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Recurso Ordinário Constitucional
Plano de Aula 14
Recurso Ordinário Constitucional (ROC)
É o recurso cabível contra decisão denegatória de habeas corpus ou mandado de segurança, proferida em segunda instância ou por Tribunal Superior. Permite discussão de matéria de direito e de fato perante STF e STJ.
Previsão Legislativa
O Recurso Ordinário Constitucional (ROC), está previsto nos artigos 102, II alínea ‘’a’’ e‘’b’’, 105, II, alínea ‘’a’’ e ‘’b’’ da Constituição Federal de 1988
Competência do STF
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - julgar, em recurso ordinário
Competência do STJ
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário
Hipóteses de cabimento
Art. 102, II ‘’a’’ e ‘’b’’ da CRFB/88:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
- Remédios decididos pelos tribunais superiores com competência originária. Apenas o impetrante pode interpor, uma vez que trata-se de decisão denegatória. 
b) o crime político;
- Julgamento de crime político, previsto na Lei 7.170/83
Hipóteses de cabimento
Art. 105, II ‘’a’’ e ‘’b’’ da CRFB/88:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
- Habeas Corpus negado por um TRF ou um TJ
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
- Mandado de Segurança negado por um TRF ou um TJ
Prazo
O prazo para interposição do ROC
 Súmula 319 do STF:
O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias
Art. 30 da Lei 8.038/90 
 O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, das decisões denegatórias de Habeas Corpus, proferidas pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, será interposto no prazo de cinco dias, com as razões do pedido de reforma. 
Art. 33 da Lei 8.038/90
O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, das decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Estados e do Distrito Federal, será interposto no prazo de quinze dias, com as razões do pedido de reforma.
Referências Bibliográficas
https://kultivi.com/
https://www.direitonet.com.br/dicionário/exibir/1038/Recurso-Ordinario-Constitucional
Caso concreto 14
 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
EXCELENTISSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
 
 
HABEAS CORPUS N°....
 
  
 João, já qualificado nos autos em epígrafe, por seu advogado infra assinado (procuração anexada), inconformado com o respeitável acórdão da 1ª Câmara Criminal denegatório da ordem, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar
 
 
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
 
 com fundamento no art. 105, II, a, da Constituição Federal.
 
 Requer o recebimento e processamento deste recurso, encaminhando com as razões anexadas, ao Colento Superior Tribunal de Justiça.
Termos em que,
 Pede deferimento. 
São Paulo, data.
Advogado OAB...
RAZÕES EM RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
Recorrente: João
Recorrido: Justiça Pública
Habeas Corpus n°.............
Superior Tribunal de Justiça
Colenda Turma
Douto Procurador da República
 Em que pese o saber jurídico da Colenda Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, o acórdão que denegou a ordem de Habeas Corpus não merece prosperar, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos: 
 
I. DOS FATOS
O recorrente está preso em função do auto de prisão em flagrante delito pela suposta pratica de crime de concussão, artigo 316 do Código Penal.
O recorrente é primário, tem residência fixa e exerce atividade lícita. O meritíssimo mesmo reconhecendo essa situação pessoal negou-lhe o direito a liberdade provisória com fiança, alegando apenas e tão somente tratar-se de crime muito grave. Foi ingressado Habeas Corpus com o fim de garantir que o réu permanecesse em liberdade, sendo denegado pela Egrégia 1ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo.
II. LIMINARMENTE
Requer a concessão da liminar de ordem do recorrente, através da expedição de alvará de soltura, visto a presença do “fumus boni juris” e do “periculum in mora”.
Caso o recorrente permaneça preso haverá dano irreparável à sua pessoa, visto que o tempo de prisão não lhe poderá ser devolvido e não há medida possível que repare esta situação, está claro à possibilidade de grave lesão.
O único fundamento jurídico para a manutenção da prisão é ser o crime muito grave. Além disso, o recorrente não apresenta ameaça à conclusão do inquérito penal, não demonstra perigo à sociedade e muito menos traz algum risco de fuga consigo.
Neste sentido, segue o entendimento da corte do STF em seu julgamento do Habeas Corpus n.º 109.956, qual seja:
HABEAS CORPUS – JULGAMENTO POR TRIBUNAL SUPERIOR – IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no artigo 102, inciso II, alínea a, da Constituição Federal, contra decisão, proferida em processo revelador de habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível é o recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do substitutivo do habeas corpus. PROCESSO-CRIME – DILIGÊNCIAS – INADEQUAÇÃO. Uma vez inexistente base para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na condução do processo, indeferi-las.
III. DO DIREITO
O art. 5º, LVII, da Constituição Federal, consagra a garantia fundamental da presunção de inocência, indicativa de que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença condenatória. 
Segundo Renato Brasileiro “Consiste, assim, no direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença transitada em julgado, ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório)”.
Portanto, a prisão decorrente de imposição de pena somente pode ser executada após a consolidação da sentença condenatória, o que ainda não ocorreu, pois se encontra em andamento o processo e não julgamento na primeira instância. Além disso, o crime de concussão tem pena mínima de dois anos, sendo afiançável nos termos do artigo 323 do CPP. A admissão de prisão cautelar depende de fatores determinados, demandando prova da necessidade e da urgência para a sua imposição. Segue-se o disposto no art. 312 do Código de Processo Penal:
Art.312 – A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
Porém o juiz de piso negou a liberdade provisória e a 1ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo denegou a ordem de habeas corpus argumentando apenas ser o crime muito grave.
Em razão do estado de inocência, associado, ainda, à inexistência de elementos para a decretação da preventiva (art. 312, CPP), réu primário, residência fixa e exercício de atividade lícita considera-se constrangimento ilegal a prisão.
Destaque-se, ademais, que a gravidade em abstrato do crime praticado não é motivo para a eleição do regime fechado como foi adotado no caso em tela. 
Conforme Súmula 718 do Supremo Tribunal Federal:
 
Súmula 718. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo doque o permitido segundo a pena aplicada.
 Nesse diapasão existe a possibilidade do réu ser inocentado e se quer foi julgado, evidencia ser a prisão uma violência inaceitável contra o recorrente.
 
IV. DO PEDIDOS
 Ante o exposto, requer que seja conhecido e provido o presente recurso para que se conceda a ordem de Habeas Corpus denegado pela Corte Estadual, arbitrando-se a respectiva fiança para a concessão de liberdade provisória.
São Paulo, data.
Advogado OAB...
Alunos:
Anderson Gois do Prado
Clóvis Lapa
Eduardo Wynne Ferraz Cardoso
Helder Lisboa Moreira
Ivacy José da Silva Moreira
Kátia Vieira Gomes Ferreira
Natália Miranda Batista da Silva
Thiago Soares Batista
Willyane Regina dos Santos
Professor:
Renê Carvalho Pimentel Lima
FIM