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AVALIAÇÃO 
CINÉTICO FUNCIONAL 
DA COLUNA VERTEBRAL
Renato Ramos Coelho
Organização:Conteúdo: Apoio:
INTRODUÇÃO
A coluna vertebral (Figura 1b) é formada por 33 vértebras, dispostas em cinco 
segmentos: Coluna cervical, formada por sete vértebras; Coluna torácica formada 
por 12 vértebras; Coluna lombar, formada por cinco vértebras; Sacro, formada por 
cinco vértebras fundidas em uma peça única; Cóccix, formado por quatro vértebras 
fundidas em uma peça única. A vértebra típica (Figura 1a) possui um corpo, dois 
pedículos, duas lâminas, dois processos transversos, quatro facetas articulares 
(duas superiores e duas inferiores) e um processo espinhoso (PE). Esta anatomia é 
comum a todas as vértebras de C3 até a quinta e última vértebra lombar, L5 
(DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Organização:Conteúdo: Apoio:
INTRODUÇÃO
Além desta divisão, ressalta-se a importância das curvaturas vertebrais, 
responsáveis por distribuir o peso do corpo, por manter o centro de gravidade ao 
nível da segunda vértebra sacral (S2) quando o Ser humano se encontra na posição 
anatômica e por definir a mobilidade da coluna vertebral de acordo com o 
segmento. Estas curvaturas são divididas em primárias e secundárias, de acordo 
com o período que surgem ao longo do desenvolvimento corporal. Assim, as 
primárias correspondem à cifose, primeira curvatura a ser formada, ainda na vida 
intrauterina. No adulto, permanecem as cifoses torácica e sacral, que apresentam 
menor amplitude de movimento (ADM). As curvaturas secundárias, formadas ao 
longo do processo de crescimento, correspondem à lordose cervical e lombar, que 
apresentam a maior possibilidade motora ao longo da coluna vertebral (NORKIN; 
LEVANGIE, 2001). 
A mobilidade da coluna vertebral varia de acordo com o segmento, sendo maior na 
cervical e lombar, restrito no tórax e ausente no sacro e cóccix. As articulações 
zigoapofisárias conectam as vértebras de C2 até a primeira vértebra sacral (S1) e 
permitem movimentos nos três eixos. Entre as vértebras que possuem esta 
articulação, encontra-se o disco intervertebral (em preto na Figura 1b), responsável, 
principalmente, por amortecer o estresse axial sobre a coluna e aumentar sua ADM 
(NERURKAR et al, 2010). 
Organização:Conteúdo:
Coluna Cervical
A coluna cervical possui duas vértebras 
atípicas e cinco típicas. As atípicas 
correspondem a C1 e C2, também 
chamadas de atlas e axis, 
respectivamente, e possuem esta 
caracterização por seu formato singular 
em relação às demais vértebras 
(DÂNGELO; FATTINI, 2007), conforme 
se observa na Figura 2. Entre elas, não 
há disco intervertebral e há uma 
articulação sinovial entre o dente do 
áxis e a face anterior do arco do atlas, o 
que as torna as principais responsáveis 
pelos movimentos de rotação da coluna 
cervical, as demais vértebras cervicais, 
por sua vez, são as principais 
responsáveis pelos movimentos de 
flexão/extensão e flexão lateral. Além 
destes, a cervical também realiza 
protrusão e retração. O primeiro 
corresponde a flexão da cervical baixa 
(da sétima a quarta vértebra cervical – 
C7 a C4) e extensão da cervical alta 
(da terceira a primeira vértebra cervical 
– C3 a C1), e o segundo equivale a 
extensão da cervical baixa e flexão da 
alta (PRUSHANSKY; DVIR, 2008).
Figura 10: a) Atlas (visão superior); b) Axis (visão frontal)
Organização:Conteúdo:
Coluna Cervical
O tórax (Figura 3) é limitado 
posteriormente pela coluna torácica 
(formada por 12 vértebras), 
lateralmente pelas costelas (sete pares 
de costelas verdadeiras, três pares de 
costelas falsas e dois pares de costelas 
flutuantes) e anteriormente pelo 
esterno. Devido a esta conformação, a 
coluna torácica possui uma mobilidade 
restrita para os movimentos de flexão/
extensão, rotação e flexão lateral. 
Desta forma, o principal movimento 
nesta região é o de pequena ADM 
realizado pelas costelas, fundamentais 
para a mecânica respiratória 
(GRAEBER; NAZIM, 2007).
Figura 3: Tórax (adaptado de GRAEBER; NAZIM, 2007)
Organização:Conteúdo:
A coluna lombar possui cinco vértebras e realiza os movimentos de flexão/extensão, 
rotação e flexão lateral. O sacro e o cóccix, por serem peças fundidas, não possuem 
uma ADM considerável (XIA et al, 2010). Devido a este arranjo anatômico e 
biomecânico, as cargas mais lesivas sobre os discos intervertebrais lombares 
envolvem o excesso de flexão, rotação e absorção de vibrações (McKENZIE, 1997) 
Coluna Lombar
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A fáscia toracolombar auxilia na 
estabilização da coluna vertebral, 
manutenção da postura, distribuição de 
cargas dinâmicas e estáticas e no 
processo de respiração (BARWICK et 
al, 2012). Ela é formada por tecido 
conectivo (fibras colágeno com 
direcionamento irregular) e 
aponeuroses (com direcionamento 
regular do colágeno), que, no conjunto 
de suas camadas, separam os 
músculos paravertebrais dos músculos 
da parede abdominal posterior – 
quadrado lombar e iliopsoas 
(DÂNGELO; FATTINI, 2007). 
Sua atuação dinâmica transfere forças 
da coluna, pelve e membros inferiores 
(MMII), permitindo a estabilização da 
coluna lombar, da articulação 
sacroilíaca e da pelve, em especial 
durante a rotação de tronco. Este 
mecanismo complexo envolve o glúteo 
máximo e o longuíssimo do dorso, que 
conduzem forças contralaterais através 
da camada posterior da fáscia 
toracolombar durante rotações. Esta 
transferência de força, na sequência, 
envolve transverso abdominal e 
oblíquos aumentando a pressão intra- 
abdominal e a rigidez da coluna lombar, 
causando maior força no fechamento 
da sacroilíaca e estabilizando a pelve. 
Por outro lado, durante a flexão, o 
aumento da tensão desta fáscia diminui 
sua dimensão lateral, aumentando o 
momento extensor da coluna lombar 
(WILLARD et al, 2012). 
No entanto, esta atuação fica falha 
quando há falta fraqueza de multífidos, 
tido como o principal estabilizadores 
das articulações zigoapofisárias 
lombares (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Fáscia Toracolombar
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Os acometimentos envolvendo a coluna vertebral são muito comuns. Espera-se que 
mais de 60% da população economicamente ativa experimente um episódio de 
lombalgia ao menos uma vez na vida. Normalmente tais episódios apresentam 
melhora espontânea em período inferior a 8 semanas. No entanto, não havendo o 
tratamento adequado, a recidiva atinge a maioria dos acometidos e, com o tempo e 
a falta de tratamento, os episódios ficam cada vez mais próximos, dando a ideia de 
que a dor não cessa (McKENZIE, 1997).
Acometimentos da Coluna Vertebral
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A radiculopatia, que é a dor que irradia na distribuição de uma dada raiz nervosa, 
seguindo seu dermátomo (Quadro 1) e causando fraqueza em seu miótomo 
(Quadro 2), é a complicação mais comum. Seu início é insidioso, e sua causa está 
relacionada à compressão intermitente da raiz nervosa. Na coluna cervical esta 
compressão está relacionada ao estreitamento do forâmen intervertebral causado 
pela presença de osteófitos. Na coluna lombar, a causa mais comum é a herniação 
do disco intervertebral. Outras possibilidades envolvem infecções vertebrais, 
neoplasmas, lesões traumáticas e neuropatias periféricas (SALTER, 2001). 
A sintomatologia começa com alterações de sensibilidade, normalmente dor, 
parestesia, dormência e formigamento, posteriormente podem surgir sintomas 
motores, que são equivalentes à compressão de motoneurônios inferiores. Entre os 
fatores que causam exacerbação dos sintomas, tem-se movimentos que causam 
aumento da compressão da raiz nervosa ou da tensão neural. Na coluna cervical e 
torácica estes movimentos são flexão e rotação contralateral à lesão. Na coluna 
lombar são flexão e flexão lateral ipsilateral à lesão. A tosse ou o espirro, por 
aumentar a pressão intra-abdominal,também pode causar piora da dor.
Radiculopatia
Organização:Conteúdo:
Exames de Movimento
Quadro 1: Dermátomos por raiz nervosa
• C1 Abóbada craniana 
• C2 Abóbada craniana e face 
• C3 Lateral de pescoço 
• C4 Lateral dos ombros 
• C5 Lateral de ombro, braço e antebraço até eminência tênar 
• C6 Lateral de ombro, braço, antebraço e, na mão, envolve os dois primeiros dedos 
• C7 Posterior de ombro, braço, antebraço e dos três primeiros dedos 
• C8 Anteromedial de mão e dois últimos dedos 
• T1 Medial de antebraço 
• T2 a L2 Alternam dermátomos no tronco e abdome, as raízes pares à esquerda, as 
ímpares à direita 
• L3 Anterolateral de coxa até o joelho 
• L4 Posteromedial de coxa, perna e pé, até o I dedo 
• L5 Anterolateral de perna e 4 últimos dedos 
• S1 Lateral de perna e pé e sola do pé 
• S2 Sola do calcanhar
Organização:Conteúdo:
Exames de Movimento
Quadro 2: Miótomos por raiz nervosa
• C1-C2 Flexão de pescoço 
• C3 Flexão lateral de pescoço 
• C4 Elevação de ombros 
• C5 Abdução de ombros 
• C6 Flexão de cotovelo e extensão de punho 
• C7 Extensão de cotovelo e flexão de punho 
• C8 Extensão do polegar e desvio ulnar 
• T1 Abdução de dedos 
• T2 a T12 Músculos torácicos e abdominais, exceto o diafragma 
• L1 – L2 Flexão de quadril 
• L3 Extensão de joelho 
• L4 Dorsiflexão 
• L5 Extensão do polegar 
• S1 Flexão plantar 
• S2 – S3 Flexão de joelho
Por outro lado, McKenzie descreve movimentos que podem descomprimir a raiz 
nervosa. Na coluna cervical são os movimentos de retração associada ou não à 
extensão. Na coluna torácica é a extensão (McKENZIE, 1998). Na coluna lombar os 
movimentos são extensão e desvio lateral da pelve contralateral ao sintoma 
(McKENZIE, 1997).
Organização:Conteúdo:
As síndromes facetarias são a inflamação ou edema das estruturas das articulações 
zigoapofisárias, em qualquer um dos segmentos da coluna vertebral. Seu 
tratamento envolve correção da postura para reduzir o estresse na região lombar e 
na cervical, modificação da atividade, Fisioterapia e medicamentos. A cirurgia de 
bloqueio facetário é efetiva, mas possui até 50% de recidiva (SILVA et al, 2011).
Síndromes facetarias
Organização:Conteúdo:
Cervicalgia é a dor local na coluna 
cervical, podendo ir até o ângulo inferior 
da escápula. A cervicobraquialgia é a 
dor na coluna cervical que irradia para 
o membro superior (MS), atingindo 
regiões distais, abaixo do cotovelo 
(McKENZIE, 1998). 
Na ausência de traumas, má 
formações, infecções e episódios 
agudos de travamento articular, tais 
acometimentos podem surgir em 
qualquer momento do processo de 
degeneração articular da coluna 
cervical, principalmente nos níveis C5/6 
e C6/7. Durante este processo, 
ocorrem, nesta ordem, os seguintes 
eventos (SALTER, 2001): 1. 
Degeneração inicial do núcleo pulposo; 
2. Instabilidade segmentar; 3. 
Estreitamento segmentar; 4. Doença 
degenerativa articular nas articulações 
facetárias posteriores; 5. Espondilose 
(degeneração do disco ou da coluna 
vertebral); 6. Espondilólise (fratura do 
pedículo vertebral); 7. Espondilolistese 
(fratura do pedículo vertebral com 
deslocamento). 
Mas, não apenas condições articulares 
e do disco intervertebral são geradoras 
de dor, lesões de partes moles, como 
distensões e tendinoses podem ser 
causadoras de cervicalgias. Da mesma 
forma, condições psicossociais podem 
influenciar em sua intensidade 
(MAGEE, 2010). 
A partir do momento em que ocorre a 
instabilidade da articulação o corpo 
reage com a formação de oteófitos, que 
podem ou não estar associados à dor, 
embora nunca sejam a fonte desta 
(SALTER, 2001). 
Além da dor, os sintomas podem 
envolver limitação de movimento, 
principalmente rotação e flexão lateral, 
crepitações e possibilidade de 
comprometimento neurológico de MS. 
No entanto, é importante que se exclua 
as possibilidades de lesões de vias 
aéreas superiores e esôfago, angina, 
infarto do miocárdio, oclusão da artéria 
carótida, neoplasias e compressão do 
nervo ulnar no cotovelo e do mediano 
no punho (MAGEE, 2010).
Cervicalgia
Organização:Conteúdo:
A partir do momento em que ocorre a 
instabilidade da articulação o corpo 
reage com a formação de oteófitos, que 
podem ou não estar associados à dor, 
embora nunca sejam a fonte desta 
(SALTER, 2001). 
Além da dor, os sintomas podem 
envolver limitação de movimento, 
principalmente rotação e flexão lateral, 
crepitações e possibilidade de 
comprometimento neurológico de MS. 
No entanto, é importante que se exclua 
as possibilidades de lesões de vias 
aéreas superiores e esôfago, angina, 
infarto do miocárdio, oclusão da artéria 
carótida, neoplasias e compressão do 
nervo ulnar no cotovelo e do mediano 
no punho (MAGEE, 2010). 
Para Magee (2010), durante a 
avaliação alguns pontos de seu 
histórico são relevantes, em especial o 
mecanismo associado ao surgimento 
da dor, sua severidade, as atividades 
laborais e recreativas que ele pratica, 
movimentos que aumentam ou 
diminuem os sintomas, se há dor na 
cabeça, dificuldade para dormir, 
respirar ou deglutir. Na observação, 
deve se atentar para a postura 
assentada e em pé, de forma a 
identificar assimetrias. 
Acompanhar o trajeto da dor e os locais 
em que ela tem maior intensidade pode 
ajudar a identificar uma radiculopatia. 
Neste caso, a dor será abaixo do 
cotovelo, com maior intensidade distal, 
e, muito provavelmente, seguindo os 
dermátomos das raízes C5 a C7. A dor 
de cabeça cervicogênica também é 
mais intensa na cabeça que na cervical, 
e envolve as raízes C1 a C4. 
O exame clínico deve abranger os 
movimentos ativos de rotação, flexão e 
extensão, seguidos de retração. Caso 
não haja mudança de sintomas com a 
execução repetida de movimentos de 
retração, deve-se tentar o movimento 
de protrusão. Caso o trainee esteja 
apresentando episódio de torcicolo 
agudo, a posição deitada em prono 
com hiperextensão da cervical pode ser 
benéfica (McKEZIE, 1998).
Cervicalgia
Organização:Conteúdo:
Não havendo nenhum tipo de alívio 
nestes movimentos, o trainee deve ser 
encaminhado para avaliação de um 
Fisioterapeuta e/ou Ortopedista. Sob 
nenhuma circunstância a manipulação 
da coluna cervical, ou seja, sua 
movimentação forçada e rápida em 
pequena amplitude (MAITLAND et al, 
2007), deve ser executada por uma 
pessoa que não tenha o treinamento 
necessário. Esta manobra, sem os 
devidos testes especiais preliminares 
pode, inclusive, desencadear 
sangramento ou hipóxia intracraniana 
(MAKOFSKY; TARANTO, 2006). 
Por fim, o Profissional de Educação 
Física tem plenas condições de verificar 
se a origem da dor é realmente a 
Coluna Cervical! Para isto, ele tem de 
verificar a possibilidade de 
acometimento da articulação 
temporomandibular (ATM), que se 
evidencia quando há abertura 
assimétrica da boca; do ombro, que se 
evidencia com alterações do ritmo 
escapuloumeral. Sintomas distais, 
envolvendo cotovelo e complexo punho 
mão, são excluídos de causadores de 
sintomas quando o movimento do 
pescoço altera o padrão e intensidade 
da dor (MAGEE, 2010).
Cervicalgia
Organização:Conteúdo:
Desequilíbrio causado pela hiperativação de trapézio superior, peitorais, elevador de 
escápula e esternocleidomastoideo. Na observação o trainee pode apresentar 
protrusão de ombros e cabeça e rotação medial de ombros (NORKIN; LEVANGIE, 
2001). Pode gerar dor na cervical com foco em trapézio superior, principalmente por 
causa das alterações do ritmo escapuloumeral.
Síndrome cruzada de ombros
Organização:Conteúdo:
Lombalgia é a dor local na coluna 
lombar, podendo ir até o ângulo inferior 
da escápula. A lombociatalgia é a dor 
na coluna lombar que irradia para o 
membro inferior (MI), atingindo regiões 
distais, abaixo do joelho (McKENZIE, 
1997).O principal mecanismo é a 
espondilose, degeneração da 
articulação zigoapofisária e disfunções 
musculares (MAGEE, 2010). 
 
No caso da espondilose, seu auge é a 
hérnia de disco, em seus diferentes 
níveis: 1. Protrusão, deslocamento do 
núcleo pulposo para dentro do anel 
fibroso; 2. Prolapso, deslocamento do 
núcleo pulposo para o canal medular 
sem a ruptura do anel fibroso; 3. 
Extrusão, deslocamento do núcleo 
pulposo para o canal medular com 
ruptura do anel fibroso; 4. Sequestro, 
cicatrização de fragmento do disco 
intervertebral dentro do canal medular 
(SALTER, 2001). Por muito tempo 
acreditou-se que a redução do 
deslocamento do núcleo pulposo era a 
chave do tratamento para as hérnias 
(McKENZIE, 1997), no entanto, hoje 
sabe-se que o mecanismo está mais 
relacionado a alterações de pontos de 
maior sensibilidade dolorosa e a 
melhora da estabilização lombopélvica 
e do core (STANDAERT; HERRING, 
2007). 
Além da dor, a lombalgia pode estar 
associada à limitação de movimento, 
principalmente flexão e flexão lateral, 
crepitações e possibilidade de 
comprometimento neurológico de MI 
(MAGEE, 2010). 
Tal qual a avaliação da cervicalgia, 
Magee (2010) sugere pontos de maior 
relevância no histórico, em especial o 
mecanismo associado ao surgimento 
da dor, sua severidade, as atividades 
laborais e recreativas que ele pratica, 
movimentos que aumentam ou 
diminuem os sintomas, se há dor 
bilateral, dificuldade para dormir, 
evacuar ou urinar. Na observação, deve 
se atentar para o biótipo, marcha, 
postura assentada e em pé e presença 
de assimetrias.
Lombalgia
Organização:Conteúdo:
Caso o trainee, na observação, apresente algum desvio lateral de coluna lombar e/
ou torácica, torna-se necessário que se observe se tal escoliose é estrutural ou 
funcional. Tal avaliação, feita através da verificação da gibosidade, indica se a 
escoliose é passível de tratamento, ou seja, funcional, ou não, ou seja, estrutural 
(NORKIN; LEVANGIE, 2001) 
O exame clínico deve abranger os movimentos ativos de flexão e extensão. Caso 
não haja mudança de sintomas com a execução repetida de movimentos de 
extensão, deve-se tentar o movimento de deslocamento lateral da pelve na direção 
contralateral à dor (McKEZIE, 1997). 
O Profissional de Educação Física tem plenas condições de verificar se a origem da 
dor é realmente a Coluna Lombar! Para isto, ele tem de verificar a possibilidade de 
acometimento da articulação sacroilíca, que se evidencia quando há instabilidade 
no ritmo lombopélvico; do quadril, joelho ou tornozelo-pé que se evidenciam com a 
perda de ADM (MAGEE, 2010).
Lombalgia
Organização:Conteúdo:
Causada pela hiperatividade de flexores de quadril e extensores lombares 
associado à inibição de extensores de quadril e abdominais. Implica em 
hiperlordose associada à anteversão pélvica (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Pode 
causar dor em decorrência das alterações do ritmo lombopélvico e do excesso de 
compressão no aspecto anterior do disco intervertebral lombar.
Síndrome pélvica cruzada
Organização:Conteúdo:
Caracteriza-se por hiperatividade de adutores de quadril, tensor da fáscia lata e 
quadrado lombar, associado à inibição de glúteo médio e rotadores laterais de 
quadril. Durante a observação, o trainee pode apresentar anteroversão pélvica, 
elevação da pelve do lado afetado, rotação medial de quadril e pronação do pé, 
mais acentuada contralateral à síndrome (LIMA, 2017).
Síndrome de abdução do quadril
Organização:Conteúdo:
Tratamento: perspectivas para o 
Profissional de Educação Física
Independente do acometimento ser 
cervical ou lombar, o primeiro ponto que 
o Profissional de Educação Física deve 
se atentar é ao repouso relativo, ou 
seja, suspender as atividades e 
movimentos que causam os sintomas 
(SALTER, 2001). 
McGill (2017) apresentou um guia para 
o tratamento da dor de coluna por 
Profissionais de Educação Física. Tal 
guia inicia-se com a premissa de que o 
trainee, mesmo com dor, pode ser 
treinado, desde que respeitado o 
repouso relativo. A avaliação cinética 
funcional deve levar o Profissional a 
estabelecer as alterações de 
movimento e postura que estão 
relacionadas à dor. Como o tratamento 
destas alterações estão relacionadas a 
inibição de músculos hiperativos e 
ativação e fortalecimento de músculos 
inibidos, ele pode e deve ser executado 
pelo Profissional de Educação Física. 
Com isto, é possível propor uma 
sequência de atividades com 
movimentos que não são dolorosos, 
bem como estabelecer como progredir 
tais atividades. 
Adicionalmente, ressalta-se que 
atividades muito específicas para o 
tratamento da coluna vertebral têm sido 
questionadas pela literatura. Isto vale 
tanto para movimentos específicos para 
a coluna cervical (PRUSHANSKY; 
DVIR, 2008), quanto para atividades 
voltadas exclusivamente para a 
estabilização do core no tratamento da 
coluna lombar (EKSTROM et al, 2007). 
Assim, nada melhor do que avaliar o 
seu trainee sob uma perspectiva global, 
de forma a localizar os problemas 
locais, corrigi-los e verificar qual foi o 
impacto sobre o todo de tal correção, 
ou seja, use o conceito de global-local-
global (LIMA, 2017).
Organização:Conteúdo:
Referências
BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V. The relationship between foot motion and 
lumbopelvic–hip function: A review of the literature. The Foot, v. 22, p. 224-231, 
2012. 
DÂNGELO, J. G. FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar, 3 ed. 
Brasil, Atheneu, 2007. 
EKSTROM, R. A. DONATELLI, R. A. CARP, K. C. Electromyographic analysis of 
core trunk, hip, and thigh muscles during 9 rehabilitation exercises. Journal of 
Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 37, n. 12, p. 754-762, 2007. 
GRAEBER, G. M. NAZIM, M. “The anatomy of the ribs and the sternum and their 
relationship to chest wall structure and function”. Thoracic Surgery Clinics, v. 17, n. 
4, p. 473-489, 2007. 
LIMA, E. Bases Organizacionais da Preparação Esportiva: Identificação e Correção 
de Padrões Alterados de Movimento. Personafit, 2017 
MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética, 5. ed. Manole, 2010. 
MAKOFSKY, H. W. TARANTO, G. Coluna Vertebral: Terapia Manual. Guanabara 
Koogan, 2006 
MAITLAND, G. HENGEVELD, E. BANKS, K. et al. Manipulação vertebral de 
Maitland, 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 
NORKIN, C. C. LEVANGIE, P. K. Articulações Estrutura e Função, 2 ed. Brasil, 
Revinter, 2001.
Organização:Conteúdo:
Referências
McGILL, S. El Papel de los Entrenadores con el Cliente con Dolor de Espalda. 
International Journal of Physical Exercise and Health Science for Trainers. 
2017. Disponível em http://g-se.com/es/journals/ijpehs-trainers/articulos/el-papel-de-
los-entrenadores-con-el-cliente-con-dolor-de-espalda-2262 
McKENZIE, R. W. Lumbar Spine, 7. ed. Spine, 1997. 
McKENZIE, R. W. Cervical Spine, 5. ed. Spine, 1998. 
NERURKAR, N. L. ELLIOTT, D. M. MAUCK, R. L. “Mechanical design criteria for 
intervertebral disc tissue engineering”. Journal of Biomechanics, v. 43, p. 
1017-1030, 2010. 
PRUSHANSKY, T. DVIR, Z. “Cervical motion testing: methodology and clinical 
implications”. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics, v. 31, n. 
7, p. 503-508, 2008. 
SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético 3. ed. Medsi, 
2001. 
SILVA, T. M. S. COUTINHO FILHO, B. R. BARSOTTI, C. E. G. et al. Avaliação 
clínica da infiltração facetaria no tratamento da dor lombar crônica por síndrome 
facetaria - estudo prospectivo, Coluna, v. 10, n. 4, p. 332-335, 2011. 
STANDAERT, C. J. HERRING, S. A. Expert opinion and controversies in 
musculoskeletal and sports medicine: core stabilization as a treatment for low back 
pain. Archives of Physical Medicine Rehabilitation, v. 88, p. 1734-1736, 2007.
Organização:Conteúdo:
Referências
WILLARD,F. H. VLEEMING, A. SCHUENKE, M. D. The thoracolumbar fascia: 
anatomy, function and clinical considerations. Journal of Anatomy, v. 221, p. 507–
536, 2012. 
XIA, Q. WANG, S. KOZANEK, M. et al. “In-vivo motion characteristics of lumbar 
vertebrae in sagittal and transverse planes”. Journal of Biomechanics, v. 43, p. 
1905-1909, 2010.
Organização:Conteúdo:
Renato Ramos Coelho
Mestrado em Motricidade Humana e 
Especialista em Fisioterapia Esportiva
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