Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* Paulo Preté * Enzimas: catalisadoras das reações que ocorrem nos sistemas biológicos. Reações químicas necessárias para o crescimento, a restauração e a manutenção de organismos vivos. Catalisador: não são consumidos podendo ser reutilizados. * Sem a catálise as reações não ocorreriam em velocidade útil: digestão de alimentos. envio de sinais através dos nervos. contração muscular. Catalisadores: aumentam a velocidade das reações diminuindo a energia de ativação. * Energia de ligação Energia de ligação da enzima ao substrato: pode ser utilizada para tensionar o substrato ou provocar uma mudança conformacional na enzima (ajuste induzido). Essa energia também responde pela refinada especificidade da enzima pelo substrato. * * Enzimas são Proteínas, exceto um grupo de moléculas de RNA (Ribozima). Alta especificidade pelos substratos, funcionam em soluções aquosas sob diferentes condições de temperatura e pH. A maioria das enzimas apresenta uma temperatura ótima (quando a reação em que ela está envolvida alcança seu máximo de velocidade) em torno de 30 a 40°C, principalmente em temperatura corporal. * Em adição aos efeitos da temperatura e do pH, a atividade enzimática (velocidade da reação química) pode ser aumentada com o aumento das concentrações dos reagentes. A velocidade da reação diminuirá quando as enzimas estiverem saturadas. Enzimas também apresentam uma faixa ótima de pH (ex: pepsina encontrada no suco gástrico o pH 2,0; tripsina do suco pancreático o pH 8,2). * Com o aumento da quantidade de enzima a velocidade da reação aumentará se houver suprimento ilimitado de substrato. Enzimas podem ser desnaturadas quando expostas a altas temperaturas, álcool, ácidos fortes e reagentes alcalóidicos (inibidores não específicos). Estruturas 1ª, 2ª, 3ª e 4ª: fundamentais para a atividade Isozimas: enzimas que tem a mesma função mas possuem características estruturais levemente diferentes. PM: 12.000 a 1 milhão Da. * NOMENCLATURA DAS ENZIMAS Nome Recomendado: Mais curto e utilizado no dia a dia; Sufixo "ase" para caracterizar a enzima. Ex: Urease, Hexoquinase, Peptidase. Nome Sistemático: Mais complexo, nos dá informações precisas sobre a função metabólica da enzima. Ex: ATP-Glicose-Fosfo-Transferase. - Nome Usual: Consagrados pelo uso; Ex: Tripsina, Pepsina, Ptialina. O termo: "en" = dentro "zima" = levedura * Classificação internacional das enzimas Oxidorredutases: Catalisam reações de oxirredução entre 2 substratos (Transferência de elétrons). Transferases: Transferência de grupos funcionais entre 2 substratos. Hidrolases: Reações de hidrólise. Liases: Remoção de grupos de substratos através de reações diferentes da hidrólise. Isomerases: Transferência de grupos na mesma molécula para formar isômeros (cis-trans). Ligases: Acoplamento de 2 compostos com a ruptura de ligações pirofosfato. Formação de ligações (C-C, C-S, C-O e C-N) por meio de reações de condensação acopladas a quebra de ATP. * CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS OXIDORREDUTASES: São enzimas que catalisam reações de transferência de elétrons, ou seja: reações de oxi-redução. São as Desidrogenases e as Oxidases TRANSFERASES: Enzimas que catalisam reações de transferência de grupamentos funcionais como grupos amina, fosfato, acil, carboxil, etc. Como exemplo temos as Quinases e as Transaminases HIDROLASES: Catalisam reações de hidrólise de ligação covalente. Ex: As peptidases; LIASES: Catalisam a quebra de ligações covalentes e a remoção de moléculas de água, amônia e gás carbônico. As Dehidratases e as Descarboxilases são bons exemplos; * ISOMERASES: Catalisam reações de interconversão entre isômeros ópticos ou geométricos. As Epimerases são exemplos; LIGASES: Catalisam reações de formação e novas moléculas a partir da ligação entre duas já existentes, sempre às custas de energia (ATP). São as Sintetases; CLASSIFICAÇÃO DAS ENZIMAS * Co-fatores ou ativadores: 1 ou mais íons inorgânicos, uma molécula orgânica complexa ou uma molécula metalorgânica (coenzima). Co-fatores enzimáticos * Vários tipos de reações químicas ocorrem entre o substrato e os grupos funcionais da enzima: cadeias laterais de aa específicos íons metálicos coenzimas Esses grupos funcionais catalíticos podem formar uma ligação covalente transitória com um substrato e ativa-lo p/ a reação ou algum grupo pode ser transferido do substrato para a enzima. * Grupo prostético: Coenzima ou íon metálico ligado firmemente ou covalentemente à parte protéica da enzima; não são desativadas pelo calor (ex: vitaminas ou compostos derivados das vitaminas). Holoenzima: enzima completa e cataliticamente ativa com coenzima ou íon metálico ligado. Apoproteína: parte protéica desta enzima. * Coenzima A (CoA): essencial no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas no corpo humano. A hidrólise de CoA produz 1 vitamina, 1 purina, 1 açúcar, ácido fosfórico e 1 composto sulfurado. Acetil CoA: age na oxidação dos alimentos no ciclo de Krebs. NAD+ e NADP+ : estão envolvidas na maioria das reações de oxirredução na mitocôndria além de atuarem no ciclo de Krebs. * Modificações covalentes: fosforilação, glicosilação e outros processos (interferem na atividade). * A maior parte da energia necessária para diminuir a energia de ativação é derivada de interações fracas (não-covalentes) entre substrato-enzima (pontes de H, interações hidrofóbicas e iônicas). GB energia de ligação = derivada destas interações, é a maior fonte de energia livre usada pelas enzimas p/ diminuir a energia de ativação das reações. Estado de transição: ponto no topo da colina de energia no qual a passagem para o estado de (S) ou (P) é igualmente provável. * E – pode sofrer mudanças conformacionais induzidas pelas múltiplas interações fracas com o S [S] – afeta a velocidade das reações catalisadas pelas E E + S ES (reação rápida) V0 proporcional [S] - formação ES Quando todas as E estão na forma combinada ES, pode-se aumentar [S] que não haverá aumento V0 A Vmáx será atingida quando praticamente todas as E estiverem combinadas (ES) ES resulta em E + P e a E se liga a outro S. * * CINÉTICA ENZIMÁTICA É a abordagem utilizada para estudar o mecanismo de uma reação catalisada por uma enzima e Determinar a função de uma enzima em uma rota metabólica. Determinar a velocidade da reação e como ela se altera em função de mudanças nos parâmetros experimentais; Determinar as constantes de afinidade do S e dos inibidores; Conhecer as condições ótimas da catálise; * Km = constante de Michaelis-Menten Km é a concentração de substrato que produz metade da velocidade máxima de uma reação. Km é característica para cada enzima agindo sobre um determinado substrato. A equação relaciona a velocidade inicial (V0) de uma reação enzimática com a concentração de substrato e a velocidade máxima (Vmáx) pela constante Km. * CINÉTICA DA REAÇÃO ENZIMÁTICA DIFERENTES SUBSTRATOS LEONOR MICHAELIS 1875 - 1949 MAUD MENTEN 1879 - 1960 * CINÉTICA DA REAÇÃO ENZIMÁTICA Reação enzimática processa-se em duas etapas: Enzima (E) liga-se reversivelmente ao substrato (S), formando o complexo enzima-substrato (ES). E + S ES É liberado o produto E + S ES E + P * INTERAÇÃO ENZIMA-SUBSTRATO * E pode se ligar a 2 ou mais S * Inibidores: agentes moleculares que interferem com a catálise diminuindo ou interrompendo as reações. Reversíveis: - Competitiva: compete com o substrato pelo sítio ativo da enzima. Seu desligamento pode ser obtido com o aumento do substrato. - Incompetitiva: se liga a 1 sítio diferente, liga-se apenas ao complexo ES formando ESI. - Mista: o I também se liga a 1 sítio diferente mas pode se ligar a E ou a ES formando ESI. * Inibidores irreversíveis: formam ligações covalentes fortes com a enzima, tornando-a inativa. Este inibidor não se desliga com o aumento do substrato. Ele se combina com um grupo funcional na E ou o destroem ou ainda formam uma associação covalente bastante estável. Ex: Zalcitabina é usada em pacientes com infecção avançada pelo HIV; na célula ela é convertida a um metabólito ativo que atua como inibidor competitivo do substrato natural para o sítio ativo da transcriptase viral reversa, inibindo a replicação do vírus. * Inibidores específicos das enzimas Afetam uma única enzima ou um grupo de enzimas (a maioria das substâncias venenosas). Íons cianeto (CN-): inibem a atividade da enzima citocromo oxidase. Compostos de mercúrio e chumbo: reagem com o grupo sulfidrila (_SH) de uma enzima alterando sua conformação (envenenamento: resulta em perda de equilíbrio, visão e tato, audição, que geralmente é irreversível). * Compostos organofosforados Inseticidas (malation e paration) e vários gases de guerras. Inibidores irreversíveis da colinesterase (enzima que rompe a acetilcolina no espaço sináptico das células nervosas do cérebro) - Bloqueio de neurotransmissores fazendo com que os sítios receptores no cérebro “acendam” repetidamente superestimulando os músculos. Coração bate rápido e de forma irregular (convulsões e morte). Antídotos: podem agir deslocando o substrato venenoso da enzima ou bloqueando os efeitos do excesso de acetilcolina. * Inibidores enzimáticos benéficos Penicilina: atua como inibidor enzimático para a transpeptidase (essencial para que as bactérias construam suas paredes celulares). Sem a parece celular as bactérias são destruídas pela pressão osmótica. Linhagens bacterianas desenvolveram a penicilinase, que inativa a penicilina, sendo necessário desenvolver penicilinas modificadas sinteticamente para manter sua efetividade. cAMP: mensageiro químico que regula a atividade enzimática dentro das células que armazenam carboidratos e gorduras. A falta de cAMP gera caos com todas as enzimas trabalhando em velocidade máxima e seu suprimento inadequado pode levar ao desenvolvimento de câncer. * CINÉTICA DA REAÇÃO ENZIMÁTICA CATALISADA EM PRESENÇA DE INIBIDOR COMPETITIVO * CINÉTICA DA REAÇÃO ENZIMÁTICA CATALISADA EM PRESENÇA DE INIBIDOR NÃO-COMPETITIVO * pH ótimo no qual sua atividade é máxima em pH > ou < a atividade diminui. Cadeias laterais dos aa do centro ativo da E podem atuar como ácidos e bases fracas, com funções críticas dependentes de certos estados de ionização. As cadeias laterais ionizadas podem desempenhar um papel essencial nas interações que mantém a estrutura da E. O pH no qual a E sofre mudanças na atividade pode fornecer uma pista sobre qual aa está envolvido. Ex: mudanças na atividade em pH 7.0, em geral reflete a titulação de uma His. * temperatura : - taxa de reação (maioria das reações químicas); - estabilidade da proteína devido a desativação térmica. Temperatura ótima: enzima atinje sua atividade máxima (t ºC máxima na qual a enzima possui atividade cte. por um período de tempo). EFEITO DA TEMPERATURA Efeito da temperatura depende: - pH e a força iônica do meio; - presença ou ausência de ligantes. * Velocidade de transformação do S em P quantidade de E. Desvios da linearidade ocorrem: Presença de inibidores na solução de enzima; Presença de substâncias tóxicas; Presença de um ativador que dissocia a enzima; Limitações impostas pelo método de análise. Recomenda-se: Enzimas com alto grau de pureza; Substratos puros; Métodos de análise confiável. CONCENTRAÇÃO DAS ENZIMAS * [S] varia durante o curso da reação à medida que S é convertido em P. Medir Vo = velocidade inicial da reação. [E] = cte. [S] pequenas Vo linearmente. [S] maiores Vo por incrementos cada vez menores. Vmax [S] Vo insignificantes. Vmax é atingida E estiverem na forma ES e a [E] livre é insignificante, então, E saturada com o S e V não com de [S]. CONCENTRAÇÃO DE SUBSTRATO * Metabolismo celular: grupos de enzimas trabalham em conjunto em vias seqüenciais para desenvolver um dado processo metabólico. Nestes sistemas enzimáticos, o produto da reação da 1ª enzima torna-se o substrato da próxima e assim sucessivamente. Em cada via metabólica existe pelo menos uma enzima reguladora, que determina a velocidade de toda sequência, porque ela catalisa a reação mais lenta (reação limitante da velocidade). Atividade enzimática pode ser medida pela velocidade da reação catalisada. * Ajustes de velocidade permitem a célula acertar as mudanças nas necessidades de energia e de biomoléculas requeridas para o crescimento e reparo. 2 grandes classes de enzimas reguladoras: - Alostéricas: funcionam por meio de ligação não-covalente reversível de compostos reguladores (moduladores alostéricos) que geralmente são metabólitos ou cofatores (induzem mudanças conformacionais). - Outras enzimas: reguladas por meio de uma modificação covalente reversível. * Estimuladas ou Inibidas quando ligadas a outras enzimas regulatórias. Ativadas quando segmentos peptídicos são removidos por meio de uma clivagem proteolítica (irreversível). Enzimas podem ser: Enzima reguladora homotrópica: o substrato e o modulador são idênticos; Heterotrópica: substrato diferente do modulador. E reguladoras: sítio ativo, 1 ou mais sítios reguladores para ligação do modulador (maiores e mais complexos). * E reguladora: inibida pelo P (sempre que [P] > as necessidades celulares), inibição por retroalimentação. * A fosforilação de resíduos de aa específicos é um meio muito comum de regular a atividade da enzima. Muitas enzimas proteolíticas apresentam precursores inativos chamados zimogênio. Pequenos peptídeos são quebrados do zimogênio para formar a protease ativa. ZIMOGÊNIO Ex: Pepsinogênio – pepsina Tripsinogênio-tripsina Protrombina-trombina * TIPOS DE APLIÇÕES INDUSTRIAIS Alimentos - Indústria de azeite de oliva: poligalacturonase e pectinesterase na melhoria da estabilidade a longo prazo. - Panificação: Melhoria de cor, sabor e estrutural através de preparado enzimático que contém alfa-amilase fúngica. - Atua sobre a farinha de trigo, acelera o processo de fermentação devido a maior formação de açúcares para o fermento. * Enzimas nas rações para leitões durante o período de lactação: Xilanase, Beta-glucanase e Alfa-amilase (digestão de amido e conseqüente ganho de peso e abate precoce). Papel e Celulose Remoção de depósitos em máquinas de papel: Substituição de álcalis e ácidos fortes por enzimas (assegurar a integridade física dos funcionários e cumprir leis ambientais). Rações animais * Eliminação dos pelos (Enzimas substituem a utilização do sulfureto de sódio – forte cheiro desagradável e poluente dos efluentes). Indústria de Couro Amilase bacteriana (Bacillus subtilis e B. lichenformis), estável ao calor para eliminar a goma dos produtos têxteis, (substituindo ácidos e álcalis na hidrólise do amido). Indústria têxtil Outras aplicações Indústria de Cosméticos. Produtos de Limpeza. Inativação Enzimática. Ferramentas laboratoriais. * Quimioterapia É o uso de agentes químicos para destruir microorganismos infecciosos e células cancerosas sem danificar as células hospedeiras. Esses agentes químicos funcionam inibindo certas reações enzimáticas. Antibióticos: inibem enzimas essenciais para o crescimento bacteriano (ex: penicilina e tetraciclina; adriamicina - tratamento da doença de Hodgkin). Antimetabólitos: apresentam estruturas intimamente relacionadas com a de substratos enzimáticos, inibindo a atividade enzimática (ex: mercaptopurinas - tratamento de leucemias). * Diagnósticos Medidas dos níveis enzimáticos no plasma podem ser de grande valor diagnóstico. ↑ glutâmico pirúvico transaminase caracteriza a ocorrência de hepatite infecciosa. ↑ tripsina é indicativo de doenças agudas do pâncreas. ↓ ceruloplasmina é indicativo da doenças de Wilson. Alterações nos níveis de enzimas Lactato desidrogenases (LDH) podem ser úteis no diagnóstico de: infarto do miocárdio, hepatite aguda, distrofia muscular, anemia megaloblástica, anemia falciforme e artrite com derrame nas juntas. * Em adição às enzimas já citadas, diversas enzimas séricas são utilizadas em diagnósticos: Transaminase glutâmica – oxaloacética sérica (SGOT) Amilase Ácido fosfórico Alcalino fosfatase Creatina fosfocinase (CPK) Renina * Assim como as proteínas, as enzimas são fundamentais para a maquinaria dos seres vivos, atuando na fotossíntese, na respiração celular, nas vias metabólicas e na maioria dos processos em tudo que nasce, cresce, desenvolve e morre. Conclusão * Referências - Reginald Garrett and Charles Grisham. Biochemistry, 2ª edição. David L. Nelson e Michael M. Cox. Lehninger Princípios de bioquímica, 3ª edição. - Donald Voet, Judith G. Voet e Charlotte W. Pratt. Fundamentos de bioquímica.
Compartilhar