Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
autor EVERTON BUZZO 1ª edição SESES rio de janeiro – 2015 GESTÃO DE VENDAS Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti; jessamine thaize sartorello salvini Autor do original everton buzzo Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção gladis linhares Coordenação de produção EaD karen fernanda bortoloti Projeto gráfico paulo vitor bastos Diagramação bfs media Revisão linguística bfs media Imagem de capa andres rodriguez | dreamstime.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) B992g Buzzo, Everton Gestão de vendas / Everton Buzzo. Rio de Janeiro : SESES, 2015. 176 p. : il. isbn: 978-85-60923-61-8 1. Vendas. 2. Venda pessoal. 3. Força de vendas. 4. Gestão comercial. I. SESES. II. Estácio. cdd 658.8 Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063 Sumário Prefácio 7 1. Planejamento e Gestão da Força de Vendas 9 Objetivos 10 1.1 Marketing e vendas 11 1.1.1 Importância de vendas em marketing 17 1.1.2 Como se organiza a literatura de vendas 30 1.2 Tarefas e tipos de vendedores e o novo papel de vendas 31 1.3 O comportamento de compra 33 1.3.1 Comportamento do consumidor industrial e final 36 1.4 O processo de vendas 37 1.5 Planejamento e organização; implementação e controle de vendas 38 1.5.1 Planejamento e Organização Estratégica da força de vendas 38 1.5.2 Implementação de vendas 40 1.5.3 Controle de vendas 41 Atividades 42 Reflexão 42 Referências bibliográficas 43 2. Força de Vendas e Marketing e Análise Ambiental 45 Objetivos 46 2.1 Importância da força de vendas em marketing 47 2.2 Estratégia empresarial e vendas 53 2.3 Análise do comportamento do consumidor e atividades de vendas 55 2.4 Integração dos esforços de vendas e marketing 57 2.4.1 Gestão de produtos e força de vendas 58 2.4.2 Gestão de comunicação e força de vendas 59 2.4.3 Gestão de canais de distribuição e força de vendas 59 2.4.4 Gestão de preços e força de vendas 61 2.5 Análise ambiental, da concorrência e benchmarking em gestão de vendas 62 2.5.1 Análise ambiental 62 2.5.1.1 Variáveis econômicas 62 2.5.1.2 Variáveis sociais 63 2.5.1.3 Variáveis culturais 63 2.5.1.4 Variáveis demográficas 64 2.5.1.5 Variáveis políticas 64 2.5.1.6 Variáveis tecnológicas 65 2.5.1.7 Variáveis legais 65 2.5.1.8 Variáveis ecológicas 66 2.5.2 Análise da concorrência em vendas e benchmarking 66 Atividades 67 Reflexão 68 Referências bibliográficas 68 3. Organização de Vendas 71 Objetivos 72 3.1 Determinação de quotas e potencial de vendas 73 3.1.1 Importância do sistema de quotas e objetivos 73 3.1.2 Tipos de quotas e objetivos de vendas 74 3.1.3 Como escolher os componentes de um sistema de quotas e objetivos 80 3.1.4 Vínculo entre o plano de quotas e objetivos e o sistema de remuneração da empresa 80 3.1.5 Previsão de demanda e potencial de mercado 81 3.1.5.1 Técnicas de previsão de demanda 85 3.1.6 Principais métodos de previsão e sua aplicabilidade 89 3.2 A organização de vendas 95 3.2.1 Especialização de uma equipe de vendas 95 3.2.2 Como analisar as opções de especialização 96 3.2.3 Determinação dos territórios de vendas 98 3.2.3.1 Tamanho dos territórios 98 3.2.3.2 A forma dos territórios 99 3.2.4 Definição do número de vendedores 101 Atividades 104 Reflexão 105 Referências bibliográficas 105 4. Modo de Governança, Remuneração em Vendas Administração dos Clientes e Informação 107 Objetivos 108 4.1 Análise do modo de governança da força de vendas 109 4.2 Remuneração em vendas 114 4.3 Administração dos clientes e informações 118 4.3.1 Fluxo de informações e comunicação em um sistema de vendas 120 4.3.2 Administração dos clientes e manual do vendedor e do gerente territorial 124 4.3.3 Tecnologia de informação e administração de vendas 125 4.3.4 Papel dos gerentes 126 Atividades 128 Reflexão 128 Referências bibliográficas 128 5. Recursos Humanos em Vendas e Controle de Vendas 131 Objetivos 132 5.1 Gestão de talentos em vendas 133 5.1.1 Recrutamento e seleção de vendedores 133 5.1.1.1 Quais meios devo utilizar para recrutar bons vendedores? 136 5.1.1.2 Como faço a melhor seleção possível dos candidatos? 140 5.1.1.3 Etapas para recrutamento e seleção de vendedores 141 5.1.2 Treinamento e motivação de vendas 148 5.1.2.1 Treinamento 148 5.1.2.1.1 Métodos de treinamento 156 5.1.2.1.2 Motivação 158 5.2 Controle de vendas 166 5.2.1 Administração de conflitos 166 5.2.2 Mecanismos de controle da força de vendas 167 Atividades 169 Reflexão 170 Referências bibliográficas 170 Gabarito 171 7 Prefácio Prezados(as) alunos(as), Esta disciplina irá proporcionar o entendimento das atividades de gestão de vendas, com um entendimento global desta área e suas relações com outras áreas das organizações. No capítulo 1, você aprenderá sobre as atividades de planejamento da força de vendas. No capítulo 2, você entenderá o papel de vendas no marketing e na estra- tégia empresarial e compreenderá as análises ambiental e da concorrência e benchmarking para gestão de vendas. No capítulo 3, você estudará os aspectos fundamentais da organização da área de vendas de uma empresa. No capítulo 4, serão discutidos os aspectos de modo de governança, remunera- ção em vendas e administração dos clientes e da informação. No capítulo 5, serão estudados os pontos cruciais de recursos humanos em ven- das, recrutamento e seleção e treinamento e motivação, além da apresentação de sistemas de controle em vendas. Bons estudos! Planejamento e Gestão da Força de Vendas 1 10 • capítulo 1 Neste capítulo, serão apresentados os aspectos fundamentais da gestão de ven- das, com a discussão da função vendas dentro das organizações e como esta função é planejada, implementada e controlada. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de: • entender as diferenças entre marketing e vendas e como essas áreas se relacionam; • conhecer os tipos de vendedores; • conhecer o comportamento de compras; • descrever as etapas dos processos de vendas; • entender como se planeja, implementa e controla a gestão de vendas de uma organização. capítulo 1 • 11 Introdução A força de vendas corresponde à empresa fabricante para os olhos dos clientes, sendo estes ou os clientes finais ou membros do canal de distribuição. Normal- mente trabalhando sozinhos e sob baixa supervisão, os vendedores estão em contato direto com o mais importante alvo das empresas – seus consumidores (ZOLTNERS; SINHA; LORIMER, 2008). A atividade de vendas exerce um papel de extrema importância para o fatu- ramento das empresas. Tal atividade não é isolada, ela depende de uma estra- tégia empresarial e de marketing muito bem elaborada, envolvendo produtos, preços, canais de distribuição e sistemas de comunicação. Desta forma, o estu- do da gestão de vendas exige uma compreensão das demais atividades merca- dológicas e dos seus relacionamentos (LAS CASAS, 2006). 1.1 Marketing e vendas De modo geral, as empresas, a partir de sua formação, geram custos constituí- dos por aluguéis de escritórios, instalações, salários de funcionários, manuten- ção evárias outras despesas que formam os custos fixos e passam a existir quer a empresa tenha faturamento ou não. É no mercado, através da utilização das ferramentas mercadológicas, que a empresa busca não só obter recursos para fazer frente a todas essas despesas, como também alcançar objetivos financei- ros (LAS CASAS, 2006). A atividade de vendas exerce papel de extrema importância para o fatura- mento das empresas. Note-se que a venda não é uma atividade isolada; ela de- pende de uma estratégia de marketing bem elaborada, que inclui produtos, preços, sistemas de distribuição e outras atividades promocionais. Portanto, qualquer estudo de vendas exige compreensão das demais atividades mercado- lógicas e de seus relacionamentos (LAS CASAS, 2006). 12 • capítulo 1 Para compreensão das atividades mercadológicas possíveis a uma empresa, Las Casas (2006) define marketing como “a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e neces- sidades dos consumidores, visando alcançar os objetivos da empresa e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade.” A – Marketing engloba todas as atividades concernentes às relações de troca Em marketing, as trocas são realizadas para trazer satisfação para ambas as partes, sendo a empresa uma das partes e os consumidores outra. Assim, a rela- ção deve ser benéfica para todos os envolvidos. Enquanto de uma parte espera-se o poder aquisitivo e autoridade para com- prar, da outra espera-se produtos e serviços que atendam às suas necessidades. Além disso, é importante saber que cada parte é livre para aceitar ou rejeitar a oferta. O sentido proposto nessa definição é bastante amplo: nele está incluso não somente o conceito de troca de mercadorias, mas também o de troca de qual- quer outra coisa para a qual haja objeto disponível para permuta. B – Relação de troca orientada para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores O que caracteriza a comercialização moderna é a aplicação do conceito de marketing, o qual determina que as empresas devem procurar satisfazer os de- sejos e as necessidades dos consumidores. Através da aplicação deste conceito, as empresas poderão contar com lucros a longo prazo pela formação de clien- tes satisfeitos. Por isso, todas as atividades concernentes às realizações de troca devem visar a esses objetivos. capítulo 1 • 13 C – Visando alcançar os objetivos da empresa Além da orientação ao consumidor, a empresa terá outros objetivos. Eles pode- rão ser quantitativos, como obter lucros ou determinada fatia de mercado, ou qualitativos, como projetar uma imagem de competência. O programa merca- dológico deverá sempre ser adaptado a esses objetivos preestabelecidos. D – Considerando o meio de atuação A aplicação de marketing é ainda mais complexa do que conhecer o consumi- dor e, a partir dele, estabelecer um composto mercadológico mais adequado. O ambiente em que as decisões devem ser tomadas é bastante complexo. E – Considerando o impacto que essas relações causam no bem- estar da sociedade As práticas mercadológicas de algumas empresas às vezes afetam o meio am- biente, como a poluição do ar e da água dos rios. Os homens de marketing, entusiasmados com o sucesso de seus empreendimentos, deixam muitas vezes de pensar nos prejuízos que podem causar à sociedade. É responsabilidade dos profissionais da área desenvolver estratégias sem causar prejuízo ao meio am- biente, ou ao bem-estar da população. A afirmação de que o marketing absorve todas as atividades referentes às relações de troca exige que elas sejam identificadas. O tabela 1.1 relaciona os principais elementos que formam o composto de marketing. 14 • capítulo 1 I – PRODUTO II – PREÇO III – DISTRIBUIÇÃO IV – PROMOÇÃO Teste e desenvol- vimento do pro- duto Política de preços Canais de distribuição Propaganda Qualidade Métodos para de- terminação Transportes Publicidade Diferenciação Descontos por quantidades es- peciais Armazenagem Promoção de vendas Embalagem Condições de pa- gamento Centro de distri- buição Vendas Marca Relações públicas Serviços Marca Assistência técnica Embalagem Garantia Merchandising Tabela 1.1 – Composto de marketing. Fonte: Las Casas (2006). capítulo 1 • 15 Venda Pessoal: comunicação ou canal de distribuição ? En do st oc k | d rE am st im E. co m Percebe-se que dentro dos esforços de comunicação que uma empresa pode estabelecer, a literatura de marketing (básica), geralmente, classifica vendas pessoais como uma das ferramentas de comunicação disponíveis, como uma das formas da empresa levar sua mensagem aos grupos de consumidores al- mejados por ela (CASTRO e NEVES, 2006). A venda pessoal é definida por Weitz et al (2004) citado por Castro e Neves (2006) como um processo de comunica- ção pessoal em que um vendedor identifica e satisfaz às necessidades de um comprador para o benefício de longo prazo de ambas as partes. O processo de comunicação está na essência de uma venda, no entanto o seu papel como “dis- tribuidor” de produtos em diversos momentos não pode ser ignorado. Castro e Neves (2006) salientam, dessa forma, a questão em relação a ven- das pessoais como sendo um formato de canal de distribuição, ou seja, eles são agentes responsáveis por levar os produtos dos fabricantes aos clientes, tornan- do-os disponíveis. Por exemplo, vendedores de fabricantes sendo um canal de distribuição direto baseado no fabricante. Já no caso de representantes de ven- da, Castro e Neves (2006) classificam como agentes de venda, que podem ser © E N D O S TO C K | D R E A M S TIM E .C O M 16 • capítulo 1 baseados em fabricantes, atacadistas ou mesmo varejistas. Podemos pensar na Avon, suas mais de 6,5 milhões de revendedores em todo o mundo são agentes de entrega dos produtos (http://www.avon.com.br). Para Castro e Neves (2006), venda pessoal é o lado acentuado do marketing, porque é quando os representantes da empresa ficam frente a frente com os compradores em potencial. A força de vendas funciona como um elo entre a empresa e os clientes, sendo que a verdadeira diferença está relacionada com o papel que a força de vendas pode ter em uma empresa; ela pode ser um canal de comunicação ou distribuição ou ambos, como ocorre na maioria das vezes. Deve-se destacar a seguinte informação em relação aos tipos de clientes (mercados-alvo): mercados industriais compostos por outras empresas ou ins- tituições são caracterizados por número menor de compradores e, geralmente, estão concentrados geograficamente, se comparados a empresas que vendem a consumidores finais (vendedores de produtos de consumo como alimentos e eletrodomésticos). Isso torna mais viável e eficaz o uso de vendedores para a realização de vendas ao invés de vendas por telefone ou mesmo pela Internet. Geralmente, são diversos participantes que influenciam a decisão final da compra de um equipamento por uma empresa, por exemplo, e isso deman- da atenção da empresa vendedora para a identificação desses participantes e atendimento das diversas e diferentes expectativas, muitas vezes desenvol- vendo relacionamentos fundamentais com estes influenciadores. Esses pa- péis podem ser realizados por vendedores, portanto, em processos de compra mais complexos, sobretudo em mercados industriais (também chamados de business-to-business) o papel de um vendedor se torna fundamental e isso re- fletirá na estrutura organizacional e no orçamento de exemplo, e issoda empre- sa. Dessa forma, em exemplo, e isso industrial, vendas pessoais recebem uma importância muito grande, tornando-se muito mais do que simplesmente uma ferramenta importante de comunicação ou um formato importante de canal de distribuição (CASTRO e NEVES, 2006). A necessidade de aumentar a fidelização de clientes valiosos tem feito com que estratégias de vendas pessoais sejam utilizadas em conjunto com progra- mas de relacionamentos com clientes e automação de vendas, como os progra- mas de Customer Relationship Management (CRM). capítulo 1 • 17 1.1.1 Importância de vendas em marketing O departamento de vendas ocupa uma importante posição nas empresas. É um instrumento de comunicação com o mercado, além disso, é um gerador de recursos para a empresa. A Associação Americana de Marketing, através de seu comitê de definição, em 1948, definiu administração de vendas como: o planejamento, direção e controle de venda pessoal, incluindo recrutamento, seleção, treinamento, providência de recursos, delegação, determinação de rotas, supervisão, pagamento e motivação, à medida que estas tarefas se aplicam à força de vendas. Na verdade, hoje a administração de vendas não somente trata da força de vendas, mas também se ocupa com inovação, pesquisa, planejamento, orça- mento, preço, canais, promoção, produção e até localização de fábricas (LAS CASAS, 2006). O papel que vendas tem no marketing mix, segundo Castro e Neves (2006), depende do próprio programa de exemplo, e isso, dos recursos disponíveis da empresa e das características do mercado consumidor. É importante ressaltar, porém, que de acordo com Stanton e Spiro (2000) o marketing tem a responsabilidade de fornecer à força de vendas as ferramentas de marketing de que ela precisa para vender com maior eficiência, como a propaganda, os serviços de apoio e as promoções de vendas. Se os vendedores não apreciarem uma determinada ferramenta, provavelmente não a utilizarão. De acordo com Castro e Neves (2006), quanto ao produto, quanto mais com- plexo e mais serviços de apoio forem necessários, maior será a importância de vendas dentro das ferramentas de marketing, já que se torna fundamental a ex- plicação adicional sobre os atributos ao produto e a prestação de serviços, que é feita por um vendedor. Também, quanto menos recursos disponíveis para pro- moção, maior a importância de vendas, já que a empresa buscará ações focadas 18 • capítulo 1 nos clientes-chaves, ao invés de custosas exposições na mídia, com efeitos mui- tas vezes difíceis de serem mensurados. Quando o fabricante usa uma estratégia de distribuição “empurrada” (o es- forço de vendas se dá sobre os distribuidores), a importância de força de vendas se torna maior, diferente de quando se usa uma estratégia “puxada” (esforço de vendas se dá através do fortalecimento da marca e estímulo ao consumo de con- sumidores finais). Para lidar com distribuidores, usam-se geralmente vendedo- res. Para a construção de marca em estratégias puxadas, torna-se fundamental o direcionamento dos recursos para propaganda de massa. Logicamente, am- bas as estratégias podem ser usadas; no entanto, a regra pode ser aplicada nos extremos e ajudará o gestor a tomar essa decisão. Quanto às características dos consumidores, quanto maior o número de consumidores, menor a importância da força de vendas. Fica claro que com a base de consumidores muito grande, com exceção de vendas porta a porta, torna-se difícil alocar muitos vendedores em função de altas despesas de ven- das e dificuldade de monitoramento. Também, quanto mais informações são necessárias ao processo de compra, mais necessários são os vendedores, já que estão na melhor posição para fornecer informações ajustadas ao perfil de cada cliente. Finalmente, quanto maiores as compras e a importância delas para os consumidores, mais importantes serão os vendedores no composto de marke- ting, novamente porque, como o consumidor irá se envolver com a compra, tor- na-se interessante o auxílio de um profissional para facilitar e motivar a venda. O quadro 2 mostra a relação do uso de propaganda com a venda pessoal dian- te de alguns aspectos analisados. Fica evidente, dessa forma, que o estudo do consumidor, do mercado atuante e das próprias características da empresa em termos de recursos disponíveis e o composto de marketing já utilizado guiam a decisão sobre a importância que a força de vendas deve ter. capítulo 1 • 19 PROPAGANDA FATOR DETERMINANTE VENDA PESSOAL Grande Número de Consumidores Pequeno Baixa Necessidade de Informação do Comprador Alta Pequena Importância da Compra Alta Pouca Necessidade de Serviços Pós-Venda Alta Baixa Complexidade de Produto Alta Puxada Estratégia de Distribuição Empurrada Pré-estabelecida Política de Preços Negociada Muitos Recursos Disponíveis para Promoção Escassos Tabela 1.2 – Fatores determinantes da importância de vendas pessoais versus propaganda. Fonte: Castro e Neves (2006). Portanto, para estabelecer um nível de relacionamento e importância entre o departamento de vendas e o de marketing, uma das primeiras perguntas que devem ser feitas é: “Qual o papel da venda pessoal na estratégia de marketing?” O nível de serviços a serem oferecidos pelo setor de vendas ajudará não só a de- terminar o nível de atividades que serão exigidas do departamento, como tam- bém permitirá escolher o tipo de profissional necessário para desempenhar essas funções (LAS CASAS, 2006). O grau de eficiência para o desempenho dessas funções depende, de certo modo, do nível de influências internas e externas que o departamento recebe. Vamos ver quais são os principais tipos de influência. 20 • capítulo 1 De modo geral, os principais fatores influenciadores da ordem interna são (LAS CASAS, 2006): COMPOSTO DE MARKETING Há vários elementos do composto de marketing que afe- tam as atividades de um departamento de vendas. Um produto complexo, por exemplo, pode exigir que o depar- tamento de vendas contrate vendedores bem prepara- dos, até mesmo com formação universitária, para realizar o trabalho de vendas. RECURSOS DA COMPANHIA Uma equipe de vendas pode ser reduzida se a empre- sa não tiver condições de aumentar sua capacidade de produção ou se estiver passando por condições finan- ceiras precárias. Por outro lado, maior abundância pode estimular uma estratégia de vendas mais agressiva. Os recursos da companhia fora da área de marketing são de importante consideração. O nível e a formação dos funcionários do setor também afetam as atividades de vendas. ATITUDE DE ADMINISTRAÇÃO Alguns gerentes ou diretores dão muita atenção ao de- partamento de vendas, enquanto outros não. Esta dife- rença de mentalidade nos níveis superiores certamente determina a importância atribuída ao departamento. LOCALIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE VENDAS NO ORGANOGRAMA É muito variável a localização do departamento de ven- das no organograma das empresas. Em algumas delas, ocupa lugar acima das principais funções mercadológi- cas, enquanto em outras está subordinado ao departa- mento de marketing. As variações residem no grau de importância que recebe ou em suas atribuições. capítulo 1 • 21 Influências externas na atividade de vendas Antes que sejam elaboradas estratégias de vendas, as váriaveis externas, confor- me ilustra a figura 1.1 devem ser avaliadas. Ambiente político / legal / econômico / concorrência / tecnologia Produto Preço Distribuição Promoção Ambiente social / cultural / demográfico / outros Organização Consumidor Figura 1.1 – Variáveis controláveis e incontroláveis. Fonte:Las Casas (2006). Da mesma forma que as atividades de marketing como um todo são afe- tadas pelo meio ambiente de atuação, o departamento de vendas, como parte deste todo, também recebe estas influências. O acirramento da concorrência, por exemplo, pode determinar a necessida- de de uma equipe de vendas do mais alto nível ou de uma prestação de serviços diferenciada; assim, outras variáveis incontroláveis apresentadas (na figura) exercem influência nas atividades de vendas. É importante acrescentar outros aspectos, tais como fornecedores, varejistas, intermediários, agências do go- verno, comunidade financeira, imprensa e público em geral. Ao detalhar um pouco mais a figura 1.1, Cobra (1994) descreve as relações da empresa com seu mercado, escolhendo um modelo desenvolvido por Raimar Richers que apresenta a interação da empresa com o meio ambiente e avalia os resultados operacionais da adoção do conceito de marketing em função dos objetivos da empresa. É o sistema dos 4 A´s (Análise, Adaptação, Ativação e Avaliação). 22 • capítulo 1 ANÁLISE Visa identificar as forças vigentes no mercado e suas interações com a empresa. Os meios utilizados para tal fim são: a pesquisa de mercado e o sistema de informação em marketing. ADAPTAÇÃO É o processo de adequação das linhas de produtos ou serviços da empresa ao meio ambiente, identifica- do por meio da apresentação ou configuração básica do produto: design, embalagem e marca. E ainda por meio do preço e da assistência ao cliente. ATIVAÇÃO Os elementos-chave da ativação são a distribuição (seleção dos canais), a logística (a entrega e armaze- nagem de produtos), a venda pessoal (o esforço para efetuar a transferência de posse do bem ou serviço) e o composto de comunicação (publicidade, promoção de vendas, relações públicas e merchandising). AVALIAÇÃO É o controle dos resultados do esforço de marketing, isoladamente e em conjunto. Essa função é também chamada auditoria de marketing. Ressalta-se que todas essas atividades devem ser direcionadas para os obje- tivos da empresa. Daí a necessidade de coordenação, que constitui o principal aspecto de integração de marketing (LAS CASAS, 2006). A formação de segmentos facilita a aplicação do conceito de marketing, uma vez que a reunião de consumidores de algum mercado em grupos homo- gêneos possibilita conhecer os desejos e as necessidades de cada um destes grupos e, portanto, desenvolver estratégias mais adequadas (LAS CASAS, 2006). O tabela 1.3 exemplifica a integração do vendedor no marketing e na venda. capítulo 1 • 23 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Análise Pesquisa de mer- cado: – análise de novos produtos atuais – análise de novos produtos – análise de ação da concorrência – análise de clientes Pesquisar o desempenho dos produtos atuais em cada cliente de seu território. Pesquisar a viabilidade de novos produtos em seu território. Identificar e acompanhar a ação da concorrência em seu território. Pesquisar a situação econômico-financeira e de mercado de cada cliente em seu território de vendas. Colaborar na análise e na pesquisa em cada merca- do da empresa. Avaliar as oportuni- dades de mercado Identificar oportunidades para novos negócios. Avaliar as oportunidades de vendas em cada territó- rio de vendas. Estimar a demanda e o potencial de mercado Coletar dados secundários em seu território de ven- das que permitam estimar a demanda e calcular o potencial de seu mercado. Colaborar com a área de marketing, no cálculo da demanda e do potencial de mercado. 24 • capítulo 1 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Estabelecer a previ- são de vendas Fazer e discutir a previsão de vendas para o próxi- mo exercício fiscal por cliente em seu território de vendas. Realizar a previsão de ven- das por produtos, cliente e região. Orçar vendas Discutir o orçamento de vendas para seu território. Estabelecer o orçamento de vendas por produtos, cliente e região. Segmentar o mercado Ajudar a identificação de segmentos de mercado em seu território. Colaborar com o Departa- mento de Marketing para a análise da segmentação de mercado. Identificar benefícios Ajudar na identificação de benefícios buscados por consumidores e clientes nos produtos ou serviços da empresa. Ativação Distribuição Tratar de colocar o maior número de itens em cada um dos pontos de vendas existentes em seu territó- rio de vendas. A colocação dos produtos ou serviços no maior nú- mero de pontos de vendas pode ajudar a minimizar os custos de distribuição. capítulo 1 • 25 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Logística Tratar de evitar que faltem produtos em seus clientes. Sugerir uma política de estocagem para sua em- presa. Acompanhar o fluxo de mercadorias de seus depósitos para os de seus clientes. A venda realizada em con- formidade com roteiros de visitas otimizados facilita a entrega e racionaliza os estoques de produtos acabados. Promoção de vendas Realizar a promoção de vendas dos seus produtos ou serviços para seus clientes. Caso exista uma equipe de promoção de vendas, deve colaborar com ela permanentemente. Para que os clientes continuem a comprar, eles precisam vender o que compram da empre- sa; para tanto, é preciso ajudá-lo a vencer por meio da promoção de vendas dos produtos. Propaganda Sugerir campanhas publicitárias de produtos ou serviços com desem- penhos insatisfatórios. Sugerir mídias adequadas ao seu território. Objetivar a propaganda que atinja os consumido- res de seus clientes. 26 • capítulo 1 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Merchandising Ajudar seu cliente a vender, seja ajudando-o a demonstrar melhor o pro- duto no ponto de venda, seja realizando ajuste de produtos na gôndola, ou mesmo fazendo reposi- ções, marcando preços, montando vitrines etc. Merchandising que ajude a demonstrar os produtos ou serviço no ponto de vendas. Relações públicas Realizar campanhas de relações públicas junto à comunidade de seus territórios. O homem de vendas deve ser preparado para, independentemente dos especialistas das áreas, fazer também relações públicas. Venda Realizar a venda de produtos ou serviços que atendam às necessidades dos clientes, dos consumi- dores e da sua empresa. É preciso colocar o marketing dentro da venda para se obter resultados mais eficazes. capítulo 1 • 27 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Adaptação Produto/serviço – design – ampliação do produto/serviço. Sugerir modificações no design do produto ou na configuração do serviço. Ampliar o produto pela sugestão de anexação de serviços ou pela sua pró- pria prestação de serviços não esperados pelo cliente e consumidor. Vender o produto certo ao cliente certo e no tempo certo, para o consumo adequado. Procurar tornar sempre o produto ou serviço am- pliado, para satisfazer ao cliente e evitar a ação da concorrência Embalagem Sugerir melhorias na em- balagem do produto ouna apresentação do serviço (conforme o caso). Oferecer sugestões ao De- partamento de Marketing Preço Praticar a estratégia de preço objetivando a venda em volumes e a obtenção de lucros crescentes por produto em cada cliente de sua região. Vender soluções de problemas a clientes e não preço exclusivamente. Garantia Dar ao cliente garantias da satisfação do funcio- namento do produto ou do bom desempenho do serviço. Vender produtos ou serviços certos que pro- porcionem segurança de funcionamento ao cliente. 28 • capítulo 1 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Assistência ao cliente Prestar serviços aos clientes, na pré-venda, orientando-os na venda e auxiliando-os na pós- venda. Vender satisfações aos clientes pelo bom funcio- namento dos produtos ou serviços. Avaliação Auditoria de marketing Meio ambiente: – economia – tecnologia – legislação – governo – concorrência etc. Identificar a ação do meio ambiente nos negócios da empresa em seu território. Fazer a ponte entre a em- presa e seu meio ambien- te, avaliando os impactos positivos e negativos sobre a empresa. Auditoria de produ- tos Sugerir a retirada de pro- dutos de linha. Fazer junto aos clientes a checagem do desempenho dos produtos atuais e tam- bém de novos produtos. Auditoria de distribui- ção e logística Identificar falhas nos pontos de distribuição e na política de estocagem e transporte e sugerir as correções necessárias. Fazer a checagem para avaliar se todos os pontos de venda estão sendo atendidos com presteza e eficácia. capítulo 1 • 29 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DE VENDEDOR RESUMO DAS FUNÇÕES DE VENDAS EM RELAÇÃO À ANÁLISE Auditoria de propa- ganda e promoção de vendas, merchandising. Avaliar a penetração da campanha publicitária – a mídia em seu território de vendas. Avaliar e detectar falhas nas campanhas de promoção de vendas e de merchandising. Fazer da avaliação do esforço promocional uma ferramenta para reorien- tar a comunicação para resultados efetivos. Auditoria de vendas Avaliar o seu próprio de- sempenho e propor plano de melhoria de eficácia operacional. A autoavaliação é a crítica indispensável ao aprimo- ramento do profissional de vendas. Tabela 1.3 – Exemplo de integração do vendedor no Marketing e na Venda. Fonte: Cobra (2004). Mais do que exclusivamente vender, o profissional de vendas precisa utili- zar o marketing como uma ferramenta indispensável para a consecução da sua venda. Castro e Neves (2006) complementam essa ideia, ressaltando a construção de relacionamentos com os clientes. O trabalho do vendedor deve ser orientado para a construção de confiança para que, mesmo em detrimento da perda de vendas no curto prazo, no longo prazo os ganhos pelo estabelecimento desse relacionamento sejam superiores. O relacionamento pode representar orienta- ção técnica, serviços e também bom relacionamento social. Esses autores destacam, ainda, que os métodos de vendas devem ser muito mais baseados em métodos soft do que hard. Métodos hard são aqueles em que o vendedor tentará vender sem considerar a real necessidade do cliente (o produto será vendido mesmo se o cliente não estiver certo de que precisa dele). 30 • capítulo 1 É uma orientação de curto prazo, porque após a venda ser feita o cliente certa- mente se dará conta de que não precisava daquele produto. Métodos soft são aqueles em que os vendedores estão preocupados com a resolução dos proble- mas dos clientes e, consequentemente, constroem relacionamentos baseados em confiança e em um bom nível de serviços. Segundo Cobra (1994), em função dessas contingências, dentre as qualifica- ções exigidas pelo profissional de vendas incluem-se, entre outras, as seguintes atividades: • saber realizar previsões de vendas; • ser um analista de mercado; • ser um planejador estratégico; • estudar o comportamento do consumidor; • saber gerenciar oportunidades; • desenvolver um sistema de inteligência para auscultar o mercado; • administrar tanto a escassez quanto o excesso de produtos; • saber evitar clientes inadimplentes; • saber analisar custo e lucros; • administrar o orçamento; • administrar o telemarketing e o marketing de relacionamento; • administrar o serviço ao cliente; • saber negociar; • liderar equipes e situações; • ser um comunicador verbal e não verbal. É válido destacar que em todas essas habilidades e necessidades de conhe- cimento ainda se incorporam outras em função dos desafios de cada tipo espe- cífico de negócio. 1.1.2 Como se organiza a literatura de vendas A literatura de vendas é bastante extensa, muitas vezes aparecendo em con- junto com outras áreas do conhecimento, principalmente marketing. Castro e Neves (2006) separaram os temas cobertos por manuais de vendas e artigos científicos em cinco grandes grupos: capítulo 1 • 31 TEMAS INTRODUTÓRIOS Temas gerais como tarefas e papéis dos vende- dores, comportamento de compra, processo de vendas e estimativa de demanda. ORGANIZAÇÃO Análise do modo de governança, estruturação da força de vendas, definição do número de vendedores, definição dos territórios de vendas, alinhamento entre vendas e marketing, controle gerencial e níveis hierárquicos, papel dos ge- rentes e determinação de quotas. RECURSOS HUMANOS Recrutamento, seleção, treinamento, motivação e desenhos de planos de remuneração e incen- tivo em vendas. CONTROLE Métodos de avaliação e controle dos resultados de vendas e auditoria em vendas. INFORMAÇÃO E TECNOLOGIA Tecnologia de informação em vendas, sistemas de automação em vendas e programas de CRM. 1.2 Tarefas e tipos de vendedores e o novo papel de vendas Diversos autores vêm propondo posições ou cargos diferentes aos profissionais de vendas, conforme as tarefas que estes executam. Lassk (2006) aponta que nos últimos anos a natureza dos trabalhos dos profissionais em vendas e a própria função de vendas dentro de uma empre- sa mudaram drasticamente. Anderson (1996) identificou três forças do am- biente que devem ser consideradas para a definição de posições em venda: a 32 • capítulo 1 comportamental (que inclui um aumento nas expectativas dos consumidores, a globalização dos mercados e a desmassificação dos mercados domésticos), a tecnológica (que engloba canais virtuais de venda, a automação da força de vendas e escritórios virtuais) e a gerencial (que aponta mudanças para novos componentes da função de vendas, como a inclusão de funções relacionadas ao marketing). A força ambiental gerencial é a mais importante no contexto deste trabalho e será a mais abordada. Diante de tais forças e mudanças, Lask (2006) propôs uma classificação para as posições de vendas relevantes para o século XXI, argumentando que as taxonomias normalmente citadas não refletem especificamente as práticas de vendas atuais, são elas: VENDEDORES CONSULTIVOS Focam suas atividades no relacionamen- to com os clientes atuais (realizam míni- ma prospecção) e gastam boa parte do tempo em suporte aos clientes e ativida- des promocionais. NOVOS NEGÓCIOS / DESENVOLVEDORES DE CANAIS Responsáveis pelo desenvolvimento de novos negócios e novos canais de ven- das para as empresas; pode ser uma evolução do antigo item “gerador de demanda”. MISSIONÁRIOS Mesmas funções das classificações clássicas. VENDEDOR/ENTREGADORA atividade primária é a entrega dos produ- tos, porém também realizam prospecção. SUPORTE A VENDAS Realiza o suporte à equipe de vendas, ao pessoal de campo. Esta classificação inclui os gerentes e o pessoal de apoio. capítulo 1 • 33 VENDEDOR DE CONTAS-CHAVE É a classificação mais recente de to- das, muito relacionada à orientação para marketing que envolve a segmentação de clientes e a alocação de profissionais es- pecíficos para atender clientes-chave. 1.3 O comportamento de compra Segundo Castro e Neves (2006), o início de qualquer atividade do marketing é compreender o processo de decisão de compra dos mercados-alvo selecionados. E para entender o cliente, é necessário compreender as suas necessidades e outras possíveis influências que afetam o ato de compras. Vejamos, a seguir, alguns fatores apresentados por Futrell (2003). Motivação para comprar. Seres humanos são motivados por necessidades e desejos. Tais necessidades e desejos formam-se interiormente, o que leva as pessoas a desejarem comprar um produto – um carro novo ou uma nova gela- deira. As necessidades das pessoas resultam da falta de algo desejável. Desejos são necessidades percebidas pela pessoa, por exemplo, as pessoas precisam de transporte, mas algumas querem um Chevrolet Captiva enquanto outras prefe- rem um Citroën C3. Diferentes pessoas têm diferentes razões para querer comprar. O profissio- nal de vendas precisa identificar as necessidades do cliente potencial e depois relacionar os benefícios do produto às necessidades e aos desejos pessoais do cliente potencial. Necessidades econômicas. Consistem na necessidade do comprador de ad- quirir o produto que melhor atenda às suas necessidades pelo dinheiro que ele pode gastar. As necessidades econômicas incluem preço, qualidade, conveni- ência da compra e serviço. Muitos profissionais de vendas presumem, erroneamente, que as pessoas baseiam suas decisões de compra principalmente no preço. Nem sempre isto está correto. O preço mais alto de um produto em relação aos concorrentes pode, muitas vezes, ser compensado por fatores como serviço, qualidade, me- lhor desempenho, amabilidade do vendedor ou conveniência da compra. 34 • capítulo 1 CONEXÃO Leia mais sobre o efeito que os preços têm no processo de compra no artigo: “Psicologia dos preços: integrando a perspectiva do cliente na decisão de preços”. Disponível em: <http:// valorart.com.br/Publicacoes/23.pdf>. Consciência das necessidades. Foram identificados três níveis de consciên- cia de necessidade: consciente, pré-consciente e inconsciente. No nível consciente de necessidade, os compradores estão plenamente cons- cientes de suas necessidades. São as pessoas para quem é mais fácil vender por- que sabem quais produtos querem e estão dispostas a falar de suas necessidades. No nível pré-consciente, os compradores podem não estar plenamente conscientes de suas necessidades, que talvez não estejam totalmente claras no plano consciente. Por exemplo, esse cliente pode querer comprar determinado produto por causa de uma forte necessidade de seu ego, porém pode ficar hesi- tante em discuti-la com o vendedor. No nível inconsciente de necessidade, as pessoas não sabem por que com- pram um produto, mas somente que o compram. Quando as pessoas dizem: © M IC H A E L FL IP P O | D R E A M S TI M E .C O M capítulo 1 • 35 “Não sei realmente o que quero comprar”, pode ser verdade. Neste caso, é ne- cessário fazer perguntas apropriadas que consigam revelar as necessidades in- conscientes do comprador potencial (FUTRELL, 2003). De acordo com Futrell (2003), as pessoas compram por outras razões além daquilo que o produto faz ou do seu preço. Elas têm razões tanto práticas (ra- cionais) como psicológicas (emocionais) para comprar. Os clientes podem não comprar o produto para resolver a necessidade racional que o vendedor perce- be como sendo importante. Elas podem comprar para satisfazer uma necessi- dade emocional que não pode ser facilmente identificada. É crucial aprender a identificar as necessidades importantes do comprador. Segue uma lista de necessidades psicológicas de compra comumente encontradas: • Vaidade; • Falta de vontade própria (“Maria vai com as outras”); • Segurança; • Amor pela família; • Prazer pessoal; • Desejo de sucesso; • Conforto ou luxo; • Preservação da própria vida; • Prevenção contra perdas. Futrell (2003) apresenta a seguir vários métodos para descobrir essas neces- sidades importantes. I. Ouça: os clientes potenciais podem deixar escapar observações como “queria ter uma televisão como essa”. II. Observe: analise os clientes potenciais; estude seu ambiente. Profissionais de vendas experientes conseguem descobrir muita coisa obser- vando como as pessoas se vestem ou onde moram ou trabalham. III. Combine: o profissional de vendas competente consegue conversar com os outros, ouvir o cliente potencial, sondar com perguntas, fazer observa- ções cuidadosas e criar empatia, tudo no esforço de descobrir as necessidades do cliente potencial. IV. Faça perguntas: as perguntas costumam trazer à tona necessidades que o cliente desconhece ou que não mencionaria. V. Empatia: olhe a situação a partir da perspectiva do cliente. 36 • capítulo 1 Sheth, Mittal e Newman (2001) definem comportamento do consumidor como “as atividades físicas e mentais realizadas por clientes de bens de con- sumo e industriais que resultam em decisões e ações, como comprar e utilizar produtos e serviços, bem como pagar por eles”. Mowen e Minor (2003) abordam o conceito como “o estudo das unidades compradoras e dos processos de troca envolvidos na aquisição, consumo e na disposição de mercadorias, serviços, experiências e ideias”. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), o termo é definido como “atividades com que as pessoas se ocupam quando obtêm, consomem e dispõem de pro- dutos e serviços”; ainda os autores simplificam a definição do termo como o estudo de “por que as pessoas compram”. As três definições de comportamento abordadas são genéricas, referindo-se tanto ao consumidor individual quanto ao consumidor organizacional. O tópi- co a seguir apresenta as diferenças entre eles. 1.3.1 Comportamento do consumidor industrial e final Webster e Wind (1972) apontam que as ações nas compras realizadas pelas empresas são diferentes das ações realizadas pelo consumidor individual. Tais diferenças são destacadas na especialização dos papéis do cliente, na formali- zação do processo, na responsabilidade, nas capacidades e na complexidade das exigências. O quadro a seguir demonstra as diferenças principais segundo Sheth, Mittal e Newman (2001). CARACTERÍSTICA COMPRAS CONSUMIDOR INDIVIDUAL COMPRAS EMPRESARIAIS Especialização dos pa- péis do cliente Combinadas ou ligeira- mente especializadas Moderadamente ou até altamente especializadas capítulo 1 • 37 CARACTERÍSTICA COMPRAS CONSUMIDOR INDIVIDUAL COMPRAS EMPRESARIAIS Formalização do proces- so de compras Informal Ligeiramente formal em pequenas empresas e formal em grandes em- presas Responsabilidade por decisões Geralmente não medidas em termos formais Mensurações rigorosas Capacidades internas Fracas Fracas em pequenas em- presas e muito fortes em grandes empresas Complexidade das exigências Pequena Operacional e estratégica Tabela 1.4 – Diferenças entre compras do consumidor individual e do consumidor organiza- cional. Fonte: Sheth, Mittal e Newman (2001). 1.4 O processo de vendas O processo de vendas trata da sequência de etapas por meio dasquais os ven- dedores realizam sua atividade de vendas. As etapas foram propostas por Du- binsky (1980): 1. Prospecção: é a etapa na qual os vendedores buscam identificar clien- tes em potencial. Nesta fase, os vendedores usam diferentes métodos para identificar alguém que possui desejo, necessidade, habilidade e/ou autoridade e é elegível para efetuar uma compra; 38 • capítulo 1 2. Pré-abordagem: nesta etapa, os vendedores coletam informações para pre- pararem-se para a visita. As informações coletadas são utilizadas para qualificar o cliente e desenvolver a forma de abordagem e de apresentação para o mesmo. 3. Abordagem: após a etapa anterior, normalmente é realizado um agen- damento de visita ao cliente potencial e, desta forma, deverá ser realizada a abordagem. Na abordagem, o objetivo do vendedor é garantir uma boa impres- são e despertar a atenção e o interesse do cliente. 4. Apresentação de vendas: nesta etapa, os vendedores apresentam suas ofertas e os benefícios destas, visando aumentar o desejo do cliente em relação ao produto. 5. Superar objeções: nesta etapa, o vendedor visa entender as objeções e tenta superá-las por meio de respostas e ênfase nos benefícios, visando promo- ver a decisão de compra. 6. Fechamento: neste ponto, os vendedores iniciam as decisões dos com- pradores por meio de métodos desenhados para solicitar pedidos. 7. Atendimento pós-venda: nesta etapa, o cliente já fechou o pedido e os ven- dedores visam reduzir as preocupações dos clientes após a compra, asseguram a entrega dentro do prazo combinado, realizam instalações ou treinamento, reali- zam acompanhamento e manutenção e lidam com possíveis reclamações e dúvi- das. Nesta etapa, o objetivo é a construção de possibilidades de vendas futuras. 1.5 Planejamento e organização; implementação e controle de vendas Castro e Neves (2006) propuseram uma sequência de três grupos de atividades para o planejamento e administração da força de vendas, são eles: o planeja- mento e a organização estratégica da força de vendas, a implementação da for- ça de vendas e o controle da força de vendas, conforme tópicos a seguir. 1.5.1 Planejamento e Organização Estratégica da força de vendas Segundo Castro e Neves (2006), nesta fase busca-se entender de forma estraté- gica a função de vendas e determinam-se suas direções gerais. Esta fase é divi- dida em cinco etapas. capítulo 1 • 39 ANÁLISE DE NECESSIDADES DO COMPRADOR E COMPREENSÃO DO PAPEL DE VENDAS EM MARKETING Busca-se entender as necessidades do comprador e compreender o papel do vendedor como redutor dos custos de compra de um cliente durante uma transação. Visa-se o entendimento das atividades dos consumidores, como elas variam, dependendo de ocasiões e das características do consumidor, trazendo uma dimensão precisa do papel do ven- dedor neste processo, contribuindo para sugestões de interfaces entre as áreas de vendas e marketing. ANÁLISE AMBIENTAL E DA CONCORRÊNCIA Análise do ambiente diz respeito a ana- lisar o ambiente no qual a organização está inserida e quais variáveis neste am- biente são relevantes e influenciam nas atividades de vendas. As variáveis são tendências no ambiente político-legal, econômico-natural, sociodemográfico e tecnológico. Em relação à análise da concorrência, visa-se mapear as áreas de vendas das empresas concorrentes e compará-las com a da empresa, verifi- cando forças e fraquezas. POTENCIAL DE VENDAS E DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS QUANTITATIVOS DE VENDAS Nesta etapam, são estimados os poten- ciais de vendas da empresa e das regi- ões de atuação para definição dos obje- tivos quantitativos de vendas. 40 • capítulo 1 ORGANIZAÇÃO DE VENDAS Desenhos de territórios, especialização de vendas e número de vendedores: nesta etapa são definidos os desenhos dos territórios (áreas de atuação onde serão alocados os esforços de vendas), são definidos os tipos de especialização dos vendedores (por linhas de produtos, por clientes ou por territórios) e o núme- ro de vendedores que será utilizado. DEFINIÇÃO DO FORMATO DE ENTRADA DA FORÇA DE VENDAS (MODO DE GOVERNANÇA) Nesta etapa, define-se se serão uti- lizados vendedores contratados pela empresa ou representantes comerciais autônomos, ou seja, “fazer ou comprar” a função vendas. 1.5.2 Implementação de vendas Após as etapas de planejamento de vendas, aquilo que foi planejado deve ser implementado. Castro e Neves (2006) dividem esta fase em duas etapas. ADMINISTRAÇÃO DE CLIENTES E INFORMAÇÕES A administração dos clientes e informações consiste em formalizar o que a empresa espe- ra do trabalhador. Trata-se de um manual com o relacionamento entre os diferentes níveis de atividades dentro da área de vendas, como se dá o gerenciamento dos territórios e o trabalho individual do vendedor no campo. Propõe-se também uma sistematização do processo de criação do fluxo de informação e comunicação, visando aproximar os diferentes agentes e ex- plorar os benefícios desta proximidade. capítulo 1 • 41 GERENCIAMENTO DO TERRITÓRIO Recrutamento, seleção, treinamento e motiva- ção. No recrutamento e seleção, visa-se esco- lher os profissionais mais adequados para a composição da equipe de vendas. Em relação a treinamento e motivação, visa-se capacitar e motivar a equipe de vendas para que os fun- cionários desempenhem seu papel de maneira adequada e sintam-se motivados a desempe- nhar. 1.5.3 Controle de vendas Após o planejamento e implementação, é necessário o controle para verificar se aquilo que foi planejado está sendo cumprido ou se há necessidades de ade- quações conforme as dinâmicas do mercado. Castro e Neves (2006) dividem em duas etapas. ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS Nesta fase, busca-se entender os conflitos de forma ampla e criar critérios para sua resolução; existem conflitos de diversos tipos, entre os ven- dedores, entre supervisores e vendedores, entre equipe interna e externa etc. O objetivo é mini- mizá-los. FORMAS DE CONTROLE E AUDITORIA DE VENDAS Para estabelecer mecanismos de controle, é ne- cessário o estabelecimento de medidas de ativi- dades e resultados em relação à área de vendas, para verificação dos resultados da implemen- tação do que foi planejado e seus resultados. Castro e Neves (2006) ainda sugerem que seja realizada periodicamente uma auditoria completa em vendas. 42 • capítulo 1 ATIVIDADES 01. Quais as etapas do processo de vendas e como se desencadeia cada uma delas? 02. No processo de planejamento, organização e controle de vendas, o que deve ser feito em relação à análise de necessidades do comprador e compreensão do papel de vendas em marketing? REFLEXÃO Com o advento da Internet e o surgimento do comércio virtual, inclusive com a utilização do aplicativo, a atividade de vendas será transformada ou substituída? Reflita sobre isso. LEITURA Todo profissional precisa estar atendo às mais recentes informações veiculadas sobre o mer- cado. Acesse o portal do jornal Valor Econômico (http://www.valoronline.com.br) e faça uma pesquisa sobre as principais ações em gestão de vendas que estão sendo utilizadas pelas empresas brasileiras. Faça um paralelo com o conteúdo que foi visto neste capítulo. capítulo 1 • 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, R. E. Personal selling and sales management in the new millennium. Journal of Personal Selling and Sales Management, vol. 16 (4), p. 17-32, 1996. BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. F. Comportamento do Consumidor. 1. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2005. CASTRO, L. T.; NEVES, M. F. Administraçãode Vendas. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2006. COBRA, M. Administração de Vendas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. DUBINSKY, A. J. A Factor Analytic Study of the Personal Selling Process. Journal Of Personal Selling & Sales Management, v. 1, c. 1, p. 26, 1980. FUTRELL, C. M. Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão. São Paulo: Saraiva, 2003. LAS CASAS, A. L. Administração de Vendas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006. LASSK, F. G. A contemporary taxonomy of sales positions. Journal of Personal Selling and Sales Management, 2006. MOWEN, J. C.; MINOR, M. S. Comportamento do consumidor. 1. ed. Tradução de Vera Jordan. 1. Ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003, 403 p. SHETH, J. N.; MITTAL, B.; NEWMAN, B. I. Comportamento do cliente: indo além do comportamento de do consumidor. São Paulo: Atlas, 2001. WEBSTER, F. E., JR; WIND, Y. Organizational Buying Behavior. Journal of Marketing, v. 36, p. 12-19, 1972 ZOLTNERS, A. A.; SINHA, P.; LORIMER, S. E. Sales force effectiveness: a framework for researchers and practitioners. Journal of Personal Selling & Sales Management, vol. 28, No. 2, p. 115-131, 2008. 44 • capítulo 1 Força de Vendas e Marketing e Análise Ambiental 2 46 • capítulo 2 Este capítulo irá discutir o papel da força de vendas no marketing e a relação entre essas duas áreas funcionais das empresas. Também apresentará o con- ceito de análise do ambiente, procedimento fundamental para o planejamento de qualquer atividade de negócios, sendo que para a gestão de vendas não é diferente. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de: • Compreender a importância da força de vendas em marketing; • Entender a relação entre a estratégia empresarial e a área de vendas; • Entender o papel das atividades de vendas na análise do comportamento do consumidor; • Entender como se dá o processo de integração entre vendas e marketing; • Entender como se faz a análise ambiental, da concorrência e o benchmarking em gestão de vendas. capítulo 2 • 47 Introdução Segundo Cobra (2004), a atividade de vendas classifica-se como uma ferramen- ta promocional entre propaganda, promoção de vendas, merchandising e re- lações públicas. Deste modo, a força de vendas faria parte de um dos “Ps" do marketing, o “P” promoção. O autor ainda aponta a venda pessoal como uma comunicação direta com clientes, sendo os vendedores responsáveis pela transmissão e recepção de mensagens. 2.1 Importância da força de vendas em marketing A American Marketing Association (AMA, 2013) definiu o marketing como ati- vidade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que possuam valor para consumidores, clientes, parceiros e para a sociedade como um todo. A orientação das empresas para marketing envolve a determinação das ne- cessidades e dos desejos dos consumidores e, desta forma, atendê-los de um modo mais eficiente que a concorrência (KOTLER, 2005). Quando as empresas começaram a focar o cliente, sistemas que possibilitassem a reunião de informações sobre os clientes se fizeram necessários e a própria força de vendas passou a desempenhar novas atividades com o passar do tempo e com as diferentes orientações das empresas, como a aquisição e transmissão de informação às empresas. 48 • capítulo 2 Diversos autores propuseram orientações das empresas em relação a seus mercados e consumidores. Dentre as orientações mais difundidas estão as de Kotler (2005), que propôs cinco orientações concorrentes nas quais as organi- zações conduzem suas atividades de forma a realizar um esforço consciente com a finalidade de alcançar os resultados que se deseja com os mercados-alvo. O quadro a seguir resume as diferentes orientações. TIPO DE ORIENTAÇÃO VISÃO SOBRE OS CONSUMIDORES OBJETIVO GERENCIAL PRODUÇÃO Dão preferência a produtos fáceis de serem encontrados e de baixo custo Atingir alta eficiência de pro- dução, custos baixos e distri- buição em larga escala PRODUTO Preferem produtos com qua- lidade e desempenho supe- riores ou inovadores Fabricar produtos com qua- lidade e promover inovações e aperfeiçoamentos nestes com o passar do tempo VENDAS Normalmente não compram os produtos em quantidade suficiente Realizar um esforço agres- sivo de vendas e promoção de forma a persuadir os con- sumidores a realizarem as compras MARKETING Tem necessidades que pre- cisam ser conhecidas e atingidas Focar as necessidades dos clientes, definir seu mercado e coordenar todas as ativida- des que afetarão estes, crian- do lucro através da satisfação destas necessidades capítulo 2 • 49 TIPO DE ORIENTAÇÃO VISÃO SOBRE OS CONSUMIDORES OBJETIVO GERENCIAL MARKETING HOLÍSTICO Tem necessidades que pre- cisam ser conhecidas e atingidas Determinar e satisfazer as necessidades do mercado -alvo, preservando ou me- lhorando bem-estar dos os clientes e da sociedade. Ten- tar compreender e adminis- trar a complexidade envolvi- da na gestão de marketing Tabela 2.1 – Tipos de orientações empresariais, visão sobre os consumidores e objetivo gerencial. Fonte: Kotler (2005). A implementação do conceito de marketing ou da orientação para marketing nas empresas é vista como uma filosofia de negócio. Segundo MacCarthy e Perreault1 , (1984 apud Kohli; Jaworski, 1990) é usado tradicional- mente o termo “orientação para mercado” como medida da implementação do conceito de marketing. É amplamente difundido que a orientação para mercado está relacionada com a performance das empresas. As bases teóricas dessa ligação foram abor- dadas primeiramente por McKitterick2 (1958 apud Dawes, 2000), que desta- cou que em um ambiente competitivo as organizações devem estar cientes e responsivas às necessidades dos clientes, caso contrário os concorrentes irão conceber produtos mais adaptados a tais necessidades e levarão vantagem na competição. 1 – MCCARTHY, E. J. PERREAULT JR, W. D. Basic Marketing, 8th ed. Homewood, IL: Richard D. Ir- win, Inc., 1984. 2 – MCKITTERICK, J. B. What is 'the marketing management concept? The Frontiers of Marketing Thought and Science, Ed F.M. Bass, American Marketing Association, Chicago, 1958. 50 • capítulo 2 Dentre diversos sistemas e modelos para descrever as relações entre as em- presas e o mercado, Richers et al (1972) desenvolveu um modelo conhecido como dos 4 “As”: análise, adaptação, ativação e avaliação. ANÁLISE ADAPTAÇÃO ATIVAÇÃO AVALIAÇÃO Busca identificar as interações entre a empresa e o mercado, por meio de pesquisas e uso de sistemas de informação de marketing. Trata do proces- so de adaptação dos produtos e serviços ao meio ambiente. A ativação é representada pela distribuição, venda pessoal e pelo processo de comunicação da empresa. A avaliação trata do controle dos resultados obti- dos pelos esfor- ços de marketing realizados pela empresa. Tabela 2.2 – Modelo dos 4 As. Fonte: adaptado de Richer et al (1972). Cobra (2004) realizou uma exemplificação do papel da força de vendas dentro do modelo dos 4 As de Richers (1972), a qual é apresentada no tabela a seguir. FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DO VENDEDOR AN ÁL IS E Pesquisa de mercado (produtos atuais, novos produtos, ação da concor- rência, clientes); Avaliação de oportunida- des; Estimativa de demanda; Previsão de vendas; Segmentação de vendas. Pesquisar desempenho de produtos; Acompanhar ação da concorrência; Identificar oportunidades; Coletar dados secundários; Prever vendas para sua área;Identificar segmentos de mercado em sua área; Identificar tendências. capítulo 2 • 51 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DO VENDEDOR AT IVA ÇÃ O Distribuição; Logística; Promoção de vendas; Propaganda; Merchandising; Relações públicas; Vendas. Colocar o maior número de itens em cada um dos pontos de venda que atende; Evitar que faltem produtos em seus clientes; Realizar ou colaborar com a promoção de vendas; Sugerir campanhas publicitárias e mídias adequadas; Ajudar seu cliente a vender (demonstração, ajuste de produtos na gôndola, reposições etc.); Realizar campanhas de relações públicas; Realizar venda de produtos que atendam às necessidades dos clientes. AD AP TA ÇÃ O Produtos/serviço;s Embalagem; Preço; Garantia; Assistência ao cliente. Sugerir modificações necessárias; Ampliar o produto pela sugestão de serviços; Sugerir melhorias em embalagens; Praticar a estratégia de preços e sugerir es- tratégias; Dar garantias de satisfação aos clientes; Prestar serviço de assistência aos clientes. 52 • capítulo 2 FUNÇÕES DE MARKETING 4 AS PAPEL DO VENDEDOR AV AL IA ÇÃ O Auditoria de marketing; Auditoria de produtos; Auditoria de distribuição e logística; Auditoria de propaganda e promoção de vendas; Auditoria de venda.s Identificar a ação do meio ambiente nos ne- gócios da empresa em seu territóri;o Sugerir a retirada de produtos de linha; Identificar falhas nos pontos de distribuição, na política de estocagem e sugerir correções; Avaliar a penetração das campanhas publi- citárias; Avaliar seu próprio desempenho e propor melhorias. Papel do vendedor no modelo dos 4 As. Fonte: adaptado de Cobra (2004). É importante não confundir o modelo dos 4 As com o modelo dos 4Ps. O modelo dos 4As trata da interação empresa e mercado e contempla análise e controle desta interação. Já o modelo dos 4 Ps (apresentado a seguir) trata das principais decisões de marketing que as empresas precisam tomar para intera- gir com este mercado. PRODUTO PREÇO DISTRIBUIÇÃO PROMOÇÃO Variedade Qualidade Design Características Nome de marca Embalagem Serviços Tamanhos Garantias Devoluções Preço de lista Descontos Concessões Prazos de paga- mento Condições de Fi- nanciamento Promoção de vendas Relações Públi- cas Propaganda Vendas pessoais Marketing direto Canais Cobertura Variedades Locais Estoque Transporte Tabela 2.3 – Composto de marketing. Fonte: Kotler e Keller (2006). Adaptado. capítulo 2 • 53 2.2 Estratégia empresarial e vendas Cobra (2006) aponta que os objetivos da empresa são formulados a partir de sua missão e escopo e são influenciados pelo seu ambiente. Segundo o autor ,o sistema de vendas é integrado às funções básicas da administração e é ali- mentado por um subsistema de informações de mercado. Os tópicos a seguir apresentam as relações entre estratégia e gestão empresarial e força de vendas. PLANEJAMENTO A força de vendas deve avaliar oportunidades de mercado e estimar a demanda para os produtos e serviços da em- presa. Precisa determinar potencial de mercado, prever vendas e realizar o orçamento de vendas. ORGANIZAÇÃO Trata da organização do sistema de vendas, envolvimento ,administração, zoneamento, roteiro de visitação, estrutu- ração da força de vendas, perfil do vendedor, recrutamen- to e seleção de vendedores, treinamento, sistemas de in- centivo e remuneração, avaliação de desempenho, plano de carreira e supervisão. DIREÇÃO Diz respeito às metas e estratégias, traçadas por quotas de vendas, quotas de atividades e de lucro. CONTROLE Realização do controle por meio de análise de vendas por produto, cliente e região; auditoria de vendas; análise de desempenho financeiro; análise de participação de mer- cado e avaliação quantitativa de desempenho de vendas por vendedor. 54 • capítulo 2 CONEXÃO Veja este texto que faz um link entre o vendedor e a estratégia empresarial: <http:// www.logisticadescomplicada.com/administracao-de-vendas-do-vendedor-a-estrategia- empresarial/>. Castro e Neves (2006) abordam que relacionar a estratégia de administra- ção de vendas à estratégia da competitiva é fundamental para o desempenho da empresa. Neste aspecto, a força de vendas tem o papel de comunicar im- portantes componentes da estratégia empresarial e promover a administração de informações. Os autores apresentam um quadro adaptado de Churchil et al (2000) que relaciona as estratégias genéricas de Porter (1980) e sua implicação para força de vendas, conforme a seguir. ESTRATÉGIAS DE PORTER OBJETIVOS DA ESTRATÉGIA IMPLICAÇÃO EM FORÇA DE VENDAS CUSTO Ganhos de escala; Redução de custos; Controle de overhead; Participação de mercado geralmente alta. Atender a grandes clientes que querem custo baixo; Minimização de despesas de vendas; Venda com base em pre- ço oferecido e dispu- tas intensas com outros fornecedores. capítulo 2 • 55 ESTRATÉGIAS DE PORTER OBJETIVOS DA ESTRATÉGIA IMPLICAÇÃO EM FORÇA DE VENDAS DIFERENCIAÇÃO Criação de algo percebido como único; Fidelidade à marca; Menor sensibilidade à pre- ço. Venda de benefícios aos clientes; Gerar pedidos; Serviços e resposta efi- cientes; Prospecção é significativa Pessoal de vendas de alta qualidade técnica e merca- dológica. NICHO Serviços a um mercado-al- vo selecionado; Políticas são desenvolvidas para o nicho em mente; Participação pode ser bai- xa, mas dominante no seg- mento. Expert nas operações e oportunidades associadas com um mercado-alvo; Aalocação de tempo consi- derável para o mercado-al- vo. Tabela 2.4 – Estratégias de Porter e implicações para a força de vendas. Fonte: Castro e Neves (2006), Churchill et al (2000). Adaptado. 2.3 Análise do comportamento do consumidor e atividades de vendas As atividades do marketing sempre devem basear-se na compreensão do com- portamento dos consumidores. Segundo Castro e Neves (2006), com base nas etapas de compra do consumidor, pode-se identificar quais seriam as ativida- des necessárias do marketing e qual o papel do vendedor ou da função vendas em cada uma dessas etapas. Os autores sugeriram uma matriz em que as etapas 56 • capítulo 2 do processo de compra industrial são colocadas na primeira coluna, a descri- ção de como se dá esta etapa na segunda coluna e, em seguida, três perguntas são feitas para cada etapa. A tabela é apresentado a seguir. Etapas do processo de compra industrial: Antecipação do reconhecimento de um problema. Determinação da descrição das características e quantidade do item a ser comprado. Procura e qualificação de fornecedores. Requisição de propostas. Avaliação das propostas e seleção de fornecedores. Rotina de compra. Avaliação de desempenho e retorno. Descrição da etapa. Quando alguém na organização compradora identifica uma necessidade por um pro- duto ou serviço. Especificação detalhada do que será comprado e sua quantidade. Potenciais fornecedores são listados e é feita uma pré-seleção de acordo com os cri- térios estabelecidos. capítulo 2 • 57 São solicitadas propostas para um grupo selecionado de fornecedores. As propostas são avaliadas pelos departamentos de compra e por todos os participan- tes no processo de compra. Recebimento, inspeção, pagamento. É feita a avaliação do produto e do fornecedor. Se a experiência de compra for positiva, existe grande chance de a compra se repetir. Que tipo de atividade a empresa pode desenvolver para acessaresta etapa? Que tipo de função de marketing é mais eficaz e eficiente para ser trabalhada nesta atividade? Se vendedores fossem necessários, como eles poderiam ajudar? Tabela 2.5 – Estudo do processo de compra e implicações para a função de vendas. Fonte: Castro e Neves (2006). 2.4 Integração dos esforços de vendas e marketing Conforme apontado anteriormente neste livro, a gestão de vendas precisa estar integrada com as gestões estratégica e empresarial. Este tópico discute especi- ficamente a integração dos esforços de vendas e marketing. Castro e Neves (2006) fizeram a interface entre a área de vendas e a área de marketing por meio de tabelas nas quais os gestores de vendas podem verifi- car os pontos críticos de atuação da área de vendas para cada um dos Ps do marketing (produto, preço, praça e promoção). As tabelas a seguir foram base- adas nas tabelas dos autores. 58 • capítulo 2 2.4.1 Gestão de produtos e força de vendas ASPECTOS DA GESTÃO DE PRODUTOS POSSÍVEIS INFLUÊNCIAS DA GESTÃO DE VENDAS LANÇAMENTO DE PRODUTOS Direcionamento das atividades dos vende- dores para o lançamento dos produtos; Prospecção dos clientes que possam ado- tar os produtos; Apresentação de vendas dos lançamentos divulgação dos lançamentos. RECUPERAÇÃO DE PRODUTOS Levantamento de informações sobre o de- clínio; Identificação de clientes de recompra. RETIRADA/SUBSTITUIÇÃO DE PRODUTOS NO MERCADO Recolhimento/substituição dos produtos nos pontos-de-venda; IDEIAS PARA INOVAÇÕES Trazendo ideias sobre novos produtos a partir das percepções de campo; Realização de pesquisas para identificar oportunidades. AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DOS PRODUTOS COM O OFERECIMENTO DE SERVIÇOS Oferecimento de serviços de apoio; Prestação de serviços de apoio. Tabela 2.6 – Gestão de produtos e força de vendas. Fonte: Castro e Neves (2006). Adaptado. capítulo 2 • 59 2.4.2 Gestão de comunicação e força de vendas FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO ATIVIDADES DA FORÇA DE VENDAS PROPAGANDA Planejamento de cobertura geográfica das propagan- das; Utilização das propagandas para reforço de apresen- tação; Mensuração do efeito das propagandas. MARKETING DIRETO Realização de visitas em conjunto com as ferramentas; Telemarketing para clientes que não gostam de rece- ber visitas ou quando a compra é insuficiente para jus- tificar a visita; Prospecção, agendamento de visita e busca de infor- mação de mercado. RELAÇÕES PÚBLICAS Papel ativo em feiras e exposições, com prospecção de clientes e efetuação de vendas; PROMOÇÃO DE VENDAS Descontos e brindes para alavancar vendas; Consulta a respeito de concursos nos quais os clientes trabalhados por eles concorrerão Tabela 2.7 – Gestão da comunicação e força de vendas. Fonte: Castro e Neves (2006). Adaptado. 2.4.3 Gestão de canais de distribuição e força de vendas Segundo Castro e Neves (2006), especialmente para setores com canais de distribuição longos, o uso de diferentes formatos dentro de um mesmo nível, 60 • capítulo 2 como políticas multicanais de distribuição, a integração entre canais de distri- buição e vendas são cruciais. Os autores propõem uma tabela na qual os ges- tores podem visualizar os aspectos críticos na gestão da interface de vendas e canais de distribuição. Canais de venda utilizados Q ua is o s se gm en to s ut ili za do s? Q ua is o s te rr itó rio s at en di do s? Q ua is o s pr od ut os v en di do s? Q ua l o n ív el d e pr eç o pr at ic ad o? P os sí ve is fo nt es d e co nf lit os ? C rit ér io p ar a m in im iz ar o s co nf lit os Vendedores próprios Representantes comerciais Revendas autorizadas Distribuidores independentes Atacadistas Canais eletrônicos Outros Tabela 2.8 – Aspectos críticos na gestão da interface de vendas e canais de distribuição. Fonte: Castro e Neves (2006). capítulo 2 • 61 2.4.4 Gestão de preços e força de vendas Segundo Castro e Neves (2006), a integração entre o P de marketing preços e a força de vendas se dá por meio da liberdade que os vendedores possuem para negociar preços no mercado. A tabela a seguir apresenta esta questão. PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS VENDEDORES EM RELAÇÃO AOS PREÇOS RECOMENDA-SE PODER DE NEGOCIAÇÃO QUANDO CUIDADOS NECESSÁRIOS Vendedores têm melhores informações sobre capacidade de pagamento e acei- tabilidade de preços dos clientes Coordenação dos descontos A complexidade da venda é grande Vendedores tendem a vender com a ajuda de preços ao invés de usar outras ferramentas Clientes pedem ofertas imediatas de preços Vendedores tendem a superestimar a reação do cliente em relação ao rece- bimento de descontos e conquista do pedido Clientes são individualmente importan- tes do ponto de vista financeiro Descontos podem iniciar guerras de preços Produtos perecíveis Compradores profissionais normalmente testam a capacidade de dar desconto do vendedor 62 • capítulo 2 PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS VENDEDORES EM RELAÇÃO AOS PREÇOS Preços não podem ser determinados a priori Instrumentos para controle dos descon- tos dados pelos vendedores não estão 100% desenvolvidos Clientes negociam preços de forma agressiva Descontos de curto prazo levam à queda do nível de preço futuro Tabela 2.9 – Gestão de preços e gestão de vendas. Fonte: Castro e Neves (2006). Adaptado. 2.5 Análise ambiental, da concorrência e benchmarking em gestão de vendas O conhecimento sobre as variáveis ambientais, as ações da concorrência e a realização de um à são aspectos fundamentais da gestão de vendas. Os tópicos a seguir discutem tais aspectos. 2.5.1 Análise ambiental A análise ambiental é composta pelas variáveis incontroláveis, as quais os ges- tores precisam identificar e verificar quais são as possíveis influências de tais variáveis na organização, na implementação e no controle da gestão de vendas. Vasconcelos Filho (1979) aponta as seguintes variáveis como variáveis im- portantes para a realização da análise ambiental: 2.5.1.1 Variáveis econômicas a) Crescimento do PIB; b) Balanço de pagamentos; c) Reservas cambiais; d) Balanço comercial; capítulo 2 • 63 e) Taxa de inflação; f) Taxas de juros; g) Estabilidade monetária; h) Mercado de capitais; i) Arrecadação (impostos federais, estaduais e municipais); j) Distribuição de renda. 2.5.1.2 Variáveis sociais a) Estrutura socioeconômica • percentual da população pertencente a cada segmento socioeconômico; • hiatos entre os diversos segmentos; • condições de vida de cada segmento (moradia etc.); • estrutura de consumo de cada segmento; • estilo de vida de cada segmento: tendências; • sistema de valores de cada segmento; b) Estrutura sindical • tipos de organização; • tipos de conflitos; • graus de participação; • características ideológicas; c) Estrutura política • características ideológicas; • características organizacionais; • tipos e graus de participação. 2.5.1.3 Variáveis culturais a) índice de alfabetização; b) níveis de escolaridade; c) características da orientação educacional: tendências; 64 • capítulo 2 d) estrutura institucional do sistema educacional: tendências; e) veículos de comunicação; • estrutura institucional do setor; • graus de concentração; • regime de funcionamento; • níveis de audiência e leitura: tendências. 2.5.1.4 Variáveis demográficas a) densidade populacional;
Compartilhar