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A prescrição e a decadência no Brasil: semelhanças e diferenças

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www.conteudojuridico.com.br
Artigos
Sexta, 09 de Janeiro de 2015 04h45
APHONSO VINICIUS GARBIN: Acadêmico de Direito, estagiário do Ministério Público de Santa
Catarina. Já estagiou  junto ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina e escritório de advocacia
Ávila Trindade.
A prescrição e a decadência no Brasil: semelhanças e diferenças
Resumo:  O  presente  trabalho  tem  como  objetivo  o  estudo  das  semelhanças  e
diferenças  entre  os  institutos  da  prescrição  e  decadência,  iniciando­se  com  a  análise  de
cada  tipo  para  posterior  apreciação  das  igualdades  e  distinções.  Ao  fim,  constata­se  a
importância  do  conhecimento  de  cada  instituto  em  suas  igualdades  e  diferenças  para
prática profissional.
Sumário  :Introdução;  1 O  que  é  prescrição;  2 O  que  é  decadência;  3  Semelhanças
entre  prescrição  e  decadência;  4  Diferenças  entre  prescrição  e  decadência;  5.
Considerações finais; 6. Referência das fontes citadas.
Introdução
Em que pese os  institutos da prescrição e da decadência serem confundidos com
frequência,  ao  passo  que  ambos  trabalham  com  o  “lapso  temporal”  e  a  “inércia  do  seu
titular”,  cada  qual  possui  sua  peculiaridade  e  causa  de  ser,  existindo  grandes  diferenças
entre os dois. 
A  importância  para  o  estudo  das  semelhanças  e  diferenças  da  prescrição  e  da
decadência  é  o  norte  para  aquele  que  vai  alega­las  em  juízo,  pois  o  operador  do  direito
poderá dizimar uma lide com apenas a suscitação dos referidos institutos. 
Contudo,  antes  de  apontar  quais  são  as  semelhanças  e  diferenças  da  prescrição  e
decadência,  é  imperioso  que  se  tenha  ciência  do  que  é  cada  um,  para  posteriormente
diferenciá­los em suas especificidades.
1. O que é prescrição
Em primeiro plano, insta consignar que o instituto da prescrição, no direito brasileiro,
se subdivide em duas subespécies, que são a prescrição aquisitiva e a prescrição extintiva,
ambas  possuindo  finalidades  diversas  uma  da  outra,  mas  ligadas  pelo  fator  “decurso
temporal”. 
A prescrição aquisitiva, que está prevista na Parte Especial (Direito das Coisas) do
Código Civil brasileiro (CC),  incide na aquisição de um direito real pelo decurso do tempo,
em favor do possuidor com ânimo de dono, o qual exerce faculdades referentes aos direitos
reais  sobre  coisas  moveis  e  imóveis,  dentro  do  interregno  de  tempo  constante  na  lei.
 Contudo,  tal prescrição não será objeto deste estudo, na medida em que ela confere um
direito ao possuidor, ao passo que a prescrição extintiva, conduz perda de um direito ao seu
titular. 
Prevista  no  art.  189  e  seguintes  do CC,  a prescrição extintiva,  aplicada  a  todo  o
direito e constante na parte geral do CC, leva à perda de um direito de ação pelo seu titular,
em virtude da sua inércia em não exerce­lo dentro do interregno previsto em lei[1].
Havendo  a  violação  de  um  direito  subjetivo,  tal  situação  dá  ao  titular  o  poder  de
ingressar,  em  juízo,  por  intermédio  da  ação  competente,  requerendo  fazer  valer  a  norma
legal  ou  contratual  maculada,  além  da  reparação  pelo  dano  sofrido  em  razão  da
transgressão,  isso dentro  do  interregno previsto  em  lei  (art.  205 e 206 do CC)[2]. Para o
ingresso da ação, o seu titular terá um prazo que se inicia no momento em que este sofreu
a violação do seu direito. Não ingressando com o reclamo dentro do interregno previsto em
lei, sua negligência ensejará uma sanção adveniente, que é a prescrição extintiva[3], que
será tratada apenas por prescrição.  
A prescrição é atinente à ação em sentido material e não ao direito subjetivo de seu
titular, não o extinguindo[4], portanto, o que se torna invalido não é o direito, que pode ficar
inativo  no  patrimônio  por  tempo  indeterminado, mas  sim  o meio  pelo  qual  o  defende  em
juízo quando violado[5].
Os requisitos da prescrição são: 1. A existência de uma ação apta ao exercício; 2. a
inércia  do  seu  titular  em  não  exercitá­la;  3.  o  transcurso  dessa  inércia  no  tempo;  4.
inocorrência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do prazo prescricional[6].
Em que pese se tratar de regra geral, o fato de toda ação ser prescritível aceita exceções,
não sendo alcançadas aquelas demandas atinentes aos direitos a personalidade, como a
vida,  a  honra,  o  nome,  a  liberdade,  e  a  nacionalidade,  além  daquelas  concernentes  ao
estado  de  família,  como  a  separação  judicial  e  investigação  de  paternidade[7],  e
declaratórias em geral.
O  instituto  da  prescrição  surgiu  visando  a  ordem  pública,  para  proporcionar
segurança às relações  jurídicas, ao passo que estas seriam afetadas ante a possibilidade
de se mover uma ação por prazo indeterminado[8]. Há tempos se debate na doutrina se a
prescrição  extingue  somente  o  direito  de  ação  ou  o  direito  do  titular  em  si[9],  contudo,  o
posicionamento predominante atinente à primeira hipótese, razão pela qual se conclui que,
de fato, o possuidor do direito não o perde em virtude da prescrição, mas sim o seu poder
de demandá­lo em juízo.
2. O que é decadência
Prevista  no  art.  207  e  seguintes  do  CC,  a  decadência,  também  conhecida  como
caducidade ou prazo extintivo, no campo jurídico, é a queda ou perecimento de um direito
no decurso do tempo fixado para exercê­lo, em virtude da inércia do seu titular[10].
A decadência tem como seu objeto o direito que se encontra pendente a condição
de seu exercício em certo lapso temporal, em virtude da vontade humana de uma ou ambas
as  partes,  ou  por  força  de  lei[11].  Ao  contrário  daquilo  que  se  aplica  ao  instituto  da
prescrição, no campo da decadência, o que se extingue é o direito e, consequentemente, a
ação[12].
Tal instituto pode ser suscitado por intermédio de ação, hipótese na qual o titular do
direito ignora o decurso do prazo e exercita o direito, razão pela qual o interessado pleiteará
a  declaração  da  decadência;  também  é  passível  de  ser  alegada  por  exceção,  quando  o
titular  exercita  seu  direito  demandando  uma  ação,  e  o  interessado  requererá  a
decadência[13].
O  prazo  extintivo  decadencial  inicia­se  a  partir  do  momento  em  que  o  direito
nasce[14]. O efeito da decadência é a extinção do direito ante a  inércia do seu  titular em
não exercê­lo em tempo, por esse motivo, indiretamente, a decadência extingue também a
ação  correspondente  ao  reclamo  de  tal  direito  em  juízo.  Sendo  o  direito  extinto  pela
decadência,  este  torna  inoperante,  não  podendo  ser  alegado  ou  invocado  em  juízo,  nem
mesmo por exceção, sendo, portanto, absoluta[15].
A  decadência  corre  para  todos,  até  mesmo  para  aquelas  pessoas  das  quais  a
prescrição não corre,  salvo a hipótese do art.  198,  inciso  I,  do CC, pois não corre contra
absolutamente  incapazes  (art.  208  do  CC),  e  a  prevista  no  art.  26,  §  2?,  da  Lei  n?.
8.078/90[16].
Sendo a decadência matéria de ordem pública, quando prevista por  lei, o magistrado
pode  reconhecê­la  de  ofício  (art.  210  do  CC),  contudo,  quando  convencionada  entre  as
partes, não é cabível seu reconhecido sem provocação.
3. Semelhanças entre prescrição e decadência
Em que pese sempre confundidos, as igualdades verificadas em tais institutos não
são  tão cristalinas e numerosas quanto as suas diferenças, de pronta  resposta, podemos
dizer  como  igualdade  que  ambos  possuem  uma  relação  próxima  com  o  “prazo”  e  a
“negligencia”, e só.
Tais institutos tem como base a inércia do titular de direito durante um interregno de
tempo[17]. Sendo assim, podemos dizer que ambos  trabalham com o exercício do direito
dentro  do  tempo,  ao  passo  quea  negligência  de  seu  titular  lhe  acarretará  na  perda  do
reclamo.
4. Diferenças entre prescrição e decadência
Na contramão das semelhanças, as diferenças entre prescrição e decadência são
numerosas.
A  primeira  diferença  entre  ambos  os  institutos  é  que  a  prescrição  é  a  perda  da
pretensão, pelo seu não exercício dentro do prazo fixado, atingindo indiretamente o direito,
ao  passo  que  a  decadência  é  a  perda  do  direito  pelo  não  exercício  dentro  o  interregno
fixado, acarretando na perda do direito de ação[18].
Outra diferença é que os prazos decadenciais podem ser estabelecidos em  lei ou
pela vontade unilateral ou bilateral das partes, ao passo que o prazo prescricional é fixado
em lei para o ingresso em juízo da pretensão, não podendo ser alterado por acordo[19].
A prescrição requer uma ação distinta da do direito, ou seja, uma ação em sentido
material,  para  posterior  surgimento  do  direito.  Quanto  à  decadência,  o  direito  e  a  ação
possuem a mesma origem, sendo simultâneo o nascimento de ambos[20].
Uma importante diferença é que a prescrição é passível de interrupção, suspensão
e  impedimento  por  motivos  expressões  em  lei,  já  a  decadência  corre  contra  todos,  não
admitindo tais hipóteses, exceto nos casos do art. 198, I, do CC, e do art. 26, § 2?, da Lei n.
8.078/90, somente sendo obstada pelo exercício do direito ou da ação[21].
A  decadência  fixada  por  força  de  lei  pode  ser  reconhecida  de  ofício  pelo
magistrado,  ao  passo  que  aquela  firmada  entre  as  partes  não  é  de  sua  apreciação  ex
officio,  somente mediante  provocação;  quanto  a  prescrição,  pode  ser  decretada  de  ofício
pelo julgador[22].
A renúncia pelas partes, no caso da decadência, quando fixada em lei, é incabível
em qualquer momento, nem antes e nem depois de consumada, já quando convencionada
entre as partes,  é  suscetível  revogação;  quanto à prescrição,  após  consumada, pode ser
renunciada pelo seu prescribente[23].
Por fim, como sétima distinção entre ambos institutos, assinala­se que somente as
ações (sem sentido material) condenatórias sofrem os efeitos da prescrição, de outro norte,
a  decadência  atinge  direito  potestativos  que  deve  ser  executado  mediante  ação
constitutiva[24].
5. Considerações finais
Como  visto,  apesar  de  ambos  os  institutos  trabalharem  como  o  “prazo”e  a
“negligencia do titular”, tais possuem poucas semelhanças diante de numerosas diferenças,
que são hábeis a fazer entender a função da cada instituto.
O  conhecimento  da  prescrição  e  da  decadência,  cada  qual  com  suas
especialidades,  pelo  operador  jurídico,  trás  a  este  a  capacidade  de  suscita­las  de  forma
correta, levando ao almejado sucesso quando da sua alegação.
É também um importante meio de segurança ao negócio  jurídico, quando passível de
ser previsto na contratualidade.
6. Referência das fontes citadas
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
Notas:
[1] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 572/573.
[2] DINIZ, Maria Helena. Curso  de  direito  civil  brasileiro,  volume 1:  teoria  geral  do  direito
civil. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 436.
[3] DINIZ, Maria Helena. Curso  de  direito  civil  brasileiro,  volume 1:  teoria  geral  do  direito
civil, p. 436.
[4] DINIZ, Maria Helena. Curso  de  direito  civil  brasileiro,  volume 1:  teoria  geral  do  direito
civil, p. 436.
[5] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 575.
[6] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 575.
[7] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 576.
[8] DINIZ, Maria Helena. Curso  de  direito  civil  brasileiro,  volume 1:  teoria  geral  do  direito
civil, p. 437.
[9] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 574.
[10] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 578.
[11] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 460/461.
[12] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 579.
[13] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 461.
[14] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 13, p. 579.
[15] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 463.
[16] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p.463.
[17] VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral, p. 578.
[18] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 468.
[19] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 468.
[20] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 468/469.
[21] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 469.
[22] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 469.
[23] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p. 469.
[24] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 1:  teoria geral do direito
civil, p.469.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em
periódico eletrônico deve ser  citado da seguinte  forma: GARBIN, Aphonso Vinicius. A prescrição e a decadência no
Brasil:  semelhanças  e  diferenças.  Conteúdo  Jurídico,  Brasília­DF:  09  jan.  2015.  Disponível  em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.52007>. Acesso em: 24 jun. 2015.

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