2012). Analisemos cada uma das formas de saída temporária: 
Visita à família A extensão do conceito de família (até mesmo diante do silêncio legal) deve ser a mais ampla possível, englobando quaisquer familiares. A visita a companheiros e companheiras também deve ser franqueada (art. 1.723 do Código Civil), inclusive em relações homoafetivas. Na verdade, tendo em vista a necessidade de proporcionar a manutenção de vínculos sociais por parte da pessoa presa, a expressão “família” deve receber interpretação extensiva, abrigando também pessoas amigas.
Frequência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior , na Comarca do Juízo da Execução Partindo-se das premissas de que a saída para frequência a curso é instituto favorável ao condenado e que sua interpretação e aplicação devem ser as mais amplas possíveis, é razoável afirmar que a realização de outros cursos não elencados na lei também pode ensejar o direito à saída.
Características da Saída Temporária
Em linhas gerais, a Saída Temporária apresenta as seguintes características: a) É concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a Administração Penitenciária. Prevalece que não é possível a delegação, ao administrador do presídio, da fiscalização das saídas temporárias, autorizadas em única decisão. Entende-se que a autorização das saídas temporárias é de competência do Juízo das Execuções Penais e deve ser fundamentada na observância dos requisitos subjetivos e objetivos em cada um dos afastamentos.
Depende do cumprimento mínimo de 1/6 da pena, se o condenado for primário, e 1/4, se reincidente (art. 123, II, da LEP).
MONITORAMENTO ELETRÔNICO
Artigos 146 B – C e D da LEP e Lei 12.259/10 e 12.403/11.
A fim de reduzir a população carcerária, mas na verdade só aumenta o controle penal. Teria maior eficácia se pudesse ser aplicada a quem está no fim do Regime Fechado.
LIVRAMENTO CONDICIONAL
Livramento condicional é a antecipação da liberdade, mediante condições, antes do término da pena privativa de liberdade. É direito inicialmente previsto nos arts. 50 a 52 do Código Criminal de 1890, e posteriormente regulamentado pelo Decreto n. 16.665/1924. Atualmente, o livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução,presentes os requisitos do art. 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público (art. 131 da LEP) e a defesa (art. 112, § 2º, da LEP). Prepondera que o livramento condicional possui a natureza de direito público subjetivo, portanto exigível do Estado sempre que preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos à sua concessão, embora fale-se ainda em substituição desta categoria pela ideia de discricionariedade efetivamente vinculada, mediante a atribuição de critérios objetivos capazes de reduzir os espaços de discricionariedade em relação aos requisitos subjetivos.
INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENAS
O indulto é instituto oriundo do poder absoluto de clemência (graça) do soberano (clementia principis ou indulgentia principis)[309], poder este ao longo do tempo repartido entre os Poderes do Estado Moderno, competindo em regra ao Legislativo a anistia, ao Executivo o indulto e a graça, e ao Judiciário a declaração dos direitos em virtude do cumprimento dos trâmites e pressupostos legais estabelecidos. No Brasil, todos os anos, por ocasião das festividades comemorativas do Natal, o Presidente da República, valendo-se da competência privativa que lhe confere o art. 84, XII, da CF, após manifestação do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, acolhida pelo Ministro de Estado da Justiça, possui a tradição de conceder indulto às pessoas condenadas ou submetidas a medida de segurança e comutar penas de pessoas condenadas. O indulto é uma causa de extinção da punibilidade, conforme preceitua o art. 107, II, do Código Penal. Na essência, assim como a pena é uma opção política (processo decisional), o indulto é uma contramedida que assim também se apresenta. É, enfim, uma opção política vetorialmente apontada no sentido de reduzir os danos causados pela experiência penal. 
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
A partir de sua modificação pela Lei n. 10.792/2003, a Lei de Execução Penal passou a admitir a inclusão de presos no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), gestado dois anos antes em São Paulo, por meio da Resolução SAP n. 26/2001, com a “promessa” de ser grande instrumento de enfrentamento da criminalidade organizada. O Regime Disciplinar Diferenciado possui a natureza de sanção disciplinar e, como se sabe, caracteriza-se pela duração máxima de 360 dias (sem prejuízo de repetição pela reiteração, até o limite de 1/6 da pena aplicada). Quanto à duração do RDD, há manifestação do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que é desproporcional a sua imposição no prazo máximo de duração, de 360 dias, sem uma individualização da sanção adequadamente motivada (STJ, HC 89935/BA, 6ª T., j. 6
5-2008). O RDD também se notabiliza pelo recolhimento em cela individual, pela limitação de visitas semanais a duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de 2 horas e pelo direito de saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. O cumprimento do regime disciplinar diferenciado em estabelecimento penal federal, além destas características, também possui as seguintes: uso de algemas nas movimentações internas e externas, dispensadas apenas nas áreas de visita, banho de sol, atendimento assistencial e, quando houver, nas áreas de trabalho e estudo; e sujeição do preso aos procedimentos de revista pessoal, de sua cela e seus pertences, sempre que for necessária sua movimentação interna e externa, sem prejuízo das inspeções periódicas (art. 58 do Regulamento Penitenciário Federal – Decreto n. 6.049/2007). Os destinatários do Regime Disciplinar Diferenciado são presos provisórios e apenados, em caso de prática de fato previsto como crime doloso, quando os mesmos ocasionem “subversão da ordem ou disciplina internas” (art. 52 da LEP), ou ainda, aqueles que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade (art. 52, § 1º) e os condenados sobre os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando (art. 52, § 2º). Pelo princípio da legalidade, é incabível a inclusão de preso em RDD se não ocorrer qualquer das hipóteses legais previstas no art. 52 da LEP (STJ, HC 89935/BA, 6ª T., j. 6-5-2008). Daí não ser possível a inclusão de presos estrangeiros no Regime Disciplinar Diferenciado, considerando a omissão legal quanto a estes e a consequente impossibilidade de interpretação ampliativa ou analogia in malam partem. Também pelo princípio da legalidade, aos presos em RDD não podem ser vedados a progressão de regime e outros direitos da execução penal, considerando a inexistência de norma proibitiva. Entende-se, em geral, que há duas modalidades de Regime Disciplinar Diferenciado: • RDD punitivo – decorre da prática de fato previsto como crime doloso ou de fato que ocasione subversão da ordem ou disciplina internas (art. 52, caput, da LEP). Nos termos da Lei de Execução Penal, a imposição do RDD punitivo possui as seguintes exigências: 
Instauração de procedimento administrativo para apuração dos fatos (art. 59);
b) Requerimento circunstanciado da autoridade competente (art. 54, § 1º);
 c) Manifestação do Ministério Público e da defesa (art. 54, § 2º);
 d) Despacho fundamentado do juiz competente (art. 54, caput). 
PROCEDIMENETOS PARA O RDD
É aplicado por decisão judicial após análise do art. 52 LEP.

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