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Aula 3 Mundo Etico

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Introdução ao estudo do Direito
Aula 3 - O mundo Ético, Direito e Moral
Considerações prévias
O Direito não é o único instrumento responsável pela harmonia da vida social. 
A Moral, Religião e Regras de Trato Social são outros processos normativos que condicionam a vivência do homem na sociedade. Porém, o Direito possui maior pretensão de efetividade, pois não se limita a descrever os modelos de conduta social.
A coação - força a serviço do Direito - é um de seus elementos e inexistente nos setores da Moral, Regras de Trato Social e Religião.
Para que a sociedade ofereça um ambiente incentivador ao relacionamento entre os homens, é fundamental a participação e colaboração desses diversos instrumentos de controle social. 
Se os contatos sociais se fizessem exclusivamente sob os influxos dos mandamentos jurídicos, a socialização não se faria por vocação, mas sob a influência dos valores de existência. 
Os negócios humanos, por sua vez, atingiriam limites de menos expressão. A convivência não existiria em si mesma, pois teria um significado restrito de meio.
O mundo primitivo não distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais. O Direito absorvia questões afetas ao plano da consciência, própria da Moral e da Religião.
A partir da Antiguidade clássica começou-se a cogitar das diferenciações.
Toda norma jurídica é uma limitação à liberdade individual e por isso o legislador deve regulamentar o agir humano dentro da estrita necessidade de realizar os fins que estão reservados ao Direito: segurança através dos princípios de justiça.
Ao contrário, com o legislador tendo caminho aberto para dirigir inteiramente a vida humana, seria fazer do Direito um instrumento de absoluto domínio, em vez de meio de libertação. (NADER, p. 36)
O mundo Ético - Juízos de realidade e valor
As normas éticas não envolvem apenas um juízo de valor sobre os comportamentos humanos, mas culminam na escolha de uma diretriz considerada obrigatória numa coletividade.
Da tomada de posição axiológica resulta a imperatividade da via escolhida, a qual não representa assim mero resultado de nua decisão, arbitrária, mas é a expressão de um complexo processo de opções valorativas, no qual se acha, mais ou menos condicionado, o poder que decide.
Juízos de realidade e valor
O certo é que toda norma enuncia algo que deve ser, em virtude de ter sido reconhecido um valor como razão determinante de um comportamento declarado obrigatório.
Em toda regra há um juízo de valor (dever ser). Juízo é o ato mental pelo qual se atribui, com caráter de necessidade, certa qualidade a um ser, a um ente, diferente do juízo de realidade. 
O legislador não se limita a descrever um fato tal como ele é, à maneira do sociólogo, mas, baseando-se naquilo que é, determina que algo deva ser, com a previsão de diversas consequências, caso se verifique a ação ou a omissão, a obediência à norma ou à sua violação.
Estruturas das normas Éticas
Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se liga uma sanção, isto é, uma forma de garantir-se a conduta que, em função daquele juízo, é declarada permitida, determinada ou proibida.
Toda norma é formulada no pressuposto essencial da liberdade que tem o seu destinatário de obedecer ou não aos seus ditames, assim se caracteriza pela possibilidade de sua violação.
A norma tem por objeto decisões e atos humanos, sendo inerente a estes a dialética do sim e do não, o adimplemento da regra, ou a sua transgressão. 
Regra – vem do latim regula - que é regra? É a diretriz no plano cultural, no plano espiritual.
Norma – nos lembra aquilo que é normal, traduz a previsão de um comportamento que, à luz da escala de valores dominantes numa sociedade, deve ser normalmente esperado ou querido como comportamento normal de seus membros. 
Formas da atividade Ética
BELO – ciência Estética, atividade artes;
ÚTIL – ciência Economia, atividades empenhadas na produção, circulação, e distribuição de riquezas;
SANTO – Religiões e cultos, é o valor do divino norteando o homem na sociedade, exigindo determinado comportamento por parte dos indivíduos e dos grupos;
AMOR – traduz um fim a ser atingido, um valor a ser realizado, intersubjetivamente. Ética de Amor, ou Erótica.
PODER – é o valor determinante da Política, que é a ciência da organização do poder e a arte de realizar o bem social com o mínimo de sujeição; 
BEM INDIVIDUAL E BEM COMUM – a ética enquanto ordenação teórico-prática dos comportamentos em geral, na medida e enquanto se destina a um bem, pode ser vista sob dois prismas fundamentais:
O do valor da subjetividade do autor da ação – onde o ato é apreciado em função da intencionalidade do agente para que esse se realize como pessoa;
O valor da coletividade em que o indivíduo atua – quando a ação ou conduta é analisada em função de suas relações intersubjetivas, implicando a existência de um bem social que supera o valor do bem de cada um. 
A segunda situação constitui uma trama de valorações objetivas, na qual a Ética assume duas expressões distintas: a da Moral Social (Costumes e Convenções sociais); e a do Direito.
Assim, a Moral visando ao bem da pessoa, visa, implicitamente, ao bem social, o que demonstra a unidade da vida ética, muito embora esta possa ser vista sob diversos prismas. 
Ética
Estudo do juízo de apreciação que se refere à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto . (Aurélio)
Distinção entre “ética”,“moral” e “direito”
O termo moral deve ser usado em referência aos costumes e opiniões sobre conduta individual e relacionamentos interpessoais aceitos por um determinado grupo social, étnico ou religioso, seja ele grande ou pequeno; é histórico.
O termo ética deve ser usado em referência à reflexão humana sobre o tema, teórica, racional e sistemática, uma reflexão que ignora por princípio e por definição todas as relatividades inerentes à moral.
A moral de um povo ou grupo social interessa do ponto de vista linguístico-analítico, ou seja, a investigação filosófica serve para esclarecer o sentido dos termos empregados nos discursos morais.
A ética não é descritiva (o que cabe às ciências humanas) nem meramente linguístico-analítica, mas sim prescritiva em termos universais. 
O direito é descritivo e imperativo.
A moral social ou religiosa também pode ser prescritiva, mas é evidente que sua prescritividade somente será reconhecida pelos indivíduos inseridos neste grupo social. 
Um pensador do passado já disse: moral é uma questão de geografia.
É também uma questão de história, pois varia muito através dos tempos. 
Consciência moral X consciência ética
Consciência moral
A moral implica em conhecer os preceitos morais e a proposta de conduta aceita pelo(s) grupo(s) social(ais) ao(s) qual (ais) se pertence. 
O que obedece, segue os padrões de conduta;
O que não obedece e segue os padrões vive na imoralidade;
Se os preceitos e padrões do grupo social a que pertenço tornam-se irrelevantes para mim, então posso ser chamado de “amoral”.
Moralismo
Se confundo a moral de minha cultura ou de meu grupo social com a ética, torno-me um moralista.
O moralismo é a absolutização e universalização da minha própria moral. 
Consciência ética
Refere-se a outra espécie de conscientização. Ser uma pessoa eticamente consciente (ou meramente ética) significa importar-se com a possibilidade da existência de e com a tentativa de encontrar valores e, também, de tentar viver segundo princípios e padrões de conduta inteiramente calcados na razão, lembrando que estes valores, princípios e padrões terão que ser, por definição, universais.
Retrospectiva
Existe assim uma estreita vinculação entre os conceitos morais e a realidade humana, social, sujeita historicamente à mudança. Dentro destaconceituação, as doutrinas éticas não são consideradas de modo isolado, mas dentro de um processo de mudança e de sucessão que constitui propriamente a sua história. 
 Uma moral primitiva surgiu com o próprio homem, onde a sobrevivência básica se constituía na norma ética fundamental. A “Moral Tribal” se resumia em trabalhar para comer, matar para não morrer.
O homem da caverna lutava para se alimentar e para preservar o seu abrigo natural. Naquelas circunstâncias, atitudes de alta agressividade - na nossa conceituação atual - poderiam e eram consideradas eticamente válidas. 
O homem primitivo foi evoluindo e suas realidades sociais criaram novas realidades éticas que modificaram e até mesmo anularam as regras anteriores.
Nesta nova evolução histórica, chegamos à civilização grega que influiu de modo avassalador em nosso mundo ocidental.
Pode-se, então, afirmar: “Deve-se melhorar o conhecimento e aperfeiçoar a conduta”. A ética socrática é racionalista e pode ser resumida na seguinte colocação: 
“O homem age retamente quando conhece o bem, e, conhecendo-o, não pode deixar de praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se dono de si mesmo e, por conseguinte, é feliz”. 
Origem
Aristóteles tinha designado suas investigações teórico-morais – então denominadas como “éticas” - como investigações “sobre o ethos”, “sobre as propriedades do caráter”, porque a apresentação das propriedades do caráter, boas e más (das assim chamadas virtudes e vícios) era uma parte integrante essencial destas investigações. Nele talvez, encontramos o princípio da ética.
Definição
Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
Ética
Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom. (Moore GE. Princípios Éticos. São Paulo: Abril Cultural, 1975:4)
A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser humano chegue a realizar-se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa. [...] A Ética se ocupa e pretende a perfeição do ser humano. (Clotet J. Una introducción al tema de la ética. Psico 1986;12(1)84-92).
Moral
Moral é o conjunto das normas que regulam o comportamento do homem em sociedade e são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. 
"a Moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas." (Augusto Comte (1798-1857)).
Direito
Para ser instrumento eficaz ao bem-estar e progresso social, o Direito deve estar sempre adequado à realidade, refletindo as instituições e a vontade coletiva. 
A sua evolução deve expressar sempre um esforço do legislador em realizar a adaptação de suas normas ao momento histórico. 
Os fatores que influenciam a vida-social, provocando-lhe mutações, vão produzir igual efeito no setor jurídico, determinando alterações no Direito Positivo. Esses fatores, chamados sociais e também jurídicos, funcionam como motores da vida social e do Direito. (NADER, p. 60)
Teoria do mínimo ético
Consiste em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver.
Assim sendo, o Direito não é algo diverso da Moral, mas é uma parte desta, armada de garantias específicas.
Tudo que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico.
Essa é uma teoria totalmente aceitável? Pode-se dizer, então, que todas as normas jurídicas se contêm no plano moral?
 
Exemplos que contestam essa teoria
A regra de trânsito que exige que os veículos obedeçam à mão direita – é uma regra jurídica (é amoral);
Artigo do CPC que determina que o réu, citado para a ação, deve contestá-la em 15 dias. E por que não 10 ou 20 anos? Também é uma regra jurídica (amoral);
Assim, não é exato dizer que tudo o que se passa no mundo jurídico seja ditado por motivos de ordem moral.
Sociedade comercial de dois sócios, na qual um deles se dedica em tempo integral, enquanto o outro repousa no trabalho alheio, se o contrato social estabelecer para cada sócio uma compensação igual, ambos receberão o mesmo quinhão, é portanto jurídico (mas imoral).
Representações
Representação ideal X Representação Real
	
Direito e Moral
Direito e Moral são instrumentos de controle social que não se excluem, antes, se completam e mutuamente se influenciam.
Moral – “aja de tal maneira que a máxima de teus atos possa valer como princípio de legislação universal.”
Direito – “procede exteriormente de tal modo que o livre uso de teu arbítrio possa coexistir com o arbítrio dos demais, segundo uma lei universal de liberdade". Por esta máxima, infere-se que o fundamento do Direito repousa na liberdade”.
Diferenças entre Direito e Moral
Bilateralidade do Direito e Unilateralidade da Moral - As normas jurídicas do Direito possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever. A Moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas.
Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral - Moral se preocupa pela vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o animus do agente.
A Moral tem como um dos seus caracteres a autonomia, querer espontâneo, assim a adesão espontânea ao padrão moral é inerente à Moral autônoma e peculiar à Ética superior, o mesmo não ocorre em relação à Moral social.
Direito, este possui heteronomia, que quer dizer sujeição ao querer alheio. As regras jurídicas são impostas independentemente da vontade de seus destinatários. O indivíduo não cria o dever-ser, como acontece com a Moral autônoma. A regra jurídica não nasce na consciência individual, mas no seio da sociedade. A adesão espontânea às leis não descaracteriza a heteronomia do Direito. 
A Moral carece do elemento coativo, é incoercível, embora suas normas exerçam uma certa intimidação por consistirem em uma ordem valiosa para a sociedade, é natural que a inobservância de seus princípios provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social.
Apenas o Direito é coercível, capaz de adicionar a força organizada do Estado para garantir o respeito aos seus preceitos.
Do cumprimento das regras sociais
Há uma distinção quanto ao cumprimento espontâneo e o obrigatório ou forçado das regras sociais.
O ato moral implica a adesão do espírito ao conteúdo da regra.
Ex: Casal de idosos que vivia em situação de insuficiência econômica e tinham um filho industrial de grande capacidade econômica e que não admitia que deveria prestar auxílio a seus pais.
É um preceito de ordem jurídica e, também, de ordem moral – princípio de solidariedade humana
Obrigado pela justiça, mas não convencido do seu dever moral, ele cumpre a regra jurídica, mas não cumpre a moral. 
Jhering “O Direito não seria o equilíbrio da balança se não fosse garantido pela força da espada”
Direito e Moral – funções
A função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização individual; o progresso científico e tecnológico; o avanço da Humanidade passam a depender do trabalho e discernimento do homem.
A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em todas as direções.
De fato, há um grande número de questões sociaisque se incluem nos dois setores. A assistência material que os filhos devem prestar aos pais necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na Moral.
Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. 
Há problemas jurídicos estranhos à ordem moral – ex.: a divisão da competência entre um Tribunal de Alçada e um Tribunal de Justiça. A regra de trânsito da mão direita.
O Direito tutela também o que não é moral – sócios de uma empresa com igualdade de ações e trabalhos diferentes.
Direito e Religião – aspectos históricos
Desde épocas mais recuadas da história a Religião exerceu um domínio absoluto sobre as coisas humanas. A falta do conhecimento científico era suprida pela fé. As crenças religiosas formulavam as explicações necessárias. Deus não só acompanhava os acontecimentos terrestres, mas neles interferia. Por sua vontade e determinação ocorriam fenômenos que afetavam os interesses humanos. Diante das tragédias, viam-se os castigos divinos; com a fartura, via-se o prêmio.
O Direito era considerado como expressão da vontade divina. Em seus oráculos, os sacerdotes recebiam de Deus as leis e os códigos.
Versão Bíblica – Moisés recebe de Deus o decálogo
A classe sacerdotal possuía o monopólio do conhecimento jurídico.
Durante a Idade Média, ficaram famosos os chamados juízos de Deus, que se fundavam na crença de que Deus acompanhava os julgamentos e interferia na justiça. As decisões ficavam condicionadas a um jogo de sorte e de azar.
A laicização do Direito recebeu um grande impulso no séc. XVII - "O Direito Natural existiria, mesmo que Deus não existisse ou, existindo, não cuidasse dos assuntos humanos.“ (Grócio)
O movimento de separação entre o Direito e a Religião cresceu ao longo do séc. XVIII, especialmente na França, nos anos que antecederam a Revolução Francesa.
Modernamente, os povos adiantados separaram o Estado da Igreja, ficando, cada qual, com o seu ordenamento próprio.
Alguns sistemas jurídicos continuam a ser regidos por livros religiosos, notadamente no mundo muçulmano. No início de 1979, o Irã restabeleceu a vigência do Alcorão, livro da seita islâmica, para disciplinar a vida do seu povo.
Direito e Religião – convergências
Respeito à vivência do bem.
O valor de Justiça não é consagrado apenas pelo ordenamento jurídico. A Religião em âmbito maior dos homens com o criador.
Os dois processos normativos possuem ativos elementos de intimidação de conotações diversas. A sanção jurídica, em sua generalidade, atinge a liberdade ou o patrimônio, enquanto que a religiosa limita-se ao plano espiritual.
Paralelo
Referências Bibliográficas
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 33 – 57.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 37. ed. ver.e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2015. cap. 5, p. 31.
CAVALCANTI, André Cleofas Uchôa; CARDOSO, Patrícia. Introdução ao estudo do direito. Apostila de exercícios. São Paulo: Universidade Estácio de Sá, 2005.
	
Exercícios:
1 - Juízo de valor e juízo de realidade
	Mário da Silva, juiz de direito no estado de Tocantins, viveu sua infância em um lugar pobre, dominado pelo tráfico de entorpecentes. Aos dez anos, seu pai foi morto por traficantes da região, porque não quis se submeter às regras impostas por eles. Anos mais tarde, já como juiz em uma vara criminal, coube a ele julgar um caso em que Paulo, um rapaz de 18 anos, sem qualquer antecedente criminal, vendia, pela primeira vez, sob coação de traficantes, uma trouxinha de maconha a um aluno de sua escola. Mário acabou por aplicar uma pesada pena, muito superior àquelas aplicadas por juízes daquela região. 
	Numa entrevista para a Tribuna do Advogado, em junho/2007, o Desembargador do TJ/RS e membro da Associação Juízes para a Democracia, Amilton Bueno de Carvalho, em resposta à pergunta se acreditava na neutralidade do Direito e da Justiça afirmou: 
	O mito da neutralidade, tanto do Direito, quanto da Justiça, ou daquele que opera no saber, está superado. (...). Aliás, penso que ninguém mais defende esta possibilidade; está sepultada! Mas, apesar disso, no momento de agir, alguns ainda se consideram ungidos pela capa da neutralidade. Um discurso que, sempre e sempre, está aliado aos donos do poder — seja qual for o poder. (O Jurista) Edmundo (Arruda Jr.) os denomina de “ventrílocos do poder dominante”.
	Ao longo de nossas vidas acumulamos experiências e, por meio delas, elegemos as coisas que achamos importantes, como a família, o respeito ao próximo e aos compromissos que assumimos, dentre outras: são os valores norteadores das nossas atitudes. Ao apreciarmos qualquer questão, estamos de alguma maneira, expressando nosso juízo de valor. Mas há a idéia de que um juiz de direito deva ser neutro na apreciação dos casos que lhe são submetidos. 
	De acordo com as posições tomadas pelo entrevistado neste texto, responda, justificadamente, ao que se pede:
	A noção de justiça corresponde, em si mesma, a um juízo de valor? E a de direito?
	Todos têm a mesma compreensão do que venha a ser o “justo” ou cada um tem uma ideia diferente de seu conteúdo? 
	Analise o caso relatado e os comentários feitos pelo Desembargador no trecho transcrito, mais precisamente no que se refere à influência da ideologia no Direito e na possibilidade de absoluta neutralidade do juiz, demonstrando que o Direito se produz no mundo da cultura e não no mundo natural.
2 - Juízo de valor e juízo de realidade
	Juízos de valor são normalmente justificados de maneira diferentes dos juízos de realidade. Maria, Mário, João e José são portadores de doença crônica incurável, que lhes causa muito sofrimento. Indagados se preferem à vida ou à morte respondem: 
1. Maria: “A vida é um processo biológico que tem início, meio e fim. Ainda estou no meio desse processo”.
2. Mário: “Os avanços da medicina fazem a vida se tornar mais longa, o encontro da cura de minha doença é uma questão de tempo”. 
3. João: “Creio que a vida é o bem mais precioso do ser humano e dela não abro mão”. 
4. José: “A vida só tem valor quando se pode usufruir dela com dignidade e, no estado em que me encontro, isso não ocorre”. 
Diante das posições expressas por Maria, Mário, João e José, responda o que se pede:
a) Classifique as respostas apresentadas entre as categorias de juízo de valor e de juízo de realidade, justificando sua escolha.
b) Pesquise nos artigos 1º e 5º da Constituição da Federal de 1988 e transcreva as normas que dão base às posições de João e de José. 
c) O Direito constata realidade ou protege valores? Por quê?
3 - Relação entre direito e moral (teorias dos círculos) e Teoria Tridimensional do Direito
	Thiago Souza, menor de idade, recorre à Justiça, requerendo ali mentos em face de seus avós. Na oportunidade, a justificativa para tal pedido foi a de que teriam esses (avós) melhores condições financeiras do que os pais. Porém, a Justiça negou o pedido de alimentos requerido contra os avós, porque, com base no artigo 397, do CC, não ficou demonstrada a impossibilidade dos pais poderem prestar assistência ao filho menor. Alegou o juiz que a responsabilidade pelos alimentos são, em primeiro lugar, dos pais e filhos, e, secundariamente, dos avós e ascendentes em grau ulterior, desde que o parente mais próximo não possa fazê-lo. Nesta mesma direção, a revista jurídica Consulex (ano VIII, n. 172), em 15/03/04, já informava que a responsabilidade de avós é complementar, valendo apenas nos casos em que os pais não estiverem em condições financeiras de prestar a assistência alimentar ao filho.
	Várias teorias foram elaboradas para solucionar um dos problemas mais árduos da ciência do direito, qual seja: as diferenças que separam os sistemas da moral e do jurídico.
a) A solidariedade sempre foi considerada uma das características marcantes das relações familiares, seu verdadeiro alicerce.Qual das teorias dos círculos se aplica ao caso em questão, fundamentalmente, no que se refere à obrigação de prestação de alimentos pelos pais e pelos avós?
b) É cada vez mais comum crianças buscarem complementar seu sustento com a ajuda dos avós por intermédio de ações propostas na justiça. A razão disto é que a sociedade considera a solidariedade um valor. 
	Segundo Miguel Reale, o Direito se produz a partir de fatos, considerados importantes, a que se atribui um valor especial, merecendo, portanto, a proteção por meio de uma norma jurídica: esta, de maneira bem simples, sintetiza a Teoria Tridimensional do Direito. 
Enquadre a situação relatada na Teoria Tridimensional do Direito, distinguindo fato, valor e norma. Justifique.
4 - Moral como instrumento de controle social e Teoria Tridimensional do Direito
A revista trimestral de Direito Civil, n. 20, p. 276, destacou o seguinte caso concreto:
Spam obsceno leva à condenação adolescente na Rússia Um adolescente que mandou uma mensagem obscena para 15.000 telefones celulares foi o primeiro réu a ser condenado pela prática de spam na Rússia. O estudante de Chelyabinsk invadiu o sistema de uma das maiores operadoras de celular e usou um programa especial para mandar a mensagem. Ele foi condenado a um ano sob observação e uma multa de 3.000 rublos (cerca de 300 reais). 
Fonte: Reuters, 26/04/2004.
Desconsiderando o fato de a situação ter se passado com um adolescente na Rússia, responda ao que se pede justificadamente.
a) As normas morais e jurídicas são instrumentos de controle social? Fundamente sua resposta.
b) Diferencie a Moral de Direito, a partir das suas características.
c) É correto dizer que Direito e Moral são independentes? Justifique sua resposta, comentando, sucintamente, o caso concreto em exame, à luz das teorias que envolvem essa questão.
d) Observamos que cada vez mais são enviadas mensagens inconvenientes, sem que o destinatário possa exercer qualquer controle sobre elas. Este fato, hoje comum, tem despertado a atenção da sociedade, por representar um desvalor, uma vez que crianças e outras pessoas desavisadas podem ter acesso a um conteúdo que lhes soam agressivo e imoral. 
O desvalor também pode gerar norma jurídica? Justifique, enquadrando o caso concreto na Teoria Tridimensional do Direito.
5 - Y é garota de programa e costuma “fazer ponto” na rua Eliseu de Brito, em frente ao edifício de número 10. Marcos, residente nesse edifício, acredita ser imoral o que ali se passa, pois a moça, embora vestida normalmente, desempenha atividade contrária aos bons costumes da vizinhança. Comunicada a delegacia policial mais próxima, determinou o delegado que a moça fosse retirada imediatamente do local, mantendo-a presa, em seguida, por 48 horas. Liberada, Y noticiou ao Ministério Púbico o cometimento de crime de abuso de poder por parte do delegado. Alegou que a atividade por ela desempenhada, embora imoral para alguns, não é ilegal, por inexistir qualquer regra jurídica neste sentido.
a) Dentro dos padrões médios de moralidade, a atividade desempenhada por Y é reprovável? Em caso positivo, há sanção moral que se possa impor a Y por sua conduta? Juridicamente, a atividade de Y é reprovável? Há sanção no plano jurídico para Y em razão de sua conduta? Há, no caso, identidade entre a regra jurídica e a regra moral? Justifique todas as respostas.
b) A atitude do delegado é juridicamente reprovável? Em caso positivo, qual a sanção a que ele deve se submeter? É moralmente aceitável que uma autoridade prive alguém de sua liberdade sem motivo para tanto? Em caso negativo, qual a sanção moral para o delegado? Nesta hipótese, há identidade entre a regra jurídica e a regra moral? Justifique as respostas.
c) O direito pode ser inspirado na moral? 
d) Diferencie direito de moral.
Questões objetivas (Respostas justificadas)
6 - As normas éticas se estruturam linguisticamente por meio de:
a) juízos de valor. 
b) juízos de realidade. 
c) dever ser.
d) questionamentos.
e) ser.
7 - É considerada instituição fundamental da sociedade:
a) a igreja. 
b) o contrato. 
c) a escola.
d) a família.
e) as associações de bairro.
Prezado aluno, recomendamos as bibliografias a seguir para a resolução dos casos propostos nesta aula.
Referência básica:
 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 26. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2006. cap. IV e VIII.
REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. cap. I, III e IV.
SECCO, Orlando de Almeida. Introdução ao estudo do direito. 9. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004. cap. II e III. 
Referência complementar:
MELLO, Cleyson de Moraes. Introdução ao estudo do direito. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2006. cap. I.
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 39. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. cap. III.

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