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JULIANA ROCCO DE MELO O ENDOMARKETING COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO DAS EMPRESAS RIO DE JANEIRO 2004 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE O ENDOMARKETING COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO DAS EMPRESAS OBJETIVOS: Formular um estudo sobre a importância do endomarketing nas empresas, e como ele pode ser um diferencial competitivo em mercado exigente e voltado exclusivamente ao cliente. 3 AGRADECIMENTOS Aos meu queridos pais, Mario e Celma, pelo incentivo e dedicação, ao professor Celso Sanches pela orientação. À todos que contribuiram direta e indiretamente para minha formação acadêmica e profissional. 4 DEDICATÓRIA Dedico essa monografia à minha mãe Celma, que tanto colaborou para a confecção e o aperfeiçoamento desse trabalho. Juliana Rocco de Melo 5 RESUMO O Endomarketing vem sendo apresentado como uma alternativa moderna para aumentar o comprometimento dos empregados com os objetivos das organizações.A unanimidade, entre os autores, dessa definição nos mostra uma fragilidade e arcaísmo das propostas de endomarketing. Um embasamento teórico cheio de influências de outras áreas do conhecimento nos revela que o endomarketing está indo de encontro à lógica fundamental da sua disciplina de origem: o marketing, que na sua essência busca atender plenamente os anseios e desejos do cliente Quando o marketing é aplicado dentro das empresas percebemos que esse princípio básico é esquecido, e o que comumente se observa é a superioridade dos interesses e desejos da empresa sobre o de seus clientes mais próximos, os clientes internos. As organizações chamam seus funcionários de clientes internos e os tratam como subordinados. Elas apenas imaginam estar adotando uma política de endomarketing. Este quadro precisa ser invertido, os funcionários, permanecem subordinados, mas devem ser tratados verdadeiramente como clientes. Isso ocorre porque é realmente complicado implementar a “política da mudança” em empresas onde a cultura organizacional é arcaica e repleta de paradigamas a serem ultrapassados. A organização e seus colaboradores precisam entender e acatar o conceito de endomarketing e aceitar as mudanças. 6 METODOLOGIA Este estudo visa analisar as questões propostas com a finalidade de mostrar a real importância do endomarketing dentro da organização. Além disso a partir de um estudo profundo e com forte embasamento teórico, visa ir de encontro a uma proposta que considera que “o marketing interno não existe, tratando-se apenas de um pseudo- pensamento do marketing social que se apóia sobre uma ficção e serve de álibi para quem quer parecer moderno e justificar suas ações”. 7 SUMÁRIO ¾�INTRODUÇÃO 8 ¾�CAPÍTULO I 10 x�Uma Análise Mercadológica 11 ¾�CAPÍTULO II 14 x�A Evolução do Conceito de Endomarketing 15 x�O Endomarketing 17 x�O Endomarketing como Sistema 21 x�Fundamentos do Endomarketing 22 ¾�CAPÍTULO III 25 x�Endomarketing e Comprometimento 26 x�Endomarketing e Cultura Organizacional 30 x�Endomarketing e Gestão de Pessoas 34 x�Estruturação e Implementação de um Projeto de Endomarketing 36 x�Pré-requisitos para o sucesso de um Projeto de Endomarketing 40 ¾�CONCLUSÃO 42 ¾�BIBLIOGRAFIA 43 8 9 INTRODUÇÃO Durante décadas, gerações de empresários se ocupavam unicamente em produzir. Produzir em escalas cada vez maiores, reduzindo custos somente p-ela quantidade ou pela exploração de matérias-primas e de recursos humanos que julgavam fontes inesgotáveis. Detinham os meios de produção e acreditavam ser esta a única lógica do mercado. Este quadro gerou uma corrida para oferecer maior qualidade, desempenho e benefício, introduzindo no meio empresarial a pesquisa para melhoria do produto. Presumia-se que os conceitos de Produção e Produto completavam-se (produtos de fácil acesso e qualidade) e com isso os empresários foram levados ao limiar da Excelência. Mas, para alcançá-la restava ainda incluir um componente fundamental: a informação. De início, foi muito difícil o entendimento do conceito de informação. As empresas destinaram grande parte de seus recursos financeiros à propaganda de seus produtos, esquecendo que a informação é uma via de mão dupla, onde mais importante quanto informar é receber e dispor de informações precisas. A partir desse entendimento foi se popularizando. o conceito de marketing. Kotler (1992) conceitua marketing ao afirmar que “ a chave para atingir os objetivos da organização consiste em determinar as necessidades e os desejos dos mercados-alvo e satisfazê-los mais eficaz e eficientemente do que os concorrentes”. Sendo assim, a melhor forma de descobrir os desejos dos clientes é a informação. Em nossos tempos, com a escassez de recursos naturais e a deterioração ambiental, podemos perceber a prioridade que algumas empresas dão à preocupação com o bem-estar social e o interesse público. Surge portanto, mais um componente a ser 10 considerado pelas organizações, além dos interesses dos clientes: o interesse pela sociedade como um todo, pois ela também precisa ser respeitada. Surge assim um modelo de administração que conta com um diferencial competitivo, pois são subsidiadas com informações de seus clientes e de seus funcionários, e podem tomar decisões mais acertadas e eficazes, pois servem-se de informações que lhe oferecem maior segurança. São empresas que adotam administrações baseadas no conceito de marketing ou programas de qualidade. Trabalham com seus clientes internos, descebntralizam decisões, incentivam a participação e a criação de equipes de trabalho. Costumam ouvir sugestões de seus funcionários, até mesmo daqueles tão humildes que não conseguem mensurar a sua importância para os resultados positivos da empresa. Trata-se de um modelo mais avançado de administração, que além de ouvir seus clientes internos, preocupa-se com seu bem-estar. Este modelo chama-se Endomarketing. Questões de Estudo ¾�- O que é endomarketing? ¾�- O que é cultura organizacional? ¾�- Qual a relação entre endomarketing e cultura organizacional? ¾�- Quais as dificuldades na implementação de um sistema de endomarketing? ¾�- Como superar essas dificuldades? ¾�- Qual a importância desse sistema para resultado final positivo da empresa? 11 CAPÍTULO I O Mercado Atual 12 UMA ANÁLISE MERCADOLÓGICA Os últimos anos têm se caracterizado por mudanças profundas no ambiente econômico e político internacional. Estas mudanças, por sua vez, afetam significativamente as organizações no que diz respeito às relações entre trabalhadores e empresa, ao processo de produção, às estruturas ocupacionais e ao treinamento, aos esquemas de recompensa e, por fim, aos padrões educacionais e às habilidades exigidas. Neste sentido, o sucesso das organizações hoje está ligado, mais do que nunca, a fatores que vão muito além da manutenção de uma prática gerencial tradicional que enfatiza uma simples “logística”de pessoal, cujos gestores apresentam unidades ou departamentos de cunho administrativo caracterizados por forte burocratização e escassa capacidade de inovação. As empresas precisam operar de forma integrada, utilizando eficazmente recursos tanto materiais quanto humanos, a fim de responderem com agilidade e eficiência às rápidas mudanças que ocorrem no macro-ambiente. Para, de um lado, enfrentar a turbulência e a incerteza e, de outro, operar de maneira integrada, é preciso que haja identificação e cooperação por parte dos membros da organização, ou seja, são necessárias novas formas de gestão, todas elas voltadas para o estímulo do envolvimento do empregado com a empresa. Conforme um estudo realizado pelo Massachussets Institute of Technology, já em 1991, e citado por Ponce (1995), acerca da perda de competitividade da indústria norte- americana, “é mais produtivo ter uma força de trabalho que coopera sem uma tecnologia muito sofisticada do que possuir as últimas ferramentas tecnológicas e um pessoal desmotivado”. 13 Em decorrência disso, muitas têm sido as ações no sentido de repensar os modelos organizacionais e torná-los orientados para a valorização do ser humano. Se, em muitas empresas, ainda é comum observar tímidos esforços de implementação de programas de valorização (que, nestes casos, limitam-se a oferecer algumas recompensas e benefícios em troca da consecução dos objetivos organizacionais), em outras pode-se observar um enfoque verdadeiramente estratégico, que implica na melhora do desempenho de seus empregados e no aumento dos lucros. Nesta linha de raciocínio, o endomarketing, ou marketing interno, surge como uma ferramenta complementar estratégica que, junto à gestão de recursos humanos, visa proporcionar a integração dos trabalhadores aos objetivos da organização (Souza e Santos, 1992). O endomarketing, política que se volta para a valorização dos empregados, merece toda a atenção que se presta às políticas orientadas ao público externo, visto que a satisfação das necessidades e desejos dos trabalhadores os habilita a satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes. Ao passo que, quando se trata de marketing, faz-se referência às relações de troca ocorridas entre as organizações e o mercado externo, quando se trata de endomarketing, busca-se observar, além dessas relações, aquelas que ocorrem entre as organizações e seus empregados – os quais, analogamente, seriam considerados como clientes internos. Desta forma, enquanto os clientes externos trocam dinheiro por produtos ou serviçoes, os empregados trocam um bom desempenho no trabalho por recompensas ou benefícios. Gronroos (1990) coloca que o endomarketing funciona como “um processo holístico de gerenciamento, que visa integrar as múltiplas funções da organização de duas formas: primeiro, assegurando que os empregados de todos os níveis da organização participem ativamente no contexto de um ambiente que se volta para a preocupação com 14 o cliente; segundo, assegurando que todos os envolvidos sejam preparados e estejam suficientemente motivados para atuar de forma orientada na prestação de serviços”. 15 CAPÍTULO II O Endomarketing 16 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ENDOMARKETING O termo endomarketing, surgiu em muitas organizações a fim de descrever a aplicação do marketingdentro da companhia. No entanto, observa-se que, apesar da existência de alguns programas de marketing interno, poucos livros foram publicados e apenas alguns artigos foram escritos a este respeito. Com base na releitura das teses de PONCE, Felícia A. Urbina (1995) e SOUZA, Maria José B. (1991), o surgimento do endomarketing deu-se por dois motivos: (1) a redescoberta dos recursos humanos como recursos raros e estratégicos para a empresa e (2) a valorização do marketing de serviços como elemento essencial para a performance da organização. O conceito de marketing interno surgiu primeiro na literatura sobre o marketing de serviços, a partir da noção de que os empregados constituem o primeiro mercado da organização. Desde então, o termo tem sido usado como um conceito que abrange várias atividades internas, que como tais não são novas, mas quando focalizadas sob esta perspectiva, ganham uma abordagem diferenciada. A crescente atenção voltada para o assunto deve-se ao movimento da era industrial para a nova concorrência da era do serviço, na qual a lógica do fabricante precisa ser substituída pelo know how do prestador. Nessa transição, o ponto mais crítico consiste no fato de que os empregados orientados para o serviço e especializados são tidos como recursos escassos se comparados com a matéria-prima, a tecnologia de produção e os produtos. Ponce (1995), em seu estudo acerca das discussões sobre o conceito de endomarketing, apresenta valiosas propostas. Inicialmente, que o marketing interno consiste em uma filosofia de gerenciamento que considera os empregados como clientes internos e os empregos como produtos oferecidos para satisfazer suas necessidades e 17 desejos e direcionar os objetivos da organização. Desta forma, o produto está fortemente orientado para o reconhecimento dos empregados e para a valorização dos mesmos. Um outro enfoque sugere que o endomarketing consiste na manutenção de um ambiente que favoreça a concepção e a promoção de idéias, projetos ou valores úteis à empresa. Há ainda uma proposta que considera que o marketing interno não existe, tratando-se apenas de um pseudo-pensamento do marketing social. 18 O ENDOMARKETING Marketing pode ser definido como "um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros." Ainda, em administração de marketing, Kotler (1994), faz breves referências a diferenciação entre o marketing interno e marketing externo. Segundo ele, o marketing interno deve preceder o externo. Na verdade, não faz sentido prometer serviço excelente antes de preparar os funcionários da empresa para fornecê-lo . Define marketing interno como a "tarefa de contratações acertadas, treinamento e motivação de funcionários hábeis que desejam atender bem os clientes"(p.37). Bekin (1995,p.34) lança as bases de uma tendência de marketing voltado para o seio das organizações, formulando a seguinte definição de endomarketing: "... realizar ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com o fim de promover entre os seus funcionários e departamentos aqueles valores destinados a servir o cliente". O endomarketing possui uma importância estratégica e , neste sentido, não pode ser separado do marketing . Do ponto de vista estratégico, o endomarketing é um processo para adequar a empresa a um mercado orientado para o cliente. Deste modo, a relação da empresa com o mercado, passa a ser um serviço feito por clientes internos para clientes externos. É assim que o endomarketing estimula toda a organização a manter-se voltada para o atendimento do mercado. O endomarketing é o marketing dentro da empresa, um processo cujo foco é sintonizar e sincronizar, para implementar e operacionalizar a estrutura de marketing da empresa ou organização que visa ação para o mercado. Objetiva facilitar e realizar trocas construindo relacionamentos com o público interno, compartilhando os objetivos da empresa ou organização, harmonizando e fortalecendo estas relações. Sua funçãoé 19 integrar a noção de "cliente" nos processos internos da estrutura organizacional propiciando melhoria da qualidade de produtos e serviços com produtividade pessoal e de processos. Ainda fundamentado em Bekin (1995,p.40), para se criar um processo de endomarketing, este deve partir de três premissas básicas: A. Estamos num mercado orientado para o cliente. Clientes só podem ser conquistados e retidos com um serviço excelente; B. funcionários têm expectativas e constituem o primeiro mercado para a organização. Assim, funcionários devem ser tratados como clientes e valorizados como pessoas; C. excelência de serviços para os clientes e gerenciamento de recursos humanos significam envolver e comprometer os funcionários com os objetivos e decisões da empresa. Estas três premissas trazem como consequência um princípio: este processo de envolvimento, comprometimento e valorização do funcionário deve proceder o marketing externo, ou seja, é preciso conquistar primeiro mercado dos clientes internos para em seguida, lançar-se ao mercado externo. Parte-se da premissa de que o endomarketing atua diretamente na excelência do clima organizacional, refletindo no índice de satisfação interna e na melhoria do fluxo de comunicação entre os diversos níveis da organização (Silva,1999), e conectados nos objetivos de desenvolver uma cultura de valorização do cliente despertando no cliente interno o interesse por marketing. Um processo de endomarketing bem sucedido requer um impacto de gerenciamento de atitudes assim como, um suporte do gerenciamento da comunicação. O 20 gerenciamento de atitudes é um processo contínuo, enquanto que o gerenciamento da comunicação pode ser mais descontínuo, incluindo atividades relativas à propagação da informação em determinados e adequados momentos. Entretanto, esses dois aspectos do endomarketing estão entrelaçados. A necessidade crescente pelo interesse em endomarketing se dá pela busca da eficiência por parte das organizações, especialmente atribuída ao renascimento do ser humano nos negócios dentro do clima competitivo atual (Silva,1999). Com o ritmo acelerado das mudanças, as empresas também buscam a eficiência e a eficácia através do processo comunicacional efetivo com seus empregados. Esta é uma forma construtiva de explorar o empenho, o entusiasmo e as idéias dos seus funcionários. A este respeito, Bekin (1995,p.69), caracteriza precisamente o endomarketing como um processo que objetiva estabelecer atividades permanentes de motivação do funcionário. É neste sentido que deve agir o programa de motivação, valorização e comprometimento, já que os três devem ser considerados elos de uma mesma corrente. Normalmente, o que ocorre é a distorção desse valor, que se transformam em campanhas de atividades, desviando-se da importância das estratégias do endomarketing. Promovem-se reuniões com informações veiculadas em formatos de folhetos e manuais internos distribuídos aos participantes e, na verdade, ocorre pouca comunicação. Tão ou mais importante que a comunicação dentro de uma mesma área entre o superior e seus subordinados diretos é a comunicação entre pares - isto é, entre os diretores, os gerentes entre sí, os supervisores entre sí, que possam assim, otimizar informações e resultados. Isso assegura que a empresa fale sempre um mesmo idioma. Não é demais ressaltar que comunicação e informação são elementos fundamentais nesse processo, já que favorecem a formação de imagem no ambiente interno como um todo. 21 A expansão externa de uma organização só ocorre se houver uma abertura interna das mentes. O relacionamento produtivo entre a empresa e sua comunidade é que determina a ampliação de suas fronteiras externas. Um decorre do outro. Fica claro que a empresa precisa conhecer muito bem seu público interno para adequadamente comunicá- lo de seus objetivos. 22 ENDOMARKETING COMO SISTEMA Assim como o marketing possui um chamado “mix” ou composto de marketing, também o endomarketing conta com um composto de processos, atividades e instrumentos voltados à compreensão e satisfação das necessidades do público interno da organização, tendo como orientação o atingimento dos objetivos organizacionais. Cerqueira(1994) define endomarketing nesse sentido, ao dizer que “de forma genérica, os sistemas de endomarketing consistem num conjunto de processos, projetos ou veículos de comunicação integrada que permite a venda, a consolidação de uma nova imagem para dentro da empresa”. Ver o endomarketing como um sistema é a melhor forma de compreender de que maneira ele pode vir a ser utilizado para a compreensão do comportamento do público interno da organização. Essa compreensão, como será visto mais adiante, passa pela análise da cultura organizacional vigente na organização.Uma vez conhecidos os valores que fazem parte dessa cultura e que orientam as decisões e o comportamento do público interno, é possível, a partir de um programa integrado e estruturado de endomarketing, promover uma verdadeira mudança cultural, representada pela introdução de valores voltados àsatisfação dos clientes e ao ótimo organizacional. 23 FUNDAMENTOS DO ENDOMARKETING Para Beking (1995), o conceito de endomarketing relaciona os públicos internos e externos à organização, consistindo “em ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com o fim de promover entre seus funcionários e departamentos valores destinados a servir o cliente. Esta noção de cliente, por sua vez, transfere-se para o tratamento dado aos funcionários comprometidos de modo integral com os objetivos da empresa”. O autor (op.cit) indica os fundamentos do endomarketing, destacando-se: x� Definição: realização de ações de marketing voltadas para o público interno da empresa, com o fim de promover entre seus funcionários e departamentos aqueles valores destinados a atender o cliente. x� Objetivo: fazer com que diversos departamentos e seus funcionários compartilhem os valores e objetivos da empresa, fazendo surgir um processo de coesão e comunicação no ambiente interno, resultando em atração e retenção de clientes internos e externos. x� Função: integrar a noção de cliente nos processos internos da estrutura organizacional para propiciar uma melhor qualidade dos produtos e serviços x� Importância Estratégica: realizar a avaliação do ambiente interno da organização (moral, satisfação de necessidade e conflito entre a cultura orgabnizacional e os objetivos estratégicos), de modo a permitir o sucesso da estratégia da empresa voltada para o ambiente externo. 24 x� Premissas Básicas: conquista e retenção de clientes por meio de serviços excelentes; valorização dos empregados como pessoas, tratando-os como clientes da empresa; geração de comprometimento desses empregados com os objetivos da empresa. x� Natureza do processo: o endomarketing é holístico, à medida que busca promover a integração de todas as unidades organizacionais,por meio da comunicação, da cooperação e do compartilhamento de responsabilidades. x� Condições de Implementação: o endomarketing deve ser visto como parte integrante da estratégia global da organização; o processo de endomarketing requer conhecimento, informação, compromisso e apoio da alta administração; o processo de endomarketing deve avaliar os pontos fortes e fracos da estrutura organizacional; em muitos casos, o processo de endomarketing requer mudanças na cultura organizacional, tornando-amais flexível e capaz de disseminar conhecimento, gerar responsabilidades e delegar poder de decisão aos empregados. x� Atilvos: por etapas, o endomarketing deverá atingir: alta administração, administração média, gerentes e supervisores, funcionários em contato com os clientes, pessoal de apoio às atividades da organização e a organização como um todo. Níveis do Processo: 1. Diagnóstico: x� Análise do ambiente interno da organização; x� Perfil dos empregados 25 2. Programa de Ação: x� Níveis de abrangência (ou situações internas) – criação e manutenção, dentro de toda a organização, de uma cultura de serviço (orientação para o cliente, prestando-lhe o melhor serviça); x� Linhas de ação – atitude e comunicação com feedback; x� Tópicos: treinamento, processos de seleção, planos de carreira, motivação e valorização, comprometimento e recompensa, sistema de informações e rede de comunicação interna, segmentação do mercado de clientes internos, cenários para novos produtos, serviços e campanhas publicitárias – todos esses tópicos são tratados sob a perspectiva da “cultuta organizacional voltada para o atendimento ao cliente, orientada por uma noção de excelência no serviço e valorização daqueles que prestam o serviço, os funcionários”. 26 CAPÍTULO III Endomarketing e suas Aplicações 27 ENDOMARKETING E COMPROMETIMENTO Cerqueira (1994) faz uma distinção entre o Comprometimento, objetivo constante perseguido por um programa estruturado de endomarketing, caracterizado pelo comportamento integralmente voltado para os objetivos organizacionais, e o simples Envolvimento, simulacro de um compromisso com os objetivos estabelecidos, que, em última instância, representa uma ameaça ao desempenho organizacional por não garantir uma permanente orientação para os valores organizacionais ou, o que pode vir a dar na mesma, para a satisfação do cliente. Ele denomina o Comprometimento de adesão interna e o Envolvimento de adesão externa. O autor deixa claro que a adesão externa (envolvimento) é reativa negativa em relação ao estímulo recebido; negativa por ser prejudicial ao desenvolvimento do que deve ser realizado. Ela ocorre como uma reação psicológica natural (medo, conveniência). Já a adesão interna (comprometimento, compromisso integral) é uma ação reativa positiva, pois integra a pessoa àquilo que precisa ser realizado, por um processo voluntário de adesão. Essa adesão depende de uma “base motivacional adequada, dando sustentação psicológica à pessoa, pois ninguém pode exigir a adesão do campo interior do outro, já que isto só se dá por um ato voluntário” (op.cit). Realizar um programa de endomarketing com sucesso é, portanto, garantir o comprometimento, a adesão verdadeira e interna dos membros da organização com os objetivos orgtanizacionais, com a satisfação das necessidades dos clientes externos e, por que não dizer, com a superação de suas expectativas. 28 ENDOMARKETING E LIDERANÇA A questão da liderança, conforme Bekin (1995), resulta do grupo. O grupo é um dos elementos priorizados por um programa de endomarketing, pelo fato de agregar os conceitos de integração e cooperação. Nesse sentido, a liderança assume importante papel na criação de condições que gerem coesão interna e trabalho de equipe. Para isso, deve ser uma liderança democrática e aberta ao diálogo, permitindo a participação dos empregados nos processos de planejamento e tomada de decisões. Segundo Balesco e Stayer (1994), a motivação constante e a valorização do pessoal destacam-se como formas de garantir o comprometimento do público interno e sua participação com iniciativa, criatividade e responsabilidade na proposição das melhores soluções para os clientes externos. Para que isso seja possível, os próprios líderes devem reconhecer-se como um dos obstáculos à busca do sucesso no atendimento aos clientes, no momento em que adotam o paradigma tradicional da liderança segundo o qual o trabalho do líder é planejar, organizar, coordenar e controlar. Segundo os autores, os princípios a serem observados na liderança para o sucesso são: ¾� transferência de responsabilidade; ¾� criação do ambiente de responsabilidade no qual cada pessoa queira assumir responsabilidades; ¾� treinamento e desenvolvimento das capacidades pessoais; ¾� aprendizagem com maior rapidez e encorajamento dos outros a fazerem o mesmo. Adotar esses princípios implica estabelecer e consolidar novos valores, ou seja, uma nova cultura organizacional voltada para a satisfação das necessidades e 29 expectativas dos clientes. Esse novo estilo de liderança valoriza o que Stayer chamou de “capitalismo intelectual”, correspondendo às capacidades pessoais dos membros de uma organização, que deverão ser desenvolvidas e canalizadas para os objetivos do negócio. Nessa nova cultura, a iniciativa pessoal é valorizada e todos são estimulados a assumir a responsabilidade pelo bom desempenho individual e organizacional. É a criação do compromisso a que se refere Cerqueira em seu livro (1994). Os líderes devem estimular as pessoas a assumirem a responsabilidade pela empresa. “No mundo do capitalismo intelectual atual, todo mundo deve ser responsável pelo seu próprio desempenho” (Balesco e Stayer, 1994). Além disso, os líderes “têm de dar apoio às pessoas em suas necessidades e estar prontos para treiná-las e ajudá-las.” (Balesco e Stayer, op.cit) e a avaliação de desempenho deve partir da identificação dos fatores controláveis que afetem esse desempenho: o que se está fazendo ou deixando de fazer para atingir o objetivo a que se propôs. Toda a jornada precisa de uma direção, de um valor básico, de um objetivo a ser perseguido. No caso da jornada para o sucesso, a direção e o enfoque podem ser dados pela visão,pela percepção dos clientes, pela busca do grande desempenho, também sob o ponto de vista dos clientes, e pelas estratégias de adição de valor, ou seja, tudo aquilo que possa diferenciar o que a empresa oferece ao mercado. A visão está para a direção assim como os valores estão para a cultura organizacional. A visão “é o critério que utilizamos para medir nosso comportamento” (Belasco e Stayer, 1994). É ela que nos informa quão perto estamos do objetivo estabelecido e, mais importante do que isso, qual é esse objetivo, esse estado futuro, o lugar aonde a organização quer chegar. A visão deve surgir do contato intenso com clientes – sejam eles usuários, chefes, empregados ou fornecedores. Somente eles podem dizer à organização o que dela esperam. Por isso a visão á a grande fonte de inspiração para o grande desempenho do negócio. Ela é motivadora, esclarecedora e concentradora de esforços. 30 Além de determinar o enfoque e a direção, os líderes devem remover os obstáculos ao sucesso da estratégia. Esses obstáculos podem estar nos sistemas e nas estruturas, na mentalidades dos empregados – que, na maioria das vezes, representam sintomas e não causas de obstáculos – ou, ainda, nas habilidades das pessoas que , para aprimorá-las, necessitam de sistemas de informação eficienetes que lhes permitam avaliar seu desempenho segundo os parâmetros estabelecidos pelo ponto de vista dos clientes. Os líderes devem ainda se antecipar aos problemas, trensferir as responsabilidades certas para as pessoas certas e estimular as pessoas a procurar sempre o melhor desempenho, transformando os problemas em oportunidades, obtendoe gerando as informações necessárias à tomada de decisões e criando sistemas de premiação que compensem a ousadia – assunção de riscos – voltada para o grande desempenho. 31 ENDOMARKETING E CULTURA ORGANIZACIONAL 1.Conceito de Cultura Organizacional: A Cultura é o acúmulo de experiências, de formas de pensar e de regras de interação com os outros e com o meio ambiente e a Cultura Organizacional corresponde a um caso particular de cultura. Nas organizações, os componentes culturais básicos incluem valores, papéis e normas. Segundo Tamayo (1997), “o essencial não são as estruturas físicas, mas os sistemas de crenças e de valores, as interações entre os seus membros, as atividades por ele executadas e o próprio funcionamento da organização. Os papéis, as normas e os valores definem e norteiam o funcionamento da empresa”. A partir da década de 80, a teoria administrativa passou por uma revolução de seus principais conceitos, oportunidade em que surgiram aberturas para as contribuições de outras ciências, como a Antropologia, conforme destacam Ruben et. Al. (1998), através da “larga utilização do conceito de cultura, transmutado em “cultura organizacional”. A preocupação com a cultura organizacional acompanha, segundo Friedberg (1995) “a Confluência de um grande número de disciplinas que, cada uma por motivos diferentes, se interessam pelas organizações”, entre elas destacando-se a psicologia, a psicologia social e a sociologia, “que se interroga sobre os mecanismos sociais que permitem, simultaneamente, a criação e a manutenção das formas particulares da vida coletiva que são as organizações e, sobretudo, as grandes organizações burocráticas, e que pretendem explorar o seu impacto na vida social”. Analisando a organização como “uma rede estruturada de relações de poder e de dependência através das quais os indivíduos e os grupos negociam a permuta de 32 comportamentos de que cada um tem necessidade para levar a cabo suas tarefas”, Friedberg (1995) explica que “uma organização, sua estrutura, seu modo de funcionamento, ou seja, o conjunto de mecanismos através dos quais são articulados e integrados os comportamentos divergentes dos participantes, não constituem simplesmente uma resposta técnica a problemas técnico-econômicos. Constituem também um instrumento cultural para tratar um problema humano, que é o da estruturação e regularização da cooperação conflitual dos participantes” (grifos nossos). Ao falar da limitação ao funcionamento da organização, representada pela bagagem cultural trazida pelos seus membros, o autor afirma que “as organizações não absorvem passivamente uma cultura exterior, mas produzem e são portadoras da sua própria cultura”. Morgan (1996) aborda a metáfora da organização vista como cultura. Essa metáfora corresponde à visão da organização como uma cultura da representação, em que “as organizações são em essência realidades socialmente construídas que estão muito mais nas cabeças e mentes dos seus membros do que em conjuntos concretos de regras e relacionamentos”. O surgimento de uma cultura na organização está ligado ao fato de cada organização corresponder a um grupo de pessoas e cada grupo de pessoas desenvolver um estilo de vida. Dentro de uma mesma organização existem diferentes subgrupos de pessoas, dando origem a diferentes subculturas, as quais, quando enfatizam interesses pessoais em detrimento dos objetivos organizacionais, podem constituir contraculturas. Existem, nas organizações, diversos mecanismos interpretativos da cultura organizacional. Morgan (1996) cita, entre essesmecanismos, estrutura organizacional, regras, políticas, objetivos, missões, descrições de cargos e procedimentos operacionais padronizados. “São artefatos culturais que ajudam a esboçar a realidade existente dentro de uma organização. (...) cada aspecto da organização é rico em significado simbólico (...)” (grifo do autor). Essa visão dos aspectos racionais da 33 organização com significados simbólicos e, algumas vezes, mágicos, consiste em um dos principais pontos fortes da metáfora da cultura, segundo Morgan. Outra contribuição importante da metáfora da cultura é a compreensão do processo de mudança organizacional, a qual depende das mudanças de imagens e valores requeridos por uma nova situação desejada e que devem ser desenvolvidos se o objetivo é realizar, com sucesso essa mudança organizacional/cultural. Hofstede (1991) afirma que, a partir do início da década de 80, popularizou-se a noção de que “a ‘excelência’ de uma organiozação estava contida nas formas comuns de pensar, sentir e agir de seus membros. O conceito de cultura de empresa é um conceito ‘suave1, intangível e holístico, com, no entanto, presumíveis consequências ‘duras’, tangíveis”. O autor destaca os elementos das principais definições de cultura organizacional dadas por divesos estudiosos do assunto: Cultura organizacional é: x� Holística – o todo é maior do que a soma das partes; x� Determinada historicamente – reflete a evolução histórica da organização; x� Relacionada com os estudos antropológicos – como os estudos de rituais e símbolos; x� Construída socialmente – criada e preservada pelo grupo de pessoas que em conjunto formam a organização; x� Suave – intangível, embora com consequências duras, tangíveis; x� Difícil de mudar – sem que haja acordo sobre o grau de dificuldade 2) Relação entre Cultura Organizacional e Endomarketing: A implementação de um programa de endomarketing está intimamente ligada à compreensão dos valores presentes na cultura da organização. Somente a partir do 34 entendimento dos valores partilhados por todos os membros de uma organização é possível compreender a imagem que esse público interno faz da empresa, o seu grau de orientação para os clientes externos e o seu comprometimento com os objetivos organizacionais. Assim como ocorre no marketing, em relação aos clientes externos, também no endomarketing faz-se necessáriauma análise do perfil, das necessidades e das expectativas do público interno, do corpo funcional da organização. Cerqueira (1994) explica que “os sistemas de Endomarketing visam à difusão de uma linguagem cultural própria e homogênea em toda a empresa, para todos os seus funcionários, independentemente do nível hierárquico. A base dessa linguagem é um conjunto de valores estabelecidos por eles próprios e aceitos como necessários e bons para regular a relação das pessoas entre si e com a própria organização”. Essa citação evidência que a base do endomarketing é a cultura organizacional. Ao representar um conjunto de valores estabelecidos e aceitos pelos próprios empregados como facilitadores do atingimento de objetivos interpessoais e organizacionais, a cultura organizacional é uma variável a ser considerada na motivação desse público interno. É o que Cerqueira (op.cit) chamou de “norte cultural sinergético”, aquele que direciona os esforços para os objetivos organizacionais. 35 ENDOMARKETING E GESTÃO DE PESSOAS As relações entre a empresa e seus empregados vêm sofrendo constantes evoluções, estando cada vez mais orientadas para o diálogo direto e participativo, por meio do qual o funcionário é reconhecido como agente principal no desempenho das organizações. Neste novo cenário de valorização do papel do recurso humano, o empregado não só tem a necessidade de um bom salário, o qual permanece como uma condição de base, mas também do reconhecimento de sua participação no sucesso da empresa na qual está inserido.Atualmente, o empregado tem a possibilidade de investir fora da empresa, dedicando seu tempo livre à família, associações, política e causas sociais, ou então aplicá-lo dentro da organização em associações esportivas, representação sindical, comissões de fábrica, programas de qualidade, etc. Existe portanto, um contexto de livre troca, no qual o funcionário tem escolhas a fazer. Há concorrência, e é necessário tornar a oferta da empresa atrativa ao trabalhador. È nesta conjunção de necessidades crescentes, tanto por parte dos trabalhadores como por parte das organizações, que se forma a base de um mercado onde se troca, com um certo custo material e psicológico, bom desempenho por produtos-idéias (tais como uma boa imagem organizacional, uma oferta de treinamento, um programa de qualidade total, um programa bem estruturado de benefícios, um novo programa voluntário, dentre outros). São estes produtos, aos quais os empregados necessitam aderir livremente, como em qualquer forma de compra que satisfarão suas necessidades. 36 O novo discursso postula que aquelas organizações que desejam desenvolver-se no meio concorrencial só atingirão eficiência e competitividade quando seus empregados se mobilizarem e se engajarem comos objetivos e valores da empresa. Este novo cenário implica na necessidade de um novo enfoque da gestão de pessoas, voltado para a oferta de treinamento, orientação em relação à qualidade total e reforma do sistema de recompensas que premia a participação voluntária e a inovação (estes são os produtos por meio dos quais espera-se o engajamento dos empregados na empresa). A importância do marketing interno surge ao passo que, ao fornecer serviços ou programas para os empregados, a gestão de recursos humanos precisa “vender” performance capaz de influenciar diretamente a produtividade do negócio – e, ao mesmo tempo, manter o tipo de pessoal que a organização deseja. Não importa se o foco do marketing é externo ou interno, sua finalidade central permanece, isto é, a atração e retenção dos clientes por meio da satisfação de suas necessidades e desejos. 37 ESTRUTURAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE ENDOMARKETING A partir da releitura de Ponce (1995), é proposto um guia para implementação de um projeto de endomarketing, incluindo as atividades, meios e estratégias que melhor o caracterizam. Resalva-se que a abrangência, a complexidade e a relevância de cada um dos aspectos que o compõe dependerão das especificidades da organização e de seus objetivos estratégicos. A estruturação e implementação de um projeto de endomarketing devem, portanto, considerar as seguintes etapas: 1) Análise do Ambiente: busca caracterizar o ambiente externo e interno da empresa. O ambiente externo inclui os aspectos que influenciam fortemente as relações de trabalho entre a organização, o empregado e o cliente, ou seja, os fatores econômicos, políticos, legais, tecnológicos e sócio-culturais. Já a caracterização do ambiente interno inclui a identificação geral da empresa, ou seja, o levantamento de suas filosofias, políticas, estratégias, missão, objetivos e metas. 2) Diagnóstico da situação: visa analisar e avaliar os diferentes fatores (positivos e negativos, internos e externos) presentes na relação organização-empregado-cliente que influenciam na realização dos objetivos organizacionais. Para tanto, no foco interno, podem ser utilizados questionários auto-preenchíveis ou discussões em grupo junto à alta administração, cujos resultados permitirão conhecer as percepções e opiniões do pessoal em relação à situação de trabalho, bem como focos de tensão entre as áreas funcionais, pouca consciência dos empregados em relação À missão, problemas de baixa moral no grupo e falta de conhecimento sobre o papel desempenhado. Já no foco externo, pesquisas mercadológicas são de grande utilidade ao identificarem a percepção do cliente 38 final em relação à qualidade do atendimento, entrega dos produtos, dentre outras causas de satisfação ou descontentamento. Finalizado, o diagnóstico da situação permite à organização conhecer claramente suas principais ameaças e oportunidades. 3) Determinação dos objetivos do projeto de endomarketing: com base no diagnóstico da situação elaborado anteriormente, torna-se possível listar os objetivos (gerais e específicos) que potencializarão as oportunidades e minimizarão as ameaças identificadas. Em termos gerais, os objetivos podem ser classificados em dois níveis: estratégico (que consiste em assegurar que os empregados sejam motivados a atingir uma performance orientada para o cliente e para o serviço) e tático (que visa garantir a venda de serviços, campanhas e esforços de marketing aos empregados). Como exemplo, seguem alguns objetivos que podem ser alcançados com a aplicação de um programa de marketing interno: a) integrar a participação de todos os elementos da organização; b) criar, encorajar e destacar contínuamente os papéis dos empregados na organização; c) desenvolver um produto que seja, ao mesmo tempo, orientado para o reconhecimento dos empregados e capaz de desenvolver nos mesmos valores orientados para a satisfação do cliente; d)identificar as necessidades dos empregados e desenvolver programas ou produtos para satisfazer tais necessidades; e)selecionar e reter os melhores profissionais; f) facilitar as trocas dentro da organização, de modo a contribuir para a construção, harmonia e fortalecimento dos relacionamentos; g) estabelecer canais adequados de comunicação interpessoal, a fim de eliminar conflitos e fatores de insatisfação entre os funcionários; h) criar e promover idéias, projetos ou valores úteis à empresa; i) questionar e resolver problemas de estrutura, funcionamento, comunicação e organização ou abordar novos problemas; j) identificar os fatores de satisfação e insatisfação dos clientes em relação a sua interação com a organização; l) assegurar que os empregados obtenham informação contínua. 4) Concepção das estratégias que viabilizarão o programa: as estratégias consistem nas atividades por meio das quais os objetivos finais serão alcançados. A 39 seguir, é sugerida uma abordagem baseada no composto de marketing para a concepção das mesmas: x� Produto ou serviço: trata-se dos incentivos que deverão ser oferecidos aos diferentes segmentos da organização a fim de assegurar a valorização dos empregados e estimular o comprometimento dos mesmos. Podem ser: políticas de treinamento que focalizam a maneira adequada de como tratar o cliente; políticas de remuneração benefício; políticas de recrutamento, seleção e avaliação de desempenho; perspectivas de carreira e promoção; reconhecimento pelo bom desempenho;relacionamento no ambiente de trabalho; processo de comunicação e identificação com a empresa. x� Preço: performance ou desempenho que os diferentes segmentos deverão oferecer À organização em troca do produto ou serviço oferecido pela empresa. Deve ser estabelecido de forma explícita; x� Promoção: constituida pelos veículos de comunicação por meio dos quais o produto ou serviço será comunicado ou promovido, tais como: material escrito (jornais internos com informação sobre a organização), vídeo ou apresentações pessoais. A promoção deverá despertar a atenção e o interesse pelo público interno para o que esta sendo ofertado; x� Distribuição: contempla todos os canais reais da empresa (chefes, supervisores, líderes, a função de RH, a de marketing, dentre outros). Não deve se limitar ao ambiente interno da organização, a fim de garantir a venda deuma imagem positiva como empregadora e, com isto, captar os potenciais candidatos que tenham perfis compatíveis com os valores praticados. 5) Levantamento dos custos de implementação: um projeto de endomarketing requer um maior engajamento dos recursos humanos (incluindo demanda de tempo em todos os níveis da organização), mudanças significativas no comportamento, uma equipe 40 de desenvolvimento e implementação do programa e um orçamento (que, muitas vezes, funciona mais como um redirecionador de custos e recursos). 6) Determinação dos instrumentos de avaliação: nesta fase, são especificados parâmetros a serem utilizados para verificar se os resultados esperados foram atingidos. O acompanhamento da eficácia do plano servirá de retroalimentação, a fim de corrigir eventuais falhas ainda no estágio de desenvolvimento do programa. É também nesta etapa que são definidas medidas para avaliar o impacto do programa em intervalos de tempo determinados. Tais medidas podem incluir pré e pós testes de percepções, comportamentos e opiniões dos empregados e clientes atingidos. 41 PRÉ-REQUISITOS PARA O SUCESSO DE UM PROJETO DE ENDOMARKETING De acordo com os estudos de Ponce(1995) acerca dos fatores críticos de sucesso de um projeto de endomarketing, chega-se a algumas conclusões. Primeiro, que o sucesso do mesmo depende de uma administração adequada, entendida como um processo de troca entre organização e indivíduos capaz de estimular em ambos uma atitude positiva e atingir com eficiência os objetivos da organização. Idealmente um programa de marketing interno busca integrar a participação de todos os elementos da organização. Segundo, que um projeto abrangente preocupa-se com o recrutamento, seleção, treinamento, motivação, comunicação e esforços para reter os melhores empregados. Assim, é de responsabilidade da organozação elaborar descrições específicas de cargo e procedimentos efetivos de recrutamento. Em relação à comunicação, a organização deve estabelecer um canal eficiente de troca de informações entre o empregado e a empresa. Para tanto, pode-se utilizar de jornais internos, vídeos, seminários e workshops, por exemplo. Especialmente em empresas de serviço, a comunicação interna com os empregados pode ser mais importante do que qualquer comunicação externa com os clientes. � Outros três pontos fundamentais que constituem pré-requisitos para o sucesso de um projeto de endomarketing são: o envolvimento com o trabalho, o engajamento organizacional e a motivação para o trabalho. Por fim, o sucesso de um projeto dependerá: a) de ser considerado parte integral da estratégia de gerenciamento; b) de ser condizente com a estrutura organizacional implementada; c) de receber apoio constante e ativo tanto da alta administração como de todos os empregados.è comum que os esforçoe sde marketing interno concentrem-se 42 apenas nas equipes de vendas, as quais possuem contato direto com o cliente final. No entanto, deve-se lembrar que estas equipes frequentemente dependem do apoio de outras áreas da organização – e, se estas não estiverem suficietemente preparadas para dar o suporte necessário, os resultados poderão não ser atingidos. 43 CONCLUSÃO O Endomarketing pode ser um grande diferencial competitivo para as empresas num mercado cada vez mais voltado para o cliente. Para que sua implementação seja realizada com sucesso, é preciso um comprometimento em primeiro lugar dos principais líderes da empresa. Primeiro é preciso acreditar na eficácia da ferramenta, para depois haver uma aceitação tornando viável a mudança cultural dentro da organização. Se esse processo não começar pelas altas gerências, haverá apenas uma tentativa de implementação que provavelmente não será bem sucedida, pois aos colaboradores devem seguir um exemplo e filosofia apresentado para eles pela empresa. O Endomarketing pode trazer resultados muito positivos e vantajosos para a organização. Não se trata de uma fórmula a ser seguida, e sim uma filosofia ser implementada de acordo com o perfil e objetivos de cada instituição. 44 BIBLIOGRAFIA A Comunicação nas OEPAS – A Perspectiva dos Dirigentes e dos Gerentes de Comunicação – Documento 2, Embrapa. BEKIN, Saul Faingaus. Conversando sobre Endomarketig. São Paulo: Makron Books, 1995. BELASCO, James & STAYER, Ralph. O Vôo do Búfalo: decolando para a excelência, aprendendo a deixar os empregados assumirem a direção. Rio de Janeiro: Campus, 1994. CERQUEIRA, Wilson. Endomarketing: educação e cultura para a qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 1994. FRIEDBERG, Erhard. Organização. In: TRATADO DE SOCIOLOGIA. Organizado por Raymond Boudon. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995, cap 9. GRONROOS, C. Relationship Approach to Marketing in Service Contexts: the marketing and organizational behavior interface. Journal of Business Research, vol. Pp.3-11, 1990. HOFSTEDE, Geert. Culturas e organizações – Compreender a nossa programação mental. Lisboa: Edições Sílabo, 1991. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1994. MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. 45 PONCE, Felícia A. Urbina. Marketing Interno: um estudo de caso no setor franqueado do ramo de perfumaria e cosméticos nas cidades de São Paulo e Osasco. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado em Administração) – Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. SOUZA, Maria José B. Marketing Interno: um estudo numa indústria de autopeças. São Paulo, 1991. Dissertação (Mestrado em Administração) – Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. SOUZA, A. e SANTOS, g. Endomarketing: considerações teóricas e práticas de uma estratégia de integração. In: ANPAD, Marketing, vol. 5.Canela, RS: setembro de 1992.
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