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Atividade Discursiva 1 29

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Atividade Discursiva
Poliana Pâmela, proprietária de uma pequena loja de brinquedos, emitiu cinco cheques nominais em favor de XP Móveis Planejados Ltda. Os títulos acabaram por ser endossados pelo tomador, em favor de JC Fomento Mercantil Ltda. Passados quinze dias, a empresa faturadora apresentou os referidos cheques ao sacado. O sacado, por sua vez, argumentou que havia uma ordem de sustação promovida pela emitente, ainda no prazo de apresentação, impedindo o referido pagamento.
O procurador da faturadora entrou em contato com a devedora Poliana, buscando uma solução amigável. Na sua justificativa, Poliana Pâmela explicou que a recusa do pagamento, bem como da sustação dos cheques, se deu por que ficou decepcionada com o visual e a qualidade dos móveis adquiridos para sua loja, sendo tal justificativa válida para o endossante e também para o endossatário.
Não satisfeito com o posicionamento de Poliana, o procurador da faturadora ingressa em juízo, argumentando a legitimidade do desejo do seu cliente, apontando a doutrina e legislação pátrias, referente ao tema dos títulos de crédito.
A partir da situação descrita, responda as indagações a seguir, de forma fundamentada:
a) A partir do estudo do Direito Empresarial, quais princípios presentes nos títulos de crédito podem ser utilizados pelo procurador da faturizadora, objetivando atacar o argumento usado por Poliana Pâmela, com relação ao não pagamento dos cheques?
b) No contexto geral, se a cláusula "não à ordem" constasse nos cheques emitidos por Poliana Pâmela e fossem repassados para a faturizadora com a forma aplicável aos títulos "não à ordem", seria cabível resposta idêntica a apresentada no item anterior? 
Respostas: 
a) De acordo com o princípio da abstração, o título se desvincula da obrigação que lhe deu origem, quando endossado a terceiro de boa-fé, a faturadora, no caso. Este princípio tem como consequência a oponibilidade de exceções pessoais, prevista na Lei nº 7.357/1985 (cheque): "Art. 25. Quem for demandado por obrigação resultante de cheque não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente em detrimento do devedor".
b) Se contivesse a cláusula "não à ordem" a resposta seria diametralmente oposta. A Lei nº 7.357/1985 assim prevê, em seu art. 17: "§ 1º O cheque pagável a pessoa nomeada, com a cláusula ‘’não à ordem’’, ou outra equivalente, só é transmissível pela forma e com os efeitos de cessão". Nessa hipótese, a Lei do Cheque remete o intérprete para o disposto no Código Civil: "Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente", sendo possível, portanto, as defesas de caráter pessoal.

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