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Conhecendo o Case

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Conhecendo o Case
ABERTURA DO CASE:O case a ser apresentado ocorre em uma escola de uma região muito carente localizada no município onde vive a professora Rosângela Finn. Ela é pedagoga há bastante tempo, mas não tem experiência como alfabetizadora. Ao se deparar com os conflitos de sua formação já ultrapassada em face dos novos desafios da alfabetização e da realidade sociocultural de seu público, se vê diante da oportunidade de repensar seu conhecimento  diante das renovações paradigmáticas no campo da educação e de refletir sobre a influência das relações entre teoria e prática em tais renovações. A inexperiência de Rosângela é apenas um dos fatores a serem considerados; afinal, discussões em torno da metodologia de ensino a ser empregada em cada situação de aprendizagem estão no cotidiano de todo profissional que trabalhe com educação, mesmo sendo ele bem formado e experiente. Nesse  contexto,  sobretudo,  são  priorizados  questionamentos  que  um  professor  na  situação  de  Rosângela  deveria  considerar  ao  assumir  inicialmente  o  compromisso  de  alfabetizar.  Assim,  é importante pensar, por exemplo, sobre qual deve ser a maior preocupação do docente quando uma criança chega à escola: alfabetizar ou letrar?
- E qual é o melhor método para alfabetizar?
- Há apenas um método eficaz?
- O que o docente deve levar em conta para ensinar uma criança a ler e a escrever?
- Ao ingressar na escola, ela é apenas uma tábula rasa ou traz consigo conhecimentos?
- E quando se trata da alfabetização de jovens e adultos, os métodos devem ser os mesmos utilizados para as crianças?
DESCRIÇÃO DO CASE:A professora Rosângela Finn é pedagoga formada há vinte anos. Sempre quis trabalhar com alfabetização, mas, por ser funcionária pública, ao concluir o seu curso manteve-se no emprego, desenvolvendo atividades administrativas. No último ano, entretanto, ela conseguiu a aposentadoria e decidiu realizar o antigo sonho: alfabetizar. Uma amiga, diretora de uma pequena mas reconhecida rede escolar, propôs-lhe que assumisse uma turma regular de alfabetização no ano seguinte e sugeriu que, para se ambientar à nova atividade, participasse das aulas da professora Valquíria Souza, também formada há vinte anos, porém mais experiente por ter atuado todo esse período  em  várias  turmas  da  educação  infantil  e  do  ensino  fundamental.  Valquíria  também  é mais atualizada, dada a constante preocupação que tem com sua formação continuada. Ao  receber  Rosângela,  a  professora  Valquíria  decidiu  dividir  a  turma  em  dois  grupos  e  dar  à  colega a oportunidade de mediar as estratégias de alfabetização de um deles por duas semanas, visto que Rosângela dizia saber como alfabetizar e já ter realizado esse processo com suas sobrinhas adultas que não tiveram a oportunidade de estudar na idade recomendada. Após esse tempo de experiência, Valquíria reuniu a turma para uma atividade de leitura e percebeu que os alunos que ficaram sob a responsabilidade de Rosângela apresentaram maiores dificuldades para contextualizar as situações de leitura e para relacionar ao mundo biossocial os sons e palavras que conseguiam decodificar. Preocupada, Valquíria conversou com Rosângela e descobriu que o trabalho da colega nesse período consistiu apenas em trabalhar as famílias silábicas de todas as consoantes de modo que os alunos pudessem associar sons e letras. Valquíria questionou os métodos de Rosângela, mas não se sentiu confortável em impor a ela sua maneira de pensar. Decidiu, então, oferecer-lhe a oportunidade de que criasse os próprios caminhos analisando as principais questões referentes às práticas de alfabetização e letramento. Assim, Valquíria  emprestou  à  colega  seus  livros,  que  ajudaram-na  na  formação  de  seu  perfil  docente e sugeriu à Rosângela que pensasse de maneira crítica sobre o porquê de seu grupo ter apresentado problemas para relacionar as letras e sons à realidade – mesmo ela tendo desenvolvido um projeto massivo de identificação de famílias silábicas – e sobre a influência ou não da realidade sociocultural dessas crianças nas atividades de leitura escolar.
IMPACTOS DO PROBLEMA: Os conceitos que perpassam a classificação ou identificação de um indivíduo como alfabetizado ou não trazem um curioso histórico de mudanças. Dentro da visão atual, segundo a qual cerca de 9% da população brasileira é analfabeta, a preocupação de vários pesquisadores tem sido os critérios sob os quais se pensa esse número. Um dos conceitos que embasa tais reflexões é o de letramento, que vem sendo largamente associado ao antes isolado conceito de alfabetização. Nessa perspec tiva,  mais  do  que  aprender  a  relacionar  sons  e  letras,  tem-se  preocupado  com  a  associação  da  relação desses sons e letras com o universo que rodeia o educando e sobre as técnicas necessárias para que esse educando seja capaz de usar a linguagem para agir e interagir em seu meio.Assim,  se  tem  questionado  o  nível  de  alfabetização  ou,  na  palavra  de  muitos,  de  letramento,  de pessoas que identificam letras e palavras, mas apresentam dificuldades para compreender e atribuir significados a textos minimamente abstratos e até àqueles mais objetivos. Fala-se recentemente, então, em analfabetismo funcional, e com isso é trazida para o debate a importância do letrar junto dos processos de alfabetização. Diante de tal perspectiva, percebe-se que há impactos sérios implicados nas atitudes que serão ou  não  tomadas  por  Rosângela  diante  das  observações  da  professora  Valquíria.  Um deles diz respeito  ao  fato  de  que  se  ela  não  procurar  alternativas  ou  se  desconsiderar  os  conselhos  da  colega, as crianças a que atendeu podem ter as dificuldades contornadas pela então regente, mas as futuras turmas que estarão sob os cuidados dela poderão manter as dificuldades, o que fatalmente influenciará na progressão de tais alunos nas séries seguintes.

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