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CRIMES CONTRA O PATRIMONIO

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Direito Penal III – Revisão de Conteúdos
TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Em análise às estatísticas policiais e às notícias veiculadas na mídia, pode-se verificar que os crimes contra o patrimônio têm a maior incidência em nossa sociedade, o que demonstra que tais infrações são praticadas em decorrência da ausência do Estado, da má administração pelos Entes Públicos, desencadeando as desigualdades sociais, separando cada vez mais as classes sociais existentes.
Dessa forma, os crimes contra o patrimônio, constantes do Título II da Parte Especial do Código Penal, devem ser analisados pela interpretação sistemática, com a necessária observação da situação topográfica do artigo, considerando-se que a proteção do bem maior é o patrimônio, mesmo que seja permitido outros resultados pela prática do crime constante neste título, como, por exemplo, o latrocínio.
O legislador, ao tutelar os bens jurídicos passíveis de cometimento dos crimes em análise, deu proteção ao patrimônio, o qual abrange: a) propriedade material; b) propriedade imaterial (Título III); c) posse.
O título III está dividido em oito capítulos, sendo sete deles referentes aos crimes em espécie e o último cuida das disposições gerais a eles aplicáveis, a saber:
Capítulo I – Do furto – artigos 155 e 156;
Capítulo II – Do roubo e da extorsão – artigos 157 a 160;
Capítulo III – Da usurpação – artigos 161 e 162;
Capítulo IV – Do dano – artigos 163 a 167;
Capítulo V – Da apropriação indébita – artigos 168 a 170;
Capítulo VI – Do estelionato e outras fraudes – artigos 171 a 179;
Capítulo VII – Da receptação – artigo 180;
Capítulo VIII – Disposições gerais – artigos 181 a 183.
Capítulo I – FURTO
1. Conceito
O artigo 155 do Código Penal prevê o delito de furto, isto é, a subtração patrimonial não violenta, com a seguinte redação: Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
O legislador protege, nesta espécie delitiva, dois objetos jurídicos: a posse (detenção) e a propriedade. Esta é o conjunto de direitos inerentes ao uso, gozo e disposição dos bens, aquela é a exteriorização desses direitos. De forma principal, o estatuto penal protege a situação do fato estabelecida entre o sujeito e o objeto (posse) e de forma secundária, a incriminação protege a propriedade. No entanto, a posse deve ser legítima.
2. Tipo Objetivo
Percebe-se, portanto, que o mencionado tipo penal é composto por vários elementos: a saber: o núcleo subtrair; o especial fim de agir caracterizado pela expressão para si ou para outrem; bem como pelo objeto da subtração, ou seja, a coisa alheia móvel.
2.1 Conduta: o verbo subtrair tem o sentido de retirar, tomar, sacar do poder de alguém coisa alheia móvel. Coisa móvel é tudo aquilo passível de remoção, ou seja, tudo o que puder ser removido, retirado ou mobilizado. A retirada do bem móvel é sem a permissão da vítima com o fim de assenhoramento definitivo. Se houver violência, pune-se pelo crime de roubo.
2.2 Objeto Material: Coisa móvel
Coisa é toda substância material, corpórea, passível de subtração e que tenha valor econômico (discute-se se há furto quando os objetos não têm valor econômico, mas apenas valor de afeição). Fala-se em valor de troca (econômico), ao qual eu posso avaliar e aplicar o princípio da insignificância, bem como em valor de uso (afetivo), o qual depende de pessoa para pessoa e, portanto, não posso avaliar.
O Código Penal não utiliza o mesmo parâmetro para coisas móveis que o Código Civil (artigo 81 – não perdem o caráter de imóveis as edificações separadas do solo e os materiais separados do solo).
Podem, por exemplo, ser objeto de furto, os animais, casas de possam ser transferidas de local, assim como cadáveres que estiverem sendo utilizados em pesquisas. No entanto, o ser humano vivo jamais poderá se amoldar no conceito de coisa.
Além de móvel, a coisa deve ser alheia, ou seja, pertencente a alguém que não aquele que a subtrai. Desta forma, não se configurará o delito de furto a subtração de: a) res nullius (coisa de ninguém, que jamais teve dono); b) res derelicta (coisa abandonada); e c) res commune omnium (coisa de uso de todos).
A coisa perdida (res desperdicta), se achada e não devolvida, se enquadra no artigo 169, inciso II (apropriação de coisa achada).
3. Classificação Doutrinária
Crime comum, tanto com relação ao sujeito ativo e passivo; doloso; material; de dano; de forma livre; comissivo (podendo ser praticado omissivamente por aquele que goza do status de garantidor e sabendo da prática delitiva, não impede); instantâneo (podendo ter efeitos permanentes se for destruída a res furtiva); permanente (modalidade de furto de energia elétrica); monossubjetivo; plurissubsistente.
4. Bem Juridicamente Protegido: Posse e Propriedade, visto que existe perda tanto para o possuidor, quanto para o proprietário da coisa.
5. Sujeitos: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do delito de furto, salvo o proprietário.
O proprietário não pode ser punido pela prática de furto, podendo, se for o caso, responder pelo artigo 156 ou 346. Há posição contrária, mas atrela-se ao princípio da legalidade.
Sujeitos passivos são o proprietário e o possuidor da coisa alheia móvel, podendo, nesse caso, figurar tanto a pessoa física, quanto a pessoa jurídica.
6. Consumação e Tentativa:
São duas as posições sobre o momento consumativo no crime de furto:
a) A consumação do furto ocorre com a inversão da posse, ou seja, no momento em que o bem passa da esfera de disponibilidade da vítima para o autor. Basta que o bem seja retirado do domínio de seu titular e transferido para o autor ou terceiro (POSIÇÃO MAJORITÁRIA).
b) A consumação do furto depende da retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima mais a posse tranquila da res, ainda que por curto período de tempo, mas sem a vigilância da vítima. Se desprezada a fase da posse tranquila, pode-se transformar o crime de furto em delito formal, com a consumação na mera subtração.
Admite-se a tentativa no crime de furto, pois trata-se de crime material. Hipóteses:
a) Perseguição contínua da vítima;
b) Loja com sistema antifurto – crime impossível ou tentativa de furto – o meio é relativamente impróprio, não absolutamente.
c) Furto de Automóvel com sistema antifurto ou defeitos mecânicos.
7. Concurso de Pessoas:
O furto é um crime monossubjetivo, isto é, pode ser praticado por uma única pessoa. 
O concurso de pessoas se faz mediante co-autoria ou participação. Co-autores são os que realizam a conduta típica (teoria restritiva) ou os que embora não realizando a conduta descrita no tipo, tenham o domínio, o controle final da situação (teoria do domínio do fato). Partícipes são os agentes que, embora sem realizar o verbo da conduta típica, concorrem de forma acessória para a produção do resultado.
Participação mediante omissão: guarda noturno.
Participação posterior à consumação: é inadmissível a co-autoria ou participação posterior ao crime. Para que se opere a co-autoria, é necessário que os agentes tenham a vontade comum de executar e consumar o crime. A participação posterior poderá configurar receptação ou favorecimento real.
8. Tipo Subjetivo: o elemento subjetivo do furto é o dolo, consistente na vontade de subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem. Trata-se de dolo específico que indica o fim de assenhoramento definitivo.
Não houve previsão legal para a modalidade culposa, não se podendo cogitar, portanto, em furto culposo.
Há erro de tipo quando o agente, por erro, apodera-se de objeto alheio pensando ser próprio. Exclui-se o dolo e o fato torna-se atípico.
9. Modalidade Comissiva ou Omissiva: o núcleo subtrair pressupõe um comportamento ativo por parte do agente, um fazer alguma coisa dirigido a tomar a coisa alheia móvel, para si ou para outrem. A conduta prevista no tipo, portanto, é de natureza comissiva.
Entretanto, o furto pode ser praticado por omissão desde que o agente goze do status degarantidor (obrigação legal de vigiar a coisa).
10. Figuras Típicas
a) Furto simples – caput
b) Furto majorado – parágrafo 1
c) Furto privilegiado – parágrafo 2
d) Furto qualificado – parágrafos 4 e 5
FURTO SIMPLES (caput do artigo 155)
FURTO NOTURNO
O parágrafo primeiro do artigo 155 do Código Penal determina que a pena seja aumentada de um terço se o crime é praticado durante o repouso noturno. O critério para a majorante é a lesão à tranquilidade da vítima ou maior perigo a que é exposto o bem jurídico em razão da menor vigilância.
Não é necessário que a casa seja habitada e que seus moradores estejam dormindo para que se aplique a majorante, podendo ser local comercial, basta que o furto se dê no período do repouso noturno. (ver decisão da Quinta Câmara Criminal do TJ/RS)
Conceitua-se repouso noturno como o período compreendido entre o pôr-do-sol e o nascer do sol. Ou seja, é o período em que há o recolhimento dedicado ao repouso.
Desta forma, ao guarda noturno que trabalha durante a noite e descansa durante o dia, não pode ser aplicada a majorante caso seja vítima de furto durante o seu repouso porque a majorante implica em menor vigilância. Assim como, tal aplicação fere o princípio da legalidade.
Aplica-se ao furto simples (POSIÇÃO DA DOUTRINA EM RAZÃO DA POSIÇÃO TOPOGRÁFICA DOS ARTIGOS).
Aplica-se, também, ao furto qualificado – POSICIONAMENTO DO STF DESDE 2014.
FURTO PRIVILEGIADO
Primariedade (primário é o réu não reincidente – conceito de reincidência está no artigo 63 do Código Penal).
Pequeno Valor (não equivale ao prejuízo da vítima, é auferido objetivamente – valor menor do que um salário mínimo);
Privilégio estende-se ao furto simples e ao furto noturno.
Se presentes os requisitos de réu primário e pequeno valor a coisa furtada, o juiz está obrigado a conceder o privilégio substituindo a pena de reclusão por detenção, diminuindo a pena privativa de liberdade de um a dois terços ou aplicando somente a multa.
FURTO DE ENERGIA
Nos moldes do artigo, qualquer energia que tenha valor econômico pode ser objeto de furto, como a solar, térmica, sonora, atômica, mecânica, etc.
A energia elétrica poderá se configurar em delito de furto, ou mesmo no crime de estelionato, dependendo do instante em que a corrente é desviada em benefício do agente. Dessa forma, aquele que desvia a corrente elétrica antes que ela passe pelo registro comete o delito de furto. (“gato” – trazer energia diretamente do poste). Ao contrário, se a ação do agente consiste, em modificar o medidor, para acusar um resultado menor do que o consumido, há fraude, e o crime é estelionato, subentendido, naturalmente, o caso em que o agente está autorizado, por via de contrato, a gastar energia elétrica. Usa ele, então, de artifício que induzirá a vítima a erro ou engano, com o resultado fictício, de que lhe advém vantagem ilícita.
O furto de energia elétrica, ao contrário do que ocorre quando estando diante, efetivamente, de coisa móvel, naturalmente corpórea, deve ser considerado de natureza permanente, uma vez que a sua consumação se prolonga, se perpetua no tempo, podendo, portanto, ser o agente preso em flagrante quando descoberta a ligação clandestina de que era beneficiado.
FURTO QUALIFICADO
As qualificadoras previstas no parágrafo 4 são objetivas e se comunicam aos participantes.
I – Destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
Não há violência contra a coisa, nem contra a pessoa. O uso de violência contra a pessoa caracteriza o roubo. O obstáculo é aquele destinado a proteger a propriedade (janelas, portas, vidros, fechaduras, cadeados).
II – Abuso de confiança, fraude, escalada ou destreza.
Relação de confiança existente entre a vítima e o autor que é utilizada para facilitar a subtração.
A fraude é o ardil, artifício, meio enganoso empregado pelo agente para diminuir, iludir a vigilância da vítima.
Escalada é o meio anormal, destreza é a habilidade física anormal, qual faz com que a vítima não perceba a subtração.
III – Emprego de chave falsa.
IV – Concurso de duas ou mais pessoas.
Participação in loco (há duas posições: uma que exige que os co-autores estejam no local do crime, cooperando na fase executiva e outra que sustenta que a qualificadora ocorra ainda que no local esteja somente um agente, mas haja outros participantes).
Associação Criminosa e Furto Qualificado pelo Concurso de Agentes: existem duas posições: a) furto simples + associação criminosa; b) furto qualificado + associação criminosa – posição do STF).
FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR
O objeto material da nova qualificadora é o veículo automotor desde que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. Dessa forma, se o agente subtrai veículo automotor sem a finalidade de ultrapassar a barreira de seu Estado, o furto será simples, e não qualificado.
Assim, é a conjugação do objeto material, com o efetivo transporte do veículo automotor, para outro Estado ou mesmo para o exterior, que qualifica a subtração.
Diante da redação desse parágrafo, torna-se impossível reconhecer a tentativa.
DESTAQUES
a) ERRO DE TIPO COM RELAÇÃO A ELEMENTAR COISA ALHEIA QUANDO O AGENTE SUPÕE RES DERELICTA OU RES NULLIUS
b) CRIME IMPOSSÍVEL (PUNE-SE POR TENTATIVA SE O AGENTE NÃO ENCONTRA A RES PORQUE ELA ESTÁ EM OUTRO LOCAL; CRIME IMPOSSÍVEL SE NÃO HÁ RES)
c) FURTO DE USO
d) FURTO FAMÉLICO (ESTADO DE NECESSIDADE)
e) FURTO DE PEQUENO VALOR E SUBTRAÇÃO INSIGNIFICANTE
f) FURTO DE SINAL DE TV A CABO FECHADO
g) VÍTIMA DESCONHECIDA
i) FURTO COM FRAUDE E ESTELIONATO
j) SUBTRAÇÃO POR ARREBATAMENTO
k) FURTO DE AUTOMÓVEL E A QUALIFICADORA DO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO
Capítulo I – FURTO DE COISA COMUM (ARTIGO 156)
Objeto: Posse ou propriedade (somente posse legítima)
Elementos: Ação – subtrair
Objeto Material: Coisa comum (condomínio, sociedade, herança)
Elemento Normativo: legitimamente
Sujeitos:
Ativo: Condômino, co-herdeiro, sócio (crime próprio)
Passivo: Condômino, co-herdeiro, sócio ou quem legitimamente detém a coisa.
Elemento Subjetivo: Dolo
Exclusão do Crime: Parágrafo 2 – coisa comum fungível que não exceda a cota parte.
Capítulo II – ROUBO E EXTORSÃO
Artigo 157 – Roubo
Conceito: Roubo é o crime patrimonial, executado mediante a utilização de violência e/ou grave ameaça à vítima. Nele também é atingida a integridade física ou psíquica da vítima. Constitui-se em crime complexo (furto + constrangimento ilegal + lesão)
Objeto Jurídico: tutela direta da posse e da propriedade e tutela indireta da liberdade e da integridade física.
Elementos do Tipo:
Ação nuclear: assim como no furto, a ação consubstancia-se no verbo subtrair, o que significa em tirar, retirar de outrem bem móvel. Diferencia-se o roubo do furto pelo meio de execução empregado (violência ou grave ameaça).
Meios de execução: 
a) Grave ameaça: promessa de mal grave e iminente. A ameaça pode se fazer por meio de porte ostensivo de arma. Se o agente empregar a arma, o crime será de roubo majorado.
b) Violência física: é o emprego da força física, capaz de dificultar ou paralisar os movimentos do ofendido, impedindo sua defesa. 
Trombada: é a colisão empurrão, força física utilizada contra o corpo da vítima para a subtração dos bens. A trombada pode constituir furto ou roubo. Se a violência for empregada contra a vítima para distraí-la, sem contundência capaz de machucá-la, haverá furto. Se, ao contrário, a violência dirigida ao ofendido for para reduzir ou paralisar seus movimentos, haverá roubo.
Arrebatamento: golpe dirigido contra o objeto a ser subtraído. Existem duas posições: a) trata-se de furto, pois a violência foi empregada contra a coisa; b) trata-se de roubo, pois o arrebatamento acarreta lesões corporais.
Violência Imprópria: utilização de outros méis (bebida, narcóticos) para reduzir a capacidade de resistência da vítima.
Objeto material: coisa móvel alheia.
Sujeitos: 
Ativo: pode ser cometido por qualquerpessoa (crime comum)
Passivo: é aquele que sofre a violência e o proprietário ou possuidor do bem (que podem ou não ser a mesma pessoa).
Elemento subjetivo: dolo. No caso do roubo de uso, quando falta a intenção de assenhoramento definitivo da res é possível a responsabilização subsidiária por crime de constrangimento ilegal.
Desistência Voluntária: ocorre quando o agente, durante a execução do roubo, desiste da subtração da coisa. Neste caso, só responderá pelos atos já praticados. Não cabe arrependimento posterior no crime de roubo.
FORMAS
ROUBO PRÓPRIO (caput do artigo 157)
Conceito: violência ou grave ameaça empregada para subtração da coisa.
Momento Consumativo: há duas posições: a) consuma-se o crime no momento em que o ofendido retira o objeto da esfera de disponibilidade da vítima (apoderamento do bem); b) para a consumação do roubo exige-se a retirada do bem da esfera de disponibilidade da vítima + a posse tranqüila da res, ainda que por curto período de tempo. (ver decisão da Quinta Câmara Criminal do TJ/RS)
Haverá tentativa quando o agente não consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade.
ROUBO IMPRÓPRIO (parágrafo 1)
Conceito: a violência empregada após a subtração da coisa visando o agente garantir a manutenção da posse ou a impunidade do crime.
Momento Consumativo: a consumação ocorre quando após a retirada da coisa emprega-se a violência ou grave ameaça contra os perseguidores.
a) se o agente, após a retirada do bem, emprega a violência ou grave ameaça contra a pessoa haverá roubo consumado.
b) se o agente, após a retirada do bem, não emprega a violência, haverá furto.
c) se o agente não conseguir se apoderar da coisa por ter sido surpreendido, mas emprega violência para assegurar a fuga, haverá furto tentado em concurso material com o crime contra a pessoa.
Segundo entendimento majoritário, não cabe tentativa de roubo impróprio. 
ROUBO MAJORADO (parágrafo 2)
I – Arma: conceito de arma (abrange arma própria e imprópria)
Fundamento da majoração: maior perigo a que é exposta a vítima ou maior temor do ofendido (prevalece o primeiro entendimento);
Uso da arma de brinquedo (haverá roubo simples porque a arma de brinquedo não é arma, assim como a desmuniciada ou inoperante. Ela serve somente de ameaça, o que constitui roubo simples. A Súmula 174 do STJ que autorizava o aumento da pena pelo uso da arma de brinquedo foi cancelada).
Simulação de porte de arma: caracteriza o roubo simples, pois não há emprego de arma.
Emprego ou porte ostensivo da arma: para a majoração, exige-se o emprego efetivo da arma. Não basta o porte ostensivo, pois este serve apenas para configurar a grave ameaça, meio executório do roubo.
Concurso com o crime de Porte Ilegal da Arma
Emprego de arma por um dos co-agentes (trata-se de circunstância objetiva e, como tal, comunica-se a todos os participantes do crime).
Arma desmuniciada – roubo simples (pela ameaça).
II - Concurso de duas ou mais pessoas: o concurso abrange a co-autoria e a participação. Para alguns, é necessária a presença in loco dos concorrentes, ou seja, a participação deles na fase executiva do crime. Para outra corrente, incide a majorante ainda que os agentes não realizem atos executórios, bem como não se encontrem no local do crime.
III - Transporte de Valores: a pena é agravada se a vítima, por dever de ofício, realiza serviço de transporte de valores. No entanto, somente é aplicada se o agente souber de tal condição da vítima.
IV - roubo de veículo automotor (acrescentado pela Lei 9.426/96)
V - restrição da liberdade da vítima (acrescentado pela Lei 9.426/96)
Sequestro relâmpago (roubo ou extorsão)
Concurso material entre o crime de roubo e sequestro.
IMPORTANTE: incidência de duas ou mais majorantes (artigo 68).
ROUBO QUALIFICADO (parágrafo 3)
Trata-se de crime complexo, resultante da soma de roubo acrescido de lesões graves ou morte. Assim, além da subtração, há a produção de um resultado agravador: lesão grave ou morte (latrocínio)
O resultado pode derivar da culpa (crime preterdoloso) ou de dolo (no caso, sendo admitida a tentativa).
Roubo majorado e qualificado – não se admite.
Roubo Qualificado pela lesão corporal de natureza grave: por lesões corporais devem ser entendidas as hipóteses de lesões graves e gravíssimas descritas no artigo 129, parágrafo 1 e 2. Na hipótese em que o roubo qualificado é preterdoloso, não se admite a tentativa, já que o resultado agravador não era desejado. Se o resultado agravador é pretendido (crime qualificado em sentido estrito), será perfeitamente possível a tentativa.
Latrocínio: a morte deve derivar do emprego de violência e não da grave ameaça. O fim da conduta deve ser patrimonial. Se a morte advier de outros motivos como vingança, ciúmes, haverá crime do homicídio em concurso com o roubo.
Consumação e tentativa no crime de latrocínio (são 04 hipóteses)
a) subtração tentada + morte tentada: latrocínio tentado
b) subtração consumada + morte consumada: latrocínio consumado
c) subtração consumada + morte tentada: latrocínio tentado
d) subtração tentada + morte consumada: existem 04 posições:
	1) latrocínio tentado (mais adequada);
	2) homicídio qualificado + tentativa de roubo simples;
	3) homicídio qualificado pela conexão
	4) latrocínio consumado (Súmula 610 do STF – posição majoritária)
Concurso de pessoas: no roubo latrocínio, é co-autor tanto o que se apoderou da res quanto o que desferiu os tiros, devendo todos responderem pela morte da vítima. Não importa qual dos autores desferiu os tiros, todos respondem pelos mesmos fatos.
No caso de morte do co-autor, por erro de execução, haverá crime de latrocínio.
Pluralidade de vítimas fatais e subtração única: há um único crime de latrocínio.
Latrocínio e Lei de Crimes Hediondos: a Lei 8.072/90 incluiu o latrocínio no rol dos crimes hediondos. 
Roubo com pluralidade de vítimas: concurso formal
Competência: em que pese o homicídio ser elemento do crime de latrocínio, a competência para julgamento é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.
Ação Penal: crime de ação penal pública incondicionada.
EXTORSÃO (ARTIGO 158)
Conceito: neste crime o agente coage a vítima a fazer, não fazer ou tolerar que se faça algo mediante violência ou grave ameaça. Trata-se de uma conduta de constrangimento ilegal acrescida de uma finalidade especial do agente: a vontade de auferir vantagem econômica indevida.
Distinção entre Roubo e Extorsão
a) tempo da vantagem: no roubo a ameaça do mal iminente e a vantagem é contemporânea. Na extorsão, o mal prometido é futuro e a vantagem também.
b) prescindibilidade ou não do comportamento da vítima: no roubo, o comportamento da vítima não é necessário, ao passo que na extorsão ele é imprescindível (isso confere à vítima a possibilidade de escolha).
c) conduta da vítima: no roubo ocorre a subtração, enquanto na extorsão a tradição.
d) objeto material: no crime de roubo, o objeto material é a coisa móvel. O objeto do crime de extorsão pode ser um bem patrimonial imóvel.
Elementos
a) Conduta: constranger (coagir, compelir, forçar);
b) Meios de execução: violência ou grave ameaça;
c) Sujeitos – crime comum. Tratando-se o agente de funcionário público, poderá ocorrer o crime de concussão (artigo 316 do CP);
d) Elemento Subjetivo: dolo específico (obtenção de vantagem econômica indevida);
e) Consumação e Tentativa: diverge a doutrina sobre o momento consumativo do crime de extorsão. Há duas correntes: 1) a extorsão é crime formal (posição majoritária – Súmula 96 do STJ); 2) é crime material, o qual exige a produção do resultado (obtenção da indevida vantagem econômica).
A tentativa é possível.
Formas: Extorsão Simples (caput); 
Extorsão Majorada: a) crime cometido por duas ou mais pessoas. A lei fala em cometimento e, por isso, exige-se a presença dos agentes no local do fato; b) emprego de arma (cabem as mesmas considerações feitas em relação ao crime de roubo).Extorsão Qualificada: a) lesões graves; b) morte (crime hediondo previsto na Lei n. 8.072/90).
Distinções: a) extorsão e concussão: na concussão, o agente é funcionário público e, em razão da função, exige vantagem indevida a qual a vítima cede em virtude da autoridade do agente;
b) extorsão e constrangimento ilegal: a extorsão é uma espécie do gênero constrangimento ilegal. Aplica-se o princípio da especialidade;
c) extorsão e exercício arbitrário das próprias razões: difereciam-se pelo caráter da vantagem. Na extorsão, a vantagem é indevida, enquanto no exercício arbitrário das próprias razões a vantagem é devida.
d) extorsão e extorsão mediante seqüestro: princípio da especialidade.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (ARTIGO 159)
Conceito: trata-se de uma forma especial de extorsão, em que a privação da liberdade da vítima é o meio utilizado para a obtenção da vantagem econômica.
Objeto Jurídico: tutela-se a inviolabilidade patrimonial e a liberdade individual de locomoção.
Elementos do Tipo:
a) ação: seqüestrar (privar a vítima de sua liberdade de locomoção, ainda que por curto espaço de tempo). O que difere do crime de seqüestro, previsto no artigo 148 do CP, é a finalidade especial do agente, que, no caso da extorsão mediante seqüestro, é a obtenção de vantagem como condição ou preço de resgate. A vantagem deve ser de natureza econômica, pois se trata de crime contra o patrimônio.
b) sujeitos: crime comum
c) elemento subjetivo: dolo específico (obtenção da vantagem econômica)
d) consumação e tentativa: crime formal e permanente.
FORMAS
Simples – prevista no caput. Trata-se de crime hediondo.
Qualificada – previstas nos parágrafos 1º, 2º e 3º.
Parágrafo 1º – (pena de 12 a 20 anos de reclusão): a) sequestro dura mais de 24 horas; b) seqüestro de menor de 18 anos; c) crime praticado por associação criminosa. Há dúvidas sobre a responsabilização do agente por crime autônomo de associação criminosa em concurso material com a forma qualificada em estudo. Existem posições divergentes.
Parágrafo 2º – (pena de 16 a 24 anos) – Extorsão qualificada pela lesão corporal de natureza grave.
Trata-se de crime qualificado pelo resultado. O evento agravador pode derivar de dolo ou culpa. Se a vítima da violência é outra pessoa que não o seqüestrado, haverá concurso material entre o crime de extorsão simples e o crime contra a pessoa.
Parágrafo 3º – (pena de 24 a 30 anos) – Extorsão qualificada pela morte. É a pena mais elevada do Código Penal.
DELAÇÃO PREMIADA: causa de diminuição da pena. Exige o concurso de agentes e eficácia da delação.
Capítulo III – Da Usurpação
No capítulo em que trata da usurpação, passa a lei a proteger as coisas imóveis que não podem ser objeto dos delitos de furto e roubo. Apesar das lesões a tais bens jurídicos serem suscetíveis de defesa, por meio de medidas previstas pelo direito privado, o direito penal não fica alheio a fatos que atentam contra a propriedade de bens imóveis.
Classificação
Alteração de Limites (artigo 161, caput)
Usurpação de Águas (artigo 161, parágrafo 1, inciso I)
Esbulho Possessório (artigo 161, parágrafo 1, inciso II)
Supressão, alteração de marca em animais (artigo 162)
ALTERAÇÃO DE LIMITES 
Suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.
Objeto: patrimônio imobiliário.
Tipo Objetivo: condutas de suprimir (fazer desaparecer) ou deslocar (alterar o lugar) os sinais indicativos dos limites da propriedade imóvel (tapumes: cercas, muros, valas; marcos: sinais de pedra, cimento ou madeira).
Questão: Novo marco constitui crime?
Sujeitos: vizinhos contíguos
Tipo Subjetivo: o tipo exige dolo específico (vontade de conseguir a alteração do limite com a supressão ou a alteração de sinais com o intuito de assumir a posse de parte do imóvel lindeiro)
Consumação e Tentativa: para a consumação, basta a supressão ou o deslocamento do sinal. É crime Formal.
Concurso: havendo violência, a pena deverá ser aplicada de acordo com a regra do concurso material de crimes.
Ação Penal: em regra é privada; será pública se houver violência ou se a propriedade não for privada. Nos moldes da Lei 9.099/95, constitui infração de menor potencial ofensivo, pois a pena máxima prevista é de 06 meses.
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
Desviar ou represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias.
Objeto Jurídico: patrimônio imobiliário.
Sujeitos:
Ativo: é quem desvia ou represa as águas, seja ou não vizinho da vítima.
Passivo: é quem deve usar as águas.
Tipo Objetivo: desviar ou represar águas alheias para que estas não sigam seu curso natural (águas alheias são as águas públicas – mar territorial, golfos, baías, enseadas, portos; águas correntes, lagos e canais navegáveis e flutuáveis; as fontes e reservatórios públicos – e as águas comuns – correntes não navegáveis ou flutuáveis – sobre as quais não só o agente, como terceiros tenham direito). O Código das Águas (Decreto n. 24.643/34) considera águas particulares somente as nascentes e as águas que se situem em imóveis particulares que não se classifiquem como águas públicas ou comuns (art. 8) e os lagos ou lagoas que se situem em apenas um imóvel particular e sejam apenas por ele cercados (artigo 2).
Tipo Subjetivo: é o dolo (vontade de desviar ou represar águas alheias. Exige o dolo específico do proveito próprio ou alheio. Inexistente tal finalidade, poderá ocorrer dano).
Consumação e tentativa: crime formal. Consuma-se com o simples desvio ou represamento independentemente da obtenção do resultado do proveito.
Ação Penal: em regra é privada; será pública se houver violência ou se a propriedade não for privada.
ESBULHO POSSESSÓRIO
Invadir, com violência ou grave ameaça à pessoa, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio para o fim de esbulho possessório.
Objeto Jurídico: patrimônio imobiliário. Prioritariamente, se protege a posse e subsidiariamente a propriedade.
Sujeitos
Sujeito Ativo: qualquer pessoa, excluindo-se o proprietário.
Sujeito Passivo: o legítimo possuidor, sendo ele o proprietário ou não.
Tipo Objetivo: a conduta é invadir (penetrar, ingressar) com violência contra a pessoa ou grave ameaça, ou, ainda, mediante o concurso de mais de duas pessoas. O esbulho pode ser executado com violência real ou ficta ou com a participação de, no mínimo, três pessoas. Esbulho é a perda da posse que para fins penais não encerra, necessariamente, a ideia de perpetuidade.
Objeto Material: terreno (lote, sítio, chácara, fazenda) ou edifício (construção habitada ou não).
Quando o esbulho for praticado por meio de concurso de duas ou mais pessoas, não se configura concurso de agentes, uma vez que se trata de elementar típica do delito.
A definição penal do esbulho possessório não se confunde com a definição feita pelo direito civil. Na concepção civilista, o esbulho exige que possuidor perca a posse, enquanto que na definição do direito penal, é suficiente que a finalidade de esbulhar constitua finalidade do agente sendo que tal finalidade não precisa concretizar-se.
Tipo Subjetivo: exige o fim especial de esbulho (vontade de assumir a posse com a exclusão do sujeito passivo).
Consumação e tentativa: crime formal.
Ação Penal: em regra é privada; será pública se houver violência ou se a propriedade não for privada.
Uso da violência: o parágrafo 2 determina que se o sujeito ativo usa da violência incorre também na pena a este cominada. Constitui situação de concurso formal em que se aplica, para fins de cálculo da pena, a regra do cúmulo material.
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS
Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade. Trata-se de uma espécie de usurpação em que a conduta tem o fim de estabelecer confusão com outros animais, facilitando ao sujeito ativo irrogar-se na propriedade do semovente.Objeto Jurídico: a propriedade dos semoventes, considerados bens móveis para o direito penal.
Sujeitos
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: é o proprietário.
Tipo Objetivo: a conduta prevista é a de suprimir (fazer desaparecer) ou alterar (modificar, mudar) a marca que indica propriedade. A conduta de marcar é atípica. Se houver furto anterior (abigeato) ou apropriação indébita, a supressão ou alteração de marca é considerada pós-factum impunível.
Tipo Subjetivo: dolo
Consumação e tentativa: basta a supressão ou alteração da marca, sendo desnecessário o subseqüente furto.
Ação Penal: pública incondicionada.
Capítulo IV – Do Dano
Todo o delito causa perigo de dano ou dano a um bem jurídico tutelado pela lei penal. No capítulo IV, entretanto, define o Código os fatos que têm como fim atingir as coisas em seu aspecto físico, material, como fim em si mesmos.
Classificação
Dano (artigo 163)
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (artigo 164)
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico (artigo 165)
Alteração de local especialmente protegido (artigo 166)
DANO
Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia. Não exige o intuito de locupletação, bastando a vontade de lesar coisa alheia.
Objeto Jurídico: propriedade de coisas móveis ou imóveis.
Sujeitos
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: o proprietário.
Tipo Objetivo: as condutas descritas no tipo são destruir (eliminar, desmanchar), inutilizar (tornar inútil, imprestável) e deteriorar (estragar, arruinar). Fazer desaparecer o material não é conduta típica.
Tipo Subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia).
Consumação e tentativa: crime material.
Qualificação doutrinária: crime material, simples e subsidiário (pode aparecer como qualificadora do furto, por exemplo)
Dano Qualificado (parágrafo único)
1. Violência ou grave ameaça à pessoa (pode ser praticada contra a vítima ou terceiro. Se da violência resultar lesão corporal, as penas serão aplicadas seguindo o princípio do cúmulo material).
2. Substância explosiva ou inflamável (salvo se constituir crime mais grave).
3. Qualidade da coisa.
4. Motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.
Ação Penal: se o dano é simples (caput) ou qualificado (inciso IV), a ação penal será privada. Nos demais casos, será pública incondicionada.
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia
Pastoreio ilegítimo.
Ação penal exclusivamente privada.
Dano em coisa de Valor Artístico, Histórico ou Arqueológico
Ver artigo 62, inciso I da Lei n. 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais.
Alteração de Local especialmente protegido
Ver artigo 63 da Lei n. 9.605/98 – Lei dos Crimes Ambientais.
Capítulo V – Da Apropriação Indébita
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Apropriar-se de coisa alheia imóvel de que tem a posse ou a detenção.
Objeto Jurídico: patrimônio.
Sujeitos
Ativo: quem está na posse ou detenção da coisa alheia móvel. 
Passivo: o que sofre o prejuízo (proprietário).
Tipo Objetivo: a conduta é apropriar-se (fazer sua coisa alheia). O agente inverte o título da posse comportando-se como se o proprietário fosse. A conduta tem como pressuposto a posse desvigiada ou a detenção desvigiada da coisa (a detenção pressupõe relação de dependência com o proprietário. Nela a posse é conservada em nome de outrem). A conduta pode ser realizar de forma comissiva, quando o agente realiza atos que demonstram a inversão do título da posse (venda a coisa); ou mediante omissão (o agente não devolve a coisa após o prazo estipulado para a devolução).
Tipo Subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de se apropriar da coisa alheia móvel de que tenha a posse ou a detenção).
Consumação e tentativa: crime material. A consumação ocorre com o ato de disposição da coisa.
Figuras Majoradas (parágrafo 1)
I – depósito necessário (conforme o Código Civil, considera-se depósito necessário: a) aquele que se faz no desempenho da obrigação legal – depósito legal; b) o que se efetua por ocasião de calamidade – depósito miserável; c) depósito de bagagens em hotéis e hospedarias – depósito por equiparação).
Há divergência doutrinária sobre a abrangência do inciso I. Para muitos, o dispositivo abrange apenas o depósito miserável, pois o depositário legal é sempre funcionário público e este comete crime de peculato. O depósito miserável também não se compreende no inciso I, pois está incluso no inciso III.
II – na qualidade de tutor, curador, síndico, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial.
III – em razão de emprego (ocupação em que há relação de subordinação e dependência), ofício (atividade habitual) ou profissão (atividade habitual de natureza intelectual).
Apropriação Indébita privilegiada (artigo 170 do CP)
Para o reconhecimento do privilégio, exigem-se os mesmos requisitos do delito de furto privilegiado.
Distinção: apropriação indébita e furto com abuso de confiança; apropriação indébita e estelionato (dolo ab initio).
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA
A figura em questão foi inserida no Código Penal pela Lei n. 9.983/2000.
Tipo Objetivo: trata-se de um crime omissivo puro, em que o agente deixa de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes (previdência oficial ou privada). Não se confunde com o crime de sonegação de contribuição previdenciária, previsto no artigo 337-A do Código Penal.
Sujeitos
Ativo: é a pessoa que tem o dever de repassar à previdência social os valores das contribuições recolhidas dos contribuintes.
Passivo: Estado e o contribuinte.
Consumação e tentativa: o crime se consuma quando não são repassadas à previdência social os valores arrecadados. Trata-se de crime omissivo puro, o qual não admite tentativa.
Formas
Simples: prevista no caput. Tem a finalidade de punir o substituto tributário que deve recolher à previdência social o que arrecadou do contribuinte.
Figuras assemelhadas (parágrafo primeiro, incisos I, II e III).
Deixar de recolher no prazo legal – inciso I: não efetivar o pagamento da contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados.
Deixar de recolher contribuições devidas – inciso II: deixar de recolher contribuições que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços. O não recolhimento destas contribuições que integraram o cálculo dos custos do produto acarreta a modalidade descrita neste inciso.
Deixar de pagar o benefício devido – inciso III: não efetivar o pagamento do benefício devido a segurado, cujos valores ou cotas já tenham sido reembolsados à empresa pela previdência.
Pagamento de valor devido à previdência
a) pagamento efetuado até o início da ação fiscal – efeito: extinção da punibilidade. Para que se reconheça a extinção da punibilidade é necessário que o agente declare, confesse a dívida e efetue o pagamento antes do início da ação fiscal, exigindo-se também que se preste as informações devidas à previdência social (artigo 168-A, parágrafo 2)
b) pagamento efetuado após o início da ação fiscal e antes do oferecimento da denúncia – efeito: perdão judicial ou pena de multa. Para o reconhecimento do perdão judicial, são necessários alguns requisitos: 1) valor de pouca monta; 2) agente primário e de bons antecedentes; 3) pagamento do valor devido até o oferecimento da denúncia (artigo 168-A, parágrafo 3).
c) pagamento efetuado após o oferecimento e antes do recebimento da denúncia: cabe a incidência do arrependimento posterior (artigo 16).
d) pagamento efetuado após o recebimento da denúncia: cabe a atenuante genérica do artigo 65 do Código Penal.
Capítulo VI – Do Estelionato (artigo 171)
A partir do Capítulo VI, passa-se à definição dos fatos em que o agente se utilizar da astúcia, do engodo, do embuste, da fraude, para obter vantagem ilícita.
ESTELIONATOConceito: a denominação deriva de stellio (lagarto que muda de cores, iludindo os insetos dos quais se alimenta). Para o Código Penal, existe o crime quando o agente emprega qualquer meio fraudulento, induzindo alguém em erro, para obter vantagem indevida.
Objeto Jurídico: protege-se a inviolabilidade patrimonial e também a boa-fé, segurança dos negócios jurídicos.
Sujeitos
Ativo: qualquer pessoa.
Passivo: qualquer pessoa desde que seja determina ou certa. Quando forem vários e indeterminados os sujeitos passivos, ocorrerá o crime contra a economia popular (ex. balança viciada no açougue). Se a pessoa enganada for incapaz de discernimento, ocorrerá o crime de abuso de incapaz (artigo 173).
Tipo Objetivo: a ação nuclear consiste em induzir (fazer a vítima cair em erro) ou manter (o erro é espontâneo e o agente mantém a vítima em erro) a vítima em erro (falsa percepção da realidade) mediante o emprego de artifício (fraude material) ou ardil (fraude intelectual) ou aptidão do meio deve ser auferida a partir das características pessoais da vítima. Para que se configure o estelionato, é necessário que o agente pratique a ação com o intuito de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio.
São quatro requisitos do estelionato: emprego de fraude; erro da vítima; vantagem indevida obtida pelo agente; prejuízo sofrido pela vítima.
Tipo Subjetivo: dolo.
Consumação e tentativa: crime material. A consumação exige a obtenção do proveito patrimonial efetivo por parte do agente. A tentativa é admissível.
Arrependimento posterior: a reparação do dano antes do recebimento da denúncia não afasta o crime de estelionato, constituindo a hipótese de arrependimento posterior (artigo 16 do CP). A Súmula 554 do STF prevê a extinção da punibilidade do agente na hipótese de pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, antes do recebimento da denúncia (esta hipótese incide exclusivamente para a modalidade prevista no parágrafo 2, inciso VI, do artigo 171).
Distinções: furto mediante fraude e estelionato; apropriação indébita e estelionato; estelionato privilegiado (artigo 171, parágrafo 1); hipóteses equiparadas (artigo 171, parágrafo 2).
Formas: simples (caput); privilegiada (parágrafo 1).
Figuras Assemelhadas (parágrafo 2, incisos I a IV).
a) disposição de coisa alheia como própria – inciso I: nas mesmas penas incorre quem vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou garantia coisa alheia como própria. São várias ações nucleares: vender (transferir o domínio de certa coisa mediante o pagamento de um preço); permutar (troca); dar em pagamento (honrar dívida não com pagamento em dinheiro, mas pela entrega de coisa); dar em locação (ceder por tempo determinado do uso e gozo de coisa fungível, mediante retribuição); dar em garantia (direitos reais como penhor, anticrese e hipoteca);
b) alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria – inciso II: o agente vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro mediante o pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias.
O objeto material é a coisa própria inalienável (não pode ser vendida por disposição legal ou convenção); coisa gravada de ônus (direitos reais de garantia, servidão, usufruto); coisa própria objeto de discussão judicial (partilha de bens na separação judicial); imóvel que prometeu vender a terceiro mediante o pagamento de prestações.
c) defraudação de penhor – inciso III: o agente defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia quando tem a posse empenhada. Segundo o artigo 1431 do Código Civil, constitui-se o penhor pela efetiva transferência da posse que, para garantia do débito ao credor, faz o devedor de uma coisa móvel (neste caso, a coisa móvel fica em poder do credor. Há outra forma de penhor em que a coisa móvel fica em poder do devedor (somente nesta hipótese é que se pode falar em defraudação de penhor).
d) fraude na entrega de coisa – inciso IV: nesta hipótese, o agente defrauda substância (que é a essência da coisa), qualidade (coisa inferior) ou quantidade (número, dimensões) de coisa que deva entregar a outrem.
e) fraude para recebimento de indenização ou valor do seguro – inciso V: destruir (causar dano à coisa) ou ocultar (esconder, fazer com que a coisa não seja encontrada), lesar o próprio corpo ou a saúde, ou agravar as conseqüências de lesão ou doença para receber indenização ou valor do seguro.
f) fraude no pagamento por meio de cheque – inciso VI: emitir cheque sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou lhe frustrar o pagamento. O cheque constitui uma ordem de pagamento à vista. Uma vez emitido, a instituição bancária tem o dever de realizar o pagamento do valor nele transcrito, caso o emitente disponha de suficiente provisão de fundos. Se o banco não efetua o pagamento por insuficiência de fundos, tal situação pode caracterizar tanto mero ilícito civil quanto criminal. Se no momento da emissão do cheque o agente pensa ter fundos disponíveis para o pagamento pelo banco, quando na verdade não há, não há ilícito criminal, ante a ausência de má-fé. Para que ocorra o crime em apreço, é necessário que o pagamento se dê de forma fraudulenta. Nesse sentido, é a Súmula 246 do STF: “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”. Exige-se, portanto, má-fé, desde o início. Se o tomador tem consciência da inexistência de fundos, não há crime (cheque pós-datado ou pré-datado).
Ação nuclear: o tipo penal contém duas ações nucleares: a) emitir cheque sem fundos (preencher, assinar e colocar em circulação); b) frustrar o pagamento de cheque (neste caso, o agente possui fundos suficientes quando da emissão de cheque, contudo, antes do beneficiário apresentar o título ao banco, aquele retira o numerário depositado ou apresenta uma contra-ordem de pagamento). Se antes da emissão do cheque, o agente realiza atos que frustrem o seu pagamento, por exemplo, encerrando a sua conta corrente, haverá estelionato na forma simples, pois a fraude foi anterior à emissão do título.
Sujeitos
Sujeito Ativo: é o titular da conta bancária. Se o agente não for titular de fundos em instituição bancária, pode haver estelionato na forma fundamental. 
Sujeito Passivo: é o beneficiário do cheque.
Consumação e tentativa: o crime se consuma no momento e no local em que o banco sacado recusa o pagamento, pois só neste momento ocorre o prejuízo. Esse é o teor da Súmula 521 do STF: “o foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade de emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado”. Se ocorre o pagamento do valor devido até o recebimento da denúncia, haverá a extinção da punibilidade (Súmula 554 do STF).
Concurso de crimes: situação bastante discutida ocorre quando o agente pratica o estelionato com uso de documento falso. A falsidade documental tem por sujeito passivo o Estado, pois constitui crime contra a fé pública. O falso atinge o interesse público e o estelionato o interesse particular. Se o agente pratica o estelionato mediante a utilização de documento falso, para induzir alguém em erro, há quatro posições:
O estelionato absorve o falso quando este for o meio fraudulento empregado para a prática do crime-fim. Neste sentido, encontra-se a Súmula 17 do STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”.
Há concurso formal de crimes, pois o falso atinge a fé pública e o estelionato o patrimônio. São crimes que atingem bens jurídicos diversos, devendo se considerar também que o falso tem pena mais elevada que o estelionato, não podendo se por este absorvido. (Posição do STF).
Há concurso material (Posição de Damásio de Jesus).
O crime de falso prevalece sobre o estelionato.
Duplicata simulada (artigo 172)
Abuso de incapazes (artigo173)
Induzimento à especulação (artigo 174)
Fraude no comércio (artigo 175)
Outras fraudes (artigo 176): “dia do pendura”
Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações (artigo 177)
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant (artigo 178)
Fraude à execução (artigo 179)
Capítulo VII – Da Receptação
RECEPTAÇÃO (artigo 180)
Conceito: adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime ou influir para que terceiro de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Tutela-se a inviolabilidade do patrimônio, tipificando-se a conduta que estimula o cometimento de outros crimes contra o patrimônio. Além disso, procura-se coibir o locupletamento do receptador com o ilícito anteriormente praticado, que dificulta ainda mais a recuperação do objeto.
Objeto material: é o produto do crime, isto é, a coisa procedente de anterior delito contra o patrimônio. Há divergências sobre se bens imóveis podem ser objeto material de crime.
Pressuposto: é pressuposto do crime de receptação a existência de crime anterior. Trata-se de delito acessório. O delito antecedente não necessita ser patrimonial. Esse delito é autônomo em relação à infração antecedente, de modo que basta a prova da existência do anterior crime contra o patrimônio, independentemente da demonstração cabal de sua autoria. Por isso, é que a receptação poderá ser punida ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime anterior (parágrafo 4). A absolvição do autor do crime anterior não impede a condenação do receptador. Esta só não ocorrerá nos casos em que a absolvição do autor do crime antecedente se der se provada a inexistência do fato; não haver prova da existência do fato criminoso anterior; não constituir o fato infração penal; existir circunstância que exclua o crime. Em relação à extinção da punibilidade do crime antecedente, deve-se aplicar o disposto no artigo 108 do CP: “a a extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro, não se estende a este”.
Elementos do Tipo
Ação: na receptação própria (caput, parte 1), a conduta é adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe se produto de crime. Na receptação imprópria (caput, parte 2), a conduta é influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte. Nessa hipótese, o agente estimula terceiro a receber ou ocultar produto proveniente de crime.
Sujeitos
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, salvo o autor, co-autor ou partícipe do delito antecedente. Se o agente colaborou com a prática do crime antecedente, responderá como seu co-autor ou partícipe.
Sujeito Passivo: vítima do delito antecedente.
Elemento subjetivo: é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar a coisa, ou, ainda, influir para que terceiro a receba. Exige-se também um fim especial de agir que é o proveito próprio ou alheio, ou seja, é necessário o intuito de obtenção de vantagem para si ou para terceiro. Se a ocultação da coisa for realizada com o fim de favorecer o autor do crime antecedente, haverá o crime de favorecimento real.
Consumação: na receptação própria, o crime é material, ocorrendo a consumação quando o agente realiza uma das condutas típicas. Na receptação imprópria, basta o ato de influenciar terceiro de boa-fé.
Formas
Simples: caput do artigo 180.
Qualificada: prevista do parágrafo primeiro – adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime.
Trata-se de crime próprio, pois somente pode ser praticado por aquele que desempenha atividade comercial ou industrial, mesmo que dita atividade seja irregular ou clandestina (parágrafo segundo).
Discute-se acerca do elemento subjetivo nessa forma de receptação, uma vez que o parágrafo primeiro utilizar a expressão “deve saber”. Para muitos, a expressão designa apenas o dolo eventual; para outros, a expressão abrange o dolo direto e o dolo eventual. Assim, tem-se que se o comerciante recebe produto que sabe ser produto de crime, são duas posições:
O parágrafo primeiro abrange o dolo direto e o dolo eventual. Por isso, tal conduta estaria tipificada no parágrafo primeiro;
A lei tipificou apenas o comportamento de quem deve saber a origem criminosa. Assim, em virtude do princípio da reserva legal, não pode ser empregada a analogia para alcançar a conduta de quem sabe. Por outro lado, a clara ofensa ao princípio constitucional da proporcionalidade em punir mais severamente o dolo eventual do que o dolo direto, sendo, portanto, inconstitucional o parágrafo primeiro.
Privilegiada: prevista no parágrafo quinto. Trata-se do benefício previsto no furto.
Qualificada em razão do objeto material: quando o crime for praticado em detrimento de bens públicos (parágrafo sexto).
Receptação culposa (parágrafo terceiro): adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso. Aqui não se inclui a conduta de ocultar, sendo atípica a ação de quem, por culpa, esconde o bem de origem ilícita. São três os indícios reveladores de culpa: a) natureza do objeto material (valor histórico, veículo sem documentação, por exemplo); b) desproporção entre valor e preço original; c) condição de quem oferece.
Capítulo VIII – Disposições Gerais
Imunidade Absoluta (artigo 181): é isento de pena quem comete crime contra o patrimônio em prejuízo de: a) cônjuge, na constância da sociedade conjugal (admite-se a equiparação para companheiro); b) ascendente ou descendente.
Esta é uma hipótese de imunidade penal absoluta diante das razões da política criminal. Possui a mesma natureza jurídica das causas extintivas da punibilidade, constantes no artigo 170 do CP, impedindo a instauração do inquérito policial e a propositura de ação penal. As hipóteses elencadas são taxativas.
Imunidade Relativa (artigo 182): somente se procede mediante representação se o crime é cometido em prejuízo de: a) cônjuge judicialmente separado; b) irmão; c) tio ou sobrinho com quem o agente coabita.
Trata-se de imunidade penal relativa, pois o autor do crime não é isento de pena, mas a sua responsabilização penal está condicionada à representação do ofendido.
Não incidem as imunidades (artigo 183): as imunidades não se aplicam no caso de o crime ser praticado com violência ou grave ameaça à pessoa; ao estranho que participa do criem; se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
Fonte: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Especial – Volume III.
Professora Charlise Colet Gimenez

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