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Dermatologia Pediátrica

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DERMATOLOGIA PEDIÁTRICA 
FISIOLOGIA
A pele é o maior órgão do corpo humano e também o mais sujeito a sofrer alterações, pois está em constante exposição ao meio ambiente, funcionando como uma barreira física protetora; portanto manter sua integridade, é fundamental para desempenhar as funções essenciais para a vida que são:
Promover impermeabilização e barreira contra infecções e outras agressões externas
Proteger os órgãos internos
c)Auxiliar na termorregulação
d)Detectar estímulos sensoriais
e) Armazenar gordura e secretar água e eletrólitos
f) Absorver a radiação ultravioleta e sintetizar Vitamina D.
PERÍODO NEONATAL
Durante toda a infância, em especial no Recém-nascido e lactente, a pele é fina e delicada.
Todas as camadas da pele do recém-nascido (epiderme-derme –hipoderme).
Tem espessura diminuída com aparência mais fina e menos corneificada e no RN prematuro a epiderme é acentuadamente mais fina do que no RN a termo.
A função barreira da pele é executada basicamente pelo extrato córneo. No rn a termo essa função está totalmente desenvolvida, porém no primeiro mês de vida, a função barreira é menos efetiva porque a camada córnea é mais fina e mais hidratada neste período.
No RN prematuro (especialmente antes da 34 semana) há diminuição da função barreira devido a imaturidade anatômica da epiderme e do extrato córneo. Desenvolvimento normal da função barreira ocorre no final da 2ª ou 3ªsemana pós nascimento.
O pH cutâneo é neutro ao nascimento e se torna ácido por volta da 2 à 4 semana após o nascimento. Portanto é essencial usar sabonetes apropriados para manter o pH ácido da pele.
Ao nascimento a pele é estéril, mas ao final da 1 semana de vida, já está colonizada por bactérias não patogênicas (stafilococos coagulase negativos, streptococos e micrococos).
A presença dessa flora não patogênica é considerada a melhor defesa do corpo humano contra a infecção. Por isso a grande importância do contato pele a pele do RN com a mãe logo ao nascimento, tanto no parto vaginal quanto no parto cesariana, para ser feito colonização da pele do RN com a flora da pele materna e não com a flora médica ou do hospital.
INFÂNCIA:
Na superfície cutânea existe uma película lipoproteica, que atua como um creme, formando uma barreira protetora. 
Essa película comporta uma fração hidrossolúvel e uma fração lipossolúvel. 
A fração hidrossolúvel tem como constituintes principais os ácidos aminos e tem como função principal a constituição do manto ácido da pele e a manutenção do pH cutâneo (4,5-7).
A fração lipossolúvel é composta 60% de glicerídeos e ácidos graxos, sendo o restante representado quase unicamente, pelo esqualeno, as ceras esterificadas e ésteres dos esteróis. 
Durante os anos correspondentes à infância, a pele adquiri progressivamente as características estruturais e funcionais da pele do adulto.
ADOLESCÊNCIA:
A puberdade influi de maneira significativa na estrutura e funções da pele.
Após a puberdade, ocorre uma modificação do sebo e frequentemente há aparecimento de comedões na face e tronco e posteriormente, acne.
O desenvolvimento piloso nas axilas e púbis de ambos os sexos e, nos meninos, também a barba e bigode inicia-se com a hipersecreção sebácea.
EXAME DERMATOLÓGICO:
O diagnóstico clínico das afecções da pele é um processo sistemático que requer:
INSPEÇÃO
AVALIAÇÃO CUIDADOSA
BOM CONHECIMENTO DE 
MORFOLOGIA E TERMINOLOGIA DERMATOLÓGICA
Além de exame meticuloso de toda a pele, história adequada deve ser obtida e exame físico geral completo deve ser realizado. Sempre que possível, a suspeita clínica deve ser confirmada por exames laboratoriais apropriados.
ANAMNESE:
Deve ser dirigida, com perguntas diretas e objetivas:
Início: Súbito ou gradual?
Tempo de aparecimento.
Tipo de lesão inicial (aspecto da lesão primária) determina se a lesão primária é fundamental para o diagnóstico em dermatologia.
Mudança de aspecto da lesão (muitas vezes a lesão presente não é a mesma do início do quadro dermatológico atual).
Progressão do quadro dermatológico- evolução das lesões (melhora, piora, surtos, sazonalidade).
Sintomas associados (prurido, ardor, dor, aumento de sensibilidade ou outros sintomas).
Fatores precipitantes ou agravantes (cosméticos, sabões ou produtos novos)
Uso de medicação tópica ou sistêmica– medicação sistêmica pode ser a causa da dermatose (farmacodermia)
Procedência do paciente—O conhecimento de endemias pode ser importante para a determinação da origem da lesão dermatológica.
Condição social paciente: Ambientes superlotados favorecem patologias como impetigos, escabiose, pediculose.
Considerar sempre presença de doença sistêmica: Afecções internas podem cursar com erupções cutâneas. Ex:Colestase hepática gravídica dá prurido em pele intenso e cursa com aumento de transaminases hepáticas e sais biliares.
Tratamentos precedentes e atuais.
ANTECEDENTES PESSOAIS:
Na avaliação de neonatos com afecções dermatológicas, é importante a história do período neonatal:
idade da mãe
número de gestações
uso materno de drogas, álcool, tabagismo
ocorrência de dificuldades no parto e /ou hipóxia fetal
história de infecção materna ou paterna 
(herpes simples, sífilis, aids, hepatite).
História pregressa de doenças de pele
História pregressa de doenças sistêmicas
Vacinações
ANTECEDENTES FAMILIARES:
Anomalias congênitas
Doenças hereditárias 
Consanguinidade
Dermatoses similares
Outras dermatoses, neoplasias e outras doenças importantes
EXAME FÍSICO GERAL:
EXAME FÍSICO DERMATOLÓGICO:
Toda superfície cutânea deve ser examinada, com iluminação adequada. 
A localização das lesões pode ser útil na determinação do diagnóstico porque muitas dermatoses possuem predileção por determinadas regiões anatômicas.
SEQUÊNCIA EXAME DERMATOLÓGICO:
INSPEÇÃO: sempre em ambiente bem iluminado e depois, se necessário com lupa.
PALPAÇÃO: por meio do pinçamento digital, para analisar espessura e a consistência das lesões.
COMPRESSÃO: Para confirmar a presença de edema e dermografismo.
DIGITOPRESSÃO OU VITROPRESSÃO: Para diferenciar o eritema da púrpura, reconhecer lesões granulomatosas e nevo anêmico.
ELEMENTOS ANALISADOS NO EXAME DERMATOLÓGICO
COLORAÇÃO:
PALIDEZ: Atenuação ou desaparecimento da coloração rósea da pele.
ERITROSE (VERMELHIDÃO):Exagero da coloração rósea da pele (aum. Sangue na rede vascular cutânea).
CIANOSE. Cor azulada da pele. Pode ser central (lábios, mucosa oral e língua) e periférica (leito ungueal e pele).
ICTERÍCIA: Cor amarelada de pele, mucosas e escleróticas decorrente de acúmulo de bilirrubina no sangue.
HIDRATAÇÃO DA PELE: Pode estar –normal /seca /hiper hidratada 
TEXTURA: Pode estar normal /fina / espessa /lisa /áspera 
ESPESSURA: Pode estar normal /atrófica /hipertrófica
TEMPERATURA: Avaliada bilateralmente com o dorso dos dedos
ELASTICIDADE E TURGOR: Vendo a velocidade com a prega volta ao normal
SENSIBILIDADE: Analisar a tátil (chumaço de algodão), térmica(tubo de ensaio frio e quente) e dolorosa ( agulha).
PESQUISA DE LESÕES ELEMENTARES (PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS).
LESÕES PRIMÁRIAS
São as lesões mais representativas da doença, e não necessariamente as lesões iniciais. O reconhecimento da lesão primária é essencial para o DX das afecções cutâneas.
Podem ser planas (MÁCULAS), salientes (PÁPULAS, NÓDULOS , TUMORAÇÃO) ou de conteúdo líquido (VESÍCULAS, BOLHAS, PÚSTULAS).
LESÕES SECUNDÁRIAS:
São alterações evolutivas que ocorrem no curso das dermatoses
ALTERAÇÕES DE COR:
MÁCULA: Alteração circunscrita na cor da pele, sem relevo. 
ERITEMA: Mancha vermelha decorrente de vasodilatação (desaparece à vitropressão)
EXANTEMA: É mácula eritematosa disseminada na pele e de evolução aguda. 
Há dois tipos: Morbiliforme ou Rubeoliforme onde entre as máculas existem áreas de pele normais e Exantema Escarlatiniforme, sem áreas de pele normais.
ENANTEMA:É exantema nas mucosas
CIANOSE: Eritema arroxeado, por congestão passiva ou venosa com diminuição da temperatura.
RUBOR: Eritema vermelho por congestão venosa ou arterial,com aumento de temperatura
ERITRODERMIA: Eritema generalizado crônico e persistente, acompanhado de descamação
PÚRPURA: Ocorre por extravasamento de hemácias na derme, não desaparecendo à vitro ou digito pressão. Podem ser de três tipos:
PETÉQUIAS: Lesão purpúrica de até 1 cm
EQUIMOSES: Lesão purpúrica demais de 1 cm
VÍBICES: Púrpuras lineares ou lesões atróficas lineares
PIGMENTAR:
MÁCULAS LEUCODÉRMICAS: São manchas brancas decorrentes de diminuição ou ausência de melanina.
MÁCULAS HIPERPIGMENTARES OU HIPERCROMICAS: Ocorrem por aumento da melanina ou de outros pigmentos (hemossiderina, bilirrubina, caroteno).
ELEVAÇÕES EDEMATOSAS:
URTICA: Elevação da pele de cor vermelho ou branco-rósea de tamanhos variáveis de duração efêmera e com muito prurido.
FORMAÇÕES SÓLIDAS:
PÁPULA: Elevação sólida, palpável e circunscrita da SUPERFÍCIE da pele com menos de 0,5 cm de diâmetro. 
PLACA: Área elevada da pele com vários centímetros de diâmetro, formado pela coalescência de várias pápulas.
TUBÉRCULO: Elevação sólida e circunscrita de localização DÉRMICA com mais de 0,5 cm de diâmetro.
NÓDULO: Elevação sólida de localização HIPODÉRMICA, com até 3 cm de diâmetro
GOMA: Nódulo ou nodosidade que sofreu liquefação na porção central, podendo ulcerar e eliminar material necrótico.
VEGETAÇÃO: Lesão sólida, exofítica, pedunculada ou com aspecto de couve flor, facilmente sangrante, consequente à papilomatose.
VERRUCOSIDADE: Lesão dura, sólida, elevada, de cor amarelada, consequente à hiperqueratose.
COLEÇÕES LÍQUIDAS
VESÍCULA: Lesão elevada, circunscrita, de conteúdo líquido claro de até 0,5 cm de diâmetro.
BOLHA: Elevação preenchida por líquido claro com mais de 0,5 cm de diâmetro.
PÚSTULA: Elevação com até 0,5 cm de diâmetro contendo líquido purulento em seu interior.
ABSCESSO: Coleção purulenta, proeminente, circunscrita, com mais de 0,5 cm de diâmetro, localizada em região DERMO, HIPODERMICA OU SUBCUTÂNEA.
ALTERACÕES DA ESPESSURA:
CERATOSE: Aumento da espessura da pele que se torna inelástica, de superfície áspera e de cor amarelada.
Liquenificação: Espessamento da pele com acentuação do sulco e da cor normal da pele , dando um aspecto quadriculado à pele.
EDEMA: Aumento da espessura da pele, depressível, devido à presença de plasma na derme ou na hipoderme.
INFILTRAÇÃO: Aumento da espessura e consistência da pele com limites imprecisos, tornando menos evidente os sulcos normais.
ESCLEROSE: Alteração da espessura da pele, que se torna coriácea e empregável quando pinçada com os dedos.
ATROFIA: Diminuição da espessura da pele, que se torna adelgaçada e pregueável.
PERDAS E REPARAÇÕES TECIDUAIS:
ESCAMAS: Lâminas furfuráceas ou micáceas que se desprendem da superfície cutânea decorrente da ceratinização.
EROSÕES: Soluções de continuidade da pele, atingindo exclusivamente a epiderme.
CROSTA: Lesão formada por dessecação de líquidos orgânicos, podendo ser serosa, sanguínea ou purulenta.
ESCORIAÇÃO: Erosão de origem traumática.
ULCERAÇÃO: Perda da derme e/ou hipoderme deixando cicatriz após a cura.
FISSURA OU RAGÁDIA: Perda linear do epitélio superficial ou profunda.
ESCARA: Porção de tecido cutâneo atingido por necrose e mumificação sem dessecamento, com dimensões variáveis.
CICATRIZ: Lesão resultante da reparação de processos destrutivos da pele.

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