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2 DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL

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DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL
Por responsabilidade patrimonial entende-se a sujeição do patrimônio de alguém ao cumprimento de urna obrigação. O responsável é aquele que poderá ter a sua esfera patrimonial invadida para que seja assegurada a satisfação do credor.
Em regra, quem responde pelos pagamentos das dívidas é o próprio devedor.
Mas o CPC enumera situações em que a responsabilidade se estenderá a outras pessoas.
Ela não se confunde com o débito. como se verá no item seguinte, embora em regra o devedor responda com o seu patrimônio pelo cumprimento das obrigações assumidas.
OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE
A obrigação e a responsabilidade surgem em momentos distintos. A primeira, quando o débito é contraído (por exemplo, quando o devedor assina o contrato, comprometendo-se a realizar determinada prestação). Se houver o adimplemento, não surgirá a responsabilidade, isto é, não haverá possibilidade de invadir a esfera patrimonial do devedor.
Só em caso de inadimplemento a responsabilidade se manifestará. Em regra, o responsável é o próprio devedor.
Mas é possível que haja débito sem responsabilidade e responsabilidade sem débito. Por exemplo: em caso de prescrição, o débito ainda existe, tanto que se houver o pagamento espontâneo, não será possível postular a restituição. Mas não é mais possível ingressar em juízo e invadir o patrimônio do devedor. O mesmo ocorre com as dívidas de jogo. Há o débito, mas não a responsabilidade.
Existem casos em que a lei atribui responsabilidade patrimonial a pessoas que não são as devedoras. Um exemplo é o do fiador: não é ele quem deve, mas por força de contrato, assume a responsabilidade pelo cumprimento da obrigação, caso o devedor não a cumpra. Outro exemplo é o da desconsideração da personalidade jurídica.
O juiz, verificando que a empresa foi utilizada de má-fé pelos sócios com o intuito de prejudicar credores, poderá desconstituir a pessoa jurídica, desde que ajuizado o incidente previsto nos arts. 133 e ss., estendendo a responsabilidade patrimonial aos sócios.
BENS SUJEITOS À EXECUÇÃO
O art. 789 do CPC traz a regra geral da responsabilidade patrimonial: "O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei".
Esse dispositivo atribui a responsabilidade, de forma geral, ao devedor, assegurando que todos os seus bens respondam pelo cumprimento das obrigações inadimplidas.
O devedor é o responsável primário. Mas a lei atribui responsabilidade patrimonial a outras pessoas, além dele.
É preciso, antes, que se examinem os bens que estão e os que não estão sujeitos à execução.
Em princípio, todos estão sujeitos, os que existiam no momento em que a obrigação foi contraída e os que não existiam ainda, e só vieram a ser adquiridos posteriormente, sejam eles corpóreos ou incorpóreos, desde que tenham valor econômico. No entanto, a lei faz numerosas restrições, que serão examinadas no item seguinte.
BENS NÃO SUJEITOS À EXECUÇÃO
Somente são sujeitos à execução os bens que podem ser penhorados, isto é, aqueles corpóreos ou incorpóreos, que tenham valor econômico, e que a lei não tenha tornado impenhoráveis.
O CPC dedica o art. 833 ao exame dos bens que são impenhoráveis. São eles:
I- os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução (os frutos e rendimentos desses bens poderão ser penhorados, à falta de outros bens);
II - os móveis, pertences e utilidades domésticas, que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns, correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo os de elevado valor; 
IV- os vencimentos, subsídios, soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos do trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2° deste artigo (exceto pensão alimentícia e importância acima de 50 salários mínimos mensais);
V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; 
VI - o seguro de vida; 
VII- os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; 
VIII- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
X- a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 salários mínimos. Nesta última hipótese, tem prevalecido o entendimento de que, se houver várias cadernetas de poupança, o limite a ser considerado é o que resulta da soma de todas elas. Se houver várias cadernetas de poupança, cujo total ultrapasse 40 salários mínimos, essa quantia será considerada impenhorável, mas não o que excedê-la, considerada a soma total dos valores depositados.
O rol de bens impenhoráveis ganhou significativa ampliação com a Lei n. 8.009/90, que trata da impenhorabilidade do bem de família. Essa lei passou a considerar impenhorável o imóvel residencial da família ou entidade familiar, por dívidas de qualquer natureza, civil, comercial, fiscal ou previdenciária, salvo as exceções previstas no art. 3° da lei.
A impenhorabilidade abrange "o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados” (1°, § 1°, da Lei n. 8.009/90), mas não a vaga de garagem que possua matrícula própria no registro de imóveis, que pode ser objeto de penhora autônoma, nos termos da Súmula 449 do Superior Tribunal de Justiça.
A impenhorabilidade dos móveis deve respeitar o disposto no art. 833, 11, do CPC. Só não poderão ser penhorados os necessários a uma moradia digna. São penhoráveis os móveis de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida.
Conquanto a lei mencione que o bem de família deve proteger o imóvel que sirva de residência do casal ou da entidade familiar, o Superior Tribunal de Justiça tem alargado o seu conceito, como resulta da Súmula 364: "O conceito de impenhorabilidade do bem de família abrange também as pessoas solteiras, separadas ou viúvas".
Além dos móveis do locatário, será também impenhorável o próprio imóvel, por dívida do locador, quando se trate de único imóvel residencial, do qual ele aufira renda que sirva para sua subsistência ou para moradia de sua família. É o que estabelece a Súmula 486 do Superior Tribunal de Justiça. Portanto, se o imóvel está locado, serão impenhoráveis os móveis que guarnecem a residência, por dívidas do locatário; e será ainda impenhorável o próprio imóvel, por dívida do locador, se a renda obtida com a locação prestar-se à subsistência dele ou à moradia de sua família.
Em qualquer caso, a impenhorabilidade cessa se o devedor oferece o bem à penhora, com o que terá renunciado ao benefício.
Se o devedor não é o proprietário do bem, mas sobre ele tiver direitos, como o compromissário comprador ou o devedor cujo bem tenha sido transferido por alienação fiduciária em garantia, não haverá propriamente impenhorabilidade, contudo a penhora não recairá sobre o bem, mas sobre os direitos que o devedor tem sobre ele.
ALEGAÇÃO DE IMPENHORABILIDADE
A impenhorabilidade do bem é matéria de ordem pública e deve ser conhecida pelo juízo de ofício a qualquer tempo. Se ele não o fizer, caberá ao devedor alegá-la, por simples petição nos autos, ou pelos meios de defesa tradicionais: a impugnação, no cumprimento de sentença, ou os embargos na execução de título extrajudicial.
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DE TERCEIROS
As hipóteses de responsabilidade de terceiros estãoprevistas no art. 790 do CPC.
- Responsabilidade do sucessor a título singular
O art. 790, I, do CPC atribui responsabilidade ao "sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória".
A hipótese é de alienação da coisa litigiosa. Se, no curso do processo que versa sobre direito real ou obrigação reipersecutória, o devedor aliena a coisa a um terceiro, a sentença estende os seus efeitos a ele, nos termos do art. l09, § 3°, do CPC, o adquirente ou cessionário do bem responderá, sendo obrigado a cumprir o que ficou determinado.
A alienação de coisa litigiosa é ineficaz perante o credor; feita no curso de ação fundada em direito real ou pretensão reipersecutória, desde que a pendência da ação tenha sido averbada no respectivo registro público, configura fraude à execução, nos termos do art. 792, I, do CPC.
- Bens dos sócios
Em determinadas circunstâncias, admite-se que, em execução dirigida contra a pessoa jurídica, seja feita a penhora de bens dos sócios. São casos em que, conquanto o débito seja da empresa, os sócios têm responsabilidade patrimonial.
A regra é que, pelas dívidas da empresa, responde o patrimônio desta, mas há casos em que ele é insuficiente para quitá-las. Sendo a empresa solvente, os bens dos sócios não serão atingidos.
Desconsideração da personalidade jurídica
Se os bens da empresa não forem suficientes para a satisfação do credor, será possível que a penhora recaia sobre bens dos sócios por meio da desconsideração da personalidade jurídica.
A personalidade jurídica da empresa não se confunde com a dos seus sócios. Por isso, em princípio, nas sociedades por quotas de responsabilidade limitada e sociedades anônimas, os sócios não respondem pessoalmente pelos débitos da empresa.
Mas eventualmente ela pode ser utilizada como espécie de escudo para que os sócios possam realizar negócios e contrair dívidas, em detrimento de terceiros, sem comprometer os seus bens próprios.
No intuito de evitar a utilização indevida da pessoa jurídica para prejudicar credores, a doutrina criou a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, que vem enunciada no art. 50 do Código Civil: "Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações obrigacionais sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica".
Comprovada a utilização abusiva da pessoa jurídica, e presentes as hipóteses mencionadas no dispositivo legal, o juiz não extinguirá a empresa, mas estenderá a responsabilidade patrimonial aos sócios, que passarão a responder pelo débito da empresa com os seus bens particulares.
Nas relações de consumo, a desconsideração da personalidade jurídica vem autorizada pelo art. 28 do Código do Consumidor.
- Bens do executado ainda que em poder de terceiros
Essa hipótese, prevista no art. 790, III, do CPC não trata de responsabilidade patrimonial atribuída a terceiro, mas da responsabilidade primária do próprio devedor, cujos bens ficam sujeitos à execução estando em seu poder ou em poder de terceiros.
- Bens do cônjuge ou companheiro
Há casos em que o débito é contraído por ambos os cônjuges ou companheiros, quando, então, ambos serão devedores e terão responsabilidade primária pelo pagamento da dívida. Há outros em que foi contraída só por um, caso em que surgirá a dúvida sobre a possibilidade de, na execução, serem atingidos os bens próprios ou da meação do outro.
A regra é que um cônjuge ou companheiro só tem responsabilidade pelas dívidas contraídas pelo outro se elas tiverem revertido em proveito do casal ou da família.
Mas há presunção, seja qual for o regime de bens, de que a dívida de um dos cônjuges ou companheiros reverte em proveito do outro, salvo quando decorrente de atos ilícitos. Essa presunção é relativa e pode ser afastada se o cônjuge ou companheiro que não contraiu a dívida comprovar que não se beneficiou.
Se a penhora recair sobre a meação, ou sobre os bens particulares do cônjuge que não contraiu a dívida, caberá a este, por meio de embargos de terceiro, postular a sua liberação, com o ônus de comprovar que a dívida não o beneficiou.
- Alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução
As alienações de bem em fraude à execução são ineficazes perante o credor, que pode postular que ele continue sujeito à execução, ainda que em mãos do adquirente ou cessionário.
Há que se fazer uma distinção: nos exemplos anteriores, o cônjuge ou o sócio, no caso de desconsideração da personalidade jurídica, tornavam-se corresponsáveis pela dívida, ainda que não a tivessem contraído.
No caso da fraude à execução, o adquirente ou cessionário não responderá pela dívida, mas o bem a ele transferido ficará sujeito à execução. O bem poderá ser constrito apesar de ter sido alienado para terceiro. Se o seu valor for maior do que o débito, o que exceder será restituído a ele; e se for menor, o terceiro não responderá pelo saldo, já que a sua responsabilidade limita-se ao bem. 
Fraude à execução
É instituto de direito processual civil que constitui ato atentatório à dignidade da justiça e se distingue da fraude contra credores, defeito dos negócios jurídicos, tratada no art. 158 do Código Civil.
A fraude contra credores ofende o direito dos credores; a fraude à execução atenta contra o bom funcionamento do Poder Judiciário.
Em ambas, o devedor desfaz-se de bens do seu patrimônio, tornando-se insolvente.
A diferença é que, na fraude contra credores, a alienação é feita quando ainda não havia ação em curso, ao passo que a fraude à execução só existe se a ação já estava em andamento.
Todas as hipóteses de fraude à execução pressupõem processo pendente, diferentemente da fraude contra credores, em que já existe o débito, mas não ação.
O credor pode postular o reconhecimento da fraude à execução nos próprios autos do processo em curso; a fraude contra credores só pode ser declarada em ação própria, chamada pauliana. Só a fraude à execução pode ser reconhecida em embargos de terceiro, nos termos da Súmula 195 do Superior Tribunal de Justiça.
De acordo com o art. 790 do CPC, a fraude à execução pressupõe a alienação de bens do devedor quando há processo pendente. Não é necessário que seja de execução, como o nome poderia fazer supor. Haverá fraude à execução se a alienação ocorrer em qualquer tipo de processo pendente, de conhecimento ou de execução.
Não existe unanimidade de opiniões a respeito do que se considera "processo pendente", para caracterizar a fraude. Pelo art. 312 do CPC, "considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado". Seria possível considerar pendente um processo desde o protocolo da inicial.
No entanto, prevalece o entendimento de que, para a fraude à execução, é preciso que o devedor já tenha sido citado para o processo, seja ele de conhecimento ou de execução.
O art. 828 do CPC
Diante da possibilidade de o devedor desfazer-se dos seus bens no interregno entre o protocolo da inicial e a citação, foi editado o art. 828. Ele autoriza o exequente a obter certidão comprobatória da admissão da execução para averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos à penhora, arresto ou indisponibilidade.
O § 4° considera em fraude à execução a alienação dos bens após essa averbação. Por esse mecanismo, consegue-se antecipar o reconhecimento da fraude, desde que obtida a averbação da certidão do distribuidor. A certidão a ser obtida não é a da distribuição ou protocolo, mas a da admissão da execução, que deverá ser obtida no ofício para o qual a execução foi distribuída.
A finalidade da averbação é tornar pública a execução, de modo que os terceiros adquirentes do bem não sejam surpreendidoscom o reconhecimento da fraude.

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