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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE PSICOLOGIA ELLEN TOCHIO TRINDADE EMANUELE AUGUSTA DE SOUZA ÍSIS BALLIARI LAÍS ROVINA BATAGIN NÍCOLAS GABRIEL DO CARMO SANTOS MEMÓRIA AUDITIVA E VISUAL CAMPINAS 2018 ELLEN TOCHIO TRINDADE EMANUELE AUGUSTA ÍSIS BALLIARI LAÍS ROVINA NÍCOLAS GABRIEL DO CARMO SANTOS MEMÓRIA AUDITIVA E VISUAL Relatório apresentando à disciplina de Fenômenos e processos Psicológicos B, da Faculdade de Psicologia, do Centro de Ciências da Vida, como parte das atividades do laboratório exigidas para aprovação. Orientador: Prof (a). Me (a).: Ana Carolina Lemos Pereira PUC - CAMPINAS 2018 2 1.INTRODUÇÃO Esse relatório tem como objetivo apresentar e discutir os conceitos referentes a memória, a fim de relacionar a teoria com a prática utilizando testes aplicados a voluntários, no sentido de realizar tal relação supracitada. A memória pode ser definida como a capacidade que os seres humanos possuem para adquirir, separar e organizar informações advindas de estímulos, sendo passível de evocação e capaz de experiências passadas. (GODINHO, MENDES E BARREIROS, 1999 apud BARROSO, 2008). Oliveira (1993, apud BARROSO, 2008) afirma que os processos de memória não se limitam a capacidade de fixar e reproduzir acontecimentos, sendo também um sistema que permite organizar as experiências passadas, por intermédio de uma interação funcional entre duas condutas observáveis que são separadas por um intervalo de tempo determinado. Segundo Pinto (1992), a memória também pode ser entendida como uma habilidade que o indivíduo possui para reter, codificar e/ou processar e recuperar informações. Hodiernamente, os psicólogos consideram que os processamentos das informações para a formação da memória podem ser divididos em três estágios: aquisição ou codificação; retenção ou armazenamento; recuperação ou busca de informação. Aquisição ou codificação pode ser entendido como o processo de registro inicial da informação, que deriva de uma seleção da informação sensorial, conforme suas características e significado. Retenção ou armazenamento pode ser entendido como o modo que a informação sensorial é processada e retida na memória. Recuperação ou busca da informação pode ser entendido como o modo que a informação é recordada, sendo que este se relaciona com a questão do esquecimento. (BARROSO, 2008). A falha da memória, segundo Gleitman (1991), pode ser o resultado de uma perturbação em qualquer um destes estágios. Existe um modelo em relação à memória, proposto por Richard Atkinson e Richard Shiffrin no ano de 1968. Esta proposta é chamada de Modelo Modal da Memória e este propõe que: [...] a informação entra a partir do ambiente e é processada primeiramente por uma série paralela de memória sensorial [...]. A partir deste ponto, a informação flui para o armazenamento por um curto período que forma uma parte crucial do sistema, não somente alimentando informações para dentro e para fora do armazenamento por um curto período, mas também atuando como uma memória de trabalho, responsável por estratégias de seleção e funcionamento, por repetição consciente e geralmente servindo como um 3 espaço operacional global. (BADDELEY; ANDERSON; EYSENCK, 2011, p. 54) O Modelo Modal da Memória engloba a memória sensorial, memória de curto prazo e a memória de longo prazo. A memória sensorial é proveniente dos órgãos dos sentidos por um curto período de tempo. Esta é conhecida pelo registo de informações sensoriais e é considerada como a ponta entre a percepção e a memória. (EYSENCK & KEANE, 1994 apud BARROSO, 2008) Segundo Lent (2004 apud BARROSO, 2008) a memória sensorial é pré- consciente, portanto não chega à consciência. Esta é muito breve, durando apenas frações de segundos, contudo as informações significativas, por esta formadas, são transferidas para um futuro processamento na memória de curto prazo. Dentro da memória sensorial, George Sperling, em 1960, realizou diversos experimentos relacionados a quantidade de informações que um indivíduo consegue guardar, mesmo que recebendo um grande volume delas. A memória icônica, foi descoberta em um de seus experimentos, no qual ele manteve o número de letras na série constante, variando o tempo de intervalo entre o deslocamento da série de letras e a pista auditiva de indicação da linha, usando o procedimento de relato parcial. A partir deste experimento, concluiu-se que a implicação é de que a memória icônica é eliminada em um período de cerca de um terço de segundo, ela é uma memória sensorial visual. E temos também a memória ecóica. que consiste na memória sensorial auditiva (ATKINSON, 2012). A memória de curto prazo é um sistema de memória com a capacidade limitada, que mantém informações na consciência por um breve período de tempo (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005). Esta pode ser subdividida em memória de trabalho e memória imediata. A memória imediata, segundo Squire e Kandel (2002 apud BARROSO, 2008), é bastante limitada, tendo uma duração inferior a 30 segundos, sendo que esta é ativada no momento em que se recebe uma informação. A memória de trabalho, que é uma proposta de Baddeley e Hitch (1974), pode ser chamada também de memória operacional, e é definida como um sistema de capacidade limitada tendo armazenamento temporário, com gerenciamento de informações, possuindo como principal função manter estas informações que estão sendo processadas (BADDELEY; HITCH, 1974 apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). A memória de trabalho se difere da memória de curto prazo pelo fato de privilegiar a utilização das informações como fator determinante para a manutenção 4 e/ou descarte das informações, não se limitando ao tempo (HELENE; XAVIER, 2007 apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). Segundo Baddeley (2000, apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010), a memória de trabalho é composta por quatro componentes: executivo central; alça fonológica; esboço visuo-espacial; retentor episódico. O componente executivo central está envolvido com o raciocínio e a tomada de decisão, sendo este coordenado em três sistemas de armazenamento e ensaio: armazenamento visual, especializado em informações visuais e espaciais; armazenamento verbal, focalizada em manipular e reter conteúdos relacionados à fala, números e palavras; memória episódica, responsável por conter informações que representam episódios ou eventos. (FELDMAN, 2015) A alça fonológica tem como função armazenar e processar informações codificadas verbalmente, sendo apresentadas por meio visual ou auditivo, possui dois componentes: armazenador fonológico, que armazena informações verbais, escritas ou faladas; mecanismo de reverberação, que permite a realização do resgate de informações verbais que estão se perdendo, conservando-as na memória de trabalho (BADDELEY, 2000, apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). O esboço visuo-espacial é responsável pelo processamento e manutenção das informações visuais e espaciais relativas aos objetos e suas relações com o espaço, também possui relevância na formação e na manipulação de imagens mentais, vale comentar que este tem um armazenamento temporário. (BADDELEY, 2006, apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). O componente retentor episódico possui um armazenamento com capacidade limitada e temporário, tendo uma comunicação, para a construção de representações integradas baseadas em novas informações, entre a memória de longo prazo episódica e a semântica. Este permite o gerenciamento de uma grande quantia de informações, ultrapassando a capacidade de armazenamento fonológico e visuo-espacial, não dependendo do executivo central. (BADDELEY,2000, apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). A memória de longo prazo é considerada como a base de dados permanentes, que ao receber uma informação à codifica em códigos mais duradouros, tendo capacidade e duração ilimitada (GOOSSENS, 1983 apud BARROSO, 2008). Esta contém uma variedade de tipos de informações e, por consequência, esta acaba 5 por ser dividida em dois sistemas: memória declarativa (episódica e semântica); memória não-declarativa (processual). A memória declarativa é responsável pela recordação consciente de eventos e fatos, sendo dividida em episódica e semântica, sendo esta influenciada pelo estado emocional do indivíduo. A episódica se refere às memórias de experiências e acontecimentos no espaço-tempo, com a qual pode-se reconstruir os fatos ocorridos na vida do indivíduo (LEITE, 2012), logo, esta tem como função armazenar eventos e/ou episódios específicos da vida de um indivíduo em um determinado contexto e momento. No que tange a memória semântica, é possível afirmar que se trata de uma memória que agrupa os dados e conhecimentos gerais acerca do mundo, memorizados pelo indivíduo, como por exemplo, é através da semântica, que sabemos que o Cristo Redentor se localiza no Rio de Janeiro (FELDMAN, 2015). Segundo Eysenck e Keane (1994 apud BARROSO, 2008), a semântica trabalha como uma enciclopédia mental, que organiza o conhecimento, o significado e as referências que o indivíduo possui sobre palavras e símbolos. A memória não declarativa processual é responsável pelas habilidades motoras sensoriais e aos hábitos motores do indivíduo, sendo uma memória inconsciente de habilidades e o “modo de fazer”, esta é composta por comportamentos sensório-motores automáticos internalizados. (LEITE, 2012) Ainda sobre a memória de longo prazo se faz necessário comentar que, segundo Bolognani, Gouveia, Brucki e Bueno (2000), em meados da década de 70 foi elaborada e definido a distinção entre os sistemas de memória implícita e explicita, também conhecidas como não declarativa e declarativa. A memória explicita e implícita, respectivamente, são definidas como: “A memória explicita é a lembrança consciente e voluntária de uma informação ou evento, que pode ser declarada, isto é, trazida à mente como uma proposição ou uma imagem. [...] A memória implícita é a capacidade de adquirir habilidades percepto-motoras ou cognitivas, através da exposição repetida a um estímulo ou atividade; estas experiências só podem ser aferidas pela melhora no desempenho do indivíduo, já que não são expressas de maneira consciente ou intencional. [...]” (BOLOGNANI; GOUVEIA; BRUCKI; BUENO, 2000, p. 925) Além do mais, dentro da memória de longo prazo, temos inúmeras influencias na retenção de informações, como por exemplo, a ideia de esquema. 6 Segundo Lord (1890) existem várias definições de esquema, porém a ideia básica é de que as pessoas têm redes de informações que abstraíram de suas experiências. Os esquemas são continuamente ativados enquanto processamos informações, eles guiam tanto na codificação quanto na recuperação, vale mencionar, que os esquemas possuem equivalência aproximada com diversas outras estruturas, como conceitos e atitudes, por exemplo. (DAVIDOOF, 2001) Ademais, temos também a teoria dos níveis de processamento, que, Segundo Feldman (2015): [...] enfatiza o grau em que o novo material é mentalmente analisado. Ela propõe que a quantidade de processamento de informação que ocorre quando o material é inicialmente encontrado é essencial para determinar quanto da informação é por fim recordada. (FELDMAN, 2015, p. 219) Devido ao fato de estarmos constantemente expostos a muitas informações, não prestamos atenção à grande parte delas, ou seja, ocorre pouco processamento mental. Então quando prestamos mais atenção a uma informação, ela é processada de forma mais detalhada, portanto, ela entra na memória em um nível mais profundo, sendo menos propensa a ser esquecida do que aquela que foi processada em níveis mentais superficiais. A teoria tem como finalidade afirmar que existem diferenças nos modos como a informação é processada em diversos níveis da memória. Concluindo, é de extrema importância a atenção para que a informação seja processada de forma mais profunda e, portanto, tendo uma menor chance de ser esquecida. Existem também as estratégias mnemônicas, ela consiste em organizar materiais que tem pouca lógica interna, como por exemplo um conjunto de ossos ou cores de uma lista. Devido a mecanismos mnemônicos, eles permitem que você integre itens em agrupamentos mais significativos e relacionados. Temos inúmeras categorias de estratégias, como por exemplo a rima, elas organizam as informações por meio de sua associação com um determinado ritmo e com palavras que rimam. Além disso, as pessoas tendem a repetir as rimas, aumentando a probabilidade de serem dominadas por completo. Temos também a estratégia de imagens, por exemplo, o método de localização é um processo mnemônico de imagens, o qual relaciona uma lista de itens com um grupo-padrão de locais. (DAVIDOFF, 2001) Além de tudo, temos as memorias instantâneas, que são aquelas memórias que são recordadas mais facilmente por estarem relacionadas a um evento especifico importante, por exemplo, muitas pessoas se recordam do que estavam fazendo no dia 7 11 de setembro de 2001, data na qual ocorreu o ataque terrorista As Torres Gêmeas. Entretanto, não é possível recordar de todos os detalhes tão precisamente, principalmente quando envolvem eventos altamente emotivos. Portanto, as memórias instantâneas, são excepcionais por serem mais facilmente recuperadas (embora não necessariamente com precisão) do que aquelas relacionadas a eventos mais comuns. Para que seja possível compreender os processos da memória, faz-se necessário, também, ressaltar a importância do esquecimento. O esquecimento pode ocorrer através de uma falha na codificação, no armazenamento ou na recuperação de informações. Segundo Feldman (2015), o processo de esquecimento de uma informação, mesmo que de forma involuntária, é necessário para que possamos nos esquecer de informações rotineiras e triviais, das quais serviriam somente para sobrecarregar a mente humana. Somado a isto, o esquecimento contribui no processo de recuperação de informações desejáveis, uma vez que as memórias indesejadas foram esquecidas e, portanto, não dificultarão a recuperação de memórias necessárias (Schooler & Hertwig, 2011, apud Feldman, 2015). Dentro dos processos de esquecimentos, temos as falhas na recuperação, um importante influencia dentro disso é a interferência, e existem dois tipos, uma é a interferência proativa e a outra a interferência retroativa. Na interferência proativa, é quando uma informação aprendida anteriormente impede a recordação de um material aprendido posteriormente. E, na interferência retroativa, é quando uma informação aprendida posteriormente impede a recuperação de uma informação aprendida anteriormente. (FELDMAN, 2015) Nas áreas cerebrais relacionadas a memorias temos o hipocampo e o córtex entorrinal que tem um papel nas memorias declarativas (episódicas e semânticas). O núcleo caudado e o cerebelo têm um papel na memória de procedimento, e, o lobo frontal tem um papel na memória de trabalho (pré-frontal), memoria episódica, memoria espacial e sequencias de tempo, portanto, tem um papel importante na codificação. (FELDMAN, 2015) 8 2.OBJETIVOS - Avaliar a memória imediata visual e auditiva; - Comparar os resultados de cada participante de acordo com a média de acertos obtidos dentro da sua faixa etária. - Comparar as médias por cada faixa etária. - Relacionar os dados obtidos no experimento com a teoria. 3.MÉTODO 3.1. Situação O participante P4 foi entrevistado na sala de jantar de sua casa, estando sentado na mesa, próxima a ela havia um computador, um sofá e livros sobre a mesa, a porta de entrada estava aberta e as janelas fechadas, a sala também dava acesso à cozinha da casa, a entrevista foi feita pela parte da manhã. Já o P6 foi entrevistado em uma praça, enquanto estava sentado no banco, a praça era cercada por diversas casas onde haviam alguns carros estacionados, o local estava vazio, a entrevista foi feita de noite. Com o P11 a entrevista foi feita na sala de sua casa, onde haviam dois sofás, uma mesa onde ficava o computador e um tapete, a entrevista foi realizada pela noite. P1 e P8 foram entrevistados na sala de estar com sofá, televisão, mesa e as cadeiras onde se sentaram, as portas e as janelas estavam fechadas e o ventilador estava ligado. O P13 foi entrevistado em uma sala de onde havia uma televisão que estava desligada, portas fechadas e ventilador desligados. P5 e P7 foram entrevistados em uma sala de estar estando todos sentados no sofá, P12 também foi entrevistado nesse mesmo ambiente. Já o P10 e P9, realizaram as entrevistas em uma cozinha sentados em uma mesa localizada no centro no cômodo, a geladeira, a pia e o fogão estavam do seu lado direito, não haviam janelas. P2, P14 e P3 foram entrevistados na varanda de uma casa, todos estavam sentados em poltronas, a varanda era voltada para a rua, a entrevista foi feita na parte da tarde. P15 realizou a entrevista em seu quarto, a janela estava aberta e o participante estava sentado na cama, o teste foi feito de noite. 3.2. Participantes 9 As entrevistas foram feitas com quinze participantes de ambos os sexos, sendo eles: - 05 Participantes entre 05 e 11 anos e 11 meses; - 05 Participantes entre 12 e 17 anos e 11 meses; - 05 Participantes entre 18 e 30 anos e 11 meses. Participantes da faixa etária de 05 a 11 anos: - B.S.O. (P1) – 10 anos - P.T.L. (P2) – 9 anos - D.T.S. (P3) – 10 anos - S.B.S. (P4) – 7 anos - L.R.B. (P5) – 7 anos Participantes da faixa etária de 12 a 17 anos: - P.L. (P6) – 17 anos - L.R.B. (P7) – 14 anos - B.S.O. (P8) – 17 anos - F.G.T. (P9) – 15 anos - I.B.M. (P10) – 17 anos Participantes da faixa etária de 18 a 30 anos: - H.B.A.S. (P11) – 21 anos - I.R.B. (P12) – 30 anos - M.C.S. (P13) – 24 anos - N.P.M.T. (P14) – 20 anos - I.D.A.S. (P15) – 20 anos 3.3. Materiais - Vinte palavras referentes a conceitos concretos e abstratos, sendo elas: 1. Gato 11. Rei 2. Maçã 12. Copo 3. Bola 13. Leite 4. Árvore 14. Peixe 5. Igreja 15. Interesse 6. Cabeça 16. Computador 7. Ideia 17. Seta 10 8. Porta 18. Flor 9. Caixa 19. Chave 10. Carro 20. Felicidade -Vinte cartões contendo diferentes figuras, sendo elas: 1. Casa 11. Sapato 2. Limão 12. Ônibus 3. Caneta 13. Ovo 4. Bebê 14. Garrafa 5. Piano 15. Relógio 6. Jacaré 16. Rosa 7. TV 17. Peixe 8. Mesa 18. Pêra 9. Coelho 19. Cadeira 10. Olho 20. Borboleta - Cronômetro; - Folha de resposta; - Papel Contact; - Caneta; - Papel. 11 4. Resultados TABELA 1. Comparação da pontuação e tempo de recuperação obtidas pelos participantes de 05 a 11 anos e 11 meses, nos testes de memória auditiva e visual. PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL PONTOS TEMPO PONTOS TEMPO 1 9 1’32’’ 11 2’23’’ 2 12 59’’ 10 1’15’’ 3 10 50’’ 10 59’’ 4 13 5’58’’ 18 8’58’’ 5 6 2’30’’ 5 2’ TOTAL: 50 10’29’’ 54 14’55’’ MÉDIA: 10 2’ 10.8 3’31’’ Os participantes dessa faixa etária apresentaram, no geral, melhor desempenho no teste de memória visual, embora a média de tempo para as respostas deste teste tenham sido maiores. O P2 e P5 foram os únicos a apresentarem melhor desempenho no teste auditivo. TABELA 2. Comparação da pontuação e tempo de recuperação obtidas pelos participantes de 12 a 17 anos e 11 meses, nos testes de memória auditiva e visual. PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL PONTOS TEMPO PONTOS TEMPO 6 9 2’57’’ 15 12’57’’ 7 6 3’ 10 3’ 8 6 1’12’’ 13 1’15’’ 9 8 1’ 9 1’5’’ 10 8 46’’ 10 55’’ TOTAL: 37 8’15’’ 57 18’32’’ MÉDIA: 7.4 2’3’’ 11.4 4’6’’ Os participantes dessa faixa etária apresentaram desempenho significativamente superior no teste de memória visual com relação ao teste de memória auditiva, embora o primeiro tenha lhes custado mais tempo. TABELA 3. Comparação da pontuação e tempo de recuperação obtidas pelos participantes de 18 a 30 anos e 11 meses, nos testes de memória auditiva e visual. PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL PONTOS TEMPO PONTOS TEMPO 11 6 1’28’’ 12 4’ 12 9 4’ 9 3’ 13 6 1’13’’ 15 1’47’’ 14 6 1’ 7 1’ 15 5 58’’ 10 1’14’’ TOTAL: 32 8’39’’ 53 11’1’’ 12 MÉDIA: 6.4 2’7’’ 10.6 2’22’’ Os participantes dessa faixa etária apresentaram desempenho significativamente superior no teste de memória visual quando em comparação com o teste de memória auditiva. O P12 foi o único a manter o mesmo desempenho em ambos os testes. GRÁFICO 1. Comparação média dos pontos obtidos pelos participantes das três faixas etárias, nos testes de memória auditiva e visual. O gráfico acima evidencia que, no geral, os participantes de todas as faixas etárias apresentaram melhor desempenho no teste de memória visual. A maior discrepância de desempenho entre os dois testes foi a da faixa etária de 18 a 30 anos. GRÁFICO 2. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 05 a 11 anos e 11 meses, de acordo com a ordem de apresentação dos estímulos, nos testes de memória auditiva e visual. 0 2 4 6 8 10 12 5 - 11 anos 12 - 17 anos 18 - 30 anos Comparação do desempenho das diferentes faixas etárias nos dois modelos de entrevista Memória Auditiva Memória Visual 13 O gráfico acima mostra a quantidade de participantes de 5 a 11 anos que acertaram cada um dos 20 itens. Pode-se observar que, embora a maior quantidade de acertos foi dos itens de memória visual, alguns desses itens não foram recordados por nenhum dos participantes, enquanto todos os itens de memória auditiva foram recordados por ao menos um deles. GRÁFICO 3. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 12 a 17 anos e 11 meses, de acordo com a ordem de apresentação dos estímulos, nos testes de memória auditiva e visual. O gráfico acima mostra a quantidade de participantes de 12 a 17 anos que acertaram cada um dos 20 itens. Pode-se observar que muitos dos itens do teste de memória auditiva não foram recordados por nenhum dos participantes, mas esse foi também o único teste com um item acertado por todos. 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 14 GRÁFICO 4. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 18 a 30 anos e 11 meses, de acordo com a ordem de apresentação dos estímulos, nos testes de memóriaauditiva e visual. O gráfico acima mostra a quantidade de participantes de 18 a 30 anos que acertaram cada um dos 20 itens. Pode-se observar que em ambos os testes houveram itens que não foram recordados por nenhum dos participantes, mas apenas o teste de memória visual tem itens recordados por todos. QUADRO 1. Respostas verbais obtidas pelos participantes de 05 a 11 anos e 11 meses, quanto às estratégias de recuperação utilizadas nos testes de memória auditiva e visual. 4 5 1 5 4 5 1 5 1 2 1 0 2 2 3 3 1 2 5 3 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 15 PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 1 Repetição Repetição 2 Associação Associação 3 Associação Associação 4 Repetição Associação 5 Memorização Memorização A estratégia de recuperação mais utilizada pelos participantes dessa faixa etária foi a associação. Foram usadas estratégias como repetir as palavras oralmente e mentalmente, associação dos itens com objetos da casa e até tentativas de memorização dos itens. QUADRO 2. Respostas verbais obtidas pelos participantes de 12 a 17 anos e 11 meses, quanto às estratégias de recuperação utilizadas nos testes de memória auditiva e visual. PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 6 Associação Associação 7 Repetição Memorização 8 Repetição Associação 9 Associação Associação 10 Associação Associação A estratégia de recuperação mais utilizada pelos participantes dessa faixa etária foi a associação. Foram usadas também estratégias como a repetição das palavras e a memorização ao mentalizar o objeto falado. QUADRO 3. Respostas verbais obtidas pelos participantes de 18 a 30 anos e 11 meses, quanto às estratégias de recuperação utilizadas nos testes de memória auditiva e visual. PARTICIPANTES MEMÓRIA AUDITIVA MEMÓRIA VISUAL 11 Rimar as palavras Memorização 12 Associação Memorização 13 Repetição Imaginação 14 Associação Associação 15 Associação Associação A estratégia de recuperação mais utilizada pelos participantes dessa faixa etária foi a associação. Foram usadas também estratégias como a tentativa de rimar os itens 16 falados, a repetição das palavras, a tentativa de memorização e a imaginação para fixar a imagem do item na memória. 5. DISCUSSÃO A partir dos resultados do experimento, pode-se afirmar que os participantes fizeram uso da memória de trabalho (uma proposta de Baddeley e Hitch,1974) para se recordarem dos itens, uma vez que esta é responsável por estratégias de seleção e funcionamento, através de repetições mentais ou verbais. Assim, essas informações puderam ser armazenadas na memória por um curto período de tempo, visto que a memória de trabalho busca privilegiar a utilização das informações apenas para manutenção ou descarte, não sendo importante que as informações sejam retidas por muito tempo. Durante o experimento, esteve presente o auxílio da alça fonológica, que tem como função o armazenamento de informações codificadas verbalmente através da repetição, usada pelos P1, P4, P7e P13, como mostram os quadros. Para Atkinson (2012), o limite de armazenamento possibilitado pela alça ou loop fonológico é de 7 itens, mais ou menos 2, para um adulto normal. Esteve presente também o esboço visuo-espacial, responsável pelo processamento e manutenção das informações visuais e espaciais relativas aos objetos e suas relações com o espaço (BADDELEY, 2000, apud UEHARA; FERNANDEZ, 2010). Em um dado momento, o P4, de 7 anos, afirmou não se lembrar se havia sido mostrada a imagem da caneta no teste visual, pois haviam várias canetas sobre a mesa onde o teste estava sendo aplicado, o que poderia tê-lo confundido. O esboço visuo-espacial possui também relevância na 17 formação e na manipulação de imagens mentais, estratégia usada pelo P13, como mostra o quadro 3. Para Atkinson (2012), é possível fazer uso da memória de longo prazo para desenvolver o chunking (agrupamento), o registro de um material novo em unidades maiores e mais significativas, ou seja, relacionar os itens á coisas que o participante conhece. Dessa forma, pode-se reforçar a memória operacional reagrupando os itens em unidades que podem ser encontradas na memória de longo prazo. De forma similar funcionam os esquemas (Lord, 1890), que são continuamente ativados enquanto processamos informações, pois guiam tanto na codificação quanto na recuperação. Uma vez que as pessoas possuem redes de informações abstraídas de suas experiências, elas podem ser usadas para memorizar itens – como os dos testes – a partir de uma relação entre as novas informações e informações já conhecidas pelo participante. Segundo Feldman (2015), os itens de ambos os testes dificilmente seriam armazenados na memória de longo prazo dos participantes, uma vez que é importante a atenção para que a informação seja processada de forma mais profunda e detalhada, diminuindo as chances de esquecimento. Durante os testes, as palavras são vistas e as imagens mostradas com uma certa rapidez, o que, juntamente com a quantidade de informações a serem armazenadas, dificulta o uso de uma atenção mais detalhada e profunda sobre o item. O uso de estratégias mnemônicas, que consistem em organizar materiais que tem pouca lógica interna, pode ser observado nos quadros 1, 2 e 3, em que muitos participantes buscam fazer associações ou rimas que permitam integrar os itens em agrupamentos mais significativos e relacionados. No quadro 3 consta que o P11 utilizou como estratégia de recuperação a rima entre as palavras, isso porque as rimas organizam as informações por meio de sua associação com um determinado ritmo, tornando mais fácil sua memorização. (DAVIDOFF, 2001) É possível ter a capacidade de manter 7 itens rapidamente, mas, na maioria das vezes, eles logo serão esquecidos. Para Atkinson, isso ocorre porque os itens são “enfraquecidos” com o tempo ou substituídos por novos itens. A amplitude da memória operacional mantém poucas palavras quando demoram para serem pronunciadas, o que pode ser evidenciado nos gráficos 2, 3 e 4, que apresentam a relação de itens acertados por cada participante: em ambos os testes, em muitos momentos as 18 palavras mais curtas foram mais recordadas do que as longas (como sapato, interesse e relógio, quando em comparação com casa, maçã e TV). Isso se dá porque, conforme as palavras (ou imagens) são apresentadas, tende-se a repeti-las mentalmente, quanto maior o tempo que se leva para fazer isso, maiores as chances de que alguns traços da palavra tenham enfraquecido antes que possam ser evocadas. (ATKINSON, 2012) REFERÊNCIAS FELDMAN, R. Introdução à Psicologia. 10 ed. São Paulo: Amgh Editora. 2015. DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. 3 ed. São Paulo: Pearson Makron Books. 2001. NOLEN-HOESKSEMA, S. Introdução à Psicologia. 15 ed. São Paulo: Cengage. 2012. WEITEN, W. Introdução à Psicologia. 3 ed. São Paulo: Cengage. 2017.