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www.esab.edu.br Teoria Geral da Administração Teoria Geral da Administração Vila Velha (ES) 2013 Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Thiago Kleis Pereira Conteudista Marco Maschio Cardozo Chaga Coordenação de Projeto Andreza Lopes Patrícia Battisti Supervisão de Design Educacional Barbara da Silveira Vieira Supervisão de Revisão Gramatical Andrea Minsky Supervisão de Design Gráfico Laura Martins Rodrigues Design Educacional Giovana Spiller Simone Regina Dias Revisão Gramatical Elaine Monteiro Seidler Érica da Silva Martins Valduga Hellen Melo Pereira Paulo de Tarso Vieira Design Gráfico Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Fernando Andrade Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Acadêmico Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Apresentação Caro estudante, Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em 2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós- graduação a distância, via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online. Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da portaria MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi autorizada a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, conforme portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010. Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, sendo reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes. Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras. É com grande satisfação que temos você nesta disciplina de Teoria Geral da Administração! Falamos em satisfação porque temos certeza de que você é especial. Se você tem acesso a este material e o lê, então é por vontade própria que busca algo a mais para a sua vida. E este algo é conhecimento – uma das coisas mais valiosas que existe e que, quando adquirido, ninguém nos tira. Neste mundo cada vez mais globalizado, com uma concorrência acirrada e recursos escassos, os gestores têm de estar cada vez mais aptos às mudanças. Entretanto, não se podem promover mudanças sem tomar decisões. A priori, sabemos que a maioria das pessoas toma decisões sem o devido embasamento teórico, e o mercado atual não perdoa mais tentativas de “erros e acertos” como antigamente. Neste intuito, a disciplina de Teoria Geral da Administração, com base em Chiavenato (2011), Ribeiro (2009), Andrade e Amboni (2011), lhe proporcionará o conhecimento que incentiva as principais práticas administrativas que são adotadas pelas organizações da atualidade. Com esta breve apresentação, esperamos motivá-lo para os estudos relativos à Teoria Geral da Administração, os quais certamente ampliarão de forma significativa sua competência, por meio do conhecimento que proporciona habilidades no ambiente empresarial, uma vez que atitude você já tem. Bom estudo! Equipe Acadêmica da ESAB Objetivo O nosso objetivo é proporcionar o conhecimento das principais abordagens teóricas que embasaram a administração de empresas da atualidade, identificando as principais ênfases das linhas de pensamentos administrativos de cada época, bem como compreendendo o continuum evolutivo das teorias gerais da administração. Competências e habilidades • Entender a Teoria Geral da Administração a partir de uma perspectiva histórica e evolutiva. • Conhecer as principais abordagens teóricas da administração de organizações da atualidade. • Transferir e utilizar o conhecimento adquirido de forma a qualificar a prática administrativa. • Empregar a Teoria Geral da Administração de forma a contribuir na evolução da carreira administrativa, a partir de atitudes proativas. Ementa A abordagem clássica e científica da Administração. Escola de relações humanas. Teoria da burocracia. Abordagem neoclássica da Administração. Abordagem comportamental. Teoria sistêmica. Administração por objetivos. Administração: estado atual e perspectivas futuras. Sumário 1. A importância de estudar TGA .........................................................................................7 2. Pensadores, fatos e organizações que contribuíram para a evolução da Administração ..........................................................................................................13 3. Taylor e a Administração Científica: origens ..................................................................19 4. Taylor e a Administração Científica: organização racional do trabalho ..........................24 5. Taylor e a Administração Científica: princípios ..............................................................30 6. Taylor e a Administração Científica: seguidores de Taylor e o fordismo ..........................34 7. Taylor e a Administração Científica: apreciação crítica ...................................................40 8. A Teoria Clássica da Administração de Fayol: origens .....................................................44 9. A Teoria Clássica da Administração de Fayol: as funções da empresa e as funções administrativas .........................................................................................49 10. A Teoria Clássica da Administração de Fayol: os 14 princípios ........................................55 11. A Teoria Clássica da Administração de Fayol: apreciação crítica .....................................60 12. Teoria das relações humanas: origens ...........................................................................65 13. Teoria das Relações Humanas: a Experiência de Hawthorne ..........................................71 14. Teoria das Relações Humanas: decorrências ..................................................................77 15. Teoria das Relações Humanas: apreciação crítica...........................................................81 16. Escola do Comportamento Humano: origens ................................................................86 17. Escola do Comportamento Humano: motivação humana (parte 1) ...............................90 18. Escola de Comportamento Humano: motivação humana (parte 2) ...............................96 19. Escola do Comportamento Humano: as Teorias X e Y ...................................................103 20. Escola do Comportamento Humano: processo decisório .............................................108 21. Escola do Comportamento Humano: liderança ...........................................................113 22. Escola do Comportamento Humano: apreciação crítica ...............................................118 23. A Escola do Desenvolvimento Organizacional: origens ................................................124 24. A Escola do Desenvolvimento Organizacional: características .....................................128 25. A Escola do DesenvolvimentoOrganizacional: apreciação crítica ................................136 26. Teoria da Burocracia: origens ......................................................................................140 27. Teoria da Burocracia: pressupostos ..............................................................................144 28. Teoria da Burocracia: burocracia segundo Weber.........................................................149 29. Teoria da Burocracia: disfunções da burocracia ............................................................154 30. Teoria da Burocracia: apreciação crítica .......................................................................160 31. Escola Estruturalista: origens ......................................................................................167 32. Escola Estruturalista: características ............................................................................171 33. Escola Estruturalista: apreciação crítica .......................................................................177 34. A Escola Sistêmica: origens .........................................................................................182 35. A Escola Sistêmica: ideias centrais ...............................................................................187 36. A Escola Sistêmica: apreciação crítica ..........................................................................193 37. Teoria Neoclássica: origens ..........................................................................................201 38. Teoria Neoclássica: tipos de organização e departamentalização ................................207 39. Teoria Neoclássica: Administração por Objetivos .........................................................213 40. Teoria Neoclássica: apreciação crítica ..........................................................................218 41. Teoria da Contingência: origens ..................................................................................223 42. Teoria da Contingência: principais aspectos ................................................................228 43. Teoria da Contingência: apreciação crítica ...................................................................236 44. Teorias modernas: Administração Participativa ...........................................................241 45. Teorias modernas: Administração Japonesa (parte 1) .................................................246 46. Teorias modernas: Administração Japonesa (parte 2) .................................................251 47. Teorias modernas: a organização que aprende ............................................................255 48. Novos rumos e perspectivas na Administração ............................................................261 Glossário ............................................................................................................................269 Referências ........................................................................................................................286 www.esab.edu.br 7 1 A importância de estudar TGA Objetivo Mostrar a importância do estudo da Teoria Geral de Administração. Para começarmos, como nossa disciplina se trata de teoria, a primeira parte deste material será baseada nas ideias de importantes estudiosos de Administração, como Chiavenato (2011), Ribeiro (2009), Andrade e Amboni (2011), entre outros. Mas o que é uma teoria? Vamos descobrir? 1.1 Definições preliminares para a TGA Segundo Caravantes, Panno e Kloecenter (2005, p. 39), teoria é a tentativa de associar e integrar dados coletados por meio da experimentação e observação em um sistema explanatório compreensível. Ou seja, teoria é a rede de conexões entre conceitos, juntamente com as regras de correspondência, integrando os conceitos com a realidade percebida. A busca de uma teoria se dá por duas formas de abordagem: • abordagem indutiva: começa com a análise de observações específicas e depois procura generalizar para inferências mais amplas; • abordagem dedutiva: inicia com uma rede de conceitos inter- relacionados e então procura chegar a conclusões específicas sobre a realidade observada. Ambas as abordagens são utilizadas no campo da Teoria Geral da Administração (TGA). www.esab.edu.br 8 As teorias se justificam pela capacidade de explicar a realidade e, principalmente, pela aplicação prática na solução de problemas administrativos, então, o pensamento teórico sobrepõe-se, completa e aperfeiçoa a perspectiva prática. Desta forma, podemos afirmar que a teoria dá suporte à prática, principalmente no que tange às atividades administrativas nas organizações, ainda que as primeiras teorias administrativas tenham sido baseadas na prática. É fundamental conhecermos a Teoria Geral da Administração. Podemos definir a nossa disciplina como os estudos de um conjunto de princípios e conhecimentos disseminados e comuns tanto à prática administrativa quanto às atividades de planejamento, organização, direção e controle, na integração dos indivíduos envolvidos, proporcionando otimização dos resultados das organizações. Você deve estar se perguntando: mas porque tenho de estudar Teoria da Administração? Como vimos, a teoria fornece suporte à prática. Fazendo uma analogia, a teoria seria como os fundamentos ou o alicerce de um prédio. Você já imaginou um prédio sem alicerce? Provavelmente ruiria. Então, vamos aproveitar os nossos estudos em TGA para construirmos um “sólido alicerce” de conhecimento para a nossa profissão. Vamos lá! Dito isso, vamos continuar apresentando alguns pressupostos básicos que serão fundamentais nos nossos estudos da TGA. Acompanhe! 1.2 Organização Comecemos pelo conceito de organização baseado nos estudos de Chiavenato (2011). Observe que podemos definir organização como uma instituição constituída com a finalidade de oferecer produtos e/ou serviços para pessoas e/ou outras organizações. Ou seja, de maneira mais ampla, é qualquer tipo de agrupamento de pessoas que trabalham, de forma estruturada, na busca de resultados comuns. www.esab.edu.br 9 Neste contexto, o termo organização abrange as empresas lucrativas em geral, fundações, autarquias, bancos, cooperativas, universidades, organizações não governamentais (ONGs) e até organizações ilegais, que, apesar de estarem fora da lei, também utilizam conceitos, abordagens, métodos e técnicas administrativas. Claro, práticas estas condenáveis. Portanto, em uma organização precisamos de administração, cujo conceito apresentaremos a seguir. 1.3 Administração Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas da organização. A palavra administração é originária do latim, composta das partes: • ad, direção para, tendência; • minister, comparativo de inferioridade; • sufixo ter, serve como termo de comparação, significando subordinação ou obediência. De maneira sucinta, administração é o ato de administrar, ou seja, exercer (cargo, emprego, ofício), governar, reger (negócios particulares ou públicos). Ainda de acordo com Chiavenato (2011), acerca da administração e seus aspectos, podemos dizer que a administração: • ocorre exclusivamente dentro de organizações; • requer fazer as coisas por meio das pessoas; • requer lidar simultaneamente com situações múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmente conflitivas; • o administrador deve continuamente buscar, localizar e aproveitar novas oportunidades de negócios; • o administrador precisa saber reunir simultaneamente conceitos e ação. www.esab.edu.br 10 Assim, note que administrar é, portanto, um processo pelo qual o administrador cria, dirige, mantém, opera e controla umaorganização. Então, podemos afirmar que a tarefa da Administração é interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los em ação empresarial por meio de planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos. Como isso pode ou deve ser feito? Perceba que a Administração precisa mapear o ambiente externo e dar condições de eficiência à tecnologia utilizada por meio da estratégia empresarial, integrando os recursos e os esforços em todas as áreas e níveis da empresa. 1.4 As funções administrativas Para Andrade e Amboni (2011), o administrador executa suas atividades por meio das funções administrativas, que na atualidade são: planejamento, organização, direção e controle. Entenda melhor o que compreende cada uma: • planejamento: determinação de objetivos e metas para o desempenho organizacional futuro, e decisão das tarefas e dos recursos utilizados para alcance daqueles objetivos, ou seja, diz respeito às implicações das decisões tomadas no presente para um futuro próximo; • organização: processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e alocação de recursos para os departamentos; • direção: envolve os estilos de liderança e de direção na influência para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo a alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão dessas pessoas; www.esab.edu.br 11 • controle: demonstra a compatibilidade entre objetivos esperados e resultados alcançados, ou seja, função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado. Reforçando o conceito de Administração, podemos perceber que é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz, segundo Chiavenato (2011). Com base nas ideias de Chiavenato (2011) e Andrade e Amboni (2011), podemos e precisamos definir eficiência e eficácia organizacional: • eficiência: significa fazer bem e corretamente. O trabalho eficiente é um trabalho bem executado, ou seja, a ênfase está no processo ou nos meios para atingir um objetivo; • eficácia: significa atingir objetivos e resultados. Um trabalho eficaz é proveitoso e bem-sucedido, ou seja, a ênfase está nos resultados, dependendo pouco dos meios. A partir disso, observe que o administrador manipula recursos eficiente e eficazmente por meio de pessoas para atingir objetivos. E o que são recursos? São meios que o administrador dispõe para atingir os objetivos, como pessoas, informação, conhecimento, espaço, tempo, dinheiro, instalações etc. Antes de prosseguirmos, é bom relembrar o que estudamos até aqui. É importante que você guarde esses conhecimentos, porque eles serão de fundamental importância nas unidades seguintes, ou seja, nos estudos da Teoria Geral da Administração. www.esab.edu.br 12 Saiba mais Sugerimos que você acesse o site do Conselho Federal de Administração e saiba um pouco mais sobre o surgimento e reconhecimento da profissão do administrador. Clique aqui. www.esab.edu.br 13 2 Pensadores, fatos e organizações que contribuíram para a evolução da Administração Objetivo Relacionar as influências de pensadores, fatos e organizações que contribuíram para a evolução da Administração. Vivemos em meio a um cenário de mudanças, pressões, instabilidade, alto desempenho e absurda geração e transmissão de conhecimentos, e isso não acontece por acaso. Em alguns momentos, determinados acontecimentos colaboraram para a aceleração ou o retardamento da formação desse cenário. É imprescindível para um profissional de qualquer que seja a área entender esses acontecimentos, sua cronologia e em qual contexto (social, religioso, econômico, tecnológico, climático etc.) tais situações aconteceram. Dito isso, podemos começar a compreender os primórdios e a evolução da Administração sob a influência de filósofos e pensadores. 2.1 A influência dos filósofos e pensadores De acordo com Chiavenato (2011) e Andrade e Amboni (2011), desde os tempos da Antiguidade, a filosofia sugeriu muitos conceitos que atuam na Administração. Vamos conhecer alguns deles? • Sócrates (470 a.C.-399 a.C.): expôs o seu ponto de vista sobre a Administração como sendo uma habilidade pessoal separada do conhecimento técnico e da experiência. • Platão (429 a.C.-347 a.C.): discípulo de Sócrates, preocupou- se profundamente com os problemas políticos inerentes ao desenvolvimento social e cultural do povo grego (democracia e administração dos negócios públicos). www.esab.edu.br 14 • Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): discípulo de Platão, com algumas divergências, impulsionou a Filosofia e a Lógica, distinguindo monarquia (contrapartida: tirania), aristocracia (contrapartida: oligarquia) e democracia (contrapartida: anarquia). Observe que durante os séculos que vão da Antiguidade à Idade Moderna encontramos um hiato temporal em que a filosofia pouco contribuiu com a Administração. No entanto, após esse período, surgiram pensadores que retomaram tal influência. • Thomas Hobbes (1588-1679): defendia um governo absoluto em virtude de seu pessimismo em relação à humanidade. • Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): desenvolveu a teoria do Contrato Social – o Estado surge de um acordo de vontades, por meio do reconhecimento da autoridade, um conjunto de regras, de regimes políticos e governantes. • Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895): propõem uma teoria econômica do Estado e estudos sobre poder. • Adam Smith(1723-1790): considerado o fundador da economia clássica, cuja ideia central é a competição. “A mão invisível que governa o mercado”. O único papel do governo (além de garantir a lei e a ordem) é intervir na economia somente quando o mercado não existe ou quando deixa de funcionar em condições satisfatórias (quando não há competição livre). Em seu célebre livro “As riquezas das nações”, publicado no mesmo ano da invenção da máquina a vapor (1776), já enfatizava a necessidade de se racionalizar a produção. Para Adam Smith, a origem da riqueza das nações reside na divisão do trabalho e na especialização das tarefas. Para Chiavenato (2011), Adam Smith reforçou bastante a importância do planejamento e da organização dentro das funções da Administração. www.esab.edu.br 15 Saiba ainda que, de acordo com Andrade e Amboni (2011), outros pensadores ou precursores da Administração também ajudaram a definir nosso modelo social – pessoas que deflagraram movimentos que se tornaram os pilares da sociedade moderna, como: Francis Bacon, René Descartes, Saint-Simon, Charles Fourier, Louis Blanc, Robert Owen e New Lanark, Charles Babbage, James Watt Jr. e Matthew Boulton, da Fundição Soho, entre outros. 2.2 Civilizações antigas Além dos pensadores apresentados, muitas das civilizações antigas também exerceram um papel importante e tiveram influência maior ou menor nos conceitos administrativos. Acompanhe de forma esquemática como isso aconteceu: • egípcios (3100 a.C.): durante a construção das pirâmides, praticavam ações que legitimavam as teorias administrativas, pois possuíam cultura de planejamento, tratamento impessoal, controle de materiais, formalidade na comunicação, comando e divisão de tarefas; • sumérios (3000 a.C.): implantaram o controle de estoques e criaram a administração pública, além de livros primitivos de contabilidade; • chineses (séc. XXIV a.C.): estão relacionados à burocracia estatal, à importância das pessoas baseadas no mérito, ao concurso público, além do legado deixado por Sun Tzu e sua obra “A arte da guerra”; • babilônios(2000 a.C.): adotaram sistemas de cores para controles, códigos de conduta, remuneração variável; • assírios (séc. XIV a.C.): implementaram princípios de logística; • romanos (séc. VIII a.C.): implantaram a delegação de poder, a administração central, o planejamento e controle das finanças públicas, além de propiciarem o surgimento das empresas privadas; • gregos (séc. V a.C.): implementaram a administração participativa, ética, os princípios de qualidade e o método aristotélico. www.esab.edu.br 16 2.3 Revolução Industrial Com base em Chiavenato(2011), vamos conhecer as principais características da Revolução Industrial, que influenciou significativamente na administração moderna. A partir de 1776, com a invenção da máquina a vapor de James Watt e sua aplicação à produção, uma nova concepção de trabalho modificou a concepção e a estrutura social e comercial da época, a partir das seguintes mudanças: • substituição do artesão pelo operário especializado; • sistema de produção fabril; • crescimento das cidades, originando novas necessidades de administração pública; • surgimento dos sindicatos; • administração consolida-se como área de conhecimento. A Revolução Industrial ocorreu em duas etapas, esquematizada a seguir: 1780 a 1860 – Primeira etapa da Revolução Industrial (revolução do carvão e do ferro): • mecanização da indústria e da agricultura; • aplicação da força motriz à indústria; • desenvolvimento do sistema fabril; • forte aceleramento dos transportes e das comunicações. 1860 a 1914 – Segunda etapa da Revolução Industrial (revolução do aço e da eletricidade): • substituição do ferro pelo aço; • substituição do vapor pela eletricidade; • desenvolvimento de máquinas automáticas; • especialização do operário; • crescente domínio da indústria pela ciência; • transformações nos transportes e nas comunicações; www.esab.edu.br 17 • novas formas de organização capitalista; • expansão da industrialização. 2.4 A influência da organização da Igreja Católica Com o tempo, houve transferência das instituições dos Estados para as instituições eclesiásticas (Igreja Católica) e militares. Nesse caminho, a Igreja foi estruturando sua organização, hierarquia e autoridade. Hoje, ela tem uma organização hierárquica tão simples e eficiente que pode operar seus interesses em todo o mundo por meio de um único líder, o Papa. Pois saiba que esse modelo serviu de exemplo para muitas organizações, que adotaram normas administrativas similares às utilizadas pela Igreja Católica. 2.5 A influência da organização militar Além da organização da Igreja Católica, também a militar influenciou enormemente o desenvolvimento das teorias da Administração ao longo do tempo. Como exemplo disso, podemos citar a estrutura linear, que tem suas origens na organização militar dos exércitos da Antiguidade e da Era Medieval. A estrutura linear é baseada sob os seguintes aspectos: o princípio da unidade de comando – cada subordinado só pode ter um superior, é o núcleo central de todas as organizações militares; a escala hierárquica – os escalões hierárquicos de comando com graus de autoridade e responsabilidade, como na atualidade (cabo, sargento, tenente etc.); e o princípio da direção – que preceitua que todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer. Segundo registros históricos, Napoleão nunca deu uma ordem sem explicar o seu objetivo e certificar-se de que seus comandados haviam compreendido corretamente. www.esab.edu.br 18 Além dele, Clausewitz, general prussiano, considerado o pai da estratégia, publicou trabalhos sobre como administrar os exércitos em períodos de guerra. Considerava a disciplina como um requisito básico para uma boa organização, requerendo um planejamento no qual as decisões devem ser científicas e não simplesmente intuitivas. Complementando, ele também afirmava que o administrador deveria aceitar a incerteza e planejar de maneira a minimizar seus efeitos. Como você pode perceber, nesta unidade conhecemos algumas das influências de pensadores, fatos e organizações que contribuíram para a evolução da Administração, inclusive na Abordagem Clássica, que veremos de forma mais detalhada na unidade a seguir. Saiba mais Caro aluno, para saber mais sobre a Revolução Industrial, sugerimos que você assista ao vídeo disponível aqui. Isso é importante para você aprofundar seus conhecimentos. www.esab.edu.br 19 3 Taylor e a Administração Científica: origens Objetivo Conhecer as origens e o desenvolvimento da Administração Científica de Taylor. Antes de iniciarmos o conteúdo desta unidade, é importante que você tenha em mente que o enfoque temporal dado ao surgimento da Administração pode tornar-se uma questão de escolha de épocas, eventos e abordagens nas quais a administração, mesmo ainda não sendo conhecida ou reconhecida como ciência, estava presente nas ações e nas negociações dos homens. 3.1 As origens das teorias administrativas Como vimos anteriormente, quando e onde se inicia a história da administração é puramente uma questão de escolha. Nós podemos, por exemplo, começar pelo “homem das cavernas” na pré-história, nas civilizações antigas, na Idade Média ou no Renascimento, outros preferem iniciar pela Revolução Industrial. De maneira didática, no caso da nossa disciplina de TGA, iniciaremos os nossos estudos sobre administração nos tempos em que essa passou a ser tratada como ciência. Dessa forma, iniciaremos nossos estudos pela Abordagem Clássica, didaticamente composta por: • Administração Científica, de Taylor; • Teoria Clássica, ou Administrativa, de Fayol. E o que deu origem à Abordagem Clássica da Administração? www.esab.edu.br 20 Bem, suas origens são decorrentes das consequências geradas pela Revolução Industrial, e podem ser resumidas em dois fatos genéricos: o crescimento acelerado e desorganizado das empresas e a necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações. Diante disso, surge a Administração Científica, que conheceremos a seguir. 3.2 Teoria da Administração Científica Saiba que, em termos de desenvolvimento das escolas ou teorias da administração, em suas obras, autores como Chiavenato (2011), Ribeiro (2009) e Andrade e Amboni (2011) têm a mesma linha de pensamento, qual seja, de que a Abordagem Clássica é a mais antiga, a partir da qual surgiu a Administração Científica. Vale ressaltar que a Administração Científica de Taylor também é conhecida como Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. A Teoria da Administração Científica foi iniciada na segunda metade do século XVIII, e sua abordagem básica é a ênfase colocada nas tarefas, conforme vários autores, como Ribeiro (2009). Considerado fundador dessa teoria, o engenheiro norte-americano Frederic Winslow Taylor (1856-1915) nasceu na Pensilvânia, nos Estados Unidos. Veio de uma família de princípios rígidos e foi educado em uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Iniciou sua carreira como operário na empresa Midvale Steel Co., até chegar a engenheiro, quando se formou pelo Stevens Institute of Technology, de New Jersey, em 1883. Taylor também é considerado o fundador da moderna TGA. Teve inúmeros seguidores, como Gantt, Gilbreth, Emerson, Ford, Barth, entre outros, e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. www.esab.edu.br 21 Afinal, o que Taylor fez? Bem, a sua preocupação original foi eliminar o “fantasma” do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Na época, vigoravao sistema de pagamento por peça ou por tarefa. Como os patrões pagavam pouco, os operários reduziam o ritmo de produção, pois nada os impulsionavam a produzir mais. Isso levou Taylor a estudar o problema. A partir desses, observou que a produção de cada operário era de somente um terço, denominando tal ineficiência de vadiagem sistemática. Para Taylor, o problema da “preguiça” poderia ser superado com uma administração capaz de inspirar ou forçar os operários a alcançarem padrões preestabelecidos. No entanto, não obteve resultados muito satisfatórios, o que o motivou a ampliar seus estudos adotando uma sistemática racional. 3.2.1 Os estudos de Taylor Os estudos de Taylor dividem-se em duas importantes fases. A primeira, de forma analítica, com o livro “Shop management” (“Administração de oficinas”), publicado em 1903, sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (Motion-time study). A segunda, de forma construtiva, com a publicação do livro “Principles of scientific management” (“Princípios de Administração Científica”), publicado em 1911, que foi inspirado pela conclusão de que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa, a qual tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Dessa forma, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, a qual denominou Administração Científica, mas sem deixar sua preocupação quanto à tarefa do operário de lado. www.esab.edu.br 22 E qual era o contexto que motivou Taylor a desenvolver seu trabalho? De acordo com Chiavenato (2011), citando Taylor, as indústrias de sua época sofriam de três males: • vadiagens sistemáticas dos operários, que reduziam a produção acerca de um terço da que seria normal. Para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência, ele apontou três causas determinantes da “vadiagem no trabalho”: o engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego de operários; o sistema defeituoso de administração que forçava os operários à ociosidade no trabalho, a fim de proteger seus interesses pessoais; e os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiçava grande parte de seu esforço e tempo; • desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização; • falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. Para sua reflexão Como estudamos nas preocupações de Taylor, reflita: estes males que afligiam as indústrias na época de Taylor ainda estão presentes nas organizações da atualidade ou já constatamos uma nova configuração nas organizações contemporâneas? Qual a sua percepção? As respostas a essas reflexões formam parte de sua aprendizagem e são individuais, não precisando ser comunicadas ou enviadas aos tutores. Saiba que para sanar esses três males, Taylor idealizou a Scientific Management, difundido sob os nomes de Administração Científica, www.esab.edu.br 23 Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho (CHIAVENATO, 2011). Segundo Taylor, o Scientific Management é uma evolução e não uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom-senso, ou seja, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um período de quatro a cinco anos, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. Para finalizar esta unidade, podemos resumir então as principais ideias da Administração científica de Taylor como uma combinação de ciência em lugar de empirismo; harmonia em vez de discórdia; cooperação e não individualismo; rendimento máximo em lugar de produção reduzida; e desenvolvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade. Ainda vamos nos deter nessa abordagem na próxima unidade. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 24 4 Taylor e a Administração Científica: organização racional do trabalho Objetivo Relacionar a ênfase nas tarefas na racionalidade do trabalho. A partir de agora, vamos detalhar o trabalho desenvolvido por Taylor, buscando conhecer diferentes aspectos de suas contribuições para a Administração, baseando-nos nas obras de Chiavenato (2011). Logo de início, saiba que, em seus estudos, Taylor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos outros funcionários mais antigos. Obviamente que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa, com tempos, ferramentas e métodos questionáveis para uma boa produtividade. Foi assim que Taylor buscou aperfeiçoar os métodos produtivos por meio de uma análise científica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de deixar a critério pessoal de cada operário. A tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de organização racional do trabalho (ORT). E o que fundamentou a ORT, você sabe? A ORT se embasou nos seguintes aspectos (CHIAVENATO, 2011): • análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos; • estudo da fadiga humana; • divisão do trabalho e especialização do operário; • desenho de cargos e de tarefas; • incentivos salariais e prêmios de produção; www.esab.edu.br 25 • conceito de Homo economicus; • condições ambientais de trabalho; • padronização. Cada um desses aspectos da ORT será tratado a seguir, mais especificamente. Vamos lá? 4.1 Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos O instrumento básico para se racionalizar o trabalho dos operários era o estudo de tempos e movimentos (motion-time study). O trabalho é executado melhor e mais economicamente por meio da análise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa; ou seja, a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a execução da tarefa, por meio da utilização do cronômetro. Para esse tempo médio, eram adicionados os tempos elementares e mortos (esperas, tempos de saída do operário da linha para suas necessidades pessoais etc.), para resultar o chamado tempo padrão. 4.2 Estudo da fadiga humana O estudo dos movimentos tem uma tripla finalidade: • evitar movimentos inúteis na execução de uma tarefa; • executar o mais economicamente possível, do ponto de vista fisiológico, os movimentos úteis; • dar aos movimentos uma seriação apropriada (princípios de economia de movimentos). Para reduzir a fadiga, Frank B. Gilbreth (1869-1924), engenheiro que acompanhou Taylor, propôs princípios de economia de movimentos classificados em três grupos: www.esab.edu.br 26 • relativos ao uso do corpo humano; • relativos ao arranjo material do local de trabalho; • relativos ao desempenho das ferramentas e do equipamento. 4.3 Divisão do trabalho e especialização do operário Reflexo do estudo dos tempos e movimentos – a divisão do trabalho e a especialização do operário teve o propósito de elevar sua produtividade. Com isso, cada operário passou a ser especializado na execução de uma única tarefa ou de tarefas simples e elementares para ajustar-se aos padrões descritos e às normas de desempenho estabelecidas pelo método. A partir daí, o operário perdeu a liberdade e a iniciativa de estabelecer a sua maneira de trabalhar e passou a ser confinado à execução automática (mecanicista) e repetitiva de umaoperação ou tarefa manual, simples, e padronizada durante toda sua jornada de trabalho. 4.4 Desenho de cargos e de tarefas Foi a primeira tentativa de definir e estabelecer racionalmente cargos e tarefas. Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas. 4.5 Incentivos salariais e prêmios de produção Estímulo salarial adicional, como prêmios de produção, para que os operários ultrapassem o tempo padrão. A ideia básica era a de que a remuneração baseada no tempo (salário mensal, diário ou por hora) não estimula ninguém a trabalhar mais e deve ser substituída por remuneração baseada na produção de cada operário (salário por peça, por exemplo): o operário que produz pouco ganha pouco e o que produz mais ganha na proporção de sua produção. www.esab.edu.br 27 4.6 Conceito de Homo economicus Segundo esse conceito, toda pessoa é concebida como influenciada exclusivamente por recompensas salariais, econômicas e materiais. Em outros termos, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do salário que o trabalho proporciona. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho, fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção. Uma vez selecionado cientificamente o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração à eficiência, este passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física. Entretanto, essa visão estreita da natureza humana – o homem econômico – não se limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro. Pior ainda: via no operário da época um indivíduo limitado e mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas e que deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. 4.7 Condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto, entre outros A eficiência depende não somente do método de trabalho e do incentivo salarial, mas também de um conjunto de condições de trabalho que garantam o bem-estar físico do trabalhador e diminuam a fadiga. www.esab.edu.br 28 4.8 Padronização de métodos e de máquinas Preocupação com a padronização dos métodos e processos de trabalho, das máquinas e dos equipamentos, das ferramentas e dos instrumentos de trabalho, das matérias-primas e dos componentes, no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e, daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. 4.9 Supervisão funcional A especialização do operário deve ser acompanhada da especialização do supervisor e não de uma centralização da autoridade. Taylor propunha a chamada supervisão funcional, que nada mais é do que a existência de diversos supervisores, cada qual especializado em determinada área e que tem autoridade funcional (relativa somente a sua especialidade) sobre os mesmos subordinados. Devido a sua importância na organização racional do trabalho, ressaltamos que os estudos de tempos e movimentos têm como premissa básica que todo trabalho pode e deve ter uma forma de ser aperfeiçoado, auxiliando em duas situações aflitivas para o empregado: a do tempo e a do esforço. Além disso, de acordo com Ribeiro (2009), o conceito do estudo de tempos e movimentos visa racionalizar o trabalho e alcançar a otimização da relação tempo-esforço, procurando identificar os melhores movimentos e tempos na execução de uma tarefa. A Administração Científica pede, em primeiro lugar, investigação cuidadosa de cada modificação sofrida pelo mesmo instrumento ainda durante a aplicação dos conhecimentos empíricos; depois, estuda o tempo para verificar a velocidade que cada um pôde alcançar e, reunindo em um instrumento multiplicável todas as boas características identificadas pelo estudo, permite ao operário trabalhar com maior agilidade e facilidade do que antes. www.esab.edu.br 29 E você sabe o que resulta do estudo de tempos e movimentos? Entre outras coisas: • mais economia; • menor cansaço; • maior bem-estar e, como consequência, benefício para todos, tendo como vantagens trabalho racionalizado; maior produtividade; menor fadiga. Em síntese, o êxito das mais simples tentativas dessa natureza requer registro, sistematização e cooperação. E para fecharmos mais esta unidade, acompanhe a figura 1, a seguir, na qual podemos identificar mais claramente as vantagens de tais estudos. Estudos de tempos e movimentos Aumento da e�ciência Eliminação da fadiga Produtividade Maiores salários Bem-estar social Ascensão pro�ssional Figura 1 – Vantagens dos estudos de tempos e movimentos . Fonte: Adaptada de Ribeiro (2009). Concluímos destacando que a organização racional do trabalho (ORT) acabou gerando os princípios da Administração Científica, que detalharemos na próxima unidade. www.esab.edu.br 30 5 Taylor e a Administração Científica: princípios Objetivo Relacionar os princípios da Administração Científica. Como vimos, a preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da Administração Científica a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados a todas as situações possíveis. Neste momento, vale ressaltar que um princípio é uma afirmação válida para uma determinada situação, ou seja, é uma previsão antecipada do que deverá ser feito quando ocorrer aquela situação. Conforme aponta Chiavenato (2011), cada autor estabeleceu seus próprios princípios de administração e os mais importantes estão listados a seguir. • Princípios da Administração Científica de Taylor. • Princípios da Eficiência de Emerson. • Princípios Básicos de Ford. • Princípio da Exceção. Agora vamos detalhar melhor cada um deles. www.esab.edu.br 31 5.1 Princípios da Administração Científica de Taylor Para Taylor, a gerência deve seguir quatro princípios (CHIAVENATO, 2011). a. Princípio de Planejamento: substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e atuação empírico-prática por métodos baseados em procedimentos científicos, ou seja, substituir a improvisação pela ciência por meio do planejamento do método de trabalho. b. Princípio de Preparo: selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar também máquinas e equipamentos por meio do arranjo físico e disposição racional das ferramentas e dos materiais. c. Princípio do Controle: controlar o trabalho para se certificar de que este está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para execução seja a melhor possível. d. Princípio da Execução: distribuir atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada. 5.2 Princípios da eficiência de Emerson Harrington Emerson (1853-1931) foi um engenheiro que simplificou alguns métodos de trabalho. Desenvolveu os primeiros trabalhos sobre seleção e treinamento de empregados. Vamos conhecer seus princípios (CHIAVENATO, 2011): a. traçar um plano bem definido, de acordo com os objetivos; b. estabelecer o predomínio de bom-senso; c. oferecer orientação e supervisão competentes; d. manter disciplina; e. impor honestidade nos acordos, justiça social; www.esab.edu.br 32 f. manter registros precisos, imediatos e adequados; g. oferecer remuneração proporcionalao trabalho; h. fixar normas padronizadas para as condições de trabalho; i. fixar normas padronizadas para o trabalho em si; j. fixar normas padronizadas para as operações; k. estabelecer instruções precisas; l. oferecer incentivos ao pessoal para aumentar o rendimento e a eficiência. Como podemos observar, os princípios de Emerson eram muito arrojados para a época. 5.3 Princípios básicos de Ford Na próxima unidade, conheceremos mais detalhadamente os feitos de Henry Ford. Mas agora, por uma questão didática, vamos nos antecipar um pouco e já identificar seus princípios. Saiba que Ford adotou três princípios básicos para obter a eficiência em seus processos produtivos. • Princípio de Intensificação: consiste em diminuir o tempo de duração, com o emprego imediato dos equipamentos e da matéria- prima, e a rápida colocação do produto no mercado. • Princípio de Economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação. Por meio desse princípio, conseguiu fazer com que o trator ou o automóvel fossem pagos a sua empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima adquirida, bem como do pagamento de salários. • Princípio de Produtividade: consiste em aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período de trabalho por meio da especialização e da linha de montagem. Assim, o operário pode ganhar mais em um mesmo período de tempo e o empresário ter maior produção. www.esab.edu.br 33 5.4 Princípio da Exceção De responsabilidade de Taylor, e seguido pela maioria dos estudiosos da época, o princípio da exceção é a adoção de um sistema de controle operacional simples e baseado não no desempenho médio, mas na verificação das exceções ou dos desvios dos padrões normais. Ou seja, em outros termos, tudo o que ocorre dentro dos padrões normais não deve ocupar demasiado a atenção do administrador, deve prioritariamente verificar as ocorrências que se afastem dos padrões, ou seja, as exceções, para que sejam corrigidas. Tanto os desvios positivos quanto negativos que fogem dos padrões normais devem ser rapidamente identificados e localizados para a tomada de providências. Daí o princípio da exceção, segundo o qual as decisões mais frequentes devem ser transformadas em rotina e delegadas aos subordinados, deixando os problemas mais sérios e importantes para os superiores. Note que essa foi a forma pela qual Taylor concebeu a delegação que se tornaria depois um princípio de organização amplamente aceito. Saiba mais Sugerimos que você acesse e assista ao vídeo sobre a Administração Científica clicando aqui. Além de Emerson e Ford, Taylor teve mais uma série de seguidores que veremos na próxima unidade. Vamos lá! www.esab.edu.br 34 6 Taylor e a Administração Científica: seguidores de Taylor e o fordismo Objetivo Descrever as contribuições dos seguidores das ideias de Taylor. Como vimos anteriormente, além de Taylor, a Escola científica obteve a colaboração e o empenho científico de uma série de outros teóricos e estudiosos da época. Vale ressaltar os principais nomes e as suas contribuições para a Administração Científica, de acordo com as obras de Andrade e Amboni (2011) e Chiavenato (2011). 6.1 Frank B. Gilbreth e Lillian M. Gilbreth Conhecidos como o casal Gilbreth, Frank B. Gilbreth (1868-1924) e sua assistente e esposa Lillian Gilbreth (1878-1972) em 1912 enfatizaram o estudo dos movimentos em detrimento do estudo dos tempos. Como vimos na ORT (unidade 4), desenvolveram técnicas para evitar o desperdício de tempo e movimento. Estabeleceram padrões, racionalizando tarefas de produção e, consequentemente, aumentando a produção. Saiba que eles tinham preocupação também com a redução da fadiga, propondo o redesenho do ambiente de trabalho, a redução das horas diárias e a implementação ou o aumento de dias de descanso remunerado. www.esab.edu.br 35 6.2 Henry L. Gantt Outro dos seguidores de Taylor foi Gantt (1861-1919), também um engenheiro, que trabalhou na Midvale Steel Co., juntamente com Taylor. Na época, Gantt criou o controle gráfico de produção, com o objetivo de acompanhar diariamente os fluxos de produção. A técnica popularizou- se no mundo todo, tornando-se a mais importante das técnicas de planejamento e controle utilizada até os dias de hoje e conhecida como o Gráfico de Gantt. 6.3 Hugo Munsterberg Munsterberg (1863-1916) é considerado o criador da psicologia industrial. Ampliando as ideias de Taylor, ele começou a realizar pesquisas visando a aplicação da psicologia na indústria propondo: • ajudar a encontrar os homens mais capacitados para o trabalho; • definir as condições psicológicas mais favoráveis ao aumento da produção; • produzir na mente humana as influências desejadas do interesse da administração. Além disso, vale destacar que Munsterberg desenvolveu alguns dos primeiros testes de seleção de pessoal em grandes empresas. A partir daí, a psicologia industrial começa a se estabelecer como um importante ramo da administração. www.esab.edu.br 36 Estudo complementar Até esta unidade, discutimos a iniciação do uso de ciência para aprimorar as práticas administrativas na busca da eficiência e da eficácia organizacional por meio da Administração Científica proposta por Taylor. Para aprimorar e ilustrar seu aprendizado, assista ao vídeo de trechos da obra de Charlie Chaplin, “Tempos modernos”, clicando aqui. E agora, questionamos: 1 - Quais características do taylorismo são apresentadas no filme? 2 - O filme de Chaplin apresenta, de forma crítica, como as fábricas exerciam um controle sobre os operários através da divisão do trabalho, conceito difundido com o taylorismo. Você acredita haver ainda hoje formas de controle do trabalho operário? 6.4 Fordismo –Henry Ford De acordo com Chiavenato (2011), além de Taylor, Henry Ford (1863- 1947) é provavelmente o mais conhecido de todos os precursores da Administração Científica. Ele iniciou sua vida como mecânico, o que contribuiu para que projetasse um modelo de carro. Em 1899, ele fundou sua primeira fábrica de automóveis, que logo foi fechada. Persistente, em 1903 fundou a Ford Motor Company. Sua ideia: popularizar um produto que antes era artesanal e destinado a milionários. Ou seja, vender carros a preços populares e com assistência técnica garantida, revolucionando a estratégia comercial da época com o famoso modelo de carro Ford T. Entre 1905 e 1910, Ford promoveu a grande inovação do século: a produção em massa. Embora não tenha inventado o automóvel nem mesmo a linha de montagem, note que Ford inovou na organização do www.esab.edu.br 37 trabalho com a produção de maior número de produtos acabados e com maior garantia de qualidade, e pelo menor custo possível. Compreenda que, embora na atualidade isso possa parecer óbvio, essa inovação teve um enorme impacto sobre a maneira de viver do homem, maior que muitas das grandes invenções do passado. Em 1913, Ford já fabricava 800 carros por dia. Em 1914, repartiu com seus empregados uma parte do controle acionário da empresa. Além disso, Ford estabeleceu o salário mínimo de cinco dólares por dia e jornada diária de oito horas – isso em uma época em que a jornada de trabalho variava entre dez e doze horas. Saiba ainda que em 1926 ele já tinha 88 fábricas e empregava 150 mil pessoas, fabricando 2 milhões de carros por ano. Utilizou um sistema de concentração vertical, produzindo desde a matéria-prima inicial ao produto final acabado; e de concentração horizontal, por meio de uma cadeia de distribuição comercial por meio de agências próprias. A racionalização da produção foi propícia à linha de montagem, o que permitiu a produção em massa. Na produção em série, ou em massa, o produto é padronizado,bem como o maquinário, o material, a mão de obra e o desenho, o que proporcionava (e ainda proporciona) um custo mínimo. Daí a produção em grandes quantidades, cuja condição precedente é a capacidade de consumo em massa, seja real ou potencial, na outra ponta. Perceba, portanto, que a condição-chave da produção em massa é a simplicidade, suportada pelos seguintes aspectos: • a progressão do produto por meio do processo produtivo é planejada, ordenada e contínua; • o trabalho é entregue ao trabalhador, em vez de deixá-lo com a iniciativa de ir buscá-lo; • as operações são analisadas em seu elementos constituintes. www.esab.edu.br 38 Conforme mencionamos na unidade anterior, Ford adotou três princípios básicos para obter a eficiência em seus processos produtivos, mas vale a pena relembrá-los: • princípio de intensificação: diminuição do tempo de duração como emprego imediato dos equipamentos e da matéria-prima e rápida colocação do produto no mercado; • princípio de economicidade: redução ao mínimo do volume do estoque da matéria-prima em transformação; • princípio de produtividade: aumento da capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. Por fim, é importante você atentar para o fato de que Ford – com sua filosofia de produção em massa, preços baixos, altos salários e organização eficiente do trabalho, destacando-se aí a rapidez e simplicidade de fabricação – apresentou ao mundo o maior exemplo de administração eficiente individual que a história conhece. Na próxima unidade, veremos algumas críticas tecidas à Administração Científica. Estudo complementar Nas unidades anteriores, estudamos a introdução da utilização da ciência nos processos produtivos da Administração Científica. Para aprofundar seus estudos, faça uma leitura do artigo “Taylor Superstar”, de Clemente Nóbrega, que discorre sobre a perspectiva da Administração Científica dos tempos de Taylor até a atualidade. Acesse o texto clicando aqui. Boa leitura! www.esab.edu.br 39 Resumo Vamos relembrar o que estudamos até aqui? Na primeira unidade, você acompanhou brevemente a importância dos estudos de Teoria Geral da Administração e alguns pressupostos básicos da administração que já deram e darão um bom subsídio à continuação dos nossos estudos. Conheceu também a origem e a introdução da utilização da ciência nos processos produtivos da administração de empresas, preconizados principalmente por Taylor, que difundiu os princípios da Administração Científica (o princípio de planejamento, de preparo, do controle e da execução). Em sua doutrina, conforme você estudou, Taylor difundiu considerações de administração como ciência, a separação entre quem pensa e quem faz, o conceito do Homo economicus, a supervisão funcional, a ênfase na tarefa, o princípio da exceção, entre outros. Na sequência, foi possível saber que Taylor teve alguns seguidores, dos quais podemos destacar o casal Gilbreth, com seus estudos de tempos e movimentos, de fadiga, da organização racional do trabalho; além da filosofia de Ford, com a produção em massa, preços baixos, altos salários e organização eficiente do trabalho, destacando-se aí a rapidez e simplicidade de fabricação, apresentando ao mundo o maior exemplo de administração eficiente que a história conhece. Portanto, diante disso, é possível concluir até aqui que Taylor, com sua Administração Científica, buscou, por meio da ênfase na tarefa, aumentar a eficácia da empresa, ou seja, aumentar os resultados de produtividade e da eficiência no nível operacional. www.esab.edu.br 40 7 Taylor e a Administração Científica: apreciação crítica Objetivo Evidenciar o enfoque crítico em relação à Teoria Científica da Administração. Nas últimas unidades, estudamos alguns conceitos preliminares da TGA, antecedentes históricos e a introdução do uso da ciência no entendimento e aprimoramento das práticas administrativas de Taylor. Agora voltaremos nossos olhares para algumas críticas tecidas à Administração Científica. Vamos lá! 7.1 Apreciação crítica da Administração Científica Para iniciarmos nosso estudo crítico sobre a Administração Científica, utilizaremos o ensinamento de Chiavenato (2011). O autor afirma que o termo Administração Científica deveria ser substituído por Estudo científico do trabalho. Nesse sentido, Taylor foi o precursor da moderna organização do trabalho. A consequência imediata da Administração Científica foi uma redução revolucionária no custo dos bens manufaturados – em geral de um para dez, e algumas vezes de um para vinte. Aquilo que foi um luxo acessível apenas aos ricos – como automóveis ou aparelhos domésticos – rapidamente tornou-se disponível para as massas. Mas o mais importante para o nosso estudo neste momento é o fato de que a Administração Científica tornou possível o aumento substancial dos salários, ao mesmo tempo em que reduziu o custo total dos produtos. A Administração Científica proclamava: o menor custo do produto final deve significar maiores salários e maior renda para o trabalhador. Antes dela, acreditava-se no contrário: o baixo custo de um produto acabado significava sempre salários mais baixos para o trabalhador. www.esab.edu.br 41 Além disso, a Administração Científica foi responsável por modificar a estrutura organizacional e incrementar a composição da força de trabalho. O operário não especializado que trabalhava com um baixo salário, suficiente apenas para sua subsistência, e que constituía o maior contingente da força de trabalho do século XIX, tornou-se obsoleto. Em seu lugar, surgiu um novo grupo, os operadores de máquinas, como, por exemplo, os homens das linhas de montagem do automóvel. Entre 1910 e 1940, os operadores de máquinas tornaram-se o maior grupo ocupacional em todos os países industrializados, ultrapassando os trabalhadores do campo e os operários em quantidade. Concluímos, portanto, que a Administração Científica contribuiu com a redução de custo dos produtos finais, com o aumento do salário dos trabalhadores e com uma especialização no tipo da mão de obra. Entretanto, a obra de Taylor e seus seguidores são suscetíveis de críticas, as quais não devem diminuir o mérito dos pioneiros da nascente Teoria da Administração. Note ainda que as principais críticas à Administração Científica, de acordo com Chiavenato (2011), estão esquematizadas e resumidas a seguir. • Mecanicismo da Administração Científica: esta crítica está ligada às tarefas e aos fatores diretamente relacionados com o cargo e a função do operário. Muito embora uma organização seja constituída de pessoas, a Administração Científica deu pouca atenção ao elemento humano e concebeu a organização como “um arranjo rígido e estático de peças”, ou seja, como uma máquina deu às organizações um enfoque mecanicista. Daí a denominação “Teoria da Máquina” dada à Administração Científica. • Superespecialização do operário: na busca da eficiência, a Administração Científica pregou a especialização do operário por meio da divisão e da subdivisão de toda operação em seus elementos constitutivos. A justificativa para essa iniciativa é que tarefas mais simples – resultado da subdivisão – podem ser mais facilmente ensinadas, e a perícia do operário pode ser significativamente aumentada. Por outro lado, uma respeitável padronização no www.esab.edu.br 42 desempenho dos operários é alcançada, pois, à medida que as tarefas são fracionadas, a maneira de executá-las é padronizada. O ponto frágil dessas formas de organização de tarefas é que elas privam os operários da satisfação no trabalho, e, o que é pior, violam a dignidade humana. • Visão microscópica do homem: a Administração Científica faz referência a cadaempregado individualmente, ignorando que o trabalhador é um ser humano e social. A partir de sua concepção negativista do homem, na qual as pessoas são preguiçosas (vadiagem sistemática) e ineficientes, Taylor enfatiza o papel monocrático do administrador. • Ausência de comprovação científica: a Administração Científica é criticada por pretender criar uma ciência sem apresentar comprovação científica das suas proposições e princípios. Em outras palavras, os engenheiros norte-americanos utilizaram pouca pesquisa e experimentação científica para comprovar as suas teses. • Abordagem incompleta da organização: a Administração Científica é considerada incompleta, parcial e inacabada, por estar restrita apenas à organização formal, ou seja, aos aspectos formais da organização, omitindo a organização informal e os seus aspectos humanos. Essa perspectiva incompleta ignora a vida social interna dos participantes da organização, que são tomados como indivíduos isolados e arranjados de acordo com suas habilidades pessoais e demandas da tarefa a serem executadas. Também omite interações entre muitas variáveis críticas, como o compromisso pessoal e a orientação profissional dos membros da organização, bem como o conflito entre objetivos individuais e objetivos organizacionais. • Limitação do campo de aplicação: as observações de Taylor e seus seguidores foram restritas aos problemas de produção localizados na fábrica, não considerando os demais aspectos da vida de uma empresa, como, por exemplo, aspectos financeiros, comerciais, humanos etc. • Abordagem prescritiva e normativa: a Administração Científica se caracteriza pela preocupação em prescrever princípios normativos que devem ser aplicados como receituário em todas as circunstâncias www.esab.edu.br 43 para que o administrador possa ser bem-sucedido, ou seja, ela nos apresenta uma padronização para a resolução de problemas. A crítica formulada a essa perspectiva é que ela visualiza como deveria funcionar a organização em vez de explicar seu funcionamento. • Abordagem de sistema fechado: a abordagem de Taylor visualiza as empresas como se elas existissem no vácuo, ou como se fossem entidades autônomas, absolutas e totalmente fechadas a qualquer influência vinda de fora. Ou seja, a Administração Científica possui uma abordagem fechada, sem se levar em conta a influência do meio ambiente em que ela está situada. As visões apresentadas anteriormente são criteriosas, mas isso não retira o título de Taylor por ter desenvolvido uma doutrina arrojada para época. Embora Taylor se preocupasse mais com a filosofia – com a essência da ideia –, o que exige uma revolução mental tanto da parte da direção como da parte dos operários de uma organização, a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com as técnicas da Administração Científica. Ainda hoje, perceba que há uma forte tendência no intuito de reabilitar a imagem de Taylor. Para que você possa ter uma ideia da dimensão da obra de Taylor, saiba que alguns autores chegam a apontá-lo como o criador da Administração Científica e o pai da Teoria das Relações Humanas, considerando-o um cientista social, interessado pelos problemas de motivação e de comportamento das pessoas. Teremos em mente, portanto, que o principal objetivo da Administração Científica é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, ao empregado. O princípio da máxima prosperidade para o patrão e empregado deveria ser os dois fins principais da administração, havendo assim uma identidade de interesses entre empregados e empregadores. www.esab.edu.br 44 8 A Teoria Clássica da Administração de Fayol: origens Objetivo Expor as origens da doutrina de Fayol. Nesta unidade, estudaremos as origens e os princípios básicos da Teoria Clássica da Administração, a qual recebeu diferentes denominações. Então, para iniciarmos nosso estudo, é importante conhecermos as variações de nomenclatura que existem na literatura. Dessa forma, segundo Ribeiro (2009), Andrade e Amboni (2011) e outros, a Teoria Clássica também é conhecida por: Escola Normativista, Tradicionalista, Europeia, Anatomista e Fisiologista ou ainda Teoria Administrativa e Escola do Processo de Administração. A essa variedade, podemos chamar de divergências semânticas, mas em todas as acepções, os autores concordam que a origem e o principal precursor desta teoria foi Henri Fayol. Que tal conferirmos o assunto para os autores Chiavenato (2011) e Ribeiro (2009)? 8.1 As origens da Teoria Clássica da Administração Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916, surgia, na França, difundindo- se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração. A Administração Científica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, no entanto, a Teoria Clássica tinha ênfase na estrutura, ou seja, estava focada no arranjo dos processos e das funções dentro de uma empresa, obedecendo a sua interdependência, no que a organização deveria possuir para ser eficiente. www.esab.edu.br 45 Podemos reconhecer, juntamente com Chiavenato (2011), que na realidade o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca pela eficiência das organizações. No entanto, na Administração Científica, essa eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário somada à eficiência individual. Já na Teoria Clássica, ao contrário, a eficiência parte do todo organizacional e da sua estrutura; para garanti-la, devemos levar em conta todas as partes envolvidas, sejam elas órgãos (como seções, departamentos etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). Dessa forma, a microabordagem da Administração Científica no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização como um todo em relação a sua estrutura organizacional pela Teoria Clássica. É a inquietação com a estrutura da organização como um todo que constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da Teoria Geral da Administração (TGA). Levando isso tudo em consideração, vamos conhecer um pouco mais sobre Fayol e sobre o contexto que o cercava quando fundou a Teoria Clássica da Administração? 8.2 A obra de Fayol Saiba que Henri Fayol (1841-1925), o fundador da Teoria Clássica, nasceu em Constantinopla e faleceu em Paris, vivendo as consequências da Revolução Industrial e, mais tarde, da Primeira Guerra Mundial. Formou-se em Engenharia de Minas e entrou para uma empresa de mineração de carvão e fundição de ferro, onde fez sua carreira. De acordo com Ribeiro (2009), o sucesso profissional se tornou visível quando, após ser promovido a gerente geral, revitalizou a companhia que trabalhava. Foi com base nas suas experiências que desenvolveu a Teoria Clássica da Administração, ou Teoria Administrativa. www.esab.edu.br 46 Portanto, Fayol foi um engenheiro francês que partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor. Esteve sob a forte influência da tumultuada segunda década do século XX, devido à Primeira Guerra Mundial (1914-1917), que envolvia países da Europa e dos Estados Unidos em operações militares conjuntas. Muitas mudanças ocorriam concomitantemente, dentre elas, podemos destacar: • a expansão acentuada dos meios de transporte, com a indústria automobilística, as ferrovias e o início da aviação militar, civil e comercial; e • a evolução das comunicações, com a forte expansão do jornalismo e do rádio. Sabemos agora quem foi Fayol e quais os fatores que inspiraram a Teoria Clássica da Administração. Estamos prontos para conhecersua obra. Vamos lá? Fayol expôs sua Teoria de Administração no livro “Administration Industrielle et Générale”, publicado em 1916. Seu trabalho, antes da tradução para o inglês, foi divulgado por Urwick e Gulick, dois autores clássicos da época. Exatamente como Taylor, Fayol empregou seus últimos anos de vida à tarefa de demonstrar que, com previsão científica e métodos adequados de gerência, resultados satisfatórios eram inevitáveis. Assim como nos Estados Unidos, a Taylor Society foi fundada para divulgação e desenvolvimento da obra do respectivo autor. Na França, o ensino e o desenvolvimento da obra de Fayol deram motivo à fundação do Centro de Estudos Administrativos, local onde, semanalmente, as pessoas que tinham interesse na administração de negócios (comerciais, industriais ou governamentais) se reuniam para conversar sobre os assuntos, contribuindo, dessa forma, para a difusão das doutrinas administrativas. www.esab.edu.br 47 Em sua obra, instituiu as funções básicas da empresa: técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, de contabilidade e de administração. Esta última, a função administrativa, é considerada, em sua ótica, a mais importante. Entre as funções administrativas de Fayol, estão: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Essas funções são de extrema importância para o nosso estudo e serão adequadamente detalhadas na próxima unidade. Não é à toa que o trabalho de Fayol foi considerado umas das maiores contribuições para o gerenciamento na administração, pois sua obra mostra a possibilidade de formar administradores e criar o ensino formal de administração. Por isso, ao lado de Taylor, é importante que você registre que Fayol também é considerado o pai da Administração. 8.3 Os seguidores de Fayol Todo grande pensador cria uma série de seguidores, e não foi diferente com Fayol. De acordo com Chiavenato (2011), durante as décadas de 1920 e 1930, alguns teóricos, principalmente os que estavam engajados na administração ou em práticas consultivas, explicitaram seus pontos de vista seguindo os conceitos estabelecidos por Fayol. Depois dessa época, outros estudiosos continuaram dando mais contribuições às ideias de Fayol, o que acontece até hoje, como no caso de Henry Mintzberg, considerado como uma das maiores autoridades do planejamento e da estratégia empresarial dos dias atuais. Vamos conhecer alguns dos principais seguidores de Fayol no esquema a seguir? Todas as contribuições citadas surgiram das funções da empresa e das funções administrativas segundo a doutrina de Fayol, as quais serão abordadas na próxima unidade. • Luther Gulick: responsável pela idealização do POSDCORB (Planning, Organising, Staffing, Directing, Coordinating, Reporting and Budgeting), planejamento, organização, alocação de pessoal/ assessoria, direção, coordenação, controle e orçamento. • Lyndall F. Urwick: contribuiu com o princípio da especialização, da autoridade e da amplitude administrativa. www.esab.edu.br 48 • James D. Mooney e Alan C. Reiley: pensou no formalismo, por meio do princípio escalar (hierarquia). • Chester Barnard: aprimorou as funções do executivo. • Herbert Simon: tem influência sobre o estudo dos processos decisórios das empresas. • Henry Mintzberg: autoridade nos assuntos relacionados aos papéis e às habilidades gerenciais do operário. • Robert L. Katz: desenvolveu conhecimentos sobre habilidades gerenciais. • Max Weber: é o responsável pela Teoria da Burocracia. Durante nossos estudos nesta disciplina, os nomes apresentados serão retomados, pois estudaremos mais a fundo cada uma das suas contribuições. E, assim, esta unidade chega ao fim e por todo conteúdo aqui exposto podemos constatar a importância de Fayol e seus seguidores para a ciência de administração. Ansioso por mais? Siga para as próximas unidades, e lá apresentaremos detalhamentos das ideias de Fayol. www.esab.edu.br 49 9 A Teoria Clássica da Administração de Fayol: as funções da empresa e as funções administrativas Objetivo Discutir sobre as funções da empresa e as funções administrativas segundo a ótica de Fayol. Como vimos na unidade anterior, Fayol sistematizou de forma brilhante algumas das funções mais essenciais das organizações e, entre elas, estava a função administrativa, foco do nosso estudo neste momento, pois é da função administrativa que foram geradas as funções do administrador. Está na hora de conhecermos melhor as funções da empresa e darmos o devido aprofundamento à Administração. Vamos lá? 9.1 As funções básicas da empresa Ao final da unidade anterior, citamos quais as funções básicas de uma empresa, você se recorda? Agora vamos estudá-las mais profundamente. De acordo com Ribeiro (2009), Andrade e Amboni (2011) e Chiavenato (2011), Fayol difundiu em sua Teoria Clássica, ou administrativa, que toda empresa apresenta seis funções básicas. • Funções técnicas: relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. • Funções comerciais: relacionadas com a compra, venda e permutação. • Funções financeiras: relacionadas com a captação e a boa gerência de capitais. • Funções de segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. www.esab.edu.br 50 • Funções contábeis: relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. • Funções administrativas: relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. Pelo que podemos entender das funções recém-citadas, são as funções administrativas que coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas. Nesse sentido, Fayol enfatizava que nenhuma das cinco funções essenciais tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os atos senão a função administrativa. A essas atribuições constitui-se uma outra função, designada pelo nome de Administração. A figura a seguir ilustra as funções básicas da empresa. Por ela, podemos perceber que das funções administrativas surgem as funções do administrador. Vale ressaltar que Fayol achava que, mesmo sendo apenas uma das seis grandes atividades organizacionais, as funções administrativas eram as mais importantes delas. Funções administrativas Funções técnicas Funções comerciais Funções �nanceiras Funções de segurança Funções contábeis PO3C • Previsão • Organização • Comando • Coordenação • Controle Figura 2 – As seis funções básicas da empresa. Fonte: Adaptada de Chiavenato (2011). www.esab.edu.br 51 Apesar de toda a importância que essa estruturação teve, a visão de Fayol está ultrapassada. Na atualidade, as funções recebem o nome de áreas da Administração. As funções administrativas são chamadas de área de administração geral; as funções técnicas de área de produção, manufatura ou operações e as funções comerciais, de área de vendas e marketing. As funções de segurança passaram para um nível mais baixo. E, finalmente, surgiu a área de recursos humanos ou de gestão de pessoas. A partir de agora, vamos melhor detalhar as funções administrativas difundidas por Fayol. 9.2 As funções administrativas Como já relatamos anteriormente, para Fayol, as funções administrativas eram mais importantes que as outras funções. Isto é, a função administrativa era a maior preocupação, pois a habilidade administrativa era a mais importante requerida na direção da companhia. As funções administrativas envolvem os elementos da administração, isto é, as funções do administrador. Para Fayol, o conceito de Administração é definido como o ato de administrar por meio de processos ou atividades, estipulando-os em: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Dessa forma, os elementos
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