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POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 1 Sumário A PROVA .............................................................................................................................................................................. 1 QUESTÕES ANTIGAS ....................................................................................................................................................... 4 Teoria do Mandato ............................................................................................................................................................. 5 Mandato Imperativo. ........................................................................................................................................................ 5 Mandato Imputativo ......................................................................................................................................................... 6 Mandato Partidário ........................................................................................................................................................... 6 A questão da fidelidade partidária ............................................................................................................................. 7 Partidos políticos ............................................................................................................................................................... 9 1. Caracterização dos partidos políticos ................................................................................................................... 9 2. Diferenciação em relação às outras forças políticas .......................................................................................... 9 3. Funções dos partidos políticos ............................................................................................................................. 10 4. Tipologia dos partidos políticos ............................................................................................................................ 11 5. Sistemas partidários .............................................................................................................................................. 12 5.1 Sistema Partido Único ............................................................................................................................................ 13 5.2 Sistemas Bipartidários ............................................................................................................................................ 13 5.3 Pluripartidarismo ...................................................................................................................................................... 15 6. Partido Político Antissistema ................................................................................................................................ 15 Sistemas Eleitorais .......................................................................................................................................................... 16 Sistemas Majoritários ................................................................................................................................................ 16 Sistema Proporcional ................................................................................................................................................. 18 Sistema Proporcional de listas ................................................................................................................................. 19 PIERRE LEROUX: SOCIALISMO MÍSTICO E HUMANISTA .................................................................................... 21 A PROVA Dissertativa com 5 questões curtas. 1- Teoria do Mandato suas consequências i. Há três teorias do Mandato (é preciso compreender cada teoria) a. Imputativo (eleito representa a nação – imputa-se ao eleitorado a vontade do eleito); b. Imperativo (contrato semelhante ao contrato do direito privado); c. Partidário (programa de ação). ii. Fidelidade partidária resolução 22.610: Regra geral é quem troca de partido perde o mandato a não ser que configure justa causa por: POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 2 a. Grave discriminação pessoal (ex. Caso Clodovil); b. Fusão e incorporação partidária e novo partido; c. Mudança substancial do programa do partido e desvio. iii. Situações marcantes no Brasil recente: a. Resposta do TSE sobre a consulta do Sarney: Qual diretório pode autorizar mudança de partido sem perda de mandato? TSE responde: Nenhum diretório tem tal poder. Se sair do partido caracteriza infidelidade. b. Qual argumento de Lewandowski no caso do Clodovil? Resp.: Embora tivesse tido milhões de votos, Clodovil não tinha importância no partido como seria esperado. 2- Partidos e Sistemas Partidários a. Saber quais são as Características; b. Saber diferenciar partidos e afins; c. Saber quais são as Funções dos partidos i. Canalizar público para formular política; ii. Educação cívica da população; iii. Crítica e oposição: 1. Discussão importante sobre o que é considerado oposição segundo a Const. Portugal a. Ter cadeira no parlamento; b. Não fazer parte do gabinete (do poder executivo – governo). 2. Conteúdo a. Direito de se manifestar sobre decisões de governo; b. Direito de se manifestar sobre qq tema de interesse público; c. Acesso a qq informação relativa ao governo; d. Direito de Antena – direito de se manifestar no tempo equivalente ao tempo de mídia do governo; e. Direito de resposta e réplica quando mencionado. 3. No Brasil não há estatuto de oposição, mas há instituto tipicamente de oposição: CPI. 3- Partidos e Sistemas Partidários a. Partidos de Quadros - Priorizam qualidade x quantidade; notáveis burgueses ou aristocratas. Quando surge sufrágio eles lançam uma estratégia para captar votos: As eleições Primárias. b. Partidos de Massa - Qual a razão da ampliação do número de militantes? Necessidade de financiamento segundo Duverger, pois muitos dos partidos de esquerda precisavam de recurso para financiar campanha, e precisavam captar recursos via militantes, pois estes partidos não possuíam apoio junto aos detentores de Capital, ao contrário. Critério de organização: 1. Socialista – por bairros; 2. Comunista – por local de trabalho; 3. Fascista – em milícias, organização militar que lhe confere grande agilidade. Sistema monopartidário O que significa a restauração do princípio monocrático no sistema de partido único. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 3 Partido único é um Príncipe que tem poder império e sacerdócio. Segundo Norberto Bobbio o partido único é o novo príncipe. Sistemas bipartidários Só dois partidos que efetivamente disputam o poder sem necessidade de coalizão; e, São sempre os mesmos dois partidos ao longo tempo. Causas do bipartidarismo na Inglaterra Lawrence diz que foi o gabinete, no qual há divisão em 2 grupos: Um sempre no governo e outro sempre oposição; Duverger – Sistema Majoritário foi causa do Bipartidarismo Divisões sociais da Inglaterra – o que representavam os conservadores (depois trabalhistas) e Os Wigs? O que representavam, na origem, os conservadores? Trono x parlamento... E nos EUA onde existe bipartidarismo? Resp.: Existe somente na eleição presidencial. No congresso não existe, ele é caótico. As votações são incoerentes. Sistema pluripartidário – suas determinadas explicações Problema do partido antissistema – aceitá-lo ou não? Há três ideias: 1. Alemanha, quem não aceita as regras do jogo não joga; 2. Aceitartodo tipo de oposição, inclusive a ideológica contra o regime; 3. Intermediaria – Não aceita a partidos de posição irracional – quando é ideológica e irracional? Quando nega direito sufrágio universal, ou se utiliza de vias violentas, ou se afirma como partido único. Jurisprudência brasileira – aceita-se partidos antissistema no discurso, e se rejeita que cometa ações antissistemas. Diferenciar os sistemas de votação majoritário e do proporcional. O parlamento espelho, que teoria é essa? Que crítica se faz a ela? Resp. Que a representação seja melhor que a sociedade, que parlamento seja educador ao invés de fotografo. 4- Sistemas eleitorais Que mecanismo se pode ser adotada para reduzir número de partido? Resp. O próprio sistema majoritário, o qual por mais vezes produziu bipartidarismo. Qual diferença do sistema majoritário inglês e francês? Resp.: Inglês é majoritário simples (distrital): ganha quem tiver mais votos; Francês é majoritário de dois turnos: se ninguém conseguir 50% no primeiro turno, terá segundo turno que será composto pelos partidos que tenham atingido mais de 12,5% no primeiro turno. Quantos turnos tem o sistema de votos alternativos na Austrália? Um turno só, o que é possível são as recontagens. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 4 5- Ou anarquismo ou socialismo Será cobrado um dos dois sistemas. QUESTÕES ANTIGAS Questões retiradas de provas antigas. As respostas foram copiadas tal como foram respondidas, tais respostas foram aceitas pelo professor com “valor total”. 1- No campo dos sistemas eleitorais, qual é a crítica feita à teoria do parlamento espelho (mapa reduzido)? Resp. O parlamento deveria ser educador da sociedade e não apenas um reflexo dela, pois isto abaca incluindo suas mazelas. 2- Quais são as alegadas vantagens dos sistemas eleitorais majoritários? Resp. Tendência à formação de sistemas unipartidários que estabelecem governos estáveis. Estabilidade governamental. 3- O que sustenta a teoria do mandato imputativo? Resp.Como o nome sugere, tal teoria se sustenta na imputação ao eleitor da vontade originária do eleito. Despolitização do eleitorado. A vontade do soberano presume-se a vontade do eleitorado. Eleitorado não pode interferir no exercício do mandato. 4- O que diferencia os socialistas utópicos dos demais socialistas? Resp. Os socialistas utópicos não acreditam e não apoiam revoluões que se utilizem da força e da violência. Todavia, eles não apresentam outra alternativa, pois desconhecem um meio de alcançar seus ideais. 5- Assinale a correta a. De acodo com o TSE, o diretório nacional de partido político pode autorizar que um filiado de seus próprios quadros troque de agremiação política sem perder o mandato, independente da existência de justa causa. b. A teoria do mandato imputativo surge no Estado Social. (Estado liberal) c. Consoante a teoria do mandato imputativo, imputa-se ao eleito a vontade original dos eleitores que efetivamente o escolheram. d. Constituem justa causa para troca de partido(sem perda de mandato) a incorporação ou fusão do partido, a criação de novo partido, a grave discriminação pessoal e a redução acentuada do número de filiados. e. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada partidária deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto do respectivo partido. (V) 6- Analise as seguintes asserções: a. Os partidos políticos, diferentemente das escolas científicas ou artísticas, têm por escopo conquistar o poder. b. Constitui função dos partidos políticos a educação do povo c. No Brasil, a CPI integra o estatuto constitucional da oposição. (Corretas: Todas) 7- Analise as seguintes asserções: a. As eleições primárias argentinas são abertas, simultâneas e obrigatórias; (V) POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 5 b. Os partidos comunistas de massas agrupam as bases segundo seu local de trabalho; (V) c. Para Norberto Bobbio, os sistemas Monopartidários reforçam a distinção entre regnum e sacerdotium. ([F] – ao contrário os sist. Monopartidários unificam esses poderes no partido único) 8- Assinale a alternativa falsa a. Consoante Lipson, o bipartidarismo inglês antecede ao parlamentarismo e ao sistema eleitoral majoritário. b. O sufrágio universal, na Inglaterra, materializa-se em 1928, oportunamente em que as mulheres, independentemente de sua condição econômica, passaram a votar. c. Lawrence Lowell sustentou que o sistema eleitoral majoritário seria a causa do bipartidarismo.(F) (correto é parlamentarista) d. O partido consevador inglês (Tory), em sua origem, está associado ao trono e à religião anglicana. e. O Partido Comunista do Brasil foi extinto em 1947 pelo TSE, que o considerou infenso ao regime democrático. 9- Enumere duas hipóteses de justa causa para troca de partido sem perda de mandato. I. Fusão ou incorporação de partidos; II. Criação de novo partido; III. Alteração substancial do programa político ou desvios reiterados; 10- O que caracteriza o partido político fascista de massas? Resp.: O partido político facista de massas é caracterizado pela mobilização do povo e pelo forte poder politico e ideológico, abrigando as pessoas a pensar de determinado modo. Além disso, o que também marca este tipo de partido é o nacionalismo e o militarismo. 11- No sistema eleitoral majoritário fances, se existir segundo turno das eleições, quais partidos estarão aptos a participar do mesmo? Resp.: Os partidos que, no 1º truno, lograram ao menos 12,5% dos votos. Teoria do Mandato Manuel Gonçalves Ferreira Filho fala sobre três Teorias do Mandato. Mandato Imperativo. Considera-se o Mandato uma espécie de contrato entre eleitores e eleito. Os eleitores atribuíam ao eleito certo número de tarefas que se não fosse bem desempenhadas poderia levar ao cumprimento do contrato. Essa Teoria tem lógica de direito privado e é como se trouxesse o direito privado para dentro do direito público. Era uma prática anterior ao sufrágio universal. Permitia a fiscalização e a interferência no desenvolvimento do mandato. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 6 Existe nos EUA o instituto de uma Consulta Popular denominada “Recall”. O qual é uma espécie de resquício do Mandato Imperativo. Ela serve tanto para o executivo, legislativo e judiciário. Necessita-se de dois Requisitos para dar início a esse processo: (1) Lista de Adesão de Eleitores e (2) Um Depósito em dinheiro. Após a abertura desse processo democrático há toda uma sequências de etapas até o rompimento do “contrato” com o eleito. Mandato Imputativo Temos que inverter o senso comum para entender a teoria. Ela imputa ao eleitor as presunções do eleito ao nos afirmar que os Eleitos seriam os “Notáveis” e que nem todos seriam capazes de tomar as melhores decisões, mas os notáveis seriam capazes. Presume-se que, se o eleito está votando de determinada maneira é porque o eleitor pensa assim. Ao invés de pensar que o eleito está votando conforme a vontade do eleitorado. Liberta o político da influência de grupos organizados. “O representante representa a nação e não o corpo particular de eleitores que nele votaram”. O objetivo é livrar o parlamento da pressão dos grupos. O eleito decide conforme a razão o que é bom para a nação. Essa teoria tem base no Jusracionalimo, o qual diz que razão mais liberdade dos representantes levaria ao Bem Comum. Para a produção da vontade geral da nação quem decide são os representantes bem informados e livres de influências.Vale dizer, livre da interferência de órgãos intermediários (igreja, sindicatos...). “A cereja do bolo” é: o eleitorado não fiscaliza, nem interfere durante o mandato. Não pode ser interrompido o mandato, e para alguns mais radicais não deveria haver reeleição que é sempre manifestação do eleitorado sobre fatos pretéritos. Razões para Teoria são: Invenção do Estado liberal Clássico. Para evitar parlamento trabalhe para grupos, por interesses de classes organizadas. Inspirados em Rousseau o Liberalismo para formar a vontade geral previu uma política de dois níveis: Nível 1 – Cidadão; Nível 2 – Os representantes da nação (não do cidadão). Os representantes eram vistos como os Notáveis capazes de governar. Nem todos tinham essa capacidade conforme destacava Montesquieu: “Nem todos são capazes de governar, mas ao menos capazes de escolher os melhores governantes”. Mandato Partidário Eleitor escolhe um candidato vinculado a um partido cuja ação relaciona-se ao programa do partido. Temos dois pontos importantes nessa teoria: (1) Noção de partido político e (2) programa partidário. Idealmente vota-se num partido com programa ao invés de votar na pessoa. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 7 A teoria surge no momento histórico do desenvolvimento do Estado Social e a ideia de Racionalização do Poder. Mandato partidário está relacionado com o Estado Social + Racionalização do Poder. A racionalização do poder: 1° busca enquadrar as ideologias dos partidos na constituição; 2° possibilidade de alternância, essa alternância era um árbitro, esse será o eleitor que escolherá programas de partidos. Partidos políticos verificam a necessidade de tornar os seus programas cada vez mais genéricos, ou seja, que agradem a todos como uma maneira de ascender ao poder. O excesso de generalidade é um problema, uma vez que os programas de partido são cada vez mais amplos e abstratos. A questão da fidelidade partidária Noção - Dois níveis: 1°- Relativo aos deveres partidários (cumprir o estatuto, seguir a bancada); 2°- Obrigação de permanência no partido como condição de manutenção do mandato. Marco legal Lei 9096/95- Cap. V – Da Fidelidade e da Disciplina Partidárias (Diz respeito à forma do partido político responsabilizar um dos seus membros por violação dos deveres partidários. O estatuto do partido político deve criar um órgão incumbido dessa questão disciplinar. A conduta a ser punível deve estar tipificada no estatuto do partido). Art. 23. A responsabilidade por violação dos deveres partidários deve ser apurada e punida pelo competente órgão, na conformidade do que disponha o estatuto de cada partido. § 1º Filiado algum pode sofrer medida disciplinar ou punição por conduta que não esteja tipificada no estatuto do partido político. § 2º Ao acusado é assegurado amplo direito de defesa. Art. 24. Na Casa Legislativa, o integrante da bancada de partido deve subordinar sua ação parlamentar aos princípios doutrinários e programáticos e às diretrizes estabelecidas pelos órgãos de direção partidários, na forma do estatuto. Art. 25. O estatuto do partido poderá estabelecer, além das medidas disciplinares básicas de caráter partidário, normas sobre penalidades, inclusive com desligamento temporário da bancada, suspensão do direito de voto nas reuniões internas ou perda de todas as prerrogativas, cargos e funções que exerça em decorrência da representação e da proporção partidária, na respectiva Casa Legislativa, ao parlamentar que se opuser, pela atitude ou pelo voto, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos partidários. Art. 26. Perde automaticamente a função ou cargo que exerça, na respectiva Casa Legislativa, em virtude da proporção partidária, o parlamentar que deixar o partido sob cuja legenda tenha sido eleito. Resolução N° 22.610/2007 do TSE – Ela trata de um problema que a lei não enfrentava: Com quem fica o mandato no caso de troca de partido? POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 8 Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa. § 1º - Considera-se justa causa: I) incorporação ou fusão do partido; II) criação de novo partido; III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; IV) grave discriminação pessoal. A partir da resolução entende-se que a troca de partido implica na perda de mandado. Entretanto a lei prevê hipóteses de troca de partido sem perder o mandato em ocorrência de justa causa, as quais compõe uma lista contida na resolução. Então alguns questionamentos referentes a esta resolução são pertinentes: Teria o TSE essa prerrogativa de editar resolução a esse respeito? E se o mesmo tivesse essa prerrogativa, teria ele a exercido de forma satisfatória? Essas perguntas resultaram na ADI 4086 STF: Joaquim Barbosa relata – "não faria sentido se a corte reconhecesse um dever de fidelidade partidária e não reconhecer um mecanismo capaz de assegurar esse dever". Ou seja, Joaquim Barbosa afirma que o TSE possui prerrogativa para editar a resolução segundo os argumentos abaixo: O que garante a constitucionalidade da resolução é a sua excepcionalidade somada a sua transitoriedade; Joaquim Barbosa parece dividido entre: o direito à vaga obtida no sistema proporcional versus a legitimidade soberana do eleitor. Joaquim Barbosa opta por defender o sistema proporcional, ou seja, não deve permanecer o mandato com o candidato caso ele saia do partido. Isso no caso de troca de partido; STF decide pela improcedência da ADI e, portanto, pela constitucionalidade da resolução. Petição 2.766 TSE - Deputado Clodovil declara que houve contra ele, quando membro do PTC, grave discriminação pessoal. Dessa forma pretende trocar de partido sem perder o mandato. Entre seus argumentos estão a falta de auxílio judicial por parte do partido, a não convocação dele para assuntos internos partidários, etc. Ministro Lewandowski questiona qual teria sido a importância de Clodovil para o partido, feita a ponderação declara que o partido deveria ter dado maior atenção ao candidato, isso pelo fato do candidato ter sido o mais votado do partido. Clodovil obtêm sucesso e mantem o seu mandato. Consulta N° 1.720 TSE - Feita na forma de pergunta: De quem é a competência para autorizar os detentores de mandatos eletivos deixarem seus respectivos partidos sem a perda de seus mandatos, se os diretórios municipais aos quais são filiados, os diretórios regionais ou somente os diretórios nacionais? RESP: Nenhum dos três, o partido não pode fazer essa autorização. “Acordos ou deliberações de qualquer esfera partidária não tem o condão de afastar as consequências impostas pela Resolução-TSE nº 22.610/2007...” - O partido não pode autorizar a troca sem perda do mandato, pois estaria se instaurando a compra da fidelidade. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 9 Agravo Regimental na ação cautelar TSE - A resistência do partido a futura pretensão do filiado a concorrer a cargo eletivo é grave discriminação? RESP: não é grave discriminação. “A jurisprudência do Tribunal é no sentido de que a eventual resistência do partido à futura pretensão de o filiado concorrer a cargo eletivo ou a intenção de viabilizar essa candidatura por outra agremiação não caracterizam justa causa para a desfiliação partidária, pois a disputa e a divergência interna fazem parte da vida partidária”. Duas perguntas centrais: 1. Qual concepção de mandatos nós adotamos no Brasil hoje? Nossa democracia é uma democracia de partidos.No Brasil não se pode ter candidatos independentes. 2. A regra da fidelidade partidária aplica-se a membros do executivo? Anterior à resolução do TSE a questão da fidelidade partidária estava mais voltada ao legislativo. Porém hoje a resolução abriu essa possibilidade. Partidos políticos 1. Caracterização dos partidos políticos É uma força política organizada e coletiva cujo propósito é chegar ao poder, obter postos estatais; Essa força coletiva é fundada em um conjunto de crenças, valores ou ideais; esse aspecto é muito importante, pois forma a doutrina do partido; Possuem como outra característica a permissão Constitucional para sua atuação; Partido Político é pessoa jurídica; Há discussão na doutrina se o partido tem natureza jurídica de direito público ou de direito privado. A maioria dos autores entende como pessoas de direito público, mas a legislação brasileira reconhece como pessoa jurídica de direito privado, em formato de associação com registro na Justiça Eleitoral. 2. Diferenciação em relação às outras forças políticas Força política pode ser definida como uma força social que pretende influenciar o poder político e por consequência influenciar as instituições. Os partidos políticos são uma das forças políticas e se diferenciam das demais. Nos partidos políticos temos que: A participação é voluntária; Objetiva conquistar o poder por meio dos votos; Possuem um programa definido; Organizados e permanentes. Exemplos de Forças políticas: POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 10 Clãs, Classes Sociais e Castas: participação involuntária, geralmente a participação nesses grupos depende de fatores que são alheios à vontade da pessoa. Já nos partidos políticos, a participação é voluntária. Religiões, Escolas Científicas ou Artísticas: estes grupos não deveriam ter como objetivo conquistar postos no governo. O partido político tem por objetivo conquistar o poder por meio dos votos (isso também diferencia os partidos dos sindicatos). Facções: uma facção busca o poder e busca cargos no poder, disputando-os ou por via lícita e eleitoral, ou por outros modos. As facções não têm programa definido, partido tem. Multidões: As multidões têm um inconsciente coletivo, porém não são organizadas nem há mobilização permanente. 3. Funções dos partidos políticos Formulação de Políticas: o partido concebe um plano de ação para, de alguma forma, canalizar a opinião pública. Designação de Candidatos para Cargos Públicos Eletivos: no Brasil, o candidato precisa estar filiado a um partido, nos EUA não. Se cada um se candidatasse individualmente, haveria um caos social. Quando os partidos designam candidatos, eles evitam um caos político. Condução e Crítica do Governo: partido político conduz o governo quando o partido ou sua coalização é majoritária. O partido executa seu programa de governo dentro das regras constitucionais. A oposição tem o papel de criticar o governo, controlar, fiscalizar. Educação Política do Povo: o partido político quando propõe um programa de governo ele está educando o povo sobre o governo. Manutenção da Unidade do Estado: o partido político tem a função de harmonizar os poderes (embora essa tarefa seja específica para partidos majoritários). Infelizmente no Brasil há pouquíssima coisa sobre direito de oposição, quando muito é considerado o direito de CPI (Jurisprudência - mandato de segurança do apagão aéreo e a decisão do STF que vetou manobra da maioria contra a CPI da minoria, oposição) Em Portugal, há uma síntese sobre oposição em um regime político: direito sobre oposição democrática. No qual a oposição precisa obedecer a dois pré-requisitos: 1. Cadeira do parlamento; e, 2. Não integrar o governo. O conteúdo do direito da oposição: 1. Acesso a informação do governo; 2. Direito sobre se manifestar sobre assuntos do governo; 3. Direito a manifestação sobre qq assunto de relevância publica; 4. Direito de antena – isto é, direito a tempo equivalente ao tempo do governo nos meios de comunicação; 5. Direito de réplica ou resposta - possibilita a manifestação quando a oposição é atacada pelo governo. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 11 Fechamos com uma ideia geral que o DIREITO DE OPOSICAO É FUNDAMENTAL NUMA DEMOCRACIA, porque, de alguma forma, faz parte de um mecanismo fiscalizatório. O governo funciona melhor com oposição por ser controlado, fiscalizado, submetido a crítica e pela possibilidade de haver uma representação como alternativa as suas ideias. 4. Tipologia dos partidos políticos Quanto à organização interna Quanto ao âmbito de atuação 4.1 Quanto a organização interna 4.1.1 - Partido de quadros: Ligados ao surgimento do Estado Liberal, na época do sufrágio censitário; priorizam a qualidade em detrimento da quantidade de membros; Partidos de Notáveis - condição intelectual ou situação econômica; Possui como característica ter uma fraca liderança central, fracamente centralizado; Ele é forte regionalmente, com nomes locais importantes; Duverger nos fala sobre a sobrevivência dos partidos de quadro; quando surgiu, o sufrágio não era universal, mas mesmo após o sufrágio universal eles sobreviveram. Até mesmo no Brasil eles estão presentes. Como eles sobreviveram a posterior universalização do sufrágio (abolição do sufrágio censitário)? Qual estratégia eles usaram para sobreviver aos novos tempos? (Possível questão) Resp. Estratégia das eleições primárias para adquirir alguma âncora social num eleitorado crescente. O que são eleições primárias? Resp. São pré-escrutínios de designação dos candidatos dos partidos. Eleição do candidato a se candidatar ao cargo político. Ex. Partido Republicano dos EUA, ele é um tipo de partido de quadros e faz forte uso das eleições primárias. Eleições Primárias nos EUA: 1- Abertas - qq pessoa pode votar em pré-candidatos de qq partido; (Adotado nos Estados: Arkansas, Alabama, Michigan) 2- Semiabertas - o eleitor que quiser votar nas primarias ele deve se inscrever previamente e recebe um boleto para votar. Se inscrever não significa ser filiado. (Adotado nos Estados: Ohio, Texas, Georgia) 3- Fechada - Só filiados podem votar nas primarias. (Adotado em Washington, Colorado e Pensilvânia) Eleições na Argentina (já foi questão de prova): POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 12 Na argentina as primarias são abertas, simultâneas e obrigatórias. Todos os eleitores devem votar; todos os partidos apresentam seus pré-candidatos; o candidato que não obter 1,5% dos votos não pode concorrer nas eleições definitivas. 4.1.2 - Partido de massas: Tem como objetivo conquistar o maior número de adeptos: Surgiram como partidos de esquerda e precisaram do dinheiro dos filiados para se financiarem, porque não tem o financiamento do capital; Auguste Blanqui: Defendia que a revolução iria ser feita por um partido de vanguarda que, uma vez chegando ao poder, educaria o povo e desfar-se-ia. Pode-se, lato senso, comparar o Leninismo com essa ideia. Serviam de instrumento de ascensão para as classes menos privilegiadas; Partidos Socialistas se organizam por bairros/ região/ municípios Partidos comunistas se organizam por local de trabalho/ramo de atividade local de trabalho. A solidariedade entre pessoas do mesmo trabalho (maior corporativista) era maior que a solidariedade que pessoas do mesmo bairro/região. A direita tbm tem/tiveram partidos de massa: Fascistas e Nazistas. Mas estes têm um diferencial dos partidos de esquerda no plano de organização: a organização de milícias. Imitam uma hierarquia militare organizam milícias paramilitares. Essa vantagem de organização por milícias dá uma grande mobilidade de ação. (Possível questão: Como se organizam os partidos socialistas, os comunistas e fascistas? Resp. Por bairro, por local de trabalho e em milícias) Partido de massa de esquerda é um “horror” porque eles têm assembleia para tudo. Para tudo tem uma discussão, para tudo tem uma assembleia. Isso explica a derrocada dos partidos de esquerda na Europa. Duverger faz uma crítica ao marxismo e a pretensão de cientificidade: " A ciência trabalha por hipóteses que são testáveis, uma ideologia política que se diz verdadeira absoluta não pode ser identificada como uma ciência". Trecho do livro Os Laranjais do Lago Balaton. 4.2. Quanto ao âmbito de atuação 1. Vocação universal - Em vários países (supranacional); 2. Vocação nacional - Nacionalmente (único permitido no brasil); 3. Vocação regional ou municipal - Atuações locais. No brasil são vedados partidos de vocação universal, regional e municipal. 5. Sistemas partidários 1. Sistemas de Partido único; 2. Sistemas bipartidários; 3. Sistemas pluripartidários. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 13 5.1 Sistema Partido Único Definição: Caracteriza-se pela existência efetiva de um só partido no Estado. É verdade que em certos casos, existem outros partidos, mas estes não têm condição efetiva de chegar ao poder. Esse sistema pode ser um sistema de unipartidarismo disfarçado. Uma das principais diferentes, segundo Bobbio, dos sistemas capitalista e socialista era o sistema unipartidarismo. Nesse modelo sustenta-se o argumento de que se houvesse democracia interna no partido, isso assegurava que havia democracia para o todo. Bobbio: Sistema que restaura o Principio Monocrático das Monarquias Antigas. Príncipe coletivo que acumula o Sacerdotium - Sacerdote (interprete único da doutrina) e Reenum - soberano civil. Faz desaparecer duas linhas divisórias: a linha divisória entre Estado e Igreja e a linha divisória entre Estado e Sociedade Civil. (Possível questão) Por que existir? Por que não implantar uma dominação de um grupo? Para politizar o povo sem necessariamente representá-los. Pela análise de Giovani Sartori, os partidos são canais de duas vias. Num regime democrático o partido mobiliza a sociedade civil, ele expressa no Estado as demandas da sociedade civil. No sistema de partido único tem um papel de dominação democrática servindo apenas uma mobilização da sociedade. Não é um "teatro", há uma politização (no sentido perverso da palavra) de "cima para baixo": Dominação. A melhor definição de fascismo segundo Barthes: o Fascismo não é proibir de pensar, mas é obrigado a pensar (de determinada maneira). 5.2 Sistemas Bipartidários No livro civilização democrática de Leslie Lipson - a característica do sistema bipartidário (ex. Inglaterra) é a reunião de três coisas: 1. Só dois Partidos têm probabilidade autentica de chegar ao poder; 2. Um partido sozinho, sem necessidade de coalizão terá maioria para governar; a. Maioria para governar sem precisar de coligações; b. Sonho antifisiológico por não precisar coligar e dar poder desproporcional aos partidos pequenos (por serem fies da balança). 3. Em regra, a alternância ocorre entre duas mesmas forças partidárias durante décadas. Em síntese, são dois partidos e são sempre os dois que se alternam. Obs.: Partidos Liliputianos (partidos pequenos) – Existem, mas não têm chance de se eleger. O que explica o Bipartidarismo? (Possível questão) Resp. Existem três hipóteses: 1. O Sistema de Governo Parlamentarista Tese de Laurence Lowell; POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 14 Parlamentarismo causaria bipartidarismo, porque se formam dois grupos. Um que apoia firmemente o Gabinete e outro que faz oposição forte; Leslie Lipson: Crítica baseada num argumento cronológico - o Bipartidarismo é anterior ao Parlamentarismo. 2. Sistema Eleitoral Majoritário Tese de Duverger; Distritos na Inglaterra são distritos eleitorais – Cada distrito dá direito a uma cadeira no parlamento; Leis de Duverger – Sistema majoritário do tipo inglês gera bipartidarismo, sistema proporcional (Brasil) geral pluripartidarismo. Leslie Lipson faz nova crítica: O Bipartidarismo britânico é anterior ao sistema majoritário. 3. Hipótese Sociológica Tese de Leslie Lipson; As causas do Bipartidárias são as raízes sociais da política britânica: A Revolução Gloriosa fez desaparecer politicamente o Catolicismo, e restou uma disputa entre a Igreja Anglicana e a Protestante/Puritana (Wesley - metodista: defende uma religião protestante não aos moldes da anglicana, mas ênfase no sermão e não no ritual, ideia de rigor moral – a pureza moral). Partido Tory – Conservador. Linha de defesa do Rei, da Igreja Anglicana e à aristocracia rural. Partido Whig – Liberal - dos Protestantes Puritanos. Mais liberais, ligado a liberdades individuais. Defendem prerrogativas do parlamento e os interesses das classes industriais e comerciais urbanas, ligados a um capitalismo com interesses comerciais. Fica evidente uma cisão das elites: Rural Anglicana X Protestantes Urbanos. Num determinado momento os Whigs perderam força e foram substituídos pelo partido trabalhista – Labour Party. Isso decorre do processo de universalização progressiva do sufrágio. i. Reform Act de 1832: Reconfiguração dos Distritos + Voto dos Patrões Urbanos (acabou com Burgos Podres); ii. Reform Act de 1867: Pequenos proprietários Urbanos com uma casa ou locatários que paguem 10 libras anuais de aluguel (ampliou-se a base de eleitores para proprietários urbanos e locatários urbanos); iii. Reform Act de 1884: adquirem direito ao voto os pequenos proprietários rurais; iv. Ato de Representação Popular de 1918: Sufrágio Universal Masculino independente de renda e voto feminino de condição econômica; v. Lei de 1928: tem direito ao voto todos os homens e mulheres de 21 anos em diante. O sufrágio universal de fato. ------------------------------ Questão Antiga: Assinale a Falsa. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 15 a. Consoante Lipson, o bipartidarismo inglês antecede ao parlamentarismo e ao sistema eleitoral majoritário. b. O sufrágio universal, na Inglaterra, materializa-se em 1928, oportunamente em que as mulheres, independentemente de sua condição econômica, passaram a votar. c. Lawrence Lowell sustentou que o sistema eleitoral majoritário seria a causa do bipartidarismo. (Parlamentarismo) d. O partido consevador inglês (Tory), em sua origem, está associado ao trono e à religião anglicana. e. O Partido Comunista do Brasil foi extinto em 1947 pelo TSE, que o considerou infenso ao regime democrático. ------------------------------- E nos EUA existe Bipartidarismo? Segundo Lipson, só existe Bipartidarismo para eleição presidencial. No sistema legislativo há pluripartidarismo. O congresso não é bipartidário, pois os membros dos partidos são indisciplinados no momento da votação. Alianças entre Democratas e Republicanos são feitas de acordo com a votação ao invés de seguir a orientação partidária. O voto não tem relação com a filiação partidária, logo o congresso não é bipartidário. De acordo com Hansen, “Política são acordos e concessões mutuas, Bipartidarismos os acordos e concessões ocorrem dentro dos partidos e no pluripartidarismo entre partidos”. 5.3 Pluripartidarismo Hipóteses do que gera o pluripartidarismo: 1. Decorre de um sistema eleitoral proporcional – Duverger; 2. Gradações de Opinião sobre um tema – Dalari; 3. Ênfase em temas diversos. 4. Sistema possui um risco:Número excessivo de Partidos Políticos - A pulverização do sistema partidário. Isso é um risco, pois as coalizões ficam mais frágeis, a política fica mais instável. Grupos sem força considerável tornam-se o fiel da balança (como ocorre em Israel). 6. Partido Político Antissistema 1. Partidos políticos antissistema a. Noção b. Soluções possíveis para o problema dos partidos antissistema: i. Há concordância ou não há jogo ii. Admitem-se dois tipos de oposição iii. Posição intermediária POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 16 Agremiação que privilegia a luta sobre o regime ao invés de uma luta dentro do regime. Se caracteriza por uma oposição ao Estado de Direito. O que fazer com relação a eles? Aceitá-los? Bani-los? Jorge Reinaldo Vanossi nos diz que uma primeira possibilidade é a resposta 1- Ou se concorda com as Regras do Jogo, ou não há jogo. Partido é banido. (Posição Germânica). O risco é eliminar as oposições sobre o argumento de que o partido oposicionista é antissistema. 2- Admitir todo tipo de oposição – A Antissistema (ideológica ao sistema) e outra Discrepante. (Posição da França - sempre permitiu o partido comunista que se opunha ao Estado “Burguês”). Democracia supõem tolerância, inclusive de quem se opõem a própria democracia. 3- Posição Intermediaria - Eliminar a Oposição Ideológica do tipo irracional. Essa irracionalidade seria pela (1) negação do sufrágio, (2) opção da violência e (3) pela conversão em antipartido – Partido Único. Sistemas Eleitorais Sistemas que visam transformar votos em mandatos políticos. Sistemas Eleitorais são: Majoritários, Proporcionais e Mistos. Sistemas Majoritários 2.1 Definição Eles têm um proposito: Garantir a eleição do candidato mais votado, ou dos candidatos mais votados. Isso o diferencia do sistema proporcional, pois este busca a distribuição equânime dos cargos conforme a votação obtida por cada força competidora. 2.2 Sistema majoritário é diferente de voto distrital No sist. Majoritário os distritos são formados com finalidade exclusivamente eleitoral. Em geral, os distritos possuem equivalência no número de eleitores. No sistema proporcional, os distritos correspondem a subunidades da nação. 2.3 Vantagens do Sistema Majoritário 1. Tendência a produzir governos unipartidários. Um único partido pode governar sem precisar de coalizão; 2. Um maior controle do eleito por parte do eleitorado; 3. Redução dos custos eleitorais. 2.4 Magnitude do distrito eleitoral Magnitude eleitoral é o número de cadeiras a preencher em cada distrito. POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 17 A magnitude é igual ou maior que um. No sistema proporcional a magnitude é maior que um (obj. do sistema eleitoral), números de cadeiras por distrito. 2.5 Patologias 2.5.1 Gerrymander Eldridge Gerry aprovou redesenho arbitrário dos distritos eleitorais. 2.5.2 Alocação Desproporcional Exemplo: Parlamento com 10 cadeiras, total de 100 mil eleitores, Magnitude = 1, cada distrito tem aproximadamente 10mil eleitores. Partido X fez 6 mil votos em 6 distritos e 3 mil votos em 4 distritos. Logo fez 6 cadeiras porque ganhou em 6 distritos, mas no total fez 48 mil votos. E o partido Y fez 4 mil votos em 6 distritos e 7 mil votos em 4 distritos. Logo Y ganhou 4 cadeiras, mas fez 52 mil votos. Logo um partido com mais votos fez menos representantes. Acaba sendo um sistema mais estável, em detrimento à “justiça” eleitoral. 2.6 Variações do Sistema Majoritário a) Maioria Simples Um candidato é eleito se obtiver mais votos dentre todos os concorrentes. Exemplo inglês: Um candidato eleito recebeu 42% dos votos, enquanto os candidatos da oposição somaram 58%. A representação parlamentar de pequenos partidos depende da capacidade de concentração territorial dos mesmos. Caso contrário, as minorias esparsas não terão representação. Sistema cruel com as minorias. Conceitos de Maioria: Maioria manufaturada = maioria das cadeiras sem maioria dos votos; Maioria natural = maioria das cadeiras correspondes a maioria dos votos. b) Dois turnos Sistema adotado na França. Intervalo de uma semana entre o primeiro e segundo turno. Para não haver segundo turno alguém deve vencer com 50%. Quem vai para o segundo turno? Não são os dois primeiros.... Vão para o segundo turno todos os candidatos que tiverem atingiram no mínimo 12,5%. A ideia dos franceses é inviabilizar vitória dos partidos extremistas. c) Voto Alternativo Austrália. Marca-se todos os candidatos com uma ordem de preferência. Se alguém atingiu 50% a eleição termina, se não, desclassifica o último candidato e soma-se as POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 18 segundas preferências do desclassificado e repassa para os respectivos escolhidos. Faz-se isso até alguém atingir 50%. Esse sistema do voto alternativo também coloca uma proteção contra a alta rejeição, pois candidatos com alta rejeição dificilmente conseguirão ser eleitos em um sistema com voto alternativo. Não há segundo turno, o que há são recontagens. Sistema Proporcional Objetivos 1. Assegurar que a diversidade de opiniões de uma sociedade esteja representada no parlamento; 2. Garantir equidade matemática entre votos dados pelo eleitores e representação parlamentar (representação equânime); Teorias Justificadoras 1. Soberania Fracionada ou Soberania Individual Inspirada em Rousseau – Todo jovem em idade viril é cidadão, todo cidadão é um eleitor. Todo eleitor é soberano e igual aos demais. Eleitores individualmente soberanos, e portanto iguais. Legitima minorias enquanto integrantes do parlamento, mas não explica a posterior supremacia da maioria no parlamento. 2. Representação pessoal Democracia direta; Suíça; Cidadão é sempre legislador: i. Modo direito e individual; ii. Representação mediata (por um político) e coletiva. 3. Parlamento espelho (possível questão de prova) O parlamento é um mapa reduzido do país, o espelho do país. Pequeno mapa das correntes políticas. Teórico principal: Mirabeau Duas críticas importantes ao sistema proporcional (Prova) 1 - Sistema proporcional garante a representação das minorias, mas não garante que elas vençam POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 19 2 - Parlamento espelho é foto da sociedade, mas será que os representantes não deveriam ser os melhores e ajudar a educar a sociedade. Parlamentares não deveriam ser fotógrafos, deveriam ser educadores. Os problemas da sociedade são vistos no parlamento (são espelhados). Sistema Proporcional de listas Baseado sobretudo na proposta de um autor belga, chamado Victor d`Hondt; Quem defende o sistema proporcional? - Minorias éticas e religiosas por encontrar possibilidade de representação; - Os partidos socialistas, pois eles perdiam facilmente no sistema majoritário de dois turnos. - Alguns partidos conservadores, devido advento sufrágio universal. A adesão se dá na forma de lista. E existem dois tipos de listas: Fechadas e Abertas. Lista Fechada: Os partidos fornecem uma lista de candidatos e ordem dessa lista é previamente determinada pelo partido. Gera um problema que nos deixa nas mãos de uma oligarquia partidária. Lista Aberta: Sistema Brasileiro – Os partidos oferecem listas abertas. Não há ordem estabelecida entre os candidatos. O eleitorado vota em nomes individuais e estabelece uma ordem de preferência. Cada partido vai ter representação proporcional aos votos recebidos. O sistema de lista aberta provoca eventuais surpresas coma eleição de candidatos que entraram na lista e não era muito conhecido. Mas isso não é uma regra. Mecanismo Corretivo no sistema de listas: Cláusula de Exclusão ou Cláusula de Barreira. Qual o grande temor do sistema proporcional? Resp.: Que produza um grande número de partidos e o sistema fique caótico. E a cláusula de Exclusão estabelece um critério para eliminação dos partidos pouco votados. Isso tenta evitar o destaque de partidos políticos pequenos por se tornarem “fiel da balança”. Exemplo de Israel, onde não se consegue fazer maioria e partidos pequenos são fieis da balança e acabam por interferir, inclusive, no processo de paz. Outro exemplo é a Alemanha, a qual possui dupla cláusula de barreira devido o trauma histórica que procura superar. Sistema Eleitoral Brasileiro Destaques: Quociente Eleitoral = Votos válidos / Cadeiras (Art. 106 do Cod. Eleitoral) Quociente Partidário = Votos do partido / Quociente Eleitoral Exemplo de um sistema eleitoral na disputa com 9 cadeiras. 1900 partido A / 672,2 = 2,92 2 cad +1 1350 partido B / QE = 2,0090 2 cad 550 partido C / QE = 0,81 0 cad 2250 partido D / QE = 3,34 3 cad + 1 6050 total de votos válidos Primeiro tem que se calcular o Quociente Eleitoral = 6050 / 9 = 672,2 POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 20 O QE. funciona como clausula de barreira, clausula de exclusão. Quem não fizer no mínimo 1 QE está fora da divisão das “sobras” dos votos. O Anarquismo de Proudhon O ideário de anarquismo nunca foi desordem, mas sua definição passa pelo conceito de Ausência de Autoridade, de hierarquia. 1. O movimento Anarquista O anarquismo não é a esquerda da esquerda, ou a esquerda extremada. Combater a autoridade em qualquer forma. 1.1 Propaganda pelo Ato Leon Muitas vezes acaba em violência. O episódio de 1901 ocorrido nos EUA que teve como líder Czolgosz inspirado em Caetano Brescia (“Eu não matei uma pessoa, eu matei o princípio monárquico”) matou um presidente dos EUA. Movimentos anarquistas que pregavam a violência como propaganda pelo ato. Um tipo de violência que esconde um ato de violência em si atrás de um simbolismo. 1.2 A Primeira Internacional Em 1864 foi fundada por Marx. Objetivo era que a emancipação dos trabalhadores fosse obra dos próprios trabalhadores. 1.3 Tríplice Negação: Deus, Governo e Propriedade. Deus: Bakunin diz que Deus e humanidade são incompatíveis. Se Deus existe, então os homens são servos em situação de escravidão. Negar a Deus é ateísmo e um passo além, os anarquistas são anticlericais; Governo; Propriedade. 1.4 Referências ideológicas e históricas A revolução Francesa teve forte influência, um marco para os Anarquistas. Porque, em primeiro lugar, o princípio religioso é substituído pelo princípio jurídico de igualdade entre os homens. O anarquismo é uma evolução da Revolução Francesa. Ela é um marco, mas ao mesmo tempo uma crítica, pois transpôs o princípio de autoridade de Deus para o povo. E a crítica é a soberania do Povo como uma forma de autoridade. Proudhon não apoiava a violência da revolução. 1.5 O Estado Se é preciso combater o Estado, pois é uma forma de autoridade. Se significa autoridade como uma abstração em substituição de Deus, ele deve ser combatido. O Estado fracassa ou é ruim por duas formar: POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 21 Quanto organiza a produção; e, Quando redistribui o ganho. II. A revolução Econômica de Proudhon a. A propriedade é um roubo – propriedade “devoradora”; Proudhon dizia que Propriedade é um roubo. Todos ficavam chocado com essa declaração. Nem o trabalho, nem a ocupação e nem a lei podem criar a propriedade, pois ela é um efeito sem causa. b. Valor Valor de utilidade e valor de troca são coisas diferentes O que define valor? O problema é a tentativa desesperada de estabelecer uma espécie de equilíbrio entre aquilo que nos é útil e de troca entre as coisas. Os dois valores coexistem e estão encadeados, as vezes um prejudica o outro. Há várias possibilidades de se fraudar essa correlação. A saída é mensuração do valor trabalho (pela quantidade de trabalho). Proudhon propõe o mutualismo: um sistema de cooperativas que trocam produtos sempre pelo valor do trabalho e nunca objetivando o lucro. A federação de pequenas cidades independentes que realizem trocas entre si baseado no valor trabalho. Isso impede que alguém lucre, enriqueça e se a propriedade do trabalho de outro. Proudhon desempenhou um papel importante no desenvolvimento do cooperativismo. Sistema econômico mutualista é baseado em: Propriedade coletiva Trabalho para obter os produtos Anarquismo Propõe a eliminação do Estado (tríplice negação), pois entende o Estado como um Ato de Dominação. PIERRE LEROUX: SOCIALISMO MÍSTICO E HUMANISTA 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTO Viveu no sec. XIX na França; Período de Napoleão I – Primeiro período de império de Napoleão é marcado: Codificação; Centralização da Economia; Conquista da Europa e Difusão dos ideais iluminista Período da Restauração (1814 - 1830) – A volta dos Burbons; Ascenção progressiva da Burguesia (frescor da burguesia) POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 22 Monarquia de Julho (1830-1848) Época da Monarquia envelhecida que triunfou sobre o Rei Representa a liberdade individual deteriorada para puro individualismo (onda de individualismo) Segunda República – 1848 Movimento popular derruba a Monarquia de Julho (reprimido pelo General Cavagnhac); Eleito presidente Luís Napoleão (sobrinho de Napoleão) 1851-52, transforma-se em Napoleão III A Terceira República Inicia com a derrota de Napoleão III para Alemães. 1.2 Debate Liberalismo x socialismo (indivíduo ou sociedade, o que é mais importante); Liberdade x Igualdade; Menos Estado x Mais Estado 1.3 Primeiros anos Era muito inteligente e ganhou uma bolsa em uma universidade fora de paris; Criado burguesia e capitalismo forte, nos valores de Napoleão I; Quando voltou para país a reação dele, como de muitos franceses, foi ingressar em sociedade secreta dos Carbonários (sociedade armada). A ideia era reorganizar a sociedade a partir de um centro plenificador. Ideologia da fraternidade: “As massas dever ser dirigida por uma elite esclarecida”. Pregava generosidade. 1.4 A palavra Socialismo – critica coletivismo – o individuo torna-se unicamente funcionário. Ele é arregimentado. Doutrina a crer, inquisição a sua porta. Homem não é mais um ser livre e espontâneo. Socialismo sem contrapeso gera; Momento que rompe com doutrina de Saint Simon. 2.0. A questão antropológica 2.1. Um velho debate. Se o homem é mal, é preciso usar um Estado Forte. (Hobbes), ou O homem não bom. 2.2. Curso de Frenologia Pseudociência que avalia o caráter do homem pelo tamanho da cabeça. 3. A humanidade: egoísmo e altruísmo a. Deveria haver um equilíbrio POLÍTICA E TEORIA DE ESTADO 2 SERGIO SOMENZI JR 23 4. Visão do cristianismo a. O ser humano nega sua própria individualidade, foca inteiramente em Deus. b. Caridade tem três problemas: i. negação da caridade; ii. foco excessivo no absoluto (em Deus); iii. Ignorar ou tratar superficialmente o outro apenas como algo necessário para atingir Deus (o não eu só é importante por causa de Deus, e não como o outro) 5. Estrutura da humanidade A humanidade não é um ser verdadeiramente, ela não existe verdadeiramente, ela é sobretudo um certo número de homens particulares. Seres distintos e ao mesmo tempounidos 6. Contra as exclusões As duas principais exclusões que ele se ocupa: Contra a exclusão dos proletários – proletários produzem riqueza, só possuem salário e são explorados pelos patrões que manipulam o trabalho e a forma de trabalho dos indivíduos Contra a exclusão da mulher – defende direitos das mulheres. 7. A República A República supõe a liberdade grega, a igualdade Rousseuniana e a fraternidade cristã. O Estado interfere nos contratos e nas transações para proteger a liberdade, sob pretexto da liberdade contratual: “existe para combater o despotismo e licenciosidade e isso deve ser combatido sim pelo Estado” O Estado é rodeado, ou construído entre dois abismos. O abismo do coletivismo e do individualismo.
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