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1 2 Sumário 1. HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) ..................................................................... 3 2. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL .................................................................. 11 3. REVISÃO CRIMINAL ................................................................................................. 18 4. MANDADO DE SEGURANÇA ....................................................................................... 26 5. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES ............................................................................... 30 PADRÃO DE RESPOSTAS ...................................................................................... 35 3 1 HABEAS CORPUS (Art. 5º, LXVIII, CF/88) A) CONCEITO - ART. 647 É o remédio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violência ou a coação à liberdade de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso de poder. B) BASE LEGAL C) ESPÉCIES A doutrina costuma apontar, basicamente, duas espécies de Habeas Corpus: a) Habeas corpus liberatório ou repressivo: Havendo violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, pode-se impetrar habeas corpus para afastar o constrangimento ilegal e restabelecer a liberdade de locomoção do paciente. b) Habeas corpus preventivo: Se a violência ou coação em sua liberdade de locomoção ainda não ocorreu, mas há fortes razões para considerar que está na iminência de se configurar, pode-se impetrar habeas corpus preventivo, buscando o “salvo-conduto”, mediante ordem impeditiva da coação, conforme prevê o artigo 660, § 4º, do CPP. D) LEGITIMIDADE ATIVA – ART. 654 Pode ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de habilitação legal ou representação de advogado (dispensada a formalidade da procuração). E) LEGITIMIDADE PASSIVA No polo passivo da ação de habeas corpus está a pessoa – autoridade ou não –apontada como coatora, que deve defender a legalidade do seu ato, quando prestar as informações. Acrescente-se, ainda, que a Constituição Federal não distingue, no polo Base legal: art. 647, 648 do CPP e art. 5º LXVIII da CF 4 passivo, a autoridade do particular, de modo que é possível impetrar habeas corpus contra qualquer pessoa que constranja a liberdade de locomoção de outrem. Ex: imagine-se os inúmeros casos de internação irregular em hospitais psiquiátricos ou mesmo da vedação de saída a determinados pacientes que não liquidam seus débitos no nosocômio. F) ADMISSIBILIDADE/CONTEÚDO – ART. 648 Justa causa é a existência de fundamento jurídico e suporte fático autorizadores do constrangimento à liberdade ambulatória. A hipótese trata da falta de justa causa para a prisão, para o inquérito e para o processo. Só há justa causa para a prisão no caso de flagrante delito ou de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão ou crime militar. Falta justa causa para o inquérito policial quando este investiga fato atípico ou quando já estiver extinta a punibilidade do indiciado. A nova reforma processual penal, ao concentrar os atos da instrução numa única audiência, visou, em especial, concretizar o princípio constitucional da celeridade processual, impedindo, por consequência, que os réus fiquem sujeitos ao constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo. Só pode determinar a prisão a autoridade judiciária dotada de competência material e territorial, salvo caso de prisão em flagrante. A incompetência absoluta do juízo também pode ser reconhecida em sede de habeas corpus. Ex: sentenciado que já cumpriu sua pena, mas continua preso. c) quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo – art. 648, III, do CPP a) quando não houver justa causa – art. 648, I, do CPP b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei – art. 648, II, do CPP d) quando houver cessado o motivo que autorizou a coação – art. 648, IV, do CPP e) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza – art. 648, V, do CPP f) quando o processo for manifestamente nulo – art. 648, VI, do CPP g) quando extinta a punibilidade – art. 648, VII, do CPP 5 G) COMPETÊNCIA a) Do juiz de direito de primeira instância Basicamente, para trancar inquérito policial. Porém, se o inquérito tiver sido requisitado por autoridade judiciária, a competência será do tribunal de segundo grau competente, de acordo com a sua competência. O juiz não pode conceder a ordem sobre ato de autoridade judiciária do mesmo grau. b) Do Tribunal de Justiça Quando a autoridade coatora for juiz de direito e representante do MP Estadual. Ex: se o promotor de justiça requisita a instauração de inquérito policial, sem lastro para tanto, o habeas corpus deve ser impetrado perante o tribunal de justiça. No caso, estando a autoridade policial obrigada a atender a requisição, o promotor de justiça é o verdadeiro responsável pela coação. c) Do Tribunal Regional Federal Se a autoridade coatora for juiz federal (art. 108, I, “d”). d) Do Superior Tribunal de Justiça Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; (...) b) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) e) Do Supremo Tribunal Federal Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo- lhe: I - processar e julgar, originariamente: (...) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art105ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art105ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc23.htm#art105ib http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc22.htm#art102ii 6 Emenda Constitucional nº 22, de 1999) H) JULGAMENTO E EFEITOS a) a concessão de habeas corpus liberatório implica seja o paciente posto em liberdade, salvo se por outro motivo deva ser mantido na prisão. b) se a ordem for concedida para anular o processo, este será renovado a partir do momento em que se verificou o vício c) quando a ordem for concedida para trancar inquérito policial ou ação penal, esta impedirá seu curso normal, isto é, haverá o trancamento do inquérito policial ou ação penal. d) a decisão favorável do habeas corpus pode ser estendida a outros interessados que se encontrem na situação idêntica à do paciente beneficiado. I) DO PEDIDO LIMINAR Importante destacar que somente será necessária a criação deste item se for evidente a possibilidade de antecipação de algum pedido. Por exemplo, se tivermos alguém preso ilegalmente e o conteúdo demonstrado no enunciado demonstra de forma claraque é possível convencer o julgador, desde logo, pela concessão da liberdade em caráter liminar até o julgamento definitivo da ação impugnativa. J) ESTRUTURAÇÃO DO HABEAS CORPUS A) Endereçamento: Juiz ou Tribunal Competente B) Preâmbulo: nome e qualificação do impetrante (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados), fundamento legal (artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88 e art. 648, inciso ...), nome da peça (Habeas corpus), apontar a autoridade coatora, frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); C) Corpo da peça (Dos fatos e do direito). Abordagem voltada ao constrangimento ilegal à liberdade de locomoção E) parte final (local, data, advogado e OAB) D) Pedidos: conforme o fundamento invocado: (a) trancamento do inquérito policial; (b) trancamento da ação penal (se ainda não existir sentença); (c) extinção da punibilidade; (d) nulidade; (e) revogação da preventiva; (f) relaxamento da prisão em flagrante; (g) liberdade provisória (todos com alvará de soltura) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc22.htm#art102ii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc22.htm#art102ii 7 01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE 02 JUSTIÇA DO ESTADO (se a autoridade coatora for juiz de direito estadual, por exemplo) 03 B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO 04 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA .......REGIÃO (se a autoridade coatora for juiz federal, por exemplo) 05 7 a 10 linhas 06 07 FULANO DE TAL (nome e qualificação), advogado inscrito na Ordem dos Advogados do 08 Brasil sob o nº...., com endereço profissional...., vem, respeitosamente, à presença de Vossa 09 Excelência impetrar HABEAS CORPUS1, com base no artigo artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88, 10 combinado com o artigo 647 e 648, inciso...., do Código de Processo Penal, contra ato do 11 BELTRANO DE (autoridade coatora), em favor de CICLANO DE TAL (nome do paciente), nacionalidade, 12 estado civil, profissão, RG..., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 13 14 I) DOS FATOS 15 II) DO DIREITO (Do constrangimento ilegal) 16 1ª parágrafo: apontar a tese 17 2º parágrafo: fundamentar a tese 18 OBS: os fundamentos de mérito do HC encontram-se, invariavelmente, no artigo 648 do CPP 19 III) DO PEDIDO 20 Ante o exposto, o impetrante requer a concessão da ordem de habeas corpus, para o fim de 21 * Trancamento do inquérito policial ou ação penal (por falta de justa causa) 22 * extinção da punibilidade 23 * nulidade 24 * revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura; 25 * relaxamento da prisão em flagrante, com expedição do alvará de soltura; 26 * concessão de liberdade provisória, com expedição do alvará de soltura; 27 28 Local..., data... 1 Pedido Liminar, se for preciso. 8 29 ADVOGADO... 30 OAB... PEÇA RESOLVIDA: HABEAS CORPUS – ADAPTADA DA QUESTÃO 3 – XV EXAME A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel contrata Wilson para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes. 9 01 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO 02 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA ......REGIÃO 03 04 WILSON, nacionalidade, estado civil, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil sob 05 o nº...., com endereço profissional ...., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar 06 HABEAS CORPUS, com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso LXVIII, da CF/88, combinado 07 com os artigos 647 e artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, contra ato do Juiz 08 Federal da Seção Judiciária de...., em favor de RAQUEL, nacionalidade, estado civil, RG..., CPF..., pelos 09 fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 10 11 I) DOS FATOS 12 O Ministério Público Federal ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no 13 art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. 14 Foi ratificado o recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela 15 Defensoria Pública. 16 II) DO DIREITO 17 A paciente foi denunciada pela prática do delito previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90, 18 sendo o recebimento da denúncia ratificado pela autoridade coatora. Todavia, o fato praticado por Raquel 19 é atípico porque não houve o efetivo lançamento definitivo do crédito tributário, nos termos do que dispõe 20 a Súmula Vinculante nº 24 do STF. 21 Assim, não há justa causa para ação penal, pois o fato atribuído à paciente é atípico. 22 Logo, verifica-se flagrante constrangimento ilegal a à liberdade de locomoção de Raquel, razão pela 23 qual o trancamento da ação penal é medida que se impõe. 24 III) DO PEDIDO 25 Ante o exposto, o impetrante requer: 26 a) seja expedido ofício à autoridade coatora, a fim de que preste informações; 27 b) seja intimado o Ilustre Representante do Ministério Público Federal; 28 c) a concessão da ordem de habeas corpus, para o fim de que seja trancada a ação penal, nos termos do 29 artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal. 30 Local..., data... 10 31 ADVOGADO... 32 OAB... 11 02 RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 2.1) CONCEITO Trata-se de recurso destinado a impugnar decisão denegatória de mandado de segurança, mandado de injunção, habeas data e habeas corpus, decididos em única ou última instância, interposto no STJ ou STF, conforme a matéria e o tribunal que profere a decisão recorrida. Diferentemente do recurso especial e extraordinário, o recurso ordinário não exige prequestionamento para ser conhecido. 2.2) BASE LEGAL 2.3) IDENTIFICAÇÃO Base Legal: art. 102, inciso II, alínea “a”, CF STF PEDIU PRA PARAR PALAVRA MÁGICA: DENEGATÓRIA DE HC PEÇA: RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PAROU! Base legal: art. 105, inciso II, alínea “a”, CF STJ 12 2.4) CABIMENTO EM MATÉRIA PENAL a) Decisão denegatória de habeas corpus e de mandado de segurança decididas em única instância pelos Tribunais Superiores (art. 102, II, “a”, CF/88) Trata-se de recurso destinado a impugnar, em matéria criminal, decisões denegatórias de habeas corpus e mandado de segurança proferidas em única instância por Tribunais Superiores, ou seja, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Superior Tribunal Militar (STM). b) Decisão relativas a crimes políticos (art. 102, II, “b”, CF/88). Entende-se por crime político o delito praticado contra a ordem política e social, previstos na Lei 7.170/83. A competência para julgar o crime político é da Justiça Federal, nos termos do artigo 109, inciso IV, da CF/88. Considerando a competência firmada no art. 102, II, “b”, da CF, que não se refere a decisões de única ou última instância, conclui-se que, tratando-se de crime político, o 2º grau será, sempre, o STF medianterecurso ordinário. a) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais, que, em única ou última instância, denegarem a ordem de habeas corpus (art. 105, II, “a”, da CF) Nesse caso, impetrado habeas corpus no Tribunal de Justiça contra decisão de um juiz, em sendo denegado, cabe à parte ingressar com recurso ordinário constitucional para o STJ. b) Decisões dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal ou dos Tribunais Federais, que, em única, denegarem a ordem o mandado de segurança (art. 105, II, “b”, da CF) Trata-se da hipótese de um determinado Tribunal Estadual ou Federal julgar I) NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL II) NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 13 mandado de segurança ajuizado em caso de sua competência originária e, ao final, denegar a segurança pleiteada. Nesse caso, cabe recurso ordinário constitucional para o STJ. 2.5) PRAZO E PROCESSAMENTO DO RECURSO ORDINÁRIO Nos termos do artigo 30 da Lei 8.038/90, quando for decisão denegatória de habeas corpus, o prazo será de 05 DIAS de interposição do recurso ordinário constitucional, já acompanhado das razões, conforme Súmula 319 do STF: “O prazo do recurso ordinário para o STF, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.” O recurso ordinário constitucional para o Supremo Tribunal Federal deve ser interposto perante o Superior Tribunal (STJ/STM/STE) que proferiu a decisão denegatória do habeas corpus ou mandado de segurança, mediante petição já acompanhada das respectivas razões. As razões recursais devem ser dirigidas às Turmas do Supremo Tribunal Federal. O recurso ordinário constitucional para o Superior Tribunal de Justiça deve ser interposto perante o respectivo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal que proferiu a decisão denegatória de habeas corpus ou mandado de segurança. As razões recursais devem ser dirigidas às Turmas do Superior Tribunal de Justiça. A petição de interposição deve estar acompanhada das respectivas razões do pedido de reforma da decisão. Obs: Na hipótese de recurso ordinário constitucional contra decisão denegatória de mandado de segurança, o prazo será de 15 DIAS (art. 33 da Lei 8.038/90). PRAZO • Regra: • 05 dias 14 Questão 04 – XIV EXAME OAB Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65) B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,65) 15 1) PEÇA DE INTERPOSIÇÃO 01 Endereçamento: Ao Presidente do Tribunal que proferiu a decisão recorrida 02 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO 03 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO.... (se crime da competência da justiça estadual) 04 B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO 05 EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL....(se crime da competência da justiça federal) 06 C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO SUPERIOR 07 TRIBUNAL DE JUSTIÇA (QUANDO O HC FOR DENEGADO NO STJ) 08 09 7 a 10 linhas 10 11 FULANO DE TAL, já qualificado nos autos, por seu procurador infra-assinado, com procuração 12 em anexo, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, interpor o presente RECURSO 13 ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, com base no artigo 102, inciso II, alínea “a”, da CF (se for da 14 competência do STF) ou no artigo 105, inciso II, “a” da Constituição Federal (se for da 15 competência do STJ), combinado com os artigos 30 e 32 da Lei nº 8.038/90, requerendo seja o recurso 16 recebido e processado e, ao final, remetido ao Supremo Tribunal Federal (ou Superior Tribunal de Justiça). 17 18 Nestes termos, 19 Pede Deferimento. 20 21 Local..., data... 22 ADVOGADO... 23 OAB... 16 2) RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 01 COLENDO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL ou COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 02 03 Recorrente: Fulano de Tal 04 Recorrido: Ministério Público 05 06 RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL 07 Douta Turma 08 Eminentes Ministros 09 10 I) DOS FATOS 11 II) DO DIREITO 12 * Os fundamentos de mérito invariavelmente guardam relação com as hipóteses do artigo 648 do CPP. 13 III) DO PEDIDO 14 Ante o exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para o fim de 15 que seja reformado o acórdão, concedendo-se a ordem de habeas corpus, a fim de que (exemplos...) 16 * Trancamento do inquérito policial ou ação penal (por falta de justa causa) 17 * extinção da punibilidade 18 * nulidade 19 * revogação da prisão preventiva, com expedição do alvará de soltura 20 * relaxamento da prisão em flagrante, com expedição do alvará de soltura 21 * concessão de liberdade provisória, com expedição do alvará de soltura 22 23 Local..., data... 24 ADVOGADO... 25 OAB... 17 FAÇA VOCÊ MESMO! Para exercitar a peça acima, consulte o material disponível na pasta “Ações Autônomas”, constante no Sistema EAD. O enunciado correspondente está na apostila “E- book: Caderno de peças”, na pág. 09. Já a resolução consta na mesma apostila, na pág. 18. Após realizar a peça, assista à respectiva aula de estruturação! 18 REVISÃO CRIMINAL 1) CONCEITO É uma ação penal de natureza constitutiva e sui generis, de competência originária dos tribunais, destinada a rever decisão condenatória, com trânsito em julgado, quando ocorrer uma das hipóteses do artigo 621 do CPP. Permite-se, portanto, pela revisão criminal, que o condenado possa pedir a qualquer tempo aos tribunais, nos casos expressos em lei, que reexamine o processo já findo, a fim de ser absolvido ou beneficiado de alguma forma. PRESSUPOSTO: pressuposto indispensável ao cabimento do pedido que a sentença condenatória tenha transitado em julgado, ou seja, que da decisão não caiba qualquer recurso, inclusive extraordinário. 2) IDENTIFICAÇÃO 3) BASE LEGAL Não há peça de interposição É AÇÃO! PEDIU PRA PARAR PALAVRA MÁGICA: SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO/ PROCESSO FINDO PEÇA: REVISÃO CRIMINAL PAROU! Base legal: art. 621 do CPP 19 4) CABIMENTO/CONTEÚDO – Art. 621 A sentença condenatória é contrária à lei quando não procede como ela manda ou quando nela não encontra respaldo para sua existência. Quando se tratar de interpretação controversa do texto de lei, não cabe revisão criminal, para se buscar outra análise do mesmo preceito. A hipótese deste inciso é clara: afronta ao texto expresso de lei – e não do sentido que esta possa ter para uns e outros. Contrária à evidência dos autos é a condenação que não tem apoio em provas idôneas, mas em meros indícios, sem qualquer consistência lógica e real. Para ser admissível a revisão criminal, torna-se indispensável que a decisão condenatória proferida ofenda frontalmente as provasconstantes nos autos. A lei utiliza a qualificação comprovadamente para denominar o falso dessas peças constitutivas do conjunto probatório, determinante para a condenação. Portanto, não é qualquer suspeita de fraude, vício ou falsidade que levará a reavaliação da condenação com trânsito em julgado. Torna-se nítida a exigência de uma falsidade induvidosa. Não basta que seja a prova falha, precária ou insuficiente. Não fundamenta a revisão, por exemplo, simples falta de fundamentação de laudo pericial. Provada, todavia, a falsidade do testemunho, colhido eventualmente até sob coação, da perícia ou do documento, não se justifica manter-se aquilo que constitui fraude à Justiça, Ex: réu condenado por fato que não constitui crime ou condenação a pena superior ao limite máximo previsto em lei. comprovadamente falsos c) quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos a) quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal b) contrariedade à evidência dos autos Ex: Seria o equivalente a dizer que todas as testemunhas idôneas e imparciais ouvidas afirmaram não ter sido o réu o autor do crime, mas o juiz, somente porque o acusado confessou na fase policial, resolveu condená-lo. Não havendo recurso, transitou em julgado a sentença. 20 mesmo porque a CF prevê a inadmissibilidade em juízo de prova ilícita. Com o pedido, o requerente deve apresentar a prova que possua para demonstrar a falsificação, já que não se permite na revisão a reabertura do processo para a produção de novas provas. Prova nova é aquela produzida sob o crivo do contraditório, não se admitindo, por exemplo, depoimentos extrajudiciais. É também aquela que já existia à época da sentença, mas cuja existência não foi cogitada. Surgindo novas provas que indiquem que o condenado deveria ser absolvido, ou de existirem circunstâncias atenuantes ou causas de diminuição de pena não cogitadas, ou não estarem presentes circunstâncias agravantes, qualificadoras ou causas de aumento de pena indevidamente reconhecidas, deve ser deferido o pedido revisional. Se as provas inéditas, surgidas depois da sentença condenatória definitiva ter sido proferida, inocentarem o acusado, seja porque negam ser ele o autor, seja porque indicam não ter havido fato criminoso, é de se acolher a revisão criminal. É importante registrar que a jurisprudência tem se manifestado no sentido da necessidade de Ação de Justificação Criminal para a produção de prova nova. Vejamos o item 15 da Edição n. 63 da Jurisprudência em tese do STJ: “A justificação criminal é a via adequada à obtenção de prova nova para fins de subsidiar eventual ajuizamento de revisão criminal”. Dessa forma observa-se o procedimento previsto no artigo 381 do CPC para a produção probatória, visto que não há previsão no CPP para tal procedimento. 5) REVISÃO E EXTINÇÃO DA PENA – Art. 622 Permite a lei o pedido de revisão a qualquer tempo, inclusive após a extinção da pena. Há, na hipótese, interesse de agir, pois, além do aspecto moral ínsito à revisão de uma condenação, pode a decisão condenatória causar gravames ao condenado, não só na esfera civil e administrativa, como também no campo penal (por exemplo, caracterização da reincidência). circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. d) quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de 21 Impede-se a reiteração do pedido de revisão sem novas provas, evitando-se assim simples repetição indefinida daquilo que já foi examinado. Assim, apenas um novo pedido com pretensão diversa, ou alicerçado em novas provas, que possibilite nova apreciação por novos fundamentos de fato e de direito, merece conhecimento. 6) LEGITIMIDADE – Art. 623 Como demonstra este artigo, trata-se de ação privativa do réu condenado, podendo ele ser substituído por seu representante legal ou seus sucessores, em rol taxativo – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Nucci entende que companheiro(a) também pode. Portanto, a revisão pode ser pedida pelo próprio réu, independentemente de estar representado por seu procurador. A revisão pode ser proposta por procurador legalmente habilitado, não se exigindo a outorga ao advogado de poderes especiais. 7) ÓRGÃO COMPETENTE PARA O JULGAMENTO DA REVISÃO CRIMINAL É da competência originária dos tribunais, jamais sendo apreciada por juiz de primeira instância. Se a decisão condenatória definitiva provier de magistrado de primeiro grau, julgará a revisão criminal o tribunal que seria competente para conhecer do recurso ordinário. Caso a decisão provenha de câmara ou turma de tribunal de segundo grau, cabe ao próprio tribunal o julgamento da revisão, embora, nessa hipótese, não pela mesma câmara, mas pelo grupo reunido de câmaras criminais. Tratando-se de decisão proferida pelo Órgão Especial, cabe ao mesmo colegiado o julgamento da revisão. Cabe ao STF o julgamento da revisão criminal de sus julgados, em regra, os de competência originária. Da competência prevista pelo art. 624, deve-se excluir o Tribunal Federal de Recursos (extinto) e acrescentar o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, e, da CF) e os Tribunais Regionais Federais (art. 108, I, B, da CF), que tem competência revisional. 22 8) DECISÃO NA REVISÃO CRIMINAL – Art. 626 Assim, além de se rescindir complementarmente a sentença ou acórdão para absolver o acusado, nada impede, por exemplo, conforme jurisprudência, que se desclassifique a condenação de tentativa de homicídio culposo para lesão corporal culposa, ou de falsificação de documentos para falsa identidade; que se reveja e reduza a pena; que se reconheça nulidade absoluta, anulando-se o processo, embora a nulidade manifesta também possa ser atacada por meio de habeas corpus. 9) ESTRUTURA DA REVISÃO CRIMINAL A) Endereçamento: Tribunal competente – Art. 624 B) Preâmbulo: nome e qualificação do requerente (qualificar, pois se trata de ação - não inventar dados), capacidade postulatória (por seu procurador infra-assinado), fundamento legal (art. 621, inciso ...), nome da peça (Revisão Criminal), frase final (pelas fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos); c) Corpo da peça (Dos fatos e do direito). Lembrem-se que se trata de uma ação E) parte final (local, data, advogado e OAB) COMO NÃO SE TRATA DE RECURSO, NÃO HÁ PEÇA DE INTERPOSIÇÃO. Em princípio, a revisão só pode ser deferida havendo nulidade insanável no processo ou erro judiciário. Mas, apesar do caráter taxativo do art. 621, a decisão em que se julgar procedente a revisão pode alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo, tendo como único obstáculo a impossibilidade de se agravar a pena imposta pela decisão revista. D) pedidos: (a) alteração da classificação do crime; (b) absolvição; (c) modificação da pena; (d) nulidade do processo Obs: pedido conforme o fundamento invocado (VER ARTIGO 626) 23 Endereçamento: Presidente do Tribunal de Justiça ou do TRF 01 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO 02 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO.... (se crime da competência da justiça estadual) 03 B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO 04 TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA .......REGIÃO (se crime da competência da justiça federal) 05 7 a 10 linhas 06 07 FULANO DE TAL, nacionalidade, profissão, estado civil, RG..., endereço eletrônico..., 08 (não inventar dados),por seu procurador infra-assinado,com procuração em anexo, vem, respeitosamente, 09 a presença de Vossa Excelência propor REVISÃO CRIMINAL, com base no artigo 621, inciso ...., pelos 10 fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos: 11 12 I) DOS FATOS 13 II) DO DIREITO2 14 III) DO PEDIDO315 Ante o exposto, requer seja julgada procedente a presente ação de revisão criminal, a 16 a fim de que seja: 17 a) Alterada a classificação para o crime, com base no artigo 626 do Código de Processo Penal; e/ou 18 b) Absolvido o revisando, com base no artigo 626 do Código de Processo Penal; 19 c) anulado o processo, com base no artigo 626 do Código de Processo Penal; 20 d) modificada a pena, a fim de que (Exs: seja afastada a majorante; reconhecida a causa de diminuição 21 da pena); 22 e) reconhecido o direito do revisando à indenização, nos termos do artigo 630 do Código de Processo 23 Penal. 24 f) Pode solicitar a Concessão liminar, se for o caso. 25 Local...e data... 26 ADVOGADO... 27 OAB... 2 Os fundamentos de mérito da revisão criminal encontram-se, invariavelmente, no artigo 621 do CPP. 3 Pedidos podem ser extraídos do artigo 626 do CPP: Alteração da classificação do crime, absolvição, modificação da pena ou nulidade do processo. 24 Questão 02 – XXIV EXAME OAB No dia 10 de setembro de 2014, Maria conversava na rua com amigas da escola, quando passou pelo local Túlio, jovem de 19 anos, que ficou interessado em conhecer Maria em razão da beleza desta. Um mês após se conhecerem e iniciarem um relacionamento, Túlio e Maria passaram a ter relações sexuais, apesar de Maria ter informado ao namorado que nascera em 09 de julho de 2001. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público denunciou Túlio pela prática do crime do Art. 217-A do Código Penal. Após a instrução e juntada da carteira de identidade de Maria, na qual constava seu nascimento em 09 de julho de 2001, Túlio foi condenado nos termos da denúncia, tendo ocorrido o trânsito em julgado. Dois anos após a sentença condenatória, os pais de Maria procuram os familiares de Túlio e narram que se sentiam mal pelo ocorrido, porque sempre consideraram o condenado um bom namorado para a filha. Afirmaram, ainda, que autorizavam o namoro, porque, na verdade, consideravam sua filha uma jovem, já que ela nasceu em 09 de julho de 2000, mas somente foi registrada no ano seguinte, pois tinham o sonho de sua filha ser profissional do esporte e entenderam que o registro tardio a beneficiaria profissionalmente. Diante de tais informações, em posse de fotografias que comprovam que Maria, de fato, nasceu em 09 de julho de 2000 e da retificação no registro civil, os familiares de Túlio procuram você na condição de advogado(a). Na condição de advogado(a) de Túlio, considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir. A) Diante do trânsito em julgado da sentença condenatória, existe medida judicial a ser apresentada em favor de Túlio, diferente de habeas corpus, em busca da desconstituição da sentença? Justifique e indique, em caso positivo. (Valor: 0,65) B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado pelo(a) patrono(a) de Túlio em busca da desconstituição da sentença? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. 25 FAÇA VOCÊ MESMO! Para exercitar a peça acima, consulte o material disponível na pasta “Ações Autônomas”, constante no Sistema EAD. O enunciado correspondente está na apostila “E-book: caderno de peças”, na pág. 03. Já a resolução consta na mesma apostila, na pág. 15. Após realizar a peça, assista à respectiva aula de estruturação! 26 04 MANDADO DE SEGURANÇA 1) NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Embora seja ação constitucional de caráter mais civilista, o mandado de segurança pode ser utilizado, em determinadas hipóteses, contra ato jurisdicional penal. Coadunando-se com o disposto no art. 5º, LXIX, da CF/88, o artigo 1º da Lei 12.016/2009 dispõe que o mandado de segurança visa a proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. Considera-se direito líquido e certo aquele destituído de qualquer dúvida, comprovado de plano, sem a necessidade, portanto, de dilação probatória, sendo ônus do impetrante comprovar, já na dedução em juízo, por documentos os fatos relacionados à violação do direito líquido e certo que alega. Ao contrário do habeas corpus, que é cabível contra ato particular ou autoridade, no caso do mandado do segurança, o coator deverá ser, necessariamente, uma autoridade pública (Lei 12.016/2009, art. 6º, § 3º). 2) IDENTIFICAÇÃO Deve-se verificar no enunciado a informação no sentido de que foi violado direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Automaticamente, estar-se-á diante do mandado de segurança. Não cabe mandado de segurança se cabível recurso contra despacho ou decisão proferida pelo apenado. Também não cabe mandado de segurança contra: a) ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; b) de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; c) de decisão judicial transitada em julgado. 3) BASE LEGAL 27 4) LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA O legitimado ativo para impetrar o mandado de segurança é o titular do direito líquido e certo violado ou ameaçado. Ao contrário do habeas corpus, há necessidade de o impetrante fazer-se representar por advogado habilitado. Nos termos do artigo 1º, “caput” e § 1º, da Lei 12.016/2009, só tem legitimidade para figurar no polo passivo de mandado de segurança a autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 5) COMPETÊNCIA A competência para o julgamento do mandado de segurança é definida de acordo com a categoria da autoridade coatora, bem assim em razão de sua sede funcional. O juiz de direito é competente para o julgamento do mandado de segurança contra ato de autoridade sujeita à sua jurisdição. Os Tribunais de Justiça dos Estados e os Tribunais Regionais Federais para o julgamento contra ato dos juízes de direito ou dos juízes federais As Turmas Recursais para o julgamento do mandado de segurança contra ato dos juízes dos Juizados Especiais Criminais. (Súmula 376 do STJ). 6) PRAZO Nos termos do artigo 23 da Lei nº 12.016/2009, o prazo para a impetração do mandado de segurança é de 120 dias, contados da ciência acerca do teor do ato a ser impugnado. A contagem obedece à regra processual, excluindo-se, pois, o dia inicial. Tal prazo tem natureza decadencial, não sendo possível, pois, interrupção ou suspensão de tal prazo. 7) ALGUMAS HIPÓTESES DE IMPETRAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA NA SEARA CRIMINAL • Decisão que indefere a habilitação do assistente de acusação: Nos termos do artigo 273 do Código de Processo Penal, a decisão que defere Artigo 1º da Lei 12.016/2009 e art. 5º, INCISO LXIX, CF/88 28 ou indefere a habilitação como assistente de acusação é irrecorrível, podendo, no entanto, ser usado o mandado de segurança, por constituir direito líquido e certo do legitimado para ingressar em juízo na condição de assistente de acusação. • Direito de acesso do advogado a autos de inquérito policial e/ou extração de cópias quando estabelecido pelo Delegado de Polícia sigilo nas investigações • Direito retratado na Súmula Vinculante nº 14 do STF • Exclusão do nome do impetrante dos registros externos de antecedentes criminais após o deferimento da reabilitação criminal. 29 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE.. (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERALDA ... REGIÃO (SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) Autos nº... FULANO DE TAL, nacionalidade..., estado civil..., profissão..., RG nº..., por seu procurador infra-assinado com poderes especiais, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência impetrar MANDADO DE SEGURANÇA com pedido liminar, com base no artigo 5º, inciso LXIX, do Constituição Federal/88 e na Lei 12.016/2009, contra ato ilegal praticado pelo (apontar autoridade coautora), em virtude das razões de fato e de direito a seguir expostos. I) DOS FATOS II) DO DIREITO (I – Identificar o direito líquido e certo violado; II – Fundamentação jurídica no sentido de qual foi o dispositivo legal violado; III – Argumentar o cabimento do Mandado de Segurança; IV – Ao final da exposição deverá concluir a argumentação). III) DA LIMINAR (Demonstrar os requisitos como FBI e PM) IV) DO PEDIDO Ante o exposto, é a presente impetração para requerer seja oficiada a autoridade coatora, a fim de que esta preste informações, nos termos do artigo 7º, inciso I, da Lei 12.016/2009, assim como a concessão da segurança em favor de (impetrante), mantendo-se a liminar anteriormente concedida, com o fim de que seja (mencionar a finalidade da impetraçã). Fica o valor da causa fixado em ... Nestes termos, pede deferimento. Local... e data... ADVOGADO... 30 OAB.... EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Proposta de Peça Processual (Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição. Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida. Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial. Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do feito. O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final. Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos para a modificação da decisão hostilizada. 31 Questão 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir. A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor: 0,60) B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. Questões 32 Questão 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65) B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60) 33 Questão 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos responda: Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação criminal? Justifique a sua resposta. 34 HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO. SENTENÇA CONDENATÓRIA COM TRÂNSITO EM JULGADO. "ERRO MATERIAL" EM RELAÇÃO AO REGIME PRISIONAL RECONHECIDO PELO JUÍZO DA EXECUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. REFORMATIO IN PEJUS. INDEVIDA REVISÃO CRIMINAL PRO SOCIETATE. ORDEM CONCEDIDA. 1. Se é certo que a fixação do regime inicial aberto para uma condenação por latrocínio (art. 157, § 3º, do Código Penal) com reprimenda de 18 (dezoito) anos de reclusão, caracteriza evidente "erro material", não menos certo que, no caso concreto, houve o trânsito em julgado da sentença sem que o órgão acusador opusesse embargos de declaração ou interpusesse recurso de apelação. Dormientibus non succurrit jus. 2. Tratando-se, com se trata, de Direito Penal adjetivo não se pode falar em correção ex officio de "erro material", máxime contra o réu. Tal instituto é próprio do Direito Processual Civil (art. 463, I, do CPC). 3. Na esfera penal prevalece o princípio donon reformatio in pejus que impede o agravamento da situação do réu sem uma manifestação formal e tempestiva da acusação nesse sentido. Inteligência da Súmula 160/STF. 4. "Trata-se da cabal confirmação do entendimento de que, neste, como noutros temas, o processo penal não é estruturado por princípios comuns ao processo civil, senão por regras próprias, em razão da prevalência dos interesses públicos que constituem a substância e o objeto permanente do conflito jurídico típico que se presta a decidir e, sobretudo, por força do valor supremo do jus libertatis, do qual o processo é concebido e disciplinado como instrumento de tutela".(STF, HC 83.545/SP, Rel. Ministro CESAR PELUSO, Primeira Turma, DJ 3.6.2006) 5. Nesse viés, seja por nulidade absoluta, seja por "erro material", não se pode agravar (quantitativamente ou qualitativamente) a situação do réu sem recurso próprio do acusador, sob pena de configurar indevida revisão criminal pro societate. Precedentes do STJ. 6. Ordem concedida para, reconhecendo o trânsito em julgado da condenação, manter o regime inicial aberto, como fixado na sentença. (HC 176.320/AL, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2011, DJe 17/09/2012) Jurisprudência 35 OAB 2ª FASE PROCESSO PENAL PADRÃO DE RESPOSTAS 36 1) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL QUESTÃO 04 – XIV EXAME OAB Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir. a. QUAL o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65) b. Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,65) GABARITO COMENTADO De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº 8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS ITEM PONTUAÇÃO A) Recurso Ordinário (0,65). 0,00/0,65 B) O recurso deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça (0,40), no prazo de 05 (cinco) dias (0,20) 0,00/0,20/0,40/0,60 02) REVISÃO CRIMINAL QUESTÃO 02 – XXIV EXAME OAB No dia 10 de setembro de 2014, Maria conversava na rua com amigas da escola, quando passou pelo local Túlio, jovem de 19 anos, que ficou interessado em conhecer Maria em razão da beleza desta. Um mês após se conhecerem e iniciarem um relacionamento, Túlio e Maria passaram a ter relações sexuais, apesar de Maria ter informado ao namorado que nascera em 09 de julho de 2001. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público denunciou Túlio pela prática do crime do Art. 217-A do Código Penal. Após a instrução e juntada da carteira de identidade de Maria, na qual constava seu nascimento em 09 de julho de 2001, Túlio foi condenado nos termos da denúncia, tendo ocorrido o trânsito em julgado. Dois anos após a sentença condenatória, os pais de Maria procuram os familiares de Túlio e narram que se sentiam mal pelo ocorrido, porque sempre consideraram o condenado um bom namorado para a filha. Afirmaram, ainda, que autorizavam o namoro, porque, na verdade, consideravam sua filha uma jovem, já que ela nasceu em 09 de julho de 2000, mas somente foi registrada no ano seguinte, pois tinham o sonho de sua filha ser profissional do esporte e entenderam que o registro tardio a beneficiaria profissionalmente. Diante de tais informações, em posse de fotografias que comprovam que Maria, de fato, nasceu em 09 de julho de 2000 e da retificação no registro civil, os familiares de Túlio procuram você na condição de advogado(a). Na condição de advogado(a) de Túlio, considerando apenas as informações narradas, responda aos itens a seguir. A) Diante do trânsito em julgado da sentença condenatória, existe medida judicial a ser apresentada em favor de Túlio, diferente de habeas corpus, em busca da desconstituição da sentença? Justifique e indique, em caso positivo. (Valor: 0,65) B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado pelo(a) patrono(a) de Túlio em busca da desconstituição da sentença? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. GABARITO COMENTADO A) Sim, existe. A medida judicial a ser apresentada em favor de Túlio é a ação de impugnação conhecida como Revisão Criminal, com fundamento no Art. 621, inciso II ou inciso III, do Código de Processo Penal. Isso porque, após a sentença condenatória com trânsito em julgado, foi verificado que o documento de identificação de Maria era ideologicamente falso, já que constava data nascimento diferente da real. A mudança na data de nascimento de Maria altera o fundamento para condenação, tendo em vista que, na realidade, era maior de 14 anos na data dos fatos. O examinando pode, ainda, defender o cabimento do instituto da revisão criminal com base no surgimento de provas novas, após a sentença, que comprovem a inocência do acusado, quais sejam as fotografias e declarações dos pais no sentido de que a certidão de nascimento da filha era falsa e que, na verdade, Maria era maior de 14 anos na data dos fatos. B) O argumento a ser apresentado é de atipicidade da conduta praticada por Túlio, tendo em vista que Maria era maior de 14 anos na data dos fatos. O Art. 217-A do Código Penal prevê o crime de estupro de vulnerável, sendo uma de suas hipóteses quando o agente pratica conjunção carnal ou ato libidinoso diverso com menor de 14 anos. Mesmo que Túlio acreditasse que Maria era menor de 14 anos, objetivamente ela não o era, uma vez que nasceu em 09 de julho de 2000. Provado que seu nascimento ocorreu mais de 14 anos antes dos fatos, necessária a absolvição de Túlio em razão da atipicidade da conduta. Importante destacar que os atos sexuais praticados foram consentidos por Maria, logo não há que se falar em crime de estupro do Art. 213 do Código Penal. DISTRIBUIÇÃO DOS PONTOS ITEM PONTUAÇÃO A. A medida judicial cabível é da revisão criminal (0,40), com fundamento no Art. 621, inciso II OU III, do Código de Processo Penal (0,10), tendo em vista que a condenação foi baseada em documento comprovadamente falso OU em razão do surgimento de prova nova, após a sentença, apta a demonstrar a inocência do acusado (0,15). 0,00/0,15/0,25/ 0,40/0,50/0,55/0,65 B. O argumento é de que a conduta de Túlio era atípica (0,20), tendo em vista que, objetivamente, Maria era maior de 14 anos na data dos fatos e houve consentimento na prática dos atos sexuais(0,40). 0,00/0,20/0,40/0,60 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES PROPOSTA DE PEÇA PROCESSUAL (Defensor MG/2009 – adaptada - FUMARC) Pajero Full, um jovem advogado, estava exercendo a função de advogado, perante a 1ª Vara de Família de Canoas, RS, por ocasião da contestação apresentada em processo de investigação de paternidade, imputou à genitora do investigante a prática de atos sexuais com diversos homens, afirmando ainda que aquela se dedicava habitualmente à prostituição. Pajero Full foi informado por seu cliente das atividades exercidas pela genitora do investigante durante as entrevistas necessárias para elaboração da defesa técnica por ele exercida. Sentindo-se difamada e injuriada com as alegações de Pajero Full, profundamente indignada a mãe do investigante ofereceu queixa-crime contra o advogado. A queixa-crime foi distribuída ao juízo da 2ª Vara Criminal comum daquela cidade, ao entendimento de que aquela causa é de maior complexidade, considerando o acervo probatório, fugindo, portanto, da competência do juizado especial. Desta forma, o Juiz da 2ª Vara Criminal de Canoas, RS, após ter restada inexitosa a conciliação, recebeu a denúncia e determinou a citação do querelado, que sustentou, em sua defesa preliminar, não ser possível a existência e a continuidade do processo por lhe faltar um dos pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do feito. O magistrado responsável pelo julgamento indeferiu o pedido formulado na defesa preliminar, dizendo que deixa para apreciar todas as questões de fato e de direito por ocasião da sentença final. Elabore a peça processual cabível contra a decisão do magistrado, apontando todos os argumentos jurídicos para a modificação da decisão hostilizada. GABARITO COMENTADO A peça a ser elaborada é um Habeas Corpus, para trancamento da ação penal, com base no artigo 648, inciso I, do CPP e artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal. Tese da atipicidade da conduta considerando o artigo 142 do Código Penal. QUESTÃO 01. A Receita Federal identificou que Raquel possivelmente sonegou Imposto sobre a Renda, causando prejuízo ao erário no valor de R$27.000,00 (vinte e sete mil reais). Foi instaurado, então, procedimento administrativo, não havendo, até o presente momento, lançamento definitivo do crédito tributário. Ao mesmo tempo, a Receita Federal expediu ofício informando tais fatos ao Ministério Público Federal, que, considerando a autonomia das instâncias, ofereceu denúncia em face de Raquel pela prática do crime previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Assustada com a ratificação do recebimento da denúncia após a apresentação de resposta à acusação pela Defensoria Pública, Raquel o procura para, na condição de advogado, tomar as medidas cabíveis. Diante disso, responda aos itens a seguir. A) Qual a medida jurídica a ser adotada de imediato para impedir o prosseguimento da ação penal? (Valor: 0,60) B) Qual a principal tese jurídica a ser apresentada? (Valor: 0,65) O examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. GABARITO COMENTADO A) Deve o advogado de Raquel impetrar de imediato habeas corpus visando ao “trancamento” da ação penal, pois o fato ainda não é típico. B B) A situação narrada representa constrangimento ilegal a Raquel, pois, de acordo com a Súmula Vinculante 24, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo do tributo. Dessa forma, vêm entendendo os Tribunais Superiores que, antes do esgotamento da instância administrativa com lançamento do tributo, não pode ser oferecida denúncia pela prática do crime (Art. 1º, incisos I ao IV, da Lei nº 8.137). QUESTÃO 02. (Exame XIV) Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.” O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal, tendo em vista que toda decisão judicial deve estar amparada em uma fundamentação idônea. O Tribunal de Justiça, por unanimidade, não concedeu a ordem, entendendo que a decisão que decretou a prisão preventiva estava corretamente fundamentada. De acordo com a jurisprudência atualizada dos Tribunais Superiores, responda aos itens a seguir. A) Qual o recurso que o advogado de Cristiano deve manejar visando à reforma do acórdão? (Valor: 0,65) B) Qual o prazo e para qual Tribunal deverá ser dirigido? (Valor: 0,60) GABARITO COMENTADO De acordo com a jurisprudência atualizada, tanto do STJ como do STF, bem como com o mandamento descrito no Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, em Habeas Corpus caberá Recurso Ordinário. O Art. 30, da Lei nº 8.038/90, determina ser de 05 (cinco) dias o prazo para interposição de recurso ordinário contra decisão denegatória de Habeas Corpus proferida pelos Tribunais dos Estados. No caso narrado no enunciado, o recurso deve ser dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, conforme informa o Art. 105, II, “a”, da Constituição Federal, já que se trata de decisão proferida pelo Tribunal de Justiça. QUESTÃO 3. Fátima foi vítima de acidente fatal no trânsito, na ocasião Fausto dirigia o seu veículo e deu causa à morte. Inconsolado com a perda, Carmelo, o viúvo, se comprometeu a buscar a responsabilização do autor do crime. Durante o processo criminal, que tramitou perante a 1ª Vara Criminal de Florianópolis, em que o motorista Fausto respondeu em liberdade, não foi possível comprovar qualquer modalidade de culpa por parte de Fausto, logo a absolvição foi a medida imposta. Após o trânsito em julgado da decisão, Carmelo localizou uma testemunha presencial do delito, de nome Sabrina, que não tinha mais sido localizada, porém estava presente no momento do fato, tendo sido inclusive ouvida durante a polícia, mas infelizmente na fase judicial não foi possível, pois estava residindo no exterior. Sabrina informou que Fausto não estava vindo ao lado da via que indicou em juízo, que o acidente se deu em virtude dele ter feito uma manobra irregular, tendo assim surpreendido Fátima que estava no local adequado. Sabrina informa ter guardado por cautela uma foto que tirou logo após o fato que demonstra a parada inicial do veículo na ocasião do acidente. Diante dos fatos responda: Considerando a prova nova, testemunha ocular, é possível oferecer para Carmelo alguma medida ou ação criminal? Justifique a sua resposta. GABARITO COMENTADO No âmbito criminal não há medida ou ação a ser oferecida a Carmelo, uma vez que não se pode diante de prova nova desfavorável ao réu relativizar a coisa julgada. Assim sendo, a Revisão Criminal somente poderá ser feita dos processos com sentença condenatória transitada em julgado, como regra, conforme o artigo 621 do CPP. A sugestão seria buscar orientação na esfera civil, para fins de eventual responsabilização.
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