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Descartes e a Filosofia Moderna - Livro- Texto - Unidade I

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Autora: Profa. Regina Rossetti
Colaboradores: Prof. Renato Bulcão
 Profa. Tânia Sandroni
Descartes e a 
Filosofia Moderna
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Professora conteudista: Regina Rossetti
Doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo, onde também fez seu estágio pós‑doutoral. Possui 
mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde também fez a graduação em Filosofia. 
Atualmente é docente do Programa de Pós‑Graduação em Comunicação da Universidade Municipal de São Caetano 
do Sul (USCS) e professora na Universidade Paulista (UNIP). Possui experiência na área de Comunicação com ênfase 
em Epistemologia, Filosofia e Teorias da Comunicação. Atua na investigação interdisciplinar entre comunicação e 
filosofia contemporânea, pesquisando os seguintes temas: comunicação e inovação, esfera pública e comunicação 
de interesse público.
Sua trajetória profissional inclui a atuação em cursos de Filosofia na Universidade São Judas e na Universidade 
Metodista de São Paulo (Umesp) ou em disciplinas de Filosofia em outros cursos na UNIP e PUC/SP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
R829d Rossetti, Regina
Descartes e a Filosofia Moderna. / Regina Rossetti. – São Paulo: 
Editora Sol, 2017.
140 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2‑069/17, ISSN 1517‑9230.
1. Racionalismo clássico. 2. Metafísica cartesiana. 3. Método 
cartesiano. I. Título.
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Rose Castilho
 Fabrícia Carpinelli
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Sumário
Descartes e a Filosofia Moderna
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 A FILOSOFIA MODERNA NO CONTEXTO DA HISTÓRIA DO PENSAMENTO OCIDENTAL ........ 11
1.1 Períodos da História da Filosofia: Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea .... 12
1.2 O ensino da história da Filosofia .................................................................................................... 16
2 PERÍODOS DA FILOSOFIA MODERNA: RENASCENTISTA, 
RACIONALISTA CLÁSSICO E ILUMINISTA ................................................................................................... 23
2.1 Filosofia renascentista: ruptura com o pensamento medieval ......................................... 23
2.2 Racionalismo clássico: Descartes ................................................................................................... 31
2.3 Iluminismo: filosofia das luzes ........................................................................................................ 34
3 RACIONALISMO MODERNO E O EMBATE COM OS EMPIRISTAS .................................................. 37
3.1 A origem da razão humana: debate entre inatistas e empiristas ..................................... 37
3.2 Soluções dos filósofos modernos para a questão da origem da razão .......................... 47
4 CRÍTICA AO RACIONALISMO E AO EMPIRISMO MODERNOS ........................................................ 57
4.1 Marx e a ideologia, Freud e o inconsciente ............................................................................... 57
4.2 Bergson e a intuição ........................................................................................................................... 60
4.3 Bachelard e a crítica ao empirismo .............................................................................................. 68
Unidade II
5 DESCARTES ........................................................................................................................................................ 81
5.1 Vida e obra .............................................................................................................................................. 82
5.2 Cinebiografia de Descartes ............................................................................................................... 84
6 A PSICOLOGIA E A METAFÍSICA DE DESCARTES ................................................................................. 86
6.1 A psicologia cartesiana ...................................................................................................................... 86
6.2 Metafísica cartesiana .......................................................................................................................... 91
6.3 Descartes no ensino de Filosofia .................................................................................................... 98
Unidade III
7 O MÉTODO CARTESIANO ............................................................................................................................104
7.1 A dúvida metódica .............................................................................................................................104
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7.2 Um método para o conhecimento da verdade ......................................................................107
7.3 Discurso do Método: segunda parte ..........................................................................................111
8 AS MEDITAÇÕES .............................................................................................................................................116
8.1 O cogito posto: dúvida radical, dúvida metafísica e existência em Descartes .........116
8.2 Meditação primeira e Meditação segunda ..............................................................................121
8.3 O cogito de Descartes no Ensino Básico ...................................................................................125
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APRESENTAÇÃO
Este é o livro‑texto da disciplina Descartes e a Filosofia Moderna. Ele servirá de apoio para seus 
estudos nessa disciplina e está organizado em três unidades.
Inicialmente, trataremos da Filosofia Moderna e iremos descrever o contexto da história do pensamento 
ocidental no qual ela está inserida. A História da Filosofia pode serdividida em quatro grandes períodos: 
Filosofia Antiga, Filosofia Medieval, Filosofia Moderna e Filosofia Contemporânea. Iremos abordar os três 
períodos dentro da Filosofia Moderna: Renascimento, Racionalismo clássico e o Iluminismo. Em seguida, 
discutiremos a origem da razão humana a partir do debate moderno entre inatistas e empiristas e 
apresentaremos algumas soluções de filósofos modernos para esta questão. Por fim, quanto ao racionalismo 
da Filosofia Moderna, são postas críticas de alguns pensadores contemporâneos.
Veremos a filosofia de Descartes, considerado o fundador da Filosofia Moderna, trazendo 
a biografia de Descartes e suas principais obras. Em seguida, serão vistas suas concepções de 
psicologia e de metafísica.
Depois, iremos adentrar dois textos fundamentais de Descartes, o Discurso do Método e As meditações, 
aprofundando e discutindo o pensamento do filósofo. Esse é um trecho mais analítico do material, que 
requer a leitura e a reflexão dos textos escritos por Descartes para a compreensão de seu pensamento.
Neste livro‑texto você encontrará vários textos de leitura cuidadosamente selecionados. Colocar 
textos de autores diferentes sobre um mesmo tema propicia ao leitor uma visão múltipla de um 
pensamento, desenvolvendo o seu senso crítico. Filosofia se aprende lendo e refletindo sobre o que se 
leu. Então, é fundamental que você faça todas as leituras recomendadas aqui.
Mas a filosofia não é feita somente de conceitos. As imagens são importantes para despertar a 
reflexão filosófica. Neste livro‑texto, você encontrará várias imagens. Elas não são aleatórias, pois trazem 
significados relacionados ao conteúdo que está sendo exposto. Reflita sobre cada imagem e descubra 
seus significados múltiplos. Cada ilustração serve de inspiração para a sua reflexão pessoal.
INTRODUÇÃO
Você está agora lendo estas páginas. Mas você realmente está aí lendo ou está deitado em sua cama 
sonhando que está lendo?
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Figura 1 
Você já deve ter sonhado que estava em outro lugar, diferente da cama onde dorme. Já sonhou que 
estava na escola, na igreja ou andando na rua. E enquanto sonhava, na maioria das vezes, não sabia que 
estava sonhando e acreditava que tudo o que via e sentia era real.
Bom, se você refletir filosoficamente sobre a experiência de sonhar, sem saber que está sonhando e 
acreditando que é verdadeiro tudo o que vê, irá perceber que pode existir uma consequência terrível: 
como terei certeza de que, neste momento, estou acordado? Como saber se não estou dormindo, 
sonhando que estou acordado?
À noite, ouvimos um gato miando lá fora. Abrimos a janela e vemos que o gato parece pardo, 
acinzentado, pois a luz noturna não é suficiente. Pela manhã, encontramos o gato e vemos que ele não 
é cinza, mas, na realidade, é amarelo.
Figura 2 
Na noite seguinte, observamos o luar e chegamos à conclusão de que a Lua parece ter o tamanho 
de uma bola de basquete. Mas sabemos, por meio dos estudos científicos, que a Lua, na realidade, mede 
um quarto do tamanho do planeta Terra. Pois bem, nos enganamos no sonho, com o gato e com a Lua.
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Figura 3 
Nossos sentidos não parecem confiáveis. Então, se nossos sentidos nos enganaram uma única vez 
que seja, como ter a garantia de que não está nos enganando agora, neste exato momento?
Esse foi o principal problema que Descartes enfrentou e veremos como ele resolveu essa questão.
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DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA
Unidade I
1 A FILOSOFIA MODERNA NO CONTEXTO DA HISTÓRIA DO PENSAMENTO 
OCIDENTAL
Para compreendermos a Filosofia Moderna, é necessário contextualizá‑la dentro da História do 
pensamento ocidental. O pensamento ocidental teve sua origem na Grécia Antiga e, para chegar até 
nós, passou por diversos períodos. Podemos dividir a História da Filosofia ocidental em quatro grandes 
períodos: Filosofia Antiga, Medieval, Moderna e Contemporânea, conforme o quadro a seguir:
Quadro 1 – Períodos da História da Filosofia
Filosofia Antiga Medieval Moderna Contemporânea
Séculos VI a.C.-VI d.C. I-XIV XIV-XIX XX-XXI
Língua Grego Latim
• Latim
• Modernas
Modernas
Divisões • Pré‑Socráticos
• Clássico
• Patrística
• Escolástica
• Renascentista
• Racionalismo Clássico
• Iluminismo
Filósofos
• Tales
• Anaximandro
• Anaxímenes
• Pitágoras
• Demócrito
• Sócrates
• Platão
• Aristóteles
• Epicuro
• Diógenes
• Antístenes
• Zenão
• Agostinho
• Abelardo
• Duns Scoto
• Escoto Erígena
• Anselmo
• Tomás de Aquino
• Alberto Magno
• Guilherme de Ockham
• Roger Bacon
• Boaventura
• Dante
• Marcílio Ficino
• Giordano Bruno
• Campanella
• Maquiavel
• Montaigne
• Erasmo
• Thomas Morus
• Jean Bodin
• Kepler
• Nicolau de Cusa
• Francis Bacon
• Descartes
• Galileu
• Nietzsche
• Marx
• Hegel
• Freud,
• Bergson
• Heidegger
• Husserl
• Foucault
• Deleuze
• Derrida
• Habermas
• Pierce
• Sartre
• Ricoeur
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Unidade I
Filósofos
• Pascal
• Hobbes
• Espinosa
• Leibniz
• Malebranche
• Locke
• Berkeley
• Newton
• Gassendi
• Hume
• Voltaire
• D’Alambert
• Diderot
• Rousseau
• Kant
• Fichte
• Schelling
Como podemos observar no quadro, o período Moderno foi muito fecundo para o surgimento de 
pensadores e filósofos, superando em muito o período anterior, a Idade Média.
1.1 Períodos da História da Filosofia: Antiga, Medieval, Moderna e 
Contemporânea
A Filosofia Antiga vai do século VI a.C. até o século VI d.C. e compreende quatro grandes períodos 
da Filosofia greco‑romana:
• Pré‑socrático: a Filosofia se ocupa com a origem do mundo e as causas das transformações 
na natureza.
• Socrático: a Filosofia investiga as questões humanas – a ética, a política e as técnicas –, ou seja, é 
um período antropológico.
• Sistemático: a Filosofia busca reunir e sistematizar tudo quanto foi pensado anteriormente, 
interessando‑se, sobretudo, em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, 
desde que as leis do pensamento e de suas demonstrações estejam firmemente estabelecidas para 
oferecer os critérios da verdade e da ciência. É o período de Platão e Aristóteles.
• Helenístico: a Filosofia se ocupa, sobretudo, com as questões da ética, do conhecimento humano e 
das relações entre o ser humano e a natureza e de ambos com Deus, quando adentra o cristianismo. 
Neste período temos as escolas epicurista, estoica, cínica e neoplatônica.
Os filósofos mais importantes e influentes do período antigo são: Sócrates, Platão e Aristóteles.
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DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA
Figura 4
A Filosofia Medieval se divide em Patrística e Escolástica.
A Patrística se inicia no século I e vai até o século VII, recebendo influência das Epístolas de São Paulo 
e do Evangelho de São João. A principal preocupação da Filosofia Patrística é conciliar a fé cristã com a 
razão herdada dos gregos. Divide‑se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina 
(ligada à Igreja de Roma).
Os nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, 
Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Bedae Boécio.
A Filosofia Escolástica Medieval vai do século VIII ao século XIV e abrange pensadores europeus, 
árabes e judeus. É o período em que a Igreja Romana dominava politicamente a Europa e criava, à volta 
das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas 
escolas, a Filosofia Medieval também é conhecida com o nome de Escolástica. Uma de suas questões 
principais diz respeito às provas da existência de Deus e da alma.
Os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, 
Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura. 
Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah 
ben Levi.
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Unidade I
Figura 5 
A Filosofia Moderna pode ser dividida em três períodos: Renascimento, que vai do século XIV até o 
século XVI; Racionalismo Clássico, que vai do século XVII a meados do século XVIII; e o Iluminismo, que 
vai de meados do século XVIII ao começo do século XIX.
O pensamento renascentista se inicia no século XIV e vai até o século XVI sendo marcado pela 
descoberta de obras filosóficas gregas de Platão e Aristóteles, desconhecidas na Idade Média, bem como 
pela recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos. Os temas principais desse 
período são: o homem como microcosmo, a política e o antropocentrismo.
Os nomes mais importantes desse período são: Dante, Marcílio Ficino, Giordano Bruno, Campanella, 
Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Thomas Morus, Jean Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa.
O período seguinte, conhecido como o Grande Racionalismo Clássico, é marcado por três grandes 
mudanças intelectuais: surgimento do sujeito do conhecimento; o objeto pode ser conhecido desde que 
sejam consideradas representações, ou seja, ideias ou conceitos formulados pelo sujeito do conhecimento; 
e a realidade é concebida como um sistema racional de mecanismos físicos, cuja estrutura profunda e 
invisível é matemática. Há uma grande confiança nas capacidades e nos poderes da razão humana.
Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal, Hobbes, 
Espinosa, Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley, Newton, Gassendi.
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DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA
A última fase da Filosofia Moderna é chamada de Iluminismo ou Ilustração. A filosofia da ilustração 
vai de meados do século XVIII ao começo do século XIX. Esse período também crê nos poderes da razão, 
chamada de As Luzes. O Iluminismo afirma que, pela razão, o homem pode conquistar a liberdade e a 
felicidade social e política, além da evolução e do progresso das civilizações.
Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, D’Alembert, Diderot, Rousseau, Kant, 
Fichte e Schelling (embora este último costume ser colocado como filósofo do Romantismo).
Figura 6
A Filosofia Contemporânea aparece depois da Filosofia Moderna e compreende o final do século 
XIX e os séculos XX e XXI. A Filosofia Contemporânea abrange o pensamento filosófico atual e é marcada 
por rupturas com o pensamento anterior. São temas recorrentes na Filosofia Contemporânea: a história, 
as ciências, a política e as utopias, a cultura, a pós‑modernidade, a linguagem e a ética.
São considerados filósofos contemporâneos: Hegel, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Sartre, 
Merleau‑Ponty, Bachelard, Bergson, Wittgenstein, Foucault.
 Lembrete
A História da Filosofia ocidental é dividida em quatro grandes 
períodos: Filosofia Antiga, Filosofia Medieval, Filosofia Moderna e Filosofia 
Contemporânea.
A Filosofia Moderna vai do século XIV até o século XIX.
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Unidade I
1.2 O ensino da história da Filosofia
Sobre Filosofia e seu ensino: qual o lugar e o papel do sujeito?
Pretende‑se desenvolver aqui uma reflexão filosófica, inspirada na filosofia de Descartes e, 
principalmente, na dúvida metódica, em que seja possível pensar, em primeiro lugar, quais as relações 
entre a Filosofia e o ensino de Filosofia. Posteriormente, pretende‑se que uma reflexão sobre essas relações 
permita pensar se há um lugar para o sujeito no curso do ensino da Filosofia e, subsequentemente, qual 
seria o papel dele nesse lugar.
Assim, o que se pretende agora é pensar a relação que o sujeito tem no estudo da Filosofia e no 
seu ensino, para então compreender de que modo ele opera ou pode operar no curso do aprendizado 
filosófico na relação entre mestre e discípulo.
Para tanto, parte‑se de uma leitura clássica desses dois sujeitos, sem, contudo, considerar entre eles 
qualquer tipo de relação de subordinação ou submissão, o que seria incompatível com o método cartesiano, 
que, por sua vez, pressupõe certa liberdade e independência de investigação no curso da reflexão filosófica 
como condição necessária para que seja possível o conhecimento a partir de si mesmo, tal como o filósofo 
propõe em suas obras mestras. Desse modo, pretende‑se a intitulação dos sujeitos apenas para fins didáticos, 
de entendimento acerca daqueles que constroem e desenvolvem a relação de ensino‑aprendizagem.
Do mesmo modo, também se propõe, ainda que inicialmente, uma distinção entre a Filosofia e seu 
ensino, mas apenas a fim de contextualizar um problema, qual seja: há distinção entre a Filosofia e 
ensino da Filosofia? Posteriormente, como se verificará ao longo deste livro‑texto, será demonstrado 
em que medida Filosofia e seu ensino se confundem enquanto obras de uma mesma operação racional.
O que, na história da Filosofia, dá a Descartes um papel de destaque é a revolução metódica 
que ele propõe como novo e inovador, norte referencial para o conhecimento científico, baseado no 
entendimento e no esclarecimento da realidade a partir das ideias, o que se encontra no Discurso do 
Método e nas Meditações.
Trata‑se de uma significativa novidade na história da Filosofia, uma vez que o autor rompe com 
a tradição aristotélico‑tomista e com toda a vertente filosófica que entende que o conhecimento 
prescinde da experiência sensorial do mundo real para tão somente depois se constituir como reflexão 
ou como síntese de ideias. Sua crítica centra‑se, principalmente, no desprezo da realidade material, dada 
sua efemeridade, e na retomada de uma perspectiva cognitiva de caráter subjetivo, mas agora firmada 
na ideia de que o conhecimento começa no sujeito, e não na experiência do mundo real.
Nessa linha, pretende supor que toda a realidade se constitui, primeiramente, no plano do 
pensamento ou do espírito como ideia, o que justifica a afirmação de que o método de conhecimento 
científico cartesiano é racionalista, em oposição ao método empirista, que se baseia e começa com 
a experiência sensorial do mundo material. Com isso, sustenta que todo o conhecimento, para ser 
considerado verdadeiro, logicamente válido e universal, tem que ser constituído enquanto ideia acerca 
das coisas e a partir de uma reflexão fortemente amparada na dúvida metódica.
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DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA
É importante esclarecer, como se verá mais adiante, que seu método implica, necessária e 
primeiramente, duvidar das coisas como se apresentam aos sentidos, porque elas podem ser enganadoras, 
percebendo que elas podem ser concebidas de outra maneira, que nem os sentidos sejam capazes de 
perceber, e a partir daí elevar a dúvida ao próprio sujeito da reflexão, fazendocom que ele questione‑se 
a si mesmo como um gênio do mal, enganador, que pode levar a reflexão e o percurso do conhecimento 
ao desvio para a falsidade ou mentira.
Superadas as dúvidas, as respostas encontradas devem ser racionalmente fortes o suficiente para 
garantir uma explicação esclarecida e coerente acerca da realidade do mundo sem que a efemeridade dele 
se apresente como um obstáculo ao entendimento que dele se possa ter. É nessa direção que ele propõe 
uma revolução filosófica: da constatação da realidade (ideias acerca da experiência do mundo real) ao 
seu entendimento, passando, por intermédio da dúvida metódica, pela atestação do conhecimento e 
das ideias que se pode ter a respeito do mundo real. O processo de reflexão se dá exclusivamente pela 
via da razão como obra do espírito, sem levar em consideração, a qualquer momento, a experiência 
sensorial do mundo, elemento fundamental de sua definição.
Da mesma forma como a obra filosófica de Descartes inaugura um novo período da história da 
Filosofia, marcado por essa ruptura com a tradição, e mediante uma inversão radical das perspectivas 
metodológicas do conhecimento, o ensino da Filosofia deve se submeter à nova orientação, na qual 
quem ensina se coloca como sujeito de reflexão e o aprendizado se dá pela dúvida metódica, num pleno 
e vigoroso exercício da consciência, em que o próprio mestre é levado a pensar se o conhecimento que 
pretende transmitir, construir ou acessar, tanto quanto o seu espírito, não se constituem como enganos 
e, por isso, podem levar o aprendiz ao erro, à mentira e à falsidade.
Para tanto, é necessário submeter a experiência racional do ensino e do aprendizado a uma significativa 
transformação, mediante um exercício de reflexão metódica em que o pensamento passa a ocupar papéis 
epistemológico e ontológico primordiais de referência. Nesta perspectiva teórica e metódica, o ato de 
ensinar se projeta como puro exercício do pensamento, ao passo que o mestre se revela agora como sujeito 
de reflexão e, posteriormente, como referência do saber, do conhecimento e da verdade.
Isso quer dizer que se a Filosofia de Descartes se propõe como uma forma de superação da tradição 
empirista, mediante o emprego de um método que parte do espírito e que rejeita os elementos da 
experiência material do mundo como base segura do saber, e com isso despreza toda forma de relação 
ensino‑aprendizagem profundamente amparados numa perspectiva empirista, que, por sua vez, 
pretende construir o conhecimento como experiência sensorial do mundo real a partir das percepções 
da realidade, a própria experiência do ensino da Filosofia deve se submeter ao crivo da razão e à dúvida 
metódica como vias seguras a fim de garantir que o conhecimento filosófico seja certo, coerente e 
coeso, de modo que possa ser demonstrado racionalmente e de forma clara, e, acima de tudo, que possa 
ser submetido ao cogito e à dúvida hiperbólica, métodos radicais de atestação, e, ao final, resistir como 
referência da verdade das coisas do mundo.
Existe uma justificativa para essa tomada de decisão: o ensino, como via para o conhecimento e 
para a verdade, deve ter as mesmas qualidades que tem o saber filosófico enquanto método. Todo o 
conhecimento, para ser considerado verdadeiro, logicamente válido e universal, tem que ser constituído 
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enquanto ideia acerca das coisas e a partir de uma reflexão fortemente amparada na dúvida metódica, 
ao invés de se amparar na experiência pessoal e efêmera das coisas do mundo sensorial. Portanto, e 
neste sentido, ensinar Filosofia é filosofar.
O ensino de Filosofia consiste no ato de filosofar na medida em que ele não se reduz a mera 
enunciação dos conceitos e teorias filosóficas ou mesmo da historiografia dessas ideias ou da biografia 
bibliográfica de seus autores. Ensinar Filosofia é ensinar a filosofar filosofando. Nesse sentido, não há 
outra maneira de ensinar a Filosofia se não for mediante o estudo das ideias e a partir delas, conforme 
o método cartesiano de reflexão. Assim, o ensino filosófico é um estudo filosófico construído mediante 
a reflexão dos conceitos e das teorias, com vista ao seu entendimento.
No entanto, todo o exercício filosófico que surge com o seu ensino implica necessariamente uma 
tomada de posição quanto ao material da reflexão, em que o sujeito que ensina a Filosofia o faz mediante 
o questionamento voltado ao entendimento do conceito ou teoria filosófica, em uma forma dinâmica 
de raciocínio na qual, por meio de análises e esclarecimentos, se busca explicar o que as ideias são e o 
que elas significam, e principalmente, naquele momento em que são retomadas.
É correto afirmar que ensinar Filosofia é ensinar a pensar, a refletir e a conhecer, a partir do próprio 
exercício do questionamento racional, as ideias e a si mesmo. O exercício do pensamento filosófico na 
perspectiva cartesiana se revela como um exercício de reflexão mediante a dúvida do sentido e das 
explicações que tradicionalmente foram constituídas no curso da história da Filosofia, isto é, é verificar 
e atestar se o entendimento que os filósofos tiveram a respeito do pensamento, teoria ou conceito está 
racionalmente bem fundamentado, de modo que a explicação tenha o mesmo valor de validade racional 
para todos aqueles que o pensaram.
É nessa linha de raciocínio que a própria ideia de tradição filosófica se define: ela aparece como 
retomada, análise dos argumentos, verificação e atestação do que é dito, afirmado ou questionado. 
Pertencer a uma tradição filosófica não tem nada a ver com repetição de ideias de forma irrefletida, 
como um eco de pensamento que ressoa ilimitadamente na escrita ou na voz daqueles que retomam o 
pensamento de um filósofo.
Tem a ver, sim, com a possibilidade de retomar analiticamente um pensamento filosófico com a 
firme disposição de reaver‑lhe o sentido ou significação de seus enunciados, mediante a dúvida quanto 
a validade de suas proposições. E ainda que ao final se chegue às mesmas conclusões, sua significação 
pode se demonstrar atualizada já que retomada em outro contexto filosófico e com outras formas 
possíveis de duvidar.
É nesse sentido que ensinar Filosofia se apresenta como reflexão, posto que o sujeito que pensa 
se revela como um outro da reflexão, em relação a primeira propositura da proposta filosófica, o que 
garante, como se verá mais adiante, a subjetividade do discurso que, retomando a tradição de um 
pensamento, se vê levado a reponderar e a reanalisar todo o processo de reflexão, o que pode ocorrer, 
em muitas situações, motivado por uma outra problematização filosófica ou por um outro modo de se 
colocar o problema que ensejou a formulação anterior do pensamento que se analisa.
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Certamente, esse itinerário reflexivo pode se apresentar como novo, possibilitando novas 
considerações e novos modos de entendimento, o que não significará necessariamente a invalidação da 
concepção filosófica anterior, mas apenas um redimensionamento de sua propositura.
Destarte, o ensino da Filosofia, enquanto conhecimento, apresenta um duplo aspecto: o 
conhecimento do objeto de uma reflexão anterior, passando pelo reconhecimento do próprio exercício 
reflexivo mediante a dúvida metódica, e o conhecimento que leva ao entendimento do que foi dito 
anteriormente, mas agora direcionado por uma nova orientação do entendimento.
E o que efetiva o exercício do conhecimento no interior de uma tradição filosófica como atividade 
racionalmente válida é a retomada do cogito e da dúvida hiperbólica que ele gera, já o que o sujeito da 
reflexão agora é outro. Nessa oportunidade,o próprio sujeito, que retoma a tradição filosófica, é obrigado, 
sob a influência do método cartesiano, a duvidar de si mesmo como gênio questionador e investigativo, 
a pretexto de validar o que conhece como objeto autêntico e legítimo, sem qualquer sujeição a um 
gênio enganador ou mesmo aos vícios advindos do erro ou da mentira. Afinal, como sugere Descartes, 
conhecimento seguro é aquele que o sujeito adquirir por si mesmo, ao invés de tomá‑lo por empréstimo 
ou como o fruto de mera experiência sensorial do mundo real.
Por tudo isso, é correto pensar que ensinar Filosofia não é ensinar história da Filosofia, se por esta 
se entender o exercício narrativo e descrito da ordem dos enunciados argumentativos ou conceituais de 
um filósofo, ou mesmo de suas relações com outros pensadores, ou mesmo uma narrativa da ordem dos 
acontecimentos pessoais de sua vida.
Não é possível perder de vista a ideia de que filosofar é indagar, o que exige uma dupla ponderação: 
uma acerca da natureza da própria indagação e outra acerca do próprio sujeito que indaga. Assim, se 
filosofar significa o ato do sujeito questionar a si mesmo enquanto uma coisa pensante, o ensino da 
Filosofia implica ensinar o discípulo a compreender a si mesmo enquanto uma coisa pensante, mediante 
o exercício da dúvida hiperbólica, e também como um meio para alcançar efetivamente um saber acerca 
de si mesmo e das coisas do mundo real. Trata‑se, portanto, de um caminho de aprendizado, no qual o 
pensador aprende a aprender, aprende a ser e aprende a fazer, a partir do entendimento racional de que 
se é no universo das ideias e do pensamento. Somente após cumprir esse itinerário, poderá ensinar ao 
estudante de Filosofia a maneira racionalmente adequada de aprender e de conhecer a própria Filosofia.
Também é importante esclarecer por que a Filosofia não se confunde com a ideologia. Ainda que 
ambas façam referência ao conceito de ideia, cada uma delas opera de modo próprio, uma diferentemente 
da outra. Filosofar é pensar a ideia das coisas e buscar entendê‑las a partir delas mesmas, mediante 
procedimentos racionais específicos de questionamento, dúvida e entendimento segundo, como se verá 
mais adiante, regras e critérios específicos de reflexão racional. Nesse sentido, a filosofia idealiza, isto é, 
ela define ideias, conceitos e formas de reflexão.
Já a ideologia decorre de uma atividade de apropriação das ideias para conformá‑las a determinadas 
formas de conceber, imaginar e definir o mundo da vida, para, a partir de então, coordenar condutas e 
atitudes de modo persuasivo, arbitrário e controlador. Ela se expressa por ideologização. Ideologizar é criar 
ideias acerca das coisas a fim de significar o mundo de forma criativa e até positiva: a ideologia ideologiza.
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Idealizar ou idear é diferente de ideologizar. Idear é pensar, refletir, perquirir com objetivo de 
compreender as coisas que existem no mundo e as próprias ideias a respeito dele. Ideologizar é imaginar, 
é criar ex ni hilo, é fantasiar com a finalidade de impor ao outro determinado modo de conceber ou 
de acreditar e, por isto, é limitadora e circunstancial em relação ao mundo. Sendo assim, não é correto 
afirmar que a Filosofia possa ser ideológica, assim como não é possível afirmar que uma ideologia seja 
filosófica, posto que, enquanto a primeira é libertadora, reveladora e racional, a segunda é coatora, 
limitadora e irracional, no sentido cartesiano.
Assim sendo, a Filosofia, segundo Descartes, se propõe como um exercício do espírito, ela é 
investigativa e leva o sujeito a um processo racional de demonstração lógica e sistemática das ideias a 
respeito das coisas, do espírito, do sujeito e do mundo real. Diferentemente do discurso ideológico, que 
é positivo e limitado a certo conjunto de crenças ou sentimentos e que culmina num processo arbitrário 
e dogmático de determinação da realidade.
Segundo a proposta cartesiana, a realidade pode ser comprovada por meio de ideias, enquanto 
a ideologia não se comprova, mas apenas se sustenta por um conjunto de argumentos persuasivos 
amparados em crenças, convicções e sentimentos particulares acerca das coisas que se anseia no 
mundo empírico.
Na mesma direção, é correto afirmar que não existe Filosofia sem um sujeito que a pense, conferindo 
a ela e, ao mesmo tempo, a si mesmo, sentido e entendimento racional, logicamente demonstrável, 
acerca das coisas ou das ideiais que possam ser pensadas. Diferentemente, a ideologia pode existir sem 
sujeito, já que não é fruto da consciência do sujeito, mas um conteúdo abstrato e pouco provável acerca 
do mundo da vida, que eventualmente se impõe ao indivíduo de forma irrefletida, irracional.
Contudo, é possível pensar que os conteúdos do ensino de Filosofia não podem ser predeterminados 
em razão de um itinerário bibliográfico específico sem que, para tanto, se deixe perder algo do caráter 
filosófico do próprio exercício em detrimento do que se assume como Filosofia segundo o método 
cartesiano, ao passo que se torna ideológico, doutrinador, limitador do conhecimento e da verdade.
É nessa perspectiva que o ensino de Filosofia profundamente amparado no curso da história da 
Filosofia pode se revelar desafiador, dificultador e dissimulador do conhecimento filosófico, pois impõe 
um caminho parcial e um ritmo de desenvolvimento que nem sempre permitem a livre reflexão e 
certa criatividade no modo como o pensamento pode se pôr. No mesmo passo, a propriedade do saber 
filosófico, de pensar as questões do cotidiano, se perde na medida em que o ensino histórico da Filosofia 
pode impor desvios ao sujeito da reflexão, que, de repente, não vê mais condições de pensar o que 
constitui o mundo real, mas apenas as questões pertinentes de um tempo filosófico que já não é mais.
Perceba que, nessa direção, foi e sempre será a atividade filosófica, ocupando‑se das questões de 
seu tempo, que não serão necessariamente questões de todos os tempos. Isso se dá pelo fato que o 
filosofar se ocupa de um rol de preocupações ou condicionamentos quase negativos, enquanto uma 
história da Filosofia se ocupa de uma descrição dessa constatação e a coloca em termos de um itinerário 
narrativo dos posicionamentos filosóficos circunstanciados e, por isso, cristalizados num determinado 
tempo. Então, é preciso ter em mente que filosofar é pensar as questões e as ideias não suficientemente 
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esclarecidas, e não uma abordagem dogmática e meramente descritiva das relações de ideias contidas 
em projetos filosóficos desenvolvidos por determinado pensador em sua geração.
Não descarte os acontecimentos episódicos do pensamento, isto é, as ideias acerca das coisas e as 
coisas mesmas, como objeto de reflexão; o ensino da Filosofia, enquanto ato de filosofar, deve se ocupar 
das questões do cotidiano, porém, sem se perder nele, como se fosse um fato da experiência.
As questões propriamente racionais das quais a Filosofia deve se ocupar são fatos da razão, ainda 
que provenientes ou profundamente ligadas à experiência real do cotidiano. Portanto, a Filosofia deve 
ser pensada não como um entendimento absoluto acerca do mundo cotidiano, mas como uma reflexão 
segura e racionalmente orientada ao esclarecimento sintético, sobre questões que cotidianamente 
podem ser orientadas para o entendimento do sujeito da reflexão, de sua obra de pensamento e do 
ensino da Filosofia.
A Filosofia tem função educadora no curso de seu processo de ensino porque ela ensina o pensador 
a ser precavido quanto às ciladas ou armadilhas do discurso argumentativo mediante a provocação 
da dúvida metódica, mas não se destinaa construir convicções, sentimentos ou crenças na mente do 
sujeito, porque Filosofia não se confunde com ideologia. Eis a razão pela qual o conteúdo do ensino 
filosófico não pode ser predeterminado, dogmático e vinculativo, já que ele requer um exercício pleno 
de reanálise e contínuo esclarecimento.
Assim, a Filosofia pode servir à educação se tomada, segundo inspiração cartesiana, como um 
instrumento de esclarecimento e de libertação e atestação do pensamento como autêntico espírito, 
gênio ou guia racional do sujeito que pensa. Por não permitir aceitar os discursos argumentativos de 
caráter persuasivo como apropriados ou detentores da verdade, a Filosofia propicia ao sujeito da reflexão 
compreender as intenções ideológicas produzidas no interior do discurso para que assim, despidas de 
quaisquer pompas ou floreios, seja possível verificar quando induz ao erro ou à mentira.
Na relação de ensino da Filosofia que se desenha entre mestre e discípulo no curso da aprendizagem, 
aquele deve ensinar este a rejeitar as proposições como verdadeiras, a pretexto da dúvida, além de 
provocar‑lhe a cisma sobre si mesmo, de modo a questionar se o que aprende é, de fato, uma evidência 
racional universalmente válida e capaz de revelar alguma verdade. A educação poderá ser ideológica se 
não for desenvolvida a partir do exercício reflexivo que permita ao sujeito desenvolver a capacidade de 
construção do conhecimento.
Desse modo, uma educação ideológica não fomenta a atestação da verdade e do conhecimento, 
mas apenas de doutrinas ou conteúdos dogmáticos que obstruem a arte do pensamento e da 
reflexão. Ao contrário da educação ideológica, a Filosofia sempre se destinará à formação do sujeito 
enquanto livre pensador, de modo que ele aprenda a pensar, a fazer e a ser com independência e 
liberdade, e é nessa direção que o pensamento filosófico que se constrói pela dúvida hiperbólica 
emancipa o sujeito da reflexão.
Isso porque ele, para atestar o conhecimento das ideias e das coisas, dispensa a experiência e o 
discurso persuasivo, também o faz em relação ao conhecimento que não se adquire a partir de si 
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mesmo. Portanto, é possível pensar uma função ou tarefa ética da Filosofia no processo de educação, 
que acontece mediante o uso de certa metodologia filosófica e voltada para o descobrimento das coisas 
a partir das ideias que se possa fazer delas.
No curso de um ensino de Filosofia profundamente amparado na dúvida hiperbólica, a Filosofia 
se mostra também como conhecimento. O conhecimento se dá pelo exercício da dúvida racional e 
do que se julga conhecer das coisas, das ideias e do próprio sujeito que pensa a si mesmo como uma 
coisa pensante, a Filosofia aparece como objeto de reflexão, como se verá mais adiante. Logo, filosofar 
é saber racionalmente de si. E tudo aquilo que se sabe racionalmente e que, por causa disso, pode ser 
demonstrado como verdade, também pode ser ensinado. Logo, a Filosofia, enquanto conhecimento, se 
constitui como Filosofia do Sujeito e, por isso, é filosofia reflexiva de si, é o caminho para uma verdade 
subjetiva, é um caminho filosófico do sujeito que ensina a filosofar, o que contemporaneamente se 
compreende como filosofia hermenêutica.
Chega‑se ao conhecimento filosófico pela via da dúvida metódica, ou seja, o que se pode sustentar em 
filosofia como verdade é o que se submete aos métodos cartesianos da indagação e da demonstração, e 
que não se desintegra mediante o questionamento racionalmente articulado, nem durante seu processo 
de demonstração. Isso porque, para Descartes, a reflexão filosófica requer o questionamento do objeto 
de reflexão, e o sujeito é também um objeto dessa natureza, razão pela qual o ensino da Filosofia requer 
um exercício de questionamento acerca da verdade do sujeito que a ensina e acerca da verdade do 
sujeito que aprende.
Com objetivo de finalizar esta reflexão acerca da relação entre ensino e Filosofia, preciso responder 
aquela questão inicialmente apresentada: qual o lugar e o papel do sujeito no ensino da Filosofia? Ora, 
se é possível falar de um lugar filosófico, esse lugar é o pensamento. O lugar do sujeito não é somente 
onde ele se encontra ou atua, mas também o que o constitui. Afinal, o sujeito é o espírito que pensa e 
reflete o pensamento, é a razão que constitui e atesta o conhecimento acerca do mundo real. O sujeito 
é quem orienta, guia e pratica a própria reflexão filosófica no curso do seu ensino, mas também é quem 
constitui o próprio saber filosófico na construção do aprendizado.
A tarefa primaz do sujeito é a de pensar a Filosofia mediante a dúvida metódica, ao mesmo tempo 
em que ensina a si mesmo o fazer filosófico. Como já foi dito anteriormente, ensinar Filosofia é o mesmo 
que filosofar e é o sujeito que o faz no curso de sua edificação enquanto espírito, pensamento, reflexão, 
gênio ou coisa pensante que pensa a si mesmo enquanto pensa.
Simone Gallina (2004) escreveu o artigo “O ensino de Filosofia e a criação de valores”, cujo objetivo 
é pensar as linhas do ensino de Filosofia levando em conta que esta atividade pedagógica se constitui 
também em uma atividade filosófica, a qual é implícita na atividade pedagógica e implica a criação 
de conceitos. Portanto, a atuação do professor de Filosofia concatena duas tarefas: o ensinar e o 
filosofar. Ensinar Filosofia é também filosofar sobre ela e ensinar nossos alunos a pensar e a criar 
conceitos acerca da realidade.
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DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA
 Saiba mais
Leia o texto:
GALLINA, S. O ensino de Filosofia e a criação de conceitos. Cad. Cedes, 
Campinas, v. 24, n. 64, p. 359‑371, set./dez. 2004. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ccedes/v24n64/22836.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017.
2 PERÍODOS DA FILOSOFIA MODERNA: RENASCENTISTA, RACIONALISTA 
CLÁSSICO E ILUMINISTA
Para a Filosofia Moderna, a razão é a fonte para compreender a realidade. Não é mais a religião que 
dirá o que é a verdade, mas a verdade será conhecida pela razão. A Filosofia Moderna pode ser dividida 
em três períodos: Renascimento, Racionalismo Clássico e Iluminismo.
Quadro 2 – Filosofia Moderna
Filosofia Renascimento Racionalismo Clássico Iluminismo
Séculos XIV-XVI XVII-XVIII XVIII-XIX
Língua LatimModernas Modernas Modernas
Filósofos
• Dante
• Marcílio Ficino
• Giordano Bruno
• Campanella
• Maquiavel
• Montaigne
• Erasmo
• Thomas Morus
• Jean Bodin
• Kepler
• Nicolau de Cusa
• Francis Bacon
• Descartes
• Galileu
• Pascal
• Hobbes
• Espinosa
• Leibniz
• Malebranche
• Locke
• Berkeley
• Newton
• Gassendi
• Hume
• Voltaire
• D’Alembert
• Diderot
• Rousseau
• Kant
• Fichte
• Schelling
2.1 Filosofia renascentista: ruptura com o pensamento medieval
A Filosofia Moderna tem seu início no Renascimento, que compreende os séculos XIV, XV e XVI. O 
período renascentista é marcado pela ruptura com o modelo teocêntrico dos medievais e a proposta de 
um modelo antropocêntrico de compreensão da realidade.
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Figura 7
Descartes nasceu em um período histórico marcado pela transição da Idade Média para a Idade 
Moderna. Então, é importante conhecer as características dessa forma de pensamento que estava 
chegando ao fim: o pensamento medieval.
O período medieval durou mil anos e foi marcado pela presença constante do domínio da Igreja. 
O pensamento cristão, sob o monopólio da Igreja, controlava o pensamento das pessoas e dos grupos 
sociais da época. Tudo o quese produzia intelectualmente na Europa deveria passar pelo crivo da Igreja, 
que decidia o que podia e o que não podia ser pensado.
É o período em que a Igreja Romana dominava a Europa, ungia e coroava 
reis, organizava Cruzadas à Terra Santa e criava, à volta das catedrais, as 
primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido 
ensinada nas escolas, a Filosofia medieval também é conhecida com o nome 
de Escolástica (CHAUÍ, 2004, p. 47).
A Filosofia estava sob o domínio da teologia. Somente era admitida uma filosofia que se prestasse a 
servir de apoio e confirmação dos dogmas religiosos. Assim, buscava‑se encontrar, por meio da Filosofia, 
uma prova racional da existência de Deus.
Conservando e discutindo os mesmos problemas que a patrística, a Filosofia 
medieval acrescentou outros – particularmente um, conhecido com o nome 
de Problema dos Universais – e, além de Platão e Aristóteles, sofreu uma 
grande influência das ideias de Santo Agostinho. Durante esse período surge 
propriamente a Filosofia cristã, que é, na verdade, a teologia. Um de seus 
temas mais constantes são as provas da existência de Deus e da alma, isto 
é, demonstrações racionais da existência do infinito criador e do espírito 
humano imortal (CHAUÍ, 2004, p. 47).
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No período medieval, as filosofias antigas dos gregos Platão e Aristóteles foram, em certo sentido 
cristianizadas por filósofos medievais.
Figura 8 – Aristóteles
Assim, Agostinho colocou uma roupagem cristã em Platão e Tomás de Aquino cristianizou as teses 
de Aristóteles.
Figura 9 – São Tomás de Aquino
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Essa foi apenas uma das inúmeras tentativas de conciliação entre a fé cristã e a filosofia 
grega. Claro que tal empreitada enfrentava inúmeros obstáculos, pois a forma de pensar dos 
gregos antigos era fundada em uma física e uma metafísica muito distante dos pressupostos 
transcendentes dos cristãos.
A Filosofia medieval teve como influências principais Platão e Aristóteles, 
embora o Platão que os medievais conhecessem fosse o neoplatônico (vindo 
da Filosofia de Plotino, do século VI d.C.), e o Aristóteles que conhecessem 
fosse aquele conservado e traduzido pelos árabes, particularmente Avicena 
e Averróis (CHAUÍ, 2004, p. 47).
O pensamento cristão medieval é teocêntrico. Teo significa Deus e cêntrico significa centro, portanto, 
tudo que pensavam e conheciam girava em torno de Deus. Ele era o centro da vida, da existência e da 
filosofia medieval. O homem era apenas a criatura criada à imagem e semelhança de Deus, existindo 
somente para obedecer e salvar sua alma por meio dessa obediência.
A dualidade corpo e alma, tão cara a Platão, teve grande aceitação e desenvolvimento no pensamento 
medieval. A alma era considerada a única parte digna do ser humano, aquela que deveria ser salva a todo 
custo. O corpo era considerado a entrada do pecado no mundo. Deveria ser mortificado e controlado 
para que a alma não ardesse no fogo do inferno.
A diferença e separação entre infinito (Deus) e finito (homem, mundo), 
a diferença entre razão e fé (a primeira deve subordinar‑se à segunda), a 
diferença e separação entre corpo (matéria) e alma (espírito), o Universo 
como uma hierarquia de seres, onde os superiores dominam e governam 
os inferiores (Deus, arcanjos, anjos, alma, corpo, animais, vegetais, 
minerais), a subordinação do poder temporal dos reis e barões ao poder 
espiritual de papas e bispos: eis os grandes temas da Filosofia medieval 
(CHAUÍ, 2004, p. 47).
Essa dualidade também se estendia aos mundos: o mundo celestial, o paraíso para onde as almas 
salvas irão habitar na eternidade, o céu; o mundo terreno, sujo, degradado, cheios de tentações que 
podem levar a alma ao inferno de eternos sofrimentos.
 Saiba mais
O cinema retratou muito bem o impacto da força da Igreja sobre o 
destino dos indivíduos no período Medieval. O longa‑metragem O Nome 
da Rosa narra uma guerra ideológica entre franciscanos e dominicanos 
sobre a questão dos universais, travada enquanto o motivo de assassinatos 
é lentamente solucionado:
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O NOME da Rosa. Dir. Jean‑Jacques Annaud. Itália; Alemanha; França: 
Neue Constantin Film, 1986. 130 minutos.
O filme Em Nome de Deus trata de um romance histórico baseado 
em fatos reais entre Heloisa e Pedro Abelardo (1079‑1142), um teólogo e 
professora de Filosofia:
EM NOME de Deus. Dir. Clive Donner. Reino Unido; Iugoslávia: Amy 
International, 1988. 115 minutos.
Joana D’Arc, dirigido por Luc Bresson, retrata o papel político da Igreja 
e a influência devastadora da fé na vida do indivíduo:
JOANA D’Arc. Dir. Luc Bresson. França: Gaumont, 1999. 158 minutos.
Por fim, o filme Santo Agostinho conta a biografia de Santo Agostinho, 
filósofo medieval:
SANTO Agostinho. Dir. Roberto Rossellini. Itália: Orizzonte 2000; RAI 
Radiotelevisione Italiana, 1972. 121 minutos.
Figura 10 – Cena do filme O nome da rosa. Direção de Jean‑Jacques Annaud
Os teólogos, considerados também filósofos, mais importantes do período medieval foram: Santo 
Agostinho, Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto 
Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura.
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Figura 11 – Abelardo
O início da Filosofia Moderna se dá com o surgimento do pensamento renascentista, que rompe com 
a filosofia medieval.
As grandes descobertas marítimas, a reforma protestante, o ressurgimento das cidades e o 
reestabelecimento do comércio colocaram fim ao sistema feudal medieval. Isso tudo ocorreu no período 
chamado de Renascença, entre os séculos XIV e XVI.
Figura 12 – Cidade Renascentista
Segundo Chauí (2004, p. 48), o pensamento renascentista tem três grandes linhas de pensamento:
1. Aquela proveniente de Platão, do neoplatonismo e da descoberta dos 
livros do Hermetismo; nela se destacava a ideia da Natureza como um 
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grande ser vivo; o homem faz parte da Natureza como um microcosmo 
(como espelho do Universo inteiro) e pode agir sobre ela através da magia 
natural, da alquimia e da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos 
e ligações secretas (a simpatia) entre as coisas; o homem pode, também, 
conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus.
2. Aquela originária dos pensadores florentinos, que valorizava a vida ativa, 
isto é, a política, e defendia os ideais republicanos das cidades italianas 
contra o Império Romano‑Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e 
dos imperadores. Na defesa do ideal republicano, os escritores resgataram 
autores políticos da Antiguidade, historiadores e juristas, e propuseram a 
“imitação dos antigos” ou o renascimento da liberdade política, anterior ao 
surgimento do império eclesiástico.
3. Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio 
destino, tanto através dos conhecimentos (astrologia, magia, alquimia), quanto 
através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, 
engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro).
O Renascimento é assim chamado porque a cultura, a filosofia e a arte dos gregos e dos romanos 
renasceram após ter desaparecidodurante o período medieval. Isso porque a igreja considerava herege 
a cultura, a filosofia e a arte dos gregos e dos romanos porque eram pagãos.
O pensamento renascentista, assim como o pensamento moderno, é antropocêntrico, isto é, o 
homem é o centro da Filosofia, é o ponto de partida para a compreensão da realidade.
 Saiba mais
O cinema retratou o período Renascentista em:
MARTINHO Lutero. Dir. Irving Pichel. Alemanha; Estados Unidos: Louis 
de Rochemont Associates, 1953. 105 minutos.
GIORDANO Bruno. Dir. Giuliano Montaldo. Itália; França: Compagnia 
Cinematografica Champion, 1973. 115 minutos.
ELIZABETH. Dir. Shekhar Kapur. Reino Unido: PolyGram Filmed 
Entertainment, 1998. 124 minutos.
O MERCADOR de Veneza. Dir. Michael Radford. EUA; Itália; Luxemburgo; 
Reino Unido: Movision, 2004. 131 minutos.
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Figura 13 – Cena do filme Elizabeth, de Shekhar Kapur (2007)
Os principais pensadores do período renascentista são: Dante, Marcílio Ficino, Giordano Bruno, 
Campanella, Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Thomas Morus, Jean Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa.
Figura 14 – Maquiavel
 Lembrete
Rompendo com o pensamento medieval, o pensamento renascentista 
tem três grandes linhas de pensamento: o antropocentrismo, a vida política 
e o homem dono de seu destino.
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2.2 Racionalismo clássico: Descartes
O primeiro período, chamado de Renascimento, nós já estudamos. O segundo período é chamado de 
Racionalismo Clássico é marcado por três grandes mudanças intelectuais segundo Chauí (2004, p. 48):
1. Aquela conhecida como o “surgimento do sujeito do conhecimento”, isto é, 
a Filosofia, em lugar de começar seu trabalho conhecendo a Natureza e Deus, 
para depois referir‑se ao homem, começa indagando qual é a capacidade do 
intelecto humano para conhecer e demonstrar a verdade dos conhecimentos. 
Em outras palavras, a Filosofia começa pela reflexão, isto é, pela volta do 
pensamento sobre si mesmo para conhecer sua capacidade de conhecer.
O ponto de partida é o sujeito do conhecimento como consciência de si 
reflexiva, isto é, como consciência que conhece sua capacidade de conhecer. 
O sujeito do conhecimento é um intelecto no interior de uma alma, 
cuja natureza ou substância é completamente diferente da natureza ou 
substância de seu corpo e dos demais corpos exteriores.
Por isso, a segunda pergunta da Filosofia, depois de respondida a pergunta 
sobre a capacidade de conhecer, é: Como o espírito ou intelecto pode conhecer 
o que é diferente dele? Como pode conhecer os corpos da Natureza?
2. A resposta à pergunta acima constituiu a segunda grande mudança intelectual 
dos modernos, e essa mudança diz respeito ao objeto do conhecimento. Para 
os modernos, as coisas exteriores (a Natureza, a vida social e política) podem 
ser conhecidas desde que sejam consideradas representações, ou seja, ideias 
ou conceitos formulados pelo sujeito do conhecimento.
Isso significa, por um lado, que tudo o que pode ser conhecido deve poder 
ser transformado num conceito ou numa ideia clara e distinta, demonstrável 
e necessária, formulada pelo intelecto; e, por outro lado, que a Natureza 
e a sociedade ou política podem ser inteiramente conhecidas pelo sujeito, 
porque elas são inteligíveis em si mesmas, isto é, são racionais em si mesmas 
e propensas a serem representadas pelas ideias do sujeito do conhecimento.
3. Essa concepção da realidade como intrinsecamente racional e que pode 
ser plenamente captada pelas ideias e conceitos preparou a terceira grande 
mudança intelectual moderna. A realidade, a partir de Galileu, é concebida 
como um sistema racional de mecanismos físicos, cuja estrutura profunda 
e invisível é matemática. O “livro do mundo”, diz Galileu, “está escrito em 
caracteres matemáticos.”
A realidade, concebida como sistema racional de mecanismos 
físico‑matemáticos, deu origem à ciência clássica, isto é, à mecânica, por meio 
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Unidade I
da qual são descritos, explicados e interpretados todos os fatos da realidade: 
astronomia, física, química, psicologia, política, artes são disciplinas cujo 
conhecimento é de tipo mecânico, ou seja, de relações necessárias de causa 
e efeito entre um agente e um paciente.
A realidade é um sistema de causalidades racionais rigorosas que podem ser 
conhecidas e transformadas pelo homem. Nasce a ideia de experimentação e 
de tecnologia (conhecimento teórico que orienta as intervenções práticas) e o 
ideal de que o homem poderá dominar tecnicamente a Natureza e a sociedade.
Predomina, assim, nesse período, a ideia de conquista científica e técnica de 
toda a realidade, a partir da explicação mecânica e matemática do Universo 
e da invenção das máquinas, graças às experiências físicas e químicas.
Existe também a convicção de que a razão humana é capaz de conhecer a 
origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções e, pela vontade 
orientada pelo intelecto, é capaz de governá‑las e dominá‑las, de sorte que 
a vida ética pode ser plenamente racional.
A mesma convicção orienta o racionalismo político, isto é, a ideia de que a 
razão é capaz de definir para cada sociedade qual o melhor regime político 
e como mantê‑lo racionalmente.
Nesse período, os principais pensadores são: Francis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal, Hobbes, 
Espinosa, Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley, Newton, Gassendi. Portanto, Descartes é um pensador 
racionalista do período clássico da Filosofia Moderna.
Figura 15 – Descartes
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Vejamos agora como Jostein Gaarder (1995, p. 252‑254), no início do capítulo sobre Descartes em 
seu livro O Mundo de Sofia, narra a vida de Descartes e seu lugar na História da Filosofia:
CAPÍTULO XVIII: DESCARTES
... ele queria remover todos os velhos materiais do terreno de construção....
Alberto levantara‑se e despira a capa vermelha. Pô‑la numa cadeira e voltou a sentar‑se 
confortavelmente no sofá.
— “René Descartes” nasceu em 1596 e viveu em vários países da Europa ao longo da vida. 
Já na sua juventude, sentia o forte desejo de tomar conhecimento da natureza do homem 
e do universo. Mas depois de ter estudado filosofia tornou‑se consciente principalmente da 
sua própria ignorância.
— Mais ou menos como Sócrates?
— Sim, mais ou menos assim. Tal como Sócrates, estava convencido de que só a razão 
nos pode dar conhecimento seguro. Nunca podemos confiar no que está escrito em livros 
antigos. Nem sequer podemos confiar no que os nossos sentidos nos transmitem.
— Platão era da mesma opinião. Ele achava que só a razão nos pode dar um saber sólido.
— Exato. De Sócrates e Platão, através de S. Agostinho, há uma linha direta até Descartes. 
Todos eles eram racionalistas convictos. Para eles, a razão era a única fonte segura de 
conhecimento. Após muitos estudos, Descartes reconheceu que não era forçoso confiar 
no saber transmitido na Idade Média. Podes fazer uma comparação com Sócrates, que não 
confiava nas concepções mais difundidas com que se defrontava na ágora em Atenas. E o 
que é que se faz neste caso, Sofia? Sabes responder‑me?
— Começa‑se a filosofar por si mesmo.
— Exato. Descartes decidiu então viajar pela Europa — tal como Sócrates, que passou 
a vida em diálogo com homens de Atenas. Ele próprio relata que a partir dessa altura só 
queria procurar o saber que podia encontrar em si mesmoou “no grande livro do mundo”. 
Por isso, entrou para o exército e pôde permanecer em diversos locais da Europa Central. 
Mais tarde, passou alguns anos em Paris. Em maio de 1629, viajou para os Países Baixos, 
onde viveu durante quase vinte anos, enquanto trabalhava nos seus escritos filosóficos. Em 
1649, a rainha Cristina convidou‑o a viver na Suécia. Mas esta estadia “no país dos ursos, 
do gelo e dos rochedos”, como ele lhe chamou, provocou‑lhe uma pneumonia, e morreu no 
Inverno de 1650.
— Então só tinha 54 anos!
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— Mas ainda havia de ser muito importante para a filosofia, mesmo após a sua 
morte. Sem exagero, podemos dizer que Descartes foi o fundador da filosofia da época 
moderna. Depois da imponente redescoberta do homem e da natureza no Renascimento, 
surgiu de novo a necessidade de reunir todas as ideias contemporâneas num único 
“sistema filosófico” coerente. O primeiro grande construtor de sistema foi “Descartes”, e 
seguiram – se‑lhe “Espinosa” e “Leibniz”, “Locke” e “Berkeley”, “Hume” e “Kant”.
— O que é que entendes por “sistema filosófico”?
— Entendo uma filosofia construída desde a base e que procura encontrar uma resposta 
para todas as questões filosóficas importantes. A Antiguidade teve grandes construtores de 
sistemas como Platão e Aristóteles. A Idade Média teve S. Tomás de Aquino, que queria fazer 
uma ponte entre a filosofia de Aristóteles e a teologia cristã. Veio depois o Renascimento — 
com uma mistura de velhas e novas ideias sobre a natureza e a ciência, Deus e os homens. 
Só no século XVII a filosofia tentou de novo pôr em sistema as novas ideias. O primeiro a 
fazer esta tentativa foi Descartes. Ele deu o sinal de partida para aquilo que se tornaria o 
projeto filosófico mais importante para as gerações seguintes. Antes de mais, preocupava‑o 
o que nós podemos saber, ou seja, a questão da “solidez do nosso conhecimento”. A 
segunda grande questão que o preocupava era a “relação entre corpo e alma”. Estas duas 
problemáticas determinariam a discussão filosófica dos cento e cinquenta anos seguintes.
— Então ele estava adiantado em relação à época.
— Mas as questões já andavam no ar na época. Na questão de como podemos alcançar 
saber seguro, alguns exprimiram o seu total “ceticismo” filosófico. Achavam que os homens 
tinham de se conformar com o fato de nada saberem. Mas Descartes não se conformou com 
isso. Se o tivesse feito, não teria sido um verdadeiro filósofo. De novo, podemos fazer um 
paralelismo com Sócrates, que não se contentou com o ceticismo dos sofistas. Justamente 
na época de Descartes, a nova ciência da natureza desenvolvera um método que havia de 
fornecer uma descrição totalmente segura e exata dos processos naturais. Descartes se 
interrogou não havia um método igualmente seguro e exato para a reflexão filosófica.
Fonte: Gaarder (1995, p. 252‑254).
2.3 Iluminismo: filosofia das luzes
O terceiro período, chamado Iluminismo, também se firma nos poderes da razão. A razão é a luz que 
ilumina a realidade, por isso, esse é o período das luzes, daí o nome Iluminismo.
Segundo Chauí (2004, p. 49), o Iluminismo afirma que:
• pela razão, o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade 
social e política (a Filosofia da Ilustração foi decisiva para as ideias da 
Revolução Francesa de 1789);
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• a razão é capaz de evolução e progresso, e o homem é um ser 
perfectível. A perfectibilidade consiste em liberar‑se dos preconceitos 
religiosos, sociais e morais, em libertar‑se da superstição e do medo, 
graças ao conhecimento, às ciências, às artes e à moral;
• o aperfeiçoamento da razão se realiza pelo progresso das civilizações, 
que vão das mais atrasadas (também chamadas de “primitivas” ou 
“selvagens”) às mais adiantadas e perfeitas (as da Europa Ocidental);
• há diferença entre Natureza e civilização, isto é, a Natureza é o 
reino das relações necessárias de causa e efeito ou das leis naturais 
universais e imutáveis, enquanto a civilização é o reino da liberdade 
e da finalidade proposta pela vontade livre dos próprios homens, em 
seu aperfeiçoamento moral, técnico e político.
No período do Iluminismo há um interesse grande pelas ciências, principalmente aquelas baseadas na 
ideia de evolução. A evolução das espécies, estudada por Darwin, colocará a biologia em um lugar central 
no pensamento iluminista, incluindo‑a no campo da filosofia da vida. Também há grande interesse pelas 
artes, porque elas representam o grau de progresso de uma civilização, pois são expressões artísticas do 
nível de desenvolvimento de uma sociedade.
Figura 16 – Charles Darwin
No período das luzes ocorre também o interesse pela compreensão da economia como alicerce 
da vida social e política. É nesse momento que surge uma reflexão mais aprofundada sobre a origem 
das riquezas de cada nação. Discute‑se a importância maior ou menor da agricultura e do comércio. 
Essa controvérsia sobre o que vale mais, a agricultura ou o comércio, se expressa em duas correntes 
do pensamento econômico: a corrente fisiocrata, que defende que a agricultura é a fonte principal da 
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origem das riquezas de uma sociedade; e a corrente mercantilista, que defende o comércio como sendo 
a fonte principal para a formação da riqueza das nações.
O pensamento moderno é antropocêntrico, isto é, o Homem é o centro da Filosofia, é o ponto de 
partida para a compreensão da realidade. Isso porque a Filosofia Moderna, seja no Renascimento, no 
Racionalismo Clássico e no Iluminismo, busca compreender o mundo por meio da razão. E essa razão 
é a razão humana. O Racionalismo e o Iluminismo, centrados na ideia da razão humana, marcam uma 
ruptura com o pensamento medieval teocêntrico, isto é, centrado na ideia de Deus.
 Saiba mais
Os filmes indicados a seguir retrataram o período por meio dos 
relacionamentos sociais nas cortes da nobreza:
LIGAÇÕES perigosas. Dir. Stephen Frears. EUA; Reino Unido: Lorimar 
Film Entertainment, 1988. 119 minutos.
ORLANDO: a mulher imortal. Dir. Sally Potter. Reino Unido: Adventure 
Pictures, 1992. 94 minutos.
MARIA Antonieta. Dir. Sofia Coppola. EUA; França; Japão: Columbia 
Pictures Corporation, 2006. 123 minutos.
Figura 17 – Cena do filme Maria Antonieta. Direção: Sofia Coppola
Os principais pensadores iluministas são: Hume, Voltaire, D’Alembert, Diderot, Rousseau, Kant, Fichte 
e Schelling.
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Figura 18 – Rousseau
 Lembrete
A Filosofia Moderna pode ser dividida em três períodos: Renascimento 
(séculos XIV até XVI), Racionalismo Clássico (século XVII a meados do século 
XVIII) e o Iluminismo (meados do século XVIII ao começo do século XIX).
3 RACIONALISMO MODERNO E O EMBATE COM OS EMPIRISTAS
Neste momento, iremos realizar a leitura de trechos de um texto escrito por Marilena Chauí, no qual 
a autora coloca em debate uma questão fundamental para os pensadores modernos: a razão humana 
é inata, isto é, nascemos já com ela, ou é adquirida, ou seja, forma‑se a partir das nossas experiências 
vividas? Na sequência, a autora apresenta as principais respostas dadas por filósofos modernos.
Os textos selecionados foram retirados dos capítulos três e quatro da unidade 2 do livro Convite 
à Filosofia.
3.1 A origem da razão humana: debate entre inatistas e empiristas
Você já se perguntou de onde vêm suas ideias? Vocêjá nasceu com elas ou foi aprendendo 
durante a vida? Dois irmãos gêmeos têm as mesmas ideias ou ideias diferentes? Eles nasceram com 
personalidades e tendências semelhantes ou diferentes? Vejamos como Chauí coloca o problema 
sobre a origem da razão:
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A razão: inata ou adquirida?
Inatismo ou empirismo?
De onde vieram os princípios racionais (identidade, não‑contradição, terceiro‑excluído 
e razão suficiente)? De onde veio a capacidade para a intuição (razão intuitiva) e para o 
raciocínio (razão discursiva)? Nascemos com eles? Ou nos seriam dados pela educação e 
pelo costume? Seriam algo próprio dos seres humanos, constituindo a natureza deles, ou 
seriam adquiridos através da experiência?
Durante séculos, a Filosofia ofereceu duas respostas a essas perguntas. A primeira ficou 
conhecida como inatismo e a segunda, como empirismo.
O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios 
racionais, mas também algumas ideias verdadeiras, que, por isso, são ideias inatas. O empirismo, 
ao contrário, afirma que a razão, com seus princípios, seus procedimentos e suas ideias, é 
adquirida por nós através da experiência. Em grego, experiência se diz: empeiria – donde, 
empirismo, conhecimento empírico, isto é, conhecimento adquirido por meio da experiência.
Fonte: Chauí (2004, p. 69).
Assim surge o debate entre inatistas e empiristas acerca da origem da razão humana.
Os inatistas defendem que a razão é inata, ou seja, já nascemos com alguns conteúdos em nossas 
mentes. Já nascemos sabendo de algo, com alguns conhecimentos preexistentes. Nesse sentido, temos 
Platão, que afirma que nascemos com o conhecimento das ideias, embora elas estejam esquecidas, 
cabendo a nós nos lembrarmos delas no decorrer da vida.
Figura 19 
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Vejamos primeiro as teses dos inatistas, segundo Chauí:
O inatismo
Vamos falar do inatismo tomando dois filósofos como exemplo: o filósofo grego Platão 
(século IV a.C.) e o filósofo francês Descartes (século XVII).
Inatismo platônico
Platão defende a tese do inatismo da razão ou das ideias verdadeiras em várias de suas 
obras, mas as passagens mais conhecidas se encontram nos diálogos Mênon e A República.
No Mênon, Sócrates dialoga com um jovem escravo analfabeto. Fazendo‑lhe perguntas 
certas na hora certa, o filósofo consegue que o jovem escravo demonstre sozinho um difícil 
teorema de geometria (o teorema de Pitágoras). As verdades matemáticas vão surgindo no 
espírito do escravo à medida que Sócrates vai‑lhe fazendo perguntas e vai raciocinando 
com ele.
Como isso seria possível, indaga Platão, se o escravo não houvesse nascido com a razão 
e com os princípios da racionalidade? Como dizer que conseguiu demonstrar o teorema por 
um aprendizado vindo da experiência, se ele jamais ouvira falar de geometria?
Em A República, Platão desenvolve uma teoria que já fora esboçada no Mênon: a teoria 
da reminiscência. Nascemos com a razão e as ideias verdadeiras, e a Filosofia nada mais faz 
do que nos relembrar essas ideias.
Platão é um grande escritor e usa em seus escritos um procedimento literário que o 
auxilia a expor as teorias muito difíceis. Assim, para explicar a teoria da reminiscência, narra 
o mito de Er.
O pastor Er, da região da Panfília, morreu e foi levado para o Reino dos Mortos. Ali chegando, 
encontra as almas dos heróis gregos, de governantes, de artistas, de seus antepassados e 
amigos. Ali, as almas contemplam a verdade e possuem o conhecimento verdadeiro.
Er fica sabendo que todas as almas renascem em outras vidas para se purificarem de seus 
erros passados até que não precisem mais voltar à Terra, permanecendo na eternidade. Antes 
de voltar ao nosso mundo, as almas podem escolher a nova vida que terão. Algumas escolhem 
a vida de rei, outras de guerreiro, outras de comerciante rico, outras de artista, de sábio.
No caminho de retorno à Terra, as almas atravessam uma grande planície por onde corre 
um rio, o Lethé (que, em grego, quer dizer esquecimento), e bebem de suas águas. As que 
bebem muito esquecem toda a verdade que contemplaram; as bebem pouco quase não se 
esquecem do que conheceram.
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As que escolheram vidas de rei, de guerreiro ou de comerciante rico são as que mais 
bebem das águas do esquecimento; as que escolheram a sabedoria são as que menos bebem. 
Assim, as primeiras dificilmente (talvez nunca) se lembrarão, na nova vida, da verdade que 
conheceram, enquanto as outras serão capazes de lembrar e ter sabedoria, usando a razão.
Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe em nós; é despertar a razão 
para que ela se exerça por si mesma. Por isso, Sócrates fazia perguntas, pois, através delas, 
as pessoas poderiam lembrar‑se da verdade e do uso da razão. Se não nascêssemos com a 
razão e com a verdade, indaga Platão, como saberíamos que temos uma ideia verdadeira 
ao encontrá‑la? Como poderíamos distinguir o verdadeiro do falso, se não nascêssemos 
conhecendo essa diferença?
Fonte: Chauí (2004, p. 69).
Descartes é um inatista. Vejamos como Chauí expõe as principiais características do inatismo cartesiano:
Inatismo cartesiano
Descartes discute a teoria das ideias inatas em várias de suas obras, mas as 
exposições mais conhecidas encontram‑se em duas delas: no Discurso do Método e 
nas Meditações Metafísicas.
Nelas, Descartes mostra que nosso espírito possui três tipos de ideias que se diferenciam 
segundo sua origem e qualidade:
1. Ideias adventícias (isto é, vindas de fora): são aquelas que se originam de nossas 
sensações, percepções, lembranças; são as ideias que nos vêm por termos tido a experiência 
sensorial ou sensível das coisas a que se referem. Por exemplo, a ideia de árvore, de pássaro, 
de instrumentos musicais etc. São nossas ideias cotidianas e costumeiras, geralmente 
enganosas ou falsas, isto é, não correspondem à realidade das próprias coisas.
Assim, andando à noite por uma floresta, vejo fantasmas. Quando raia o dia, descubro 
que eram galhos retorcidos de árvores que se mexiam sob o vento. Olho para o céu e vejo, 
pequeno, o Sol. Acredito, então, que é menor do que a Terra, até que os astrônomos provêm 
racionalmente que ele é muito maior do que ela.
2. Ideias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo 
seres inexistentes com pedaços ou partes de ideias adventícias que estão em nossa 
memória. Por exemplo, cavalo alado, fadas, elfos, duendes, dragões, Super‑Homem etc. São 
as fabulações das artes, da literatura, dos contos infantis, dos mitos, das superstições.
Essas ideias nunca são verdadeiras, pois não correspondem a nada que exista realmente 
e sabemos que foram inventadas por nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros 
que as inventaram.
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3. Ideias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque 
não há objetos sensoriais ou sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois 
não tivemos experiência sensorial para compô‑las a partir de nossa memória.
As ideias inatas são inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos 
com elas. Por exemplo, a ideia do infinito (pois não temos qualquer experiência do 
infinito), as ideias matemáticas (a matemática pode trabalhar com a ideia de uma 
figura de mil lados, o quiliógono,

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