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ESPELHO_CORRECAO_S6

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Direito Penal
SEÇÃO 6
ESPELHO DE CORREÇÃO
Seção 6
Direito Penal
Na prática!
Agora vamos à resolução comentada desta Seção? 
Não restam dúvidas de que o Recurso cabível é o de Apelação, 
por força do art. 593, I do CPP, que deve ser interposto no prazo 
de 05 (cinco) dias. 
E, como se sabe, a petição de interposição do recurso deve ser 
endereçada ao juízo a quo (Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara 
Criminal da Comarca de Conceição do Agreste - CE).
Analisando o caso apresentado, percebe-se que não há qualquer 
preliminar a ser arguida. Desta forma, nas razões recursais 
(dirigidas a uma Câmara de Desembargadores membros do 
respectivo Tribunal de Justiça), deve-se, desde logo, adentrar às 
discussões meritórias.
Como já foi ressaltado, uma vez que as teses defensivas arguidas 
em primeira instância não foram acatadas na sentença, devem 
ser repetidas quando da discussão do mérito do caso. 
Assim, deve-se sustentar a reforma da decisão de primeira 
instância, formulando novo pedido de absolvição do réu por 
atipicidade da conduta, em razão da preparação do fl agrante. 
Tudo com fundamento no artigo 386, III do CPP.
Isso porque, nos termos da Súmula 145 do STF, c/c artigo 17 do 
Código Penal, não há crime quando a preparação do fl agrante 
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NPJ – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA VIRTUAL
DIREITO PENAL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 6
torna impossível a sua consumação. Deste modo, não havendo 
crime, a conduta do Réu é atípica, devendo, pois, ser absolvido. 
Alternativamente, deve ser requerida a absolvição do Réu, nos 
termos do art. 386, IV do CPP, por estar provado que o Réu 
não concorreu para a infração penal, uma vez que a própria 
vítima, quando indagada pelo Juiz se o Réu havia participado 
do crime, não só negou, como afirmou que a primeira vez que 
esteve com o Réu foi na Sessão em que ocorreram as prisões, 
mas que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele, em 
relação a este ou a qualquer outro assunto. E, respondendo a 
uma pergunta feita pela Defesa respondeu não ter como afirmar 
que “Zé da Farmácia” estivesse envolvido no crime de corrupção 
praticado pelos demais réus. 
Assim, não havendo prova de autoria do crime de corrupção 
passiva por parte do Réu, não há como o mesmo ser condenado 
pelo crime.
Também alternativamente, caso os pedidos de absolvição não 
sejam acatados, deve-se requerer a reforma da sentença proferida, 
pelo descumprimento à regra do art. 59 do CP, em virtude do 
exagero na aplicação da pena, tendo em vista a primariedade e os 
bons antecedentes de Réu, bem como as circunstancias judiciais 
(art. 59 do CP), que lhe são amplamente favoráveis. 
Desta forma, a pena deveria ter sido aplicada no mínimo legal 
(02 anos de reclusão). Não há fundamento fático e jurídico para 
decretação de uma pena tão elevada.
O prazo de interposição é de 05 (cinco) dias, nos termos do art. 
593 do CPP. 
Lembre-se que, no processo penal, ao contrário do processo 
civil, a contagem do prazo se inicia com o ato em si (seja ele 
de citação, intimação ou publicação) e não com a juntada aos 
autos do respectivo mandado. Tudo, conforme artigo 798, 
caput e §5º do CPP. E, se tratando de recursos, a contagem 
do prazo se inicia com a realização do último ato, seja ele 
intimação ou publicação.
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Direito Penal - Espelho de correção - Seção 6NPJ 
Questão de ordem!
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) JUIZ DE DIREITO DA VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE. 
Número do Processo: ____
[10 linhas]
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já qualifi cado nos autos em epígrafe, 
vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio 
de seu advogado infra-assinado, interpor o presente RECURSO DE 
APELAÇÃO, com fundamento no art. 593, I do CPP.
Cumpre esclarecer que houve preenchimento dos pressupostos 
do presente Recurso: a interposição é tempestiva. Além disso, o 
Recorrente tem legitimidade e interesse (posto que sucumbente).
Assim, como o Réu foi intimado da sentença no dia 06 de 
novembro de 2018, terça-feira, a contagem do prazo iniciou 
no dia 07, quarta-feira. Assim, o prazo termina no dia 11 de 
novembro, domingo, sendo prorrogado para o dia 12 de 
novembro de 2017, segunda-feira. 
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Direito Penal - Espelho de correção - Seção 6NPJ 
Desta forma, requer que o Recurso seja conhecido, recebido 
no efeito devolutivo e encaminhado à superior instância para o 
devido julgamento. 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
(LOCAL), 13 de novembro de 2017.
___________________________________________________
[NOME COMPLETO DO ADVOGADO]
[OAB]
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
Egrégio Tribunal de Justiça,
Eminentes Desembargadores,
I- DOS FATOS
Segundo consta da inicial acusatória, os denunciados, sob a 
liderança do Acusado José Percival da Silva (“Zé da Farmácia”, 
Presidente da Câmara dos Vereadores e liderança política do 
Município), valendo-se da qualidade de Vereadores do Munícipio, 
se associaram, em unidade de desígnios, com o fim específico de 
cometer crimes. 
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Direito Penal - Espelho de correção - Seção 6NPJ 
E, dentro deste propósito, no dia 03 de fevereiro de 2018, na sede 
da Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião 
da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, teriam exigido 
do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada 
em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de 
Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para 
que sua empresa pudesse participar de um procedimento licitatório 
que estava agendado para o dia seguinte. 
Por este motivo, os réus foram denunciados pela suposta prática 
dos delitos previstos artigos 288 e 317, na forma do art. 69, todos 
do Código Penal. Entretanto, a denúncia foi recebida apenas em 
relação ao crime do art. 317 do CP. 
Uma vez finalizada a instrução, que transcorreu dentro da 
normalidade, o MM. Juiz a quo proferiu a sentença, não acatando 
nenhuma das teses defensivas e julgando procedente a denúncia, 
para condenar o Recorrente, à pena de 02 (dois) anos e 06 (seis) 
meses de reclusão. É um breve resumo dos fatos. 
II- DO MÉRITO: DA ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA 
DO RECORRENTE – ARTIGO 386, III DO CPP
 
Conforme se extrai dos autos, o Tribunal de Justiça do Estado do 
Ceará, de maneira unânime, concedeu ordem de Habeas Corpus 
em favor do Apelante, relaxando sua prisão, por concordar com a 
tese de que o flagrante foi preparado.
Flagrante preparado que ocorre quando há uma indução, um 
estímulo, uma participação fundamental das autoridades estatais 
para que a situação fática causadora da prisão exista. Isto é, quando 
o agente, por meio de uma cilada, uma encenação teatral, é impelido 
à prática de um delito por um agente provocador, normalmente 
um policial ou alguém sob sua orientação . 
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Direito Penal - Espelho de correção - Seção 6NPJ 
Por estar inteiramente sob o controle das autoridades que, 
inclusive, foram determinantes para a existência da situação fática, 
considera-se que o agente não possui qualquer chance de êxito 
em sua empreitada criminosa, já que em momento algum o bem 
jurídico tutelado é colocado em risco. Deste modo, aplica-se a 
regra do crime impossível, prevista no art. 17 do Código Penal: 
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Prova disso é o comando existente na Súmula 145 do STF: 
Fonte: Elaborado pelo Autor.
Desta forma, não havendo crime em razão da preparação do 
flagrante, não restam dúvidas de que a conduta do Apelante é 
atípica, devendo, pois, ser absolvido, nos termos do artigo 386, 
III do CPP. Requer-se, portanto, seja reformada a decisão de 
primeira instância. 
III- DO MÉRITO, ALTERNATIVAMENTE: DA ABSOLVIÇÃO POR 
ESTAR PROVADO QUE O APELANTE NÃO CONCORREU PARA A 
INFRAÇÃO PENAL – ARTIGO 386, IV DO CPP
Alternativamente, requer-se a absolvição do Recorrente,nos 
termos do art. 386, IV do CPP, por estar provado que o Apelante 
não concorreu para a infração penal, uma vez que as provas dos 
Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia 
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do 
objeto, é impossível consumar-se o crime.
Súmula 145 STF: Não há crime, quando a preparação do 
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
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autos demonstram, de forma inequívoca, a absoluta ausência de 
autoria na prática do delito em exame.
Isso porque, a própria vítima, quando indagado pelo Juiz se o 
Apelante havia participado do crime, não só negou, como afirmou 
que a primeira vez que esteve com o Recorrente foi na Sessão em 
que ocorreram as prisões, mas que jamais chegou a ter qualquer 
conversa com ele, em relação a este ou a qualquer outro assunto. 
E, respondendo a uma pergunta feita pela Defesa respondeu não 
ter como afirmar que o Apelante estivesse envolvido no crime de 
corrupção praticado pelos demais réus. 
Assim, não havendo prova de autoria do crime de corrupção 
passiva por parte do Recorrente, exclui-se qualquer possibilidade 
de condenação neste caso, pelo que o Sr. José Percival da Silva 
deve ser absolvido nos termos do art. 386, inc. IV, CPP. Requer-se, 
portanto, seja reformada a decisão de primeira instância.
IV– NO MÉRITO, ALTERNATIVAMENTE: ERRO NA APLICAÇÃO DA 
PENA - APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL
Em caso de improvável manutenção da condenação do 
Recorrente a dosimetria da pena deve ser reformulada. Isso 
porque, todas as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do 
Código Penal são absolutamente favoráveis ao Acusado, que é 
primário com bons antecedentes.
Desta forma, o ilustre Magistrado de primeira instância condenou 
o ora Recorrente a uma pena de 02 anos e 06 meses de reclusão, 
ou seja, acima do mínimo legal, sem haver fundamento fático e 
jurídico para decretação de uma pena tão elevada.
Assim, comprovado que o Recorrente atende a todos os requisitos 
dos arts. 59 do CP, a pena aplicada deve ser reformulada, de modo 
a se fixar a pena base no mínimo legal, isto é, 02 anos de reclusão. 
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V. DOS PEDIDOS 
Por todo o exposto, requer seja dado provimento ao presente 
recurso de modo que o Réu seja absolvido por atipicidade da 
conduta, ou, alternativamente, por estar provado não ter ele 
concorrido para a infração penal. A fundamentação e a base legal 
para os pedidos se encontram nos itens II e III desta peça.
Ainda no mérito, requer seja reformulada a pena aplicada ao 
Recorrente, de modo a se fixar a pena base no mínimo legal, isto é, 
02 anos de reclusão. A fundamentação e a base legal para o pedido 
se encontram no item IV desta peça.
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
(LOCAL), 12 de novembro de 2018.
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[NOME COMPLETO DO ADVOGADO]
[OAB]
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Perguntas:
1- Como diferenciar as hipóteses de cabimento do Recurso em 
Sentido Estrito e do Recurso do Apelação? 
2- O prazo para ambos os recursos é o mesmo?
3- Há mais alguma diferença entre as duas espécies recursais?
4- Para quem eles devem ser endereçados? 
Resolução comentada
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