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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO JOSÉ JANDERSON LOPES DA SILVA A GESTÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE ENERGIA EÓLICA NO CEARÁ FORTALEZA 2013 JOSÉ JANDERSON LOPES DA SILVA A GESTÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE ENERGIA EÓLICA NO CEARÁ Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Administração da Faculdade Cearense como requisito parcial para a obtenção do grau de Graduação. Professor-Orientador: Ricardo Cesar de Oliveira Borges, Ms. FORTALEZA 2013 JOSÉ JANDERSON LOPES DA SILVA A GESTÃO AMBIENTAL E A SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE ENERGIA EÓLICA NO CEARÁ Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Administração, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data da Aprovação: _____/_____/______ BANCA EXAMINADORA Professor Ms. Ricardo Cesar de Oliveira Borges Professora Ms. Professora Esp. Aos meus Pais, familiares e amigos. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a Jesus Cristo, por dar-me muita saúde, sabedoria e pelo dom de minha vida, consagro tudo que tenho e o que sou a eles. À minha família (Maria Auxiliadora, Marina, Marcela) primos e primas, tios e tias que me deram amor e carinho e tudo que uma pessoa necessita para seguir o caminho certo na vida. À minha mãe, Elinete, meu pai, Marcos, e a minha irmã Jamille, que me ensinaram a viver e amar as pessoas e sempre estiveram juntos, apesar das dificuldades. A Hamanda Freires que me deu muito apoio e força durante todos os momentos. A meu orientador Ricardo Cesar de Oliveira Borges que me ajudou a elaborar este trabalho, fornecendo informações e conhecimento necessários, transformando meus pensamentos. Assim como aos professores Marcos Falcão, Paulo Henrique, Alexander de Oliveira, Bernadete, Júlio César que durante todo período acadêmico me ensinaram e me mostraram os caminhos corretos para o futuro e conclusão deste trabalho tão significativo, e a professora Rebeca Catunda que me deu uma grande ajuda. Assim como aos coordenadores e gestores das empresas IDER, ENER Brasil e KWARA Energias do Brasil, que me deram uma força para a conclusão deste trabalho Aos meus amigos e colegas que durante todos esses anos ajudaram-me e contribuíram não apenas na conclusão deste trabalho, mas na minha própria formação pessoal. “A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas, pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que tomo mundo vê” (Arthur Schopenhauer). RESUMO A expressão “desenvolvimento sustentável” é hoje um dos termos mais conhecidos e mais discutidos no Brasil e no mundo, onde conferências e debates procuram aliar a natureza ao crescimento e desenvolvimento mundial. No que se refere ao descaso com a natureza e seus ecossistemas, as atividades humanas de forma capitalista, trouxeram desequilíbrios que veem provocando distúrbios e mudanças naturais em todo o planeta. Este descaso está refletido nas mudanças climáticas abruptas, alterações ambientais e naturais das regiões do planeta, e na morte da biodiversidade em todo o mundo. A gestão ambiental entra neste meio para buscar soluções à preservação ambiental e como utilizar de forma racional os recursos naturais disponíveis e as formas de energias renováveis, aliando sempre a preservação da natureza com o desenvolvimento humano. Concernente a isto, o objetivo principal deste trabalho é apresentar os programas de gestão ambiental e sustentabilidade que as empresas ENER- BRASIL, IDER e KWARA promovem no estado do Ceará. Além disto, ressaltar conceitos sobre os tipos de energias consideradas limpas, focando o potencial da região cearense que é a energia eólica. Para atingir o objetivo principal deste trabalho foram realizadas pesquisas de caráter exploratório, explicativo, descritivo e de campo, as quais fazem com que o pesquisador aproxime-se ainda mais das relações conceituais a respeito do tema abordado; além disto, há também a análise bibliográfica e documental com tratamento de dados coletados e da análise de conteúdo obtido com os instrumentos de pesquisa como o formulário de entrevistas. O estudo resultou em uma visão mais completa e clara sobre a gestão ambiental, sustentabilidade e gestão energética no estado do Ceará, mostrando que é possível viver juntamente com a natureza em equilíbrio, sem agredi-la e destruí-la. Palavras Chave: Gestão Ambiental; Sustentabilidade; Gestão Energética. ABSTRACT The theme of sustainable development is now one of the best known and most terms discussed in Brazil and abroad, conferences and debates which seek to combine the nature of growth and development worldwide. With regard to the great neglect of nature and its ecosystems, human activities in a capitalist who see bring imbalances causing disturbances and natural changes in the whole planet. This neglect is reflected in abrupt climate change, environmental changes and natural regions of the planet, death biodiversity worldwide. Environmental management enters this medium to seek solutions to environmental preservation and rationally using available natural resources and renewable forms of energy, always combining nature conservation with human development. Concerning this, the main goal of this work is to present the programs of environmental management and sustainability that companies ENER-BRAZIL, IDER KWARA and promote the state of Ceará. Furthermore, to emphasize concepts about the types of energy considered clean, focusing on the region's potential cearense is wind energy. To achieve the main objective of this research work were conducted exploratory in nature, explanatory, descriptive and field, where these features make the researcher come on even more conceptual relations about the topic covered, in addition, there is also the analysis bibliographic, documental treatment of data collected and the analysis of content obtained with survey instruments as the form of interviews. However, the study will result in a more complete and clear information about environmental management, sustainability and energy management in the state of Ceará, showing that it is possible to live together with nature in balance, without damaging it and destroying it. Keywords: environmental management, sustainability, energy management. LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS Figura 1 Energias Renovável e não renovável ................................................................... 28 Figura 2 Distribuição vertical da velocidade do vento ....................................................... 29 Figura 3 Aerogerador Moderno ..........................................................................................30 Figura 4 Moinho de Vento Medieval ................................................................................ 31 Figura 5 Potencial Eólico Brasileiro ................................................................................... 37 Figura 6 Potencial Energético Brasileiro por Regiões........................................................ 38 Figura 7 Parques eólicos contratados e em construção ...................................................... 45 Figura 8 Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Araras ........................................................ 47 Figura 9 Energia proveniente das Ondas ............................................................................ 48 Figura 10 Usina de Energia proveniente das Ondas ........................................................... 48 Figura 11 Sistema de Bombeamento de água (Eólico e Solar) ........................................... 57 Figura 12 Capacitação de Profissional (projeto instalador qualificado) ............................ 58 Figura 13 Instalação do Sistema Solar CENEA ................................................................. 58 Figura 14 Instalação do Sistema Solar em Residência (Fortaleza) .................................... 59 Figura 15 Educação Socioambiental e Socioeducativas..................................................... 60 Figura 16 Ações Socioambientais e Socioeducativas......................................................... 60 Figura 17 Capacitação de Jovens ....................................................................................... 61 Figura 18 Energia Eólica .................................................................................................... 62 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Taxas de Crescimento do PIB 2012 .................................................................... 40 Tabela 2 Eólicas em operação em 2011 ............................................................................. 42 Tabela 3 Leilões em 2009 – Início das Operações em 2012 .............................................. 42 Tabela 4 Leilões em 2010 – Início das Operações em 2013 .............................................. 43 Tabela 5 Leilões em 2011 – Início das Operações em 2014 .............................................. 43 Tabela 6 Parques no Ceará em Construção e Contratado ................................................... 46 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Os maiores geradores de energia elétrica .......................................................... 28 Quadro 2 Usinas Eólicas em Operação .............................................................................. 38 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A.C. – Antes de Cristo ABEEOLICA – Associação Brasileira de Energia Eólica ADECE – Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica BIG – Banco de Informações Gerais CBEE – Centro Brasileiro de Energia Eólica CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica CIPP – Complexo Industrial e Portuário do Pecém CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sergio Brito CTA – Centro Técnico Aeroespacial EPE – Empresa de Pesquisa Energética EUA – Estados Unidos da América (Estates United American) FBB – Fundação Banco do Brasil FIEC – Federação das Industrias do Estado do Ceará GLP – Gás Liquefeito de Petróleo GTZ - Agência de Cooperação Alemã. GW – Giga Watts IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Gestão e Estatísticas IDER – Instituto de Desenvolvimento de Energias Renováveis IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciencias e Tecnologia do Ceará INPE – Instituto Nacional de Pesquisas IPECE – Instituto de Pesquisa e Estratégias Econômicas do Ceará ISO – International Organization Standardization (organização internacional para padronização) KW – Kilo Watts LED – Light Emitting Diode (diodo emissor de Luz) MME – Ministério de Minas e Energia MW – Mega Watts OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. PCH – Pequenas Centrais Hidrelétricas PIB – Produto Interno Bruto PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PSB – Partido Socialista Brasileiro PUC-RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro RMF – Região Metropolitana de Fortaleza SEMS – Specification for Environmental Management Systems (Especificações para Sistema de Gestão Ambiental) SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial UNCED - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente UNIFOR – Universidade de Fortaleza Sumário 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 13 2 GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE .................................................. 17 2.1 Contextualização antes do Século XX no mundo ......................................................... 18 2.2 Século XX: evolução e definição da temática da pesquisa ........................................... 20 2.3 Histórico sobre a questão ambiental .............................................................................. 20 3 ENERGIA ....................................................................................................................... 27 3.1 Energia Eólica................................................................................................................ 29 3.2 História da Energia Eólica ............................................................................................. 30 3.3 Energia Eólica no Brasil ................................................................................................ 35 3.4 Energias Eólica no Ceará ............................................................................................... 39 3.5 Outras Tecnologias ........................................................................................................ 46 4 ARCABOUÇO METODOLÓGICO ............................................................................ 51 4.1 Abordagem Qualitativa.................................................................................................. 51 4.2 Tipologia da Pesquisa .................................................................................................... 52 4.3 Instrumento da Pesquisa ................................................................................................ 53 4.4 Tabulação de Dados....................................................................................................... 53 4.5 Operacionalização da Pesquisa ...................................................................................... 54 5 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................................ 56 5.1 Ener Brasil Soluções em Energia Solar ......................................................................... 56 5.2 Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis ............................... 59 5.3 Kwara Energias do Brasil .............................................................................................. 62 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 64 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 67 APÊNDICE A Instrumento de Pesquisas ........................................................................... 71 APÊNDICE B Transcrição das Entrevistas das Empresas ................................................. 731 INTRODUÇÃO A preocupação com o meio ambiente é uma realidade. A cada dia se percebe proporções maiores de descontrole humano e descaso deste com a natureza, como o aumento considerável na fabricação de produtos tecnológicos como aparelhos celulares, tablets, smartphones, notebooks, entre outros eletrônicos que possuem em sua constituição materiais pesados (mercúrio, chumbo, cádmio, berílio, lítio), químicos e prejudiciais tanto ao meio ambiente quanto à saúde humana. Surge, assim, outra preocupação que são os destinos que serão dados a estes materiais químicos quando forem descartados, visto seu grau de contaminação. E por falta de uma fiscalização mais intensiva das autoridades responsáveis, estes materiais acabam sendo depositados em locais inapropriados como em lixões, nas ruas ou até próximo a leitos de rios, contaminando afluentes por conta desta má gestão dos efluentes. Esta negligência, o homem leva para as empresas. A busca desenfreada pelo lucro, pela concorrência, pelo aumento da carteira de clientes e novos mercados, por exemplo, sugere que o homem não objetive os aspectos ambientais e sustentáveis nas organizações; principais contribuintes para a poluição no planeta. Neste aspecto, a Gestão Ambiental é responsável por coordenar a utilização dos recursos ambientais e articular os agentes sociais, como empresas, comunidades e suas legislações, entre outros fatores; em favor do meio ambiente. Segundo Almeida et. al. (2005), a reciprocidade entre os agentes sociais busca conciliar e reduzir a exploração dos recursos naturais, econômicos e sócio-culturais, através de princípios e diretrizes previamente estipulados; esta interatividade resulta na Gestão Ambiental. Para isto, a otimização nos processos produtivos previne tais tipos de desperdícios, buscando um melhor e maior aproveitamento dos recursos disponíveis. Medidas como reciclagem de materiais sólidos e líquidos, utilização consciente das energias, entre outros métodos, favorecem ao desenvolvimento sustentável de uma nação e quando disseminada beneficia todo o planeta, preservando e cuidando do ecossistema mundial. Estas medidas podem ser adotadas por todas as pessoas, através de ações de reciclagem, não jogando resíduos tóxicos, como baterias, lâmpadas fluorescentes, detergentes químicos e outros sintéticos, no meio ambiente. E, por parte das organizações, através da reciclagem de papéis, reutilização de óleos e outros produtos que podem ser reutilizados, além dos cuidados com os descartes de resíduos sólidos e líquidos, seus efluentes, entre outras medidas a serem tomadas. Outra forma de preservar o meio ambiente de maneira sustentável é reduzir os gastos de energia elétrica. Utilizar energia elétrica sem ter um controle adequado resulta em mais poluição do meio ambiente com gases provenientes de combustíveis fósseis, destruição, queimadas, contaminação entre outros fatores. Através de novas tecnologias, como a utilização de lâmpadas com diodo emissor de luz ou light emitting diode (L.E.D.), utilização de placas solares para gerar energia ou calor para locais que necessitam de aquecedores entre outras, é possível reduzir os impactos causados pela interferência humana no meio ambiente e ainda produzir bens e serviços que satisfaçam suas necessidades. A construção e desenvolvimento de ambientes ecologicamente corretos que aproveitam os recursos naturais como forma de gerar energias, sensores de presença para reduzir os desperdícios desta produção de energia, estão entre projetos que reduzem os gastos de tal recurso, que está se tornando mais necessário na rotina diária. A eletricidade é a principal fonte de energia atualmente, mas nem sempre foi assim. O petróleo era, até algumas décadas, uma das matrizes energéticas do mundo mais importantes e necessárias para as atividades que necessitavam de seus produtos e subprodutos com asfalto, borrachas, gasolina, gás liquefeito de petróleo (GLP), gás natural entre outros. O crescimento da escassez deste recurso natural é um fato, visto a sua enorme exploração mundial. Consequentemente torna-se urgente a busca por novas fontes energéticas e, diante do quadro da crise ambiental, para que não prejudiquem o meio ambiente, seja por meio da exploração, por meio de seus subprodutos ou de qualquer outra forma, o ideal será uma fonte de energia renovável que favoreça ao desenvolvimento e recuperação do, já prejudicado, ecossistema terrestre. A energia é fundamental para o desenvolvimento das nações, havendo assim pouco espaço para continuar explorando e utilizando recursos não renováveis. O fato é que abastecimentos dos vetores energéticos atuais, por meio destes recursos não renováveis, trazem prejuízos a todo o planeta e, principalmente, a seus habitantes, sendo, portanto, necessário preservar o meio ambiente com cada vez mais medidas sustentáveis através de uma gestão ambiental mais comprometida com os valores do mundo, como a ecologia, a sustentabilidade, preservando e cuidando do planeta. O Estado do Ceará inicia um novo tempo de desenvolvimento e iniciativas. Em 22 de outubro de 2009, foi publicada uma matéria no sítio eletrônico da Fundação Brasil Cidadão que destaca o Estado do Ceará com quatro projetos entre as 24 melhores experiências selecionadas pela Fundação Banco do Brasil (F.B.B.) de um total de 665 projetos inscritos no concurso, em 2009, em medidas sustentáveis. Estas iniciativas e a abordagem dos projetos cearenses estão relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Além disto, na região nordeste do Brasil, especificamente no Estado do Ceará, foco desta pesquisa científica, proporciona um grande potencial energético; tornando-se possível ofertar energia elétrica renovável a preços baixos e competitivos. Segundo a publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a matriz energética da região cearense está sendo incrementada e fortalecida por fontes energéticas renováveis como eólica, solar, das marés e biodiesel. Portanto, faz-se necessário abordar nesta monografia o uso de energias renováveis e sua gestão, como ponto forte para a disseminação do conhecimento da evolução energética no Estado e atrelada a isto, vem o crescimento econômico que tais investimentos proporcionam, observando ainda as estruturas de desenvolvimento sustentável. Atualmente o assunto energias renováveis é discutido na maioria dos congressos, reuniões e fóruns (congresso internacional de bioenergia; reunião das secretarias de energia; fórum global de energias renováveis), no qual os temas preservação ambiental e o futuro do planeta entre outros temas como sustentabilidade energética, engenharia reversa são abordados. O motivo disto é o fato do ser humano estar tão dependente de energia elétrica para se divertir, trabalhar, descansar e realizar tantas outras atividades, que viver sem esta tecnologia parece inviável. O assunto energias renováveis aliados à gestão ambiental e sustentabilidade é hodierno e sua discussão faz-se necessária para as gerações futuras; preocupação diuturna do profissional em Administração comprometido com a ética e responsabilidade sócio ambientais. Partindo dos argumentos apresentados anteriormente, busca-se investigar a gestão ambiental e a sustentabilidade no setor de energias renováveis no Estado do Ceará, com foco no potencial eólico, para responder o seguinte problema: Quais são as programas de gestão ambiental e de sustentabilidade que as empresas ENER-BRASIL, IDER e KWARA as quais trabalham no setor de energias renováveis promovem? Neste sentido, objetiva-se identificar programas de gestão de energias renováveis emempresas no Ceará. O objetivo específico é: analisar, segundo a percepção do gestor, qual o impacto destes programas. O presente trabalho encontra-se subdividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo, encontra-se a Introdução que apresenta a contextualização do assunto escolhido, a justificativa do tema e a motivação de sua escolha, a problemática da pesquisa, os objetivos gerais e específicos e a descrição. O segundo capítulo discorrerá sobre a Gestão Ambiental e Sustentabilidade, apresentando seus conceitos a partir dos argumentos levantados por autores de renome como Almeida (2005), Heller (2004), Nascimento (2008), entre outros, suas influências sociais, ambientais e econômicas. O terceiro capítulo, denominado Energia, aborda os tipos de energias renováveis e não renováveis, assim como um pequeno histórico sobre o potencial energético mundial, entrando no potencial brasileiro e discorrendo ainda sobre a energia eólica de forma geral e, mais especificamente, no Brasil e no Ceará, foco desta pesquisa. O quarto capítulo destina-se a apresentar a metodologia utilizada na pesquisa. Abordar pontos como a natureza da pesquisa, a tipologia da pesquisa, os instrumentos de coleta de dados e o tratamento dado a estas informações adquiridas, instrumento da pesquisa e, por fim, os objetos de estudo. O quinto capítulo aborda os resultados desta pesquisa. Através da análise das informações coletadas busca-se chegar aos resultados sobre as iniciativas que as organizações estão tomando em prol do benefício do meio ambiente como forma de promover o Estado também. Por fim, apresenta-se a conclusão e as referências bibliográficas. 2. GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE Os termos gestão ambiental e sustentabilidade não são temas recentes. A relação do homem com a natureza data de sua criação. Ele necessitava, e necessita, da natureza para a sua sobrevivência, não obstante algumas ações vêm causando prejuízo ao ambiente. O exemplo disto é a presença de desmatamento em serras e florestas, queimadas no serrado, poluição sonora e atmosférica nas cidades, sem mencionar os impactos diretos e indiretos aos animais em seus diversos biomas. Gestão ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais – naturais, econômicos e sócio- culturais – às especificações do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordado/definidos (ALMEIDA, 2005 apud ALMEIDA, 2008, p 1). Além disto, o superaquecimento global e o aumento da produção de lixo e resíduos são os resultados dos mais de sete milhões de habitantes no mundo, segundo Heller (2004 apud Borges, 2012, p.3). O mundo conta atualmente com mais de sete bilhões de habitantes. Fatores básicos como comida, transporte, moradia, saúde, trabalho, enquanto necessidades; e tecnologia, por exemplo, que já fazem parte das ações público e privadas, serão ainda mais exigidos pelas pessoas mesmo sabendo que se não atende a todas as demandas hodiernas. A mutação social, percebida ao longo da história, configura-se e se reconfigura em novas formas de organização e valores criados, conservados e destruídos em um processo vivido para a sustentação da existência humana. Este crescimento gera desafios à gestão ambiental e a sustentabilidade do planeta, dificultando a relação do homem com a natureza, pois este necessitará gerenciar novos modelos de preservar o meio ambiente durante o desenvolvimento e crescimento tanto da população quanto das tecnologias. Segundo Larousse (2001, p. 483), a definição para a gestão é a ação de gerir, proveniente do latim gestio. É, ainda, conduzir para a realização de um desejo qualquer. Na administração, é conhecido como o direcionamento a ser tomado na organização de uma empresa. Gerir é, portanto, realizar o direcionamento das atividades em busca da realização de um desejo, seja de um individuo, de um grupo ou de uma organização empresarial. De maneira simplificada e resumida, a administração trabalha gerindo recursos para a realização de objetivos. 18 2.1 Contextualizações antes do Século XX no mundo Em 1790, houve uma grande contribuição científica por parte do engenheiro mecânico e inventor James Watt (Greenock, Escócia, 19 de abril de 1736 – Heathfield, Inglaterra, 25 de agosto de 1819) que desenvolveu melhorias para a primeira máquina a vapor utilizada na indústria e assim contribuindo para a revolução industrial. Esse avanço científico foi favorável até certo ponto. A transição da manufatura para maquinofatura contribuiu para uma velocidade de produção com ótima qualidade de produção, mais produtos com menores preços, entre outros pontos, foram apenas algumas das intervenções favoráveis a este avanço científico. Entretanto, do ponto de vista ecológico, houve grandes perdas quando se trata das questões de proteção ambiental como a destruição dos biomas e ecossistemas que esta revolução causou, resultando em mudanças climáticas e prejuízos econômicos e sociais. Segundo Eigenheer (2003), a utilização das máquinas a vapor favoreceu a poluição, pois, para estas máquinas funcionarem a partir da combustão de outro material (geralmente carvão vegetal ou mineral) produziria muita fumaça, prejudicando, com isso, o ar das cidades onde estas indústrias se instalavam e nos rios eram depositados produtos químicos e resíduos decorrentes da produção. As regiões com florestas e matas nativas foram desmatadas para dar mais espaço para construção de novos empreendimentos, como rodovias, ferrovias, novas instalações (residenciais ou empresariais) que nasciam e se desenvolviam; essas árvores desmatadas serviriam ainda de combustível e insumo para produção de vários itens de utilização diária. E de forma desordenada, as fábricas dominavam essas cidades industriais que lançavam colunas de fumaça no ar. As novas oportunidades de empregos geradas pelas instalações de indústrias alteravam o layout das cidades que começou a mudar, a população aumentou rapidamente devido a grande migração dos moradores camponeses para as cidades em busca de empregos e novas oportunidades, formando rapidamente novos centros urbanos. Além das indústrias de agricultura, manufatura e serviços (dentre outras de impactos relativos, como de materiais que são prejudiciais se descartados no meio ambiente como ácidos, explosivos, pesticidas entre outros), iniciou-se a produção de veículos com seus motores a combustão, barcos e locomotivas a vapor que lançavam mais poluentes na atmosfera. 19 No começo do século 19, motores a vapor eram usados apenas em minas de carvão. Sua ineficiência só tornava útil empregá-los nas minas, onde o combustível era abundante. Enquanto isso, o desmatamento tornava a madeira escassa na Inglaterra e França, e os dois países começaram a usar o carvão. Enquanto os mineiros cavavam mais e mais fundo para extrair carvão, os motores a vapor ineficientes ganhavam eficiência. Em breve, eles evoluíram para a forma moderna dos motores a vapor, que serviu de fundação à Revolução Industrial. HowStuffWorks (2010). A devastação de áreas verdes deu espaço para a formação e expansão de regiões metropolitanas, consequência do aumento populacional. Isto trouxe a redução das reservas de recursos não renováveis como o carvão mineral, o petróleo, entre outros. Esta concentração populacional e crescimento metropolitano ocasionou uma maior demanda de energias, aumentando também a produção de lixo, fato este que era um problema na antiguidade, pois não havia locais adequadospara o armazenamento desses resíduos e continuando a ser um problema no presente de acordo com Eigenheer (2003). De toda forma, o desenvolvimento tornou-se menos sustentável, com práticas predatórias e sem controle dos recursos não renováveis tonando-se cada vez mais escasso. Os resíduos gerados por uma fabricação desenfreada e sem controle de produtos que acabam acumulando nos lixões que estão próximos a cidades. Consequentemente, mazelas urbanas assolam tanto a sociedade quanto alteram de forma drástica o equilíbrio ambiental da região que se tornou depósito de resíduos. A relação entre crescimento econômico e ambiente natural apresenta conflitos desde há muito tempo. Mas a degradação dos recursos naturais renováveis e não renováveis, á poluição (água, solo e ar) e a criação de situações de risco de desastres ambientais se intensificaram nas últimas décadas (NASCIMENTO, 2008, p. 17) Segundo Eigenheer (2003), em meados do século XIV vários decretos reportando à limpeza pública foram espalhados pela Europa. Estes decretos visavam à falta de hábitos higiênicos da população da época, sendo agravado com o crescimento industrial. Mudança na então catastrófica situação que imperava em termos de limpeza nas cidades da Idade Média (...) não existia em geral nas cidades da Europa na Idade Média, ruas, calçadas, canalização, distribuição central de água, iluminação pública e coleta regular de lixo (EIGENHEER, 2003, p. 13). As condições de sobrevivência em outros países como Inglaterra, França, Bélgica e Alemanha também eram desfavoráveis à saúde dos seres humanos, devido à falta de higiene e superlotação nas residências. De acordo com Cavinatto (1992, apud Ribeiro e Rooke, 2010), os detritos como fezes e lixos eram acumulados e despejados em reservatórios públicos ou atirados nas ruas. Além disto, havia o crescimento das áreas industriais e, com isso, os serviços de saneamento básico não acompanhavam o desenvolvimento, gerando assim, 20 epidemias, como cólera e febre tifóide, transmitidas por água contaminada; e a Peste Negra, transmitida pela pulga dos ratos que eram atraídos pelas sujeiras. 2.2 Século XX: evolução e definição de temática da pesquisa No início do Século XX, foram realizados os trabalhos pioneiros a favor da Administração; desenvolvimento da Administração Científica e das teorias clássicas da administração. Seus idealizadores foram o americano Frederick Winslow Taylor (Filadélfia, 20 de março de 1856 - Filadélfia, 21 de março de 1915) que principiou a chamada Escola da Administração Científica que se preocupava em aumentar a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho do operário; e o francês Henri Fayol (Constantinopla, 29 de julho de 1841 – Paris, 19 de novembro de 1925) que desenvolveu a conhecida Teoria Clássica, na busca do aumento da eficiência empresarial através da organização e aplicação dos princípios gerais da administração em bases científicas. As idéias desenvolvidas e difundidas por esses dois engenheiros constituem as bases da chamada Abordagem Clássica da Administração. As preocupações básicas desses precursores eram o aumento da produtividade da empresa por meio do aumento da eficiência do nível operacional e a eficiência da indústria por meio da racionalização do trabalho operário. O surgimento das empresas trás consigo a necessidade de organizá-las. Inicialmente, tudo era feito de forma empírica e improvisada, mas o crescimento acelerado e desorganizado, responsável pela crescente complexidade na administração, exigia uma abordagem científica (LUZ et al, 2001, p. 3). Concernente a isto, é salutar considerar que com o aumento da eficiência empresarial e aumento da produtividade nas organizações no início do Século XX, houve também um aumento considerável no nível de poluição e interferências no meio ambiente. 2.3 Históricos sobre a questão ambiental A questão ambiental tem como marco inicial a década de 1960, com a publicação do livro A Primavera Silênciosa, de Raquel Carson, em 1962. O livro apresenta a relação entre os fatores ambientais, econômicos e sociais que são as bases de estudo para a busca do entendimento e compreensão dos impactos de atividades antrópicas sobre o meio ambiente. Foi justamente neste período que as preocupações com o meio ambiente se intensificaram. Um relatório publicado pelo Clube de Roma, que era assessorado por um 21 grupo de cientistas, que baseados em modelos matemáticos, chegaram à conclusão de que o crescimento econômico contínuo por meio de recursos naturais não renováveis traria riscos iminentes à sociedade; o relatório é conhecido como Limites ao Crescimento e foi publicado em 1972. Além do alerta sobre os riscos ambientais, o relatório continha projeções a respeito dos limites da exploração dos recursos do planeta, conforme Nascimento (2008). O relatório publicado teve como mérito, além do despertar da consciência ecológica, a contribuição ainda para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e Desenvolvimento em Estocolmo na Suécia, em julho de 1972. Este período que ficou conhecido como a década da regulamentação e do controle ambiental, onde países que foram a favor deste projeto e tomaram iniciativas governamentais e ainda consideraram o ato de poluir como um crime ambiental. Ainda na mesma época, veio a crise energética originada pelo aumento no preço do petróleo que alavancou a preocupação com o meio ambiente e trouxe dois importantes temas que ainda não eram bem vistos, como a racionalização de energia e a procura por combustíveis puros, combustíveis provenientes de fontes renováveis e limpas. Em contrapartida a isto, surgiu a necessidade do aproveitamento energético de resíduos, corroborando para fortalecer e unir dois temas que atualmente estão em grande evidência que é o meio ambiente e a conservação energética. Este quadro de grandes mudanças ideológicas apresenta os primeiros passos para o que logo seria conhecido como desenvolvimento sustentável, segundo Nascimento (2008). Em 1978, na Alemanha, um selo ecológico é produzido para rotular produtos que eram fabricados de maneira ambientalmente correta, sem maiores prejuízos ao meio ambiente, este selo ficou conhecido como O Anjo Azul. Empresas que fabricavam seus produtos e que possuíam o selo ganhavam mais reconhecimento, como empresas que estava na luta pelos valores da humanidade e preservação do meio ambiente. Posteriormente, já na década de 1980, entram em vigor legislações que buscam supervisionar e regrar a instalação de novas indústrias e que determinam condições para as emissões de resíduos das indústrias já existentes. Com isso, começa a surgir organizações empresariais especialistas em elaborar estudos sobre os impactos sobre o meio ambiente, além de gerarem relatórios sobre estes impactos, segundo Nascimento (2008). Os assuntos ambientais chegaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, pois anteriormente eram tratados na maior parte entre as organizações como um custo. Somente após o alerta de contaminação por resíduos químicos perigosos durante alguns acidentes de 22 grande escala como na indústria de Bhopal, em 1984; com o vazamento nuclear em Chenobyl na Ucrânia, em 1986; com o derramamento de petróleo no mar do Alasca, em 1989; e com a destruição das camadas de ozônio que protegem o planeta Terra contra as faixas de radiação emitidas pelo Sol, é que este assunto chegou ao conhecimento das pessoas comuns, concernente Nascimento (2008). Ainda segundo Nascimento (2008), em meados da década de 1980, é firmado um convênio internacional para regrar a movimentaçãoe fiscalizar a importação e exportação de materiais e resíduos tóxicos para países que não possuam capacidade suficiente para acolher tais itens e assim privar-lhes o comércio, pois em países menos desenvolvidos, estes materiais são simplesmente descartados sem muita precaução e responsabilidade ambiental. Na década de 1980, disseminam-se as preocupações em preservar e conservar o meio ambiente. Empresários buscam reduzir os desperdícios de matérias prima, garantindo uma boa imagem de empresa ambientalmente responsável. Com esta difusão das ideias ambientalmente responsáveis dois documentos o “Protocolo Montreal” e o “Relatório de Brundland” são firmados em 1987 e publicados no mesmo ano. O “Relatório Brundland”, que passou a ser conhecido com o título de “Nosso Futuro Comum”, tornou o conceito de Desenvolvimento Sustentável mundialmente conhecido. Além disto, vale ressaltar que este documento trata da ligação entre os assuntos sobre as questões ambientais e de desenvolvimento mundial, em prol de um objetivo comum. O Relatório Brundland apresenta ainda a possibilidade de uma interligação entre o crescimento econômico e conservação ambiental para um desenvolvimento sem necessidade de destruição da biodiversidade do planeta. Em 1987, o mundo tomou conhecimento desta responsabilidade quando a Comissão de Brundland definiu qual seria o conceito de Desenvolvimento Sustentável como o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender suas próprias necessidades. Assuntos como meio ambiente, economia e sociedade, são temas interligados que formam uma tríade, base para a formação do desenvolvimento sustentável, segundo Nascimento (2008). O exemplo disto são indústrias que ao longo desses anos vem se desenvolvendo e são temas relacionados à economia de certa região, onde estas se instalam. Os outros pontos (meio ambiente e sociedade) se referem à intervenção no meio ambiente por essas organizações, por meio dos efeitos positivos e negativos tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente que a instalação dessa indústria produz numa sociedade. 23 Atualmente, destacam-se em todo o mundo os efeitos negativos gerados, não apenas das indústrias e empresas, pois não se podem culpar estas organizações de toda mazela na natureza, mas também das ações de uma sociedade que não se responsabiliza com a preservação ambiental, em acabar com os desmatamentos florestais, em diminuir a erosão com medidas corretas, diminuir a poluição dos rios, acabar com a extinção espécimes da fauna e flora entre outros efeitos destrutivo da atuação humana no meio ambiente. A rápida deterioração do ambiente natural, a destruição da camada de ozônio, as alterações climáticas, o efeito estufa, a chuva ácida, a destruição das florestas, a morte dos lagos, a destruição das regiões de montanha, o lixo em excesso, os desperdícios de toda ordem, a pobreza, a miséria e a fome são apenas alguns dos itens que precisam ser considerados na atual agenda de prioridades do planeta Terra (NASCIMENTO, 2008, p. 20). Segundo Nascimento (2008), o desenvolvimento sustentável trata justamente de como compreender o sentido da valorização, o cuidado e desenvolvimento do patrimônio ambiental. O autor afirma ainda que se deve desenvolver o meio ambiente de tal forma que possamos “viver de sua renda e não de seu capital”. Mas, na realidade, o que ocorre atualmente no mundo são exemplos de descompromisso com a preservação do planeta e com o ecossistema, pois a flora é desmatada e vendida, assim como a fauna. O ponto de vista sobre a preservação ambiental na, década de 1990, tinha adquirido mais maturidade, pois a sociedade via a importância de viver em equilíbrio com a natureza, compreendendo que os resíduos produzidos pelo homem e que são jogados no meio ambiente, do qual não fazem parte, trazem efeitos negativos e nocivos também à própria sociedade. Em 1992, são regulamentadas as normas britânicas que orientaram a elaboração de um sistema de normas ambientais a BS 7750 que serviu de base para a Organização Internacional para Padronização ou International Organization for Standardization (I.S.O), também em escala mundial, a BS 7750 – Especificações para Sistema de Gestão Ambiental, em inglês Specification for Environmental Management Systems (SEMS). Os principais requisitos desta norma são: requisitos relativos à política ambiental, programas e sistemas de gestão; requisitos relativos à auditoria ambiental; requisitos relativos à validade dos verificadores e sua função e os exemplos de drafts de atestados de participação. As normas ISO 14.000 aliadas às normas da gestão da qualidade, ISO 9000, contribuíram de forma enriquecedora, sendo ainda bastante relevante para a conservação ambiental e desenvolvimento das bases do conceito de sustentabilidade, segundo Nascimento (2008). 24 A série ISO 14.000 é um conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes de gestão ambiental para as organizações, sejam elas privadas ou públicas, com a intenção de reduzir os impactos causados pela ação do homem no meio ambiente, segundo Lemos (2013). Já a série ISO 9.000 trata de normas que buscam gerir e garantir o controle da qualidade nas organizações, por meio de um processo contínuo de melhorias em seus produtos e serviços. Para manter este equilíbrio ambiental e assim promover a qualidade de vida para a população, seria necessário custear certas atividades, como limpeza e conservação, reciclagem, propagandas, divulgando e desenvolvendo estas ações em todo o mundo. No Brasil, após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em junho de 1992, tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro, que ficou conhecida como Rio-92 ou ainda como Cúpula da Terra; tanto a sociedade quanto as empresas tomaram conhecimento sobre a importância e necessidade de incrementar em suas ações uma atitude ambientalmente corretas e desenvolver uma nova visão sobre desenvolvimento econômico. Esta é basicamente produzir bens e serviços interferindo o mínimo possível no meio ambiente e preservando-o, atendendo ainda as necessidades humanas, segundo Nascimento (2008). Esta conferência mundial resultou na elaboração de dois importantes documentos para a sociedade mundial. A Carta da Terra que também é conhecida como Declaração do Rio, que era uma declaração sobre a importância da preservação ambiental para um mundo iluminado pelas ideias ativistas ambientais, verdes e utópicas, no entanto, atenta. Já a agenda 21, era um programa de ações governamentais com a participação de instituições da sociedade civil de 179 países na busca de um novo padrão de desenvolvimento, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. No ano de 2002 aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, na África do Sul, que tratou da preocupação mundial com as questões ambientais, uma vez que estas não se limitam mais apenas a ações isoladas, passando neste início de século XXI para uma inquietação da sociedade como um todo, em escala mundial. Umas das intenções desta nova conferência dez anos após a realização da Rio-92, no Rio de Janeiro, foi avaliar os resultados obtidos. Nesta conferência houve a participação de inúmeras organizações que buscavam alcançar metas sustentáveis neste século. Como incremento da interferência das atividades humanas, houve também na Rio+10 discussões sobre o Protocolo de Kyoto 1 que busca a 1 Acordo vinculante que compromete os países do Norte a reduzir suas emissões de carbono. Disponível em: <www.greenpeace.org.br/clima/pdf/protocolo_kyoto.pdf>,acessado em: 22/03/2013. 25 redução das emissões dos gases que provocam impactos negativos como o efeito estufa, segundo Nascimento (2008). É válido ressaltar as principais e mais notórias Conferências Mundiais sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável que foram realizadas durante todos esses anos e, no qual, veio se desenvolvendo a ideologia da preservação e conservação da natureza, o patrimônio comum, destacam-se assim os seguintes encontros realizados, segundo Instituto Nacional de Pesquisas (INPE, 2012): • Conferência de Estocolmo, na Suécia em 1972 no qual destacou as primeiras recomendações de proteção ao meio ambiente. • Conferência do Rio de Janeiro, no Brasil em 1992 – RIO 92 ou ECO 92 que recomendou cortes de emissões de gases que provocam o efeito estufa. • Conferência de Kyoto, no Japão em 1997, ficou conhecida como Protocolo de Kyoto que estabeleceu a redução das emissões de gases de efeito estufa aos níveis de 1990. • Conferência em Haia, na Holanda no ano de 2000 que estabeleceu o Crédito de Carbono. • Conferência em Bonn, na Alemanha no ano de 2001 no qual se criou o fundo para países em desenvolvimento. • Conferência de Copenhagen, na Dinamarca no ano de 2009, que firmou a recomendação para não ultrapassar a temperatura média global de 2°C acima dos patamares da Revolução Industrial. • Conferência de Cancun, no México em 2010 discutiu-se sobre o Fundo Global para fomentar pesquisas de desenvolvimento sustentável. • Conferência do Rio de Janeiro em 2012 – Rio+20 que contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. Em 2012, realizou-se novamente no Brasil a 20 a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, ou ainda, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (UNCED), a Rio+20, que durante os dias 20 a 22 de junho, no Rio de Janeiro, reuniu chefes de Estados, de governos e outros representantes de todo o mundo caracterizando uma conferência do mais alto nível. Esta conferência teve um maior destaque, pois marca também o 10º aniversário da conferência em Johanesburgo, em 2002. 26 A Rio+20 será uma das mais importantes reuniões globais sobre desenvolvimento sustentável de nosso tempo. No Rio, nossa visão deve ser clara: uma economia verde sustentável que proteja a saúde do meio ambiente e apoie o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio através do crescimento da renda, do trabalho decente e da erradicação da pobreza (Ban Ki-moon, 2012 - Secretário-Geral das Nações Unidas). Segundo Ban (2012), a Rio+20 foi um dos mais importantes encontros globais sobre o desenvolvimento sustentável de todos os tempos, nela se destacou a importância da economia verde sustentável na busca da proteção ambiental, em primeira instância, não deixando de lado o desenvolvimento da humanidade, o crescimento da renda e o trabalho, mostrando que a pobreza é um fator prejudicial e que se deve erradicá-lo. A sustentabilidade está irremediavelmente ligada às questões básicas de igualdade – ou seja, equidade, justiça social e maior acesso a uma melhor qualidade de vida, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este relatório chama por ações urgentes com o objetivo de reduzir o ritmo das mudanças climáticas, evitar maior degradação do planeta e reduzir as desigualdades, já que a deterioração ambiental ameaça reverter progressos recentes de desenvolvimento humano em relação à população mais pobre do planeta. Algumas das conclusões do Relatório: Nos últimos 30 anos, os países classificados entre os 25% piores no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhoraram seus resultados em incríveis 82%, duas vezes mais que a média global. Caso este ritmo se mantenha nos próximos 40 anos, a maioria destes países alcançará padrões iguais ou melhores do que aqueles países que representam os 25% melhores colocados. Mas os efeitos das mudanças climáticas podem tirar do caminho do progresso os lugares menos desenvolvidos do mundo. Decompondo os efeitos projetados das mudanças climáticas no clima local, na produção de comida e em poluição, a média deste índice cai 8% em todo o mundo considerando-se o que poderia ser esperado – e 12% na África subsaariana e no sul da Ásia. Um imposto de 0,005% sobre as transações do mercado cambial poderia gerar 40 bilhões de dólares ou mais todo ano para financiar a luta contra as mudanças climáticas e contra a pobreza extrema. Podemos prover eletricidade para 1,5 bilhão de pessoas que hoje vivem sem acesso a este recurso. E isto pode ser feito de forma financeiramente viável e também de forma sustentável, sem aumentar a emissão global de carbono em nem mesmo 1%. (Relatório de Desenvolvimento Humano 2011. O que é sustentabilidade?) Diante do exposto sobre o histórico referente ao período da industrialização no Brasil e no Mundo, cabe apresentar no capitulo posterior referencias históricas sobre a energia. 27 3. ENERGIA Há energia no universo assim como em todo o mundo. Atualmente, a matriz energética mundial está baseada no consumo de energias não renováveis, o que vem acarretando vários impactos negativos ao meio ambiente. Segundo Nascimento (2011), fontes energéticas são matérias capazes de gerar energia por meio da transformação como a combustão de materiais, fissão ou quebra de núcleos atômicos, eólica, decomposição orgânica ou biomassa, raios solares, movimento das ondas entre outros. Os tipos de energias podem ser divididos em dois grandes grupos que ficaram popularmente conhecidos como fontes energéticas renováveis (permanentes) e não renováveis (temporários). As fontes energéticas não renováveis são fontes energéticas que possuem reservas limitadas, visto que o tempo para recuperação ou renovação desta reserva é de longo prazo, cerca de milhares de anos, comparando com o seu consumo (carvão mineral, petróleo, urânio, gás natural entre outros). Já as fontes energéticas renováveis, são fontes energéticas que possuem capacidade de regeneração em curto prazo, ou ainda que não se esgote como energia proveniente dos ventos, dos mares, do sol, entre outras, segundo Carvalho (2003). O uso de energias renováveis foi motivado pela necessidade de gerar energia sem emitir poluentes que prejudicassem o meio ambiente, propósito contrário à produção energética por meio de combustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural, petróleo entre outros). Vários países no mundo, a exemplo de Alemanha, Canadá e Dinamarca estão investindo neste novo segmento energético realizando projetos que tiram proveito das energias limpas (solar, eólica, biomassa, biodiesel, hidrogênio, marés, entre outras) com o intuito de substituir as decadentes fontes não renováveis, favorecendo a redução dos efeitos causados pela utilização de tais recursos. Assim, com a conscientização e preocupação com as questões ambientais, as fontes de energias renováveis terão uma maior participação na matriz energética mundial na próxima década. Segundo Porto (2007), os dados sobre a produção por meio de alternativas renováveis são as descritas na figura um; 28 Figura 1 Energias Renovável e não Renovável Fonte: Porto (2007). A figura 1 apresenta uma relação entre a produção de energias não renováveis com as renováveis no mundo, e destaca ainda este perfil de produção no Brasil percentualmente. Com isso, admite-se que a produção energética renovável ainda está em crescimento no Brasil, cerca de 45% contra 55% de produção. Neste sentido,afirma-se que está em crescimento visto que o Brasil encontra-se iniciando o desenvolvimento desta tecnologia e de parques que aproveitam energias de fontes renováveis. Quadro 1. Os 15 maiores geradores de energia elétrica. Fonte: Porto (2007). 29 O quadro 1 apresenta uma relação decrescentes dos quinze maiores produtores de energia elétrica no mundo e suas fontes geradoras hidroelétrica, nuclear, termoelétrica entre outras renováveis, mostrando que o Brasil encontra-se na décima posição neste ranking. Potências mundiais como Estados Unidos e China ocupam as primeiras posições tendo como fonte principal a energia termoelétrica. Após a explanação sobre os tipos de energia, este trabalho de conclusão de curso trata especialmente sobre energia eólica, cujo histórico sobre o mercado brasileiro encontra-se no item vindouro. 3.1 Energia Eólica Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2002), a energia eólica é a energia cinética proveniente das massas de ar em agitação (vento), seu aproveitamento se dá por meio da transformação desta energia cinética em translação para movimento de rotação de turbinas eólicas, conhecidas como aerogeradores com o intuito de gerar energia elétrica para diversos usos. Figura 2: Distribuição vertical da velocidade do vento Fonte: Carvalho (2003). Para Carvalho (2003), o vento é entendido como o deslocamento dessas massas de ar devido ao aquecimento da terra pela radiação do sol, sendo esta uma forma indireta de 30 energia solar resultante da transformação de energia térmica em energia cinética, classificados como: Movimento Globais: devido à quantidade de calor que chega à superfície da terra na região equatorial ser maior que nos polos, este é transferido para os polos. Movimento Locais: influenciado pelo relevo da região, os mais importantes são: Terra – Mar, Montanha – Vale. No Brasil, a região próxima à linha do equador, como o Nordeste, há a incidência de ventos alísios os quais, segundo Carvalho (2003), são ventos em direção a menores pressões da aquecida faixa equatorial, sendo desviado para o sentido contrário à rotação da terra pela força de cariolis. 3.2 História da Energia Eólica Foi através da evolução das atividades agrícolas que surgiu necessidade de utilizar ferramentas que facilitassem o trabalho humano e animal. Por volta do ano 8.000 A.C., segundo Carvalho (2003), surgiu a ideia e a motivação para a criação do cata-ventos, conhecidos também como moinho de vento. Futuramente essa tecnologia seria desenvolvida e chegaria aos modernos aerogeradores que se conhece atualmente. Figura 3 Aerogerador moderno Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA - CBEE / UFPE. 2003 31 As primeiras unidades de cata-vento produzidas surgiram no Oriente e possuíam eixos verticais, suas finalidades eram a moagem de grãos e o bombeamento de água. Foi encontrada uma desvantagem nestes primeiros modelos, as superfícies das pás que acompanham o vento durante a metade das rotações em torno do eixo vertical, tem que girar contra o vento durante a outra meia rotação. Para a solução deste problema foi criado um anteparo para remover a pressão nas pás quando contrária à rotação, caso este anteparo não fosse equipado com mecanismo de giro, uma parcela deste potencial eólico se perderia, não seria aproveitado. Os primeiros registros foram feitos na Mesopotâmia, por volta de 1700 a.c. pelo imperador Hammurabi que arranjou o uso destes cata-ventos para a irrigação. E, segundo Golding (1976, apud CARVALHO, 2003, p.39), os “desenvolvimentos posteriores foram realizados pelos persas e chineses”. Na Europa, chegaram por meio das cruzadas trazidas por combatentes, foram mais uma vez desenvolvidos, deixando seu eixo vertical para assumir um eixo horizontal. Estes últimos foram construídos no Ocidente após vários séculos. Espalharam-se pela Inglaterra, França, Holanda e Alemanha (Século XIII), Polônia e Rússia (Século XIV). Figura 4 Moinho de vento Medieval Fonte http://studentsoflondres.blogspot.com.br/2013/04/moinhos-idade-media.html Todos esses anos se passaram com desenvolvimentos empíricos sobre os cata- ventos, até que o cientista Gottfried Wilhelm Leibniz [1646 – 1761], interessado pelo assunto inicia um processo de investigações sobre os cata-ventos de forma científica. Daniel Bernoulli [1700 – 1782] utilizou leis básicas de mecânica dos fluidos para realizar cálculos de pás de 32 moinhos de vento. Leonhard Euler [1707 – 1783] analisou de forma científica o desempenho de Cata-Ventos e por Johm Smeaton, foi apresentado este trabalho a Royal Society inglesa em 1759. Um dos melhoramentos técnicos (construção de um rotor lateral cujo plano de rotação é perpendicular ao plano de rotação das pás principais) que estão presentes em algumas máquinas até hoje foi feito por Edmund Lee, em 1745, afirma Golding (1976, apud CARVALHO, 2003, p.41). Já em 1792, segundo Hau (1996, apud CARVALHO, 2003, p.41), foram construídos os primeiros moinhos de vento com pás com persianas, com esta melhoria, em caso de ventos fortes, as lâminas ao longo das pás se abrem sem maiores dificuldades, obtendo com isso um maior controle sobre a rotação e a potência dos ventos. O uso destas persianas, juntamente com o rotor lateral, fez com que os moinhos de vento da Holanda obtivessem destaques em desenvolvimento tecnológico. No final do século XVIII, com o início da revolução industrial, a sequência de desenvolvimentos dos cata-ventos foi interrompida, caracterizando o início do declínio da energia eólica na Europa. A exploração dos combustíveis fósseis com baixo custo e com grande oferta, assim como as facilidades permitidas pelo uso de máquina a vapor, favoreceram ganhos técnicos e econômicos. Ainda conforme Hau (1996, apud CARVALHO, 2003, p.41) “Calcula-se que nesta época havia em operação em toda a Europa cerca de 200.000 moinhos de vento”; e nos Estados Unidos da América (E.U.A) “em 1899 foram contadas no país cerca de 77 fábricas de cata-ventos; 1930 havia aproximadamente 100 firmas, empregando cerca de 2.300 trabalhadores”. A criação das primeiras máquinas elétricas iniciou-se no final do século XIX, concomitantemente a instalação dos primeiros geradores e redes de transmissão elétrica. Nesta mesma época os avanços nos motores à combustão interna, com os ciclos Otto e Diesel, o advento da descoberta das reservas de petróleo, fonte de combustível mais utilizada até hoje no mundo, a utilização da energia hidráulica. Somando tudo aos programas de eletrificação das zonas rurais (1930) nos E.U.A., o que fortaleceu a decadência da utilização da energia eólica neste período. A salvação das pesquisas no campo da energia eólica ficou por conta de países que não possuíam reservas de petróleo, nem potencial hídrico para gerar energia, o que favoreceu nestas regiões os estudos sobre o uso da energia eólica para gerar eletricidade. Segundo Carvalho (2003), o fato de a Dinamarca produzir o primeiro gerador eólico capaz de produzir energia elétrica não causa espanto, visto sua carência nas outras fontes energética. 33 Este mérito fica resguardado ao trabalho de Poul la Cour [1846 – 1908], pioneiro nas pesquisas sobre geradores eólicos, que aumentou a potência geradora de energia dos moinhos de vento, o que segundo Hau (1996, apud CARVALHO, 2003, p.43) o rendimento anual dos modelos com persianas foi de 50.000 Kilo Watts hora (KWh). Na Alemanha, segundo Carvalho (2003), a contribuição no inicio do século XX, foi do campo teórico, onde em 1920 o físico Albert Betz [1885 – 1968] demonstrouque por cada instalação eólica, pode ser retirada uma máxima de até 59% de rendimento aerodinâmico. Surgiram em 1930 e 1940, ainda na Alemanha, projetos de grande porte como o de Hermann Honnef em 1932 com a instalação eólica de cinco rotores de 160 metros de diâmetro, 20 Mega Watts (MW) de potência e uma torre de 250 metros de altura. Mas o projeto não foi realizado, mesmo assim este se tornou um marco histórico, pois foi a primeira ideia de utilização dos ventos como fonte energética para geração de energia elétrica em grandes quantidades e para abastecimento de redes de transmissão elétrica. Ainda assim, outro marco histórico foi o projeto de Franz Kleinhenz que propôs uma torre de 130 metros de altura, mas também não foi concretizado, segundo Hau (1996, apud CARVALHO, 2003, p.43). Entra em destaque nestes períodos a organização F.L. Smidth, com a instalação de unidades geradoras de 50 e 70 KW, na Alemanha. Na União Soviética a unidade WIME D-30 produzindo 100 KW e três pás com diâmetros de 30 metros. Vale ressaltar também outra unidade piloto produzida por Smith – Putnam, de potencia máxima 1,25 MW, gerador assíncrono, altura de torre de 35,6 metros de altura e duas pás de diâmetro de 53,3 metros, Carvalho (2003), salienta que esta foi a primeira turbina eólica de grande porte do mundo a entrar em atividade, que ficou ativa até março de 1945, quando houve a quebra de umas das pás. Outros pontos importantes foram o desenvolvimento do rotor Darrieus para fornecer energia elétrica e Savonius com bombeamento de água, ainda no Século XX, segundo Schulz (1989, apud CARVALHO, 2003, p.44). No final da segunda guerra mundial, petróleo, carvão e usinas hidrelétricas competiam economicamente, cabendo às pesquisas encaminhar, construir e desenvolver estudos sobre a energia eólica. Na Alemanha iniciou o processo de produção em série dos primeiros aerogeradores que seriam vendidos mundialmente, desenvolvidos por Allgaier na década de 50, era constituído por dez metros de diâmetro, equipado com gerador de 10 KW em regiões costeiras e 6 KW em regiões interioranas. Haier (1998, apud CARVALHO, 2003, 34 p. 44), afirma que até os dias de hoje algumas destas unidades continuam em operação, mesmo após quarenta anos de produção e atividade. Durante quase toda a década de 1960, não houve incentivos para desenvolver novos projetos no setor eólico, visto o baixo custo do petróleo e crescimento das redes elétricas abastecidas por hidrelétricas e termelétricas. Soma-se a isto, o surgimento da energia nuclear com promessas de ser a alternativa energética segura, barata, restringindo o estudo daquela tecnologia. No entanto, em 1973, com o acontecimento do choque do petróleo ou primeira grande crise do petróleo, a energia eólica teve um grande impulso, pois acarretou em grandes investimentos em energias renováveis por países como Estados Unidos, Canadá e Europeu, o que favoreceu novos investimentos em pesquisas no setor eólico para desenvolver instalações de grande porte para abastecimento energético, fase essa que ocorreu independente das necessidades de mercado, para Dew (1998, apud CARVALHO, 2003, p.45). Segundo Carvalho (2003), unidades que apresentaram boa qualificação no mercado apresentaram características como simplicidade, confiabilidade e robustez, “conceito dinamarquês”, cabe ainda ressaltar que estes equipamentos foram desenvolvidos em um nível médio de potência. A Dinamarca permaneceu como líder no setor até o inicio da década de 1990, sendo que em 1991 a sua produção era de 2/3 (360MW) da capacidade europeia, Alemanha e Holanda. É importante informar que o primeiro parque eólico offshore 2 (no mar) foi instalado em 1991 na cidade de Vindeby na Dinamarca, apresentando um potencial energético de 4,95 MW. E em Horns Ver na Dinamarca foi criado em 2002 o maior parque eólico marítimo do mundo com oitenta unidades e produção de 160 MW de energia, conforme afirma Carvalho (2003). 2 São tecnologias eólicas offshore aquelas concebidas para extrair energia dos ventos que sopram sobre os mares e oceanos. Disponível em < http://www.aquaret.com/pt/ferramenta-de-e-learning/seleccao-de-tecnologias/5- eolica-offshore> 35 3.3 A Energia Eólica no Brasil As pesquisas sobre energia eólica no Brasil começaram tarde em relação a outros países, afirma Carvalho (2003), principalmente devido ao seu grande potencial hídrico. As pesquisas no campo iniciaram em 1976, nos laboratórios do Centro Técnico Aeroespacial (C.T.A.) com unidades de pequeno porte de 1KW a 2 KW. Em 1979 foi construído um gerador com maior capacidade geradora (5KW) e diâmetro de oito metros, operando durante nove meses no campo de testes Barreira do Inferno, no Rio Grande do Norte. No ano de 1980, numa parceria com o Centro Aeroespacial da Alemanha o C.T.A. o Brasil solicita a construção de unidades com potencial de 100 KW e 25 metros de altura, o projeto ficou conhecido como DEBRA (Deutsche – Brasileiro), moldes e modelos foram desenvolvidos no próprio CTA e encaminhados para produção na Alemanha. Em julho de1984 foram realizados os primeiros testes dos 15 protótipos. No entanto, por conta de normas internas, os testes foram encerrados, segundo Chesf-Brascep (1987, apud CARVALHO, 2003, p.48). Em novembro de 1984, ainda segundo Carvalho (2003), a empresa ELETROBRAS, juntamente com a Fundação Padre Leonel França aliada à PUC-RJ, buscam elaborar o Atlas do Potencial Eólico Nacional com a intenção de viabilizar a utilização desta nova tecnologia no Brasil, estes dados foram tabulados e apresentaram informações como velocidade média, velocidade máxima, probabilidade de calmaria e densidade de potencia por região brasileira. Por meio destes estudos iniciou-se a instalação nas regiões de Fernando de Noronha em 1992, em 1995 entra em funcionamento o Centro de Referência em Energia Solar e Eólica Sergio de Salvo Brito (CRESESB) com apoio do suporte de recursos humanos e laboratoriais do Centro de Pesquisa de Energia Elétrica (CEPEL) e em 1996 foi inaugurado o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) em Olinda, fruto do projeto entre CEPEL, Folkcenter e UFPE. É interessante ressaltar que em 1990 houve as primeiras discussões sobre o futuro das fontes energética eólica e solar no Brasil, em 1994 ocorreu o “I Encontro para definição de diretrizes para o desenvolvimento de Energias Solar e Eólica no Brasil”, por meio do Ministério de Minas e Energias (MME) e Ministério de Ciências e Tecnologia onde foram firmadas metas e diretrizes que resultou na chamada Declaração de Belo Horizonte; O “II encontro para o Desenvolvimento de Energia Solar e Eólica” aconteceu em 1995 em Brasília 36 e o III encontro tinha como metas o desenvolvimento do setor, ocorreu em 1996 em São Paulo. O desenvolvimento no setor eólico favoreceu o surgimento dos primeiros mapas do potencial eólico por regional em 2000. O mapa foi lançado em 2001 objetivando fornecer informações a tomadores de decisão, identificando as melhores regiões para instalar as usinas e realizar o melhor aproveitamento de tal recurso. Este atlas concretizou-se pelo desenvolvimento do MesoMap, um sistema de mapeamento e modelamento numérico dos ventos de superfícies. Ainda segundo Carvalho (2003), o sistema simula a dinâmica atmosférica do regime dos ventos e variáveis meteorológicas correlatas, tomando como base amostragens validadas de um banco de dados. Além destas informações o autor cita dados sobre o relevo da região, rugosidade dos ventos induzida por características do solo, interação térmica entre superfícieterrestre e atmosfera, efeitos do vapor de água, entre outras informações. Segundo ANEEL (2002, apud Nascimento, 2011), os diversos levantamento de informações e estudos realizados e em andamento (locais, regionais e nacionais) tem fortalecido a exploração da energia eólica no Brasil. Por conta disto, em 1998, realizou-se em Brasília nos dias 22 a 25 de novembro o “Encontro Técnico e de Negócios Brasileiro-Alemão de Energia Eólica” que deu inicio aos debates e discussões a respeito dos desafios e barreiras a serem superados para a instalação de parques eólicos no Brasil, conforme Nascimento(2011). Neste encontro foi demostrado o interesse de diversas empresas no ramo de energias renováveis, estrangeiras instalarem suas matrizes ou até filiais no Brasil, tendo em vista novas oportunidades. Devido a esta procura, foi necessário criar uma Politica Nacional, com leis específicas, para as Energias Solar e Eólica com o intuito de desenvolver tecnologias, atrair investimentos internos e externos e com isso expandir a matriz energética Brasileira. Em 2001 o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica (CRESESB/CEPEL) publicou o Atlas do potencial Eólico Brasileiro estimando o potencial eólico brasileiro em 143 GW, considerando uma torre de cinquenta metros de altura, no entanto já há possibilidades de aplicar uma torre com mais de cem metros de altura. Para isto, é necessário regiões com bons ventos como destaca o mapa abaixo, as regiões Nordeste e Sul são as que mais se enquadram no perfil. 37 Figura 5: Potencial Eólico Brasileiro Fonte: CRESESB/CEPEL. Verifica-se no mapa que uma boa parcela do território brasileiro possui condições favoráveis à instalação de equipamentos aerogeradores, principalmente nas regiões Nordeste e Sul. Com isto, segundo Nascimento (2011), o Governo Federal viabilizou a instalação de mais usinas eólicas no Brasil. De acordo com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás (CEPEL) o potencial brasileiro supera o Alemão, porém, produz 350 vezes menos. Segundo a CEPEL, o Brasil possui capacidade de produção de 143.500 MW nos territórios brasileiros, sendo sua maior parcela na região nordeste, onde sua produção seria de 10 vezes a capacidade de geração da usina de Itaipú. 38 Figura 6 Potencial Energético Brasileiro por Regiões Fonte: EPE, 2007. Quadro 2 Usinas Eólicas em Operação USINAS POTÊNCIA (MW) MUNICÍPIOS Eólica de Prainha 10 Aquiraz-CE Eólica de Taíba 5 São Gonçalo do Amarante-CE Parque eólico de Beberibe 25,6 Beberibe-CE Mucuripe 2,4 Fortaleza-CE Praia do Morgado 28,8 Acaraú-CE Volta do Rio 42 Acaraú-CE Foz do Rio choro 25,2 Beberibe-CE Praia Formosa 104,4 Camocim-CE Eólica Canoa Quebrada 10,5 Aracati-CE Lagoa do Mato 3,2 Aracati-CE Eólica Icaraizinho 54,6 Amontada-CE Eólica Paracuru 23,4 Paracuru-CE Eólica Praia de Parajuru 28,8 Beberibe-CE Parque Eólico Enacel 31,5 Aracati-CE Canoa Quebrada 57 Aracati-CE Taíba Albatroz 16,5 São Gonçalo do Amarante-CE Bons Ventos 50 Aracati-CE Total de Usinas: 17 518,9 MW Fonte: ANEEL, BIG, 2010. Diante do potencial energético brasileiro, destaca-se a região Nordeste com a produção de 75 GW de energia, assim como mostrado na Figura 4. Dentro desta região cabe destacar-se o Estado do Ceará, que será o foco deste trabalho científico como um dos maiores produtores de energia eólica do Nordeste, o Quadro 2 demonstra parte de sua capacidade em 2010. 39 3.4 Energia Eólica no Ceará Na região nordeste do Brasil localiza-se o Estado do Ceará, que faz fronteira ao norte com o oceano Atlântico, e ao sul com o estado de Pernambuco; a leste, com os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba e a oeste, com o estado do Piauí. O Estado do Ceará tem uma área total de 148.825,6 km², o equivalente a 9,57% da área pertencente à região Nordeste e 1,74% da área do Brasil. Esta região possui 573 quilômetros de litoral. Assim, o estado do Ceará tem a quarta extensão territorial da região Nordeste e é o 17º entre os estados brasileiros em termos de superfície territorial. Possui ainda uma localização privilegiada, pois é um dos pontos do Brasil mais próximos da Europa, dos Estados Unidos e da África, além de para calados para navios de grande porte, segundo a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (ADECE). No Ceará há 184 municípios e 843 distritos. Fortaleza é a capital do Estado. Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Gestão e Estatística (IBGE), de 2010, a população do Estado é de 8.452.381 pessoas, representando 4,4% da população brasileira e 15,9% da população do Nordeste. São 2.769.882 domicílios, de acordo com o IBGE. Da população cearense, 77% das pessoas vivem em áreas urbanas e domicílios com abastecimento de água representam 81%. O Ceará possui uma temperatura média de 28º e possui 573 quilômetros de costa praieira, que são características ideais para diversos tipos de investimentos. A taxa de escolaridade média de adultos é de 5,9 (em anos de estudo) e o nível de escolaridade chega a 22,16%, com 23 campos do Instituto Federal. Estado do Ceará possui um Aeroporto e um porto Internacional. O Estado possui dois grandes portos, o porto do Mucuripe (em Fortaleza) e o porto do Pecém (município de São Gonçalo do Amarante, distante sessenta quilômetros de Fortaleza-CE). O Produto Interno Bruto (P.I.B) do Estado do Ceará cresceu cerca de 3,15% no terceiro trimestre de 2012. Segundo as estimativas realizadas pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), no terceiro trimestre de 2012, o Produto Interno Bruto do Ceará, apresentou um crescimento de 3,15% em relação ao registrado no terceiro trimestre de 2011. Os dados revelam, ainda, que a economia cearense acumulou de janeiro a setembro de 2012 uma taxa de 3,27% em relação ao mesmo período de 2011. Na análise anualizada, dos últimos quatro trimestres em comparação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, o crescimento foi de 3,35% (IPECE, 2012, s/p). 40 Os investimentos nesta região do nordeste brasileiro estão em crescimento uma vez que há atrativos para indústrias e empresas dos mais diversos ramos sendo criados no Estado para desenvolver novos mercados e novas oportunidades para o Ceará. Em comparação com a economia brasileira, a economia do Ceará superou as taxas de crescimento do PIB nacional, que no terceiro trimestre registrou um leve acréscimo de 0,9% sobre o mesmo trimestre de 2011 e no acumulado do ano, a taxa brasileira foi de 0,7%, conforme pode ser observado na Tabela 1. Segundo informações coletados no site da ADECE, dois setores são destaques e tem grande participação neste crescimento. O setor de serviços continua sustentando a economia cearense e o resultado positivo do PIB. No terceiro trimestre de 2012, em comparação a igual trimestre de 2011, a taxa de serviços alcançou o patamar de 6,48% contra 1,4% da taxa nacional. Por atividades, no setor de serviços, vale ressaltar o desempenho do Comércio, que continuou com taxa positiva e no terceiro trimestre apresentou um crescimento de 10,42%. O setor da indústria apresentou a segunda maior taxa de crescimento, de 4,14% no terceiro trimestre de 2012, acumulando uma taxa de 2,6% de janeiro a setembro de 2012. O resultado foi influenciado pelos desempenhos da construção civil e os serviços de eletricidade, gás e água, que seguem com taxas positivas e sustentando o desempenho do setor. A primeira cresceu 6,20% e a segunda, apresentou uma expansão de 11,98% (ADECE, 2013, s/p). Os investimentos no estado estão apenas começando.
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