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Causas de extinção de punibilidade - Perdão e perempção

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Causas de extinção de punibilidade - Perdão e perempção 
Por Ian Ganciar Varella - http://ianvarella.jusbrasil.com.br/ 
 
INTRODUÇÃO 
Algumas das determinadas causas de extinção de punibilidade são: perdão e perempção, 
em que falarei nesse artigo. 
Essa extinção acontece antes ou durante a fase processual, sendo assim, o juiz, se 
reconhecê-la extinta, deverá declará-la de ofício. 
O que refere a Legislação quando se menciona a estes temas que são análogos, mas 
diferente em sua semântica. E assim objetiva oportunizar àqueles leitores a elucidar as 
desconfianças pautadas quanto a fixação dos próprios. 
Vige em nosso ordenamento jurídico, que somente o Estado é o detentor do direito de 
impor sanções aos indivíduos que cometem crimes (jus puniendi). 
Isso porque, é mediante o Estado, pela a persecução penal, em que as infrações penais 
são solucionadas, podendo o acusado ser, em resumo, condenado ou absolvido, dentre 
outros institutos que fazem parte do ramo desses institutos. 
A legitimidade para perdoar é sempre do ofendido maior de 18 anos, não mais 
encontrando aplicação os arts. 52 e 54 do CPP, que ainda faz alusão à legitimidade 
concorrente do menor de 21 e maior de 18 anos e seu representante legal, após o Código 
Civil/2002, pois a pessoa é maior para todos os fins civis, aos 18, não mais existindo a 
figura de representante legal para o maior. 
Entretanto, quando se tratar de querelado inimputável ou semi-imputável, constatada 
durante o processo, o juiz determina a instauração de incidente de insanidade mental. 
Terá então o querelado um curador, que caberá a este aceitar o perdão. 
1. PERDÃO 
Perdão é a manifestação do desinteresse em prosseguir com a ação penal privada. 
Perdoar significa: desculpar ou absolver., ocorre somente depois de iniciada a ação 
penal. 
As controvérsias acerca da natureza jurídica deste perdão são frequentes. Obstante a 
posição de MIRABETTI sobre o tema, ao afirmar tratar-se o perdão judicial de mera 
faculdade do juiz, “o perdão judicial é direito subjetivo do réu, e não mera faculdade do 
réu”, 
Igualmente é posicionamento sustentado por DAMÁSIO: 
‘’A expressão “pode” empregada pelo CP nos dispositivos que disciplinam o perdão 
judicial, de acordo com a moderna doutrina penal, perdeu a natureza de simples 
faculdade judicial, no sentido do juiz poder sem fundamentação, aplicar ou não o 
privilégio. ‘’ 
O instituto do perdão é ato bilateral, exigindo, pois, a concordância do querelado 
(agressor). 
A aceitação do perdão pode ser feita por procurador com poderes especiais, não 
havendo necessidade de ser o advogado do querelado, bastando que seja pessoa 
constituída, como procuradora, com poderes especiais para aceitar o perdão ofertado 
(art. 55, CPP). O defensor dativo e o advogado, sem tais poderes específicos, não pode 
acolher o perdão do querelante. 
Assim como a renuncia, precisaria ser ato unilateral, pois, perdendo o interesse em 
prosseguir no pleito, de necas adianta a continuação, caso o querelado recuse o perdão. 
Aliás, ressalte-se que o querelante pode incorrer em perempção, razão pela qual, de um 
modo ou de outro, pode provocar a extinção da punibilidade do querelado. 
O limite para o querelado ser beneficiado com o perdão é o trânsito em julgado da 
sentença condenatória, Art. 106, parágrafo 2º do CP. 
O perdão pode ser expresso ou tácito. 
No primeiro caso, é viável a sua concessão no processo ou fora dele. Caso se trate de 
perdão processualmente concedido, instrumentaliza-se por petição, assinada pelo 
ofendido ou por procurador com poderes especiais. Assim fazendo, intima-se o 
querelado a se manifestar em três dias, certificando-se que o silêncio importará em 
aceitação (art. 58 CPP). 
Na situação de perdão concedido fora do processo, deve o querelante firmar um termo, 
demonstrativo da desistência da ação. Do mesmo modo que o perdão pose ser 
extraprocessual, é possível que a aceitação também ocorra fora dos autos do processo. 
Imaginemos tal situação, o querelante manifesta o perdão nos autos, o querelado é 
intimado, ao invés de oferecer a resposta no processo, encaminha carta assinada de 
próprio punho, diretamente ao querelante, aceitando o perdão. A juntada aos autos da 
referida carta do querelado, autoriza o juiz a julgar extinta a punibilidade. 
Na segunda hipótese (perdão tácito), o querelante toma atitudes incompatíveis com o 
desejo de ver processado seu agressor, como por exemplo, o querelante convida o 
querelado para batizar seu único filho, tornando-se a viver intimamente com o 
querelado durante o tramite processual (art. 106. Parágrafo 1º, CP). Para a prova da 
ocorrência do perdão tácito valem todos os meios lícitos de prova (art. 57 CPP). 
Em razão do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, o querelante desejando 
perdoar um dos agressores, está abrindo oportunidade para que todos os coautores dele 
se beneficiem. Entretanto como o perdão tem a característica de bilateralidade, é 
possível que um coautor aceite e outro não, razão pela qual, em relação a este, não 
produzirá efeito (art. 51 CPP, e art. 106, I e III, CP). 
Por outro lado, quando houver mais de um ofendido, ainda que um deles perdoe tal 
situação não afasta o direito dos demais de processar o agressor. Vale ressaltar, também, 
que, havendo vários delitos de ação penal privada tramitando com as mesmas partes, o 
perdão concedido pelo querelante ao querelado em um só dos processos, não se estende 
aos demais, que podem prosseguir normalmente. 
Salientando que não comporta perdão na ação penal privada subsidiaria da pública, pois 
o titular, em ultima analise é o Ministério Público (art. 29 CPP). 
A legitimidade para perdoar é sempre do ofendido maior de 18 anos, não mais 
encontrando aplicação os arts. 52 e 54 do CPP, que ainda faz referência à legitimidade 
concorrente do menor de 21 e maior de 18 anos e seu representante legal, após o Código 
Civil/2002, pois a pessoa é maior para todos os fins civis, aos 18, não mais possuindo 
representante legal. Quando se tratar de querelado inimputável ou semi-imputável, 
constatada durante o processo, o juiz determina a instauração de incidente de insanidade 
mental. Terá então o querelado um curador, que caberá a este aceitar o perdão. 
EMENTA: 
PROCESSO PENAL. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO. PERDÃO JUDICIAL. 
MORTE DO IRMÃO E AMIGO DO RÉU - CONCESSÃO - BENEFÍCIO QUE 
APROVEITA A TODOS. Sendo o perdão judicial uma das causas de extinção de 
punibilidade (art. 107, inciso IX, do CP), se analisado conjuntamente com o art. 51, do 
Código de Processo Penal ("o perdão concedido a um dos querelados aproveitará a 
todos..."), deduz-se que o benefício deve ser aplicado a todos os efeitos causados por 
uma única ação delitiva. O que é reforçado pela interpretação do art. 70, do Código 
Penal Brasileiro, ao tratar do concurso formal, que determina a unificação das penas, 
quando o agente, mediante uma única ação, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou 
não. Considerando-se, ainda, que o instituto do Perdão Judicial é admitido toda vez que 
as conseqüências do fato afetem o respectivo autor, de forma tão grave que a aplicação 
da pena não teria sentido, injustificável se torna sua cisão. Precedentes. Ordem 
concedida para que seja estendido o perdão judicial em relação à vítima Rodrigo 
Antônio de Medeiros, amigo do paciente, declarando-se extinta a punibilidade, nos 
termos do art. 107, IX, do CP.(HABEAS CORPUS N.º 21.442/SP Rel.: Min. Jorge 
Scartezzini/5.ª Turma/ STJ/DJU de 9/12/02, pág. 361). 
2. PEREMPÇÃO 
Conforme entendimento de ANÍBAL BRUNO: 
‘‘é a perda do direito de prosseguir na ação penal privada, isto é, uma sanção jurídica 
cominada aoquerelante em decorrência de sua inércia, ou seja, pelo mau uso da 
faculdade que o Poder Público lhe concedeu de agir, privativamente, na persecução de 
determinados crimes. Na perempção, o querelante, que já iniciou a ação de exclusiva 
iniciativa privada, deixa de realizar atos necessários ao seu prosseguimento, deixando 
de movimentar o processo, levando à presunção de desistência (art. 60 do CPP).’’ 
É uma previsão penal e processual penal, no primeiro está insculpida no Artigo 107, 
inciso IV e no segundo, está insculpida no Artigo 60, 
Esse tipo de extinção de punibilidade é determinado como a perda do direito de 
prosseguir na ação privada, ou seja, a sanção jurídica cominada ao querelante em 
decorrência de sua inércia ou negligência. 
E na ação subsidiária, a negligência do querelante não causa a perempção, devendo o 
MP retomar a ação como parte principal. 
Não existe perempção na Ação Penal Pública Incondicionada e Condicionada, sendo, 
portanto, um instituto da ação penal. 
Algumas formas de perempção expressa no Art. 60 CPP: 
I – quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo 
durante trinta dias seguido 
II – quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer 
em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de sessenta dias, qualquer das 
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no artigo 36 
III – quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato 
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação 
nas alegações finai 
IV – quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extingue sem deixar sucessor. 
Não há perempção quando houver atraso e for justificado, também não comina em 
perempção, se a paralisação ou demora havida no andamento do processo não se dever à 
culpa ou negligência do querelante, mas a motivo de força maior. 
A perempção ocorre se já tiver realizado a competente intimação do querelante para a 
audiência ou outros atos instrutórios a que deva estar presente. Outra hipótese de 
perempção é quando o querelante deixa de formular o pedido nas alegações finais (Art. 
60, inciso III, segunda parte). Enquanto na Ação Penal Pública é possível a condenação 
do réu, mesmo que o MP se manifeste pela absolvição. 
Há perempção, também, quando o querelante deixa de pleitear nas alegações finais a 
condenação quanto a um dos delitos capitulados na inicial, persistindo a ação quanto 
aos demais crimes. Reconheceu-se a perempção também pela falta de resposta do 
querelante ao apelo interposto da sentença condenatória promovido pelo querelado, 
omissão que deixa de estabelecer em segundo grau o contraditório. 
Se houver dois ou querelantes, a penalidade da perempção somente incide contra aquele 
que abandona a ação, ou seja, manifesta seu desejo, mesmo tacitamente, de nela não 
prosseguir. 
Entende-se ainda caso de perempção a morte do querelante nos delitos que são objeto de 
ação privada personalíssima, como no crime induzindo a erro essencial e ocultação de 
impedimento (Art. 236, CP). 
A perempção não se confunde com a preclusão. Enquanto aquela é uma causa extinta de 
punibilidade, que impede que o réu seja acionado com o mesmo objeto do processo 
extinto, a preclusão é um fato processual que impede a parte de praticar determinado ato 
no feito. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Diante da explanação desse trabalho se percebe algumas diferenças, e também conceitos 
esclarecedores desses meios de extinção de punibilidade. 
Também visto que a perempção é um ato bilateral, enquanto o perdão é unilateral. 
É de grande importância o aprendizado desse conceitos, formas e aplicação do perdão e 
da perempção. 
Por essa razão, deve ser reconhecida e valorizada tal tarefa por proporcionar a 
descoberta. Além disso, necessitamos enxergar a campanha ao horizonte hiante para 
proporcionar um maior desenvolvimento nos noções relativos as causa de punibilidade, 
que serão empregados com frequência na nossa vida de futuros juristas.

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