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DIREITO CIVIL IV I – CESSÃO DE CRÉDITO 1. CONCEITO É o negócio jurídico bilateral pelo qual o credor transfere à terceiro, onerosa ou gratuitamente, seus direitos na relação obrigacional. O credor que cede seus direitos denomina-se cedente; O terceiro a quem os direitos são transmitidos denomina- se cessionário; O devedor ou cedido não participa necessariamente da cessão. Tem por Objeto bem incorpóreo (crédito) 2. NORMAS A cessão poderá ocorrer sem a anuência do devedor, mas ele deverá ser comunicado para que a obrigação seja devidamente paga ao legitimo credor (CC, art. 290). Quando não há a notificação ao devedor, a cessão segue sendo valida, mas não terá efeitos sobre este devedor. A notificação pode ser judicial ou extrajudicial, e pode ser feita tanto pelo cedente quanto pelo cessionário. Para a cessão ser efetuada por mandato, deve o mandatário ter poderes especiais expressos (CC, art. 661, § 1º). Tutores e curadores não podem figurar cessionários de crédito em nome de seu pupilo ou curatelado. Pais, no exercício da administração dos bens dos filhos menores, não podem efetuar a cessão sem prévia autorização do juiz (CC, art. 497, § único e art. 498) O crédito que é cedido parcialmente a dois ou mais cessionários não possui prioridade de pagamento, a não ser que isso seja contratado. Quando a cessão for pro soluto o cedente responde apensas pela existência do crédito; quando a cessão for pro solvendo o cedente responde tanto pela existência do crédito quanto pela insolvência do devedor cedido. O cedente que responde pela solvência do devedor, não responderá por mais do que o valor pelo qual o crédito foi cedido, acrescido de juros e das despesas da cessão (ex. se o crédito de 10 foi cedido por 5, o cedente responde apenas por 5 somado aos juros e as despesas da cessão). A cedente de cessão ocorrida por força da lei não responde nem pela existência da divida, nem pela solvência do devedor. O crédito penhorado não pode ser cedido pelo credor que tem conhecimento da penhora. O devedor que o pagar sem ter sido notificado dela, fica exonerado. O devedor poderá opor ao novo credor as exceções pessoais que lhe eram de direito antes da cessão. Mas ele deverá fazer isso no momento em que for notificado da cessão. 3. REQUISITOS Em regra todos os créditos podem ser cedidos, com exceção dos: Créditos cuja natureza não permite cessão (ex. salário, pensão alimentícia); Créditos cuja lei proíbe a cessão (ex. art. 520, CC – direito da preferência na locação de imóvel); Créditos cujo contrato entre credor e devedor proíbe a cessão. A cessão pode ser total ou parcial, e abrange todos os acessórios do crédito (como juros e direitos de garantia). O cedente deve ser capaz e legitimado a praticar atos de alienação, além de ser o titular do crédito que esta cedendo. O cessionário deve ser pessoa plenamente capaz. 4. FORMAS A cessão convencional não exige forma especial, salvo se tiver por objeto direitos em que a escritura pública seja da substância do ato, caso em que a cessão deverá ser feita também por escritura pública. (cessão de crédito hipotecário ou de direitos hereditários). O contrato de cessão é consensual entre cedente e cessionário, não havendo necessidade de contrato por escrito. (Com exceção dos titulo de crédito, que exigem forma escrita); II – ASSUNÇÃO DE DÍVIDA 1. CONCEITO É o negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor, com anuência expressa do credor, transfere a terceiro sua posição na relação jurídica (CC, art. 299). 2. NORMAS O devedor primitivo se exonera das obrigações, salvo quando o terceiro que assume a divida era insolvente no tempo da assunção e o credor o ignorava (CC, art. 299). A assunção exige expressa anuência do credor (poderá a anuência ser tácita, excepcionalmente, no pressuposto do art. 303 do CC). O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Quando ocorre a assunção de divida as garantias dadas pelo devedor originário ao credor se extinguem, salvo se o contrário for acordado entre o devedor originário e o novo devedor. Se a assunção for anulada, a relação jurídica inicial se restaura, juntamente com as garantias iniciais. As garantias feitas pelo devedor terceiro só serão mantidas se este já tinha conhecimento da ilicitude da assunção quando está ocorreu. 3. ESPÉCIES Assunção por expromissão: quando terceiro, acordado com o credor, assume a divida do devedor originário. Não é necessária a anuência deste ultimo. Assunção por delegação: quando terceiro, acordado com devedor originário, assume sua divida perante o credor. É necessária a anuência deste ultimo. III – INTRODUÇÃO AO PAGAMENTO 1. DISPOSIÇÕES GERAIS Pagamento é o devido cumprimento da obrigação (de fazer ou não fazer). Quando o devedor paga aquilo que deve, a obrigação se extingue. O devedor que paga por erro à credor errado, mesmo que de boa fé, não terá como extinta sua obrigação de pagar o credor real. No caso de pagamento errado, o devedor poderá pleiteais a restituição através de uma ação denominada repetição de indébito. 2. PRINCÍPIOS Boa fé: no momento do contrato e no momento do pagamento, as partes devem agir de boa fé. Pontualidade: o pagamento deve ser feito dentro do prazo estipulado contratualmente. 3. FORMAS O pagamento poderá ser feito de forma direta ou indireta: Direta: como foi originalmente acordada no contrato. Indireta: de forma distinta da que tenha sido acordada no contrato. (é necessária a anuência tanto do credor quanto do devedor). 4. NATUREZA JURÍDICA É um negócio jurídico bilateral ou unilateral. Ambos os casos possuem a mesma consequência: a extinção do contrato e da obrigação. 5. NORMAS Todo aquele que receber o que não lhe é devido tem o dever de restituir (art. 876, CC) Qualquer interessado na extinção da obrigação poderá paga- la. O terceiro interessado (juridicamente) que pagar obrigação, sub-roga-se nos direitos do credor. (CC, art. 346, III) O terceiro não interessado (juridicamente) poderá pagar a divida em nome próprio ou em nome do devedor Quando o faz em nome próprio ele terá direito de ser reembolsado pelo devedor originário, mas não terá direito a sub-rogar-se no lugar do credor; Quando o faz em nome do devedor ele não terá direito nem a reembolso e nem a sub-rogar-se no lugar do credor. O terceiro que pagar a divida sem conhecimento do devedor original ou com sua oposição, não terá direito a reembolso, se o devedor originário tinha meios para ilidir a ação. (art. 306, CC). O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem o representa. O pagamento poderá ser feito à terceiro alheio, mas só extinguirá a divida quando houver a anuência do credor originário. 6. REQUISITOS PARA O PAGAMENTO EXTINGUIR A OBRIGAÇÃO A existência da obrigação; Animus Solvendi – o devedor, no momento do pagamento, deve ter a intenção de solver a divida; Cumprimento da prestação. 7. CREDOR PUTATIVO 7.1. CONCEITO É o terceiro que se faz pensar que é o credor verdadeiro 7.2. PAGAMENTO À CREDOR PUTATIVO O devedor que, de boa fé, paga a credor putativo, vê sua obrigação extinta. Cabendo ao credor verdadeiro ajuizar ação contra o putativo para ver sua pretensão de pagamento satisfeita.IV – PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO 1. INTRODUÇÃO O pagamento significa, mais do que a obrigação do devedor, um direito inerente a este. O devedor que não paga aquilo que deve está sujeito as consequências da mora, ou seja, às consequências legais por se tornar inadimplente. A lei então prevê o pagamento em consignação para proteger o devedor que quer pagar, mas vê sua pretensão frustrada pelo credor que se recusa a receber ou pela impossibilidade legal de pagamento. 2. CONCEITO O pagamento em consignação é o deposito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, feita pelo devedor, em face do credor. Consiste em um pagamento indireto ou especial. Só poderá ser objeto de consignação as obrigações de dar. 3. NORMAS Em regra o pagamento em consignação deverá ser feito no domicílio do réu, salvo se for diferentemente contratado, ou por força de lei ou pela natureza da obrigação. (CC, art. 327). Poderá ser efetuado o pagamento em consignação os casos previstos no artigo 335 do Código Civil (artigo exemplificativo, não taxativo) Resume-se que há dois fundamentos para haver a consignação: Quando há mora do credor; Quando não há segurança jurídica ao devedor para efetuar o pagamento. V – PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO 1. CONCEITO É a substituição do credor originário por aquele terceiro que pagou a divida. O terceiro interessado que paga a divida sub-roga-se no lugar do credor automaticamente; O terceiro não interessado que paga a divida só se sub- rogará no lugar do credor se preencher os seguintes requisitos: Que haja uma transferência expressa dos direitos do credor; Que a transferência seja efetuada até o momento em que recebe a prestação. 2. NATUREZA JURÍDICA É um pagamento que tem como consequência a transmissão de um crédito. 3. ESPÉCIES A sub-rogação pode ser legal ou convencional A legal decorre da lei, independentemente da declaração do credor ou do devedor (ex. codevedor solidário); A convencional é a que deriva da vontade das partes, através da manifestação expressa. 4. SUB-ROGAÇÃO PARCIAL Ocorre quando terceiro paga parcialmente a divida, sub- rogando-se nos direitos parciais do credor. Quando ocorrer o pagamento parcial, o credor primitivo terá preferencia de receber o pagamento em detrimento do credor sub-rogado (CC, art. 351). VI – IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO 1. CONCEITO É a indicação por parte do devedor de diversas dividas em face do mesmo credor, de qual divida pretende solver com um determinado pagamento. Um devedor que possui diversas dividas com o mesmo credor, e não tem patrimônio suficiente para solver todas elas, poderá, no momento do pagamento, especificar quais são as dividas que pretende solver. 2. REQUISITOS Pluralidade de débitos; Mesmo credor e mesmo devedor para todos os débitos; Débitos de igual natureza; Isso se deve ao fato do credor não ser obrigado a receber coisa diversa daquela que se pactuou, mesmo que mais onerosa. Possibilidade de o pagamento resgatar mais de um débito. Isso se deve ao fato do credor não ser obrigado a receber em partes se assim não se pactuou. 3. ESPÉCIES DE IMPUTAÇÃO Convencional: feita pelo devedor; Imputação feita pelo credor: ocorre quando o devedor deposita um pagamento sem especificar qual divida pretende quitar. Quando o credor fizer a imputação ele deverá avisar o devedor, que ainda, neste momento, poderá imputar qual divida ele pretende quitar, tirando o efeito da imputação feita pelo credor. Legal: Quando nem devedor e nem credor especificam qual divida está sendo imputada, respeita-se a seguinte ordem de preferencia: 1º se quita os juros, depois o capital; 1º se quita a divida vencida, depois a vincenda; Quando todas as dividas já são liquidas e vencidas, quita- se primeiro a vencida a mais tempo; Se todas as dividas venceram simultaneamente, quita-se primeiro a mais onerosa. VII – DAÇÃO EM PAGAMENTO 1. CONCEITO É um acordo de vontades entre devedor e credor aonde o primeiro paga ao segundo prestação diversa daquela que foi inicialmente pactuada, extinguindo assim a divida. 2. CONSIDERAÇÕES O credor não é obrigado a receber coisa diversa daquela que foi pactuada, mesmo que mais onerosa (CC, art. 313) O credor tem a faculdade de aceitar como pagamento da divida coisa diversa daquela que foi pactuada (CC, art. 356) Ocorrerá a dação quando a prestação original for substituída por outra de diferente espécie. 3. REQUISITOS Pré existência de uma divida; Concordância, tácita ou expressa, verbal ou escrita, do credor; A diversidade da prestação oferecida em relação a divida originária. 4. NATUREZA JURÍDICA É o pagamento indireto de uma divida. É um contrato liberatório. Tem caráter negocial bilateral. 5. NORMAS Depois de estabelecido o valor da nova prestação, a dação regular-se-á pelas normas do contrato de compra e venda. Se a nova prestação for um titulo de crédito, a dação caracterizar-se-á como cessão, devendo o cedente ser notificado (CC, art. 358). Se o devedor faz uma dação de pagamento com um objeto que não lhe pertencia, o objeto deverá ser restituído ao verdadeiro proprietário, e a divida será reestabelecida na forma originária. VIII – NOVAÇÃO 1. CONCEITO É a criação de obrigação nova para extinguir uma obrigação anterior. A novação extingue uma obrigação e cria uma nova distinta. A novação extingue uma divida sem satisfaze-la. 2. NATUREZA JURÍDICA Contratual Surge apenas por vontade das partes, nunca por força de lei. 3. REQUISITOS A existência de obrigação anterior; A constituição de nova obrigação; Animus inovandi – intenção de novar, que pressupõem um acordo de vontades. 4. NORMAS Não pode ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas (CC, art. 367). A novação pode dar-se de forma tácita ou expressa. Na novação que altera o devedor, se este for insolvente, o credor não tem direito à ação regressiva. Salvo quando o fato se dá por má-fé. 5. ESPÉCIES Objetiva: quando se altera o objeto da prestação; Subjetiva: quando se altera as partes da prestação; Mista: quando se altera tanto o objeto quanto as partes da prestação. IIX – COMPENSAÇÃO 1. CONCEITO É o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. 2. ESPÉCIES 2.1. QUANTO AO VALOR Compensação total: quando duas pessoas são credores simultâneos uma da outra de prestações de mesmo valor. Então as duas dívidas se extinguem por completo. Compensação parcial: quando duas pessoas são credores simultâneos uma da outra de dívidas com valor diferente. Então uma das dívidas é extinta parcialmente. 2.2. QUANTO À ORIGEM Compensação legal: quando decorre da lei e independe da vontade das partes; Compensação convencional: quando resulta da vontade das partes; Compensação judicial: quando é determinada pelo juiz, nos casos permitidos por lei. 3. REQUISITOS 3.1. REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO LEGAL E JUDICIAL Reciprocidade dos créditos; Liquidez das dívidas; Exigibilidade das prestações; Fungibilidade dos débitos (prestações de mesma natureza). 3.2. REQUISITOS DA COMPENSAÇÃO CONVENCIONAL Não necessita ser dívidas liquidas; Não necessita ser dívidas da mesma natureza;4. DÍVIDAS NÃO COMPENSÁVEIS A não admissão da compensação pode ser convencional ou legal É convencional quando as partes bilateralmente acordam pelo fato de que não poderá haver compensação (CC, art. 375) A não compensação pode se dar quando uma das partes, unilateralmente, não aceita a compensação. Nesse caso é necessário que a não anuência seja posterior à criação do crédito e que os requisitos da compensação não estejam ainda presentes (CC, art. 375). Legalmente a compensação não poderá existir quando um dos objetos for fruto de ato ilícito, se originar-se de comodato, depósito ou alimentos ou se um dos objetos for coisa não suscetível a penhora.
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