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ESTAGIO SUPERVISIONADO 2019/1 - Constitucional 1

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ROSANA – SP
O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL, através desta Promotoria de Justiça, com fulcro no que estabelece a Constituição Federal em seus artigos 127; 128, II; 129, II e III; a Lei 7347/85 em seus artigos 5º, I; 12, §§ 1º e 2º; e o Código de Processo Civil nos artigos 176; 177 e 300, vem perante esse juízo ingressar com 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
Em face do município de Rosana - SP, pessoa jurídica de direito público interno, a ser citada na pessoa do Prefeito Municipal, o senhor ..., brasileiro, estado civil..., profissão ..., com endereço ..., neste município, pelas seguintes razões de fato e de direito: 
I - DOS FATOS:
Chegou ao conhecimento desta Promotoria de Justiça, através de um grupo de mães, a falta de vagas nas Escolas de Educação Infantil deste município para a realização da matrícula. Foi-nos relatado ainda, que devido a necessidade de corte nos gastos da Administração Pública, o município fechou escolas e não providenciou a abertura de vagas suficientes para o atendimento da população. Ao grupo de mães, a Prefeitura alegou que, em razão da crise econômica, as crianças deveriam aguardar em casa até o início do próximo ano letivo.
Após tomarmos ciência dos fatos, procuramos o Prefeito Municipal e propusemos um plano de cumprimento da obrigação de criação das vagas necessárias, sendo que a ideia era ajustar a conduta ilegal da Administração Pública quanto ao comportamento previsto na Constituição. Contudo, o chefe do Executivo Municipal recusou o acordo e disse que não tinha dinheiro suficiente para isso em razão de estar finalizando a obra de um grandioso Estádio de Futebol.
Ora, deixar de atender um direito fundamental, insculpido em nossa Constituição Cidadã, para concluir obras de um estádio de futebol é um flagrante desrespeito às leis e aos princípios que regem esse país. Não é justo que sejam negligenciados direitos que permitirão uma existência plena, em troca de eventos esporádicos. Certamente o prejuízo será imenso para essas crianças, e pior, será sentido no momento mais importante de suas vidas: quando forem inseridas no mercado de trabalho em busca de seus próprios sustentos e autonomia, pois estarão sempre um passo atrás, devido ao descaso que sofreram por parte de quem deveria lhes prouver acesso à educação que é um direito fundamental e indisponível.
É inadmissível que em um país livre e democrático, que tem como um de seus fundamentos a Dignidade da Pessoa Humana, o direito à educação seja tolhido de crianças, muito pelo contrário, é dever do Estado/Município ser o garantidor desse direito
Eis as razões da presente ação.
II – DO DIREITO:
II.a Da tutela de Urgência
A tutela de urgência faz-se necessário para que a atuação do município seja ajustada de acordo com as regras e princípios constitucionais, de modo a não permitir que os danos a que estão sendo expostos os infantes deste município causem efeitos permanentes. Desse modo, valemo-nos da sapiência do art. 12, §§ 1º e 2º da Lei 7347/85, que assim diz: 
Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.
§ 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato.
§ 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
 
Corroborando com o dispositivo supra, o Código de Processo Civil, prudentemente, prevê a tutela de urgência como medida necessária em situações onde a probabilidade de dano é patente. Vejamos o constante em sua redação:
 “Art. 300:  A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Clarividente demonstrado nesta inicial, há todo um aparato de leis que tutelam o direito à educação – fundamental e indisponível −, de sorte que não é facultado, mas sim obrigatório ao poder público a obediência ao ordenamento jurídico e o consequente atendimento a esse direito. Assim, o fumus boni iuris que assiste o pedido é revelado de forma estreme de dúvidas.
Por conseguinte, a marcha inexorável do tempo há de trazer prejuízos irreparáveis aos destinatários do direito aqui defendido em caso do não atendimento do pleito. A educação é ferramenta essencial na busca de um futuro digno e de uma formação que permita ao homem o exercício pleno de suas faculdades, direitos e cidadania. O periculum in mora resta mais que demonstrado, é patente e indiscutível. Tendo como base o artigo 227, da CF:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Logo, a concessão da tutela de urgência é medida que se impõe!
II.b – Da legitimidade Ativa
Confiados a este órgão ministerial a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, bem como a defesa da ordem jurídica (art. 127, CF/88), com fulcro no texto constitucional fica demonstrada a legitimidade para a propositura da presente ação, conforme o que determina o texto constitucional:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
(...)
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
II.c – Da legitimidade Passiva
Em se tratando do direito fundamental e indisponível que esta propositura tem por objeto, no caso a educação infantil, o ente que tem por obrigação a prestação desse direito é o município, o que faz com que este figure, naturalmente, no polo passivo. A Constituição da República Federativa do Brasil, assim como o artigo 75, inciso III, do CPC/2015, traz em claramente em suas linhas essa obrigação, vejamos:
Constituição Federal/88
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios;  
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.  
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.  
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.  
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.
Código de Processo civil/2015 
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente:
III - o Município, por seu prefeitoou procurador;
II – d - Cabimento Da ACP
Insculpido nas linhas da nossa Constituição Cidadã, está o direito à educação e o dever do Estado em prover este direito em todas as suas etapas e ainda mais, proporcionando as condições necessárias para que os destinatários desse direito possam exercê-lo plenamente, sob pena de ser a autoridade competente responsabilizada por tal negligência. Nesse sentido, vejamos o que diz os artigos 208, I, IV, § 1º e 2º; e 211 § 2º da CF/88:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; 
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.
Não é necessário destacar qualquer trecho do dispositivo colacionado, visto que sua literalidade é suficiente para denotar a importância do direito aqui defendido, e do dever aqui postulado.
Ademais, a Lei 8.069/90, que dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, reforça que a educação se faz conditio sine qua non para o desenvolvimento pleno e a obtenção de preparo para o exercício da cidadania e qualificação profissional do indivíduo em formação. Vejamos o que a r. Lei traz em sua redação:
“Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.” 
No mesmo norte da Constituição Federal, o ECA reafirma o dever do Estado e sua responsabilidade quanto ao proporcionar – ou não – a educação e os meios necessários para que todos tenham acesso a ela. Assim, recorremos à inteligência de dispositivo constante no Estatuto da Criança e do Adolescente:
“Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;  
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela freqüência à escola.” 
III − DO PEDIDO:
A) requer a citação do Município de Rosana –SP, na pessoa do Excelentíssimo Prefeito municipal para que, no prazo legal, conteste a presente ação.
B) A concessão de tutela antecipada para que o município providencie todas as vagas necessárias para o atendimento da população no prazo de 30 dias, sob pena de aplicação de multa diária no valor mínimo de R$ 1000,00 (mil reais).
C) A produção de provas através de todos os meios admitidos em direito.
D) A condenação do Município de Rosana - SP à criação de vagas em número suficiente para o atendimento de toda a população local, sob pena de multa diária fixada no mínimo de R$ 1.000,00 (mil reais) ou, subsidiariamente, que sejam as pessoas preteridas indenizadas em mesmo valor mensal destinado ao pagamento de instituição privada de ensino fundamental, até que sejam providenciadas vagas no sistema público gratuito.
Rosana/SP, 00 de março de 2019.
__________________________
Luiz de Tal
Promotor de Justiça
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