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Autor: Prof. Ricardo Calasans Profa. Elaine de Araújo Colaboradora: Profa. Laura Cristina da Cruz Domiciano Hierarquia das Proteções e Gestão de Mudanças Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Professores conteudistas: Ricardo Calasans/Elaine de Araújo © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C143i Calasans, Ricardo. Hierarquia das Proteções e Gestão de Mudanças. / Ricardo Calasans, Elaine de Araújo. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 60 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2-058/15, ISSN 1517-9230. 1. Gestão de mudanças. 2. Sistema de gestão. 3. Segurança e saúde no trabalho. I.Título. CDU 331.823 Ricardo Calasans Professor-adjunto dos cursos de Engenharia, Arquitetura e Biomedicina da UNIP – Universidade Paulista. Coordenador-Geral do curso de Tecnologia de Segurança do Trabalho, coordenador do curso de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da UNIP e Coordenador-Geral do curso técnico de Segurança do Trabalho – Pronatec da UNIP. Diretor da Associação Brasileira dos Profissionais de Medicina e Segurança do Trabalho e Meio Ambiente – Abraphiset – desde 1997, coordenando o Congresso Brasileiro de Segurança e Medicina no Trabalho, Cobrasemt, entre outros. Formado em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep (1994). Pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e em TI pela UNIP (1996). Bacharel em Direito (2008) e Médico Veterinário pela UNIP (2014). Mestre em Engenharia de Produção pela UNIP (2000). Atualmente, é líder das disciplinas de Gestão Laboratorial e Controle de Qualidade dos curso de Biomedicina, de Ergonomia e de Engenharia Civil. Também ministra a disciplina de Prevenção de Riscos na pós-graduação de Engenharia de Segurança do Trabalho, bem como da elaboração dos conteúdos e participa da gravação dos vídeos da UNIP Interativa e de seu material didático-pedagógico. Elaine de Araújo Possui mestrado em Administração de Empresas. É pós-graduada em Formação para Docência de Ensino Superior a Distância (EaD) e também possui MBA em Gestão Empresarial. Há mais de 10 anos atua como docente e ainda trabalha com auditoria, consultorias e treinamentos in company. Atualmente, é docente da Universidade Paulista – UNIP dos cursos presenciais e a distância, em que também faz parte do Núcleo Docente Estruturante (NDE). Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Juliana Mendes Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Sumário Hierarquia das Proteções e Gestão de Mudanças APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – SGSST ............................... 11 1.1 NR-09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA ..................................... 15 2 NBR 18801 ......................................................................................................................................................... 26 3 ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE GESTÃO ............................................................................................. 28 4 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL ...................................................................................................................... 30 Unidade II 5 PLANEJAMENTO DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO .......................................................... 35 5.1 Gerenciamento de riscos ................................................................................................................... 36 6 GESTÃO DE MUDANÇAS ............................................................................................................................... 42 7 PREVENÇÃO ÀS EMERGÊNCIAS ................................................................................................................ 45 8 ANÁLISE CRÍTICA ............................................................................................................................................. 48 7 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 APRESENTAÇÃO A partir da leitura deste material, você será capaz de compreender toda a extensão que envolve a norma NR 9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais para prevenção de doenças e distúrbios decorrentes da exposição ocupacional às Vibrações em Mãos e Braços (VMB) e às Vibrações de Corpo Inteiro (VCI). No âmbito do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, você conhecerá a NBR 18801/10, que especifica requisitos para um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho, a fim de permitir que determinada organização desenvolva e execute uma política e os objetivos que levam em conta os requisitos legais e as informações sobre os riscos aos trabalhadores. Pretende-se, ainda, que esta norma seja aplicável a todos os tipos e dimensões de empresas e que considere as diversas circunstâncias geográficas, culturais e sociais. Figura 1 – Conscientização sobre acidentes Para auxiliar no seu aprendizado, atente para os destaques visuais deste material que lhe trarão Observações e Lembretes importantes, e indicarão fontes externas que o orientarão no aprofundamento de sua pesquisa e no conhecimento sobre os temas tratados aqui. Bons estudos! INTRODUÇÃO A atividade prevencionista é composta por uma série de conhecimentos e ações que, atuando de forma conjunta, buscam, em sua essência, garantir ambientes seguros e de qualidade para os ofícios neles desenvolvidos. Dessa forma, conforme a segurança do trabalho vai sendo desenvolvida e aperfeiçoada para cada realidade de trabalho, ela se torna mais complexa, na medida em que há procedimentos e protocolos de segurança a serem seguidos. 8 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Figura 2 – Lançamento do Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho Em 2012, o Ministro Interino do Trabalho, Paulo Roberto Pinto, diz que a área de construção civil não é a que mais preocupa, mas merece atenção especialem razão do grande crescimento do setor. A Segurança do Trabalho depende de uma série de elementos, como ações, posturas, procedimentos, cultura prevencionista, atendimento à legislação etc., e isso tudo resulta em programas que serão implantados pela empresa. Estes programas terão de dialogar entre si, uma vez que cada um deles é apenas uma parte das atividades prevencionistas da empresa. Para isso, é fundamental se ter uma boa gestão de todas essas atividades. Estudaremos nesta obra que há muitos programas que compõem um sistema prevencionista e, entre eles, temos os obrigatórios, que são apresentados nas NRs, como o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, (PCMSO), NR 7, e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, (PPRA), NR 9. Como vimos, os programas interagem e devem se complementar. Conforme os riscos existentes nas atividades desenvolvidas pela organização em questão, outros programas farão parte desse todo, como o Programa de Prevenção de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PPPA), o Programa de Prevenção de Perda Auditiva, (PCA), o Programa de Conservação Auditiva, sendo sempre o foco básico de proteger o trabalhador da Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) uma das principais causa de ações junto à Previdência e também na Justiça do Trabalho. Como todos os assuntos relacionados à Segurança do Trabalho, esses são programas multidisciplinares e envolvem diversos especialistas. Pretendem cumprir com requisitos legais de ações de prevenção, bem como de ações proativas na busca de ambientes mais seguros e salubres. De acordo com a a realidade e possibilidade técnica, financeira e profissional de cada empresa e conforme seu ramo de atuação no mercado, novos programas vão sendo adotados. Outro exemplo que merece destaque é o Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), que é voltado à indústria da construção, sendo estruturado de forma que considere os riscos de acidentes e de doenças do trabalho e as respectivas medidas de prevenção a serem adotadas/implementadas, seguindo um cronograma com ações educativas, sempre em prol da segurança do trabalhador. 9 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Observação Ao se analisar as Normas Regulamentadoras, será possível entender que o conjunto delas se torna um modelo de sistema de SST que a empresa desenvolverá respeitando suas características e sua realidade. Algumas dessas normas são comuns a todas as empresas, oferecendo assim uma estrutura mínima a ser adotada, e outras são mais específicas, aplicando-se apenas a determinadas atividades ou situações, mas que vem somar nesse sistema de SST. Dessa forma, uma organização que busca cumprir todas as determinações das NRs acabarão por criar seus sistemas de SST, mesmo sem perceber. O que irá comprovar a eficácia de todos os programas que forem adotados pela organização serão, sem dúvida, os resultados encontrados no PCMSO, uma vez que o controle médico visa, em sua essência, comprovar que as medidas adotadas para o controle dos riscos identificados pelos diversos programas adotados pela organização realmente estão tendo os resultados esperados, mantendo o trabalhador livre de doenças ocupacionais e protegido de acidentes do trabalho. De forma geral, essas medidas de controle se tornam necessárias para eliminar os riscos ocupacionais ou, quando não for possível dissipá-los, minimizá-los ao máximo, buscando oferecer ao trabalhador a melhor condição possível para que ele possa executar suas atividades de forma segura. Após a devida avaliação, caso se conclua que é inviável tecnicamente a adoção de medidas de proteção coletiva para a atividade analisada, ou se entenda que elas não são suficientes, como também nos casos em que vierem a complementar as medidas existentes, em situações emergenciais, ou ainda quando estas se encontrarem em fase de análise, projeto, planejamento ou em processo de implantação, serão adotadas outras medidas. É evidente que deverão respeitar uma hierarquia: medidas de caráter administrativo e/ou de organização do trabalho serão as prioritárias; em seguida, será cogitado o uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e Individual (EPI). Figura 3 – Aviso para prevenção de acidentes 10 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Neste livro-texto, compreenderemos que, em resumo, é preciso nortear-se com as seguintes medidas, na ordem proposta: 1) Buscar eliminar o risco na fonte. 2) Quando não for possível eliminá-lo, buscar minimizá-lo tanto quanto possível, buscando mantê-lo sob controle e dentro de limites aceitáveis (a NR 15 e seus anexos apresentam os limites de tolerância para diversos riscos). 3) Se mesmo assim as medidas adotadas não forem suficientes para um ambiente salubre e seguro, e as medidas coletivas não forem suficientes, então será preciso adotar os EPIs adequados aos riscos existentes para a proteção do trabalhador. Quando se fala no uso de EPI, destacamos que ele deve ser indicado por um profissional capacitado em avaliar o risco para definir qual é o mais apropriado. Deve, ainda, ser fornecido ao trabalhador de forma gratuita, em perfeitas condições de uso. Outro fator que não se deve esquecer é o binômio da segurança, em que temos o direito do saber versus o dever de informar, ou seja, todo trabalhador tem o direito de saber os riscos a que estará exposto, e o empregador tem o dever de informá-los. Somente assim, conscientes dos possíveis riscos, os trabalhadores poderão assumir postura segura na execução das suas atividades. Figura 4 – Construção civil é um dos líderes no ranking de acidentes de trabalho Nesta disciplina, ainda apresentaremos uma estrutura de sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho e seu principal programa: o PPRA. Quando desenvolvido por profissionais capacitados e experientes de forma adequada, será possível criar uma cultura prevencionista entre todos os níveis hierárquicos da empresa, envolvendo todos os trabalhadores nas questões de segurança do trabalho e levando-os a conscientizar-se dessas questões. 11 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Unidade I 1 SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – SGSST Um grande desafio para as organizações é administrar tudo o que está relacionado à Segurança e Saúde no Trabalho (SST), cumprir as obrigações legais e ainda possuir uma política de segurança do trabalho realmente implantada, com uma cultura de prevenção e ações proativas. Isso é ainda mais complicado para as instituições de menor porte, pois geralmente não possuem um profissional de SST. Figura 5 – Apresentação do relatório sobre trabalho forçado feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) Quando determinada empresa busca avaliar seu desempenho em SST, comumente contrata serviços de auditorias para obter um diagnóstico preciso sobre seu status de prevenção. Na maioria das vezes, esses documentos servem mais como uma radiografia para a empresa compreender a situação em que se encontram os aspectos de SST. Contudo, para muitas organizações, o resultado deste trabalho não direciona suas ações efetivas para solucionar os problemas destacados e fragilidades na sua estrutura para as questões de SST. Na prática, a dificuldade para as organizações não é apenas em implantar um efetivo sistema de gestão para cumprir os requisitos legais. A tarefa de estabelecer uma real política de SST na empresa também é árdua. Propiciar uma cultura prevencionista adequada à sua realidade e obter significativa redução de acidentes e doenças do trabalho em todas as atividades desenvolvidas não é, definitivamente,algo simples. Para desenvolver tais atividades, é preciso cobrar dos fornecedores a adoção das medidas legais, para garantir, por exemplo, que não ocorra o consumo de matérias-primas ou de outros produtos de fontes duvidosas, pois isso pode causar impactos ao meio ambiente e à sociedade, inclusive, com o uso de mão de obra infantil. 12 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I Figura 6 – Trabalho infantil perigoso A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou relatório sobre o trabalho infantil perigoso. Os dados mostram que há no mundo 115 milhões de crianças nesse tipo de atividade. Conhecendo essa real dificuldade das instituições nacionais, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a NBR 18801. Seu primeiro projeto circulou em consulta nacional, conforme Edital nº 1, de 4.1.2010 a 4.3.2010, com o número 109:000.01-001. Seu segundo projeto circulou em consulta nacional, conforme Edital nº 7, de 15.7.2010 a 13.8.2010, com o número 109:000.01-001. Essa norma é baseada em um conjunto de normas, dentre elas a NBR ISO 9001, a NBR ISO 14001 e em especial a Occupational Health and Safety Management Systems (OHSAS) 18001:2007. Ela já foi homologada pela ABNT, porém, após incisiva pressão empresarial, a decisão foi alterada. O órgão ainda está discutindo se a medida deve ou não entrar em vigor. Deixando as questões políticas de lado, essa norma oferece considerável auxílio para as questões de SST, uma vez que o modelo de gestão é essencial para que qualquer empresa possa administrar sua situação de SST. Apesar de se ter todas as NR como referência, bem como formas de controle que destacam valiosos indicadores para as questões administrativas de SST, ainda falta às organizações a gestão e planejamento para os assuntos pertinentes à SST. Não há dúvida de que isso se torna uma das causas principais para os altos índices de acidentes do trabalho no país, o que deve ser preocupação de todos. Para as empresas de pequeno e médio porte, que costumam não ter em seu quadro de funcionários um profissional de SST, a obrigação legal de contratação se dá pelo Quadro II da NR 4 – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), em que temos o grau de risco da atividade da empresa e o número de funcionários que determinam o dimensionamento do SESMT. 13 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Tabela 1 – Dimensionamento do SESMT Grau de risco Nº de empregados no estabelecimento Técnicos 50 a 100 101 a 250 251 a 500 501 a 1000 1001 a 2000 2001 a 3500 3501 a 5000 Acima de 5000 para cada grupo de 4000 ou fração acima de 2000** 1 Técnico seg. trabalho Engenheiro seg. trabalho Aux. enferm. do trabalho Enfermeiro do trabalho Médico do trabalho 1 1 1* 1 1* 1 1* 2 1 1 1* 1 1 1* 1 1* 2 Técnico seg. trabalho Engenheiro seg. trabalho Aux. enferm. do trabalho Enfermeiro do trabalho Médico do trabalho 1 1 1* 1 1* 2 1 1 1 5 1 1 1 1 1 1* 1 1 3 Técnico seg. trabalho Engenheiro seg. trabalho Aux. enferm. do trabalho Enfermeiro do trabalho Médico do trabalho 1 2 3 1* 1* 4 1 1 1 6 1 2 1 8 2 1 1 2 3 1 1 1 4 Técnico seg. trabalho Engenheiro seg. trabalho Aux. enferm. do trabalho Enfermeiro do trabalho Médico do trabalho 1 2 1* 1* 3 1* 1* 4 1 1 1 5 1 1 1 8 2 2 2 10 3 1 1 3 3 1 1 1 (*) Tempo parcial (mínimo de três horas). (**) O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em consideração o dimensionamento de faixas de 3501 a 5000 mais o dimensionamento do(s) grupos(s) de 4000 ou fração acima de 2000. OBS.: Hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e estabelecimentos similares com mais de quinhentos empregados deverão contratar um enfermeiro em tempo integral. Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego. Saiba mais Para se compreender melhor a estrutura e as atribuições do SESMT, recomenda-se a leitura da NR 4, observando quais as atribuições delegadas a estes profissionais. Acesse: <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816 A4AC03DE1014AEED6AD8230DC/NR-04%20(atualizada%202014)%20II. pdf>. Acesso em: 31 jan. 2015. Apesar de o modelo do SESMT ter contribuído muito para a redução de acidentes de trabalho no Brasil, na prática, a maioria das organizações está sem obrigação de contratar profissionais de SST e, assim, fica sem a orientação adequada de como administrar tudo o que diz respeito à SST em suas atividades. 14 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I Por essa razão, a NBR 18801 oferece um referencial para que qualquer empresa, independentemente do seu porte e da sua estrutura, possa implantar um sistema eficiente de gestão em SST. O sucesso de qualquer ação de SST em uma instituição depende diretamente do compromisso de todos os níveis e funções de uma organização, principalmente, da sua estrutura maior, responsável pela administração estratégica, formada pela alta administração. Sem isso, qualquer ação adotada terá imensa dificuldade para obter êxito. O modelo apresentado pela NBR 18801 utiliza a estrutura aplicada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), em que temos uma estrutura composta por uma tríade: governo, empregador e empregado. Dessa forma, todos os principais elementos que devem estar envolvidos com os aspectos de SST participam do processo. Todo sistema é embasado em seis princípios fundamentais: a participação do trabalhador, o compromisso da alta direção da empresa, uma real cultura de prevenção, a capacitação específica em SST, envolvimento de todos os interessados e, por último, incidentes fora do trabalho. Com essa estrutura, cria-se uma cultura real de prevenção em SST na empresa, sem a qual não é possível implantar um real sistema de SST. • Prevenção e controle de riscos • Melhoria continua desempenho em SST• Participar em SST • Cumprir instruções Cultura de prevenção em SST Princípios • Fomentar políticas e programas de SST Governo Empregador Trabalhador Elementos • Implantar cultura prev. • Garantir ambiente saudável e seguro • Envolver trab. em SST Pa rt ic ip aç ão d o tr ab al ha do r Co m pr om is so d a al ta d ire çã o Cu ltu ra d e pr ev en çã o Ca pa ci ta çã o es pe cí fic a em S ST En vo lv im en to d os in te re ss ad os In ci de nt es fo ra d o tr ab al ho S G S S T F u n d a m e n t o s R e g r a s de trabalhoAmbiente Sistema Aberto Figura 7 – Modelo brasileiro de sistema de gestão de SST 15 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Esse modelo orienta qualquer organização para estabelecer um sistema de gestão de SST, independentemente do seu ramo de atuação e da sua realidade econômica, destacando que nosso país tem proporções continentais expressivas e apresenta as mais diversas realidades culturais. O Ministério do Trabalho e Emprego apresenta as Normas Regulamentadoras (NR) como aspectos técnicos que as empresas devem adotar e atender em relação às questões de fiscalizaçãoe cumprimento da lei. Contudo, como há organizações que não possuem profissionais especializados, essas diretrizes muitas vezes se tornam complexas. Para as questões de SST, temos atualmente a NR 9, que apresenta o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais como uma das estruturas principais da instituição. 1.1 NR‑09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é estabelecido pela NR9, que foi criada por meio da Portaria GM nº 3.214, de 8 de junho de 1978, e publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 6 de julho de 1978. Essa norma define a metodologia de ação destinada a garantir a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores perante os riscos existentes nos ambientes de trabalho. Para o cumprimento dessa norma, conforme a legislação brasileira de segurança do trabalho, são considerados como riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos. Estes representam fatores de riscos ocupacionais quando ao máximo de exposição do trabalhador, considerando os limites preestabelecidos. Observação Não basta proteger os trabalhadores contra riscos no seu local de trabalho, pois isso não constitui medida suficiente para garantir sua qualidade de vida e saúde. Portanto, as normas são fundamentais para mudar os índices de acidentes. O objetivo primordial é evitar acidentes que possam causar danos à saúde dos trabalhadores. Entretanto, existem metas intermediárias que asseguram a consecução do projeto final. O PPRA, como o próprio nome diz, é um programa que deve ser estruturado conforme a realidade técnica, cultural e econômica da empresa. Dentro de um sistema de gestão, ele se torna uma ferramenta importante para as questões de análise de riscos, ou seja, o levantamento da situação a que os trabalhadores estão expostos, os agentes de riscos na execução de suas atividades, um sistema de controle com medidas e procedimentos adotados para cada risco identificado, assim como resultados, com suas medições e avaliações. Esse programa almeja não somente evitar acidentes e/ou doenças do trabalho, mas também cumprir outros objetivos intermediários. São eles: 16 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I • criar mentalidade preventiva em trabalhadores e empresários; • reduzir ou eliminar improvisações e a “criatividade do jeitinho”; • promover a conscientização em relação a riscos e agentes existentes no ambiente de trabalho; • desenvolver uma metodologia de abordagem e análise das diferentes situações (presentes e futuras) do ambiente de trabalho; • treinar e educar trabalhadores para a utilização da metodologia. Em outras palavras, isso significa que praticamente toda atividade laboral em que haja vínculo empregatício está obrigada a implementar o programa: indústrias; fornecedores de serviços; hotéis; condomínios; drogarias; supermercados; hospitais; clubes; transportadoras; e magazines. As entidades que não cumprirem as exigências dessa norma estarão sujeitas a penalidades como multas e interdições. Todas as empresas são obrigadas a elaborar o seu PPRA, cada uma com suas características próprias. Devido à importância dessa norma, comentaremos seus principais artigos. Vejamos os dispositivos quanto à exigência da sua implantação: 9.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR 9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais (BRASIL, 1994). Esse item esclarece que, independentemente do porte e do ramo de atividade, todas as organizações que possuem empregados devem elaborar o seu PPRA, com o objetivo específico de preservar a saúde e a integridade dos seus trabalhadores. Tal diretriz também determina aspectos fundamentais para a elaboração do PPRA, como a antecipação de ações em relação aos riscos da(s) atividade(s) desenvolvida(s) na empresa e o reconhecimento desse perigo, o que exige conhecimentos mínimos sobre SST. Ainda estipula a questão da sua avaliação, que muitas vezes exige não só o conhecimento de SST, mas também instruções específicas para a correta avaliação do risco e, por fim, o controle sobre esses riscos, a fim de se conseguir um ambiente seguro e salubre para a execução das atividades laborais dos seus funcionários. 17 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Além disso, esse regulamento ressalta outro ponto muito importante: a questão ambiental. Atualmente, o planeta passa por mudanças importantes decorrentes da exploração dos recursos naturais e também pela contaminação resultante das atividades humanas, não só de extração, fabricação e manufatura, mas também das oriundas do consumo e do descarte de seus resíduos. Dessa forma, o PPRA deve se preocupar com o uso dos recursos de forma eficiente, com o controle dos seus processos e o gerenciamento dos seus resíduos para não só atender à legislação em vigor, mas ainda minimizar seus impactos no meio ambiente. Destaca-se outro item importante: 9.1.2 As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa, sob a responsabilidade do empregador, com a participação dos trabalhadores, sendo sua abrangência e profundidade dependentes das características dos riscos e das necessidades de controle (BRASIL, 1994). O item apresentado determina que o PPRA deve respeitar a realidade de cada empresa e, para tanto, precisa ser desenvolvido dentro da instituição para atender à sua realidade técnica, econômica e profissional. Um aspecto fundamental não só para este programa, mas para quaisquer outras ações de SST é a participação dos trabalhadores. Além de se obter o seu conhecimento diário da sua atividade, que contribui muito para a qualidade do programa, valoriza a sua inteligência e capacidade profissional. Assim, obtém-se uma melhor conscientização, por parte dos empregados, da importância do programa e de todas as ações de SST que a organização venha a adotar. Outro ponto crucial que a NR 9 apresenta é o item 9.1.3, que reforça o apresentado pela NBR 18801: 9.1.3 O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em especial com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO previsto na NR 7 (Idem). O PPRA não deve ser considerado como uma ação pontual, isolada, e sim como uma parte integrante de um conjunto, um sistema de SST, sistema este que a NBR 18801 ajuda a estruturar e orienta como fazê-lo. Nesta etapa do curso já está claro como todas as questões de SST são multiprofissionais e multidisciplinares e necessitam de trabalhos em conjunto de todos os departamentos e profissionais da empresa. Para obter resultados efetivos, é evidente que é preciso utilizar um sistema mais amplo de gestão da empresa. Outro programa que o item apresentado cita é o PCMSO, o qual anda em conjunto com o PPRA. Para que sua elaboração seja feita por um médico do trabalho, tal profissional deverá consultar diversas informações no PPRA. Por meio dos riscos que forem identificados e, quando for o caso, quantificados, 18 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rson - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I bem como das informações referentes à descrição das atividades exercidas na empresa, sua estrutura, substâncias utilizadas em sues processos etc., o médico do trabalho poderá determinar quais exames deverá solicitar aos empregados, para então verificar se os controles implantados pela organização estão realmente sendo eficientes na proteção do trabalhador. Conforme os resultados apresentados pelo PCMSO, será possível realizar mudanças nos controles e procedimentos adotados no PPRA da empresa, visando sempre melhorar todos os aspectos de seu SST. O item 9.1.4 explica que os requisitos apresentados pela norma são as exigências mínimas a serem adotadas pela empresa, mas que eles podem, por meio de negociação coletiva do trabalho, ser ampliados. Mais um item relevante é o 9.1.5, que define quais são os riscos ambientais considerados no PPRA. Para efeito do PPRA, consideram-se apenas os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho, e estes devem ser concebidos em função da sua real capacidade de causar danos à saúde do trabalhador, conforme a sua natureza, concentração ou intensidade e o tempo de exposição. Diferentemente da NR 5, quando se fala em mapa de riscos, além dos agentes físicos, químicos e biológicos, consideram-se na sua elaboração os agentes ergonômicos e acidente-tipo. Mais uma vez, destaca-se como é importante entender como todos os programas e ações de SST se complementam e interagem. Nos itens de 9.1.5.1 a 9.1.5.3 são apresentadas as definições dos agentes, e estas devem ser conhecidas por todos os profissionais de SST para que eles possam não apenas classificá-las corretamente, mas também saber o que identificar nos ambientes de trabalho como riscos a serem controlados. 9.1.5.1 – Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. 9.1.5.2 – Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. 9.1.5.3 – Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (BRASIL, 1994). Na NR 9 existe um anexo específico para avaliar efeitos da vibração sobre o trabalhador. Sabe-se que a vibração pode causar diversos danos ao indivíduo, como problemas em articulações, no sistema circulatório, no sistema nervoso, como também a perda auditiva pela condução óssea, pois a vibração estimulará o sistema auditivo mesmo quando o duto auditivo do trabalhador estiver protegido, seja com o uso de plugue de inserção, seja com o de concha. 19 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Saiba mais Assim, para obter conhecimentos importantes e compreender mais sobre esse agente de risco, acesse: <http://portal.mte.gov.br/data/files/ FF80808148EC2E5E014961B76D3533A2/NR-09%20(atualizada%20 2014)%20II.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2015. No item 9.2 e em seus subitens há a orientação sobre a estrutura que o PPRA deve atender, descrevendo o mínimo esperado na sua elaboração. Primeiro determina a sua validade, sendo um planejamento anual, o qual deve estabelecer metas e prioridades que a empresa se compromete a cumprir, conforme um cronograma que deve ser apresentado. Deve também conter uma estratégia e a metodologia de ação que será implementada. Lembre-se de que cada empresa, de acordo com seu porte, sua realidade e sua condição técnica, profissional e econômica apresentará o que realmente tem condições de assumir e cumprir. A instituição ainda precisa destacar como fará os registros dos dados e a sua manutenção. Seguindo a política da prevenção, o direito de saber versus o dever de informar, já conhecido por todos, a empresa é obrigada a divulgar os dados. É importante que realmente sejam apresentadas aos trabalhadores as informações sobre os riscos, para que se conscientizem e também atendam aos procedimentos determinados pela organização para a promoção da SST. O item 9.2 também determina a periodicidade da elaboração e avaliação do PPRA. Conforme previsto na NR 9, o PPRA tem validade de um ano. Ao término da sua validade, deve ser refeito. É possível que mesmo antes de expirar sejam necessárias alterações. Pode haver mudanças nos ambientes de trabalho, substituindo procedimentos e processos, ou ainda alguma alteração do ambiente que crie novas situações de risco. Esse quesito costuma ser uma falha constante na maioria das empresas, pela falta de conhecimento adequado da NR e da importância dessa questão. Vamos imaginar uma situação em que uma instituição, aproveitando as férias de fim de ano, decida parar sua produção e determine férias coletivas aos seus funcionários. Durante esse período, contrata uma equipe para fazer uma manutenção geral em toda a sua linha de produção. Quando o PPRA da empresa foi elaborado, levou em conta os riscos existentes com a empresa em operação, ou seja, com suas máquinas operando de forma normal e seus funcionários exercendo suas funções dentro da rotina de produção. Ao se efetuar uma atividade de manutenção sem o uso das máquinas, e ainda com uma nova equipe de funcionários executando suas atividades de revisão, os riscos são totalmente diferentes. Encontraremos profissionais realizando trabalhos em altura em locais em que outrora havia profissionais com equipamentos de solda oxiacetileno, sistemas de segurança sendo jampeados para possibilitar determinadas atividades de manutenção etc. Desta forma, torna-se fundamental uma nova análise de todos os riscos e a determinação de novos procedimentos de controle. 20 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I Conhecendo algumas diretrizes de planejamento e manutenção industrial, nota-se o quanto são necessárias as atividades conjuntas entre o planejamento de ações de manutenção e os procedimentos que serão adotados. Lembrete Algo fundamental nas empresas é assegurar a adequada sinalização do local ou do equipamento em manutenção para evitar que terceiros possam, inadvertidamente, adotar uma postura ou ação que se concretize em um acidente. Outro exemplo que se pode considerar é a aquisição de um novo equipamento na organização e que é diferente dos maquinários da instituição. Tal ferramenta exige outras habilidades de seu operador, executa processos distintos ou de forma diferente dos materiais já existentes. Pode, ainda, utilizar outras substâncias, gerando outros riscos no ambiente, por isso necessitará de avaliação e atualização do PPRA, mesmo que o equipamento ainda não tenha completado um ano. Este item, 9.2.1.1, é passível de autuação por parte da fiscalização dos auditores fiscais do MTE, e este documento deve estar sempre disponível para o acesso pelas autoridades competentes. O envolvimento do trabalhador é tão importante nas ações de SST que a NR 9 também convida os membros da Cipa a participar de sua análise, fortalecendo assim todas as ações de SST que venham a ser discutidas e adotadas. Uma cópia do PPRA deverá ser anexada ao livro de atas da Cipa. Para o desenvolvimento desse programa, a NR 9 apresenta as etapas que devem ser reguladas na sua elaboração: • antecipação e reconhecimento dos riscos; • estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; • análise dos riscos e da exposição dos trabalhadores;• implantação de medidas de controle e cálculo de sua eficácia; • monitoramento da exposição aos riscos; • registro e divulgação dos dados. A norma diz que o PPRA poderá ser elaborado, implementado, acompanhado e avaliado pelo SESMT da empresa. Como já discutido, sabe-se que a maioria de empresas não possui SESMT. Neste caso, a norma determina que uma pessoa ou uma equipe, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto nesta NR. De uma forma geral, qualquer um poderia fazer o PPRA. Contudo, se houver medições a serem feitas, interpretações desses resultados, determinação de 21 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS dispositivos de segurança, individuais ou coletivos, o sujeito em questão deverá ter um mínimo de conhecimento e capacitação para elaborar corretamente este programa. Se houver laudos, estes só poderão ser criados por profissionais peritos e que respondam pela responsabilidade técnica do trabalho executado. Quanto à antecipação de riscos, esta deve envolver a análise de projetos de novas instalações com uma visão prevencionista. Ainda, buscando atender às NR já nessa fase, em que o custo se torna menor, e os resultados, melhores, abrangendo também os métodos ou processos de trabalho ou de modificação dos já existentes, visando à identificação dos riscos potenciais, não há dúvida de que os conhecimentos prevencionistas são de suma importância. A compreensão da relevância de este programa ser bem-elaborado para atingir resultados reais e consistentes em SST é fundamental. Dessa forma, justifica-se o destaque para que sua elaboração seja feita por profissionais capacitados. Baratear o serviço com empresas terceirizadas apenas para cumprir uma exigência legal está fora de questão. Para tal programa ser executado devidamente, é preciso que haja conscientização do empresário, pois isso resultará em ganho na sua eficiência, competitividade e na qualidade dos ambientes de trabalho, conferindo qualidade aos produtos e/ou serviços elaborados pela organização. Para o reconhecimento dos riscos ambientais, respeitando-se as medidas aplicáveis às atividades que a empresa desenvolve, a NR 9 determina que os seguintes itens devam ter destaque: • a sua identificação; • a determinação e a localização das possíveis fontes geradoras; • a classificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; • o reconhecimento das funções e a determinação do número de trabalhadores expostos; • a caracterização das atividades e do tipo da exposição; • a obtenção de dados existentes na empresa e indicativos de possíveis comprometimentos da saúde decorrentes do trabalho; • os prováveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; • a descrição das medidas de controle já existentes. 22 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I No caso de uma avaliação quantitativa, esta se torna necessária quando se precisa: • comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos identificados na etapa de reconhecimento; • dimensionar a exposição dos trabalhadores; • subsidiar o equacionamento das medidas de controle. Nesse questão geralmente se torna necessário o uso de equipamentos específicos, por exemplo, o decibelímetro, aplicado para se medir a pressão sonora a que o trabalhador está sujeito, e, dependendo do resultado, a realização de uma dosimetria para a análise da exposição ao longo de toda a jornada de trabalho. Neste caso, é preciso um profissional habilitado no uso dos equipamentos para se atender à norma, bem como equipamentos certificados e calibrados, e o laudo técnico elaborado pelo perito para interpretar tais resultados. Sempre que houver um laudo, tornar-se-á necessário o recolhimento da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Para tanto, o especialista deve estar devidamente registrado junto ao conselho. Após essa etapa, com os riscos devidamente identificados e quantificados, torna-se possível a análise técnica para se determinar as medidas de controle mais adequadas, priorizando sempre a busca pela eliminação dos riscos, quando possível, e, quando não o for, buscar minimizá-los ao máximo. Assim, a NR 9 estabelece o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde; Para se fazer a correta identificação, como já vimos, há a necessidade de conhecimentos específicos de segurança do trabalho. Aqui é preciso resgatar os conceitos apresentados na introdução à higiene e à segurança do trabalho, momento em que foram abordados os riscos e perigos. b) constatação, na fase de reconhecimento, de risco evidente à saúde; Para realizar a constatação correta e assim permitir a adoção de medidas de controle que visem garantir a preservação da saúde do trabalhador, é imprescindível um profissional capacitado. c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores excederem os valores dos limites previstos na NR 15 ou, na ausência destes, os valores-limite de exposição ocupacional adotados pela American Conference of Governmental Industrial Higyenists (ACGIH), ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; A NR 15 trata de atividades e operações insalubres, e nela se encontram os limites de tolerância aos agentes de risco que, se não ultrapassados, não causarão danos à saúde do trabalhador no exercício 23 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS de suas atividades cotidianas. Caso não haja referência ao agente nesta norma, aplicar-se-ão os limites da ASCGIH ou do que for estabelecido em acordo coletivo do trabalho. d) quando, por meio do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. Como o PCMSO é a comprovação da eficácia dos controles adotados, será este que vai alertar para a ineficácia desses dispositivos e, consequentemente, se houver dano à saúde do trabalhador. Quando antes for identificado que seu sistema de controle é ineficaz, mais depressa a empresa poderá intervir e melhorar seu controle, evitando que haja dano real à saúde do funcionário. O controle médico é importante, iniciando-se a partir do exame admissional e estendendo-se aos exames periódicos e aos demais previstos na NR 7. É interessante conhecer a estrutura desse programa e de todos os testes a que os funcionários devem ser submetidos, além de saber quais informações poderão ser utilizadas para se aperfeiçoar os procedimentos de segurança adotados pela empresa e também sua eficácia. Saiba mais Para ler na íntegra as informações sobre os pormenores do PCMSO, acesse: <http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080814295F16D0142E2E773847819/ NR-07%20(atualizada%202013).pdf>. Acesso em: 4 fev. 2015. Outro ponto relevante nesta obra é o item 9.3.5.2, que descreve a hierarquia para implantação de medidas de proteção coletiva: • medidas que eliminem ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde; • dispositivos que previnam a liberação ou a disseminação desses agentes prejudiciais à saúde e ao trabalho; • ferramentas que reduzam os níveis ou a concentração desses agentes no ambiente de trabalho. Esse item também prevê o treinamentodos trabalhadores para que eles possam estar conscientes e aptos a seguir os procedimentos que garantam a eficiência das proteções coletivas adotadas, bem como da abrangência dessas ferramentas, informando claramente suas limitações. Seguindo a hierarquia das medidas de proteção, quando os dispositivos coletivos forem inviáveis ou insuficientes para a completa proteção do trabalhador, ou quando tais mecanismos se encontrarem em fase estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas de proteção. Estas deverão acompanhar a seguinte hierarquia: 24 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I • ferramentas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; • utilização de equipamento de proteção individual (EPI). A adoção de EPI sempre deve considerar que ele depende de diversos fatores para cumprir com a devida proteção. Para tanto, deve-se cumprir a NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual e ainda atender ao item 9.3.5.5, que determina: a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do funcionário/usuário. Para determinar se um EPI e adequado e apropriado ao risco, isso deve ser aplicado por um perito em SST, pois são necessários conhecimentos específicos e capacitação técnica para cumpri-lo. b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece. De nada adiantará fornecer um EPI a um trabalhador se ele não for informado corretamente sobre seu uso e não conhecer suas características técnicas e suas limitações. c) estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas. Os procedimentos administrativos, que visam controlar a compra dos EPIs, sua distribuição para os trabalhadores, a forma adequada de guarda, a higienização, a conservação e a manutenção, devem estar em conformidade com as características e especificações do fabricante, para que o EPI esteja sempre em condições adequadas de uso e ofereça a proteção desejada. d) caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores, com a respectiva identificação do EPI utilizado para os riscos ambientais. O conhecimento correto das atividades executadas pelos trabalhadores é fundamental. Na prática, há discrepância na descrição do RH entre a função do empregado e o que ele realmente faz. Sem essa percepção, fica difícil conseguir estabelecer corretamente os riscos a que o funcionário está exposto e, por consequência, as devidas proteções. Outra questão relevante nesse programa é verificar a eficácia de todas as medidas adotadas. Existem diversas ferramentas para avaliação e controle de processos – principalmente, dispositivos de qualidade –, que podem e devem ser aplicadas para se verificar o grau de eficácia das medidas de proteção implantadas pela organização. 25 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Sem um sistema de avaliação, todo o processo fica comprometido, pois não é possível validar as medidas adotadas. Dessa forma, o PPRA deve estabelecer os critérios e mecanismos que serão aplicados, por exemplo, um controle da vida média dos EPIs utilizados, para então avaliar se a troca está sendo feita da maneira adequada, garantindo que tudo esteja sendo feito conforme a legislação. Todas essas medidas serão complementadas com o PCMSO, que, como apresentado, complementa todo o PPRA. A adoção de EPI deve seguir todas as orientações e exigências apresentadas na NR 6, e a ausência de algumas delas torna obsoleto o efeito legal do uso do EPI. Desta forma, torna-se fundamental para o profissional prevencionista saber e compreender adequadamente esta norma. Outra questão de destaque na avaliação dos agentes de risco é a determinação do nível de ação. A NR 9 estabelece que o nível de ação é o que será avaliado: [...] como o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição (BRASIL, 1994). Dessa forma, quando se atinge um valor indicado durante a jornada de trabalho, mesmo dentro do limite de tolerância de exposição, a empresa deve adotar medidas de proteção preventivas para maior segurança dos funcionários. Também precisa incluir ferramentas de monitoramento periódico da exposição, como citado, com o uso de um dosímetro para avaliar o nível de ruído durante a jornada de trabalho. Fundamental, ainda, é divulgar as informações aos trabalhadores e submetê-los à avaliação auditiva. Sempre temos um conjunto de programas interagindo para se garantir os resultados esperados com as medidas aplicadas. Isoladamente, não se pode ter garantia de sucesso em nenhuma ferramenta adotada. Nas questões em que a exposição do trabalhador seja superior ao ponto de ação, a NR 9 determina: a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados de acordo com a alínea “c” do subitem 9.3.5.1; b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR 15, anexo I, item 6. Por conseguinte, adotando tais medidas, almeja-se ter maior controle sobre o ambiente de trabalho e assim garantir a segurança e a saúde do funcionário ao longo da sua jornada de trabalho. Dessa maneira, o monitoramento da exposição é fundamental para que se possa afiançar a eficácia de todas as medidas adotadas. Então, tal controle deve ser feito de forma sistemática e repetitiva a um 26 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I dado risco, objetivando a modificação das medidas de controle quando for identificada a necessidade de melhorá-las. Todos os registros de dados de SST da instituição devem ser bem-organizados, a fim de se obter um banco de dados e ter um histórico técnico e administrativo do seu programa de prevenção de riscos ambientais. Tais informações devem ser guardadas pela empresa por um período mínimo de 20 (vinte) anos, estando sempre disponíveis para consulta por parte dos trabalhadores, seus representantes legais ou para as autoridades competentes. Como as demais NRs, essa descreve as responsabilidades de todos, sendo a do empregador a de estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do seu PPRA, tornando a SST parte integrante da cultura da empresa. Em relação ao empregado, ele deve: I – colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; II – seguir as orientações recebidas nos treinamentos oferecidos dentro do PPRA; III – informar ao seu superior hierárquico direto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar risco à saúde dos trabalhadores (BRASIL, 1994). A troca de informação e de ações entre empresa e empregados é fundamental para se obter resultados realmente positivos em relação à SST, uma vez que são os funcionários que estão executando as tarefas em ambientes de risco que a empresa deverá manter sob controle. A organização tem o dever de garantir condições seguras para os funcionários desenvolverem suas atividades. Quando houver várias empresas realizando atividades no mesmo local simultaneamente, estas precisarão compartilhar suas informações e executar ações conjuntas para as medidas de segurança que estiverem recomendadas em seu PPRA,a fim de oferecer proteção a todos os trabalhadores expostos aos riscos ambientais. 2 NBR 18801 A ABNT é o foro nacional de normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (ABNT/CB), dos Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e das Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), que são formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). A ABNT NBR 18801 foi elaborada pela CEE de Segurança e Saúde Ocupacional (ABNT/CEE-109). O seu primeiro projeto circulou em consulta nacional, conforme Edital nº 1, de 4.1.2010 a 4.3.2010, com o número de projeto 109:0.01-001. O seu segundo projeto circulou em consulta nacional, conforme Edital nº 7, de 15.7.2010 a 13.8.2010, com o número de segundo projeto 109:0.01-001. 27 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Segundo a ABNT (2010), as organizações têm se empenhado cada vez mais para oferecer ambientes e condições de trabalho com qualidade e atender às condições de SST. Sabem quão importante é obter melhor controle sobre os riscos existentes nos seus ambientes de trabalho e desenvolver melhores políticas de SST. Ultimamente, as empresas entenderam que, com objetivos mais consistentes, não atentando apenas a aspectos legais, mas visando criar uma cultura prevencionista em seu ambiente laboral, com medidas indutoras de boas práticas de SST, os resultados foram consideráveis. Lembrete As normas da ABNT devem ser adquiridas pela empresa. As normas que não são oferecidas nas Delegacias Regionais do Trabalho (DRT) não podem ser alvo de fiscalização por parte de seus auditores fiscais. Contudo, não se justifica a empresa não adotar tais medidas sabendo que elas fortalecem e melhoram seu controle de SST. A referida norma é aplicável a qualquer organização que pretenda: a) estabelecer um sistema de gestão de SST, para eliminar ou minimizar os riscos para os trabalhadores e outras partes interessadas que possam estar expostos aos riscos de SST associados às suas respectivas atividades; b) implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão de SST; c) certificar-se da conformidade com a sua política de SST; d) demonstrar a conformidade com esta norma por meio de: • autoavaliação e autodeclaração, ou confirmação da sua conformidade pelas partes interessadas na organização, como clientes, ou • confirmação da respectiva autodeclaração por entidade externa à organização, ou • certificação/registro do respectivo sistema de gestão de SST por uma entidade externa. Os requisitos desta norma destinam-se a qualquer sistema de gestão de SST. A extensão da aplicação depende de fatores como a política de SST da organização, a natureza das suas atividades e dos riscos e a complexidade das suas operações. Esta norma pretende dirigir-se à SST, e não a outras áreas, tais como programas de promoção de saúde e bem-estar do trabalhador, segurança do produto, danos ao patrimônio ou impactos ambientais. 28 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I Com a intenção de auxiliar as organizações no desenvolvimento e na implantação de um sistema de gestão de SST, esta norma vem apresentar os requisitos para que as empresas possam criar um sistema eficaz e que possa ser integrado com outros requisitos de gestão e auxiliar as organizações a alcançar objetivos de SST e econômicos. A NB 18801 se apresenta como uma ferramenta de apoio para as instituições atingirem esse objetivo e não se destina a ser usada para criar barreiras ou entraves comerciais, bem como não se consagra a ampliar ou alterar as obrigações legais as quais uma organização está sujeita a cumprir. Essa norma foi baseada em uma ferramenta já bem disseminada no mercado e reconhecida mundialmente nos sistemas de controle de qualidade, denominada como gestão do tipo PDCA, na qual temos o P (Plan), ou seja, planejar (metas, objetivos, métodos, procedimentos e padrões), o D (Do), que é executar (pôr em prática as tarefas planejadas), o C (Check), responsável pela verificação (avalia os resultados das tarefas desenvolvidas) e, por fim, o A (Act), agir (corrigindo o que não estiver de acordo ou num processo de melhoria contínua). Consequentemente, criou-se o modelo Peva no mesmo molde do PDCA, mas respeitando a língua pátria, sendo P de Planejar, E de Executar, V de Verificar e A de Agir. Assim, a cada aplicação desse ciclo, a empresa nunca retorna ao ponto inicial, mas sim a um patamar superior de experiência e conhecimento, havendo um processo de melhoria contínua. 1 6 2 5 34 A C P D Localizar problemas e estabelecer metas Conduzir a execução do plano Verificar o atingimento da meta Tomar ação corretiva no insucesso Padronizar e treinar no sucesso Estabelecer planos de ação Figura 8 – Ciclo de gerenciamento 3 ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE GESTÃO Ao longo dos últimos anos, a legislação de SST vem sendo aprimorada, atualizada e se tornando mais exigente, fazendo que as organizações se preocupem cada vez mais em demonstrar seu empenho com as questões de SST. Desse modo, o cuidado com ambientes de trabalho melhores, em que se busque garantir melhor bem-estar ao trabalhador, tanto físico quanto mental e social, controlando fatores de risco e evitando danos nesses locais, torna-se cada dia uma realidade em mais empresas. Então, 29 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS a responsabilidade pelo gerenciamento das ações de segurança do trabalho cabe a cada empresa. Essa atividade deve ser feita de forma organizada, e a utilização de um sistema específico facilita atingir os resultados esperados. Deve-se entender que, ao se falar de sistema de gestão, não estamos nos referindo apenas a uma série de regras para controlar as funções da instituição, mas sim a elementos essenciais para que possa otimizar seu desempenho. Primeiro, a organização deve definir a sua política de segurança, política esta que precisa contemplar questões relativas a estrutura operacional, planejamento, responsabilidades, disponibilidade de recursos, processos e procedimentos etc. Todas essas questões são dinâmicas, ou seja, os recursos da empresa se alteram ao longo do tempo, assim como a disponibilidade de seus recursos e sua realidade econômica. Tais oscilações ocorrem devido a fatores internos e externos, portanto os elementos que compõem o sistema de gestão também devem ser dinâmicos e se adaptar às mudanças e à disponibilidade desses recursos. Dessa maneira, um sistema de gestão em SST deve ter a capacidade de reação e adaptação às mudanças, bem como a de agir preventivamente. Para tal, torna-se necessário que este sistema tenha a faculdade de identificar riscos de acidentes e doenças ocupacionais de poder controlar tais ocorrências, como também de medir as condições de trabalho para se monitorar os resultados. Qualquer que seja o sistema de gestão, alguns elementos são básicos, como o planejamento, a execução, a verificação e a ação, como destacado nos elementos que compõem o PEVA. Como estudamos, os ambientes de trabalho são dinâmicos, e é por isso que os elementos do sistema de saúde e segurança no trabalho possuem um processo contínuo de revisão e avaliação. Só assim para atingir um processo de melhoria contínua, pois, a cada volta do ciclo, não se retorna ao mesmo ponto, mas a um patamar superior, adquirindo-se mais experiência e cultura e abrangendomais informações, ou seja, aperfeiçoando o sistema constantemente. Melhoria contínua V (verificar) E (executar) A (agir) Política SST P (planejamento) Figura 9 – Sistema de melhoria contínua – PEVA (PDCA) 30 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I 4 DIAGNÓSTICO SITUACIONAL Quando se fala em diagnóstico, busca-se obter informações suficientes para se compreender uma situação atual e então tomar algum tipo de decisão. Quanto mais minuciosa for a descrição da situação, do acontecimento ou da circunstância, melhor será o entendimento do que realmente está acontecendo, e isso permitirá uma melhor tomada de decisão. Para as questões de SST, o diagnóstico situacional (DS) é fundamental. Dessa forma, será possível compreender a real situação em que a empresa se encontra em determinada questão e, a partir daí, iniciar qualquer outra ação. Tal diagnóstico deve ser claro, descrevendo as ações já implantadas pela organização. Essa análise parte dos requisitos técnicos e legais para iniciar esta avaliação. Ao se fazer a análise da situação de SST na empresa, passa-se a identificar os pontos falhos ou deficiências que a organização possui em relação aos critérios que serão adotados pelo SGSST. Assim, após toda a investigação das ações existentes, aliada à investigação de todos os resultados deste levantamento, será possível estabelecer as prioridades e, a partir disso, elaborar o cronograma de ações e desenvolver um planejamento eficiente. A importância de se fazer um bom DS é exatamente conseguir uma “radiografia” da situação de SST na empresa, classificando por gravidade as falhas ou fraquezas identificadas. Evidente que conhecimentos técnicos de análise de riscos são essenciais. Essa análise não deve se ater apenas à questão documental, que muitas vezes se encontra bem-estruturada, e esquecer-se da realidade na linha de produção. Dessa forma, deve-se comprovar o que se encontra registrado, verificando se os funcionários realmente têm conhecimento dos procedimentos de segurança, se os controles que porventura são adotados na empresa realmente funcionam e são respeitados, se há o comprometimento dos trabalhadores, chefias, gerências etc. Então, após a análise inicial, poder-se-á verificar a eficácia das ações já tomadas e adotadas pela empresa. Não se deve confundir o DS com um sistema de auditorias, que poderá ser implantado como uma ferramenta administrativa e de controle, pois o DS deve apresentar em seus resultados não apenas as deficiências, mas também os pontos fortes no sistema de SST da empresa, oportunidades de melhoria, orientação adequada e a conduta a ser adotada na instituição para se atingir as recomendações que foram feitas. As análises feitas ao longo do DS abrangem a forma pela qual a empresa desenvolve a segurança do trabalho em suas atividades e a real cultura implantada, avaliando desde as regras por ela determinada até aquelas aplicadas em seus processos. Para tal ação, os procedimentos de segurança existentes na empresa devem ser observados, assim como as regras operacionais existentes e quaisquer outros procedimentos e processos formais em relação à SST. Um fator relevante nessa análise é avaliar a preocupação e o comportamento dos funcionários, em todas as suas esferas administrativas, no que tange às questões de segurança do trabalho. Como destacado, a atenção da alta administração é fundamental para que se tenha, de forma séria e profissional, atitudes e posturas adequadas nas questões de SST. 31 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS Sem dúvida, um dos principais fatores para o sucesso da SST nas empresas é a seriedade de seus funcionários em relação às questões pertinentes. Ter boa liderança em orientar e conduzir os funcionários a comportamentos e condutas seguras é fundamental para se atingir resultados ideais de SST. Nesse DS, não pode apenas haver preocupação com as questões de prevenção de acidentes, mas é preciso fazer uma análise mais ampla, que busque também o controle total de perdas ocasionadas pelos riscos existentes. Uma das etapas mais importantes no DS é a de determinar indicadores de desempenho para poder avaliar o desenvolvimento em cada fase. Considerando que se esteja buscando analisar o atendimento legal da empresa, os documentos oficiais serão utilizados. No caso de se realizar uma verificação quanto à existência de ferramenta de gestão, o indicador em questão será o objetivo da própria ferramenta, identificando assim sua eficiência. Já a eficácia, que trata de resultados, será avaliada em um momento posterior, fazendo que o processo seja mais dinâmico. Outro ponto de contribuição por um DS benfeito é a identificação de desvios acidentais das partes do planejamento, e não apenas do sistema de modo geral. O DS analisa as circunstâncias de implantação de uma determinada ação ou ferramenta de prevenção, e não simplesmente uma investigação de acidente. Como resultado disso, podem-se corrigir os desvios que foram identificados no sistema. Os resultados obtidos com o DS, no que tange à informação, inicialmente, devem ser divulgados aos gestores, depois às chefias e gerências e, em seguida, aos empregados. Para os últimos, será possível utilizar diálogos de segurança. Os profissionais destacados para fazer o DS devem ter conhecimento e experiência e, preferencialmente, não atuar no setor e/ou departamento, a fim de evitar vícios e assim realizar uma análise mais crítica e precisa. A cultura sobre a legislação aplicável no setor em análise é fundamental, pois a questão do atendimento aos requisitos legais vai proporcionar a obtenção dos requisitos passíveis de cumprimento. Resumo Nesta unidade, destacamos o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais NR9, o qual dispõe sobre a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que possam ocorrer no ambiente de trabalho bem como de consideração à proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. A importância de se ter um sistema de gestão de SST levou a ABNT a desenvolver a norma NBR18801, também abordada nesta unidade. Após 32 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I questões políticas, foi cancelada meses depois de ter sido promulgada. Apesar disso, o trabalho desenvolvido por uma equipe miltiprofissional com representantes de empresas de todo o Brasil permitiu que essa medida oferecesse um modelo e orientação a empresas que pretendem instalar um SGSST com sucesso. Também observamos neste livro-texto a estrutura mínima sugerida. Contudo, destacamos que, conforme a realidade de cada empresa e de seus recursos, adapta-se este modelo a fim de permitir o melhor desempenho e resultados em SST. Um dos pontos mais relevantes no início desta obra é o Diagnóstico Situacional – DS, que permite fazer o levantamento de toda a real situação de SST da empresa, ponte essencial para se iniciar os trabalhos e se desenvolver um bom planejamento para SST. Exercícios Questão 1 (CESGRANRIO 2014). A NR-9 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridadedos trabalhadores, por meio de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. No contexto dessa norma, consideram-se como riscos ambientais os agentes físicos, A) Químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua concentração ou intensidade, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. B) Químicos, biológicos e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua concentração ou intensidade, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. C) Químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. D) Químicos, biológicos e ergonômicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. 33 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 HIERARQUIA DAS PROTEÇÕES E GESTÃO DE MUDANÇAS E) Químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: faltou mencionar que, de acordo com a NR-9, devem-se considerar os agentes em função também de sua natureza e do tempo de exposição, o que torna a alternativa incompleta. B) Alternativa incorreta. Justificativa: nessa alternativa o agente ergonômico não se inclui na norma, além de não se mencionar a natureza e o tempo de exposição. C) Alternativa correta. Justificativa: essa alternativa especifica perfeitamente a NR-9: há químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. D) Alternativa incorreta. Justificativa: os agentes ergonômicos não entram nessa norma. E) Alternativa incorreta. Justificativa: os agentes ergonômicos e de acidentes não se incluem nessa norma. Questão 2 (CETRO/2012, TJ-RJ). Sobre a implantação do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), analise as afirmativas a seguir: I – Sempre que vários empregadores realizarem simultaneamente atividades no mesmo local de trabalho eles terão o dever de executar ações integradas para aplicar as medidas previstas no PPRA, visando à proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ambientais gerados. II – O conhecimento e a percepção que os trabalhadores têm do processo de trabalho e dos riscos ambientais presentes, incluindo os dados consignados no mapa de riscos, deverão ser considerados para fins de planejamento e execução do PPRA apenas na fase inicial do programa. 34 Re vi sã o: V ito r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 7/ 02 /1 5 Unidade I III – O empregador deverá garantir que, na ocorrência de riscos ambientais nos locais de trabalho que coloquem em situação de grave e iminente risco um ou mais trabalhadores, estes possam interromper de imediato as suas atividades, comunicando o fato ao superior hierárquico direto para as devidas providências. É(são) correta(s) a(s) afirmativa(s): a) I, apenas. b) II e III, apenas. c) III, apenas. d) I e III, apenas. e) Todas as afirmativas estão corretas. Resolução desta questão na plataforma.
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