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DIREITOS FUNDAMENTAIS Aluna: Maria Carolina Ribeiro Professor: Geovane Peixoto Aulas 2015.1 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS: 1.1. Conceito: Algo fundamental pode ser considerado algo essencial, logo, os direitos fundamentais são um conjunto de direitos subjetivos que representam um núcleo essencial inerente aos seres humanos. O fato de ser humano faz com que alguns direitos subjetivos sejam fundamentais. Questiona-se se os direitos fundamentais não poderiam ser ampliados aos outros seres vivos, como sujeitos de direito. Todo direito fundamental gera um dever fundamental. Todo direito fundamental é relativo, porque é direito e não valor absoluto. 1.2. Direitos Fundamentais x Direitos Humanos: A doutrina tem feito uma distinção entre direitos fundamentais e direitos humanos – direitos humanos são aqueles direitos essenciais ao ser humano que lhes confere direitos subjetivos. A diferença entre os direitos fundamentais e os direitos humanos é a fonte de positivação. Os direitos fundamentais estão positivados em constituições, ao passo que, os direitos humanos estão positivados, via de regra, em tratados internacionais. Os direitos internacionais estão relacionados à soberania dos Estados, gerando diplomas jurídicos constitucionais que identificam esses direitos, enquanto os direitos humanos possuem a pretensão de universalidade, transcendem os Estados, logo, só podem ser positivados em tratados internacionais, e estes, só atingem os Estados signatários. - Até a chegada do constitucionalismo, a preocupação com os direitos fundamentais era posta como uma preocupação dos direitos humanos (era uma questão de direito natural). O direito natural gerava insegurança jurídica, pois não era aplicado igualmente a todos, com a positivação dos direitos fundamentais, passa-se a ter segurança jurídica (Carta Magna de 1215). 1.3. Gerações dos Direitos Fundamentais: 1ª dimensão dos direitos fundamentais: “Liberdade” – São os direitos individuais protegidos pelo Estado, Os indivíduos passam a ter um direito subjetivo individual, e, caso esse direito seja violado. O Estado deve intervir (função protetiva e garantidora de direitos). A 1ª fase é a fase da liberdade. O Estado era mínimo e não intervencionista. Alguns exemplos de Constituições que se enquadram na primeira dimensão: Constituição Brasileira de 1824 e Constituição Belga de 1881. Constitucionalismo forte. 2ª dimensão dos direitos fundamentais: “Igualdade” – O Estado que era mínimo e não intervencionista, passa a ser o Estado provedor positivo, então o Estado se responsabiliza pela saúde, educação, moradia, etc. Todos passam a ser tratados com iguais, porém de forma individual. Adota-se nessa fase a Constituição programática e dirigente (CF/1988). Nessa fase é possível notar nas constituições um conteúdo acerca das políticas públicas. Alguns exemplos de Constituições que se enquadram na primeira dimensão: Constituição Mexicana de 1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919, Constituições Brasileiras de 1937, 1946, 1988. Fase dos direitos sociais e econômicos, típicos do constitucionalismo social. Direitos sociais não significam direitos coletivos. Quando temos uma nova fase dos direitos fundamentais, temos novos direitos acrescentados à dimensão anterior. 3ª dimensão dos direitos fundamentais: “Fraternidade” – É a dimensão da coletividade. Essa dimensão tutela os interesses coletivos, não mais individuais, e se dividem em duas categorias: interesses coletivos “stricto sensu”, que se refere a uma dimensão jurídica de uma parcela identificável da sociedade e os interesses difusos referem-se a uma parcela não identificável. A Segunda Guerra Mundial foi um marco para a divisão entre os direitos individuais e os direitos coletivos, pois, o formato de direito anterior (individuais), permitiu que muitas atrocidades ocorressem na época da guerra. 4ª dimensão dos direitos fundamentais: Propõe a internacionalização dos direitos fundamentais, com o surgimento dos direitos internacionais. É o direito coletivo externo. Mas a partir disso surge um problema: qual a posição dos direitos internacionais diante da soberania do Estado? No Brasil, o STF buscou uma solução legalista sobre isso: Artigo 105, III, “a” – Compete ao STJ julgar em sede de recurso especial as causas julgadas quando houver contrariedade a leis ou tratados internacionais. Logo, os tratados internacionais representam normas infraconstitucionais. Para um tratado ser recepcionado pelo Brasil é necessário que este tratado seja assinado pelo presidente, aprovado pelo senado e depois ratificado pelo presidente. Na época da ditadura militar brasileira, foi editado um Decreto Lei que atendia o interesse econômico das instituições financeiras. Esse decreto lei permitia que as instituições vendessem os bens que não foram pagos, mas, caso na busca e apreensão não fosse encontrado o bem, o proprietário poderia ser considerado um depositário infiel, e com este status, a prisão é autorizada. No Pacto de San José, a prisão por dívida civil, só poderia ocorrer se fosse em casos de inadimplência alimentícia, porém, como os tratados internacionais eram infraconstitucionais, a prisão do depositário infiel era permitida. Artigo 5º, §2º - Os direitos e garantias previstos na Constituição não excluem outros direitos previstos em princípios, ou tratados internacionais. Muitos doutrinadores pregam que a decisão do supremo não condiz com este artigo da Constituição, porém para o STF, o direito internacional permanece infraconstitucional. A solução dos doutrinadores era mudar a Constituição. A questão que antes era material, passou a ser formal: a depender do teor do conteúdo do tratado internacional, este, será equiparado a uma emenda constitucional, dependendo da votação que obtiver no Congresso. Os tratados anteriores ficaram submetidos a súmula vinculante 25 – os tratados internacionais que versam sobre direitos humanos, a partir da emenda constitucional nº 45, passam a ser normas supralegais. 2. EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS A normas fundamentais são de aplicação imediata, segundo o Artigo 5º, I. Porém, muitos direitos fundamentais só possuem eficácia mediante uma lei regulamentadora posterior. O legislador constitucional para evitar conflitos, redigiu o Artigo 5º, LXXI – mandado de injunção que serve para que o poder judiciário num caso concreto, possa solucionar um problema onde há um direito omitido devido a inexistência de uma lei regulamentadora posterior. O mandado de injunção dá efetividade aos direitos fundamentais. 3. DIMENSÕES VERTICAL E HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: 3.1. Dimensão vertical: A evolução dos Direitos Fundamentais está ligada a um processo político que determinou a ressignificação da posição do Estado perante os indivíduos – O Estado sai de uma posição de superioridade absoluta e passa a ter limites nas relações com os indivíduos (os indivíduos passam a possuir um amparo legal dos seus principais direitos, limitando assim, os poderes do Estado. O Estado passa a ter a obrigação de se comportar perante a sociedade diante das limitações postas pelos Direitos Fundamentais. A previsão da separação dos poderes, instituída pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assegura que os Direitos Fundamentais serão cumpridos pelo Estado, que antes era violador dos mesmos. O Judiciário terá um papel muito importante no controle do poder estatal, pois, via de regra, o Poder Judiciário não se movimenta pelas próprias pernas, ou seja, não age de ofício, para que haja uma ação, é necessário que ele seja provocado (Princípio da Inércia do Poder Judiciário). Os Direitos Fundamentais, durante o primeiro momento, somente eram arguíveis entre o Estado e os indivíduos.Esta relação, segundo a doutrina, é a dimensão vertical dos Direitos Fundamentais, onde o Estado é superior aos indivíduos, porém, possui limitações perante estes. 3.2. Dimensão horizontal: Na década de 50, na Alemanha, ocorre o caso Luth. Este caso, é o primeiro onde admite-se a horizontalidade dos Direitos Fundamentais. Surge aqui, a tese de que, os Direitos Fundamentais não deveriam ser aplicados apenas nas relações entre os indivíduos e o Estado, mas também nas relações particulares entre os indivíduos. A Suprema Corte da Alemanha passa a entender que existe uma dimensão horizontal dos Direitos Fundamentais, porém não nega a existência da dimensão vertical. No Brasil, a questão da horizontalidade passa a ser discutida a partir do século XXI. 4. A ESSENCIALIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Os Direitos Fundamentais são o núcleo mais importante dos direitos de um sujeito. O que torna um direito fundamental é o fato de haver preocupação nuclear com a dignidade humana, sendo este o núcleo de proteção central dos Direitos Fundamentais. Não se deve confundir valor com direito. O pós positivismo jurídico acrítico passou a invocar exageradamente a dignidade humana, e, muitas vezes, utiliza-se disto para que seja possível ferir a dignidade de outrem. O Contrato Social significa uma metáfora. É a metáfora que explica a ideia do Estado de Direito. Estado de Direito é aquele Estado em que os indivíduos abrem mão das suas liberdades em prol da coletividade, logo, quando se fala em "liberdade religiosa" refere-se a valor, mas quando fala-se em "direito à liberdade religiosa" existem restrições. 4.1. Características dos Direitos Fundamentais: a) Historicidade: Os Direitos Fundamentais não surgem de forma natural, são historicamente construídos pela sociedade. b) Inalienabilidade: Os Direitos Fundamentais não podem ser objeto de transações comerciais (questiona-se a respeito). c) Indisponibilidade: Não se pode dispor sobre os Direitos Fundamentais (questiona-se a respeito). d) Imprescritibilidade: Não há prescrição sobre os Direitos Fundamentais. Todo Direito Fundamental pode ser mitigado. Os Direitos Fundamentais não são absolutos, podendo ser relativizados (exemplo: Direito a Vida – no Brasil, em caso de guerra, pode-se relativizar este direito fundamental). 4.2. “Soluções” para colisões entre Direitos Fundamentais: Segundo Robert Alexy, diante de colisões entre Direitos Fundamentais que gerem um conflito normativo, deve-se utilizar a ponderação de interesses (esta técnica deve ser aplicada no caso concreto, não sendo possível observar a sua aplicação no plano abstrato). Por vezes questiona-se se a decisão proferida foi de certo a mais justa e adequada. Dworkin critica Alexy, pois para ele, a ponderação de interesses gera insegurança jurídica e abre a possibilidade de uma interpretação subjetiva, pois, a decisão dependerá da descrição feita pelo magistrado. A Teoria da Ponderação de Alexy é extremamente subjetivista, pois desconsidera elementos fáticos e normativos, porém, esta teoria foi criada para as condições da Alemanha (vale ressaltar que a Suprema Corte Alemã não adota a teoria mencionada integralmente). Dworkin afere que, a decisão correta é aquela que se adequa ao sistema jurídico. 5. DIREITO À VIDA: 6. DIREITO À LIBERDADE: A liberdade é um valor absoluto, mas o direito à liberdade é algo relativo. Num estudo histórico acerca da liberdade, tem-se a mesma como uma autonomia absoluta. Thomas Hobbes foi o primeiro a perceber que a liberdade enquanto valor individual não pode ser absoluta, pois, é necessário que haja uma regulamentação estatal para que haja a salvaguarda dos direitos fundamentais. O conjunto dos direitos individuais dependem de uma restrição jurídica da liberdade. O contrato social em Hobbes é responsável por garantir direitos fundamentais a partir da delimitação da liberdade individual (Artigo 5º, II – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude da lei” – a legalidade enquanto elemento limitador da liberdade). A liberdade vem bastante agregada ao capitalismo. A limitação à liberdade somente é aceitável no momento em que ela interfere no interesse da sociedade. No preâmbulo da Constituição e no caput do Artigo 1º institui-se que não se pode mitigar o interesse coletivo em face de um interesse privado. Não há democracia se não há liberdade: todos devem possuir o direito à liberdade de expressão dentro de uma sociedade pluralista (Artigo 5º IV, V). Biografias não autorizadas: Nas biografias fala-se de outrem. Art. 20/CC – Não autoriza as biografias não autorizadas, pois, defende o direito a imagem. Muitos acreditam que esta lei é inconstitucional, mas, os que dizem que é constitucional defendem que à restrição à liberdade se dá para proteger outro direito fundamental. Uma terceira corrente defende a não proibição das biografias desde que ela não viole a privacidade dos indivíduos, cabendo inclusive indenização caso isto ocorra. “A liberdade de expressão consiste no direito que todos têm de dizer aquilo que eu discordo”. Politicamente correto: Surgiu no auge do modelo totalitário repressor da URSS (Stálin) dentro do seguinte pressuposto: só está correto aquilo que o partido diz que está correto. Proíbe o pluralismo. Possibilidade de manifestação acerca de qualquer tema: (XLII – crime de racismo). 6.1. Liberdade religiosa: A Constituição estabelece a laicidade estatal, que significa que o Estado não possui religião oficial. Laicidade e liberdade religiosa não são a mesma coisa. Paralelamente à laicidade o Estado assegura a inviolabilidade da liberdade de crença e protege os locais de culto. A ideia de liberdade religiosa surge na Constituição de 1946, defendida por Jorge Amado. As instituições estatais não podem mostrar nenhum tipo de preferência por alguma religião, mas as pessoas podem criticar, opinar, discordar, etc. Sacrifício de animais: Questiona-se até que ponto são permitidos cultos onde ocorrem sacrifícios de animais (principalmente, nas religiões de matrizes africanas). No momento em que ocorre sacrifício de animais, questiona-se se isto não é o tratamento cruel para com os animais. Quando isto ocorrem aparecem dois grandes blocos em conflito (defensores da liberdade religiosa x defensores dos direitos dos animais). A Constituição traz algumas outras possibilidades de liberdade: liberdade de associação (Art. 5º, XVII); liberdade de reunião. 6.2. Liberdade de expressão, o problema do hate speech e o caso Ellwanger: Com base no texto de Daniel Sarmento, pode-se aferir que geralmente os Estados conferem proteção ao direito de expressão, porém não toleram o hate speech, diferentemente dos Estados Unidos, onde há uma proteção muito maior a liberdade de expressão. Nos Estados Unidos, a tolerância quanto ao hate speech é maior por consta da primeira emenda constitucional deste país, onde é vedado a qualquer um dos estados que criem legislações que atentem de qualquer modo o direito à liberdade individual. Nos Estados Unidos inclusive, o direito mais protegido é o direito à liberdade de expressão, e, a expansão na proteção do direito à liberdade de expressão tem se dado em parte, ao custo do enfraquecimento na garantia de outros direitos contrapostos. “Em resumo, nos Estado Unidos se entende que as manifestações de ódio e intolerância contra minorias são protegidas pela liberdade de expressão”. No Brasil, este tema foi amplamente debatido no caso Ellwanger, que chegou ao STF para a análise: Ellwanger publicava livros com conteúdo antissemita, e foi processado por isto. Quando o pedido de habeas corpus chegou ao Supremo, questionou-se se era realmente necessário ocorrer um processo criminal decorrente daspublicações, pois o autor estava exercendo a sua liberdade de expressão. Decidiu-se através da ponderação de interesses que sim, havia a necessidade de imputação criminal a Ellwanger pois, o seu direito fundamental à liberdade neste caso, não poderia se sobrepor à dignidade das minorias ofendias com a publicação. 7. DIREITO À PRIVACIDADE: Art. 5º, X: É inviolável a intimidade, vida privada, honra e imagem. A ideia de proteção à privacidade decorre da compreensão destas quatro categorias jurídicas. Intimidade: O objeto de proteção é tudo aquilo que o indivíduo possui no seu íntimo, que só ele domina e só ele pode dispor ou não. É o que se tem internamente e não se deseja repartir. “É o direito de proteção dos segredos mais recônditos do indivíduo, como sua vida amorosa, opção sexual, o seu diário íntimo, o segredo sob juramento, as suas próprias convicções”. “É a vida secreta ou exclusiva que alguém reserva para si, sem nenhuma repercussão social, nem mesmo junto a sua família, aos seus amigos e ao seu trabalho”. É a essência do indivíduo. Vida privada: A dimensão da intimidade compartilhada em pequenos grupos (familiares, amigos, etc.), representa a vida privada do indivíduo. É um viver entre os outros que exige certa reserva. Honra: “Honra é a dignidade pessoal refletida na consideração alheia e no sentimento da própria pessoa”. É caracterizada pelos valores de uma determinada pessoa, valores estes, que podem ser divididos em duas dimensões: - Subjetiva: diz respeito aos valores que o indivíduo considera em relação a sua própria pessoa; - Objetiva: é aquela que é percebida pelos valores que os outros atribuem ao indivíduo. Imagem: É constituída pelos elementos objetivos que tornam possível a identificação de uma pessoa. A mesma proteção dada à imagem é dada à voz, por exemplo (elementos objetivos). O direito a imagem tem como escopo resguardar os aspectos físicos da pessoa, impedindo a divulgação. O ônus da prova para o pleiteio da indenização é quem alega ter sofrido a lesão. A pessoa precisa provar que houve um fato (quebra de um direito fundamental constitucionalmente tutelado), mas não é necessário o enquadramento em um tipo específico, pois a indenização é uma sanção cível e não penal. No intuito de proteger a privacidade, o legislador constituinte definiu que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, entende-se como casa, qualquer local onde o indivíduo pratique os seus atos da vida cotidiana mesmo, que de forma transitória, não é necessário confirmar o ânimo definitivo da pessoa. A interpretação dos direitos fundamentais deve ser feita sempre de forma ampliativa, ou seja, deve-se tentar potencializar os direitos fundamentais. São invioláveis as correspondências, o sigilo telefônico, etc. O sentido de correspondência é ampliado. Há diferenças entre o email pessoal e o email de trabalho. Caso a empresa queira, ela pode fiscalizar o email de trabalho, pois este deve ser utilizado exclusivamente para fins da empresa, inclusive porque, quando há um contato através do email de trabalho, é como se fosse a empresa falando através de um representante. Acerca do sigilo das conversas telefônicas: O direito posto na Constituição de 1988 era máximo. Quando a lei 9296/96 foi editada ela restringiu o direito, diminuindo a âmbito de restrição. Antes da existência desta lei não era possível que houvesse uma interpretação restritiva, pois, no âmbito de direitos fundamentais, a interpretação deve ocorrer de forma ampliativa sempre. Ou seja, neste caso, não cabe intervenção do poder judiciário nem a impetração do mandado de injunção, visto que o mandado de injunção deve ser utilizado quando o poder legislativo for omisso e quando houver diminuição ou supressão de um direito fundamental. No caso da quebra de sigilo não há diminuição ou supressão de direito, pois este encontra-se no seu nível máximo. Isto está em consonância com o dispositivo que diz que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão por virtude de lei. Direito à inviolabilidade da casa: Só pode ser inviolada em caso de flagrante delito (a qualquer hora), desastre (a qualquer hora), para prestar socorro (a qualquer hora) ou por determinação legal (somente durante o dia). Direito ao sigilo de correspondências e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas: O objetivo é proteger as mensagens, assegurando a privacidade das pessoas envolvidas (remetente e destinatário). 8. DIREITO À SEGURANÇA JURÍDICA: Quando se fala em segurança jurídica, fala-se em algo que não se relaciona apenas com um conceito preliminar acerca de um princípio. Na verdade, fala-se em algo maior, que está correlacionado com o próprio papel assumido pelo direito na modernidade. Esse papel diz respeito à aquela função reguladora assumida pelo Estado como fruto das Teorias do Contrato Social (responsáveis pela delimitação de um novo tipo de Estado – o Estado de Direito). Em decorrência da insegurança que foi típica do Estado Natural, ocorre a necessidade de um novo tipo de direito capaz de superar diversos problemas, conferindo certeza e segurança nas relações sociais. O direito é colocado na posição de elemento capaz de gerar a estabilização de expectativas nas relações sociais. A segurança jurídica é posta como direito fundamental no art. 5º, XXXVI (direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada). Princípio da inafastabilidade da apreciação do poder judiciário (subprincípio da segurança jurídica). Direito ao devido processo legal entra no direito à segurança jurídica. A garantia de segurança jurídica impõe aos poderes públicos o respeito à estabilidade das relações jurídicas já constituídas e a obrigação de antecipar os feitos das decisões que interferirão nos direitos e liberdades individuais e coletivas. 9. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NO ÂMBITO PENAL E PROCESSUAL PENAL: Há uma preocupação do Estado ao definir no rol de direitos e garantias fundamentais acerca do direito penal e do direito processual penal, sendo que, essas duas áreas devem sempre ser interpretadas à luz dos direitos fundamentais assegurados na Constituição Garantismo penal: (Luigi Ferrajoli) Aplicação das garantias penais constitucionalmente estabelecidas, quando da aplicação do direito penal e processual penal. Todo o direito penal e processo penal precisa ser interpretado sempre à luz dos direitos fundamentais, não é possível aplicar nenhum tipo de política penal que esteja dissociada dos princípios e valores esculpidos constitucionalmente como direitos fundamentais. Sistema penal: Todas as instituições e institutos utilizados no tratamento dos comportamentos sociais desviantes (crime). As políticas públicas e os direitos fundamentais são os auxiliadores do sistema penal. Há aqui a garantia da legalidade ou da reserva legal (não há crime nem pena sem previsão legal), garantia da anterioridade penal (não há crime nem pena sem prévia previsão legal), garantia da taxatividade (a lei penal incriminadora deve ser precisa e específica), garantia da culpabilidade (não há pena sem culpabilidade), garantia da não culpabilidade (ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória) e garantia do juiz natural (ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente), garantia de inadmissibilidade de provas ilícitas (são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos), garantia do silêncio ou da não auto incriminação (o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado), garantia da prisão constitucional (ninguém será preso senão em flagrante delitoou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei), garantia da vedação de prisão civil por dívida (veda a prisão por dívida civil, salvo por obrigação alimentícia e por depositário infiel), garantia da intervenção mínima (o direito penal só deve atuar na defesa de bens jurídicos imprescindíveis à coexistência pacífica dos homens e que não podem ser eficazmente protegidos de forma menos gravosa), garantia da fragmentariedade (o direito penal limita-se a castigar as ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais relevantes), garantia da humanidade, garantia da adequação social e da insignificância, garantia da alteridade, garantia da confiança, garantia da irretroatividade da lei penal mais severa e da retroatividade da lei penal benéfica, garantia da pessoalidade da pena e da individualização da pena, garantia da não extradição, 10.DIREITO À IGUALDADE: Dentro do Estado capitalista, uma das premissas é a desigualdade. Diante desse cenário, o Estado passa a ter um papel importante para estabelecer políticas públicas com o objetivo de equilibrar as relações desiguais. A desigualdade, materialmente, existe. O Estado deve reconhecer essas desigualdades e estabelecer políticas que tentem equilibrar as relações. Art. 5º, CF, caput: igualdade formal: estabelece que todos sejam tratados como iguais perante a lei. Igualdade material: fomentada pela lei, o conteúdo da lei prevê medidas para que a desigualdade seja mitigada (art. 3º, III, IV). O Brasil, constitucionalmente, institui proteção à igualdade formal e material. O direito fundamental à igualdade prescreve que: tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, na medida de desigualdade. Medida da desigualdade: diagnosticar o elemento de discriminação que abala a igualdade, para que sejam estabelecidas medidas desiguais para mitigar as desigualdades existentes. 11.DIREITO À PROPRIEDADE: (Art. 5º, XXIII) - propriedade privada é direito fundamental de todo cidadão brasileiro. Este direito poderá sofrer restrições em função do cumprimento de sua função social. A ideia de função social da propriedade está diretamente tutelada pela Constituição em seu art. 182: na propriedade urbana, quem tem competência para definir a função social é o município através do plano diretor. Estatuto das cidades: lei federal que estabelece a função social da propriedade urbana quando não há plano diretor. Em relação à propriedade rural: art. 186. Diretrizes constitucionais e legislação federal. A função social gera a possibilidade de intervenção estatal em relações privadas para assegurar que esses valores definidores da função social da propriedade sejam preservados (a regra é a não intervenção estatal no âmbito das relações privadas). O direito de propriedade é um direito individual condicionado ao bem estar da comunidade, na medida e quem a propriedade deverá atender a sua função social, logo, a Constituição só garante a propriedade se a mesma cumprir a sua função social. Propriedade intelectual: Envolve os direitos autorais e a propriedade industrial. 12.DIREITOS SOCIAIS: A nossa Constituição Federal foi elaborada dentro da perspectiva da social democracia. Dentro do Estado de Bem Estar Social o Estado assume uma posição de provedor, ou seja, deve providenciar o atendimento de alguns direitos sociais que são programaticamente definidos pela própria Constituição. A Constituição de 1988 passa a elencar direitos sociais, o Estado passa por intermédio de políticas públicas, a concretizá-los. No momento em que adota- se a perspectiva do Constitucionalismo Social, cabe ao Estado a concretização das políticas públicas necessárias para que esses direitos sejam efetivados. Há um direito de todos os indivíduos difusamente colocado, e, como consequência desse direito surge um dever fundamental por parte do Estado, qual seja efetivar esses direitos sociais. Dentre o rol de direitos tem-se a saúde, educação, meio ambiente ecologicamente equilibrado, sadia qualidade de vida, previdência social, assistência social, etc. Existe um artigo na Constituição que estatui os principais direitos sociais, de modo genérico, qual seja o artigo 6º. Esta lista é meramente exemplificativa, pois, os direitos fundamentais são ampliativos e o artigo 5º, §2º institui que os direitos fundamentais presentes na Constituição não excluem outros. Os direitos sociais elencados na Constituição dependem de políticas públicas para concretizá-los. Quando se fala em mínimo existencial dentro de uma sociedade capitalista, necessariamente se fala em bens materiais; os direitos relacionados a estes bens materiais estão elencados no art. 7º, §2º. Os direitos sociais necessitam de recursos financeiros para a sua efetivação, diferentemente dos direitos individuais, e, os recursos que os Estados possuem não são ilimitados, e por isso, nem sempre a efetivação dos direitos fundamentais é possível. Nasce um problema jurídico: mínimo existencial x reserva do possível (escassez de recursos). “Os direitos sociais surgiram na tentativa de resolver uma profunda crise de desigualdade social que se instalou no mundo no período pós guerra, Fundados no princípio da solidariedade humana, os direitos sociais foram alçados a categorias jurídicas concretizadoras dos postulados da justiça social, dependentes, entretanto, de execução de políticas públicas voltados a garantir amparo e proteção social aos mais fracos e mais pobres. 12.1. Caso das insulinas análogas: As insulinas análogas não foram padronizadas pelo governo federal para fornecimento pelo sistema público de saúde. Não é evidencias de que o tratamento com insulinas análogas traga melhores resultados terapêuticos quando comparadas com insulinas humanas. Um dos fundamentos usados a favor da implantação das insulinas análogas é que o tratamento apenas com insulinas humanas é incapaz de promover o adequado controle de glicemia sem um aumento inaceitável no risco de hipoglicemia. 84% das insulinas pedidas judicialmente são análogas, e, em 88% dos casos os tribunais decidiram a favor do paciente. Geralmente as decisões que concedem a insulina se fundamentam na condição socioeconômica do paciente (hipossuficiente), e constantemente ocorre alguma análise acerca da necessidade e eficácia do tratamento pedido. Acerca da escassez de recursos do Estado, foram utilizados os seguintes argumentos: “quando está em jogo o direito à vida e à saúde dos pacientes, a questão dos custos é irrelevante”, em muitos casos entendeu-se que a culpa do Estado não possuir recursos é da própria Administração Pública. Nos casos onde negou-se a disponibilização da insulina análoga, conclui-se que ocorreria uma lesão ao sistema de saúde. Não foram aceitos os pedidos de pessoas que possuíam condições para a compra dos medicamentos ou que não conseguiram provar a sua hipossuficiência, bem como, foram negados os pedidos quando concluiu-se que a insulina análoga não seria indispensável para o paciente, ou quando o conjunto probatório não se mostrava suficiente. Em geral, os pedidos individuais são concedidos pelos magistrados, mas os pedidos coletivos que visam uma mudança estrutural do sistema de saúde são negados, com base na escassez de recursos públicos. Em face dessa escassez, afirma-se que, se as insulinas análogas fossem distribuídas a todos, não haveriam recursos para outras demandas importantes. 13.AÇÕES CONSTITUCIONAIS: De nada adianta um extenso rol de garantias fundamentais se não houver alguma maneira de efetiva-los; por isso. As ações constitucionais têm como objetivo garantir o cumprimento dos direitos fundamentais ouevitar lesões a esses direitos, de modo que, essas ações podem ser usadas para reprimir as lesões (sentido repressivo) e para evitar lesões aos direitos fundamentais (sentido protetivo). 13.1. Mandado de segurança: É a ação constitucional usada para a defesa do direito líquido e certo de uma pessoa, violado ou ameaçado de violação, por ato ilícito ou abusivo de uma autoridade pública ou de quem faça as vezes de autoridade pública. Não é possível a utilização da ação de mandado de segurança quando for possível a preservação do direito por intermédio das ações de habeas corpus ou habeas data. O mandado de segurança pode ser impetrado de forma individual (art.5º, LXIX) ou coletiva (art.5º, LXX). O direito líquido e certo (sólido) é aquele inquestionável e quantificável, desde o momento em que se impetra o mandado de segurança. O direito que a pessoa alega possuir é inquestionável, mas aquele que alega deve demonstrar a ausência de dúvida sobre o que ele está falando. A prova do mando de segurança de ver pré constituída, ou seja, ela já existe quando impetra-se o mandado de segurança, de modo que, não se admitem provas durante o decorrer da ação. Se alguém entrar com uma ação sem provas, provavelmente ela será extinta. Sempre o impetrante do mandado de segurança deve indicar quem é a autoridade coatora. Em alguns casos, mesmo não havendo agente público (agente com vínculo funcional com a administração pública), por ficção jurídica, uma pessoa que não possui vínculos públicos, mas presta serviços à Administração, pode sofrer mandados de segurança (concessionários, permissionários e autorizatários de serviços públicos). Pode ocorrer controle de constitucionalidade sobre os mandados de segurança desde que seja um controle difuso (não pede-se diretamente o controle de constitucionalidade, isto deve estar presente nos fundamentos do processo). O controle concentrado seria prejudicial ao pedido principal. Não cabe mandado de segurança contra a lei em tese (concretamente), segundo a Súmula nº266, ou seja, só cabe o controle difuso, incidental. O mandado de segurança pode ser preventivo ou repressivo. O repressivo é utilizado para desconstituir o ato ilegal ou abusivo praticado por autoridade coatora. O preventivo visa evitar a prática do ato ilegal ou abusivo. O mandado de segurança pode ser individualmente proposto, mas, em se tratando de mandado de segurança coletivo, há legitimados específicos (art.5º, LXX). O mando de segurança coletivo deve pleitear o direito líquido e certo do grupo. Segundo Hely Lopes Meirelles, o mandado de segurança pode ser entendido como “o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade, reconhecida por lei, para a proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça”. O mandado de segurança é uma ação constitucional de natureza civil, com rito sumário e especial. 13.2. Habeas corpus: Art.5º, LXVIII. É uma ação constitucional direcionada a proteção da liberdade de locomoção, logo, sempre que alguém se encontrar na condição de ter a sua liberdade de locomoção violada ou ameaçada de ser violada, por ato ilegal ou abusivo de uma autoridade pública, cabe a impetração do habeas corpus. Ocorre aqui a ameaça do direito de ir, vir e permanecer porque alguém constrange a liberdade de locomoção. O habeas corpus repressivo serve para exigir a liberdade de locomoção, ou seja, reestabelecer a liberdade de locomoção que foi violada. No habeas corpus preventivo há uma ameaça de restrição à liberdade de locomoção, e nesses casos há o pedido de um salvo conduto para impedir que a liberdade de locomoção seja violada. Existem três figuras na impetração dos habeas corpus: O impetrante, o paciente e autoridade coatora. Qualquer cidadão pode ser o impetrante do habeas corpus. O paciente é a pessoa em favor de quem se impetra o habeas corpus. Em princípio, a agente coator deve ser uma figura pública (exceção – casos em que o hospital ou clínica psiquiátrica nega a alta ao paciente). Não cabe habeas corpus quando se tratar de punição disciplinar militar (art.142, §2º). No Brasil, o habeas corpus foi instituído pela primeira vez no Código de Processo Criminal de 1832, sendo acolhido pela Constituição de 1891. É uma ação constitucional de natureza penal, destinada especificamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder. Pode ostentar natureza repressiva ou preventiva. Será preventivo quando tiver por fim evitar a ocorrência da violação do direito protegido, e, será repressivo ou liberatório quando manejado para corrigir ou desfazer a lesão já consumada. A CPP atribui legitimação universal para o ajuizamento desta ação. 13.3. Mandado de injunção: Art.5º, LXXI. Incorpora uma inovação extremamente importante no sistema de ações constitucionais para a defesa de direitos dentro do sistema constitucional brasileiro. Esta ação tem como o objetivo proteger todo o cidadão que se achar ameaçado no seu exercício de direitos em decorrência de omissões do poder público. A Constituição determina ao poder público que edite uma norma para regulamentar um determinado direito constitucional e o poder público se omite (caracteriza-se a omissão inconstitucional). Diante das omissões inconstitucionais cabe a impetração do mandado de injunção. O poder judiciário diante de uma coso especifico determina qual a forma de exercício de um direito inviabilizado diante da omissão do legislativo. O mandado de injunção não pode questionar a ausência da norma reguladora em tese (ADIN por omissão), mas somente pedindo providencias. É um mecanismo de controle difuso constitucional. Não há no Brasil, norma regulamentadora do procedimento do mandado de injunção, de sorte que, o poder judiciário brasileiro entendeu, após decisão do supremo, que aplica-se supletivamente no que couber, a normatização procedimental do mandado de segurança. Questiona-se qual o limite de atuação do poder judiciário no mandado de injunção. A omissão será suprida pelo poder judiciário, mesmo que este não possua poder para legislar, porém, o que foi decidido deve estar em consonância com o que já está posto. “O objeto do mandado de injunção é tornar viável o exercício de um direito fundamental, quer a obrigação de prestar o direito seja do poder público, quer seja do particular.” “Toda e qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titularize um direito fundamental, não exercitável ante a omissão do poder público em expedir norma regulamentadora necessária, tem legitimidade para propor o mandado de injunção.” A legitimidade passiva no mandado de injunção é do órgão responsável da norma regulamentadora, segundo o STF. 13.4. Habeas data: Art.5º, LXXII. Lei 9.507/97. O habeas data é a ação constitucional direcionada para a proteção do direito à informação. Na cabe habeas data em relação a direito de terceiro, somente quando o indivíduo quiser informações acerca de si próprio. O habeas data pode ser utilizado para corrigir informações colocadas de maneira errada (função corretiva). Não cabe cumulação de ações (ação de rito sumário). Não cabe mandado de segurança para a informação acerca da pessoa ou correção de dados. 13.5. Ação popular: Art.5º, LXXIII. Lei 4.717/65. Importante instrumento de democracia participativa existente no modelo constitucional brasileiro. Se um cidadão desistir de uma ação popular, a mesma não é extinta (é como se houvesse conversão em ação civil pública), pois defende-se aqui o interesse de todos,e por isso o cidadão fica imune das custas e do ônus da sucumbência. É uma ação de rito ordinário. Admite-se produção de prova durante o processo. Segundo Hely Lopes Meirelles, ação popular é o “meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos – ou a estes equiparados – ilegais ou lesivos ao patrimônio federal, estadual, ou de suas autarquias entidades paraestatais e pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos”. Sua finalidade poderá ser tanto preventiva quanto repressiva: preventivamente a ação será ajuizada antes de se consumarem os efeitos lesivos do ato, e, repressivamente, será proposta após a concretização da ação, buscando o ressarcimento do dano causado. O objeto da ação popular é todo o ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural (além das ações, abrange as omissões do poder público). 13.6. Ação civil pública: Art,129, III. Lei 7.347/85. Ação ordinária para a proteção do interesse e patrimônio público ou para interesses difusos e coletivos. Não é somente o Ministério Público que tem legitimidade para propor a ação civil pública. 13.7. Reclamação constitucional: 13.8. Direito de petição: 14.NACIONALIDADE: O brasil adota dois critérios: o territorial (primário) e o sanguíneo (secundário). Alguns cargos na Administração Públicas são cargos que somente podem ser ocupados por brasileiros natos. A priori, é brasileiro nato todo aquele que nasce no território brasileiro, salvo nos casos de filhos de estrangeiros a serviço do seu Estado de origem. A Justiça Federal é o juízo competente para casos de nacionalidade. O nato possui a sua nacionalidade originária. 14.1. Casos de parentesco: O filho de pai ou mãe brasileira que nasçam no exterior, estando o seu pai ou mãe a serviço do Estado, tem o direito da nacionalidade brasileira. O filho de pai ou mãe brasileira pode a qualquer tempo optar pela nacionalidade brasileira, quando completar a maior idade. EC 57/2007. A nacionalidade é originária, logo, ela retroage (ex tunc), a sentença aqui é meramente declaratória. 14.2. Casos de nacionalidade secundária – nacionais por naturalização: O indivíduo atente requisitos previamente estabelecidos por lei e pode optar por tornar-se brasileiro. Os brasileiros natos e naturalizados devem ser tratados de modo igual, salvo nas exceções previstas expressamente pela Constituição. A lei não pode estabelecer tratamento diferenciado. O Brasil faz uma distinção no art.12, II, entre as pessoas que são oriundas de países cujo idioma oficial é o Português e os estrangeiros de outros países (a linguagem é o principal elemento identificador de uma cultura). Para os países que possuem Português como língua oficial, o indivíduo deve fixar moradia ininterrupta por um ano e comprovar idoneidade moral. Para os estrangeiros de outros países, o indivíduo deve fixar residência ininterrupta por quinze anos não podendo possuir condenação penal. 14.3. Perda de nacionalidade: Tiver cancelado a sua naturalização, por sentença judicial em virtude de atividade nociva ao interesse social, adquirir outra nacionalidade (a dupla nacionalidade é excepcional). 14.4. Portugal: Os Portugueses gozam dos direitos que os brasileiros possuem, desde que a legislação portuguesa também garanta direitos similares aos brasileiros, por equiparação. 14.5. Direitos políticos: A cidadania representa a capacidade de exercer direitos civis e políticos. Art.14 – o exercício dos direitos políticos é obrigatório para qualquer cidadão brasileiro maior de 18 anos de idade (voto, ação popular, plebiscito, referendo, iniciativa popular). A participação política requer o alistamento eleitoral. Não podem se alistar como eleitores os estrangeiros e os conscritos durante o período de serviço militar obrigatório. Existe um dispositivo que veda a perpetuação do poder nas mãos de uma mesma família. Os vínculos de afinidade não de dissolvem, mas é possível que ocorra uma dissolução fática do vínculo de afinidade para que possa ocorrer uma candidatura. A Constituição veda que os militares de afiliem a um partido, mas podem disputar eleições: devem se licenciar da função, e durante o período de licença devem requisitar uma inscrição provisória, que só será efetivada posteriormente. O militar conscrito não é elegível. 14.6. Suspenção de direitos políticos: Em regra, não há perda ou suspensão de direitos políticos, salvo nas exceções. . 15. PARTIDOS POLÍTICOS: Lei 9.096/95. Os partidos devem prestar contas à justiça eleitoral (neste caso não há a função jurisdicional mas sim uma função atípica administrativa fiscalizatória). Os partidos possuem autonomia interna. A coligação em nível nacional não precisa se repetir a nível estadual e municipal. Não perde o mandato aquele que for eleito por voto majoritário, caso troque de partido. A infidelidade partidária será válida somente nos cargos onde o voto é proporcional. Não cabe partido político de caráter paramilitar.