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UNIDADE I Kant Prof. Dr. Fernando Oliveira O objetivo do curso é compreender, a partir da leitura, análise e discussão da “Crítica da Razão Pura”, (1) a posição, propósito e o significado da filosofia crítica, bem como (2) os principais conceitos e argumentos contidos na obra kantiana. Objetivos Gerais da Disciplina: Refletir sobre a vida, obra e trajetória acadêmica de Immanuel Kant em suas três fases distintas de produção acadêmica. Identificar as fases pré-crítica, crítica e pós-crítica de Kant, com suas respectivas produções e contribuições filosóficas do pensamento. Identificar conceitos Kantianos, visando aprofundar o pensamento de Kant e as categorias de pensamento: Kant – Filosofia Moderna / Objetivos da Disciplina Introdução à Crítica da razão pura, Estética transcendental; Lógica transcendental; Analítica transcendental; Analítica dos conceitos, Lógica transcendental, Dialética transcendental, Imperativo Hipotético, Imperativo categórico, A priori, A posteriori, etc. Analisar diferentes estratégias de justificativa do conhecimento do mundo exterior. Analisar os princípios mais elementares das teorias do conhecimento de Descartes, Hume e Kant. Reconstruir a formulação do problema do mundo exterior em Descartes, Hume e Kant. Reconstruir os argumentos que respondem à questão do mundo exterior em Descartes, Hume e Kant. Objetivos Gerais da Disciplina O contexto de Kant está inserido no século XVIII, onde duas ciências se apresentavam como conjuntos de conhecimentos certo e indiscutíveis: a física e a matemática. Um outro grande dilema da época de Kant é problema da ação humana, ou seja, o caráter moral. Além desses dois esforços e forças existentes no imaginário dos homens daquela época, somaram-se os problemas de apreciação estética e das formas de pensamento da biologia, desdobrando-se numa visão sistemática das funções e dos produtos de razão humana. Unidade I – Apresentação da Obra de Kant Suas ideias permeavam temas como o idealismo transcendental, onde afirmava que nós trazemos conceitos que não são frutos de nossas experiências. Para Kant, nossas ações humanas são fundamentadas na razão. Discordando do hedonismo extremista, Kant considerava a felicidade como uma das consequências da moralidade. Na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, ele afirma necessidade de se formular uma filosofia moral pura, despida, portanto, de tudo que seja empírico Unidade I – Apresentação da Obra de Kant Na Crítica da Razão Pura, o método Kantiano é invertido em relação à obra citada anteriormente. Nesta, a vida moral aparece como forma através da qual se pode conhecer a liberdade, enquanto na Crítica da Razão Prática a liberdade é investigada como a razão de ser da vida moral. Ele demonstra que a lei moral provém da ideia de liberdade e que, portanto a razão pura é, por si mesma, prática, no sentido de que a ideia racional da liberdade determina por si mesma a vida moral e com isso demonstra sua própria realidade. Seu pressuposto seria a partir da tese de que o incondicionado e absoluto (inatingível pela razão no terreno do conhecimento) seria alcançado verdadeiramente na esfera da moralidade; a liberdade seria a coisa em si, almejada pela razão. Dessa maneira, a razão prática tem primazia sobre a razão pura. Unidade I – Apresentação da Obra de Kant Um dos seus pressupostos conhecidos na filosofia é o imperativo categórico. Em sua premissa, o seguinte termo formula-se nos seguintes termos “Age de tal maneira que o motivo que te levou a agir possa ser convertido em lei universal”. Para ele, o imperativo categórico afirma a autonomia da vontade como único princípio de todas as leis morais, e essa autonomia consiste na independência em relação a toda a matéria da lei e na determinação do livre- arbítrio mediante a simples forma legislativa universal de que uma máxima deve ser capaz. O estilo da escrita de Kant é notoriamente prolixo e difícil, mas todos os relatos comprovam que suas aulas eram o oposto. Suas famosas aulas de geografia atraíam multidões de fora da universidade. Suas aulas eram um enorme sucesso e sua fama logo se espalhou, estimulada por seu turbilhão de tratados sobre assuntos científicos. Unidade I – Apresentação da Obra de Kant As obras do período pré-crítico, para alguns pesquisadores, são compostas por um amálgama de questões e por diversas orientações intelectuais, entretanto, não foram publicadas logo de início, pois com a publicação da Crítica, Kant deixa claro qual é o seu interesse e considera que os escritos anteriores a essa publicação possuem uma importância menor dentro do seu pensamento atual. No entanto, havia um interesse na publicação dessas obras, em especial para Kuno Fischer, que afirmava tais textos como a chave do pensamento kantiano, salientando que a evolução de Kant passa por três fases, a saber: racionalista, empirista e crítico (GIROTTI, 2008, p.113). O período anterior à Crítica se estende de 1746 a 1770 (ou 1772 para alguns historiadores) e o próprio Kant afirma que seu pensamento crítico começa a partir da publicação da obra “Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível”. Unidade I – Fase Pré-crítica de Kant 1º – o pressuposto da homogeneidade ou uniformidade da natureza, também chamado, na época, precisamente, o princípio da “analogia da natureza”. 2º – o pressuposto da unidade ou sistematicidade da natureza e do cosmos, de acordo com o qual tudo se liga em toda a extensão da natureza, bastando encontrar o módulo arquitetônico que garante essa interligação. 3º – o pressuposto da continuidade da natureza ou a lex continui in natura, com frequência invocado em formulação negativa, mediante a qual tudo se liga em toda a extensão da natureza e do universo. 4º – o pressuposto da simplicidade e economia da natureza e das suas leis, também conhecido como lex parsimoniae: se poucas leis e muito simples podem explicar a totalidade dos fenômenos, não há que invocar outras. Unidade I – Pressupostos Kantianos 5º – o pressuposto de pregnância ou satisfação, o qual se deixa traduzir noutros tópicos recorrentes ao longo da obra, tais como: “ordem”, “mútua conformidade”, “conveniência”, “concordância”, “acordo”, “harmonia”, “beleza”. Assim, será preferível a explicação – seja ela teoria, hipótese ou conjectura – que dê cabalmente razão de toda a grandeza e beleza do universo, ou que a faça ver de algum modo que seja, e que satisfaça também o impulso de compreensão ou de explicação que move a teleologia imanente da razão humana. Os escritos críticos – Em vários escritos, mas notadamente na lógica, Kant explicita as quatro grandes questões de sua obra: O que podemos conhecer? O que devemos fazer? O que podemos esperar? O que é o homem? Unidade I – Pressupostos Kantianos e os Escritos Críticos Assinale a alternativa que aponta uma das obras de Kant que trabalha a imersão numa nova fase de sua trajetória, a Fase Crítica: a) Sonhos de um visionário. b) História geral. c) Nova Dilucidatio. d) Crítica da razão pura. e) Nenhuma das alternativas. Interatividade 1º – o pressuposto da homogeneidade ou uniformidade da natureza, também chamado, na época, precisamente, o princípio da “analogia da natureza” e por vezes expresso na máxima natura est consimilis sui. Ele dobra-se com o pressuposto da homogeneidade da razão: os mesmos princípios ou as mesmas leis valem para toda a natureza. Kant – Unidade I: Pressupostos Kantianos 2º – o pressuposto da unidade ou sistematicidade da natureza e do cosmos, de acordo com o qual tudo se liga em toda a extensão da natureza,bastando encontrar o módulo arquitetônico que garante essa interligação. A juvenil obra de Kant exprime de uma forma superlativa o impulso para a sistematização e para o sistema. Mas trata-se de um sistema em processo, no qual estão em permanente tensão as forças de estruturação e as de gênese, as de estabilidade e as de desestruturação criadora. Unidade I: Pressupostos Kantianos 3º – o pressuposto da continuidade da natureza ou a lex continui in natura, com frequência invocado em formulação negativa – natura non facit saltus; non datur vacuum formarum/specierum, que na época era traduzido na pregnante imagem da “grande cadeia do ser”, mediante a qual tudo se liga em toda a extensão da natureza e do universo. No fundo, é este o pressuposto que mais imediatamente sustenta o próprio procedimento analógico, legitimando as passagens ou transposições sempre graduais de um campo a outro, do próximo ao mais distante, do visível ao invisível, do mais simples ao mais complexo, do conhecido ao desconhecido. Unidade I – Pressupostos Kantianos 4º – o pressuposto da simplicidade e economia da natureza e das suas leis, também conhecido como lex parsimoniae: se poucas leis e muito simples podem explicar a totalidade dos fenômenos, não há que invocar outras. Foi assim que, para desenhar todo o “mapa da infinidade” do universo, bastaram a Kant as leis newtonianas da atração e da repulsão, mas por certo agilizadas, ampliadas e potenciadas por algumas conjecturas ou suposições. Unidade I – Pressupostos Kantianos 5º – o pressuposto de pregnância ou satisfação, o qual se deixa traduzir noutros tópicos recorrentes ao longo da obra, tais como: “ordem”, “mútua conformidade”, “conveniência”, “concordância”, “acordo”, “harmonia”, “beleza”. Assim, será preferível a explicação – seja ela teoria, hipótese ou conjectura – que dê cabalmente razão de toda a grandeza e beleza do universo, ou que a faça ver de algum modo que seja e que satisfaça também o impulso de compreensão ou de explicação que move a teleologia imanente da razão humana. Unidade I – Pressupostos Kantianos Os primeiros escritos kantianos costumam oscilar entre a ciência e a metafísica, uma vez que Kant acredita na necessidade de empregar princípios metafísicos à ciência (problema do método), ao mesmo tempo em que instiga problemas de ordem metafísica, esboçando nela mesma uma filosofia. A “nova ciência” de Newton, que influencia toda a Europa culmina em uma disputa entre leibnizianos e newtonianos, conduzindo Kant a refletir sobre os problemas metodológicos que envolvem a ciência moderna e a metafísica. Unidade I – Escritos Kantianos Fonte: <http://oficinakantiana.blogspot.com/2011/06/fluxograma-da-critica-da-razao-pura.html> Os Escritos Críticos O escrito Sonhos de um visionário, marca justamente a passagem da fase pré- crítica à maturidade do pensamento kantiano. É manifesto que a filosofia crítica tem menos o objetivo de dar um fundamento ao conhecimento científico do que simplesmente de explicitar os fundamentos dados por pressupostos, ao mesmo tempo que nega qualquer fundamento científico aos conhecimentos de ordem mística e metafísica, reduzindo, portanto, a religião, a um conjunto de mandamentos morais sem qualquer respaldo cognitivo. Unidade 1 – Os Escritos Críticos A crítica da razão pura Em vários escritos, mas notadamente na lógica, Kant explicita as quatro grandes questões de sua obra: 1. O que podemos conhecer? 2. O que devemos fazer? 3. O que podemos esperar? 4. O que é o homem? Unidade 1 – A crítica da razão pura Entendendo a razão pura A “Crítica da Razão Pura” é o livro em que Kant separa os domínios da ciência e da ação. O conhecimento se constrói a partir do fenômeno que alia a intuição sensível ao conceito do intelecto. Assim, são as categorias lógicas que constituem objetos, permitindo que possam ser conhecidos de forma universal e necessária. No entanto, Kant distingue conceitos de ideias. Estas são, por excelência, objeto da Razão Pura, já que não podem ser conhecidas (não há fenômenos das ideias). A Razão é a faculdade do incondicionado e seu limite para conhecer é o fenômeno. Logo, sem função na área do conhecimento, a Razão pensa objetos, ainda que não possam ser conhecidos. Para Kant, a Razão não constitui objetos, mas tem uma função reguladora das ações humanas. As principais ideias listadas por Kant são as de Deus, de Alma e de Mundo como totalidade metafísica, isto é, como um todo. Unidade 1 – Crítica da razão pura Leia a assertiva que segue e assinale a alternativa que condiz com a definição e o objeto proposto: “São os juízos responsáveis por ampliar nosso conhecimento, sempre que dizem algo de novo ao sujeito contido nele. Podemos dizer que são aqueles que o predicado acrescenta algo ao sujeito”. a) Juízo analítico a priori. b) Juízo sintético a posteriori. c) Juízo sintético a priori. d) Juízo teleológico. e) Juízo estético. Interatividade Ao examinar cada uma dessas ideias, Kant se depara com as antinomias da razão pura, isto é, com argumentos contraditórios que se opõem em tese e antítese. Vamos dar alguns poucos exemplos, entre outros, aos quais Kant recorreu: 1. A ideia de liberdade tanto pode ter argumentos a favor como contra (determinismo). 2. Pode-se compreender tanto que o mundo tem um início e é limitado, ou que não teve início e é ilimitado. 3. Tanto se argumenta que o mundo existe a partir de uma causa necessária, que é Deus, ou que não existe um ser absolutamente necessário que seja causa do mundo. Kant – Unidade I: Antinomias da Razão Pura A herança Kantiana. O pensamento kantiano é conhecido como idealismo transcendental. A expressão transcendental em Kant significa aquilo que dá condição de possibilidade da experiência ouvir, ou seja, o conhecimento transcendental é o que trata os conceitos a priori dos objetos, e não dos objetos como tal. A crítica da razão prática Na Crítica da Razão Prática (1788), Kant expôs a doutrina ética que lhe serviu de base para a demonstração de uma obra transcendente, sem que fosse necessário recorrer à metafísica especulativa. A ética, para ele, não precisa dos dados da sensibilidade e, portanto, não pode cair em “ilusões”. Kant – Unidade I – Parte 3 Em “Crítica da razão prática”, Kant afirma que todo o princípio da moral reside em nossa razão autônoma, e mais uma vez anuncia o imperativo categórico: “Age sempre como se a máxima da tua ação devera ser erigida por tua vontade como uma lei universal da natureza”. Trata-se de um texto importantíssimo na história da filosofia moral, que busca o cerne da teoria de Kant sobre o livre-arbítrio e o total desenvolvimento da metafísica prática, fornecendo a chave do sistema filosófico kantiano. O que Kant tem por certo na Crítica da Razão Prática, ao conjecturar uma estratégia metodológica para a justificação do uso prático da razão é que a mesma não mais pode ser empreendida mediante uma passagem entre os domínios teórico e prático. Kant – Unidade I – Parte 3 A dialética da razão pura na determinação de conceito de sumo bem: “sumo” pode significar supremo ou perfeito No primeiro caso, condiciona a si mesmo e não está subordinado e nenhum outro, (originarium), enquanto que, no segundo, é aquele todo que não é parte alguma de um todo maior da mesma classe (perfectissimum). Ainda tratando-se do sumo bem, na visão epicurista, ter a consciência da máxima que leva à felicidade é a felicidade em si, prudência equivale a moralidade, consciência da necessidade sensível e baseia seu princípio do lado estético. A virtude é todo sumo bem, e a felicidadeé a consciência da posse dessa virtude como inerente ao estado do sujeito. Dialética da razão pura prática Enquanto que na visão estoica, ter consciência da virtude é a felicidade, só a moralidade é a verdadeira sabedoria, baseia-se o princípio no lado lógico e tem uma independência da razão prática relativamente a todos os princípios sensíveis de determinação, ou seja, a felicidade é todo o sumo bem e a virtude é a forma máxima para adquiri-lo, isto é, no uso racional dos meios para a obter. Dialética da razão pura prática Razão Prática: Busca estabelecer o uso da razão não baseada na intuição sensível, nem na experiência, isto é, do tipo numênico. Razão Pura: busca limitar a razão cognoscitiva à esfera da experiência. Mas qual é o grande fim da moralização? Para Kant, em última instância, o fim da moralização e, portanto, de toda a educação moral, é a formação do caráter do homem. O primeiro esforço da cultura moral deve ser lançar os fundamentos do caráter. Para Kant, o caráter consiste no hábito de agir segundo certas máximas. Estas são, em princípio, as da escola e, mais tarde, as da humanidade. Em Sobre a Pedagogia, Kant mostra que quando se quer formar o caráter das crianças, urge mostrar-lhes em todas as coisas um certo plano e certas leis, que elas devem seguir fielmente. Transição do Conhecimento Moral da Razão Vulgar para o Conhecimento Filosófico: O que Kant quer dizer com este título? Sobre os postulados da razão pura prática em geral Kant se propõe tão somente a um esclarecimento daquilo que se apresenta confusamente nas premissas do discurso moral ordinário. Uma passagem deste para um discurso propriamente filosófico é necessária, segundo Kant, para que os conceitos morais em questão sejam esclarecidos. A lógica trata do conhecimento formal do entendimento, da razão em si e das regras universais do pensamento, sem distinguir objetos. A física, ou teoria da natureza, trata do conhecimento racional da matéria, segundo leis da natureza. A ética está relacionada com o conhecimento material dos objetos submetidos às leis da liberdade. Sobre os postulados da razão pura prática em geral A lógica não tem parte empírica. A física, ao contrário, determina as leis da natureza como objeto da experiência, enquanto a ética determina as leis da vontade humana que é afetada pela natureza. A filosofia empírica baseia-se em princípios da experiência. Sobre os postulados da razão pura prática em geral Fonte: <http://oficinakantiana.blogspot.com/2011/06/fluxograma-da-critica-da-razao-pura.html> A Fundamentação Metafísica dos Costumes tem por objetivo expor os fundamentos da moralidade e a sua crítica. A primeira seção trata da Transição do Conhecimento Moral da Razão Vulgar para o Conhecimento Filosófico. As ideias fundamentais são: – O Bem é, desde Aristóteles o conceito central da ética. Kant começa por afirmar que a única coisa que merece a denominação de bom é a boa vontade. Só a boa vontade fundamenta o valor moral de uma ação. Transição da filosofia moral popular para a metafísica dos costumes Devem ser rejeitadas todas as teorias morais que se baseiam em qualquer motivo inferior ao absoluto desinteresse e independência da vontade. Kant parte do conceito de Bem para afirmar que existe um bem ilimitado, incondicionalmente bom. Tudo o que não é bom em si mesmo, mas é-o por uma determinada finalidade ou num determinado contexto, ou seja, é condicionado pelas circunstâncias, não serve para caracterizar a moralidade. (Kant, 1995, Trad. Paulo Quintela) Transição da filosofia moral popular para a metafísica dos costumes A liberdade, para Kant, é agir segundo leis. Os homens são livres quando causados a agir. Num primeiro sentido, a liberdade é a ausência de determinações externas do comportamento. Esse seria o conceito negativo. Porém, a liberdade tem leis, e se essas leis não são externamente impostas, só podem ser autoimpostas. Esse seria o conceito positivo. Ele designa a liberdade como autonomia ou a propriedade dos seres racionais de legislarem para si próprios. Liberdade e moralidade são indissociáveis. Tratando-se de leis morais ou de normas jurídicas, o fundamento de ambas é a autonomia da vontade. Liberdade para Kant O conceito de vontade A vontade em Kant, todavia, não é unitária. Tal como afirma Salgado, ela aparece de formas diferentes (SALGADO, 1986, p. 161). Nesses termos, preciso analisar qual das formas pela qual a vontade aparece está ligada ao conceito de autonomia. Estudadas estas formas de apresentação da vontade, restarão evidentes os pressupostos, fundamentos e efeitos da autonomia da vontade em Kant. O conceito de vontade A Crítica da Razão Pura mostrou que não podemos conhecer a liberdade, mas isso não pode ser confundido com uma afirmação de nós agirmos sem liberdade, ou seja, sem moralidade possível. A ideia de liberdade, apesar de não poder ser conhecida, pode ser pressuposta. (KANT, 2002, p. 79-80) A vontade em geral para Kant Kant, como sabemos, considera a vontade a mais alta realidade do mundo. O valor da vontade corresponde à pureza de sua intenção; ora, a pureza moral da intenção é deduzida a partir de sua pureza metafísica. [...]. O alcance moral da vontade corresponde à sua independência em relação a qualquer móvel moral exterior, heterônomo, mas a autonomia moral da vontade provém de sua autonomia metafísica. Kant interroga-se sobre o que é uma vontade pura, sobre o que é uma vontade boa e, por trás dessa questão, quase se perfila a conclusão: a vontade enquanto tal, a vontade que é apenas a vontade, é a boa vontade. (VETÖ, 2005, p. 204 – 205) Autonomia moral e vontade legisladora Para Kant, o princípio fundamental da Lei Moral consiste em: a) Decidir com imparcialidade é decidir independentemente de quaisquer interesses. b) Agir apenas por dever e não segundo quaisquer interesses, motivos ou fins. c) Agir de tal forma que trates a Humanidade, na tua pessoa ou na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca apenas como um meio. d) Em uma regra estipulada por uma razão desinteressada, imparcial. e) Nenhuma das alternativas. Interatividade A existência de Deus Kant, antes de apresentar sua ideia sobre Deus, entende a necessidade de criticar o teísmo e seus conceitos acerca do Ser Supremo. O primeiro ponto a ser questionado é a impossibilidade de uma prova ontológica da existência de um Ser Supremo. Para o filósofo em questão, o Ser Supremo, a princípio, não passa de uma necessidade da razão. Pois esta urge em apresentar algo que possa servir de estrado sólido para seus conceitos mais diversos. Unidade I – Parte 4 Imperativos Hipotéticos Segundo Kant, se todos os imperativos se enunciam em forma de dever, não dependem todos da moral. Por isso, distingue o imperativo hipotético, por um lado, do imperativo categórico, por outro lado. O imperativo hipotético é condicional, na medida em que subordina o imperativo a um determinado fim, e só tem valor se – e somente se – procuramos atingir esse fim em particular. Por isso, o imperativo hipotético é apenas um meio para se atingir esse fim. Por exemplo, pode ser um conselho de prudência ou de modo de vida. Kant – Unidade I – Parte 4 Os imperativos são instruções; eles nos dizem o que fazer. Kant distingue entre dois tipos de imperativos: hipotéticos e categóricos. Imperativos hipotéticos vão te dizer o que fazer, a fim de alcançar um objetivo especial: “Se você quer ter dinheiro suficiente para comprar um novo celular, arrume um emprego”; “Se você não quer ir para a prisão, então não roube carros”. Os imperativos hipotéticossó se aplicam às pessoas que querem alcançar o objetivo a que se referem. Se eu não me importo em ter dinheiro suficiente para um novo celular, o “Se você quer ter dinheiro suficiente para comprar um novo celular, arrume um trabalho” não se aplica a mim; ele não me dá nenhuma razão para conseguir um emprego. Se eu não me importo em ir para a prisão, “Se você não quer ir para a prisão, então não roube carros” não se aplica a mim; ele não me dá nenhuma razão para não roubar carros. Imperativos Kantianos Os imperativos hipotéticos de Kant, assim como o imperativo categórico, também são ordenações da razão às ações humanas. Resta-nos, assim, traçar as diferenças entre estes tipos de imperativos. Os imperativos hipotéticos são mandamentos para qualquer coisa. Assim, o caráter categórico destes fica excluído, uma vez que é partir do ordenamento preciso como fim em si mesmo que a categorização do mandamento aparece. Imperativo hipotético e categórico de Kant Imperativo Categórico O conceito de imperativo categórico foi desenvolvido pelo filósofo alemão Immanuel Kant como conceito central de sua deontologia, aspecto da filosofia moral que trata dos deveres. O objetivo de Kant era definir uma forma de avaliar as motivações para a ação humana em todos os momentos da vida. Um imperativo seria qualquer proposição que declara uma determinada ação como necessária, a partir desta noção Kant divide os imperativos em duas categorias: categóricos e hipotéticos. Imperativo hipotético e categórico de Kant A crítica do juízo A Crítica do Juízo (Kritik der Urteilskraft, 1790) foi, das grandes obras de Kant, aquela que na época teve mais magra recepção. E esse precoce destino manteve- se praticamente idêntico ao longo de quase dois séculos até décadas recentes. De um modo geral, os que dela se ocupavam não foram capazes de perceber o intuito que levara o seu autor a juntar sob um mesmo princípio transcendental e uma mesma faculdade do espírito dois domínios que tradicionalmente sempre haviam sido tratados – quando o eram – separadamente. Já no fim da segunda década do século XIX encontramos eco dessa estranheza e incompreensão em Schopenhauer. Unidade I – Parte 4 O Filósofo também aponta três formas de conhecimento: 1. Juízo analítico: são conhecimentos seguros, deduções, é também a lógica, a matemática, e não gera novos conhecimentos. 2. Sintético: é empírico, são sensações, coisas não comprovadas cientificamente, não são seguros. 3. Sintético a priori: esse junta os dois anteriores, seu objetivo é aliar o juízo analítico com o sintético e obter um novo conhecimento. Formas de conhecimento para Kant Fonte: <http://oficinakantiana.blogspot.com/2011/06/fluxograma-da-critica-da-razao-pura.html> A Crítica do Juízo é dividida em duas partes: juízo estético e juízo teleológico. Enquanto o primeiro trata do julgamento estético, do gosto em geral, o segundo trata daquele tipo de ato de julgar segundo o qual costuma-se atribuir fins à natureza. Daí o emprego do termo teleologia, ou seja, o estudo dos fins (do grego, télos). Por isso se costumou dizer que a Crítica do Juízo aborda tanto os temas clássicos da estética, como também os da futura biologia, ciência ainda em germe na época de Kant. A Crítica do Juízo O senso comum A expressão senso comum adquiriu significações diferentes no decorrer histórico, primeiramente, Aristóteles cunha o conceito como a capacidade geral de sentir, nos escritores clássicos latinos tinha o significado de costume, modo comum de viver ou falar, em Kant, senso comum é “o princípio do gosto”, da faculdade de formar juízos sobre os objetos de sentimento em geral. Tal princípio só poderia ser considerado senso comum, que é essencialmente diferente da inteligência comum, que às vezes também é chamado de senso comum (sensus communis), pois esta não julga conforme o sentimento, mas conforme conceitos, embora se trate em geral de conceitos obscuramente representados. Senso comum para Kant Kant, Immanuel (1724-1804) O juízo estético é subjetivo, mas reclama uma validade universal: senso comum da humanidade como norma. As produções do gênio devem ser exemplares: as obras de arte devem ser reconhecidas. O gênio é inato, inconsciente e sua ação prescrita e normativa. Juízo estético para Kant Fonte: http://voupassar.club/quem-foi-immanuel-kant/ Um dos pontos fundamentais da pedagogia de Kant é, sem dúvidas, a questão da disciplina. Não por acaso, logo na primeira página de seu texto Sobre a Pedagogia, Kant afirma que é através da disciplina que o homem transforma a animalidade em humanidade. Justamente por isso, a disciplina é, segundo Kant, “o que impede ao homem de desviar-se do seu destino, de desviar-se da humanidade, através das suas inclinações animais” (Kant, 1996, p.12). Lembremos que os desejos são, para os homens, múltiplos e contraditórios. Justamente por isso, um recém-nascido pode machucar-se; e, para evitar isso, é necessária a intervenção dos adultos. Faz-se necessário impor uma ordem e uma medida a seus movimentos. Os animais, ao contrário dos homens, são dotados de uma força instintiva determinante para toda sua vida. Os instintos animais comandam toda ação da vida de um animal. A disciplina da razão pura Não são poucos os momentos em que Kant ressalta o valor e a intrínseca necessidade da educação para o Homem, assim, sendo a educação de suma importância para ser humano, o filósofo apresenta e justifica, em seu pensamento sobre a pedagogia (dentre outras coisas): 1. O porquê, para os homens, da educação ser indispensável/necessária; 2. O que podemos chamar (entender) de “a arte de educar” (a pedagogia – entendida enquanto Doutrina da Educação); 3. Quais são os fins da educação segundo a sua perspectiva. Tendo em vista o objetivo central da presente exposição – o papel da disciplina na educação prática de Kant – vejamos então, inicialmente, o que podemos entender (ainda que de modo breve) por educação, segundo o ponto de vista kantiano. Kant: Educação e disciplina A educação prática, por sua vez, diz respeito à formação do ser humano, “disciplina e instrução com a formação”, para que o homem desenvolva a sua humanidade e possa viver enquanto um ser moral e livre, noutras palavras, o alcance de sua liberdade, eis, segundo Kant, a sua destinação ou o fim último do homem. A disciplina é apontada pelo filósofo enquanto uma condição (um estágio preliminar e imprescindível) à educação completa do homem, diz Kant: “a disciplina transforma a animalidade em humanidade [...]” Kant: Educação e disciplina A disciplina é o freio da selvageria, é o componente que auxilia o homem a refrear sua animalidade natural; A cultura resulta da instrução, dos ensinamentos que o indivíduo aprende quando em socialização com o outro; A moralidade é a capacidade de escolher os melhores fins quanto ao padrão de conduta pessoal e social e; A civilidade, que é a expressão da educação recebida, forma o homem para exercer sua cidadania dentro do padrão da moralidade esperada. Kant: Educação e disciplina Assinale a alternativa que apresenta o objeto do argumento apontado por Kant: “consiste na enumeração de causas dos fenômenos até se chegar a uma causa não causada, que seria Deus. Kant contra-argumenta que não há motivo algum para se cessar a aplicação da categoria de causalidade. Refere-se a: a) Argumento ontológico. b) Argumento cosmológico. c) Argumento teológico. d) Argumento teleológico. e) Nenhuma das alternativas. Interatividade ATÉ A PRÓXIMA!
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